Fisiologia Endócrina
Fisiologia Endócrina
Fisiologia Endócrina
Além das glândulas endócrinas, sabemos que muitos órgãos e células do corpo exercem
funções hormonais:
● Células renais: eritropoetina – responsável pela maturação das hemácias;
● Células atriais e ventriculares: hormônios natriuréticos – envolvidos no controle da
pressão arterial;
● Célualas gastrointestinais: secretina, colecistocinina (CCK), entre outros hormônios
do trato gastrointestinal;
● Células endoteliais (revestem internamente o endotélio): endotelina, óxido nítrico,
fatores angiogênicos;
● Células adiposas: leptina, resistina, entre outros hormônios;
● Leucócitos: interleucinas, TNF, etc – regulam o sistema imune.
Após a interação do hormônio com o receptor, eles vão atuar por diferentes mecanismos de
ação:
● Adenilato ciclase: a liberação do hormônio com o receptor ativa a proteína G, o
domínio alfa da proteína G ativa a adenilil ciclase que converte o ATP em AMP
cíclico que, por sua vez, ativa a proteína quinase A que é responsável pela
fosforilação de proteínas que irão exercer suas funções fisiológicas – os hormônios
que atuam por esse mecanismo são: ACTH, LH, FSH, TSH, ADH, HCG, MSH,
CRRH, PTH, Glucagon.
● Fosfolipase C: a interação do hormônio com o receptor ativa a proteína G que, por
sua vez, ativa a fosfolipase C; esta enzima reconhece fosfolipídios da membrana
plasmática como PIP que vai dar origem à dois 2º mensageiros que são o
diacilglicerol e o IP3; o diacilglicerol permanece na membrana plasmática e ativa a
proteína cinase C que, por sua vez, ativa a tirosina cinase C envolvida na indução de
diversas enzimas e proteínas intracelulares que têm ações fisiológicas; o IP3 será
liberado no citoplasma, vai atuar no retículo endoplasmático abrindo comportas de
cálcio e o cálcio, por sua vez, promove a contração muscular do músculo liso,
liberação de hormônios, secreção das glândulas exócrinas, etc – os hormônios que
atuam por esse mecanismo são: GnRH, TRH, GHRH, angiotensina II, ADH (receptor
V1), ocitocina e receptores alfa 1.
● Tirosina cinase: grupo de proteínas responsáveis por fosforilação de substratos
protéicos – irão agir os seguintes hormônios: insulina, IGF-1 e outros fatores de
crescimento.
● Guanilato ciclase: agem o peptídeo natriurético atrial e óxido nítrico.
● Hormônios esteróides e tireoideanos: o hormônio esteróide ingressa na célula por
sua natureza lipofílica, se liga ao receptor específico no citoplasma ou no núcleo; esse
complexo hormônio-receptor ativa o DNA celular que forma o mRNA que vai sair do
núcleo e ingressar do plasma orientando assim, a síntese protéica no citoplasma – por
este mecanismo agem os hormônios: glicocorticóides, estrogênio, progesterona,
testosterona, aldosterona, diidroxicolecalciferol e hormônios tireoidianos.
O efeito dos hormônios pode ser classificado de acordo com a base na sua localização em:
● Endócrino: o hormônio é liberado na circulação e transportado até um órgão-alvo
distante;
● Parácrino: o hormônio atua em uma célula vizinha;
● Autócrino: o hormônio atua sobre a própria célula que o produziu.
É importante notar que ocorre a variação dos níveis hormonais durante o dia, com picos e
depressões. Esse padrão oscilatório e pulsátil é determinado pela integração de vários
mecanismos de controle – entre esses mecanismos temos o controle neural (ação direta de
neurotransmissores, sendo a especial relevância a atuação do hipotálamo, além do controle
pelo SN autônomo), o controle hormonal ( o hormônio regula a atividade de um órgão
endócrino, seja pelo estímulo de sua atividade ou pela inibição da atividade) e o controle por
nutrientes e íons (o próprio hormônio regula e é regulado pela concentração de nutrientes e
íons no plasma, como ocorre na regulação da insulina pela glicose).
Estes mecanismos de regulação da síntese e secreção hormonal podem ser classificados como
mecanismo de retroalimentação positiva ou negativa.
Na retroalimentação positiva ocorre a intensificação do estímulo pelo hormônio a partir da
resposta gerada, aumentando cada vez mais a liberação do hormônio – caso da ocitocina,
onde a secreção é estimulada através da sinalização das contrações uterinas no momento do
parto, ou da musculatura alveolar das glândulas mamárias. O aumento das contrações
musculares estimulam a liberação da ocitocina que visa uma maior contração muscular,
intensificando a secreção de ocitocina.
Na retroalimentação negativa (ou feedback negativo) ocorre a inibição do estímulo inicial
de secreção do hormônio a partir da resposta gerada, diminuindo sua própria liberação. A
retroalimentação negativa pode ser de resposta biológica ou de eixo.
O mecanismo de retroalimentação negativa de resposta biológica é determinado pelo próprio
efeito biológico do hormônio, como no caso da insulina que é secretada como resposta ao
aumento da glicemia e ao agir nas células-alvo, induz uma captação da glicose, reduzindo
consequentemente os valores da glicemia, cessando assim o principal estímulo da secreção da
insulina.
O mecanismo de retroalimentação negativa do eixo não depende da resposta biológica
hormonal, mas da própria concentração do hormônio, por exemplo, a secreção da testosterona
é regulada pela secreção hipotalâmica do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH), que
aumenta a secreção do LH da adenohipófise – o LH estimula a síntese e secreção de
testosterona nos testículos. O aumento nos níveis séricos de testosterona, por sua vez, inibe a
secreção de GnRH e de LH. Os efeitos biológicos da testosterona que compreendem o
aumento de massa muscular e óssea, por exemplo, não modulam a atividade desse eixo, mas
sim a concentração sérica da testosterona, caracterizando o mecanismo de retroalimentação
de eixo.
Eixo hipotálamo-hipófise
O hipotálamo é uma região no cérebro envolvida na integração e coordenação das respostas
fisiológicas de diferentes órgãos que, em conjunto, mantém a homeostase corporal. Para
desempenhar essa função, o hipotálamo recebe e integra sinais do ambiente, de múltiplas
regiões do cérebro e de áreas viscerais, e a partir dessa informação desencadeiam uma
resposta neuroendócrina apropriada. Entre os sinais aferentes, a luz percebida pela retina
desempenha um papel importante na sincronização do ritmo circadiano do padrão
sono-vigília gerado no núcleo hipotalâmico.
As ações hipotalâmicas são mediadas principalmente pelo controle da função da glândula
hipófise, seja pela liberação dos hormônios hipotalâmicos (neuropeptídeos) pela porção
posterior das hipófise, também chamada de neurohipófise, ou pelo controle da função da
adenohipófise, ou hipófise anterior, através da liberação de hormônios que controlam a
síntese e secreção dos seus hormônios hipófiseotróficos.
Anatomicamente o hipotálamo é formado por duas porções que, quando unidas, formam uma
região semelhante à uma concha, conhecida como eminência mediana – nessa região passam
os axônios dos neurônios hipotalâmicos cujos terminais são encontrados na neurohipófise. Na
região da eminência mediana também se encontram uma rede de capilares nas quais são
liberados os hormônios hipotalâmicos que controlam a função da adenohipófise.
Aula 1
O sistema endócrino é um sistema que, junto com o SN, controla a homeostase do organismo;
controla diferenciação sexual, metabolismo, crescimento, lactação, trabalho de parto, pressão
arterial, volume sanguíneo, osmolaridade, ou seja, quase tudo no nosso organismo – é um
sistema integrador. O sistema endócrino trabalha à base de substâncias comunicantes, assim
como os neurotransmissores, com a diferença de que os neurotransmissores caem na fenda
sináptica para exercer seu efeito fisiológico no receptor que está localizado ali na fenda, já o
hormônio é secretado pela corrente sanguínea a partir da glândula que o produz (glândula
endócrina) e através do sangue é conduzido por todo o organismo e vai agir no seu receptor
que normalmente está localizado em um órgão-alvo mais distante.
Elementos importantes: hormônios (molécula comunicante) e receptores.
Os hormônios são substâncias químicas sintetizadas por células especializadas que conduzem
informação para uma célula-alvo, desencadeiam uma cascata de ativação e ocasionam
consequências fisiológicas, sistêmicas ou locais. Essas moléculas são conduzidas através da
circulação sanguínea (endócrino) – podem também ter natureza parácrina (cai no tecido e age
em uma célula vizinha) ou autócrina (age na própria célula), dessa forma, não caem na
corrente sanguínea (alguns livros não consideram estes como hormônios).
Sobre sua natureza química, podem ser peptídeos (hormônio de crescimento), derivados de
aminoácidos (T3, T4 e adrenalina) ou derivados do colesterol (estrógeno e testosterona).
O feedback positivo consiste no estímulo do próprio hormônio para que sua produção e
secreção aumente, como ocorre com a ocitocina na hora do parto ou durante a amamentação.
Já o feedback negativo pode ocorrer através de alças longas, quando o próprio hormônio
inibe a produção e secreção dele mesmo por meio de ações nos centros superiores, ou por
alças curtas quando a inibição é feita pela hipófise e não pelo hormônio em si. O feedback
negativo também pode ser dividido em resposta biológica onde a inibição é feita a partir da
alteração fisiológica realizada pelo hormônio (como acontece com a insulina mediante a
presença e ausência de glicose) ou de eixo, onde o próprio hormônio inibe sua secreção como
ocorre com a testosterona.
O feedback positivo é uma exceção aos sistemas de feedback do sistema endócrino, todos os
outros vão ser feedback negativo – em alguns casos o hormônio controla positivamente a sua
própria secreção porque o efeito fisiológico mediado por ele naquele tipo de efeito pede que,
quanto mais o hormônio tenha, maior o efeito e maior a secreção desse hormônio; ele
estimula cada vez mais positivamente a sua secreção. Durante o trabalho de parto o que
ocorre é que a cabeça da criança começa a pressionar receptores mecânicos presentes no colo
do útero (esses mecanorreceptores estão conectados através do sistema neural ao hipotálamo
que vai controlar síntese e secreção da ocitocina na hipófise posterior), dessa forma, quando
há essa pressão, ocorre o estímulo-reflexo que lá na hipófise posterior vai secretar mais
ocitocina que vai cair na corrente sanguínea provocando a contração do útero; quando ocorre
a contração uterina, ocorre também o aumento da pressão mecânica pela cabeça do bebê aos
receptores, sendo assim, há novamente uma secreção de ocitocina que contrai ainda mais o
útero. Ou seja, o objetivo do parto é fazer com que haja contração uterina para facilitar
o trabalho de parto. Esse efeito de retroalimentação positiva pára quando ocorre o
nascimento da criança, que para o estímulo para a produção da ocitocina, a ocitocina para de
ser secretada, é metabolizada e encerram-se as contrações.
A amamentação se dá pelo mesmo controle de feedback positivo. O estímulo se dá pela
sucção da criança (após o trabalho de parto, todas as condições para a amamentação se
tornam favoráveis), que estimulam mecanorreceptores e fazem com que a ocitocina seja
secretada (a ocitocina não participa da produção do leite, quem faz isso é a prolactina, mas
ela contrai as células epiteliais ou mioepiteliais das glândulas mamárias, facilitando a ejeção
do leite). Quando maior o efeito mecânico produzido pela criança, maior a secreção de
ocitocina e maior a ejeção do leite.
A maioria dos outros efeitos ocorrem com alça de feedback negativos – o T3 e T4 quando
estão muito altos na corrente sanguínea, por exemplo, não é necessário que haja a secreção
desse hormônio, aliás, tem que dar um jeito de parar a secreção do hormônio (caso contrário
haverá um efeito patológico do hormônio – problemas de regulação de feedback negativo
podem ser a causa de muitas doenças). Quando há um excesso de hormônio T3 e T4 (um dos
principais efeitos desses hormônios é controlar o metabolismo basal – o aumento excessivo
desse hormônio pode causar uma sudorese excessiva, provocar o aumento da temperatura
corporal, fome, emagrecimento, etc), por exemplo, o próprio hormônio vai agir na glândula
que o produzindo diminuindo a secreção dele mesmo.
As alças de feedback podem ser mais complexas do que na própria glândula porque há
glândulas que controlam a secreção de outras glândulas como por exemplo o hipotálamo que
controla a secreção da hipófise que controla a secreção de várias outras glândulas como a
tireóide, a adrenal, etc.
O feedback negativo é quando a concentração de um hormônio está alta no sangue, e ele vai
inibir a sua própria secreção. Isso vai acontecer com a grande maioria dos hormônios.
Um outro exemplo é com o hormônio do crescimento; quando há uma desregulação da
secreção do hormônio para mais (falha do feedback negativo), podemos nos deparar com uma
situação de crescimento além da curva de normalidade – gigantismo.
O mecanismo de ação dos hormônios protéicos ocorre através de uma cascata de ativação
iniciada pela interação do hormônio com o receptor que resulta em uma resposta biológica
através de enzimas, proteínas cinases ou canais de membrana celular. Já os hormônios
esteróides ou tireoideanos possuem um mecanismo de ação a partir da ativação do DNA para
a formação do RNAm, fazendo a síntese protéica do citoplasma para ocasionar uma resposta
biológica como a alteração do metabolismo, por exemplo. Os lipossolúveis também podem
agir de forma a não alterar o genoma através de uma cascata de ativação semelhante aos dos
hormônios hidrossolúveis.
Os hormônios protéicos são hidrossolúveis, e sendo hidrossolúveis vão interagir com o
receptor de membrana e não conseguem entrar na célula para interagir intracelularmente.
Esses hormônios se ligam aos receptores de membrana, ativam uma cascata intracelular e
formam 2º mensageiros que vão mediar o seu efeito biológico. Vários hormônios esteróides
e tireoidianos são lipossolúveis, nesse caso eles vão entrar na célula, interagir com um
receptor intracelular e promover uma transcrição gênica, o que o receptor protéico não pode
fazer. O lipossolúvel também pode agir no receptor de membrana e promover a transdução do
sinal igual o hidrossolúvel.
Resumindo, o lipossolúvel que são os hormônios esteróides e tireoidianos, interagem com um
receptor intracelular e modificam a transcrição gênica; enquanto que os protéicos
(hidrossolúveis) interagem com um receptor que está localizado na membrana, produzindo a
formação de 2º mensageiros que vão mediar sua ação.
Quando o hormônio age alterando a transcrição gênica, parte do seu mecanismo age no
receptor intracelular – complexo hormônio-receptor vai para o DNA e aumenta a transcrição
de uma parte específica do RNA para RNAm e a tradução de uma nova proteína.
Quando ele age no receptor da membrana plasmática, o mecanismo de ação dele é outro que
não envolve transcrição gênica – isso não significa que um hormônio que se liga no receptor
de membrana não tenha a capacidade de promover a transcrição gênica; exemplo: alguns
fatores de crescimento que agem em receptores de membrana e promovem crescimento por
induzir modificação da transcrição gênica.
Hormônios da Hipófise
ADH (hormônio antidiurético): secreção pela neurohipófise; estímulos: aumento da
osmolaridade circulante/aumento da concentração de solutos na corrente sanguínea que é
percebido por osmorreceptores e a queda na pressão sanguínea que é percebida pelos
barorreceptores. Uma das funções do ADH é promover a reabsorção de água pelos rins –
quando o ADH reabsorve a água pelos rins, ele restaura a osmolaridade normal e então esse
estímulo deixa de existir (alça de reflexo simples). O ADH também promove a
vasoconstrição – o ADH é conhecido como vasopressina justamente por causa dessa função;
quando o ADH induz a constrição dos vasos sanguíneos, ele antagoniza essa queda de
pressão (alça de reflexo simples). Quando esses estímulos deixam de existir, a secreção de
ADH cessa. Funções: equilíbrio hídrico e equilíbrio eletrolítico pela ação principalmente
do ADH sobre os rins e controle da pressão arterial. O álcool inibe a secreção do ADH –
por isso urinamos mais.
Ocitocina: secreção pela neurohipófise; associado ao trabalho de parto/nascimento do feto. O
início do trabalho de parto induz à secreção de ocitocina (estímulo) – alça de
retroalimentação positiva na qual o hormônio induz à uma resposta biológica que induz a
secreção do hormônio; ao mesmo tempo há outro hormônio que induz a secreção da ocitocina
por uma via indireta através da contração uterina. A ocitocina age sobre a musculatura lisa
dos órgãos fazendo com que seja induzida uma via de sinalização intracelular, que culmina
na liberação de cálcio (2º mensageiro) e esse cálcio atua nos filamentos de actina e miosina
promovendo a contração.
Prolactina: secreção pela adenohipófise; estímulos: auditivos (choro, estresse, luz) ou sucção
na mama. Há várias substâncias capazes de inibir a prolactina mas a principal delas é a
dopamina (funcionante como hormônio). A prolactina pode induzir à sua própria produção e
secreção. Funções: produção de leite, regulações comportamentais, regulação do balanço
hidroeletrolítico, etc.
GH: hormônio do crescimento secretado pela adenohipófise; todo desenvolvimento do
organismo depende de hormônios que vão coordenar esse processo – o principal hormônio
(em homens e mulheres) que atua no desenvolvimento de órgãos e tecidos é o GH. ⅓ de
todas as células adenohipofisárias são células responsáveis pela produção e secreção do
hormônio de crescimento. O GH inibe a captação de glicose pelo tecido adiposo (estimula a
lipólise), já no tecido muscular esquelético, o GH também inibe a captação da glicose, sendo
assim, inibe a captação de aminoácidos e a produção de proteínas. O fígado é onde o GH
estimula a síntese de RNA, síntese de proteínas, prroteína ligadora de IGF, etc. (efeitos
diretos). Efeitos diretos (anti-insulínicos): redução da adiposidade (induz a lipólise), aumento
da massa magra e efeito anti-insulínico. Efeitos indiretos (pró-insulínicos): crescimento
linear, aumento do órgão e aumento da função do órgão. O GHRH atua na adeno hipófise
estimulando a produção e secreção de GH. Tanto o GH quanto o IGF inibem a secreção de
GHRH pelo hipotálamo mas também podem induzir à secreção de um hormônio inibitório –
somatostatina (SS) é induzida pela ação do GH e do próprio IGF inibindo a secreção do
hormônio do crescimento; quando mais SS, menor o pico de liberação de GH. Em mulheres o
GH é liberado em maior quantidade à noite. A liberação de GH também oscila com a idade –
queda ao longo da idade. A grelina, hormônio vindo do TGI, é capaz de induzir a secreção de
GH e de GHRH, ou seja, aumenta a produção e secreção do hormônio do crescimento; por
outro lado, ácidos graxos livres inibem a secreção do hormônio de crescimento direta e
indiretamente induzindo a produção de somatostatina.
POMC (pró-opiomelanocortina): serve como precursor de vários hormônios
(principalmente ACTH). O MSH estimula a produção de melanina – ocorre também na
gravidez deixando algumas partes do corpo mais escuras.
Aula 2
A porção final do ducto coletor renal é impermeável à água; para que ocorra a
permeabilidade à água, é necessário que haja um controle hormonal. Esse controle hormonal
acontece pela ação da vasopressina (ADH) onde o mecanismo de ação consiste basicamente
em pegar canais de água (aquaporinas) localizadas em uma região celular próxima à
membrana do lúmen do ducto, ou seja, por onde está passando a urina. O receptor da
vasopressina fica localizado na região contrária aonde essas aquaporinas são incorporadas, na
membrana da célula. Quando o hormônio antidiurético se liga ao receptor, ele aumenta a
produção do AMP cíclico que vai induzir a fusão da membrana, próxima à membrana da
célula; após a fusão as aquaporinas são incorporadas nessa membrana que está em contato
com a luz, com a passagem da urina, que vai promover a reabsorção da água. O efeito do
ADH ocorre de forma compartimentalizada onde as aquaporinas vão ser introduzidas na
membrana que está em contato com a luz do ducto coletor justamente para permitir que a
água entre na célula renal nessa parte do néfron, promovendo a passagem da água. Nesse
momento há um aumento da osmolaridade no plasma para que o ADH seja secretado, então a
água passa de dentro da célula do ducto coletor para o sangue por osmolaridade, à favor de
um gradiente de osmolaridade – nesse caso, ele restaura a osmolaridade plasmática. O ADH
tem um papel importantíssimo na regulação da osmolaridade do plasma.
O estímulo da liberação de ocitocina para a amamentação ocorre pela sucção do mamilo, mas
a ocitocina é o um hormônio que está muito ligado à relação afetiva mãe e filho. O leite só
vaza quando o bebê fica muito tempo sem mamar quando há muita produção de leite. A
ocitocina é secretada em outros momentos que não são a amamentação, por exemplo, o
simples fato do choro da criança, o cheiro da criança e a relação afetiva estimulam a secreção
da ocitocina, promovendo assim, a ejeção do leite.
A ejeção significa retirar o leite que está nos ductos, dessa forma, quando há uma produção
de leite muito grande e este fica nos ductos, qualquer secreçãozinha de ocitocina poderá
promover o extravasamento. Quando a produção de leite é muito grande, pode haver o
extravasamento passivo, ou seja, a ejeção somente porque há muito leite e os ductos estão
congestionados.
O GH é secretado de forma não homogênea se compararmos 24h e ele tem pulsos de secreção
(picos). Ao longo das 24h esses pulsos de secreção acontecem mais à noite do que de dia e ao
longo da vida a secreção do hormônio de crescimento não é homogênea, ela passa por fases.
Por exemplo: logo após o nascimento existe pulsos de secreção mais frequentes e depois
estabiliza durante a primeira infância. Toda vez que a criança dá um estirão, é conhecido
como maior frequência de picos de secreção do hormônio do crescimento, até o fechamento
das epífises ósseas, após a puberdade. Durante a vida adulta o hormônio de crescimento é
secretado também de forma pulsátil cujos picos é mais à noite e não é diferente do homem
para a mulher. Na fase adulta a secreção dos picos de GH são relacionados com os efeitos
metabólicos dos hormônios de crescimento que são muito e muito importantes e vai
declinando a secreção durante o envelhecimento; fase da vida onde tem menor secreção do
GH.
Existem várias razões que podem fazer com que a mulher produza prolactina fora da
gravidez, mas estas razões estão associadas com defeitos não fisiológicos. Existe uma
variação dentro das faixas de normalidade nos níveis de prolactina que é determinado
principalmente pela dopamina – essa dopamina cai durante a gravidez e faz com que haja um
aumento da secreção da prolactina. A maioria dos motivos pelos quais a prolactina aumenta
fora do período da gravidez estão relacionados com neoplasias na hipófise, das células
produtoras de prolactina; essas neoplasias aumentam a secreção de forma patológica. Pode
haver também alterações na produção de prolactina por diminuição da prolactina?
Eventualmente alguns anticoncepcionais também podem alterar a produção e secreção de
prolactina, pois estes hormônios mexem nos níveis de secreção de dopamina.
Tudo o que acontecer com variação a nível fisiológico do hormônio está caracterizado como
variação patológica.
Toda mulher produz uma quantidade de prolactina e essa prolactina é inibida pela dopamina
– a prolactina é um dos poucos hormônios que só têm basicamente um hormônio inibitório e
o hipotálamo controlando a inibição. Justamente porque a função fisiológica da prolactina
demanda essa inibição.
O eixo predominante regulador da prolactina quando não estamos grávidas é a dopamina,
mas outros hormônios regulam a prolactina. Embora tenham hormônios que estimulam a
secreção de prolactina, eles não são os mais importantes nessa função.
Existem dois receptores do ADH (vasopressina): Tipo 1 e Tipo 2 – esse hormônio possui
duas funções principais que são a vasoconstritora e a antidiurética.
A vasopressina ou ADH atuam em duas partes diferentes do organismo: nos rins mediante à
percepção de estímulos próximo aos receptores, ou seja, é quando ocorre o aumento da
osmolaridade, permitindo a reabsorção no ducto coletor que antes era impermeável, ao fazer
com que 2º mensageiros induzam a exocitose da aquaporina, deixando a célula permeável. O
ADH também funciona como vasoconstritor, aumentando a pressão arterial quando
barorreceptores captam uma queda de pressão – sua função ocorre através da ativação da
cascata por meio da fosfolipase C após a interação hormônio-receptor, que estimula a
liberação de cálcio por parte das células, como retículo endoplasmático, fazendo com que
ocorra a contração muscular.
Qualquer variação de osmolaridade sentida por osmorreceptores que secretam o ADH –
basicamente o ADH é o único hormônio envolvido nesse controle, enquanto que na pressão
arterial tem outros sistemas como sistema renina-angiotensina-aldosterona, que são mais
importantes. Quando tem uma queda de volume sanguíneo grande, a
angiotensina-aldosterona será ativada imediatamente e a vasopressina assume um papel
fisiológico importante.
A ocitocina tem como principais alvos as células mioepiteliais nos alvéolos e ductos
mamários, onde irá causar a lactação, e a musculatura uterina, durante gravidez e parto. Tem
como função estimular a ejeção de leite ao induzir a contração das células mioepiteliais que
reveste a glândula e os ductos das glândulas mamárias; também contraem o músculo liso do
útero para induzir o trabalho de parto, além de induzir a volta do útero ao tamanho normal
após o parto. A liberação da ocitocina pela neurohipófise é estimulada com estímulos
sensoriais aferentes oriundo da sucção das mamas durante a fase de lactação e pela distensão
do colo uterino pelo crescimento e movimentação do feto.
Todo efeito de contração é induzida pelo cálcio, e a ocitocina envolve o estímulo de músculo
liso – nesse caso, a via da fosfolipase C aumenta o cálcio intracelular.
A via do AMP cíclico é importante para o relaxamento muscular. Para músculo liso, a via que
está mais envolvida é a da fosfolipase C.
Tireóide
A glândula tireóide está localizada na região anterior do pescoço sobre a traquéia, logo
abaixo da laringe. Sua unidade funcional é o folículo tireóideo, circundado por uma camada
única de células epiteliais que são os tireócitos, também conhecidos como células foliculares.
O lúmen folicular é preenchido com colóide rico em entiroglobulina – proteína sintetizada e
secretada pelas células foliculares da tireóide. Esta proteína contém uma grande quantidade
de tirosina que é o precursor dos dois hormônios da tireóide conhecidos como T3 e T4.
As células foliculares da tireóide são responsáveis pela síntese e secreção desses dois
hormônios.
A glândula tireóide possui células parafoliculares ou células C que distribuem-se de forma
espassa na glândula. Estas células são a fonte do hormônio polipeptídico calcitonina.
O mais importante regulador da função e crescimento da glândula tireóide é o eixo
hipotálamo-hipofisário, através do TRH (secretado e sintetizado pelo hipotálamo) e o TSH
(sintetizado e secretado pelos tireotrofos da glândula hipófise anterior).
Uma vez secretado o TSH se liga aos seus receptores na glândula tireóide. Após a secreção
do TSH, ocorre a estimulação de diversos aspectos da síntese e secreção dos hormônios da
tireóide. O TSH também tem ação trófica sobre a tireóide promovendo a hipertrofia e
hiperplasia das células dessa glândula. Sobre o estímulo do TSH ocorre então a síntese e
secreção do T3 e T4.
O T3 exerce a função de retroalimentação negativa tanto na adeno hipófise inibindo síntese e
secreção do TRH quanto no hipotálamo inibindo síntese e secreção do TRH, fazendo assim
com que haja manutenção dos níveis de T4 e T3 circulantes fisiológicos.
Os produtos secretados pela glândula tireóide são iodo e tironina, hormônios formados pelo
acoplamento de duas moléculas de tirosina iodadas.
O T4 possui baixa atividade em relação ao T3 – o T4 corresponde à 90% do hormônio total
produzido pela tireóide. A conversão do T4 em T3 ocorre nos tecidos-alvos devido à retirada
do iodo, transformando em T3 ativo – retirada do iodo no carbono 5’ do anel aromático.
Há a possibilidade da formação do T3 reverso que é uma molécula inativa – para formar o T3
inativo é necessário que ocorra a retirada do iodo do carbono 5.
Tanto o T3 reverso quanto o T3 são metabolizados para formar o T2, que é inativo.
Parte da síntese dos hormônios tireoidianos ocorre intracelularmente e a outra parte ocorre na
região coloidal. A tirosina e o iodo são os dois precursores biossintéticos das moléculas dos
hormônios da tireóide. Tirosina + Iodo = T4 + T3.
A síntese é um processo que ocorre da porção basolateral em direção à porção apical, e é
continuada dentro da região coloidal.
O hormônio depois de sintetizado é armazenado no coloide e a secreção ocorre no sentido
oposto: região coloidal – citoplasma – circulação sanguínea.
Aula 3
Os hormônios são, em sua maioria, sintetizados na forma de pré/pró-hormônio. São
sintetizados dessa forma porque a maioria deles aproveita uma pré-molécula para produzir
várias outras. O pré-hormônio é uma molécula precursora para 2, 3 ou 4 hormônios finais;
isso é uma forma mais eficaz de produzir mais moléculas.
No caso do POMC, ele é o precursor principalmente do MSH que vai agir na pele produzindo
o hormônio que dá a pigmentação da pele, mas é também um pró-hormônio para ACTH,
endorfinas, etc. Mesmo pré-hormônio, ele é capaz, no final, de formar vários hormônios
diferentes.
De uma forma geral, os hormônios peptídicos-protéicos são sintetizados na forma de
pré-hormônios e esse precursor quebra o hormônios e alguns hormônios são clivados gerando
várias partículas de moléculas – cada vez que ele cliva em uma parte diferente, ele gera um
hormônio diferente.
No caso dos hormônios esteroidais isso não acontece, sua síntese é completamente
diferente. No caso dos hormônios peptídicos-protéicos, eles são sintetizados dessa forma,
armazenados em vesículas de secreção e depois clivados em partes para gerar vários
hormônios.
A glândula tireóide é controlada pelo eixo hipotálamo-hipófise, hipófise anterior. Eles são
sintetizados a partir de dois precursores que é o aminoácido tirosina (aminoácido que faz
parte da estrutura de uma proteína, uma globulina, que é sintetizada pela glândula tireóide
que é a tiroglobulina), no qual nesse aminoácido tirosina vai ser inserido o iodo, iodo que
provém da alimentação. No processo de síntese vão formar os hormônios T3 e T4.
A síntese dos hormônios da tireóide é complexa. Eles ficam armazenados em vesículas de
secreção, prontos, quando vem um estímulo, eles são secretados e caem na hora – leva alguns
segundos para eles se lançarem na corrente sanguínea e logo depois eles vão chegar na
molécula-alvo.
Ele é sintetizado, fica no colóide, e quando o organismo da gente, em alguma situação,
precisa do hormônio – ele vai ser retirado do colóide, endocitado pela célula, degradado
pelas enzimas lisossomais e vai ser colocado na corrente sanguínea. Dessa forma, demoraria
demais se precisasse em uma certa situação, de ter esses hormônios rapidamente.
O organismo da gente deixa uma reserva circulante de hormônio que é o T4. O T4 está quase
pronto e não é o hormônio mais ativo, ele tem atividade mas é cerca de 10x menos potente
que o T3 e os órgãos-alvo desses hormônios têm deiodinases que tiram o iodo para formar T4
em T3 ativo.
O T4 serve como uma reserva circulante do T3. Se em um determinado momento eu preciso
de T3, as células tiram o iodo do T4 e ele está ali para resolver o problema de armazenar
esses hormônios na vesícula de secreção. Esses hormônios não podem ser armazenados na
vesícula de secreção porque são lipossolúveis, sendo assim, saem da vesícula a favor de um
gradiente de concentração por difusão simples.
No momento em que o T3 reverso é formado ele é inativo, depois ele é transformado em T2,
depois em T1 sem nenhum iodo e aí serão excretados pelos rins. O T3 reverso é produzido
quando há um excesso de T4, sendo assim, ao invés de transformar o T4 em T3 (forma ativa),
ele transforma em T3 reverso para assim, manter o organismo em equilíbrio.
Ajustes fisiológicos existem para consertar as pequenas distorções.
Vamos supor que há uma quantidade maior de T4 circulante, e aí o T4 entra na célula onde
tem a deiodinase, e aí vai tirar um iodo da posição 5-6 do anel aromático e transformar em
T3, mas aí pode-se chegar em uma situação onde há uma quantidade de T3 muito grande, e
vão haver sintomas de uma grande quantidade de hormônio que é o hipertireoidismo, e o
hipertireoidismo se instala quando todas as porções fisiológicas feitas para impedir essa
situação se esgotam – dessa forma, o organismo começa a transformar o T4 em T3 reverso. O
T3 aumentado vai estimular a enzima que transforma o T4 em T3 reverso, que é inativo; é
uma ajuste fino da concentração do hormônio ativo.
A parte apical é a que está em contato com o colóide – parte da célula que vai ter a pedrina
(trocador que coloca iodo no colóide), processo de exocitose e endocitose da tireoglobulina e
da peroxidase (enzima que transforma o iodo iônico do sal de cozinha).
A parte basolateral é a que está em contato com o sangue.
O transporte ativo de simporte é o que traz o iodo para o interior das células foliculares. Esse
simporte coloca o sódio para dentro e junto com o sódio vem o iodeto, chamado de NIS (sigla
do simporte para o iodo).
A tireoglobulina entra no coloide por exocitose. A recuperação da tireoglobulina é pela
endocitose.
O T3 e o T4 deixam a célula quando a tireoglobulina é endocitada de volta para célula, ela
funde a vesícula onde ela está junto com o lisossoma e é degradada restando T3 e T4 livres
que, por ser lipossolúveis, vão via difusão simples para o plexo capilar – tudo isso é
controlado pelo hormônio da hipófise anterior que é o TSH, que por sua vez é controlado
pelo hormônio do hipotálamo que é o TRH.
Se a dieta de uma pessoa é pobre em iodo, ou seja, se a pessoa não comer sal de jeito nenhum
e não mora em uma região de praia, a produção de tiroxina (T4) vai cair pois apesar de haver
as moléculas de tireoglobulina não há iodo para ligá-los, formando uma grande quantidade de
iodotirosina. Ou seja, irá ocorrer um hipotiroidismo por falta de iodo na dieta.
O T4 é um precursor circulante pouco ativo. A formação do T3 reverso pelo T4 é um ajuste
fino para manter a regulação da quantidade hormonal de T3.
Glândula Adrenal
A adrenal tem uma irrigação dupla: artérias corticais longas que formam redes capilares
somente na medula e artérias corticais curtas que formam redes capilares no córtex e na
medula.
Cada camada da adrenal produz um hormônio diferente (córtex):
● Zona glomerulosa: aldosterona – envolvida no balanço de sódio e potássio; o aumento
de potássio e diminuição de sódio estimulam a secreção desse hormônio; a
aldosterona estimula os rins para aumentar a secreção de potássio de urina e
reabsorção de sódio; a aldosterona pode ser estimulada por uma queda de pressão.
● Região fasciculada: cortisol – regulado pelo eixo hipotálamo-hipófise-SNC; secretado
mediante à uma série de estímulos como estresse físico, emocional, ambiental, dor,
hipoglicemia; SNC é estimulado - CRH (hipotálamo) - adenohipófise (ACTH); a
dexametasona é um glicocorticóide sintético com a função análoga ao cortisol; o
cortisol tem ações metabólicas, ações sobre o sistema imune e outros sistemas;
quanto mais cortisol a gente tem na circulação, mais inibição do eixo HPA; fígado -
estimula gliconeogênese; músculo - estimula a proteólise [utilizada para a
gliconeogênese]; estimula a lipólise [utilizada para a gliconeogênese]; inibe a
captação de glicose nesses tecidos citados anteriormente; é um hormônio com efeito
protetor contra a hipoglicemia; quando há um organismo com muito cortisol, vamos
ter uma proteólise muito acentuada, ou seja, perda de massa magra, ao mesmo tempo
essa alta exposição ao cortisol induz uma lipólise em algumas áreas periféricas e
também a lipogênese em áreas mais centrais (síndrome de Kushin - perda de massa
magra e redistribuição de gordura no organismo).
O cortisol também é um regulador do sistema imune que possui, principalmente, ação
antiinflamatória e imunossupressoras. Por essa razão, a dexametasona pode ser usada
nos casos mais graves de COVID-19. O cortisol também pode inibir a absorção de
cálcio intestinal, aumenta a excreção de cálcio pelos rins, diminui a ação de
osteoblastos e reduz a deposição da matriz óssea - contribui para a perda óssea.
O cortisol é importante durante o período de formação fetal em relação aos pulmões
do feto [surfactante - abertura do alvéolo]. No caso de risco de trabalho de parto
prematuro a mulher pode tomar uma injeção de cortisol semanalmente que diminui os
impactos dessa síndrome respiratória do recém nascido.
● Zona reticulada: endógenos – DHEA, androstenediona e testosterona (pequena
quantidade); os dois primeiros são endógenos fracos mas podem ser transformados
em endógenos fortes como testosteronas nos tecidos periféricos.
O DHEA é uma andrógeno secretado pela adrenal do feto e convertido em estrógeno
pela placenta, contribui com os níveis de estrógeno durante a gestação. O DHEA sofre
uma alteração durante a idade: durante a gestação os níveis estão altos [conversão em
estrógeno], após o nascimento os níveis abaixam, durante a puberdade esses níveis
aumentam [convertido em andrógenos mais potentes nos tecidos periféricos -
adrenarca; marco do início da puberdade] / em homens estimulam o crescimento dos
pelos em regiões axilares, após a puberdade a adrenal perde essa função pois a
produção de andrógenos passa a ser produzida primariamente pelos testículos / em
mulheres a adrenal tem uma ação mais pronunciada na ação de andrógenos,
principalmente de andrógenos para tecidos periféricos; a adrenal passa a ser uma fonte
maior de andrógenos e estrógenos após a menopausa.
Todos os hormônios da adrenal são derivados do colesterol, são hormônios esteroidais e sua
síntese é regulada pela maquinaria enzimática que cada um apresenta.
Para exercer suas atividades anabólicas, a insulina atua em diversos órgãos como fígado,
intestino e músculos – tecidos relacionados ao metabolismo intermediário. Após uma
refeição, quando há uma ingestão grande de carboidratos, a insulina aumenta em resposta à
elevação da glicose sanguínea; o hormônio atua promovendo uma imediata captação da
glicose e sua estocagem como o glicogênio hepático e muscular. O glicogênio é um polímero
de moléculas de glicose, dessa forma, quando há a diminuição dos níveis de glicose, a
insulina diminui, levando à degradação de glicogênio hepático e consequente liberação de
glicose na corrente sanguínea.
O glicogênio muscular e das células de outros tecidos são utilizados localmente.
As células do SN possuem alta permeabilidade à glicose e não dependem da insulina para seu
transporte. Essas células muito raramente utilizam outro substrato para a produção de energia
se não a glicose, o que torna essencial a constante manutenção da sua concentração no
sangue.
Em situações de hipoglicemia, as funções cerebrais ficam drasticamente prejudicadas,
podendo levar à perda de consciência e eventualmente ao coma.
Nos adipócitos, células do tecido adiposo, a insulina estimula a lipogênese e inibe a atividade
da lipase hormônio sensível, uma enzima que catalisa a quebra dos triglicerídeos
armazenados nos adipócitos, logo, quando há uma deficiência de insulina, há um aumento da
liberação de ácidos graxos livres no sangue, que servirão como substrato para atividades
metabólicas principalmente substrato energético para os músculos.
A insulina também possui efeitos na síntese e armazenamento de proteínas. Nas células, ela
aumenta a captação de aminoácidos, estimula a síntese protéica e inibe o catabolismo, o que
fomenta a retenção e suprime a liberação de aminoácidos e proteínas pelas células. Esse
efeito é importante principalmente nos músculos, onde a função é dependente da densidade
de fibras musculares.
Os aminoácidos são utilizados como substrato preferencial da gliconeogênese – como a
insulina inibe a degradação de proteínas e sua consequente liberação de aminoácidos pelas
células e tecidos, pode-se dizer que ela também suprime a gliconeogênese no fígado. Em
suma, a insulina eleva a formação de proteínas e inibe a sua degradação.
A secreção e atividade da insulina é controlada em diversos níveis por hormônios,
neurotransmissores e pelas concentrações de macronutrientes na circulação.
O fígado tem uma capacidade proliferativa muito grande, mais até do que um tumor. A
regeneração hepática é fisiológica e regulada. Os receptores de insulina que translocam para o
núcleo são importantes para regular a ação mitogênica da insulina.