A Família Igreja

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A Família Igreja

01/06/2014Paulo Raposo CorreiaDeixe um comentário

Família Igreja

Família é algo tão singular que se manifesta originalmente, de forma misteriosa, na Trindade;
se reproduz na esfera das criaturas humanas; e, também se expressa, de forma mística, na
instituição Igreja. O que há de interessante nesses três tipos de família é o que já tratamos nos
artigos anteriores, “A Família Deus” e “A Família Homem” e o que trataremos neste artigo.

“Assim, já não sois estrangeiros e peregrinos, mas concidadãos dos santos, e sois da família de
Deus,” (Ef 2.19)

Várias metáforas são aplicadas à igreja, tais como: Corpo de Cristo (1Co 12.27; Ef 1.23),
Rebanho (Jo 10.16; At 20.28), Lavoura de Deus (1Co 3.9), Casa Espiritual (1Pe 2.5), Edifício de
Deus (1Co 3.9), Santuário de Deus (1Co 3.16-17; Ef 2.21) etc. Dentre tantas figuras, a da igreja
como Corpo de Cristo e como Família, a Família de Deus são muito significativas, porque
envolvem as ideias de corpo e de pessoas, respectivamente. Se para a sociedade pós-moderna,
a família tradicional ou família nuclear, composta de pai, mãe e filhos, a cada dia que passa se
torna menos importante, o mesmo não ocorre na visão divina. Na bíblia e na visão de Deus, o
Criador de todas as coisas, a família sempre ocupou e sempre ocupará um lugar de destaque.

A Família Deus (Deus-Pai, Deus-Filho e Deus-Espírito Santo) sempre existiu em perfeita


harmonia, unidade e gozo. Ao criar a Família Homem ou Família Adâmica, seu propósito era
reproduzir, no habitat terrestre, este seu modelo de família e que esta vivesse em perfeita
comunhão e harmonia com ela, a Família Deus. Porém, logo a Família Homem fracassou e,
pela desobediência, quebrou a comunhão com a Família Deus. O pecado gerou a maldição, o
caos se instalou desde então e separou a Família Homem, da Família Deus.

A Família Deus não desistiu do seu propósito e anunciou a vinda de uma criança que
inauguraria um novo tempo, que iria possibilitar a geração de uma nova família, a Família
Igreja, a Igreja de Jesus Cristo. Na sua oração ao Pai, também conhecida como oração
sacerdotal, Jesus expressa claramente esse anseio de comunhão da Família Deus: “Não rogo
somente por estes, mas também por aqueles que vierem a crer em mim, por intermédio da
sua palavra; a fim de que todos sejam um; e como és tu, ó Pai, em mim e eu em ti, também
sejam eles em nós; para que o mundo creia que tu me enviaste.” (Jo 17.20-21). Seu propósito
se estende para além dessa vida. Após uma breve passagem por este mundo terreno, ele
deseja que todos os seus sejam reunidos a ele na sua glória celestial e eterna (Jo 17.24).
Portanto, é em Cristo, que efetivamente acontece a “fusão”, a reconciliação, entre a Família
Deus e a Família Homem, gerando a Família da Fé, a Família Igreja! É claro que não é a Igreja
quem salva, mas Jesus Cristo! E essa salvação é individual, pessoal e não familiar.

Como se manifesta a paternidade, a maternidade e a “filidade” na Família Igreja?

O tema da epístola de Paulo aos Efésios é: A IGREJA, O CORPO DE CRISTO. Na “fusão” da


Família Deus com a Família Homem, a Família Deus ocupa o lugar de cabeça e a Família
Homem Regenerada ou Família Igreja, ocupa o lugar de corpo. É o cérebro (Família Deus), que
com “impulsos invisíveis” aos olhos humanos, comanda todo o corpo visível (Família Igreja)
(1Co 11.3; Ef 5.23).

A paternidade na Família Igreja emerge, espiritualmente, de Deus-Pai; e flui, efetivamente,


através dos seus líderes. Essa liderança visível da Família Igreja foi instituída por Deus para
exercer as funções de provisão, proteção e direção; através de homens segundo o coração de
Deus, designados na Bíblia por presbíteros (ou bispos ou anciãos) (1 Tm 3.1-7 e Tt 1.5-9) e
diáconos (At 6.1-6 e 1Tm 3.8-13). A sociedade secular pode até ter outra visão sobre o papel
do homem e da mulher na liderança da família, o que não é de se estranhar porque ela não
está alinhada com os padrões divinos; e, assim agindo, acaba influenciando fortemente a
Família Homem e a Família Igreja, a tal ponto de muitos crentes passarem a achar que esse
princípio bíblico é machista, retrógrado e ultrapassado. Entretanto, isso não deve nos
surpreender, nem tampouco as tentativas mirabolantes que estes fazem com os textos bíblicos
para conciliar o inconciliável – Sociedade Secular e Igreja. Nenhuma suposta modernidade
deve mudar nossa visão e posição sobre este assunto, pois a nossa bússola existencial e
espiritual deve apontar sempre para o norte divino da Santa e Eterna Palavra de Deus – a
Bíblia. Quando Deus fala pela boca do profeta Jeremias: “Dar-vos-ei pastores segundo o meu
coração, que vos apascentem com conhecimento e com inteligência.” (Jr 3.15), podemos
assegurar que Deus não está se referindo exclusivamente àqueles que chamamos hoje de
pastor de igreja. A referência divina é a homens maduros e experientes na fé, chamados e
capacitados por ele mesmo para liderar o seu povo, que hoje é a sua igreja (1Pe 5.1-2).
Naturalmente, quando não estiver em foco a Família Igreja como um todo, porém um
segmento menor desta, outros líderes, de ambos os sexos, são extremamente úteis e
importantes.

A maternidade na Família Igreja emerge, espiritualmente, de Deus-Espírito Santo; e flui,


efetivamente, através do mesmo Espírito Santo, derramado sobre todos os remidos do Senhor,
pertencentes à Nova Aliança; diferentemente do que acontecia na Antiga Aliança, quando este
mesmo Espírito tomava pontual e temporariamente apenas algumas pessoas visando
determinado fim. O Espírito Santo se manifesta: pela regeneração ou novo nascimento da
criatura humana, através da Palavra de Deus, a Bíblia, (Jo 3.5; Ef 5.26; Tt 3.5; 1Pe 1.23); pela
sua habitação no crente (Jo 14.17, 23); pelo fruto do Espírito (caráter – Gl 5.22-23); e, pelos
dons do Espírito (Serviço – Ef 4.12), nos regenerados. A Palavra pregada e ensinada produz a fé
para a salvação (Rm 10.17) e crescimento espiritual (Ef 4.15-16). Portanto, o Espírito e a
Palavra de Deus, além da regeneração e crescimento, produzem inspiração, acolhimento,
consolo e nutrição. Não é Maria, mãe de Jesus, ou o segmento feminino da igreja, que vão
exercer as funções da maternidade na Família Igreja! Absolutamente Não!!! Idolatrar a
“Virgem Maria”, como a mãe de Deus ou mãe da igreja é cometer o grave erro de anular a
verdadeira expressão da maternidade na Igreja, que acontece pelo ESPÍRITO SANTO!!!

O Espírito Santo é a parte divina que possibilita a união mística da Família Deus com a Família
Homem, dando origem à Família Igreja. É esse diferencial, da ação do Espírito Santo, que faz a
igreja ser igreja e não uma Associação Social, ou um Clube, ou uma ONG. É através da sua
presença efetiva e real na Família Igreja que o princípio da maternidade se expressa. É esta
ação do Espírito Santo que capacita, com dons, cada crente sacerdote (homem e mulher) para
exercer a sua função no corpo de Cristo, na Família Igreja. É como diz o apostolo Paulo: “E ele
mesmo concedeu uns para apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e outros
para pastores e mestres, com vistas ao aperfeiçoamento dos santos para o desempenho do
seu serviço, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à unidade da fé e
do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo,” (Ef 4.11-13).

A “filidade” na Família Igreja emerge, espiritualmente, através de Deus-Filho; e flui,


efetivamente, pelos filhos de Deus, membros do corpo de Cristo. A “filidade” de Jesus é o
exemplo a ser seguido por nós crentes, seus irmãos: “Porquanto para isto mesmo fostes
chamados, pois que também Cristo sofreu em vosso lugar, deixando-vos exemplo para
seguirdes os seus passos,” (1Pe 2.21). O grande propósito de Deus para a igreja é que cada
remido reproduza em seu viver a imagem do seu Filho Jesus: “Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que
ele seja o primogênito entre muitos irmãos.” (Rm 8.29; ver tb Gl 4.19; Ef 4.13). Jesus é o nosso
exemplo e modelo de “filidade”, isto é, de alinhamento com o propósito e a vontade do Pai,
obediência aos valores do Pai e continuidade da missão.

Em resumo, na Família Igreja temos:


PATERNIDADE (Líderes): Provisão, Proteção e Direção.

MATERNIDADE (Espírito Santo e a Palavra de Deus): Inspiração, Acolhimento, Consolo e


Nutrição.

“FILIDADE” (Crentes): Alinhamento, Obediência e continuidade.

Conclusão:

“Não há nada que se faça fora da família que não tenha nascido na família”. Todos nós
nascemos em alguma família. Mas, nenhum de nós escolheu a família em que nasceu.

Talvez você tenha sido agraciado com uma família que só te dá alegria, que provê tudo o que
você precisa: teto, conforto, alimentação, saúde, educação, proteção, diversão, apoio,
incentivo etc etc. Não se esqueça, entretanto, que tudo isso é passageiro; o máximo que tua
família e amigos poderão fazer por você é, no final da tua vida terrena, segurar a alça do caixão
e levar o teu corpo até a sepultura.

Quem sabe você teve a desventura de nascer numa família, rica ou pobre, mas que somente
trouxe amargura e sofrimento à tua vida. O que mais importa agora não é o que fizeram com a
tua vida e sim o que você vai fazer com o que fizeram da tua vida.

Deus tem uma excelente notícia para todos nós. Em Cristo ele nos deu acesso a uma nova
família, a Família Igreja, a Família de Deus, uma Família Eterna. O que você precisa fazer agora
é levar até aos pés de Cristo toda a tua dor e frustrações; confessar a ele todos os teus
pecados e recebê-lo como Senhor e Salvador da tua vida. É como diz a letra deste cântico:

Se caminhas na vida sempre na contramão

E se andas sem rumo, sem achar a razão,

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