Ferreira2022 (Artigo)

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Research, Society and Development, v. 11, n.

8, e59711831295, 2022
(CC BY 4.0) | ISSN 2525-3409 | DOI: http://dx.doi.org/10.33448/rsd-v11i8.31295

O uso irracional de plantas medicinais: uma revisão integrativa


The irrational use of medicinal plants: an integrative review
El uso irracional de las plantas medicinales: una revisión integradora

Recebido: 02/06/2022 | Revisado: 16/06/2022 | Aceito: 18/06/2022 | Publicado: 30/06/2022

Ariston Almeida Ferreira


ORCID: https://orcid.org/0000-0002-0495-5758
Centro Universitário UNIFAVIP Wyden, Brasil
E-mail: [email protected]
Tibério Cesar Lima de Vasconcelos
ORCID: https://orcid.org/0001-0000-0001-7177
Centro Universitário UNIFAVIP Wyden, Brasil
E-mail: [email protected]

Resumo
O aumento de consumidores de produtos naturais e medicinais para profilaxia e tratamento, justifica-se tanto pelo seu
potencial terapêutico, quanto pela acessibilidade de custo quando comparado aos produtos industrializados. Entretanto,
o uso irracional de plantas medicinais que seguem a formulação de preparos ineficientes e estocagem errônea destes
vegetais, podem provocar grandes prejuízos à saúde de um indivíduo. Realizou-se uma revisão integrativa nas bases de
dados da Biblioteca Virtual em Saúde, utilizando a inserção dos descritores em Ciências da Saúde “Fitoterapia” e o
termo “Uso irracional”, combinados com o auxílio do operador booleano “AND”, o presente estudo buscou identificar
plantas medicinais usadas de modo irracional que podem oferecer risco à população. A partir da análise dos dados,
sintetizados pela revisão, observou-se que as plantas medicinais potencialmente perigosas verificadas foram: Atractylis
gummifera L., Peganum harmala L., Peganum harmala L., Dittrichia viscosa (L.), Rosmarinus officinalis L., Salvia
officinalis L., Himatanthus bracteatus, Ipomoea purga (Wender.), Ixora coccinea Linn. (Rubiaceae), Peganum harmala
L., Papaver somniferum L., Dittrichia viscosa (L.), Anís, Plantago, Duranta repens Linn. (Verbenaceae), Papaver
somniferum L., Salvia officinalis L., Artemisia herba-alba Asso., Semenovia suffruticosa, Byrsonima sericea DC.
(Malpighiaceae), Duranta repens Linn. (Verbenaceae), Ixora coccinea Linn. (Rubiaceae), Valeriana e Camomila. Os
resultados apontaram que a dosagem elevada destas plantas, bem como a associação delas com medicamentos sintéticos
pode resultar em toxicidade para o paciente. Dessa forma, conclui-se evidenciando papel dos profissionais de saúde,
principalmente os farmacêuticos, no fornecimento de informações e orientações a respeito da planta fitoterápica
utilizada.
Palavras-chave: Medicina tradicional; Fitoterapia; Terapias complementares.

Abstract
The increase in consumers of natural and medicinal products for prophylaxis and treatment is justified both by its
therapeutic potential and by the cost accessibility when compared to industrialized products. However, the irrational
use of medicinal plants that follow the formulation of inefficient preparations and erroneous storage of these vegetables
can cause great damage to the health of an individual. An integrative review in the databases of the Virtual Health
Library, using the insertion of the descriptors in Health Sciences "Phytotherapy" and the term "Irrational use", combined
with the help of the Boolean operator "AND", the present study sought to identify medicinal plants used in an irrational
way that can pose a risk to the population. From the analysis of the data, synthesized by the review, it was observed that
the potentially dangerous medicinal plants verified were: Atractylis gummifera L. , Peganum harmala L., Peganum
harmala L., Dittrichia viscosa (L.), Rosmarinus officinalis L., Salvia officinalis L., (Rubiaceae), Peganum harmala L.,
Papaver somniferum L., Dittrichia viscosa (L.), Anís, Plantago, Duranta repens Linn. (Verbenaceae), Papaver
somniferum L., Salvia officinalis L., Artemisia herba-alba Asso., Semenovia suffruticosa, Byrsonima sericea DC.
(Malpighiaceae), Duranta repens Linn. (Verbenaceae), Ixora coccinea Linn. (Rubiaceae), Valerian and Chamomile.
The results showed that the high dosage of these plants, as well as their association with synthetic drugs can result in
toxicity to the patient. Evidencing the role of health professionals, especially pharmacists, in providing information and
guidance about the herbal plant used.
Keywords: Traditional medicine; Phytotherapy; Complementary therapies.

Resumen
El aumento de consumidores de productos naturales y medicinales para profilaxis y tratamiento se justifica tanto por su
potencial terapéutico como por su asequibilidad frente a productos industrializados. Sin embargo, el uso irracional de
plantas medicinales que sigue a la formulación de preparados ineficientes y al almacenamiento erróneo de estos

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vegetales puede causar grandes daños a la salud de un individuo. Una bibliográfica del tipo revisión integradora en las
bases de datos de la Biblioteca Virtual en Salud, utilizando la inserción de los descriptores de Ciencias de la Salud
“Fitoterapia” y el término “Uso irracional”, combinados con la ayuda del operador booleano “AND” , el presente estudio
buscó identificar plantas medicinales usadas irracionalmente que puedan representar un riesgo para la población. Del
análisis de los datos, sintetizados por la revisión, se observó que las plantas medicinales potencialmente peligrosas
verificadas fueron: Atractylis gummifera L., Peganum harmala L., Peganum harmala L., Dittrichia viscosa, Rosmarinus
officinalis L. , Salvia officinalis L., Himatanthus bracteatus, Ipomoea purga, Ixora coccinea Linn., Peganum harmala
L., Papaver somniferum L., Dittrichia viscosa (L.), Anis, Plantago, Duranta repens Linn., Papaver somniferum L.,
Salvia officinalis L., Artemisia herba-alba Asso., Semenovia suffruticosa, Byrsonima sericea DC., Duranta repens
Linn., Ixora coccinea Linn., Valeriana y Manzanilla. Los resultados mostraron que la alta dosificación de estas plantas,
así como su asociación con drogas sintéticas, puede resultar en toxicidad para el paciente. Así, se concluye destacando
el papel de los profesionales de la salud, especialmente los farmacéuticos, en la información y orientación sobre la
planta fitoterapéutica utilizada.
Palabras clave: Medicina tradicional; Fitoterapia; Terapias complementarias.

1. Introdução
A sociedade vem utilizando o meio ambiente para obtenção de recursos para atender às suas necessidades. Através de
tentativa e erro, descobriram-se quais plantas teriam utilidade no preparo de alimentos ou medicamentos, e este conhecimento
foi transmitido de geração para geração (Jamshidi-kia et al., 2018). De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS),
plantas medicinais são plantas com propriedades terapêuticas que são minimamente processadas, ou simplesmente não
processadas, e que possuem utilidade no tratamento de doenças em uma escala local ou regional (Tilburt & Kaptchuk, 2008).
Em 2006, o Ministério da Saúde aprovou a Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos (PNPMF) a fim de
incentivar pesquisas voltadas para a biodiversidade do país, além de assegurar acesso seguro e utilização de maneira racional de
plantas medicinais e fitoterápicos à população (Brasil, 2006). Atualmente, estima-se que mais de 85% das populações de países
no Oriente Médio, América Latina, África e Ásia recorrem à medicina tradicional, em especial fitoterápicos, para atender suas
necessidades de saúde (Jamshidi-kia et al., 2018)
O aumento de consumidores de produtos naturais e medicinais para profilaxia e tratamento é justificado tanto pelo seu
potencial terapêutico, como também pela sua acessibilidade de custo quando comparada aos produtos industrializados. Estima-
se que grande parte da população mundial faça uso destes produtos de origem vegetal como aliados à saúde, justamente por não
ter como arcar com os custos dispendiosos dos medicamentos industrializados ofertados pela Indústria Farmacêutica (Mendes et
al., 2018).
O Brasil é um país com uma rica flora e sua relação com as plantas medicinais teve grande influência da comunidade
indígena. Na realidade, muitos medicamentos presentes na Farmacopeia Europeia foram originados de plantas medicinais nativas
do Brasil, como por exemplo Carapichea ipecacuanha (Brot.) L. Andersson (ipecacuanha) (Rubiaceae), que produz o alcalóide
emético e amebicida emetina, além da pilocarpina derivada da Pilocarpus spp. (Rutaceae), utilizada no tratamento de glaucoma
(Ricardo et al., 2018).
No entanto, como falado previamente, as plantas medicinais não precisam necessariamente ser processadas e
transformadas em medicamentos. Além da comunidade indígena, que utiliza plantas medicinais da maneira mais natural possível,
a população brasileira também teve grande influência africana, em que os conhecimentos tradicionais se mantêm vivos até os
dias atuais em comunidades quilombolas, que cultivam plantas medicinais em seus quintais (Beltreschi et al., 2019).
O uso irracional de plantas medicinais contraria as recomendações da Política Nacional de Plantas Medicinais e
Fitoterápicos que discorre sobre as características para a utilização benéfica dessa terapêutica seguindo a prescrição adequada,
fazendo uso das doses indicadas, atentando-se para o intervalo e associações de uso, bem como o preparo e identificação
consciente (Ministério da Saúde, 2016). Assim, o uso de doses elevadas, o preparo ineficiente e a estocagem errônea de plantas
medicinais podem provocar grandes prejuízos ao indivíduo (Colet et al., 2015; Andrade et al., 2021).

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Diante disso, justifica-se a realização deste estudo a fim de caracterizar como a prática de uso irracional de plantas
medicinais ocorre o que, por sua vez, possibilita que profissionais e pesquisadores estejam mais atentos e interfiram com
orientações sobre a prática racional de plantas medicinais pela sociedade. Assim, o objetivo deste trabalho é identificar plantas
medicinais usadas de modo irracional e que podem oferecer risco à população.

2. Metodologia
Foi desenvolvido um estudo de revisão da literatura do tipo revisão integrativa, visto que este tipo de pesquisa viabiliza
a avaliação crítica de evidências do que existe na comunidade científica sobre um determinado tema a fim de responder uma
pergunta norteadora (Mendes et al., 2008). Foram utilizadas como bases de dados a MEDLINE/BVS, LILACS/BVS e a
EMBASE.
Na estratégia de busca foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde “Fitoterapia” e o termo “Uso irracional”,
combinados pelo operador Booleano “AND”. Foram selecionados artigos em todos os idiomas, com texto completo e que
abordassem ao menos uma planta medicinal utilizada de maneira irracional/ potencialmente perigosa à saúde. Foram excluídos
da amostra artigos repetidos, pesquisas de revisão da literatura, monografia e dissertações.
Em seguida, os artigos selecionados seguiram para a coleta de dados, onde foram extraídos variáveis relacionadas à
identificação (título, ano, autores, periódico, país), objetivo da pesquisa, planta medicinal e sua indicação de uso. Os dados
coletados foram dispostos em planilhas para facilitar a categorização e interpretação. Por fim, os resultados foram comparados
e analisados criticamente, sendo apresentados em formato de quadro nos resultados.

3. Resultados e Discussão
Foram localizados 153 artigos nas referidas bases de dados, no entanto 143 foram excluídos após aplicação dos critérios
de elegibilidade e leitura do título e resumo, restando dez artigos para análise mais aprofundada. Dentre os dez artigos lidos na
íntegra, cinco foram considerados não elegíveis por não trazerem em sua discussão plantas medicinais e os riscos do seu uso
indevido. Portanto, cinco artigos seguiram para a fase de coleta de dados e compuseram a amostra final (figura 1).
A amostra final foi composta por cinco artigos. Os artigos foram estudos do tipo transversal com procedência em
diferentes países como Marrocos (Achour et al., 2022; Chaachouay et al., 2021), Irã (Maleki & Akhani, 2018), Espanhã
(Batenero-hernán et al., 2017) e Brasil (Silva et al., 2016). Em relação ao idioma, com exceção do trabalho de Batenero-Hernán
e colaboradores (2017), todos estavam no idioma inglês. O quadro 1 apresenta os artigos da amostra final, categorizados por
códigos, com seus respectivos títulos e objetivos de cada pesquisa.

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Figura 1 - Fluxograma de seleção de artigos.

Fonte: Autores.

Quadro 1 - Categorização dos artigos da amostra.

Cód. Citação Título Objetivo

Achour et al., Ethnobotanical Study of Medicinal Plants Used as Fazer o levantamento de plantas medicinais utilizadas
A1
2022 Therapeutic Agents to Manage Diseases of Humans. em fitoterapia na região de Fez-Boulemane, Marrocos.
Documentar as plantas tóxicas utilizadas como
Chaachouay et Poisonous medicinal plants used in the popular medicamentos no Rif, com o objetivo de avaliar o
A2
al., 2021 pharmacopoeia of the Rif, northern Morocco. conhecimento dos indígenas sobre a toxicidade dos
produtos naturais utilizados.
Documentar todo o conhecimento tradicional e analisar
Maleki & Ethnobotanical and ethnomedicinal studies in Baluchi as plantas medicinais utilizadas na área e também
A3
Akhani, 2018 tribes: A case study in Mt. Taftan, southeastern Iran. identificar espécies vegetais significativas para futuros
estudos farmacológicos.
Analisar o uso adequado ou inadequado do uso conjunto
Batenero- Appropriate or inappropriate use of simultaneous
de medicamentos e preparações de plantas medicinais
A4 hernán et al., consumption of drugs and preparations of medicinal
realizado pela população com mais de 65 anos na
2017 plants that makes the 65-year-old population in Spain
província de Guadalajara.
Analisar a atividade citotóxica de 18 plantas de 16
Silva et al., Cytotoxic potential of selected medicinal plants in
A5 famílias que são encontradas na região nordeste do
2016 northeast Brazil.
Brasil.

Fonte: Autores.

A análise dos resultados permitiu identificar que as plantas medicinais dos artigos da amostra foram utilizadas pela
população em geral, mas com destaque a população mais idosa (Achour et al., 2022). Em relação ao modo de preparo das plantas
medicinais para consumo, identificou-se que a prevalentemente o uso da técnica de decocção e administradas por via oral (Silva
et al., 2016; Batenero-hernán et al., 2017; Achour et al., 2022; Chaachouay et al., 2021). A seguir, o quadro 2 apresenta uma
síntese das plantas medicinais citadas nos artigos e suas indicações usuais.

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Quadro 2 - Relação de plantas medicinais potencialmente perigosas da amostra.

Indicações de uso Plantas Medicinais Cód.

Doenças de pele Atractylis gummifera L., Peganum harmala L. A1

Peganum harmala L. A1

Dittrichia viscosa (L.) A2

Rosmarinus officinalis L. A2

Distúrbios digestivos Salvia officinalis L. A2

Himatanthus bracteatus A5

Ipomoea purga (Wender.) A5

Ixora coccinea Linn. (Rubiaceae) A5

Doenças urogenitais Peganum harmala L. A1

Papaver somniferum L. A1

Dittrichia viscosa (L.) A2

Doenças respiratórias
Anís A4

Plantago A4

Duranta repens Linn. (Verbenaceae) A5

Papaver somniferum L. A1
Distúrbios metabólicos
Salvia officinalis L. A2

Relaxantes musculares Artemisia herba-alba Asso. A2

Semenovia suffruticosa A3

Byrsonima sericea DC. (Malpighiaceae) A5


Infecções
Duranta repens Linn. (Verbenaceae) A5

Ixora coccinea Linn. (Rubiaceae) A5

Ansiedade Valeriana, Camomila A4

Fonte: Autores.

Atualmente, paralelo ao crescimento exacerbado da produção e utilização de medicamentos sintéticos, encontra-se o


aumento do número de prescrições de plantas medicinais, em condutas clínicas e indicações populares, como terapia
complementar à terapia medicamentosa (Silva et al., 2021). Fato que, consequentemente, também foi responsável por chamar
atenção da Indústria Farmacêutica quanto aos potenciais farmacológicos destes vegetais para o desenvolvimento de drogas para
o tratamento de patologias gerais e infecções crônicas e agudas (Zahn et al., 2014).
Entretanto, ainda no cenário do interesse acentuado da população pelo tratamento natural, achados da literatura
continuam a relatar os efeitos adversos ocasionados pelo consumo de algumas plantas. Tal realidade que nem sempre é abordada
ou lembrada e, até mesmo, esquecida. De forma geral, os principais efeitos tóxicos descritos em estudos, podem ser provocados
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tanto pelo uso de doses exceção e prolongadas, quanto pela presença de constituintes tóxicos no vegetal. Este último tópico pode
decorrer, principalmente, de uma identificação errônea da planta consumida (Fernandes et al., 2016).
Dessa forma, estudos prévios analisados nesta revisão, salientam as correlações entre o senso comum, o uso inadequado
e a toxicidade (Chaachouay et al., 2021; Maleki & Akhani, 2018; Batanero-Hernán et al., 2016). Onde verificaram, que embora
haja um fácil acesso à matéria-prima destas plantas, ainda há uma grande dificuldade quanto à diferenciação das espécies
existentes, seus possíveis efeitos adversos e mecanismo de ação. Tais aspectos que, somados ao uso de maneira irracional e
automedicada, favorecem a ocorrência de alterações na homeostase do organismo e eventuais riscos à saúde.
Mesmo com relatos variados a respeito dos efeitos adversos e sua forma de reconhecimento, pesquisas descrevem que
efeitos danosos relacionados ao uso de plantas medicinais podem incluir inquietação, agitação psicomotora, confusão, estresse
oxidativo, náuseas, vômitos, tontura, espasmos musculares, cefaleia, perda de cabelo, hepatotoxicidade, irritação de pele,
inconsciência e até a morte. Circunstâncias justificadas, uma vez que, após a análise de resultados, notou-se que a relação entre
plantas medicinais e perigo em potencial, foi resumidamente encontrada naquelas indicadas para doenças de pele e distúrbios
digestivos (Achour et al., 2022; Chaachouay et al ., 2021; Silva et al. 2016), doenças urogenitais (Achour et al., 2022), doenças
respiratórias (Batanero-Hernán et al., 2016; SILVA et al. 2016), doenças metabólicas e musculares (Achour et al., 2022;
Chaachouay et al., 2021), infecções (Maleki & Akhani, 2018; Silva et al. 2016) e ansiedade (Batanero-Hernán et al., 2016).
Além disso, de acordo com Batanero-Hernán e colaboradores (2017), outro risco a saúde de indivíduos que fazem uso
de plantas é a associação destas com a utilização de medicamentos sintéticos. Sendo algumas das interações potencialmente
prejudiciais mencionadas pelos autores o uso combinado de Valeriana com antidepressivos ou benzodiazepina, Anís com
benzodiazepina, Camomila e benzodiazepina, Plantago e Metformina ou estatina ou paracetamol. Esta preocupação ocorre
devido a composição bioquímica dessas plantas que, quando usadas de forma irracional, podem inibir, potencializar ou
neutralizar o efeito de outras drogas, além de poder desencadear reações de toxicidade e comprometer a evolução terapêutica do
paciente (Lima & Fernandes, 2020).
Desse modo, ressalta-se que estes eventos podem ser evitados com o aumento da conscientização da população,
podendo ser feita por meio de campanhas educativas que busquem disseminar o conhecimento científico baseado em evidências
a respeito do uso racional de plantas medicinais no manejo de doenças (Achour et al., 2022). De forma que seja salientado que
não se deve aderir ao uso de produtos que não se tenha conhecimento, considerando sempre as interações medicamentosas e as
contraindicações individuais, enfatizando a gravidez e o risco de teratogenicidade (Nasri & Shirzad, 2013).
Precisa-se divulgar e desmistificar o conceito de inocuidade de que “natural não faz mal”. Educando, principalmente os
profissionais de saúde, a população mais velha e adeptos ao uso destes produtos. Aqueles que confiam cegamente nesses
remédios sem levar em consideração o perigo dessas plantas para a saúde (Chaachouay et al., 2021). Os profissionais envolvidos
com a prática da fitoterapia e a pesquisa com plantas medicinais, tanto com o uso (prescrição, indicação e orientação), quanto
com a prospecção de novas biomoléculas, sejam estes farmacêuticos, pesquisadores e profissionais da equipe multidisciplinar
da saúde no geral, devem demonstrar preocupação quanto o uso racional e seguro destas drogas, para assim alcançar a eficácia
e prevenção de efeitos adversos (Colet et al., 2015).
Assim, apesar dos benefícios comprovados da utilização de plantas medicinais, ainda é torna fundamental a orientação
de profissionais de saúde para evitar a prática de automedicação e problemas relacionados ao uso indevido. Sabendo que uso
seguro envolve uma série de ações, indo desde a identificação correta da planta utilizada até o modo de uso, dosagem e tempo
de consumo.

4. Considerações Finais
A partir da realização desta revisão integrativa, foi possível identificar que existe uma grande variedade de plantas que
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são utilizadas para fins terapêuticos, como tratamento de distúrbios digestivos, respiratórios, metabólicos, urogenitais e de pele,
bem como processos infecciosos e ansiedade. No entanto, estas mesmas plantas que podem melhorar sintomas dos pacientes,
também podem ser prejudiciais quando não utilizadas de modo racional. Os resultados apontaram que a dosagem elevada destas
plantas, bem como a associação delas com medicamentos sintéticos pode resultar em toxicidade para o paciente.
Diante disso, evidencia-se o papel dos profissionais de saúde, principalmente os farmacêuticos, no fornecimento de
informações a respeito da planta fitoterápica utilizada e as possíveis interações prejudiciais que podem ocorrer a partir de seu
uso. Desse modo, pode-se garantir a segurança e a qualidade do tratamento fitoterápico pelo paciente.
Portanto, diante da ampla utilização de plantas medicinais para tratamento de desconfortos e patologias, sugere-se que
mais estudos voltados à investigação clínica do uso de fitoterápicos de maneira irracional e suas possíveis interações com a
terapia medicamentosa possam comprometer a qualidade de tratamento do paciente.

Referências
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