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“Na verdade, há diversos nomes para a disciplina Direitos Humanos. Em alguns lugares,
chamam-na Direitos do Homem, em outros, de Liberdades Públicas, como preferem os
franceses.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 16)
“Na verdade, a expressão direitos humanos é normalmente utilizada para se referir aos valores
e direitos consagrados em tratados internacionais. Por sua vez, a expressão direitos
fundamentais é empregada para fazer menção ao mesmo conjunto de direitos, quando
inseridos na Constituição.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 16)
“uma grande zona de convergência entre tais direitos, afinal, os Direitos Fundamentais, no
caso brasileiro, são, em sua grande maioria, uma réplica dos direitos e garantias assegurados
por uma série de tratados internacionais dos quais a República brasileira é signatária. Tal
processo, inclusive, ficou conhecido como constitucionalização dos direitos humanos. Autores
como Alexandre de Morais e Paulo Bonavides, inclusive, adotam, em suas obras, ambas as
expressões de forma conjunta: Direitos Humanos Fundamentais.” (CASADO FILHO; BIANCHINI;
GOMES. 2012. P. 16/17)
“Os Direitos Humanos são um conjunto de direitos positivados ou não.” (CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 17)
“os Direitos Humanos têm a finalidade de assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana,
o que torna tal conjunto de direitos bastante especial.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES.
2012. P. 17)
“Convém ressaltar que os Direitos Humanos possuem historicidade, de forma que os valores
assegurados em uma determinada época podem evoluir em outro período histórico.”
(CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 18)
“os Direitos Humanos são um conjunto de direitos, positivados ou não, cuja finalidade é
assegurar o respeito à dignidade da pessoa humana, por meio da limitação do arbítrio estatal e
do estabelecimento da igualdade nos pontos de partida dos indivíduos, em um dado momento
histórico.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 18)
“Frequentemente se diz que os Direitos Humanos são universais. Por meio da universalidade, é
possível afirmar que os Direitos Humanos possuem validade e são legítimos para todos os
indivíduos. Em outras palavras, ninguém poderá se valer de pretextos como raça, cor, sexo,
língua, religião, opinião política, ou de qualquer outra ordem, para se abster ou infringir
qualquer direito fundamental.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 18/19)
“Tal princípio foi consagrado no art. 1º da Declaração Universal dos Direitos Humanos de
1948.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 19)
“Uma característica que decorre diretamente da universalidade é a inerência. Por ela, temos
que não é preciso depender de concessões dos Estados ou de qualquer ente público ou
privado para que sejam assegurados os direitos e garantias fundamentais.” (CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 19)
“Afirma-se, com bastante frequência, que os Direitos Humanos também são indisponíveis, no
sentido de que não podem ser transmitidos ou mesmo renunciados por seus titulares. Alguns
autores utilizam a expressão irrenunciabilidade ou inalienabilidade para tratar desta
característica.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 19)
“No campo do direito processual, uma das garantias mais conhecidas é a inafastabilidade do
Judiciário, consagrada no art. 5º, XXXV, da Constituição Federal. Contudo, há contratos em que
o particular, no exercício de sua autonomia das vontades, firma cláusula compromissória,
levando eventual litígio com a outra parte para a Arbitragem, sendo plenamente válida sua
escolha, conforme já se posicionou o Supremo Tribunal Federal no SEC 5.206/Espanha. Em
outras palavras, a livre renúncia do particular do seu direito de acesso ao Judiciário Estatal, em
benefício do juízo arbitral, não deve ser interpretada como inaceitável.” (CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 20)
“Diante da ligação e da vinculação direta que os Direitos Humanos possuem com a dignidade
humana, entende-se que também são imprescritíveis, no sentido de que não deixam de ser
exigíveis com o decorrer do tempo. Tal fato acontece em razão da relevância de tais direitos e
pela gravidade que a infração destes possui, não só do ponto de vista individual, mas também
para toda a sociedade.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 20)
“Importante destacar que os crimes contra alguns dos direitos fundamentais, como a vida e a
liberdade, estão, sim, sujeitos às regras de prescrição. Afirmar que os Direitos Humanos são
imprescritíveis não significa que os crimes contra tais direitos também o são.” (CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 20)
“Os Direitos Humanos formam um sistema indivisível, interdependente e complementar entre
si. As normas sobre direitos fundamentais se complementam, garantindo, assim, a efetividade
plena que elas buscam alcançar.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 21)
“O fato de os Direitos Humanos estarem consagrados em diferentes tratados não retira seu
caráter de indivisibilidade.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 21)
“Outro ponto que não afeta a indivisibilidade dos direitos e das garantias fundamentais é sua
classificação em gerações ou dimensões, como será visto adiante (Capítulo 2, item 11). Tal
classificação é meramente didática e não pressupõe que um grupo de direitos está
desvinculado do outro.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 21)
“Assim, temos que os Direitos Humanos são uma criação humana em constante mutação.”
(CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 21)
“Trata-se de uma construção em que cada tijolo é um direito ou uma garantia. E o próximo
tijolo só pode ser posto neste edifício na sua época apropriada.” (CASADO FILHO; BIANCHINI;
GOMES. 2012. P. 21)
“os Direitos Humanos estão abertos à evolução, permitindo a inclusão de novos direitos e
garantias, conforme a evolução de cada sociedade.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES.
2012. P. 22)
“Pela importância que os direitos humanos possuem no ordenamento jurídico, eles devem ser
assegurados independentemente de norma regulamentadora. Ou seja, pelo simples fato de
terem sido declarados, já devem ser garantidos a todos.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES.
2012. P. 22)
“Essa declaração, em seu primeiro artigo, já definia que todos os homens nascem e
permanecem livres em direitos. Em 17 artigos, a Declaração busca seguir o slogan da
revolução: liberdade, igualdade e fraternidade. ” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P.
35)
“Temas como a liberdade de expressão, a previsão de que nenhum homem seria preso se não
por descumprimento da lei, a legalidade dos atos públicos, elementos de democracia direta e
direitos naturais eram previstos e resguardados a todos os homens. ” (CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 22)
“Com o fim da Segunda Guerra e a “descoberta” do Holocausto pelo mundo ocidental, diversas
foram as pressões para que tais fatos nunca mais se repetissem. A explosão da bomba atômica
em Hiroshima e Nagasaki fez a humanidade perceber que o próprio homem poderia colocar
um fim ao planeta. Tais fatos vão alterar substancialmente o imaginário humano e, por
consequência, a disposição das nações para aceitar acordos. ” (CASADO FILHO; BIANCHINI;
GOMES. 2012. P. 40)
“ O fato é que, nos períodos de guerra, o ser humano tem um profundo abalo psicológico.
Afinal, uma das noções básicas da humanidade é o respeito à vida. Na guerra, esse direito à
vida é suprimido, havendo autorização expressa para matar. Não por acaso os grandes
projetos de paz do mundo (entre eles o manifesto pela Paz Perpétua de Immanuel Kant)
surgem na sequência de grandes conflitos. ” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 40)
“A Organização das Nações Unidas surge neste contexto de anseio pela paz. Seu objetivo
principal é o de “preservar as gerações futuras do flagelo da guerra”. E sua forma de atuar foi,
sobretudo, declarar os direitos que considerava fundamentais e que precisavam ser
respeitados por todos os Estados. ” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 40)
“Para se ter ideia, na Carta de Fundação da ONU, os direitos humanos foram considerados no
Preâmbulo, nos arts. 1º, § 3º; 13, § 1b; 55, c; 56; 62 § 2º; 64; 68; 73; 76, c. Tal fato é um claro
contraste em relação ao Pacto da Sociedade das Nações, que contemplava apenas um artigo
(art. 23) à matéria. ” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 40)
“a primeira geração de direitos humanos seria a dos direitos civis e políticos, que surgiram nas
revoluções burguesas (como a Francesa e a Gloriosa) e teriam seu fundamento na ideia de
liberdade (liberté, representada pela cor azul da bandeira francesa), pois são formas de se
limitar o arbítrio estatal.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 43)
“Já a segunda geração seria a dos direitos econômicos, sociais e culturais, surgidos no século
XIX, como resposta comunista às desigualdades trazidas pela Revolução Industrial. Tais direitos
seriam uma forma de assegurar a igualdade dos pontos de partida e têm seu fundamento no
valor da igualdade (égalité, representada pelo branco da bandeira francesa). “(CASADO FILHO;
BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 43)
“A terceira geração, na lição de Vasak, seria representada pelo direito ao desenvolvimento,
pelo direito a um meio ambiente sustentável e pelo direito à paz, valores ligados diretamente
à ideia de solidariedade e fraternidade (fraternité, representado pelo vermelho da bandeira
francesa).” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 43)
“A primeira crítica que se faz à classificação dos direitos em “gerações” é a de que tal termo
passa uma ideia de hierarquia entre os direitos.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P.
44)
“há no subconsciente coletivo a percepção de que uma geração posterior seria superior à que
lhe antecedeu, algo que não é verdade quando falamos de Direitos Humanos.” (CASADO
FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 44)
“ficando a primeira dimensão para os direitos civis e políticos, a segunda com os direitos
econômicos, sociais e culturais, e a terceira com o direito a um meio ambiente sustentável, o
direito à paz e ao desenvolvimento.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 44)
“Embora tanto a teoria das gerações como a teoria das dimensões não tenham qualquer valor,
senão o de classificação didática, o Supremo Tribunal Federal tem, em algumas decisões,
utilizado tais teorias para fundamentar seus votos” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012.
P. 44)
“o Direito estaria protegendo o homem não só como indivíduo, mas também como membro
de uma espécie.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 45) Ao falar da quarta geração,
“O sistema global de proteção aos Direitos Humanos é formado pelo conjunto de tratados
internacionais editados pela ONU e pelas instituições criadas por esta organização para
assegurar seu respeito.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 58)
“Trata-se de uma ordem jurídica internacional que se projeta sobre todos os países do planeta,
vinculando-os às regras gerais que buscam assegurar o respeito à dignidade da pessoa
humana.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 58)
“Embora boa parte da luta dos Direitos Humanos passe pelo Estado, atualmente tem-se um
consenso de que grandes corporações podem ser decisivas tanto na proteção como no
desrespeito a tais direitos.” (CASADO FILHO; BIANCHINI; GOMES. 2012. P. 132)