Ciber Socialidade
Ciber Socialidade
Ciber Socialidade
Ciber-socialidade: tecnologia e
vida social na cultura contemporânea
P ara compreendermos os
impactos das novas tec-
nologias na cultura e na co-
municação contemporâneas devemos
dirigir nosso olhar para a sociedade
presentes (atuais) das rela-
pode nos ajudar a discernir as escrita (alguns são gráficos), também em Payot, 1990.
diferenças entre as duas.) tempo real. Sobre os MUDs e chats WATZLAWICK, P. La realité de la realité.
Mesmo que a cibernética (do grego enquanto comunidades virtuais, ver: Con- fusion, désinformation,
Kubernetes) signifique controle e pilo- RHEINGOLD, H. Virtual communities. communication. Paris: Seuil, 1978.
tagem, a cibercultura não é o Addison-Wesley, 1993. 6 Sobre as WEBER, M. Economie et société. Paris: Plon,
resultado linear e determinista de comunidades virtuais, ver: RHEIN- GOLD, R. 1971.
uma“programa- ção” técnica do social. Op. cit.; e LEMOS, A. Les commu- nuatés
Ela parece ser, ao contrário, o virtuelles. In: Sociétés, n.45. Paris:
Dunod, 1994, p.253-261.
resultado de uma apropria- ção 7
Ver o interessante livro de COUPLAND, D.
simbólica e social da técnica. O que Géneration X. Paris: Robert Laffont, 1991.
vai caracterizar a cibercultura 8
LEMOS, A. La culture cyberpunk, le
nascente não é um determinismo cauche- mar de la modernité. In: Congrès
tecnocrático, mas uma sinergia entre Interna- tional de Sociologie, Paris:
a socialidade contemporânea e a Sorbonne, 1993. Ver também: LEMOS, A. A
técnica, em que a primeira não cultura cyberpunk In: Textos, n.29.
rejeita mais a segunda. Não se trata Salvador: FACOM/UFBA, 1993.
mais de excluir a socialidade, e tudo o
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Neologismo a partir de “ciber” -
tecnologias do ciberespaço e socialidade
que ela tem de trágico (violento,
-, a socia- lidade contemporânea.
erótico, lúdico), como inimiga de uma 10
Nesse processo, supera-se a “natureza”
sociedade racional, técnica e objetiva. naquilo que Negroponte chama de substi-
A sociedade contemporânea se auto- tuição dos “átomos” pelos “bits”. Ver:
organiza a partir da introdução da NEGRO- PONTE, N. A vida digital. São
socialidade na técnica. A cibercultura Paulo: Cia. das Letras, 1995; e MANZINI, E.
não é uma“cibernetização”da sociedade, Artefacts. Paris: CGP, 1991.
mas a “tribalização” da cibernética.
Bibliografia
Notas BAUDRILLARD, J. A sombra das maiorias
silen- ciosas. São Paulo: Brasiliense, 1985.
1
Ver: LEMOS, A. La cyberculture. Les
BOLLE DE BAL, M. La tentation commu-
nouvelles technologies et la société
nautaire. Les paradoxes de la reliance
contemporaine. Tese de Doutorado. Paris V -
et de la contre-culture. Bruxelas: De
Sorbonne, 1995. Sobre ciberespaço, ver:
l’Université de Bruxelles, 1985.
BENEDIKT, M. (ed). Cyberspace. First steps.
DEBORD, G. La société du spectacle. Paris:
MIT, 1992; LÉVY, P. L’iIntelligence
Gallimard, 1992.
collective. Pour une anthro- pologie du
DELEUZE, G. & GUATTARI, F. Capitalisme
cyberspace. Paris: La Découverte, 1995; e
et schizophrénie. Milles Plateaux. Paris:
LEMOS, A. As estruturas antropológi- cas do
Minuit, 1980.
ciberespaço. In: Textos. n.35. Salvador:
DURKHEIM, E. Les formes elémentaires de
FACOM/UFBA, 1996.
la vie religieuse. Paris: PUF, 1978.
2
Sobre os cyborgs, ver: LEMOS, A. A página
GOFFMAN, E. La mise en scène de la vie
dos cyborgs. In: <http://www.facom. ufba.
quotidienne. Paris: Minuit, 1973.
br/pesq/cyber/lemos>.
3
Os zippies (Zen Inspired Pagan Professio- ILLICH, I. La convivialité. Paris: Seuil, 1973.
nal) são neo-hippies que utilizam as novas LYOTARD, J-F. La phenomenologie. Paris: PUF,
1959.
tecnologias como fonte de reaproximação
MAFFESOLI, M. A conquista do presente.
comunitária e de busca da espiritualidade.
Já os ravers são os participantes das Rio de Janeiro: Rocco, 1984.
raves parties, festas tribais, cadenciadas
pela
música tecno-eletrônica. Ver: LEMOS, A. Ci- . O tempo das tribos. Rio de Janeiro:
ber-rebeldes. In: Guia da Internet, BR. Rio Forense, 1987.
de
Janeiro: Ediouro, 1996. . Au creux des apparences. Pour une
4
Para Simmel, a vida tende a superar ela ethique de l’esthétique. Paris: Plon, 1990.
mesma, desenvolvendo-se no plano dos . La transfiguration du politique. La
valores vitais, enquanto vida (Mehr Leben), (Multi User Dungeons) são jogos on-line (tipo tribalisation du monde. Paris:
e se tornando mais do que a vida, role play games), em que os participantes Grasset, 1992.
superando- a (Mehr-Als-Leben). Sobre a criam mundos e personagens imaginários . Préface. In: Sociétés. Dossier
obra de Simmel, ver: JANKÉLÉVITCH, V. por meio de uma ficção construída pela Techno- socialité, n. 51, Paris:
Georg Simmel, philo- sophe de la vie. In: Gauthier-Villars, 1996.
SIMMEL, G. La tragédie da la culture. McLUHAN, M. La galaxie Gutenberg.
Paris: Rivages, 1988. La genèse de l’homme
5
Chats são fóruns (muitas vezes temáticos typographique. Paris: Gallimard,
- paquera, brasil, hacker, sexo etc.) de 1967.
bate-papo on-line, em tempo real. Os MUDs MORIN, E. La méthode I. La nature
de la nature. Paris: Seuil, 1977.
LOGOS
SIMMEL, G. La tragédie da la culture. Paris:
Rivages, 1988.
. Philosophie de la modernité. Paris: