Artigo Risco de Trombose Venosa Associado Ao Uso de Acos - Final

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RISCO DE TROMBOSE VENOSA ASSOCIADO AO USO DE

ANTICONCEPCIONAIS ORAIS: REVISÃO DE LITERATURA

Carla Poliana Santos Silva1; Fernanda Ketley Ferreira Cecílio1; Jéssica Rocha
Alves1; Kelli Cristina de Carvalho1; Alessandra Hermógenes Gomes Tobias 2
1 Graduandas de Biomedicina do Centro Universitário Una
2 Biomédica e Professora Adjunta do Centro Universitário Una

RESUMO

Introdução: A trombose origina-se através da formação de trombos em veias


profundas, esse trombo é caracterizado pela formação de um coágulo sanguíneo
responsável por uma inflamação no vaso que pode ser obstruído parcialmente
ou totalmente. Os anticoncepcionais orais são encontrados no mercado com
diversas variações de formulação, preço, e segundo estudos são considerados
o método contraceptivo mais utilizado em todo mundo. Apesar da sua eficácia
para impedir a ovulação, pesquisas demonstram uma forte associação do uso
de anticoncepcionais e o surgimento da trombose. Objetivo: Associar as
alterações homeostáticas com o uso contínuo dos anticoncepcionais orais e o
desenvolvimento da trombose. Método: Revisão de literatura, com levantamento
bibliográfico em bases de dados, os critérios de exclusão foram estudos com
recorte temporal superior a 10 anos e artigos que fugissem do tema central deste
trabalho. Resultados: As buscas foram realizadas com estudos de casos de
artigos que apresentam uma relação entre a pílula anticoncepcional e a trombose
profunda. Seguindo esses estudos foram observados que a trombose apresenta
maior prevalência com o aumento da idade. Onde com o passar dos anos houve
diversas modificações nos componentes dos anticoncepcionais e atualmente
nota-se que as pílulas de segunda e terceira geração são as mais utilizadas por
conterem doses menores de hormônios se comparadas as de primeira geração.
Conclusão: Visto que a pílula anticoncepcional se tornou um dos métodos mais
utilizados por mulheres em todo mundo, torna-se importante o conhecimento
sobre o assunto, de forma a ressaltar a importância de uma orientação
especializada com acompanhamento de um médico responsável por prescrever
e analisar qual o método que ofereça um menor risco para cada tipo de perfil
biológico.

Palavras chave: Trombose venosa. Anticoncepcionais hormonais. Coagulação.


Hemostasia.

ABSTRACT

Introduction: Thrombosis originates through the formation of thrombi in deep


veins, this thrombus is characterized by the formation of a blood clot responsible
for inflammation in the vessel that can be partially or totally blocked. Oral
contraceptives are found on the market with several variations in formulation,
price, and according to studies are considered the most widely used
contraceptive method worldwide. Despite its effectiveness in preventing
ovulation, research shows a strong association between the use of
contraceptives and the emergence of thrombosis. Objective: To associate
homeostatic changes with the continuous use of oral contraceptives and the
development of thrombosis. Method: Literature review, with bibliographic survey
in databases, the exclusion criteria were studies with time cut over 10 years and
articles that escaped the central theme of this work. Results: The searches were
conducted with case studies of articles that present a relationship between the
birth control pill and deep thrombosis. Following these studies it was observed
that thrombosis has a higher prevalence with increasing age. Over the years,
there have been several changes in the components of contraceptives and
currently it is noted that the second and third generation pills are the most used
because they contain lower doses of hormones compared to the first generation.
Conclusion: Since the contraceptive pill has become one of the most used
methods by women around the world, it is important to know about the subject,
in order to emphasize the importance of specialized guidance with monitoring of
a doctor responsible for prescribing and analyzing which method offers a lower
risk for each type of biological profile.
Keywords: Venous thrombosis. Hormonal contraceptives. Coagulation.
Hemostasis.

INTRODUÇÃO

A hemostasia é definida como uma série complexa de eventos que ocorre no


organismo com a finalidade de manter a fluidez do sangue dentro dos vasos
sanguíneos, e quando na presença de lesão os mantém livres de coágulos (trombos).
Quando ocorre uma lesão vascular, o complexo hemostático produz através de
mecanismos locais, uma vasoconstrição que diminui o fluxo de sangue no local da
lesão e, em seguida promove a agregação plaquetária através do fator de Von
Willebrand e de substâncias (intraplaquetárias) que estimulam a ligação das plaquetas
às fibras de colágeno formando um tampão hemostático, cessando o extravasamento
de sangue (FERREIRA; D´ÁVILA; SAFLATE, 2019).

A trombose origina-se através da formação de trombos em veias profundas,


esse trombo é caracterizado pela formação de um coágulo sanguíneo responsável
por uma inflamação na parede do vaso, que pode ser obstruído parcialmente ou
totalmente. Geralmente eles se formam nos membros inferiores e por possuir uma
estrutura sólida e amolecida pode desprender-se e seguir o trajeto da circulação
venosa que retorna aos pulmões para o sangue ser oxigenado (FEBRASGO, 2016).
Quando um vaso sanguíneo sofre uma lesão ocorre um processo chamado
cascata de coagulação com o objetivo de suporte ao tampão plaquetário e auxílio às
redes de fibrinas formando assim um coagulo consistente sendo essencial para o
fechamento da lesão no vaso sanguíneo. A formação desse trombo pode possuir
inúmeras causas como cirurgias, tabagismo, colesterol elevado, mas existem alguns
fatores de risco como o uso de anticoncepcionais orais (OLIVEIRA, 2018).
Os anticoncepcionais orais encontram-se disponíveis no mercado com grandes
variações de formulação e preço, e, segundo o estudo de LIMA (2017), são
considerados o método contraceptivo reversível mais utilizado em todo o mundo. Por
vez, também é possível observar que esse método vem sendo utilizado de forma
incorreta, sem qualquer orientação ou acompanhamento médico.
Apesar da eficácia apresentada pelo método para impedir a ovulação, estudos
demonstram uma forte associação do uso de anticoncepcionais e o surgimento da
trombose. Tal fato se deve a formulação dos anticoncepcionais orais, que são
compostas em sua maioria por hormônios estrógenos e progesterona. Esses
hormônios contribuem para o estado de hipercoagulabilidade, sendo esse, uma das
causas para eventos trombóticos dentro da tríade de Virchow (LIMA, 2017).
A tríade Virchow é uma teoria proposta pelo patologista Ruldof Virchow, que
explica sobre três principais fatores que desencadeiam a ocorrência de eventos
trombóticos. Conforme demonstra a Figura 1, a lesão vascular, alterações no fluxo
sanguíneo e a hipercoagulabilidade são os três fatores da tríade (PADOVAN;
FREITAS, 2014).

Figura 1 – Tríade de Virchow

Fonte: FILHO; BARROS, 2013.

Os hormônios estrógenos e progesterona aumentam os níveis sanguíneos de


fatores de coagulação e promovem resistência as proteínas C-reativas
(anticoagulantes naturais do organismo). Assim, o coágulo formado na trombose
venosa é resultado do desequilíbrio entre os fatores anticoagulantes, pró-coagulantes
e fibrinolíticos (SILVA, et, al, 2018; OLIVEIRA, 2018).
Por isso, com o intuito de melhorar a segurança e tolerância e manter a eficácia
na prevenção da gravidez, os anticoncepcionais vem sofrendo modificações em sua
formulação desde sua entrada no mercado, com destaque para apresentação de
novos progestágenos, que apresentam menor efeito trombótico em relação aos que
apresentam estrógenos, sendo esse responsável por apresentar mais eventos
trombóticos em mulheres em idade fértil, sendo o risco de 2 a 4 vezes maior em
relação a não usuárias (MENDEZ; NUÑEZ, 2016).
Dessa forma, a quantidade de estrógeno presente na composição do
anticoncepcional, pode influenciar no surgimento da trombose, sendo importante
avaliar opções com menor potencial trombogênico e definir qual a melhor terapia
considerando seus riscos. Os fatores de risco pré-existentes, como obesidade,
doenças cardiovasculares, histórico familiar, tabagismo, entre outros, também devem
ser considerados antes do uso de anticoncepcionais (FEBRASGO, 2016).
Embora raros, os eventos adversos ligados ao uso de anticoncepcionais orais
são graves e de grande relevância para a saúde da mulher. Perante esse cenário, o
objetivo desta pesquisa foi associar alterações homeostáticas com o uso continuo dos
anticoncepcionais orais e o desenvolvimento da trombose venosa.

METODOLOGIA

Trata-se de um estudo de revisão de literatura, no formato narrativo, no qual o


levantamento bibliográfico foi realizado por meio do acesso as bases de dados
disponíveis na Biblioteca virtual de saúde (BVS), Us Library of Medicine (PubMed),
Scientific Eletronic Library (Scielo) e Google acadêmico, contendo os seguintes
descritores: trombose venosa, anticoncepcionais hormonais, coagulação, hemostasia.
Para a referida revisão bibliográfica, a triagem e seleção dos artigos foram
norteadas pelos critérios de inclusão e exclusão. Como critérios de inclusão foram
selecionados artigos, livros e dissertações que abordassem informações pertinentes
ao objetivo da revisão, com recorte temporal de 10 anos, nos idiomas inglês e
português. Os critérios de exclusão foram estudos com recorte temporal superior a 10
anos e artigos que fugissem do tema central deste trabalho.
Após a busca nas bases de dados com aplicação dos critérios de inclusão e
exclusão, foram selecionadas amostras de artigos e livros que, após criteriosa leitura,
passaram a constituir a base para esta revisão.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

De forma geral, as buscas foram realizadas de acordo com a metodologia


apresentada, com estudos de casos e artigos que definem a relação entre a pílula
anticoncepcional e a trombose venosa profunda, análise das composições da pílula
anticoncepcional e quais os critérios para utilização do método que pode evitar a
trombose venosa profunda.

Quadro 1 – Distribuição de artigos segundo descritores em bases/banco de dados.


BASES BANCO
DESCRITORES MEDLINE SCIELO BVS
Anticoncepcionais Orais e Trombose 03 07 04
Venosa
Anticoncepcionais orais e 02 10 05
hemostasia
TOTAL 05 17 09

Foram encontrados 31 artigos conforme pesquisa descrita no Quadro 1, sendo


13 excluídos por não se enquadrarem nos critérios de inclusão de pesquisa desta
revisão, resultando em 18 artigos utilizados para desenvolvimento deste trabalho.
No Quadro 2 estão expostos os estudos de maior relevância sobre as relações
entre o uso da pílula anticoncepcional e o desenvolvimento da trombose venosa.
Quadro 2 – Artigos de maior relevância sobre a relação entre o uso de pílula anticoncepcional e o
desenvolvimento da trombose venosa.
Título do artigo Ano Objetivo Abordagem Autores
Anticoncepcional oral Evidenciar e discutir criticamente o uso
associado ao risco de 2014 de classes de anticoncepcionais orais, Descritivo Padovan
trombose venosa profunda. correlacionando os aos quadros de FT e Freitas
Trombose Venosa. G.
Os anticoncepcionais orais Apresentar a forma como os
como fatores de risco para 2017 anticoncepcionais atuma como fatores Quantitativa Duarte AJV.
a trombose venosa de risco para trombose venosa
profunda. profunda.

Avaliação do uso de Avaliar e comparar os testes de


anticoncepcional oral 2018 coagulação e fatores de risco para o Qualitativa Magalhaes
combinado como fatores desenvolvimento de trombose em Quantitativa AVP e
de risco para mulheres jovens associado ao uso de Morato
desenvolvimento de anticoncepcionais orais combinados. CBA.
trombose em mulheres
jovens da cidade de patos.
A trombose venosa Relacionar as alterações no sistema
profunda como reação 2018 hemostático com o uso contínuo dos Descritiva Sousa ICA
adversa do uso continuo anticoncepcionais orais e a ocorrência e Álvares
de anticoncepcionais orais. da trombose venosa profunda. ACM.
Anticoncepcionais Compreender os métodos
hormonais na atualidade: 2018 contraceptivos hormonais, os seus Transversal Brandt GP,
um novo paradigma para o efeitos, mecanismo de ação, analítica et al.
planejamento familiar. contraindicações e interações
medicamentosas mais peculiares de
fronte a dinâmica do planejamento
familiar, demonstrando assim a
importante função do enfermeiro em
explicitar a sua administração e
informações relevantes aos usuários.
Métodos Contraceptivos e Avaliar os riscos auto referidos de
Prevalência de Mulheres 2019 trombose causada por Transversal Silva CS,
Adultas e Jovens com risco anticoncepcionais orais e injetáveis. A Analítico Sá R e
de Trombose, no Campus hipertensão e acidentes Epidemiológico Toledo J.
Centro Universitário do cardiovasculares, através de seu uso
Distrito Federal-UDF. prolongado, sem consulta médica e
orientações adequadas.
Tromboembolismo venoso Relacionar a utilização do
relacionado ao uso 2019 anticoncepcional oral combinado às Qualitativa Moraes LX
frequente de alterações hemostáticas e fatores de et al.
anticoncepcionais orais coagulação que podem ser fatores
combinados. desencadeadores de
tromboembolismo (venoso ou
pulmonar).
A relação entre o uso da 2021 Demonstrar o uso crônico de Transversal Ferreira
pílula anticoncepcional e o anticoncepcionais orais e reações Descritivo BBR;
desenvolvimento da adversas que podem advir de seu uso, Paixão JA.
trombose venosa profunda em destaque a Trombose Venosa
no Brasil. Profunda (TVP).

Conforme demonstra a pesquisa da confederação Brasileira das associações


de Ginecologia realizada em 2014, cerca de 100 milhões de mulheres fazem uso da
pílula em todo o mundo (SILVA; TOLEDO, 2019).
Um estudo realizado por Silva e Toledo (2019) na Universidade Distrito Federal
(UDF) mostra a prevalência do uso atual de contraceptivos orais e injetáveis nos
estudantes e não estudantes. A pesquisa foi realizada com 100 mulheres com idades
entre 18 a 40 anos, não grávidas. Aplicação do método foi através de questionário
sobre o uso de contraceptivos orais, num período de quatro semanas. Houve
predomínio de 84% de mulheres que utilizam o método e desses, 16% relatam casos
de trombose e 20% diz utilizar o método como automedicação.
Houve um aumento do uso de contraceptivo desde sua origem. Além da
independência feminina e autonomia para o planejamento familiar é possível observar
que muitos jovens têm iniciado a atividade sexual de forma precoce. A escolha pelo
uso de anticoncepcional nem sempre acontece de forma orientada e estudos
epidemiológicos indicam que seu uso pode predispor maior risco de desenvolvimento
de trombose venosa (BRAGA, et al., 2015).
O sistema reprodutor feminino é controlado pela interação dos hormônios FSH
(hormônio folículo estimulante), LH (hormônio luteinizante) que são liberados pela
hipófise e os hormônios sexuais feminino: estrógenos (estradiol, estriol e estrona) e
progesterona que são secretados principalmente pelos ovários durante vida
reprodutiva. Esses hormônios atuam de forma controlada sobre as três fases do ciclo
menstrual (fase menstrual, fase proliferativa e fase lútea), conforme demonstra a
Figura 2, preparando o corpo da mulher para uma futura gestação (DUARTE, 2017;
MORAIS, SANTOS, CARVALHO, 2019).

Figura 2 – Ciclo Menstrual

Fonte: DUARTE, 2017. Adaptado.


Os hormônios estrógeno e progesterona são críticos para a manutenção da
gestação e por desatar várias funções fisiológicas no organismo. Eles atuam
diretamente no desenvolvimento e na sustentação do sistema reprodutor da mulher e
tem como características secundárias sexuais o crescimento das mamas, surgimento
de pelos pubianos, mudança da voz, alargamento da região da pelve e entre outras
funções, atuam também na regulação do metabolismo de minerais, proteínas,
carboidratos e lipídios. Tais hormônios podem ser fabricados de forma sintética e
recebem a denominação (estrogênios sintéticos e progestagênios) e são usados nos
contraceptivos hormonais (isolados ou combinados) e em tratamentos de reposição
hormonal (PADOVAN, FREITAS, 2015).

Os hormônios sintéticos presentes nas pílulas são semelhantes aos produzidos


no organismo da mulher, com a administração correta desses hormônios, o organismo
entende que as concentrações de estrógeno e progesterona estão constantemente
elevadas e com isso, a secreção dos hormônios FSH e LH são inibidos, assim não
ocorre à ovulação (DUARTE, 2017).

A trombose apresenta maior prevalência com aumento da idade, com cerca de


160 casos por 100,000 habitantes (BRANDT, et al, 2018).
No Brasil, entre os anos de 2011 e 2016, a ANVISA recebeu 267 notificações
de eventos adversos envolvendo o uso de anticoncepcionais orais, sendo 177 eventos
graves no sistema circulatório (SOUSA; ALVARES, 2018).
Todo o processo de coagulação é regulado por inúmeras reações que ocorrem
na chamada “cascata de coagulação” (dividida em: envia intrínseca e via extrínseca),
através dos fatores de coagulação, que estimula a formação de trombina, que atua
transformando o fibrinogênio solúvel em fibrina insolúvel. O coágulo hemostático
precisa manter-se no local da lesão, dessa forma, a fibrina insolúvel atua como sitio
de ligação para formação do coágulo, impedindo que ocorra a formação de coágulos
em outras regiões que consequentemente possam ocasionar uma trombose (SILVA,
2017).
Uma pesquisa realizada por Magalhães e Morato (2018), com 40 mulheres
jovens (20 faziam uso de anticoncepcional oral combinado e 20 não faziam uso de
métodos contraceptivos hormonais) do município de Patos-PB, demonstra através de
questionário socioeconômico e dosagens bioquímicas (PT e TTPA), que as mulheres
que fazem uso de anticoncepcional apresentam uma diminuição nas médias dos
resultados de TP e TTPA e que os fatores de riscos hereditários e externos avaliados
no estudo, associado ao uso de anticoncepcional aumenta a probabilidade de
formação de trombos.
Estudos demonstram que os efeitos trombóticos são mais prevalentes em
mulheres, e tal fato pode estar relacionado ao uso de anticoncepcionais orais, uma
vez que, a quantidade de hormônios estrógenos e progestágenos presentes nesses
fármacos, podem ligar a receptores específicos presentes no endotélio, responsáveis
por regular elemento da parede dos vasos, podendo promover uma desordem no
sistema de coagulação, tais como: aumentar os níveis sanguíneos de fatores de
coagulação e promover resistência as proteínas C-reativas (anticoagulantes naturais
do organismo). Assim, o coágulo formado na trombose venosa é resultado do
desequilíbrio entre os fatores anticoagulantes, pró-coagulantes e fibrinolíticos (SILVA,
et, al. 2018; DUARTE, 2017).
As principais pílulas utilizadas atualmente são as de segunda e terceira
geração, que possuem doses menores de hormônios. As pílulas de segunda geração
têm doses em torno de 30 a 50 miligramas de etinilestradiol e apresenta também o
levonorgestrel. As de terceira geração apresentam o etinilestradiol com doses
menores ou de 30 miligramas e possuem progestógenos mais modernos, o
Gestodeno, o Ciproterona e o Drospirenona (BRANDT, 2018).

Segundo Moraes et.al (2019) sabe-se que o uso de anticoncepcionais


combinados pode levar a um aumento significativo da trombose venosa atingindo altos
índices. Os hormônios sexuais presentes nos contraceptivos (a progesterona e o
estradiol) podem levar a uma alteração considerável no sistema cardiovascular, pois
o alvo desses hormônios sintéticos são a corrente sanguínea. Segundo uma pesquisa
analisada por Moraes com 100.000 mil usuárias, 25% apresentaram uma maior
incidência de desenvolver trombose com o uso das pílulas de terceira geração que
apresentam gestodeno e desogestrel levando em consideração as de segunda
geração que apresentam um índice maior de levenorgestrel.
Quando são analisados os anticoncepcionais da terceira geração que são os
que contêm um índice maior de gestodeno e desogestrel, encontra-se uma incidência
de 25% de usuários, seguindo uma margem de 100.000 usuários por ano. Esses são
os índices mais altos segundo a análise apresentada pelo artigo. Os anticoncepcionais
de terceira geração também apresentam um aumento significativo em relação aos da
segunda geração, ele pode aumentar duas vezes mais o risco de trombose levando
em conta os anticoncepcionais que contém levenorgestrel.
Os estudos de SILVA, et.al (2018) demonstraram que a combinação de
etinilestradiol (derivado do estrogênio) e progestágenios, que compõem a maior parte
das formulações, propicia grandes chances de desenvolvimento da trombose. O
Etinilestradiol atua na ativação da hemostasia, elevando entre 30 e 50% atividade dos
fatores de coagulação (fibrinogênios, II, VII, VIII, IX, X e XI). Dessa forma, mulheres
que utilizam uma dosagem acima de 0,05 mg de etinilestradiol, apresentam em até
dez vezes, mais chance de risco trombótico quando comparado com as formulações
com dosagens menores do hormônio.

Já Padovam e Freitas (2014) destacam em seus estudos uma pesquisa


realizada pela universidade de Leiden, Holanda que avalia os diferentes
progestagênios e o risco para trombose venosa, concluindo que os anticoncepcionais
orais contendo levonorgestrel, possuem o risco de trombose menor em comparação
aos demais progestagênios, pois o levonorgestrel está associado à menor resistência
à proteína C. Porém, mesmo com esses dados devem-se conhecer os riscos e os
benefícios de cada progestagênio, para uma prescrição adequada ao paciente.
Segundo Oliveira (2018), o risco de desenvolvimento da trombose venosa é
maior no primeiro ano de uso do medicamento, podendo ser mais prevalente nos
primeiros meses, devido ao período que o organismo leva para se adaptar as
concentrações dos hormônios sintéticos. Além da trombose em si, outras patologias
podem ser advindas desse problema, como: acidente vascular cerebral (AVC), infarto
do miocárdio, embolia pulmonar, entre outros (BRASIL, 2013).

A falta de informação sobre os efeitos adversos causados pelo uso de


anticoncepcionais orais faz com que esses eventos ocorram com maior
incidência, isso é reflexo da automedicação sem orientação e acompanhamento
médico adequado e a venda do medicamento sem receituário nas farmácias
(FERREIRA, PAIXÃO, 2021).

A escolha pelo método deve ser feita segundo recomendação médica


levando em consideração os riscos de desenvolvimento de trombose venosa em
usuárias com predisposição genética, tabagistas, comorbidades fisiológicas,
entre outros. É importante ressaltar que, além dos anticoncepcionais existem
outras alternativas de contracepção, sempre discutindo com o profissional os
benefícios e malefícios e verificando a necessidade de cada paciente para
garantir a maior segurança na utilização do método (DUARTE, 2017).

CONCLUSÃO

Foi possível observar por meio da realização deste trabalho que há um


certo acometimento de trombose venosa em mulheres que fazem uso de
anticoncepcionais orais, que geralmente está associado a predisposição, algum
tipo de patologia, dosagem dos hormônios nos anticoncepcionais e o uso
inadequado sem ter o acompanhamento médico.
Além de se observar um risco maior de desenvolver trombose venosa nos
primeiros meses de uso desses medicamentos, já que nesse período há uma
adaptação do organismo a essas concentrações de hormônios sintéticos. Visto
que atualmente a pílula anticoncepcional se tornou um dos métodos mais
utilizados por mulheres em todo o mundo, e sendo feito um uso precoce, sem
orientação alguma de profissional, vem se tornando um dos fatores de aumento
nos índices de trombose venosa.
Torna-se importante em meio a esse cenário, o conhecimento e um
acompanhamento de um médico responsável por prescrever e analisar qual o
método que ofereça um menor risco para cada tipo de perfil biológico, uma maior
segurança no seu uso, preservando a homeostasia do organismo e a sua
fisiologia.
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