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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Sumário
SOBRE O AUTOR ............................................................................................................................................ 3
MENSAGEM DO AUTOR .................................................................................................................................. 5
PARTIDA DE MOTOR ....................................................................................................................................... 6
CORRENTE DE PARTIDA (IP) ................................................................................................................. 7
CORRENTE NOMINAL (IN) ................................................................................................................... 7
RELAÇÃO IP/IN ................................................................................................................................. 8
TEMPO DE PARTIDA (TP) ..................................................................................................................... 9
FATOR DE SERVIÇO (FS) .................................................................................................................... 10
CORRENTE COM FATOR DE SERVIÇO (IFS) ............................................................................................. 11
PARTIDA DIRETA ............................................................................................................................. 12
IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS DE MOTORES TRIFÁSICOS DE 6 PONTAS ....................................................... 13
POR NÚMEROS .................................................................................................................. 14
POR LETRAS ....................................................................................................................... 15
FECHAMENTO DE MOTORES ............................................................................................................... 16
FECHAMENTO TRIÂNGULO .................................................................................................... 17
FECHAMENTO ESTRELA ........................................................................................................ 18
OS COMANDOS ELÉTRICOS ............................................................................................................................. 23
O INÍCIO DO PROJETO ....................................................................................................................... 25
ELABORAÇÃO DO DIAGRAMA DE POTÊNCIA ............................................................................... 27
CONTATOR DE POTÊNCIA ...................................................................................................... 30
CONTATOS DE POTÊNCIA .......................................................................................... 31
CONTATOS AUXILIARES ............................................................................................ 31
IDENTIFICAÇÃO E SIMBOLOGIA DOS CONTATORES. .......................................................... 32
SIMBOLOGIA GRÁFICA .............................................................................................. 32
SIMBOLOGIA LITERAL .............................................................................................. 33
IDENTIFICAÇÃO DOS TERMINAIS ................................................................................. 34
MINIDISJUNTOR ................................................................................................................. 39
LÂMINA BIMETÁLICA ............................................................................................... 39
BOBINA DE DISPARO ................................................................................................ 41
POLOS .................................................................................................................. 43
CAPACIDADE DE CORRENTE NOMINAL .......................................................................... 43
CAPACIDADE DE INTERRUPÇÃO .................................................................................. 44
CURVA DE DISPARO ................................................................................................. 45
SIMBOLOGIA ......................................................................................................... 46
RELÉ DE SOBRECARGA .......................................................................................................... 48
LÂMINA BIMETÁLICA ............................................................................................... 49
PARAFUSO DE AJUSTE .............................................................................................. 49
CONTATOS AUXILIARES ............................................................................................ 50
REARME ............................................................................................................... 51
REARME AUTOMÁTICO ............................................................................................ 51
REARME MANUAL ................................................................................................... 52
SIMBOLOGIA ......................................................................................................... 53
BOTÕES PULSADORES .......................................................................................................... 60
BLOCOS DE CONTATOS AUXILIARES ............................................................................. 61
ATUADOR ............................................................................................................. 61
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Comandos Elétricos
SIMBOLOGIA ......................................................................................................... 62
CONTATO DE SELO ........................................................................................................................... 64
SINALIZADORES .................................................................................................................. 72
SINALIZAÇÃO LUMINOSA .......................................................................................... 72
SIMBOLOGIA ......................................................................................................... 73
SINALIZAÇÃO SONORA ............................................................................................. 73
SIMBOLOGIA ......................................................................................................... 74
DIMENSIONAMENTO .................................................................................................................................... 80
DIMENSIONAMENTO DO MINIDISJUNTOR ............................................................................................. 81
DIMENSIONAMENTO DO CONTATOR DE POTÊNCIA .................................................................................. 89
DIMENSIONAMENTO DO RELÉ DE SOBRECARGA. ..................................................................................... 91
DIMENSIONAMENTO DOS SINALIZADORES LUMINOSOS ............................................................................ 96
DIMENSIONAMENTO DO MINIDISJUNTOR DE COMANDO .......................................................................... 96
ALGO IMPORTANTE PARA VOCÊ SABER! ................................................................................................. 99
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Sobre o autor
Olá, seja muito bem‐vindo!!!
Caso você ainda não me conheça, muito prazer, meu nome é Rodrigo Costa e sou o fundador da
empresa Atom Elétrica e autor deste e‐book.
Antes de começarmos abordando os conteúdos em si, gostaria muito de te contar um pouco da
minha história, justamente para você entender o porquê carrego comigo o desejo de ajudar a tantas
pessoas, levando a elas conhecimentos que lutei muito para adquirir, pois há muito tempo de minha
vida me dedico a área da elétrica, no qual iniciei muito cedo, logo aos meus 13 anos de idade,
realizando meu primeiro curso de eletricista de manutenção industrial na escola “LICEU de Artes e
Ofícios” em uma cidade da Grande São Paulo por nome de Itaquaquecetuba.
De lá para cá, foram mais de 16 anos de muitas lutas, conquistas e realizações de sonhos, digo isso,
pois hoje, tenho qualificação profissional para atuar como Engenheiro Eletricista e Engenheiro Civil,
ambas as engenharias graduadas na Universidade Paulista de São Paulo. Além dessas graduações,
possuo também formação técnica em mecatrônica e de qualificação em Eletricista de Manutenção
Industrial, ambas cursadas na instituição de ensino SENAI “Roberto Simonsen”.
Durante esse período passei por diversas empresas, colhendo o máximo de conhecimentos e
experiências práticas possíveis, justamente para me tornar um profissional completo, que além de
conhecimentos teóricos, possui também conhecimentos práticos e vivência profissional.
Quem me conhece pessoalmente ou me acompanha pelas redes sociais, sabe o quanto eu tenho o
prazer em compartilhar meus conhecimentos com o próximo, e o motivo disso é o fato de saber que
muitas das vezes o simples ato de esclarecer uma dúvida ou de ensinar algo novo a alguém, pode
transformar positivamente a vida dessa pessoa, pois essa dúvida ou a falta desse conhecimento
poderia ser o motivo no qual a estava impendido de evoluir para um próximo estágio de sua carreira
profissional. E esse é o sentimento que utilizo de combustível para continuar ajudando e
transformando vidas por meio do conhecimento.
Graças a essa paixão em transmitir meus conhecimentos, em 2019 fundei a Atom Elétrica, que é uma
empresa voltada à capacitação profissional de pessoas que desejam seguir na área da elétrica, e para
isso utilizo da metodologia de ensino que desenvolvi ao longo de toda minha carreira profissional,
pois durante todo esse período em contato com diversos profissionais, consegui visualizar a
dificuldade que essas pessoas possuíam em assimilar ou aprender certos assuntos.
Percebi que o motivo dessas dificuldades, não era pelo fato das informações serem complicadas ou
impossíveis de serem aprendidas, mas sim pela forma com que elas eram transmitidas, ou seja, pela
maneira em que seus professores abordaram aqueles assuntos.
Unindo essa necessidade que havia no mercado com minha didática e facilidade de passar
conhecimentos ao próximo, surgiu a minha metodologia de ensino, que hoje auxilia no
desenvolvimento profissional de diversas pessoas, que tenho o prazer de chamá‐las de alunos.
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Mensagem do autor
Se você estava procurando um e‐book completo e que sirva de base para seus estudos na área dos
comandos elétricos, você acabou de encontrar!
E antes de qualquer coisa, quero te dar os devidos parabéns, pois partiu de você o interesse em
buscar novos conhecimentos para se qualificar e estar mais preparado diante desse mercado que é
tão concorrido, pois não são todas as pessoas que estão dispostas a investir o seu tempo aos estudos
em busca de mais conhecimentos.
Pensando em pessoas diferenciadas, como você, desenvolvi esse e‐book justamente para lhe auxiliar
na realização da sua primeira partida de motor, passando por todos os conhecimentos necessários
de forma bem detalhada para que, de fato, ao final desta leitura, você consiga pôr em prática todos
esses conhecimentos absorvidos, e, assim, realizar a sua primeira partida de motor.
Mas antes de darmos início com o conteúdo, quero te passar algumas dicas de estudos que serão de
extrema importância para a sua boa experiência e aprendizado com esse e‐book.
Recomendo fortemente que leia esse e‐book em um ambiente tranquilo, pausadamente, e de forma
sequencial, de maneira nenhuma pule páginas por achar que já sabe ou que já ouviu falar sobre
aquele determinado assunto, esse material tem essa quantidade de páginas, pois nele, introduzi
todos os conhecimentos necessários para que você, de fato, se torne um profissional apto a realizar
a sua primeira partida de motor, dificilmente você encontrará essas informações por aí na internet,
então, já de início, leve isso com você, leia até a última página desse e‐book, pois tenho certeza que
ele será de grande valia pra seu processo de aprendizado e carreira profissional.
Recomendo também que tenha o hábito de escrever, de forma que ao decorrer de sua leitura, faça
anotações em pontos que ache necessário, pois isso o ajudará na fixação dos assuntos abordados.
Estudos comprovam que a maioria das pessoas assimilam melhor uma informação quando elas
escrevem, pois elas se encontram em um estado em que suas mentes estão mais focadas,
estimulando seus cérebros a memorizarem as informações que foram lidas. Já parou para pensar
nisso? Será que você faz parte desse grupo de pessoas que assimilam as informações de uma maneira
mais fácil quando escreve? Caso nunca tenha tentado, recomendo muito que tente, pois talvez esse
hábito possa ser um ponto chave no seu processo de aprendizado.
E por último, leia quantas vezes forem necessárias, e só passe para o próximo assunto quando você
estiver compreendido 100% aquela informação abordada, caso contrário, ao longo desta leitura, você
irá criar em sua mente uma bola de neve que vai crescendo conforme forem surgindo novas dúvidas,
devido à falta de uma boa compreensão dos assuntos abordados anteriormente. Por isso volto a falar,
leia com bastante atenção, pausadamente e quantas vezes forem necessárias!
Agora, ciente de todos esses recados, vamos então seguir com a nossa jornada de estudos, juntos.
Vamos lá!
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Partida de motor
Gostaria de começar esse e‐book falando sobre a importância do profissional da área da elétrica
conhecer os comandos elétricos, pois nos dias atuais, observamos por toda a parte a presença de
motores, dispositivos e equipamentos que compõem os comandos elétricos. Por muito tempo a
presença desses equipamentos estavam mais restritas às indústrias, porém com o avanço da
tecnologia e a crescente necessidade da população, esses equipamentos acabaram se tornando,
também, presentes em condomínios, clubes, comércios, residências, chácaras, fazendas, e em
muitos outros locais, praticamente em todo lugar você irá se deparar com os comandos elétricos.
Apenas como alguns exemplos de aplicações, podemos citar: poços de águas pluviais, drenagem,
esgoto, sistemas de recalque de reservatórios, sistemas de combate à incêndio, sistemas de irrigação,
sistemas de iluminação de fachada, outdoors, garagens, sistemas de pressurização, sistema de
piscinas, sistemas de refrigeração, ou seja, você já conseguiu entender o quanto os comandos
elétricos estão presentes em nosso dia a dia, certo? De forma geral, onde houver um motor, ali terá
um comando elétrico para controlar esse motor.
Pelos motivos acima, se torna obrigatório nos dias atuais, que o profissional da área elétrica tenha o
conhecimento em comandos elétricos, e mesmo com essa alta demanda de serviços no mercado,
ainda há uma grande carência por esse tipo de profissional qualificado. E é justamente por esse
motivo que elaboramos esse e‐book, para que você tenha os seus primeiros contatos com essa área
em crescimento, conheça uma oportunidade de aumentar ainda mais os seus ganhos e saiba como
atingir uma posição melhor em sua carreira profissional.
Então, para que você possa entender como realizar sua primeira partida de motor, iremos começar
o estudo desse material, entendendo primeiramente o que é a partida de um motor. Essa etapa inicial
é de fundamental importância para que você consiga obter sucesso no seu aprendizado.
Digo isso, pois já vi diversos lugares e diversas escolas, que quando se propunham a ensinar o aluno
a realizar sua primeira partida, não trazem inicialmente os conceitos sobre esse assunto, mas ao invés
disso, pulam etapas e já trazem um diagrama pronto. Porém, dessa forma, o aluno apenas decora o
que foi lhe mostrado, e não aprende verdadeiramente sobre aquele conceito. E não é isso o que eu
quero para você, o que eu quero, é que, além de você conseguir realizar a sua primeira partida, você
também consiga entender o que está fazendo e o porquê está fazendo dessa forma, pois você, de
fato, estará aprendendo e não decorando.
A partida de um motor se refere aos momentos iniciais de seu funcionamento, momentos estes que
compreende o período de tempo, desde o instante em que se aplica a alimentação elétrica em seus
terminais, até o momento que esse motor atinge o seu pleno funcionamento de trabalho.
Agora, com o entendimento da definição acima sobre o que é a partida de um motor, se torna mais
fácil para que possamos nos aprofundar um pouco mais nesse conceito, mas para isso, é necessário
que tenhamos bem definidas, em nossa mente, algumas características existentes nos motores
elétricos, tais como essas que listei a seguir:
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Corrente de partida (Ip)
Corrente nominal (In)
Relação Ip/In
Tempo de partida (Tp)
Fator de serviço (FS)
Corrente com fator de serviço (IFS)
Então, vou passar rapidamente com você sobre elas, para que possamos avançar com os conteúdos,
ok?!
Corrente de partida (Ip)
Uma das principais características dos motores elétricos de indução é o fato de que nos primeiros
instantes de seu funcionamento, exigem da rede de alimentação uma alta demanda de corrente
elétrica.
Essa alta corrente inicial, após o acionamento do motor, surge devido os fenômenos
eletromagnéticos gerados por suas próprias características internas, causadas pelo fato que seu rotor
está inicialmente parado e necessita de energia suficiente para entrar movimento e acelerar até sua
velocidade normal de trabalho.
Essa alta corrente nos instantes iniciais de seu acionamento é chamada de “corrente de partida” e
também muito conhecida como “corrente de pico”.
Momento em que o
motor atinge sua
velocidade normal
de trabalho
Momento em que o
motor é alimentado
Origem da Imagem ‐ Autoria Própria
Corrente nominal (In)
Outra característica dos motores elétricos de indução, é a corrente nominal, porém para
entendermos sobre ela, precisamos ter entendido muito bem sobre o conceito que vimos
anteriormente, que conforme o motor vai acelerando, saindo de seu repouso, a corrente de partida
vai se reduzindo até o momento que o motor atinge sua velocidade normal de trabalho, ou seja, o
motor começa com uma corrente elevada, e conforme vai acelerando, essa corrente vai se
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Comandos Elétricos
estabilizando até seu valor normal de trabalho. Essa corrente normal de trabalho, chamamos de
“corrente nominal”.
Origem da Imagem ‐ Autoria Própria
A corrente nominal é caracterizada pela corrente normal de trabalho do motor absorvida da rede de
alimentação quando ele está com a plena carga acoplada ao seu eixo e em sua velocidade normal de
trabalho.
Plena carga acoplada ao seu eixo = Carga nominal
Velocidade normal de trabalho = Velocidade nominal
Entendendo isso, podemos concluir que a corrente nominal é a corrente máxima normal que o motor
pode trabalhar sem que ele esteja em sobrecarga.
Relação Ip/In
Essa nova característica dos motores elétricos de indução, que vamos abordar agora, muito
provavelmente irá esclarecer uma dúvida que talvez tenha surgido em sua mente, que é a seguinte:
Rodrigo, eu entendi que a corrente de partida é uma corrente inicial com valores elevados que
o motor solicita da rede no momento que é energizado.
Entendi também que a corrente nominal é a corrente no momento em que o motor está com
sua velocidade e com sua carga nominal e que ela é a máxima corrente que o motor pode
trabalhar sem que o motor esteja em sobrecarga.
Mas a minha dúvida é:
O quanto essa corrente de partida é elevada?
Existe um valor fixo para essa corrente de partida?
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Comandos Elétricos
Bom, a minha resposta para você é a seguinte:
Depende. Não existe um valor fixo!
A corrente de partida terá seu valor de intensidade baseada em um multiplicador da corrente
nominal, ou seja, a corrente de partida será uma quantidade de vezes maior do que a corrente
nominal do motor. Essa relação entre a corrente de partida e a corrente nominal, chamamos de Ip/In.
O valor da corrente de partida pode variar de acordo com as características específicas de cada
motor, pois sabemos que existem motores mais eficientes que outros, mas de forma geral, você
encontra no mercado, motores com corrente de partida (Ip) entre 5 a 10 vezes maior do que o valor
de sua corrente nominal (In), ou seja, possuem uma relação Ip/In entre 5 a 10 vezes.
Antes mesmo de você se perguntar, já vou lhe avisar que todas essas características ditas acima, você
encontra na placa de dados do motor, nos manuais técnicos, catálogos ou até mesmo entrando em
contato com o próprio fabricante do motor, ok?! Mas para exemplificar de uma forma melhor,
imagine que você tenha um motor com as seguintes informações:
In = 20A
Ip/In = 5
Qual seria o valor da corrente de partida desse motor, ou seja, o seu valor de Ip?
Essa resolução é bem simples, pois como sabemos, a relação Ip/In nos diz quantas vezes a corrente
de partida (Ip) é maior do que a corrente nominal (In), certo?!
Dito isto, se temos um Ip/In = 5, isso significa que a corrente de partida será 5 vezes maior do que a
corrente nominal, que no caso temos um In = 20A.
Logo, basta multiplicarmos: 5 x 20, ou seja, multiplicar a relação Ip/In pela corrente nominal, que
teremos o valor da corrente de partida Ip = 100A.
Tempo de partida (Tp)
Agora, passando por mais uma das características dos motores elétricos de indução, essa em
específico, muitas das vezes é esquecida ou negligenciada pelos profissionais dos comandos elétricos,
talvez por falta de conhecimento ou talvez por simplesmente subestimá‐la.
Perceba que ao falarmos anteriormente sobre a corrente de partida dos motores, não falamos sobre
a duração de quanto tempo essa corrente de partida leva para se estabilizar até chegar ao valor da
corrente nominal do motor, certo?!
Esse tempo que compreende, desde o momento em que o motor é energizado surgindo a corrente
de partida até o momento em que essa corrente se estabiliza na corrente nominal, é chamado de
“tempo de partida”.
Provavelmente, agora, você vai me perguntar o seguinte:
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Comandos Elétricos
Mas Rodrigo, esse tempo de partida do motor, também está descrito em sua placa de dados?
Não! Essa informação você consegue entrando em contato com o projetista ou fabricante da
máquina que se está analisando, porém caso não seja possível levantar esse dado, você poderá
realizar testes e medições para verificar esse tempo que o motor leva para partir completamente.
E logicamente, meu querido, assim como os assuntos tratados anteriormente, não existe um tempo
fixo para todos os motores. Tudo isso vai variar de acordo com as características do próprio motor e
com as características da própria máquina. Então, de modo geral, cada caso é um caso, e precisa ser
analisado de uma maneira diferente da outra, levando sempre em consideração as características
individuais de cada sistema.
Fator de serviço (FS)
Outra característica dos motores que devemos conhecer é justamente o Fator de Serviço (FS). Como
vimos anteriormente, o motor possui suas características nominais, como por exemplo, a corrente,
a potência, a tensão e a velocidade. O fator de serviço é justamente uma potência adicional acrescida
à potência nominal do motor, no qual o fabricante deixa como uma potência reserva. Podemos até
considerar como se fosse uma sobrecarga permitida ao motor, e que dentro dessa sobrecarga
permitida, o motor não sofrerá danos.
Essa potência reserva especificada pelo Fator de Serviço, geralmente é utilizada para casos
específicos, como por exemplo, quando o motor já está sendo utilizado para alguma aplicação e será
necessário fazer um acréscimo de carga em seu eixo, e talvez se torne inviável a troca desse motor
por um mais potente, já que sabemos que nesse motor pode existir essa potência adicional reserva.
Apenas devemos verificar em seu fator de serviço se esse mesmo motor suportará essa alteração de
carga sem se danificar.
Outro motivo da utilização do Fator de Serviço é para que o motor possa suportar as oscilações de
energia da rede elétrica, de forma a aumentar ainda mais sua vida útil.
É importante ressaltar, que essa potência adicional reserva, não é um valor fixo para todos os
motores, é necessário verificar na placa de dados do motor o quanto de potência adicional é
aceitável.
Outro ponto importante a ser mencionado, é que nem todos os motores possuem essa capacidade
adicional de potência.
Os fabricantes especificam o Fator de Serviço da seguinte maneira:
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FS = 1,00 ‐ Significa que o motor não possui potência adicional disponível.
FS = 1,10 ‐ Significa que o motor pode trabalhar com uma potência de 10% acima de seu valor
nominal.
FS = 1,15 ‐ Significa que o motor pode trabalhar com uma potência de 15% acima de seu valor
nominal.
FS = 1,20 ‐ Significa que o motor pode trabalhar com uma potência de 20% acima de seu valor
nominal.
Obs.: Existem ainda outros valores possíveis de FS.
Corrente com fator de serviço (IFS)
Agora, para falar dessa outra característica dos motores elétricos de indução, é necessário que
tenhamos entendido bem a característica vista anteriormente, que nada mais foi do que o Fator de
Serviço.
Então, como vimos, o Fator de Serviço é uma característica que está relacionada à potência do motor,
e como sabemos, a exigência de uma potência maior no eixo do motor, acarretará em um aumento
na corrente do motor também, então, essa nova característica vai nos indicar qual será a corrente
elétrica do motor quando ele estiver utilizando toda a potência reserva adicional especificado pelo
Fator de Serviço.
Essa característica que nos informa esse valor de corrente é justamente a “Corrente com Fator de
Serviço (IFS)”.
Mas quero deixar aqui uma observação importante.
Muitos “profissionais” por aí, dizem que o FS é proporcional a IFS, ou seja, dizem que, um acréscimo,
por exemplo, de 15% na potência do motor, aumentará 15% no valor da corrente também, e isso é
um grande erro, pois essa proporcionalidade ocorrerá apenas nos motores trifásicos, porém nos
motores monofásicos não há essa proporcionalidade. Nos motores monofásicos, um acréscimo de
15% em sua potência, não aumentará 15% no valor de sua corrente. Então, o ideal é sempre que for
necessário fazer alguma consideração ou algum dimensionamento, procure utilizar a IFS que também
vem especificada na placa de dados do motor.
Agora que já entendemos todos esses conceitos listados aqui abaixo:
Corrente de partida (Ip);
Corrente nominal (In);
Relação Ip/In;
Tempo de partida (Tp);
Fator de serviço (FS);
Corrente com fator de serviço (IFS)
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Conseguiremos, de fato, nos aprofundar ainda mais nos conceitos para que você obtenha os
conhecimentos necessários para realizar a sua primeira partida de um motor.
E para começar nos aprofundando, quero levantar um problema muito importante que talvez tenha
passado despercebido para você.
Você conseguiu perceber que dependendo das características do motor, a corrente de partida pode
atingir valores elevadíssimos? E que quanto mais potente for esse motor, maior será essa corrente?
E é justamente aqui que mora o perigo.
Se essa corrente do motor for muito alta, pode‐se gerar grandes problemas para a instalação, como
por exemplo, a presença de queda de tensão, ou até mesmo trazer problemas para a rede de
distribuição da concessionária de energia, pois dependendo dessa corrente, até seus vizinhos podem
ser afetados, sabia?!
Mas calma, primeiramente saiba que essa característica do motor de possuir uma corrente elevada
no momento da sua partida, é algo totalmente normal, e é algo que acontece em todos os motores,
são fenômenos da própria natureza elétrica. E para solucionar esse problema, surgiram os diferentes
tipos de partidas que são realizadas nos motores elétricos.
De forma geral, podemos partir um motor, tanto de forma direta, quanto de forma indireta, porém
neste E‐book trataremos apenas dos conceitos de uma partida direta, por ser a forma mais simples
de se partir um motor. Como o objetivo desse e‐book é que você aprenda a sua primeira partida, não
há motivos para abrangermos assuntos mais complexos, pois creio que nesse momento você esteja
tendo os primeiros contatos com todas essas informações, e se trouxéssemos assuntos que exigem
uma grande variedade de conceitos, nesse momento iria mais atrapalhar você do que, de fato, ajudá‐
lo. Mas fique tranquilo que no decorrer dos estudos essas informações irão se encaixar de uma forma
melhor em sua mente, ok?!
Partida direta
A partida direta é uma partida caracterizada pelo fato de que o motor, desde o momento inicial de
seu funcionamento, recebe em seus terminais de alimentação sua tensão nominal, e com isso desde
o momento inicial consegue entregar na ponta de seu eixo, toda a potência e torque nominal.
Por esse motivo, não são todos os motores que podem partir de forma direta, não por causa de uma
limitação do próprio motor, mas sim pelas consequências que sua corrente de partida poderia causar
à rede de distribuição de energia e à instalação elétrica como um todo, pois como estudamos
anteriormente, a corrente de partida de um motor, possui um valor bem elevado.
Porém, nesse momento, você deve estar se perguntando:
Mas Rodrigo, quais são os motores, então, que eu posso realizar uma partida de forma direta?
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Bom, depende!
Quem vai estabelecer quais os motores podem partir de forma direta, será a concessionária de
energia local. Em minha região, por exemplo, a concessionária de energia permite a realização de
uma partida direta em motores que possuem uma potência de até 5CV quando alimentados por uma
tensão de 220V, já para motores com potências maiores, deve‐se realizar as partidas indireta,
justamente com o intuito de diminuir o valor dessa corrente de partida para não trazer problemas
para a rede de distribuição.
E lembre‐se, não se esqueça de verificar com a concessionária de energia local de sua região, quais
são os limites de potência para o seu caso, ok?!
Identificação dos terminais de motores trifásicos de 6 pontas
Para realizar a partida de um motor, temos que alimentar seus terminais de conexão, porém é
necessário entender que essa ligação não poderá ser feita de qualquer forma, é necessário
primeiramente realizar uma combinação entre seus terminais, no qual chamamos esse processo de
“fechamento”.
Entretanto, para garantir que esse fechamento seja feito de forma correta, é necessário que os
terminais do motor possuam identificações, justamente para que possamos identifica‐los no
momento de realizar o fechamento. E após realizar esse procedimento de forma correta, poderemos
conectar o fechamento dos terminais aos condutores de alimentação da rede elétrica.
Porém, nesse momento, quero trazer alguns conceitos anteriores para que você possa entender
melhor sobre as identificações dos terminais dos motores elétricos trifásicos.
Começaremos entendendo que os motores são formados por bobinas, e que essas bobinas nada mais
são do que fios enrolados em formato de espiras. Essas bobinas são responsáveis por gerar campo
magnético, que de modo geral, produzirá todo processo de funcionamento do motor, porém, nesse
e‐book, não iremos nos aprofundar muito na teoria de funcionamento dos motores elétricos, tudo
bem?!
O que quero que você entenda, é que a bobina é apenas um fio enrolado, e consequentemente
possuirá duas pontas, que comumente são chamadas de terminais, ou seja, em uma bobina, teremos
então, um terminal de entrada e um terminal de saída.
Até aqui, sem problemas, porém os motores trifásicos de indução de 6 terminais, possuirão
internamente “3 conjuntos de bobinas”, no qual cada um deles é formado por mais de uma bobina
que estão interligadas entre si internamente no motor, sendo assim, cada conjunto de bobina
disponibilizará dois terminais de conexão, sendo um de entrada e outro de saída.
Como nesse caso existem 3 conjuntos de bobinas, teremos ao total 6 terminais de conexão.
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Comandos Elétricos
Por mais que cada conjunto de bobinas possua mais de uma bobina que estão interligadas entre si
internamente no motor, por questões didáticas os conjuntos de bobinas são representadas como se
fossem uma única bobina, conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem ‐ Autoria Própria
Agora que entendemos, de fato, de onde surgiram esses 6 terminais do motor, e que desses 6
terminais, temos 3 terminais entradas e 3 terminais de saídas, é de fundamental importância que
você consiga identificar cada um desses terminais, pois é por meio deles que iremos realizar os
fechamentos e conectar o motor à rede elétrica de alimentação.
De forma geral, podemos encontrar dois padrões de identificação: por números e por letras.
Por Números
A primeira forma é justamente por meio de números, no qual teremos as numerações que vão de 1
a 6. E conforme sabemos, há três conjuntos de bobinas, possuindo assim, três terminais de entradas
e três terminais de saídas, nas quais as entradas são identificadas pelos números: 1, 2 e 3, e as saídas
representadas respectivamente pelos números: 4, 5 e 6. Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Comandos Elétricos
Conforme a imagem anterior, podemos observar que os terminais do primeiro conjunto de bobina
possuem as identificações 1 e 4, os terminais do segundo conjunto de bobina possuem as
identificações 2 e 5 e os terminais do terceiro conjunto de bobina possuem as identificações 3 e 6.
Porém, em alguns casos, esses números também podem vir seguidos pela letra “T”, e dessa forma
para as entradas ficariam respectivamente: T1, T2 e T3 e para as saídas ficariam respectivamente: T4,
T5 e T6, conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Por Letras
A segunda forma de identificação dos terminais do motor é justamente por meio de letras, no qual
os terminais de entradas dos conjuntos de bobinas são representados da seguinte forma: U1, V1 e
W1, e os terminais de saídas representados respectivamente como: U2, V2 e W2, conforme a imagem
abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Como podemos observar, os terminais do primeiro conjunto de bobinas possuem as identificações
U1 e U2, os terminais do segundo conjunto de bobinas possuem as identificações V1 e V2 e os
terminais do terceiro conjunto de bobinas possuem as identificações W1 e W2.
Mas que fique bem claro! Você pode encontrar no mesmo motor as duas formas de identificação,
por números e por letras.
Essas identificações são encontradas no motor, gravadas no corpo da isolação dos condutores.
Origem da Imagem – Imagem retirada da aula 14 do módulo 15 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Agora que já conhecemos e sabemos identificar os terminais de cada conjunto de bobina, estamos
aptos a seguir para o próximo passo, que é justamente o conceito de fechamentos.
Fechamento de motores
O fechamento do motor, de forma geral, é uma combinação que iremos fazer nos terminais dos
conjuntos de bobinas, para que seja possível alimentar o motor na rede elétrica.
Se tratando dos motores elétricos de 6 terminais, podemos combinar esses terminais de 2 formas. A
primeira combinação chamamos de fechamento triângulo, e a segunda combinação chamamos de
fechamento estrela.
A vantagem desses fechamentos é que eles permitem alimentar o mesmo motor com níveis de
tensões diferentes, no qual cada fechamento é especificado para um nível de tensão. Isso nos
permite ligar o mesmo motor em duas redes elétricas diferentes, como por exemplo, ligar o motor
em uma rede 220V ou ligar esse mesmo motor em uma rede 380V, para isso, basta alterar o
fechamento de seus terminais.
Isso se torna possível, pois independentemente da tensão aplicada no fechamento, para o motor não
muda em nada, internamente as bobinas sempre receberão o mesmo nível de tensão, e isso acontece
pelo efeito causado pela combinação que cada fechamento traz nos conjuntos de bobinas.
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
Comandos Elétricos
Outra informação muito importante, é que quem vai determinar qual o fechamento deverá ser
utilizado, é justamente a tensão da rede elétrica de alimentação, pois é através dela que iremos
definir qual será o fechamento compatível com esse nível de tensão.
Para entender melhor tudo o que foi dito agora, vamos falar um pouco mais sobre cada tipo de
fechamento, e, aí sim, você irá conseguir entender claramente.
Fechamento Triângulo
Primeiramente, vamos começar entendendo alguns conceitos que iremos utilizar para estudar sobre
os tipos de fechamentos de motores, que são justamente a tensão de fase e a tensão de linha:
A tensão que cai sobre cada conjunto de bobinas é chamada de Tensão de Fase (VF).
A tensão da rede de alimentação é chamada de Tensão de Linha (VL).
No fechamento triângulo a tensão de fase será igual à tensão de linha, ou seja, a tensão que cai sobre
cada conjunto de bobinas será igual à tensão da rede de alimentação.
𝑉𝐹 𝑉𝐿
Para se realizar esse fechamento, iremos combinar os terminais do motor da seguinte forma:
Terminal 1 conectado com o terminal 6;
Terminal 2 conectado com o terminal 4;
Terminal 3 conectado com o terminal 5.
Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Comandos Elétricos
Se tratando de uma rede trifásica, iremos possuir 3 fases de alimentação: R, S e T que deverão ser
conectadas da seguinte forma:
A fase “R” conectada nos terminais 1 e 6;
A fase “S” conectada nos terminais 2 e 4;
A fase “T” conectada nos terminais 3 e 5.
Conforma a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Fechamento Estrela
Já no fechamento estrela, a tensão que cai sobre cada conjunto de bobinas (VF) é √3 vezes menor do
que a tensão da rede de alimentação (VL).
𝑉𝐿
𝑉𝐹
√3
Na prática esse fechamento é mais simples do que o fechamento triângulo! Basta unir as saídas de
cada conjunto de bobinas entre si, ou seja:
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Comandos Elétricos
Unir entre si os terminais 4, 5 e 6 e manter os terminais 1, 2 e 3 soltos.
Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Se tratando dos condutores da rede de alimentação, vamos conectar as entradas de cada conjunto
de bobinas respectivamente em cada uma das 3 fases da rede de alimentação, da seguinte forma:
A fase “R” conectada no terminal 1;
A fase “S” conectada no terminal 2;
A fase “T” conectada no terminal 3.
Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Comandos Elétricos
Conseguiu notar um ponto muito interessante nesses fechamentos?
Por mais que o motor tenha 6 terminais, por meio das combinações, tanto no fechamento estrela,
quanto no fechamento triângulo, ao final de cada fechamento, teremos sempre 3 pontos de conexão,
no qual serão conectadas as 3 fases da rede trifásica de alimentação.
Um ponto muito importante que devemos conhecer sobre os motores, é que Independentemente
do fechamento que for realizado em seus terminais, para que ele funcione plenamente, com suas
características projetadas pelo fabricante, os conjuntos de bobinas desse motor obrigatoriamente
devem receber sua tensão nominal, e caso não recebam, o motor perderá potência e torque.
A tensão nominal dos conjuntos de bobinas do motor é a menor tensão de alimentação que se
encontra em sua placa de identificação.
Para exemplificar melhor, vamos analisar a placa do motor ilustrada abaixo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 18 do módulo 15 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
De acordo com a placa ilustrada acima, esse motor pode ser alimentado com 2 níveis de tensão:
220V, por meio do fechamento triângulo;
380V, por meio do fechamento estrela.
Conforme podemos observar, a menor tensão de alimentação desse motor é 220V, sendo assim, a
tensão nominal de seus conjuntos de bobinas é 220V. E aqui que mora o grande segredo para você
entender, de fato, um fechamento de motor, olha só que fantástico!
Independentemente da tensão que você utilizar, nesse caso 220V ou 380V para os respectivos
fechamentos, sobre os conjuntos de bobinas no interior desse motor irá cair sempre uma tensão de
220V.
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Comandos Elétricos
Isso é possível justamente por causa das relações de tensão que os diferentes tipos de fechamento
nos proporcionam, lembra? Se não lembra, fica tranquilo que vou te relembrar agora!
No fechamento triângulo, a tensão que cai sobre os conjuntos de bobinas (VF) é igual a tensão da
rede de alimentação (VL).
𝑉𝐹 𝑉𝐿
Já no fechamento estrela a tensão que cai sobre os conjuntos de bobinas (VF) é √3 vezes menor do
que a tensão da rede de alimentação (VL).
𝑉𝐿
𝑉𝐹
√3
Para que você entenda de uma maneira melhor, vamos raciocinar juntos.
Utilizando como exemplo justamente a placa do motor que acabamos de observar anteriormente,
no qual temos um motor que pode ser alimentado em 2 tensões, 220V/380V.
Qual o fechamento que deverá ser feito nesse motor quando a rede de alimentação for 220V?
Vamos pensar juntos!
Se a rede de alimentação é 220V e a tensão nominal dos conjuntos de bobinas também é 220V,
precisamos fazer um fechamento no motor que quando aplicamos sobre ele os 220V da rede de
alimentação, caia sobre seus conjuntos de bobinas uma tensão de 220V, pois é a sua tensão nominal.
E como vimos anteriormente, o fechamento que apresenta a tensão de fase (VF) igual à tensão de
linha (VL), ou seja, a tensão dos conjuntos de bobinas igual à tensão da rede de alimentação é o
fechamento triângulo.
𝑉𝐹 𝑉𝐿
220𝑉 220𝑉
Então concluímos que para ligar esse motor em uma rede 220V, devemos utilizar o fechamento
triângulo.
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Comandos Elétricos
Porém, e se agora a tensão da rede de alimentação for 380V? Qual o fechamento que deverá ser
feito nesse motor?
Novamente, vamos pensar juntos!
Se a rede de alimentação é 380V e a tensão nominal dos conjuntos de bobinas é 220V, precisamos
fazer um fechamento no motor que quando aplicamos sobre ele os 380V da rede de alimentação,
caia sobre seus conjuntos de bobinas uma tensão de 220V, pois é a sua tensão nominal.
E como vimos anteriormente, o fechamento que apresenta o valor da tensão de fase (VF) √3 vezes
menor do que a tensão de linha (VL), ou seja, a tensão dos conjuntos de bobinas √3 vezes menor do
que a tensão da rede de alimentação, é o fechamento estrela.
𝑉𝐿
𝑉𝐹
√3
Substituindo, temos:
380
220𝑉
√3
220𝑉 220V
Se você tiver dificuldade de utilizar o √3, basta substituí‐lo por 1,73. Conforme utilizado abaixo:
𝑉𝐿
𝑉𝐹
1,73
Substituindo, temos:
380
220𝑉
1,73
220𝑉 220V
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Comandos Elétricos
Então concluímos que para ligar esse motor em uma rede 380V, devemos utilizar o fechamento
estrela.
Conseguiu visualizar que realizando o fechamento da maneira correta, independentemente da
tensão que você alimentar esse motor, sobre seus conjuntos de bobinas sempre continuará caindo a
sua tensão nominal, que em nosso caso é de 220V, ou seja, a menor tensão de alimentação do motor.
Agora que já entendemos algumas das caracterizas dos motores e já sabemos realizar os
fechamentos de seus terminais para que possamos conectá‐lo à rede elétrica de alimentação, já
somos capazes de dar um próximo passo e começar a elaborar a sua primeira partida direta de um
motor.
Os comandos elétricos
Nesse momento, talvez você esteja pensando o seguinte:
Beleza, Rodrigo, mas me deixe ver se entendi direito.
A partida direta de um motor elétrico é quando alimentamos esse motor de forma que ele receba
em seus conjuntos de bobinas sua tensão nominal, desde o momento em que esse motor é
alimentado, fazendo assim com que ele parta com sua potência e torque nominal.
Entendi também que dependendo da tensão da rede, devo fazer um fechamento diferente nos
terminais do motor.
Até aqui tudo bem.
Logo, posso concluir que se fizermos o fechamento do motor de forma correta, de acordo com a
tensão da rede de alimentação, e ligarmos esse motor diretamente nos condutores dessa rede,
já estaríamos fazendo uma partida de forma direta?
Exatamente, isso já seria uma partida direta!
Mas olhe só, por mais que dessa maneira você consiga acionar o motor, essa não é a forma correta
de se fazer isso, pois não basta apenas ligar o motor, é necessário que nesse acionamento haja
também uma proteção tanto para o próprio motor quanto para as pessoas que irão manuseá‐lo, e,
além disso, ligar o motor diretamente nos condutores da rede de alimentação, você não possuirá um
controle seguro e eficiente sobre ele, além do elevado risco de acidentes de choques elétricos que
esse tipo de ligação oferece às pessoas.
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Comandos Elétricos
No entanto, para solucionar todos esses problemas, utilizamos os Comandos Elétricos para realizar a
partida, a proteção e o controle desses motores, automatizando todo esse processo de maneira
segura e inteligente.
Entretanto, para obtermos esses benefícios e funcionalidades, precisamos desenvolver uma lógica
de comando utilizando o princípio de funcionamento dos componentes, que por meio de suas
interações possibilitam obter esses benefícios.
E para que possamos desenvolver e representar essas lógicas de comandos, utilizamos de diagramas,
que nada mais são do que representações gráficas e simbólicas, que demostram a interação que
existe entre os componentes que compõe o projeto.
Vamos, então, começar aprendendo sobre diagramas, que como te falei, são representações gráficas
e simbólicas que nos auxiliam na compreensão de todo o processo de funcionamento do sistema.
Existem alguns tipos de diagramas, porém no nosso caso, vamos falar de dois deles em específico: o
diagrama de potência e o diagrama de comando.
Diagrama de potência
O diagrama de Potência é o diagrama que vai nos apresentar o circuito de alimentação desse
motor, também conhecido como circuito de potência, esse circuito nos mostra o caminho que a
corrente elétrica percorre desde o momento em que entra no painel, pelos condutores de
alimentação da rede, até o momento que chega aos terminais de alimentação do motor, ou seja,
esse diagrama nos demonstra o caminho por onde as maiores correntes do projeto percorrem.
Em outras palavras, costumo falar que esse diagrama representa toda a parte “bruta” do projeto,
que, de fato, alimentará o motor.
Costumo fazer uma analogia com o corpo humano, em que o circuito de potência de um projeto,
é aquela que, de fato, executa o trabalho, e pode ser comparado com nossos braços e pernas.
Diagrama de comando
Já o diagrama de comando, representa a parte pensante do projeto, é nele que iremos
desenvolver toda a lógica de comando por meio do funcionamento dos dispositivos elétricos.
Aqui, é onde se encontra o cérebro do painel. E é por meio da lógica desenvolvida nesse
diagrama, que você vai fazer o painel raciocinar por si só, vai fazê‐lo entender quando o motor
deve ser ligado e desligado, vai fazê‐lo reconhecer o momento que se está ocorrendo um
problema, e o que deve ser feito para preservar e proteger o motor e consequentemente todo o
processo. Nele que será desenvolvido todas as etapas de funcionamento do sistema,
representando como os dispositivos e sensores estarão interligados entre si para se obter a
automação requerida.
É importante saber que uma lógica de comando é algo desenvolvido para tornar evidente todo o
processo de funcionamento de um sistema, e as lógicas de comandos são elaboradas de acordo com
as necessidades específicas de cada caso.
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Comandos Elétricos
Quero que você entenda, que a base para o desenvolvimento de uma lógica de comando é conhecer
e entender exatamente o funcionamento dos dispositivos e componentes que existem no mercado,
pois não tem como desenvolver algo que você não sabe se será possível.
Cada dispositivo foi projetado pelo fabricante para atender uma necessidade específica, e de acordo
com essa aplicação, iremos utilizar o componente que possui o funcionamento adequado para
conseguirmos realizar a automação que precisamos.
Logicamente não vou conseguir trazer todos os dispositivos que tem no mercado aqui para você, pois
além de serem muitos, a cada período surgem novos e com novas funcionalidades, o que torna
inviável tentarmos fazer isso.
Porém, no decorrer deste E‐Book, trarei os dispositivos que serão úteis e necessários para que
possamos realizar nosso objetivo inicial, que é justamente realizar sua primeira partida de um motor,
que agora você já sabe que será uma partida direta.
Dito isso, fica aqui uma dica que será de extrema importância para a sua carreira, tanto de
aprendizado quanto profissional.
Tenha o hábito de estudar, faça pesquisas na internet sobre os dispositivos que geralmente são
utilizados em comandos elétricos, tenha o hábito de entrar no site dos fabricantes para estudar os
manuais técnicos dos dispositivos e catálogos disponibilizados por eles, justamente para que você
possa aumentar seu conhecimento sobre os diversos dispositivos que há no mercado para serem
utilizados, e, assim, quando for necessário, você terá bagagem suficiente para saber qual será o
dispositivo mais adequado para cada aplicação. Invista em seus conhecimentos, pois são eles que o
vão diferenciar de sua concorrência.
Agora que você entendeu tudo isso, que tal começarmos a elaborar os diagramas do seu primeiro
projeto, e sabe o que é mais legal? Iremos fazer isso juntos, vou passar com você por cada etapa do
processo te explicando “o porquê das coisas”.
O início do projeto
O primeiro passo é analisar cuidadosamente todas as etapas do projeto, esse é o momento que você
deve se fazer questionamentos e verificar quais são as necessidades do sistema e do cliente.
O caso que abordaremos nesse e‐book, trata‐se do desenvolvimento da partida de um motor com a
possibilidade de comandar o seu acionamento e desligamento de forma manual. Esse comando
deverá proporcionar proteções de sobrecarga e curto circuito ao motor, além de, possuir sinalizações
que indiquem ao usuário os estados de: motor ligado e parada do motor por sobrecarga.
Sabendo disso, nós já podemos começar a estruturar toda à lógica de comando, mas fique tranquilo,
não vou te trazer nada pronto, nós vamos pensar e executar cada etapa juntos. Eu te apresentei essa
situação apenas para te dar um ponto de partida, fazer você reconhecer todas as etapas do processo
de forma progressiva, beleza?!
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Comandos Elétricos
O segundo passo é fazer o reconhecimento de campo. Conforme eu costumo falar, nessa etapa, nós
temos que levantar as características do sistema, ou seja, os dados da rede e do motor, para que
possamos desenvolver todo o projeto baseado nesses dados.
Abaixo, seguem os dados do sistema que iremos estudar.
Dados da Rede:
Rede: Trifásica
Nível de Tensão entre fases: 220V
Dados do motor:
Tensões de Alimentação: 220V / 380V
Corrente nominal (In): 9 A
Corrente de partida (Ip): 45 A
Tempo de partida (Tp): 3 segundos
Fator de Serviço (FS): 1,0
Potência nominal: 3CV
Ip/In: 5
Fique tranquilo! No decorrer desse material iremos entender exatamente onde iremos utilizar cada
uma dessas informações em nosso projeto, ok?!
O terceiro passo é justamente colocar a mão na massa e começar a traçar as primeiras linhas do
projeto. Para isso iremos começar, então, pelo diagrama de potência.
Mas, Rodrigo, eu sempre precisarei começar desenvolver pelo diagrama de potência?
Não! Não é uma regra, você pode começar por qualquer um dos diagramas, porém, começar pelo
diagrama de potência ao invés de começar pelo diagrama de comando, acaba se tornando mais fácil
para aqueles que estão começando agora a desenvolver seus próprios diagramas.
Começar entendendo pelo diagrama de potência como será o acionamento do motor e quais serão
os dispositivos que irão fazer esse controle, se torna mais fácil visualizar o que deverá ser feito na
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elaboração da lógica do diagrama de comando. Por isso, geralmente se começa o desenvolvimento
pelo diagrama de potência.
Elaboração do diagrama de potência
Como podemos observar, a potência do motor que estamos utilizando é de 3 CV, nesse caso,
podemos realizar uma partida direta, pois se você se lembra, no nosso caso em específico, a
concessionária de energia local aqui de minha região, permite realizar uma partida direta em motores
que possuem até 5 CV para uma rede 220V.
Vamos então começar a representar em nosso diagrama de potência, a rede de alimentação e o
motor, para seguirmos um passo a passo lógico.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Perceba que nesse momento, representei apenas as 3 fases da rede de alimentação (“R”, “S” e “T”)
e o motor com seus 6 terminais, conforme vimos anteriormente.
Como podemos perceber, temos uma rede de alimentação com tensão de 220V, e um motor que
pode ser fechado para 2 níveis de tensão, sendo uma delas 220V e a outra 380V.
Pergunta:
Qual tipo de fechamento que devemos realizar nesse motor, para que ele parta de forma direta, de
maneira que seus conjuntos de bobinas recebam sua tensão nominal?
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Se você se lembra, anteriormente, quando havíamos comentado sobre fechamento de motor, eu te
disse que a menor tensão da placa do motor é a tensão nominal de seus conjuntos de bobinas.
No nosso caso, a menor tensão da placa desse motor é 220V, logo, a tensão nominal de seus
conjuntos de bobinas é 220V.
Se a rede que estamos utilizando possui 220V entre fases, o fechamento que devemos utilizar nesse
motor é o fechamento triângulo, pois como vimos, no fechamento triângulo a tensão que cai sobre
os conjuntos de bobinas é exatamente igual a tensão que você alimenta o motor, como estamos o
alimentando com 220V, ao fazermos o fechamento triângulo, irá cair sobre os conjuntos de bobinas
os mesmos 220V, e dessa forma, o motor irá partir com suas características nominais. Então vamos
fazer esse fechamento justamente como aprendemos?!
Lembrando que na placa de dados dos motores, vêm representadas as formas que os fechamentos
devem ser realizados. Porém, eu já te ensinei a forma que os terminais devem ser combinados para
cada fechamento, lembra?
Referente ao fechamento triângulo, temos o seguinte:
Terminal 1 conectado com o terminal 6;
Terminal 2 conectado com o terminal 4;
Terminal 3 conectado com o terminal 5.
Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Comandos Elétricos
Ótimo! Agora nos resta apenas conectar as fases da rede de alimentação aos terminais do
fechamento do motor, vamos lá então:
Fase “R” conectada nos terminais 1 e 6.
Fase “S” conectada nos terminais 2 e 4.
Fase “T” conectada nos terminais 3 e 5.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Nesse momento o motor já iria funcionar, partindo de forma direta e com todas suas características
nominais.
Porém, da forma que se encontra o projeto, podemos encontrar uma série de problemas, como já
dito anteriormente.
A primeira delas é justamente a forma de funcionamento do motor, do jeito que está não possuímos
o controle sobre o motor, não existe nenhuma forma de automação, nesse momento o motor
permanecerá energizado e funcionando continuamente, pois não há maneiras de interromper sua
alimentação, a não ser que falte a energia da concessionária. No entanto, não é esse tipo de
funcionamento que queremos, não é mesmo?!
Nesse momento que entra em cena o principal dispositivo que temos para realizar o controle de
forma efetiva do motor, que é justamente o contator de potência.
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Contator de Potência
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
De uma forma geral, os contatores de potência são dispositivos elétricos que por meio de seus
contatos permitem realizar o controle do acionamento direto de cargas com correntes mais elevadas,
como por exemplo, os motores elétricos, no qual um simples botão ou interruptor não seria o correto
ou o adequado, justamente por possuírem contatos com uma baixa capacidade de corrente, e por
isso são utilizados apenas para acionamento de pequenas cargas.
Os contatores possuem o seu princípio de funcionamento baseado no eletromagnetismo.
Internamente possuem uma bobina, que quando energizada gera um campo magnético que puxa o
núcleo pela força da atração magnética, no qual o movimento desse núcleo faz com que os contatos
sejam seccionados, de forma que, os contatos normalmente abertos se fechem e os contatos
normalmente fechados se abram. Conforme representado na imagem abaixo.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
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Comandos Elétricos
Porém, aqui entra um detalhe muito importante que muitos que estão começando se confundem.
Não existe contato elétrico entre a bobina e os contatos do contator, ou seja, quando você energiza
os terminais da bobina, você não está energizando também os contatos do contator, os contatos do
contator são o que chamamos de contato seco, no qual você precisa chegar com a alimentação em
um de seus terminais para que ele seja energizado. Mas fique tranquilo, caso tenha ficado alguma
dúvida, no decorrer deste E‐book iremos detalhar melhor todos esses assuntos.
Falando um pouco mais sobre os contatos dos contatores, basicamente existem 2 tipos: os contatos
de potência e os contatos auxiliares.
Contatos de potência
Os contatos de potência dos contatores são aqueles responsáveis por manobrar (abrir e fechar)
diretamente a linha de alimentação do motor, sendo assim, são por esses contatos que vão passar
as maiores correntes do projeto, pois são justamente esses contatos que levam a alimentação da
rede para o motor.
Geralmente, em quase 100% dos casos, você encontrará nos contatores, 3 contatos de potência,
justamente para que se torne possível o acionamento de cargas trifásicas.
Inicialmente, no momento em que não há alimentação nos terminais da bobina do contator, esses
contatos estão Normalmente Abertos (NA). Porém, após a bobina ser energizada, esses contatos que
inicialmente estavam abertos, passam a se fechar, e permanecerão fechados enquanto a bobina
estiver energizada.
Origem das Imagens ‐ Imagens retiradas da aula 9 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Contatos auxiliares
Já os contatos auxiliares, são os contatos responsáveis por auxiliar, literalmente, na lógica de
comando, e por conta disso, geralmente são representados no diagrama de comando. Por esses
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contatos passarão correntes muito baixas, diferente dos contatos de potência que suportam
correntes elevadas, pois de forma geral, esses contatos auxiliares possuem baixa capacidade de
condução de corrente, pois foram projetados apenas para acionar cargas simples, ou seja, cargas que
não exigem tanto da rede, como pequenas bobinas, relés e leds que são utilizados apenas para
realizar a lógica de funcionamento do comando.
Os contatos auxiliares, não possuem uma quantidade fixa no contator e nem um estado normal fixo.
Quem vai determinar a quantidade e o estado desses contatos são os fabricantes e o modelo que
você adquirir. No mercado, existem fabricantes que fornecem contatores com apenas 1 contato
auxiliar e outros disponibilizam contatores com mais de um.
De forma geral, os contatos auxiliares podem vir no contator assumindo 2 estados:
Normalmente Aberto (NA)
Conforme explicado anteriormente, os contatos normalmente abertos permanecem abertos
enquanto a bobina do contator não estiver energizada, porém quando a bobina é energizada,
esses contatos se fecham, e permanecerão fechados enquanto a bobina do contator estiver
energizada.
Normalmente Fechado (NF)
Diferentemente dos contatos normalmente abertos (NA), os contatos normalmente fechados
(NF), em seu estado normal, permanecem fechados enquanto a bobina do contator não
estiver energizada, porém quando a bobina é energizada, esses contatos se abrem, e
permanecerão abertos enquanto a bobina do contator estiver energizada.
Identificação e simbologia dos contatores.
Agora que você entende muito bem o que é um contator, quais os tipos de contatos que existem e a
função de cada um deles, precisamos entender também a forma que devemos representar os
contatos e as bobinas nos diagramas, tanto de forma gráfica quanto de forma literal. As
representações serão de grande importância na organização e identificação dos dispositivos que
iremos introduzir nos diagramas futuramente, além de ajudar também na compreensão do diagrama
por outras pessoas que possam vir a ter contato com ele em algum momento.
Essas representações, chamamos de simbologias, que basicamente são compostas de 3 informações:
Simbologia gráfica;
Simbologia Literal;
Identificação dos terminais.
Simbologia gráfica
Essa simbologia é justamente o desenho representativo do dispositivo no diagrama, será de grande
importância na diferenciação e identificação do dispositivo perante os demais presentes ali.
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Sabendo disso, os contatores possuem 3 itens que compõe sua estrutura, e que devem ser
representados de formas separadas, pois possuem funções distintas no diagrama, são eles:
Bobina;
Contatos de Potência;
Contatos auxiliares.
Simbologia Literal
Outra importante simbologia que deve estar em evidência nos diagramas, é justamente, a simbologia
literal, também conhecida por TAG. Essas simbologias serão de extrema importância na distinção dos
dispositivos que possuem as mesmas simbologias gráficas no diagrama, pois, por exemplo, em um
mesmo diagrama pode haver mais do que um contator, e esses contatores serão diferenciados um
do outro justamente pelas TAG’s. Em outras palavras, elas serão os nomes que cada dispositivo vai
receber de forma única.
A simbologia literal dos contatores é:
KM
Porém, como acabei de falar, em um diagrama pode haver mais do que um contator. Desta forma,
você irá diferenciá‐los da seguinte maneira:
Imagine que você tem 2 contatores em seu diagrama, como que devemos chama‐los já que ambos
são contatores e devem receber a TAG: “KM”?
É bem simples, um dos contatores você chamaria de “KM1” e o outro contator, você chamaria de
“KM2”. Viu como é fácil!
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Identificação dos terminais
As identificações dos terminais servem justamente para que possamos identificar as características
dos componentes do dispositivo. Sendo assim, veremos, agora, como são identificados os terminais
da bobina e dos contatos de um contator.
Começando pela bobina, o terminal de entrada recebe a nomenclatura: “A1”, e o terminal de saída
recebe a nomenclatura: “A2”, acrescentando essas numerações, temos a forma completa da
simbologia da bobina de um contator em nosso diagrama, conforme a imagem abaixo.
Observação: A bobina do contator será representada no diagrama de comando.
Partindo para os contatos de potência, vimos que por padrão nos contatores, existem 3 deles
disponíveis, e deverão ser identificados da seguinte forma:
Para o primeiro contato de potência, o terminal de entrada recebe a nomenclatura: 1 ou L1,
e o terminal de saída recebe a nomenclatura: 2 ou T1;
Para o segundo contato de potência, o terminal de entrada recebe a nomenclatura: 3 ou L2,
e o terminal de saída recebe a nomenclatura: 4 ou T2;
Para o terceiro contato de potência, o terminal de entrada recebe a nomenclatura: 5 ou L3, e
o terminal de saída recebe a nomenclatura: 6 ou T3.
Observação 1: Os contatos de potência são representados no diagrama de potência, pois são eles os
responsáveis por levar a alimentação diretamente para os terminais do motor, ou seja, por eles
passarão as maiores correntes do projeto.
Observação 2: Os contatos de potência não possuem contato elétrico entre si, ou seja, caso você
chegue com a alimentação apenas no primeiro contato, o segundo e o terceiro contato, não serão
energizados. Para você energiza‐los você deve levar uma alimentação à eles também, pois são
contatos distintos e isolados eletricamente entre si.
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Comandos Elétricos
Observação 3: Os contatos de potência, não possuem polaridade, ou seja, você pode chegar com
alimentação tanto no terminal de saída, quanto no terminal de entrada, porém por boas práticas, a
alimentação é conectada aos terminais de entrada de cada contato.
Por último e não menos importante, temos os contatos auxiliares. Porém, aqui existe algumas
regrinhas e padrões que devem ser seguidas, olhe só.
Devemos representar os contatos auxiliares com 2 dígitos, sendo que:
O primeiro dígito vai representar a ordem e sequência dos contatos auxiliares no contator, como por
exemplo, se for o primeiro contato auxiliar do contator, o primeiro dígito do número de identificação
de seus terminais será representado pelo número “1”, já o segundo contato auxiliar desse contator,
terá o seu primeiro dígito preenchido pelo número “2”, e assim sucessivamente.
O segundo dígito, vai representar o estado normal deste contato, ou seja, se ele é normalmente
aberto ou normalmente fechado:
Contato Normalmente Fechado (NF) Contato Normalmente Aberto (NA)
Terminal de entrada: “1” Terminal de entrada: “3”
Terminal de saída: “2” Terminal de saída: “4”
Nesse caso, independente da ordem desse contato no dispositivo, esse segundo dígito sempre vai
assumir os números “1” e “2” quando for um contato Normalmente Fechado (NF), ou “3” e “4”
quando for um contato Normalmente Aberto (NA).
Para ficar mais fácil a sua compreensão vamos fazer um exercício. Abaixo segue uma imagem com 4
contatos auxiliar de um mesmo contator, perceba que as TAG’s são as mesmas, nesse caso em
específico, “KM”.
Veja que temos 4 contatos, onde da esquerda para a direta vamos inserir as seguintes numerações:
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Vamos fazer uma análise isoladamente do primeiro e segundo contato deste desenho e as
considerações feitas para esses dois contatos servirão para os demais, isso para sermos mais breve e
menos redundante.
Perceba que o primeiro dígito do primeiro contato foi representado pelo número “1”, pois da
esquerda para direita ele representa o primeiro contato, já o segundo dígito desse contato recebe
“3” para entrada e “4” para saída, representando que esse contato é um contato Normalmente
Aberto (NA), formando assim as identificações “13” e “14”.
Já a numeração do segundo contato possui em seu primeiro dígito, o número “2”, pois ele é o
segundo contato da esquerda para direita, e o seu segundo dígito recebe “1” para a entrada e “2”
para a saída, pois se trata de um contato Normalmente Fechado (NF), formando assim as
identificações “21” e “22”.
Observação 1: Os contatos auxiliares dos contatores são representados no diagrama de comando.
Observação 2: Assim como os contatos de potência, os contatos auxiliares dos contatores também
não possuem contato elétrico entre si, ou seja, caso o contator possua mais de um contato auxiliar,
ao se alimentar um deles, os demais não serão energizados. Para energizá‐los você deverá levar
alimentação à eles também.
Observação 3: Os contatos auxiliares, da mesma forma que os contatos de potência, não possuem
polaridade, porém por boas práticas, a alimentação é conectada aos terminais de entrada.
Voltando, então, para o diagrama, se você se lembra, paramos exatamente na parte que tínhamos o
motor alimentado diretamente na rede, como na imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Nesse momento vou te pedir bastante atenção!
Anteriormente, comentei com você que no estado que está esse diagrama temos uma série de
problemas, sendo que um deles é a falta do controle de forma eficiente deste motor, pois nesse
momento o motor se encontra alimentado diretamente na rede de alimentação, e desta forma, não
temos nenhum mecanismo ou dispositivo que hora permita e hora não permita que a alimentação
da rede chegue a seus terminais de alimentação.
Entretanto, acabamos de conhecer um dispositivo que possui justamente a característica que
precisamos, ou seja, conhecemos um dispositivo que tem como funcionalidade principal o controle
de forma eficiente de cargas com correntes elevadas, e esse dispositivo é justamente os contatores
de potência.
Porém, aqui vem mais um detalhe de extrema importância. Como estamos elaborando o diagrama
de potência, nesse diagrama serão representados apenas os contatos de potência do contator,
deixando os contatos auxiliares e a bobina para o diagrama de comando.
Então, disto isso, vamos interromper as fases que chegam diretamente nos terminais de alimentação
do motor e acrescentar justamente os contatos de potência do contator. Vamos lá!
Origem da Imagem – Autoria Própria
Agora sim! Da forma que se encontra o diagrama de potência, será possível controlar o motor
justamente por meio do acionamento e desligamento da bobina do contator que será acrescentado
futuramente no diagrama de comando, ou seja, quando a bobina do contator estiver sem energia,
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seus contatos de potência estarão Normalmente Abertos (NA), sendo assim, a energia ficará parada
em seus terminais de entrada (“1”, “3” e “5), porém, quando energizarmos a bobina deste contator,
esses contatos se fecharão, e dessa forma, fechará o circuito, permitindo com que a energia chegue
aos terminais de alimentação do motor, realizando o seu acionamento!
E para desligar esse motor, basta retirar a alimentação da bobina deste contator que seus contatos
de potência voltarão a se abrir, interrompendo novamente o circuito, e, assim, retirando a
alimentação do motor. Dessa forma a energia voltará a ficar parada nos terminais de entrada (“1”,
“3” e “5”) do contator.
Muito bem, meu amigo, primeiro problema solucionado! Entretanto, ainda estamos longe de
terminar o nosso diagrama de potência, pois da forma que esse diagrama se encontra, não temos
uma proteção, nem para o circuito (condutores e dispositivos) e nem para a carga (motor).
Costumo falar, que este é o ponto mais importante de qualquer projeto. Devemos sempre zelar pela
segurança, pois sabemos que na ausência dela, podemos ter prejuízos irreparáveis.
E se tratando deste assunto, possuímos no mercado uma série de dispositivos que fornecem
proteção para o circuito e para a carga, e muitas das vezes conseguimos obter mais de um tipo de
proteção no mesmo dispositivo, porém aqui neste E‐Book iremos tratar mais especificamente de
dispositivos que nos forneça uma proteção contra:
Curto‐circuito
Sobrecarga
Da mesma forma que fizemos para os contatores, iremos dar uma pequena pausa no diagrama de
potência, justamente para conhecermos de uma forma mais aprofundada os dispositivos que farão
a proteção, tanto para o circuito quanto para a carga.
Começaremos, então, falando do dispositivo que nos proporcionará uma proteção contra curto‐
circuito, e para isso, utilizaremos um dispositivo que até mesmo pessoas que não são da área elétrica,
conhecem ou já viram alguma vez em sua vida, que é justamente o minidisjuntor.
Observação: No mercado existem outros dispositivos que exercem também esse tipo de proteção
(contra curto‐circuito), mas neste E‐book trataremos apenas dos minidisjuntores.
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Minidisjuntor
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Os minidisjuntores são dispositivos que fornecem para o circuito uma proteção contra sobrecarga e
curto‐circuito. Entretanto, antes de entendermos como o minidisjuntor realiza essas proteções, você
precisa entender justamente o que é uma sobrecarga, e o que é um curto‐circuito, não é mesmo?!
De forma geral, uma sobrecarga é uma corrente que circula pelo circuito acima do valor nominal
estabelecido, porém essa corrente não possui valores tão elevados.
Já um curto‐circuito, também é uma corrente acima do valor nominal estabelecido, porém essa
corrente assume valores muito elevados.
Então de forma geral, podemos dizer que a diferença entre um curto‐circuito para uma corrente de
sobrecarga é justamente o valor da intensidade dessa corrente.
Mas, para que você possa compreender melhor, vamos entender como o dispositivo consegue
identificar cada um desses tipos de problemas.
Para isso, vamos falar um pouco sobre a lâmina bimetálica e sobre a bobina de disparo que estão
localizadas internamente no minidisjuntor.
Lâmina bimetálica
A lâmina bimetálica é justamente o componente responsável por identificar e realizar o desarme do
dispositivo de proteção no momento em que houver uma sobrecarga no circuito.
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Comandos Elétricos
Essa lâmina é composta por 2 tipos de materiais que são soldados um ao outro, sendo que um deles
apresenta um coeficiente de dilatação maior que o outro, conforme a imagem abaixo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
O coeficiente de dilatação representa exatamente a capacidade de dilatação que o material possui,
ou seja, o quanto esse material irá dilatar (aumentar de tamanho) ao ser exposto a uma certa
temperatura.
O princípio de funcionamento da lâmina bimetálica é baseado na dilatação que ocorre pela
temperatura gerada pela circulação de corrente elétrica por ela, sendo assim, quanto maior for a
corrente, maior será a temperatura e maior será a dilatação.
Sabendo disso, pelo fato dessa lâmina ser composta por dois materiais com diferentes coeficientes
de dilatação, e que por eles circulará a mesma corrente, ambos os materiais atingirão a mesma
temperatura, porém esses materiais terão comportamentos diferentes, em que o material que
possui o maior coeficiente de dilatação, terá um maior aumento de tamanho em relação ao material
de menor coeficiente, conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
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De acordo com a imagem anterior, podemos notar que conforme a corrente se eleva, e
consequentemente a temperatura se eleva junto, o material que possui o maior coeficiente de
dilatação tenderá a se curvar para o lado do material que possui o menor coeficiente de dilatação,
pois como estão soldados entre si, o material com menor coeficiente de dilatação não consegue
acompanhar o mesmo crescimento do material que possui uma dilatação maior e o puxará para o
seu lado, a fim de compensar essa diferença de tamanho.
Na medida em que essa lâmina se dilata e curva para um dos lados, chegará a um ponto em que ela
acionará um gatilho interno, e, assim, esse gatilho desarmará o minidisjuntor, abrindo seus contatos
e protegendo o circuito.
Dito isso, de acordo com a temperatura gerada pela passagem da corrente elétrica, essa lâmina
tenderá a se curvar mais ou menos, e quanto maior for essa temperatura, mais rápido será o
acionamento do gatilho.
Podemos verificar esse processo justamente pela imagem abaixo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Bobina de disparo
Para a atuação de curto‐circuito, o minidisjuntor se baseia em princípios eletromagnéticos, utilizando
de uma bobina para realizar a identificação do curto‐circuito.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
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A bobina de disparo é composta por: uma bobina, um pino e uma mola que mantem o pino no interior
da bobina.
No momento em que houver uma corrente de curto‐circuito, irá circular por essa bobina uma
corrente capaz de gerar um campo magnético com intensidade suficiente para vencer a força da
mola e expulsar o pino de seu interior, fazendo então com que ele se mova até atingir o gatilho
responsável pelo desarme do disjuntor. Conforme a imagem abaixo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
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Nesse momento, então, o minidisjuntor irá desarmar, abrindo seus contatos e consequentemente
protegendo o circuito.
Vale a pena lembrar, que uma corrente de sobrecarga não tem capacidade suficiente para gerar esse
campo magnético que consiga vencer a força da mola e movimentar o pino localizado no interior da
bobina de disparo, justamente pelo fato de que uma corrente de sobrecarga possui um valor inferior
a uma corrente de curto‐circuito.
A imagem abaixo representa um disjuntor aberto, mostrando exatamente o seu interior que compõe
a lâmina bimetálica, a bobina de disparo e o gatilho de desarme.
Gatilho
Térmico
Lâmina
Bimetálica
Gatilho
Magnético
Bobina de
Disparo
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 11 do módulo 20 do
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Apesar do fato do minidisjuntor ser um dos dispositivos mais comuns nas instalações elétricas,
existem algumas de suas características que são negligenciadas ou até mesmo desconhecidas por
alguns dos profissionais da área.
Passaremos, então, por algumas dessas características, justamente para que você possa
compreender, de fato, o real funcionamento do minidisjuntor para, então, darmos continuidade na
elaboração do nosso diagrama, são elas:
Polos
Os polos dos minidisjuntores representam justamente a quantidade de “contatos” que possuem, e
são neles que você conectará os condutores de alimentação da rede, sendo assim, você encontra
uma certa variedade de modelos de minidisjuntores no mercado.
Para determinar a quantidade de polos que serão utilizados no circuito, precisamos conhecer como
está composto o circuito de alimentação, pois é importante entender que apenas as fases, de modo
geral, são conectadas ao minidisjuntor.
Sabendo então essa informação, podemos definir a quantidade de polos para proteção do circuito,
conforme indicado abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Capacidade de corrente nominal
Essa informação nos diz exatamente qual o valor máximo de corrente que o minidisjuntor interpreta
como uma corrente de trabalho normal, em outras palavras, essa informação nos indica que
circulando uma corrente até o valor indicado como nominal, o minidisjuntor funcionará normalmente
e não ocorrerá desarme por sobrecarga ou curto‐circuito, ultrapassando esse valor de corrente, o
desarme será baseado na curva de disparo que veremos posteriormente.
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Por meio da imagem abaixo, podemos observar exatamente o valor da corrente nominal descrita no
corpo do dispositivo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Capacidade de interrupção
Essa informação nos indica qual é a capacidade máxima de corrente de curto‐circuito que esse
dispositivo consegue interromper de forma segura, seguindo os critérios estabelecidos pelas normas
NBR60898 e IEC60947.
Essa corrente de curto‐circuito varia de minidisjuntor para minidisjuntor, ou seja, dois minidisjuntores
podem ter a mesma capacidade de corrente nominal, porém suas capacidades de interrupção serem
diferentes. Essa capacidade de interrupção é encontrada em escalas de Quilo Amperes (KA),
conforme podemos observar descrito no minidisjuntor mostrado na imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Curva de disparo
A curva de disparo é a característica que define a sensibilidade de desarme do minidisjuntor em
relação à corrente que está circulando por ele.
Por meio dessa curva de disparo, o minidisjuntor define o que, para ele, é considerado como uma
corrente de sobrecarga e o que para ele é considerado como uma corrente de curto‐circuito, pois no
mercado, existem diferentes tipos de curvas, e para cada uma dessas curvas, têm‐se pontos de
valores diferentes para o que é considerado uma sobrecarga e o que é considerado um curto‐circuito.
De forma geral, as curvas encontradas no mercado são basicamente:
Curva B – São utilizadas para proteção de circuitos que alimentam cargas com características
predominantemente resistivas, como por exemplo: Lâmpadas incandescentes, chuveiros,
torneiras e aquecedores elétricos. Na curva B, consideram‐se como sobrecarga, correntes
com valores de até 3x a corrente nominal, e a partir desse valor se é considerado como
correntes de curto‐circuito.
Curva C – São utilizadas para a proteção de circuitos que alimentam especificamente cargas
de natureza indutiva que apresentam picos de corrente no momento da ligação, como micro‐
ondas, ar condicionado, motores para bombas, além de circuitos com cargas de
características semelhantes a essas. Na curva C, consideram‐se como sobrecarga, correntes
com valores de até 5x a corrente nominal, e a partir desse valor se é considerado como
correntes de curto‐circuito.
Curva D – São utilizadas para a proteção de circuitos que alimentam cargas altamente
indutivas que apresentam elevados picos de corrente no momento de ligação, como grandes
motores, transformadores, além de circuitos com cargas de características semelhantes a
essas. Na curva D, consideram‐se como sobrecarga, correntes com valores de até 10x a
corrente nominal, e a partir desse valor se é considerado como correntes de curto‐circuito.
Observação: Existem ainda outros tipos de curvas de disparo, porém, elas são utilizadas em casos
muito específicos, por esse motivo não são todos os fabricantes que possuem em seus catálogos
esses tipos de curvas, devido a isso, não vamos entrar mais a fundo, ok?!
Todas as características listadas acima são de extrema importância para compreendermos como os
minidisjuntores serão aplicados nos diagrama e como serão dimensionados, assuntos estes que
veremos mais à frente.
Resumidamente, o disjuntor em seu estado desarmado, possui seus contatos normalmente abertos,
mantendo o circuito após ele sem energia.
Após o acionamento da alavanca localizado em sua face frontal, esses contatos se fecham permitindo
a passagem da energia por eles, e a partir daí, a lâmina bimetálica e a bobina de disparo começam a
monitorar o circuito para realizar a proteção na presença de uma sobrecarga ou curto‐circuito, como
já explicado anteriormente.
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Simbologia
Assim como os contatores, o minidisjuntor também possui sua representação gráfica e literal, que
veremos agora.
A simbologia literal dos minidisjuntores é a letra:
F
Como vimos anteriormente, os minidisjuntores podem ser encontrados em algumas versões mais
usuais: unipolar, bipolar e tripolar, e por esse motivo existe uma variação na simbologia gráfica entre
essas variações, mas fique tranquilo que a única diferença de uma para outra é na quantidade de
polos. Podemos notar essa observação nas imagens abaixo:
Minidisjuntor unipolar (1P):
Minidisjuntor bipolar (2P):
Minidisjuntor tripolar (3P):
Porém, antes de seguirmos para a representação deste componente em nosso diagrama de potência,
nesse momento vou lhe pedir que preste bastante atenção no seguinte recado:
O minidisjuntor, conforme aprendemos, possui proteção contra curto‐circuito e contra sobrecarga,
porém utilizaremos sua proteção contra curto‐circuito para o motor e para o circuito de forma geral
(condutores e dispositivos). Já a proteção de sobrecarga oferecida pelo minidisjuntor será utilizada
apenas para os condutores do circuito, e não será utilizada para a proteção do motor em si.
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O motivo disso é o fato de que com a proteção de sobrecarga oferecida pelo minidisjuntor, não
conseguiremos oferecer uma proteção ao motor de forma precisa e ajustada para sua corrente
nominal, pois os minidisjuntores possuem valores de correntes padrões e pré‐definidas, não
contendo todos os valores possíveis no mercado, como por exemplo, existem fabricantes que
possuem minidisjuntores com correntes a partir de 06A, e o próximo valor disponível depois de 06A
é o de 10A, e o próximo depois de 10A é o de 16A, e assim por diante. Perceba que entre os valores
de 06A e 10A não temos disponível, por exemplo, o valor de 8,5A, e quando se trata de motores,
precisamos proporcionar uma proteção precisa, mais cravada ao seu valor de corrente nominal. Se
fôssemos, por exemplo, proteger um motor cuja corrente nominal fosse de 8,5A, precisaríamos de
um dispositivo que tivesse uma proteção para o valor de 8,5A, justamente para não permitirmos que
o motor, trabalhe com valores acimas que seu valor nominal.
Porém, antes de conhecermos qual será esse dispositivo que proporciona ao motor uma proteção
contra sobrecarga mais precisa, vamos voltar para o diagrama de potência, justamente para inserir o
minidisjuntor e garantir a proteção de curto‐circuito para o circuito como um todo e de sobrecarga
aos condutores do circuito.
Sabendo que se trata de um motor trifásico, e que obviamente devemos utilizar uma alimentação
trifásica para alimentarmos esse motor, utilizaremos um minidisjuntor tripolar (3P) para essa
proteção. Desta forma, basta abrirmos o circuito de alimentação do motor e colocar o minidisjuntor
da seguinte forma:
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Nesse momento, o circuito de potência já possui uma proteção contra curto‐circuito e sobrecarga,
porém como havia dito anteriormente, para o motor, nesse momento, só existe a proteção contra
curto‐circuito.
Porém, agora, você deve estar me perguntando:
Rodrigo, então qual será o dispositivo que utilizaremos para fornecer ao motor uma proteção
contra sobrecarga?
Para isso, meu amigo, o dispositivo que será utilizado para essa função será o relé de sobrecarga.
Então, vamos conhecer, agora, sobre mais esse dispositivo.
Relé de sobrecarga
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
O relé de sobrecarga possui como função principal realizar a proteção do motor contra uma
sobrecarga, de uma forma mais efetiva e precisa, pois, diferentemente do minidisjuntor, que possui
uma corrente nominal fixa, o relé de sobrecarga apresenta uma proteção térmica ajustável, nos
possibilitando, assim, selecionar o ajuste da proteção de sobrecarga exatamente para o valor da
corrente nominal do motor.
Para entendermos melhor o funcionamento do relé de sobrecarga, nesse momento vamos passar
justamente pelas características dos componentes que o compõem, então vamos lá!
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Lâmina bimetálica
Creio que não precisamos nos delongar muito sobre esse assunto, pois entendemos muito bem o
princípio de funcionamento das lâminas bimetálicas quando falamos dos minidisjuntores, e para o
relé de sobrecarga, o princípio de funcionamento é exatamente o mesmo.
A imagem abaixo representa exatamente como são as lâminas bimetálicas no interior do relé de
sobrecarga.
Lâminas
Bimetálicas
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 21 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Parafuso de ajuste
O parafuso de ajuste é o local por onde é possível ajustar a sensibilidade de proteção do relé de
sobrecarga.
Esse ajuste é possível, pois ao girar o parafuso de ajuste, o gatilho é deslocado, para mais perto ou
para mais longe da lâmina bimetálica, de forma que essa distância necessitará que haja uma dilatação
maior ou menor da lâmina para poder disparar o gatilho.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
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Sabendo disso, iremos selecionar no parafuso de ajuste a corrente nominal do motor, e, assim, se
torna possível a proteção de forma precisa contra uma sobrecarga, pois conforme a imagem acima
conseguimos visualizar que o relé de sobrecarga possui uma faixa de ajuste, no qual devemos
selecionar o valor da corrente nominal dentre os valores máximo e mínimo.
No exemplo da imagem ilustrada, possuímos um faixa de ajuste que abrange os valores entre 1,6A
até 2,5A. Os fabricantes produzem relés de sobrecarga com diversos valores de faixa de ajuste, então,
sabendo disso, quando for preciso comprar um relé de sobrecarga, precisamos verificar qual o relé
de sobrecarga que possui uma faixa de ajuste que contenha o valor de corrente que necessitamos.
Contatos auxiliares
Se tratando de contatos nos relés de sobrecarga é de extrema importância entender que esses
dispositivos não possuem contatos de potência, possuem apenas contatos auxiliares, que podem ser:
Normalmente Aberto (NA)
Esses contatos permanecerão abertos enquanto não for detectado pelas lâminas bimetálicas
uma corrente de sobrecarga.
Porém, quando houver uma sobrecarga no motor, as lâminas bimetálicas acionarão o
mecanismo de disparo, e esse contato que antes estava aberto, se fechará.
Normalmente Fechado (NF)
Esses contatos permanecerão fechados enquanto não for detectado pelas lâminas
bimetálicas uma corrente de sobrecarga.
Porém, quando houver uma sobrecarga no motor, as lâminas bimetálicas acionarão o
mecanismo de disparo, e esse contato que antes estava fechado, se abrirá.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
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Rearme
O rearme do relé de sobrecarga é justamente a forma como os contatos auxiliares irão se comportar
após o acionamento por uma sobrecarga.
Conforme vimos, após uma sobrecarga, os contatos auxiliares do relé de sobrecarga são acionados,
sendo assim, o contato Normalmente Aberto (NA) se fecha, e o contato Normalmente Fechado (NF)
se abre.
Entretanto, após uma sobrecarga, o motor será desligado e não haverá mais corrente elétrica
circulando pelo circuito, de forma que também não haverá mais corrente elétrica circulando por suas
lâminas bimetálica, e, assim, essas lâminas deixarão de aquecer e passarão a esfriar, se contraindo
novamente e voltando para sua posição inicial, com isso desacionando o gatilho de disparo. Porém
neste momento, há duas possibilidades de rearme quando nos referimos aos relés de sobrecarga,
que seriam: o rearme automático dos contatos, ou o rearme manual dos contatos, ambos são
selecionados por uma chave seletora presente na face do dispositivo, conforme imagem abaixo.
Rearme automático
No caso específico do modelo que estamos representando na imagem abaixo, para selecionar a
opção de rearme automático, a chave de seleção deve estar virada para o lado com a letra “A”
(Automático).
Rearme
Automático
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
No Rearme automático, após o resfriamento da lâmina bimetálica, os contatos voltarão
automaticamente para os seus estados normais, ou seja, o contato normalmente aberto volta a se
abrir e o contato normalmente fechado volta a se fechar.
Caso haja uma nova sobrecarga, todo o processo volta a se repetir.
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Rearme manual
Agora, para o modelo que estamos utilizando como exemplo na imagem abaixo, para selecionar a
opção de rearme manual, a chave de seleção deve estar virada para o lado com a letra “M” (Manual).
Rearme
Manual
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
No entanto, para esse modelo, no momento em que se posiciona a chave de seleção na posição
manual, essa chave salta para fora e passa a se comportar como um botão de pulso, perceba na
imagem abaixo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 20 do módulo 20 do
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No rearme manual, após o resfriamento da lâmina bimetálica, os contatos não voltarão
automaticamente para os seus estados normais, eles permanecerão acionados até que seja
pressionada a chave seletora que, agora, assume o papel de botão de rearme manual.
Após o botão de rearme manual ser pressionado, havendo uma nova sobrecarga, todo o processo
volta a se repetir.
Aqui fica uma recomendação muito importante para você. Preste bastante atenção!
Sempre vou recomendar, quando possível, que deixe sempre a opção de rearme manual selecionada,
pois, no momento que ocorrer uma sobrecarga, se torna muito mais fácil realizar um diagnóstico,
pois se torna obrigatório que algum responsável se dirija até o local para verificar o ocorrido, e, então,
realizar as manutenções apropriadas para a solução do problema.
Porém, se esse relé de sobrecarga estivesse na opção de rearme automático, caso acontecesse uma
sobrecarga na máquina e você se deparasse com ela depois de um certo tempo em que as lâminas
bimetálicas do relé de sobrecarga já estivessem frias e contraídas, você iria verificar que os contatos
do relé de sobrecarga estariam desacionados, pois o rearme estava na opção automático. E então o
problema seria mais complicado de se diagnosticar, você teria que fazer mais testes para saber o
motivo daquela máquina parada.
Simbologia
Da mesma forma que todos os dispositivos que vamos utilizar e representar em nosso diagrama, o
relé de sobrecarga deve ser representado por meio de sua simbologia, tanto literal quanto gráfica.
Se tratando de sua simbologia literal, iremos representá‐lo com as letras:
FT
Quando se diz respeito a sua simbologia gráfica, o relé de sobrecarga deve ser representado de
duas formas, uma referente às lâminas bimetálicas, que serão representadas no diagrama de
potência, e a outra referente a seus contatos auxiliares, que como já sabemos serão representados
no diagrama de comando. Então, vamos ver como são essas simbologias.
Lâminas bimetálicas:
Contato auxiliar normalmente fechado (NF):
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Contato auxiliar normalmente aberto (NA):
Agora sim! Podemos voltar para o diagrama de potência e acrescentar as nossas lâminas bimetálicas,
vamos lá!
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Ótimo! Da forma que se encontra o diagrama, já fornecemos para o circuito e para o motor,
proteções tanto contra sobrecarga quanto contra curto‐circuito. Lembrando que possibilitamos
também o controle de acionamento e desligamento do motor por meio dos contatos de potência do
contator.
Agora o que nos resta é justamente elaborar o diagrama de comando justamente para realizar a
lógica de comando que fará o controle do motor.
Uma informação bastante relevante e importante para a elaboração do diagrama de comando é
justamente no que se diz respeito a seus condutores de alimentação, pois independente de se tratar
de uma rede trifásica, o comando sempre será realizado por dois condutores, sejam eles, “Fase +
Fase”, “Fase + Neutro” ou “positivo + negativo” quando se tratando de corrente contínua.
No nosso caso, vamos utilizar “Fase + Fase” para o circuito de comando, tudo bem?!
Entretanto, o circuito de comando, também deve estar protegido contra curto‐circuito e sobrecarga,
desta forma devemos utilizar um minidisjuntor para realizar essa proteção.
Muitos projetistas costumam puxar a alimentação do comando, após o disjuntor de potência,
conforme a imagem abaixo.
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Porém, particularmente, eu não costumo fazer desta maneira, pois da forma que se encontra eu não
consigo realizar testes de forma individual no comando, pois o comando está condicionado ao
acionamento do minidisjuntor de alimentação do motor (F1), dessa maneira, caso eu queira realizar
testes de funcionamento da lógica de acionamento do motor, o motor irá ligar juntamente com este
teste, e existem casos em que essa prática não é a mais recomendada, muita das vezes por questões
de segurança.
Para isso, utilizaremos de forma independente um minidisjuntor para a alimentação e proteção do
circuito de comando contra curto‐circuito e sobrecarga, conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Agora sim, caso se queria realizar testes no comando, temos a possibilidade de deixar o circuito de
potência inoperante, desacionando o minidisjuntor (F1) e mantendo apenas o circuito de comando
ligado, acionando o minidisjuntor (F2).
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Show de bola, meu amigo! Agora sim podemos dar início à elaboração do circuito de comando
utilizando justamente os condutores de alimentação que saem do minidisjuntor (F2). Conforme a
imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Para iniciarmos o processo do desenvolvimento do diagrama de comando, precisamos
primeiramente traçar um objetivo, para que desde o início tenhamos um “norte”, e, assim, trabalhar
em cima dessa lógica de comandos a fim de atingir esse objetivo.
O circuito de comando é onde iremos definir a forma de funcionamento do motor, que por meio da
lógica será possível à interação entre o usuário e o sistema.
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Essa comunicação entre usuário e sistema se dá por meio de dispositivos de comando e sinalização,
no qual, os dispositivos de comando, como botões, por exemplo, são responsáveis por indicar ao
sistema uma ação que deve ser realizada, e as sinalizações, como as lâmpadas, são responsáveis por
informar ao usuário o status atual do sistema.
Sabendo dessa interação, aqui vai uma dica muito importante para quem está iniciando, ou seja,
elaborando seus primeiros diagramas, como é o caso proposto por este E‐book.
Antes de começar a desenhar, crie uma espécie de mapa, onde nele iremos mapear quais serão as
funcionalidades que o sistema terá, em outras palavras, anote o que o projeto deve conter e fazer
para sanar a necessidade, como por exemplo, formas de acionamentos, regras de funcionamento,
proteções e sinalizações.
Aqui, você já consegue perceber que cada caso vai ter sua análise de forma específica, pois é aqui
que você vai traçar as individualidades do sistema.
Se tratando deste projeto em específico, como o objetivo proposto por esse E‐book é realizar a sua
primeira partida, iremos desenvolver uma espécie de checklist simples, onde o principal objetivo é
criar em sua mente uma linha de raciocínio lógica, e, assim, podermos enxergar claramente quais são
os objetivos finais que devemos alcançar para realizar um comando que atenda as necessidades.
No nosso caso em específico, temos como objetivo final neste projeto:
Acionar e desacionar o motor de forma manual.
Incluir contato para proteção de sobrecarga.
Indicar para o usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por sobrecarga.
Com esse checklist fica fácil, não é verdade?!
Então, vamos pensar e desenvolver o primeiro item desse checklist.
Conforme vimos anteriormente, no momento em que o contator está desacionado, seus contatos de
potência, que são os contatos responsáveis pela alimentação do motor, se encontram abertos, e só
irão se fechar quando a bobina do contator for energizada.
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Sabendo disso, iremos representar em nosso diagrama de comando a bobina do contator (KM1),
levando energia até seus terminais de alimentação, “A1” e “A2”. Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
Ótimo! Nesse momento, quando acionarmos o minidisjuntor de comando (F2), a bobina do contator
(KM1) será acionada, e consequentemente seus contatos de potência serão acionados, e, assim,
permitirá com que a energia chegue aos terminais de alimentação do motor, realizando sua partida.
Entretanto, devemos fazer uma observação. Da maneira que se encontra o diagrama, não
conseguiremos desligar a bobina do contator, e dessa forma o motor permaneceria ligado sempre, a
não ser que desligássemos o minidisjuntor de comando (F2).
No entanto, utilizar um minidisjuntor como chave liga/desliga não é uma boa prática de utilização,
pois eles não foram feitos para esse intuito. Além de que essa maneira pode colocar o usuário em
risco, pois, dessa forma, para ele realizar o acionamento ou desacionamento do motor, ele deve pôr
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suas mãos no interior do painel, área onde o expõem próximo aos condutores do circuito, colocando‐
o em risco de choques elétricos.
Neste caso, então, devemos pensar em uma forma com que o acionamento e o desacionamento da
bobina do contator, pelo usuário, sejam feitos por meio de algo que não o exponha a esses riscos e
que não seja diretamente pelo disjuntor.
Então, para solucionar este problema utilizaremos botões, que entenderemos melhor agora.
Botões pulsadores
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 3 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Os botões são dispositivos que possuem contatos auxiliares e que são responsáveis pelo acionamento
e desacionamentos de cargas simples, ou seja, cargas que exigem um valor de corrente baixo para o
seu funcionamento, como por exemplo, pequenas bobinas, relés e led’s.
A utilização de botões, além de atender a capacidade de corrente necessária para ligar e desligar a
bobina do contator permite também que o usuário não precise ter contato com as partes internas
do painel, pois os botões são instalados na porta do painel e o usuário tem acesso a eles pelo lado
externo.
Existem diversos tipos de botões no mercado, porém iremos tratar neste E‐book apenas dos botões
pulsadores que possuem o retorno por mola, e como é de costume, iremos passar detalhadamente
sobre esse dispositivo para que possamos utilizá‐lo em nosso diagrama da melhor forma possível.
Os botões de forma geral são compostos basicamente por duas partes, que são elas:
Blocos de contatos auxiliares;
Atuadores.
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Blocos de contatos auxiliares
Os botões são dispositivos que também possuem contatos auxiliares, podendo assumir 2 estados,
sendo eles:
Normalmente Fechado (NF) Normalmente Aberto (NA)
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 3 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Como estamos tratando do modelo modular destes botões, temos a possibilidade de acrescentar no
mesmo botão diversos blocos de contatos auxiliares, sejam eles, Normalmente Aberto (NA),
Normalmente Fechado (NF) ou ambos, e o que vai decidir essa quantidade e quais contatos utilizar é
justamente a necessidade do projeto.
Atuador
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 3 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
O atuador do botão é justamente a parte que o usuário tem contato e a parte que será acionada por
ele. Como estamos utilizando um botão pulsador com retorno por mola, no momento em que
pressionamos o atuador localizado na parte frontal do dispositivo (como na imagem acima) seus
contatos auxiliares são acionados, porém quando soltamos o dedo do atuador, seus contatos
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auxiliares voltam para seu estado inicial, pois esse tipo de atuador possui um mecanismo com retorno
por mola, e daí que vem a origem do seu nome.
Simbologia
O botão recebe como TAG a letra:
S
Sabendo que os botões podem possuir diversas variedades de contatos auxiliares, os mesmos
devem ser representados de acordo com sua configuração.
Como exemplo, vamos representar dois botões que possuem 1 contato auxiliar cada, sendo que o
primeiro botão (S1) possui um contato Normalmente Fechado (NF), e o segundo botão (S2) possui
um contato Normalmente Aberto (NA).
Então, esses botões devem receber a seguinte simbologia gráfica:
Normalmente Fechado (NF) Normalmente Aberto (NA)
Agora que conhecemos os botões, podemos utiliza‐los na lógica de comandos para ligar e desligar a
bobina do contator, pois da forma que está o diagrama, temos a bobina ligada diretamente nas fases
do comando, de forma que ela fica ligada constantemente.
Então, para você visualizar melhor onde devemos acrescentar o botão em nosso diagrama, vamos
fazer a seguinte reflexão:
Sabemos que o dispositivo responsável pelo acionamento do motor, é justamente o contator (KM1),
por meio de seus contatos de potência.
Sabemos também que para os contatos de potência de KM1 serem acionados e se fecharem,
devemos energizar a bobina desse contator.
Logo, podemos concluir que para que seja possível realizar o controle do motor, devemos controlar
a energia que chega até os terminais de alimentação da bobina do contator (KM1).
Partindo desse princípio, iremos colocar o botão justamente na linha de alimentação da bobina,
controlando, assim, o momento que a energia chega até os terminais de alimentação da bobina.
Entretanto, precisamos decidir qual o contato auxiliar que utilizaremos nesse botão, se um
normalmente aberto ou um normalmente fechado.
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Então, o que queremos é que a bobina seja energizada quando pressionarmos esse botão, para que
no momento que acionarmos esse botão a energia passe por ele e chegue aos terminais de
alimentação da bobina, acionando, assim, os contatos do contator (KM1), e consequentemente,
partindo o motor.
Partindo do princípio desse funcionamento que acabamos de mencionar, precisaremos utilizar um
contato Normalmente Aberto (NA), pois quando este botão estiver despressionado, seu contato
estará aberto e manterá a bobina desenergizada, porém apenas quando o botão for pressionado,
seu contato se fechará e permitirá a passagem de energia para energizar a bobina do contator.
Vamos, então, representar esse botão em nosso diagrama.
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Maravilha! Perceba que agora temos o controle do acionamento do contator (KM1) por meio do
botão (S1), com isso, podemos concluir que esse botão está indiretamente responsável pelo
acionamento do motor.
Porém, nesse momento, vou te pedir para raciocinar comigo:
Como estamos utilizando um botão com retorno por mola, o contator (KM1) só permanecerá
acionado enquanto estivermos manualmente pressionando o botão (S1), pois nesse momento, com
o botão pressionado, seu contato estará fechado, porém no momento que tiramos o dedo do botão
e deixarmos de fazer pressão em seu atuador, o contato auxiliar do botão que estava fechado, voltará
a se abrir, não permitindo com que a energia chegue até os terminais de alimentação da bobina do
contator.
Então, da forma que está, o motor só permanecerá ligado enquanto o botão estiver sendo
pressionado.
Existem casos, por motivos de segurança, em que essa prática é obrigatória, o usuário deve
permanecer pressionando o botão para manter a motor ligado, porém esse não é o caso proposto
por esse E‐book, queremos manter o motor ligado mesmo após soltarmos o dedo do botão.
Porém, agora, você deve estar se perguntando:
Como iremos, então, manter o motor ligado após soltarmos o dedo do botão (S1), já que esse
botão que estamos utilizando é um botão com retorno por mola?
Para solucionar esse problema utilizaremos uma das técnicas mais utilizadas em comandos elétricos,
que é justamente uma técnica que chamamos de “Contato de Selo”. Então, vamos entender melhor
como ela funciona.
Contato de selo
O contato de selo é um contato auxiliar, qualquer, Normalmente Aberto (NA) do contator que após
o acionamento da bobina, pelo botão, esse contato irá mantê‐la energizada mesmo que o botão seja
solto e a energia deixe de passar por ele. Em outras palavras, este contato de selo irá possibilitar com
que a energia tenha um outro caminho para manter a bobina energizada.
Em nosso caso, em específico, o dispositivo responsável por acionar a bobina do contator (KM1), é
justamente o botão de ligar (S1). Sabendo disso, iremos acrescentar no diagrama de comando, um
contato auxiliar Normalmente Aberto (NA) do contator (KM1) em paralelo com o botão (S1),
conforme o diagrama a seguir.
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Origem da Imagem – Autoria Própria
Pereba que da forma com que se encontra o diagrama, a energia que chega no terminal “3” de S1
também chega no terminal “13” de KM1, porém a energia não passa por esses contatos, pois, a
princípio, ambos estão abertos.
Entretanto, quando o botão de ligar (S1) for pressionado, seu contato Normalmente Aberto “3” e “4”
se fechará permitindo com que a energia que vem do minidisjuntor (F2) passe e chegue ao terminal
“A1” da bobina de KM1. Nesse momento, tanto os contatos de potência, quanto os contatos
auxiliares desse contator serão acionados.
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Como utilizamos um contato auxiliar Normalmente Aberto “13” e “14” de KM1 em paralelo com o
botão (S1), quando a bobina estiver acionada, esse contato estará fechado possibilitando com que a
energia passe também por ele permitindo com que a energia tenha um outro caminho diferente do
botão (S1).
Perceba que a energia, percorrerá dois caminhos distintos, o primeiro caminho será justamente pelo
botão (S1) que estará sendo pressionado, e o outro caminho será justamente pelo contato de selo
“13” e “14” de KM1, que estará fechado, pois sua bobina estará energizada.
Assim, mesmo após soltar o dedo botão (S1) e seu contato “3” e “4” que estava fechado voltar a se
abrir, a energia continuará passando pelo contato de selo “13” e “14” de KM1, e dessa forma a bobina
continuará sendo energizada, mantendo o contator (KM1) acionado, e consequentemente,
mantendo o motor ligado.
Ótimo, meu querido! Da forma que se encontra o diagrama, agora, ao pressionarmos o botão de ligar
(S1), o motor vai ligar e mesmo se soltarmos o dedo do botão, o motor continuará ligado por meio
do contato de selo de KM1.
No entanto, nesse momento nos deparamos com mais um problema que devemos buscar uma
solução, que é justamente sobre o desligamento do motor, pois, da forma com que se encontra o
projeto, após ligarmos o motor por meio do botão (S1), não é possível desliga‐lo, devido o contato
de selo estar sempre realimentando a bobina do contator.
Se tornaria possível desligar a bobina, caso desacionássemos o minidisjuntor de comando (F2), mas
como dissemos anteriormente, o minidisjuntor não foi feito para essa função, não é mesmo?!
Porém, a solução desse problema está bem simples, pense comigo:
Para podermos desacionar a bobina de KM1, precisamos de alguma forma cessar a energia que chega
até ela. Então, para isso, precisaremos interromper, de forma controlada, algum ponto da linha de
alimentação dessa bobina.
Então, concorda comigo que para fazermos essa interrupção de forma controlada, bastaria
utilizarmos um outro botão com retorno por mola, porém, agora, utilizando um contato
Normalmente Fechado (NF)?!
Sabendo que devemos interromper a linha de alimentação da bobina de KM1, atente‐se bem no local
onde você vai inserir esse contato Normalmente Fechado (NF) do botão de desligar, pois,
dependendo do local que você o instalar, mesmo pressionando‐o, você não irá conseguir interromper
a energia que chega até a bobina do contator KM1, olhe só!
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Concorda comigo que se você instalar esse botão de desligar nesses dois pontos verdes que marquei
em nosso diagrama, mesmo pressionando esse botão e abrindo o circuito em um desses dois pontos,
a energia continuará passando pelo contato de selo “13” e “14” de KM1, e dessa maneira o motor
continuará ligado?!
Sendo assim, devemos acrescentar o contato Normalmente Fechado (NF) do botão de desligar acima
ou abaixo do contato de selo, porém por questões de padrões, costumamos representá‐lo na parte
superior do contato de selo, conforme a imagem a seguir.
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Show de bola, neh! Agora sim conseguimos desligar o motor, e perceba que a TAG que utilizei para
representar o botão de desligar foi:
S2
O “S” se trata por ser um botão, e o “2” se trata por ser o segundo botão que representei no
diagrama de comando.
Vamos, então, fazer uma breve simulação passo a passo, para analisarmos o comportamento do
circuito de comando, justamente para observarmos se está funcional ou se ainda existe algum
problema. Então, vamos lá!
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Quando pressionarmos o botão de ligar (S1), a energia chega até o terminal “A1” de KM1 e, assim,
aciona o contator, simultaneamente o contato de selo de KM1 “13” e “14” se fecha permitindo com
que a energia percorra por mais um caminho diferente do caminho do botão de ligar (S1) e também
os contatos de potência do contator se fecham acionando o motor.
Desta maneira, mesmo após soltarmos o dedo do botão de ligar (S1), o motor continuará ligado
justamente por causa do contato de selo.
Quando desejarmos deligar o motor, basta pressionarmos o botão de desligar (S2). Dessa maneira, a
energia que está chegando na bobina de KM1, será interrompida, desligando o contator e então o
contato de selo de KM1 “13” e “14” que estava fechado, volta a se abrir, e juntamente os contatos
de potência voltam a se abrir, desligando o motor.
Perceba que, sempre que acrescento um novo dispositivo no diagrama, tenho o hábito de analisar a
sua funcionalidade, pois só assim tenho a certeza de que este diagrama está de acordo com o
esperado.
A mensagem que te dou nesse momento, é justamente que você também desenvolva esse hábito,
treine, rabisque em uma folha de papel, analise o seu diagrama considerando todas as situações, pois
dessa maneira você treina o seu cérebro para ter um raciocínio mais rápido, tenho certeza que com
o passar do tempo, você conseguirá com mais facilidade desenvolver seus próprios diagramas.
Nesse ponto, podemos então voltar ao nosso checklist que, inicialmente desenvolvemos para traçar
nossos objetivos e então marcar esta etapa como concluída, pois o primeiro objetivo que marcamos,
foi justamente, acionar e desacionar o motor de forma manual. Então, concluído!
Acionar e desacionar o motor de forma manual.
Incluir contato para proteção de sobrecarga.
Indicar para o usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por sobrecarga.
Agora, podemos começar a pensar nas próximas etapas, de como conseguiremos realizar o segundo
objetivo deste mapa, que é justamente incluir na lógica de comando o contato para proteção de
sobrecarga.
Então, novamente, vamos raciocinar juntos:
Como vimos lá trás sobre os relés de sobrecarga, entendemos que eles possuem uma proteção
indireta, de forma que, havendo uma sobrecarga, suas lâminas bimetálicas a detectarão e acionarão
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seus contatos auxiliares para desligar a bobina do contator, e, assim, abrir seus contatos de potência,
desligando o motor e consequentemente protegendo‐o.
Então, para realizarmos esse processo, podemos partir do mesmo princípio que acabamos de utilizar
para o botão de desligar (S2).
Precisamos, de alguma forma, interromper algum ponto da linha de alimentação da bobina do
contator (KM1).
Lembrando, como já comentamos, esse ponto de interrupção precisa ser em um ponto antes ou
depois do contato de selo.
Dessa forma, utilizaremos o contato Normalmente Fechado “95” e “96” do relé de sobrecarga (FT1)
em série com a linha de alimentação da bobina do contator (KM1). Conforme o diagrama abaixo.
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Dessa maneira, em uma situação normal de operação, este contato permanecerá fechado,
permitindo com que a energia chegue até o terminal “A1” da bobina de KM1.
Já em uma situação em que houver uma sobrecarga, esse contato que incialmente se mantinha
fechado se abrirá, interrompendo a energia que chega até a bobina de KM1, desligando o motor.
Como ajustaremos o botão de rearme para a posição manual, esse contato só voltará novamente
para seu estado fechado, se for pressionado manualmente o botão de rearme.
Com isso, agora, o motor está protegido contra uma sobrecarga.
Podemos, então, voltar para o nosso checklist, e marcar como concluído, a segunda etapa. Vamos lá!
Acionar e desacionar o motor de forma manual.
Incluir contato para proteção de sobrecarga.
Indicar para o usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por sobrecarga.
Perfeito, estamos na metade do nosso checklist.
Até o momento conseguimos desenvolver em no nosso diagrama, comandos que passam para o
sistema, informações que desejamos que ele execute, ou seja, temos aqui uma comunicação de
usuário para o sistema.
Agora, vamos desenvolver em nosso diagrama, um comando para que seja possível a comunicação
do sistema para o usuário, no qual o sistema consiga:
Indicar ao usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por uma sobrecarga.
Para esse tipo de indicação, utilizaremos os sinalizadores, mas como já é de costume, vamos
primeiramente entender o que são eles.
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Sinalizadores
Os sinalizadores são dispositivos utilizados em comandos elétricos, para sinalizar ou indicar para o
usuário algum estágio de operação do sistema.
Essas sinalizações podem ser de algumas formas: Sinalização luminosa e sinalização sonora.
Sinalização luminosa
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 1 do módulo 18 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
As sinalizações luminosas utilizam‐se da luz para transmitir uma informação e estabelecer a
comunicação com o usuário, geralmente são empregadas para essa função lâmpadas de Led’s.
A vantagem de se utilizar as sinalizações luminosas para se transmitir uma informação é que não
importa se for um ambiente ruidoso e barulhento, a informação conseguirá ser transmitida
normalmente.
Outra vantagem é que a distância também não é relativamente um problema, pois na maioria dos
casos é possível se enxergar a luz a longas distâncias.
Já a desvantagem desse tipo de sinalização é que o usuário precisa obrigatoriamente olhar em
direção à ela, caso contrário, não visualizará a informação.
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Simbologia
Para representar as sinalizações luminosas no diagrama, devemos utilizar a seguinte simbologia:
Simbologia Literal (TAG):
H
Simbologia gráfica:
No que se refere sua funcionalidade, os sinalizadores luminosos se mantem apagados enquanto seus
terminais “X1” e “X2” não estão energizados, porém após serem energizados, acendem e passam a
emitir luz visível.
Sinalização sonora
Origem da Imagem – Autoria Própria
As sinalizações sonoras utilizam‐se do som para transmitir uma informação e estabelecer a
comunicação com o usuário, geralmente são empregadas para essa função buzzer e sonalarmes.
A vantagem de se utilizar as sinalizações sonoras para se transmitir uma informação é que não
importa se o usuário não estiver olhando para o painel, a informação conseguirá ser transmitida
normalmente, pois ele apenas precisará ouvi‐la.
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O Passo a Passo Para sua Primeira Partida de Motor
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Outra vantagem é que a distância também não é relativamente um problema, pois dependendo da
potência do alarme, será possível se ouvir o som à distância.
Já a desvantagem desse tipo de sinalização é que ela não é tão eficiente em ambientes barulhentos,
pois a informação pode não ser escutada pelo usuário.
Simbologia
Para representar os sinalizadores sonoros no diagrama, devemos utilizar as seguintes simbologias:
Simbologia Literal (TAG):
H
Simbologia gráfica:
Quanto a sua funcionalidade, no momento em que alimentamos seus terminais “X1” e “X2”, as
sinalizações sonoras emitem um som que muitas das vezes é de forma pulsante, justamente para
que o usuário, por meio da audição, saiba que o sistema está lhe passando uma informação.
Em nosso caso em específico, iremos utilizar as sinalizações luminosas por meio de lâmpadas LED,
mas que fique bem claro, cada caso é um caso, e é necessário o entendimento das situações para
saber qual será a melhor forma de sinalização, podendo, sem problema algum, utilizar ambos os
tipos.
Agora, antes de voltarmos para o diagrama, quero lhe dizer algo muito importante e que muitos
profissionais não tem sucesso com comandos elétricos por não entender, de fato, isso que vou lhe
dizer, e que se soubessem, suas vidas seriam bem mais fáceis.
Em comandos elétricos, não existe apenas uma forma de se desenvolver algo, comandos elétricos,
não é um padrão, não é algo pronto, o que vai determinar a lógica de funcionamento de um diagrama
é o raciocínio lógico de quem está o desenvolvendo.
Então, um mesmo objetivo pode ser alcançado de formas diferentes, e isso é o mais legal em
comandos elétricos, cada pessoa tem sua própria forma de raciocinar.
Sabendo disso, vou te mostrar a forma como costumo utilizar essas sinalizações, porém se você
pensar em uma forma diferente que tenha o mesmo resultado final, ótimo! Fique à vontade em pôr
o seu cérebro para funcionar.
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Então, vamos voltar para o diagrama e raciocinar como iremos desenvolver uma lógica de comando
que sinalize de acordo com o checklist que elaboramos, no qual precisamos sinalizar que o motor
está ligado e que sinalize também quando o motor estiver desligado por uma sobrecarga.
Começando, então, pela sinalização que nos indica que o motor está ligado, eu costumo utilizar
justamente do contator para auxiliar‐nos nessa sinalização, pois pense comigo:
Podemos dizer que o motor estará ligado quando o contator KM1 estiver acionado, certo?!
Conhecendo essa lógica de funcionamento, muitos acrescentariam um LED em paralelo com a bobina
de KM1, pois quando o botão de ligar (S1) fosse pressionado, a energia que chegaria ao terminal “A1”
da bobina de KM1 também chegaria ao terminal “X1” do LED (H1), e, assim, ambos seriam ligados
juntos, indicando que o motor foi acionado. Conforme a imagem abaixo.
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Entretanto, particularmente eu não opto por fazer desta forma, pois em meus projetos utilizo uma
técnica que chamamos de teste de sinalização, porém se a sinalização for feita dessa forma, não será
possível incrementar essa técnica que comentei com você, por isso, opto por condicionar o
acionamento do LED (H1) ao acionamento do contator (KM1), ou seja, garantir com que o LED (H1)
só seja acionado caso o contator (KM1) seja acionado também, desta forma, se torna uma obrigação
que o contator (KM1) esteja acionado para que o LED (H1) seja acionado.
Para que isso seja possível, utilizaremos um outro contato auxiliar Normalmente Aberto (NA) do
contator (KM1) para fazer o acionamento condicional do LED (H1). Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem – Autoria Própria
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Perceba que para este novo contato auxiliar “23” e “24” de KM1, foi repetido a TAG, pois ele pertence
ao mesmo contator (KM1), porém foi adotado uma outra numeração de seus terminais, pois além de
termos que indicar que esse contato é um contato diferente do contato de selo, temos que indicar
que ele é o segundo contato auxiliar de KM1 que representamos nesse diagrama, por isso suas
numerações tem como primeiro dígito o número “2”, e como segundo dígito sendo “3” e “4” pois se
trata de um contato Normalmente Aberto (NA).
Da forma que está, quando o contator estiver desligado, esse contato “23” e “24” estará aberto, e,
assim, a energia não conseguirá chegar até o terminal “X1” no LED (H1), indicando que o motor está
desligado.
Entretanto, quando o contato estiver ligado, esse contato “23” e “24” estará fechado, permitindo
com que a energia chegue até o terminal “X1” do LED (H1), ligando‐o e sinalizando que o motor está
ligado.
Maravilha! Vamos voltar ao nosso checklist e marcar como concluído o objetivo que indica para o
usuário que o motor está ligado.
Acionar e desacionar o motor de forma manual.
Incluir contato para proteção de sobrecarga.
Indicar para o usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por sobrecarga.
Perceba, que neste momento, estamos quase no fim da elaboração do diagrama, e realmente é muito
gratificante para mim, poder passar por todos esses conhecimentos juntamente com você.
Vamos partir então, para o último desafio no desenvolvimento desse diagrama, que é justamente
sinalizar para o usuário quando o motor estiver desligado por uma sobrecarga.
Sabendo que o relé de sobrecarga é o dispositivo responsável por desligar o motor quando houver
uma sobrecarga, utilizaremos justamente da lógica de funcionamento de seus contatos auxiliares
para acionar um LED, indicando que houve o desligamento do motor por uma sobrecarga.
Desta maneira, utilizaremos o contato Normalmente Aberto “97” e “98” do relé de sobrecarga em
série com um segundo LED. Conforme a imagem a seguir.
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Origem da Imagem – Autoria Própria
Perfeito! Agora sim o sistema consegue sinalizar para o usuário quando houver uma sobrecarga,
justamente por meio do LED (H2).
Com isso, em uma situação normal de operação, o contato normalmente aberto de FT1 “97” e “98”
permanecerá aberto, mantendo o LED (H2) desligado.
Já em uma situação que houver uma sobrecarga, esse contato “97” e “98” se fechará pelo
acionamento das lâminas bimetálicas, permitindo com que a energia chegue até o terminal “X1” do
LED (H2), ligando‐o e sinalizando para o usuário que houve a parada do motor por sobrecarga.
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Da maneira que se encontra o diagrama já conseguimos atingir todos os objetivos propostos por esse
E‐book, conseguimos realizar com eficiência uma partida de motor de forma direta, onde se torna
possível a interação do usuário com o sistema e vice versa.
Entretanto, antes de irmos para o nosso checklist e marcar como concluído o último desafio, quero
fazer uma observação muito importante que diz respeito justamente às cores que devem ser
utilizadas, tanto para os botões quanto para os sinalizadores luminosos em nosso painel.
Quando se trata desse assunto, existe uma norma que especifica justamente quais as cores dos LED’s
e dos botões que devem ser utilizadas de acordo com suas funções. Essa norma é justamente a NBR
IEC 61439 que se baseia na IEC 60073.
No entanto, apesar de existir esta norma regulamentadora, no mercado não há uma padronização
que a segue rigorosamente. Então, neste e‐book, para não nos estendermos muito, e não entrarmos
em assuntos que demandarão um bom tempo de conversa, neste projeto iremos adotar as seguintes
cores:
Botões Sinalizadores luminosos (LED)
Ligar (S1): Verde Motor ligado (H1): Verde
Desligar (S2): Vermelho Sobrecarga no motor (H2): Vermelho
Agora sim! Podemos então voltar para o checklist e marcar como concluído o ultimo desafio que
concluímos na elaboração do diagrama da nossa primeira partida direta de um motor.
Mas olha só, não serei eu quem irei marcar como concluído este último desafio em nosso checklist,
vou pedir que você mesmo faça essa marcação, pois passamos por muitos conhecimentos que
exigiram bastante de sua atenção e compromisso e tenho certeza que você se dedicou muito até
aqui, e como uma forma de reconhecimento e agradecimento, darei esse privilégio a você. Vai lá
então!
Acionar e desacionar o motor de forma manual.
Incluir contato para proteção de sobrecarga.
Indicar para o usuário quando o motor estiver ligado.
Indicar ao usuário quando o motor estiver desligado por sobrecarga.
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Nesse momento concluímos a elaboração dos diagramas da nossa partida direta, tanto o diagrama
de potência quanto o diagrama de comando.
E, agora, temos que passar por mais uma etapa em nosso projeto, que é justamente o
dimensionamento dos componentes que utilizamos até então, pois não basta apenas utilizar o
componente pela sua utilidade, devemos dimensionar também a sua capacidade, para que o
dispositivo funcione corretamente em nosso circuito, garantindo uma segurança para o usuário,
máquina e sistema como um todo.
Dimensionamento
Conforme falamos anteriormente no começo deste E‐book, o nosso intuito é justamente realizarmos
uma simples partida de motor juntamente com você, e para isso estamos analisando uma aplicação
teoricamente simples, que não exige uma bagagem de conhecimento muito complexa para esse fim.
Por esse motivo, iremos realizar um dimensionamento mais simplificado que vai trazer uma proteção
para o motor e para a instalação, porém é uma forma simplificada, sendo possível se aprofundar
ainda mais nesse dimensionamento deixando‐o mais preciso e ajustado.
Poderíamos, por exemplo, considerar os conceitos de níveis de curto‐circuito da instalação, o
conceito tempo de rotor bloqueado, e outras características mais, porém, para isso, é necessário que
você tenha uma bagagem maior e fundações mais profundas de conhecimentos para que isso se
torne possível. Como estamos realizando a nossa primeira partida de motor, não faria sentido
trazermos assuntos mais complexos que demandariam um tempo maior de estudo e que exigiriam
de você conhecimentos além do que os que trouxemos nesse E‐book. Então, esses conceitos mais
aprofundados ficarão para uma próxima etapa, ok?!
Outro detalhe que você precisa estar ciente, é que as análises que faremos para o nosso
dimensionamento estão de acordo com uma partida direta, e que para outros tipos de partidas deve
se fazer uma análise diferente, pois nelas existem características e conceitos diferentes de uma
partida direta.
Recado dado, vamos, de fato, começar o dimensionamento.
Para começarmos o dimensionamento, precisamos ter em mãos alguns dados do motor e da rede de
alimentação, conforme levantamos no começo deste E‐book, mas fique tranquilo, pois caso você não
se lembre, vou lista‐los aqui abaixo para você.
Dados da rede:
Rede: Trifásica
Nível de Tensão entre fases: 220V
Dados do nosso motor:
Tensões de Alimentação: 220V / 380V
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Corrente nominal (In): 9 A
Corrente de partida (Ip): 45 A
Tempo de partida (Tp): 3 segundos
Fator de Serviço (FS): 1,0
Potência nominal: 3CV
Ip/In: 5
Conhecendo esses dados, podemos dar início ao dimensionamento dos componentes do projeto,
começaremos pelo minidisjuntor de potência (F1).
Dimensionamento do minidisjuntor
Para os minidisjuntores, de forma geral, devemos fazer uma análise baseada em 2 critérios em
específico.
O primeiro critério é verificar qual o valor mínimo da capacidade de corrente nominal que devemos
utilizar como proteção. Essa análise deve atender o seguinte critério:
𝐼𝑑 𝐼𝑛 𝑥 1,2
Onde:
Id = Corrente do disjuntor a ser escolhida
In = Corrente nominal do motor
Interpretando essa formula, temos que a corrente do disjuntor que iremos escolher deve ser maior
ou igual à corrente nominal do motor acrescida de 20%. Observe que o valor 1,2 presente nessa
fórmula é justamente o fator que acrescenta essa folga de corrente.
No entanto, se caso o motor for trabalhar utilizando o fato de serviço, o critério a ser considerado
deverá ser:
𝐼𝑑 𝐼𝐹𝑆 𝑥 1,2
Onde:
Id = Corrente do disjuntor a ser escolhido
IFS = Corrente do motor com o fator de serviço
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Como em nosso caso, não trabalharemos com o motor na faixa de corrente com fator de serviço,
utilizaremos a primeira fórmula apresentada.
Agora, basta substituir na fórmula o valor de corrente nominal do motor que levantamos. Conforme
temos abaixo:
𝐼𝑑 𝐼𝑛 𝑥 1,2
𝐼𝑑 9 𝑥 1,2
𝐼𝑑 10,8𝐴
Com base nesse valor, podemos concluir que o minidisjuntor deve possuir uma corrente nominal
maior ou igual a 10,8A.
Muitos projetistas parariam por aqui. Porém, é interessante fazermos também mais uma
verificação, e faremos essa análise no próximo critério.
O segundo critério é justamente uma análise na curva de atuação desse dispositivo, pois como vimos
anteriormente, o motor, no momento da sua partida, absorve da rede de alimentação uma corrente
de partida elevada, e dessa forma, durante esse período, o minidisjuntor não pode interpretar essa
corrente de partida como uma corrente de sobrecarga ou como uma corrente de curto‐circuito.
Para garantirmos que esse critério será atendido, devemos analisar a curva de atuação do
minidisjuntor, da seguinte forma:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑇𝑝 𝑉𝑆 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝐼𝑝
Cruzando esses dados teremos que garantir que durante o tempo de partida do motor, a corrente
de partida não cause o desarme do minidisjuntor.
Para isso, iremos analisar no catálogo do fabricante, um minidisjuntor, a princípio de curva C, pois
essa curva geralmente atende aplicações para motores de pequeno porte, como é o nosso caso, mas
para ter certeza, devemos analisar a curva de atuação, e caso ela não nos atenda, iremos analisar a
próxima, que seria a curva D.
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Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Perceba que nesse gráfico temos 2 eixos, o eixo “x” e o eixo “y”.
O eixo “x” representa um multiplicador da corrente nominal do minidisjuntor.
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Já o eixo “y”, representa o período de tempo. Conforme a imagem abaixo.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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Podemos perceber também que esse gráfico possui 2 curvas.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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A curva inferior irá indicar a não atuação do minidisjuntor, ou seja, valores abaixo dessa curva não
irão causar o seu desarme.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Já a curva superior, indica a atuação do minidisjuntor, com isso, valores acima dessa curva causarão
o seu desarme.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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Essa curva também nos indica o que é interpretado pelo minidisjuntor como uma corrente de curto‐
circuito e o que é interpretado por ele como uma corrente de sobrecarga, e de acordo com o que
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será interpretado pelo minidisjuntor, haverá um desarme instantâneo gerado pela bobina de disparo
ou um desarme com retardo de tempo gerado pela lâmina bimetálica.
De acordo com as imagens das curvas abaixo, podemos identificar os trechos correspondentes a uma
atuação por sobrecarga e a uma atuação por curto‐circuito:
Faixa da curva com atuação por sobrecarga, pelo bimetálico:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Faixa da curva com atuação por curto‐circuito, pela bobina de disparo:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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Sabendo disso, vamos voltar ao nosso critério de análise e começar a traçar retas nesse gráfico
justamente para representar o:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑇𝑝 𝑉𝑆 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝐼𝑝
Tempo de partida (Tp) = 3 segundos
Corrente de partida (Ip) = 45A
Para dar continuidade a essa análise devemos primeiramente adotar um minidisjuntor com valor de
corrente nominal para que seja possível fazer essa análise na curva, pois como dissemos, o eixo “X”
do gráfico representa um múltiplo da corrente nominal do minidisjuntor, então, precisamos saber
primeiramente qual será a corrente nominal para que possamos analisar a curva.
Nesse caso, escolheremos o valor de minidisjuntor que atenda o primeiro critério, ou seja, o valor da
corrente nominal desse minidisjuntor que iremos adotar inicialmente deve ser maior ou igual ao valor
de 10,8A.
Para minidisjuntores, o próximo valor de corrente nominal que está acima de 10,8A é o de 16A, que
será justamente o que utilizaremos.
Com o minidisjuntor de 16A inicialmente adotado, devemos calcular quantas vezes a corrente de
partida do motor é maior do que a corrente nominal desse minidisjuntor, justamente para
conseguirmos traçar uma reta no eixo “X”.
Dito isso, basta dividirmos, a corrente de partida do motor, pelo valor da corrente nominal do
minidisjuntor. Dessa forma temos:
45
2,81
16
Onde:
“45” se refere a corrente de partida do motor
“16” se refere ao valor da corrente nominal do minidisjuntor adotado inicialmente
Tendo esse valor em mãos, iremos traçar no eixo “X” uma reta em cima do valor de 2,81. Conforme
a imagem a seguir.
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Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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Já conseguimos observar apenas por esse procedimento que quando circular por esse minidisjuntor
de 16A uma corrente de partida de 45A, ele não terá um desarme por curto‐circuito, pois esse
minidisjuntor de curva C de 16A, só terá um desarme por curto‐circuito se no resultado dessa divisão
obtivéssemos um valor maior que “5”, e em nosso caso, obtivemos um valor de “2,81”, com isso,
sabemos que a partida do motor não será interpretada por esse minidisjuntor como um curto
circuito.
Agora, temos que analisar se o minidisjuntor irá atuar por sobrecarga na partida do motor. Para isso
devemos traçar uma outra reta no eixo “Y”, que representa justamente o eixo do tempo, em nosso
caso, devemos traçar essa reta no tempo de partida do motor.
Com isso, vamos traçar uma reta no eixo “Y” em 3 segundos.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 8 do módulo 25 do
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Perceba que o ponto verde que acrescentamos na reta, é justamente o momento em que as retas se
cruzam.
Devemos analisar justamente esse ponto, e devemos garantir que ele esteja abaixo da curva de não
atuação, para que no momento da partida do motor, o minidisjuntor não interprete essa corrente de
partida como uma sobrecarga. Porém, se o ponto estivesse acima do ponto de não atuação
deveríamos ou aumentar o valor da corrente nominal do minidisjuntor ou alterar a sua curva de
disparo e fazer uma nova análise até que o ponto esteja abaixo da curva de não atuação.
Através da análise dessa curva, podemos concluir que o minidisjuntor curva “C” de 16A atende
também ao segundo critério.
Com isso, podemos concluir que iremos escolher um minidisjuntor com as seguintes características:
Quantidade de polos: 3 (tripolar)
Curva: “C”
Corrente nominal: 16A
Com o minidisjuntor definido, podemos, então, passar para o dimensionamento do próximo
dispositivo que temos no circuito de potência, que é justamente o contator KM1.
Dimensionamento do contator de potência
Quando se trata do dimensionamento do contator de potência, devemos garantir que seus contatos
de potência suportem a corrente que irá circular por eles, ou seja, que suportem a corrente do motor.
Então, devemos conhecer bem o tipo de carga que iremos acionar, pois cada tipo de carga tem um
comportamento específico, e devido a esse comportamento devemos também especificar um
contator que atenda a esses comportamentos.
E para isso devemos conhecer as categorias de utilização dos contatores, pois elas nos indicam quais
os tipos de cargas que poderão ser acionadas por eles, isso para garantir que seus contatos de
potência suportem as características específicas de funcionamento de cada tipo de carga.
Dentre diversas categorias de utilização existentes, as mais comuns utilizadas, são:
AC‐1: Utilizado em cargas resistivas ou pouco indutivas com fator de potência acima de 0,95.
AC‐3: Utilizado para motores com rotor do tipo gaiola que possui um pico de corrente de
partida de aproximadamente 5 a 7 vezes sua corrente nominal. Pode ser utilizado para
inversão de rotação apenas quando houver a parada total de seu rotor, não permitindo
inversão de rotação instantânea.
AC‐4: Utilizado para motores com rotor do tipo gaiola que possuem regime intermitente,
frenagem por contracorrente e inversão de rotação instantânea.
AC‐15: Utilizadas em pequenas cargas eletromagnéticas >= 72 VA.
Então, o primeiro critério que devemos levar em consideração para escolha do contator é definir qual
será a categoria de emprego que devemos utilizar. Como estamos tratando de motores elétricos de
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indução do tipo gaiola e se trata de um acionamento simples, devemos adotar a categoria de
utilização AC‐3.
Dito isso, vamos passar para o segundo critério, em que devemos garantir que a capacidade dos
contatos de potência do contator em AC‐3 suporte a corrente nominal do motor.
Para isso, devemos atender o seguinte critério:
𝐼𝑒 𝐼𝑛 𝑥 1,15
Onde:
Ie = Corrente de emprego do contator em AC‐3
In = Corrente nominal do motor
Interpretando essa formula, concluímos que a corrente de emprego do contator (Ie) deve ser maior
ou igual à corrente nominal do motor acrescida de 15%, que é uma folga deixada para que o contator
não trabalhe em seu limite de capacidade, e, assim, aumente sua vida útil.
Observação: Nesse caso 1,15 significa um acréscimo de 15% em cima da corrente nominal do motor.
No entanto, se caso o motor for trabalhar utilizando o fato de serviço, o critério a ser considerado
deverá ser:
𝐼𝑒 𝐼𝐹𝑆 𝑥 1,15
Onde:
Ie = Corrente de emprego do contator em AC‐3
IFS = Corrente com o fator de serviço do motor
Como em nosso caso não trabalharemos com o motor na faixa de corrente com fator de serviço,
utilizaremos a primeira fórmula apresentada.
Agora, basta substituir na fórmula o valor de corrente nominal do motor que levantamos. Conforme
temos abaixo:
𝐼𝑒 𝐼𝑛 𝑥 1,15
𝐼𝑒 9 𝑥 1,15
𝐼𝑒 10,35𝐴
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Com base nesse dado podemos concluir que devemos escolher um contator de potência em que sua
corrente de emprego (Ie) em AC‐3 seja maior ou igual a 10,35A.
Agora que já definimos o valor mínimo da corrente de emprego (Ie) em AC‐3 do contator, devemos
passar para o terceiro critério que diz respeito a especificação da bobina do contator.
Quando se trata desse assunto, devemos também especificar qual será a tensão de operação da
bobina do contator, e essa escolha dependerá unicamente da tensão que se está utilizando no
comando.
Em nosso caso específico, estamos utilizando 2 fases da rede de alimentação, e a tensão que temos
entre fases é de 220V (em corrente alternada).
Com isso, a tensão nominal da bobina do contator (KM1), deve ser de 220V, justamente para que ela
trabalhe de forma correta sem se danificar.
Agora que já definimos os 3 critérios para o dimensionamento do contator, seu próximo passo é
justamente ir ao catálogo do fabricante de sua preferência e especificar um contator potência que:
Possua uma corrente de emprego (Ie) em AC‐3, maior ou igual a 10,35A;
Possua uma bobina que tenha uma tensão de 220V;
Possua 2 contatos auxiliares normalmente abertos (NA).
Em nosso caso, o fabricante que escolhemos não possui um contator que tenha exatamente uma
corrente de emprego (Ie) de 10,35A. Com isso, escolhemos o próximo valor disponível de contator
que foi o de 12A em AC‐3, possui sua bobina em 220V e possui 2 contatos NA.
Visto, agora, o dimensionamento do contator, vamos partir para o dimensionamento do relé de
sobrecarga (FT1).
Dimensionamento do relé de sobrecarga.
Para o primeiro critério do dimensionamento do relé de sobrecarga, precisamos garantir que ele
tenha um ajuste preciso, tomando como base a corrente consumida pelo motor, com isso, devemos
ter definido incialmente se iremos considerar a corrente nominal do motor, ou se o motor será
dimensionado levando em consideração sua corrente com fator de serviço.
Caso o motor não trabalhe utilizando o fator de serviço, iremos, então, considerar sua corrente
nominal, e utilizaremos a fórmula abaixo:
𝐼𝑒 𝐼𝑛
Onde:
Ie = Corrente de emprego que será ajustado no parafuso de ajuste do relé de sobrecarga
In = Corrente nominal do motor
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No entanto, se caso o motor for trabalhar utilizando o fato de serviço, o critério a ser considerado
deverá ser:
𝐼𝑒 𝐼𝐹𝑆
Onde:
Ie = Corrente de emprego que será ajustado no parafuso de ajuste do relé de sobrecarga
IFS = Corrente do motor com fator de serviço
Como em nosso caso, não trabalharemos com o motor na faixa de corrente com fator de serviço,
utilizaremos a primeira fórmula apresentada.
Agora, basta substituir na fórmula o valor de corrente nominal do motor. Conforme temos abaixo:
𝐼𝑒 𝐼𝑛
𝐼𝑒 9𝐴
Desta maneira, podemos observar que a corrente de emprego que iremos ajustar no parafuso de
ajuste do relé de sobrecarga deve ser exatamente igual a 9A, pois esse valor é justamente a corrente
nominal do motor.
Com isso, seu próximo passo será justamente ir ao catálogo do fabricante de sua preferência, e
selecionar um modelo de relé de sobrecarga que possua uma faixa de ajuste que possibilite ajustar o
valor da corrente para 9A.
Em nosso caso específico, no catálogo do fabricante que escolhemos, a faixa de ajuste do relé de
sobrecarga que irá nos atender é de 7 a 10A.
Perceba que 9A, está justamente entre esses valores (7 a 10A), com isso, após ter em mãos esse
dispositivo, iremos ajustar em seu parafuso de ajuste o valor de 9A.
Da mesma forma que nos minidisjuntores, muitos projetistas parariam por aqui. Entretanto, acho
interessante fazermos uma análise mais minuciosa levando em consideração a sua atuação por
sobrecarga, pois como vimos o dispositivo não deve interpretar a corrente de partida do motor como
uma sobrecarga.
Para garantirmos esse funcionamento, devemos analisar o segundo critério:
𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝑇𝑝 𝑉𝑆 𝐶𝑜𝑟𝑟𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑡𝑖𝑑𝑎 𝐼𝑝
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Dessa forma, devemos observar justamente a curva de atuação do relé de sobrecarga que
escolhemos para fazer essa análise.
Entretanto, aqui vai um detalhe muito importante que você deve conhecer sobre as curvas dos relés
de sobrecarga.
O que define as características e formato da curva de atuação dos relés de sobrecarga é justamente
a classe de disparo.
No mercado existem algumas classes, porém a mais comum é a Classe 10,
Esse modelo de relé de sobrecarga que escolhemos com faixa de ajuste de 7 a 10A possui sua curva
de disparo especificado para a Classe 10.
Observando, então, a curva desse dispositivo disponibilizada pelo fabricante, temos:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 6 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Olhe só! Por se tratar de um relé de sobrecarga, essa curva se refere somente a uma atuação por
sobrecarga, pois diferente dos minidisjuntores, os relés de sobrecarga não possuem uma atuação por
curto‐circuito.
Porém, da mesma forma que os minidisjuntores, essa curva nos disponibiliza 2 eixos, sendo:
Eixo “X” que se refere a um multiplicador da corrente que será ajustado no parafuso de ajuste
Eixo “Y” que se refere a um determinado período de tempo
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Desta forma, iremos traçar uma reta no eixo “X” a um valor que nos represente a quantidade de
vezes que a corrente de partida do motor é maior que a corrente que iremos ajustar no parafuso de
ajuste deste dispositivo.
Para isso, basta dividirmos a corrente de partida do motor, pela corrente de emprego (Ie) que iremos
ajustar na face do dispositivo. Conforme a fórmula abaixo:
45
5
9
Onde:
“45” se refere a corrente de partida do motor
“9” se refere a corrente de emprego (Ie) que iremos ajustar no parafuso de ajuste do relé de
sobrecarga
Com esse valor em mãos, vamos traçar uma reta no eixo “X”, correspondente ao valor de 5 vezes
encontrado na fórmula acima.
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 6 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Nosso próximo passo é traçar uma nova reta no eixo “Y”, justamente no valor que se refere ao tempo
de partida do motor.
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Com isso, o ponto que representa o cruzamento entre as retas do eixo “X” com o eixo “Y”, deve estar
abaixo da curva de atuação do relé de sobrecarga, pois ele não deve interpretar a corrente de partida
do motor, durante o seu tempo de partida, como uma corrente de sobrecarga.
Então, traçando a reta em 3 segundos no eixo “Y”, temos:
Origem da Imagem ‐ Imagem retirada da aula 6 do módulo 25 do
Curso de Comandos Elétricos da Atom Elétrica
Como podemos observar, o ponto que representa o cruzamento entre as duas retas está abaixo da
curva de atuação do relé de sobrecarga.
Com isso, podemos concluir que o relé de sobrecarga Classe 10 que possui uma faixa de ajuste de 7
a 10A, atende simultaneamente os 2 critérios.
Nesse momento, então, concluímos o dimensionamento dos dispositivos que compõem o circuito de
potência.
Entretanto, além de especificarmos os dispositivos do circuito de potência, devemos também
especificar os dispositivos que compõe o circuito de comando.
Note que em nosso comando, temos a presença apenas da bobina do contator (KM1) e dos
sinalizadores luminosos H1 e H2.
No momento em que estávamos dimensionando o contator de potência (KM1), pelo circuito de
potência, já especificamos a tensão de sua bobina, sendo uma bobina em 220V.
Agora nos resta apenas especificar os sinalizadores Luminosos H1 e H2.
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Dimensionamento dos sinalizadores luminosos
Como vimos anteriormente, no momento da escolha dos sinalizadores LED, devemos especificar a
sua coloração conforme determinamos anteriormente:
Sinalizador LED (H1): Cor verde.
Sinalizador LED (H2): Cor vermelha.
Precisamos também definir qual será a sua tensão nominal de operação, e da mesma forma que a
bobina de contator, devemos analisar justamente qual é a tensão de operação do comando, pois os
leds estão sendo alimentados por essa mesma tensão.
Com isso podemos concluir que os sinalizadores possuem as seguintes especificações:
Sinalizador LED (H1) Sinalizador LED (H2)
Coloração: Verde Coloração: Vermelho
Tensão de operação: 220V Tensão de operação: 220V
Bom, agora, não podemos nos esquecer de que ainda resta o dimensionamento do minidisjuntor (F2)
responsável pela proteção contra curto‐circuito e sobrecarga do circuito de comando. Então, vamos
para ele!
Dimensionamento do minidisjuntor de comando
Para esse dimensionamento, precisamos levar em consideração a potência demandada dos
dispositivos que compõem o circuito de comando, pois sabemos que cada dispositivo no momento
que está acionado consome uma certa potência da rede, e é justamente essa potência exigida pelo
dispositivo que devemos conhecer.
No entanto, para se fazer um dimensionamento correto e que tenha uma maior eficiência,
precisamos entender que por mais que exista diversos componentes presentes no comando, não
necessariamente todos esses dispositivos vão estar ligados ao mesmo tempo, é necessário analisar a
potência demandada na pior situação do circuito.
Se analisarmos o diagrama de comando que desenvolvemos juntos, podemos perceber que por mais
que existam 2 sinalizadores luminosos (LED) e 1 bobina de contator, eles não serão acionados ao
mesmo tempo.
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Perceba que nosso circuito possui 2 situações basicamente, que são elas:
A primeira situação é justamente no momento em que acionamos o motor, nessa situação teremos
simultaneamente a bobina do contator acionada e o LED verde (H1) ligado.
A segunda situação é justamente no momento em que ocorre uma sobrecarga no motor, nessa
situação a bobina do contator é desligada e apenas o LED vermelho (H2) ficará acesso.
Ao analisarmos essas duas situações, podemos concluir que a pior situação, é justamente a primeira,
em que vão estar acionados no circuito de comando, a bobina do contator (KM1) e o sinalizador
luminoso (H1).
Depois de feita essa análise, devemos voltar ao catálogo do fabricante e verificarmos qual o valor da
potência de funcionamento demandada por cada um dos dispositivos.
De acordo com o catálogo do fabricante que utilizamos, temos:
Potência demandada da bobina do contator (KM1) em 220V: 7,5VA
Potência demandada do sinalizador luminoso LED (H1) em 220V: 3,5VA
Note que essas potências estão em VA, ou seja, o fabricante representa essa potência em formato
de potência aparente (VA).
Agora que temos o valor dessas potências consumidas pelos dispositivos, devemos soma‐las, pois
ambos dispositivos irão trabalhar simultaneamente. Com isso temos a potência demandada total do
circuito de comando:
Potência demandada do circuito de comando: 3,5 + 7,5 = 11VA
Com essa informação em mãos, basta dividirmos o valor total dessa potência pela tensão nominal do
comando, no qual obteremos o valor de corrente que irá circular pelo minidisjuntor de comando (F2)
no momento em que esses dispositivos estiverem acionados simultaneamente. Conforme a fórmula
abaixo:
𝑃
𝐼
V
Onde:
I = Corrente demandada do circuito de comando
P = Potência Aparente total demanda do circuito de comando
V = Tensão de operação do comando
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Subsistindo os valores, temos:
11
𝐼
220
𝐼 0,05𝐴
Com isso, já podemos especificar o minidisjuntor (F2).
Note que nesse caso, o valor dessa corrente é extremamente baixo.
Existem situações em que o circuito de comando é composto por diversos componentes que serão
acionados simultaneamente, e consequentemente essa corrente será bem maior, porém, esse não é
o nosso caso.
Então, aqui entra outro detalhe muito importante.
O minidisjuntor deve proteger, além dos componentes, os condutores do circuito também. A escolha
do condutor deve ser de acordo com a corrente do circuito que irá circular por ele.
Como vimos em nosso circuito, a corrente que circula no comando em específico é uma corrente
extremamente baixa, dito isso poderíamos até utilizar condutores de seção muito pequena, como
por exemplo, condutores de 0,75mm².
Porém, costumo sempre utilizar em situações como essa, em que a corrente do circuito é uma
corrente com valor muito pequeno, condutores com seção transversal de 1mm², pois dessa forma,
consigo uma resistência mecânica e facilidade de manuseio maior do que com condutores de
0,75mm².
Tendo como base esse condutor de 1mm², devemos utilizar um minidisjuntor que forneça também
uma proteção a essa seção de condutor.
Então, iremos utilizar um minidisjuntor de 4A, pois é fácil de encontrar no mercado e fornece
proteção suficiente para esse condutor de 1mm², evitando que o mesmo aqueça por sobrecarga e
curto‐circuito.
Devemos também especificar a curva de atuação deste dispositivo.
Pelo fato de no comando ter a presença de bobinas que são cargas indutivas, iremos utilizar um
minidisjuntor de curva C.
Com base nessas observações, podemos concluir que o minidisjuntor do circuito de comando, terá
as seguintes especificações:
Quantidade de polos: 2 (bipolar)
Curva: C
Corrente nominal: 4A
Com isso, finalizamos toda parte de dimensionamento do projeto, porém ainda falta um passo muito
importante que você deve entender.
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Algo importante para você saber!
Perceba a diferença que faz passarmos por todas essas etapas de aprendizado juntos, estamos
analisando as diferentes situações e observando a necessidade e o porquê de se acrescentar cada
dispositivo no diagrama, em nenhum momento trouxe nada pronto para você, pois a nossa
metodologia se baseia justamente em fazer com que você enxergue o porquê de cada etapa do
processo. Dessa forma, eu tenho certeza que você realmente está aprendendo, pois o seu cérebro
vê sentido em cada etapa, e assim ele consegue guardar todas essas informações, tornando possível
o seu aprendizado de forma eficaz, e caso você precise elaborar um novo diagrama, tenho certeza
que você irá projetá‐lo com uma visão mais analítica e detalhista.
E é justamente esse o princípio da minha metodologia de ensino, te mostrar o porquê de cada coisa,
fazer com que você, de fato, aprenda e não decore, pois sabemos que no dia a dia existem aplicações
que você só conseguirá pensar em uma solução se você realmente souber o conceito por trás daquilo.
Entretanto, apesar de neste e‐book termos trazido muito conteúdo, tudo o que aprendemos até aqui,
foi somente a ponta do iceberg, ainda existem muitos conceitos e técnicas que você precisa aprender
para, de fato, se tornar um profissional completo que sabe diversas formas de se partir um motor,
não somente a forma direta, pois conforme vimos, a partida direta é somente uma delas.
O intuito desse e‐book é que você tenha os seus primeiros contatos com as partidas dos motores,
que são situações muito comuns no dia a dia do profissional eletricista, e como você está se
deparando com esses conceitos agora, trouxemos justamente a primeira partida de motor que deve
ser aprendida nesse processo de aprendizado, que é a partida direta.
Entretanto é importante que você saiba que no dia a dia você irá se deparar muitas das vezes com
motores que estão acima da potência máxima permitida pelas concessionarias para se realizar uma
partida de forma direta, e nesses casos você deverá buscar outros tipos de partidas para atender essa
situação, como por exemplo, as partidas indiretas. No entanto, para se utilizar uma partida indireta
é necessário que, assim como na partida direta, você conheça suas características e individualidades,
pois cada tipo de partida possui um comportamento diferente da outra.
Vale ressaltar também que não basta apenas conhecer os tipos de partidas e suas características,
precisamos também conhecer as características do motor que iremos utilizar, pois como vimos nesse
e‐book, utilizamos um motor de 6 pontas, porém você também irá se deparar em seu dia a dia com
motores que possuem mais que 6 pontas, como é o caso dos motores de 12 pontas, que apresentam
maiores possibilidades de fechamentos e ligações. Então, será necessário também, que além das
partidas de motores, você também conheça as características dos motores mais comuns que estão
disponíveis no mercado.
Por esse e outros motivo, queria te convidar para conhecer o nosso curso online de comandos
elétricos, onde desenvolvemos mais de 320 aulas, com o máximo de detalhes possíveis para que
você, de fato, adquira todos os conhecimentos necessários para se tornar um profissional completo
em comandos elétricos, que:
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Comandos Elétricos
Está apto a desenvolver suas próprias lógicas de comando mesmo que nunca tenha visto um
determinado processo antes.
Possui uma maior segurança, pois, de fato, possui conhecimentos sólidos.
Possui a capacidade de montar seus próprios painéis, conhecendo diversas técnicas e
ferramentas que facilitam sua montagem mesmo dentro de sua própria casa.
Possui a capacidade de ler e interpretar diagramas que até mesmo outras pessoas
desenvolveram.
Conhece as etapas e processos de uma manutenção.
Tem autoridade no mercado, pois tem os conhecimentos técnicos necessários para atender
as necessidades de seus clientes.
Tenho certeza que você já percebeu que não estou aqui apenas falando palavras bonitas, já
conseguiu notar por meio da leitura deste e‐book um pouco da minha didática e o quanto me
preocupo em garantir que você realmente tenha tido um aprendizado real.
Mantive meu curso discreto por 2 anos, que foi justamente o período que levou para o seu
desenvolvimento, porém agora que concluímos, estou disponibilizando para você uma oportunidade
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falo isso, pois diariamente recebo diversos feedback de meus alunos deixando claro a sua satisfação
e muitas das vezes até relatam o quão suas vidas mudaram após se tornarem nossos alunos.
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Foi um grande prazer ter compartilhado todos esses conhecimentos com você ao longo deste
material.
Deixo aqui meu muito obrigado, e te espero lá dentro do nosso curso.
Um grande abraço do seu professor.
Rodrigo Costa.
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