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Alarice Figueiredo Sato: Transtorno Obsessivo Compulsivo

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ALARICE FIGUEIREDO SATO

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO:


VISÃO PSICOLÓGICA E VISÃO PSIQUIÁTRICA

Campo Grande, MS
2020
ALARICE FIGUEIREDO SATO

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO:


VISÃO PSICOLÓGICA E VISÃO PSIQUIÁTRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Anhanguera Uniderp, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Psicologia.

Orientador: Amanda Mattos

Campo Grande, MS
2020
ALARICE FIGUEIREDO SATO

TRANSTORNO OBSESSIVO COMPULSIVO

VISÃO PSICOLÓGICA E VISÃO PSIQUIÁTRICA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Anhanguera Uniderp, como
requisito parcial para a obtenção do título de
graduado em Psicologia.

BANCA EXAMINADORA

Prof(a). M.a Cleudimara Sanches Sartori Silva

Prof(a). M.a Giuliana Elisa dos Santos

Prof(a). M.a Fernanda Corrêa Galvão Moraes

Campo Grande, dia 19 de junho de 2020.


AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais Antonio e Cleonice, pelo o apoio e


incentivo em persistirem comigo nessa longa jornada dos cinco anos de curso.
Ao companheirismo de meu esposo, André, ao suporte com meu filho de minha
sogra Mieko e avó Carmen, e minhas amigas e colegas de curso, aos quais
compartilharmos muitas alegrias e muitos momentos de dificuldades encontrados
nesse longo período de formação.
Agradeço aos meus professores, pois suas contribuições foram fundamentais e
essenciais na minha formação profissional. A dedicação, compreensão e o
conhecimento aos quais nos fora passado aos longos desses anos. Agradeço
principalmente aos mestres: Marly Bigattão (docente e Gestalt terapeuta) por todos os
conhecimentos teóricos e práticos transmitindo seu amor pelo conhecimento e em
ensinar; Graciela Delmondes (docente e psicanalista) por todo seu carinho em nos
ensinar com seu jeito único; Avany Leal (docente) pela a experiência em
psicopatologia e em neuropsicologia a qual me desperta o interesse na qual tornava
meus dias mais alegres e cativantes, e por fim e não menos importante, a minha
orientadora, Amanda Mattos, que sem as suas orientações e conhecimento, o
caminho para a conclusão do presente trabalho seria mais difícil, então, meu muito
obrigada!
“Um dia, quando olhares para trás, verás que os dias
mais belos foram aqueles em que lutaste”.
(Sigmund Freud)
SATO, Alarice Figueiredo. Transtorno Obsessivo Compulsivo: Visão Psicológica e
Visão Psiquiátrica. 2020. 22 fls. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Psicologia) – Universidade Anhanguera Uniderp, Campo Grande, 2020.

RESUMO

O tema “O Transtorno Obsessivo Compulsivo: Visão Psicológica e Visão Psiquiátrica”


descrito no decorrer do artigo proposto foi escolhido a fim de conhecer melhor ambas
as visões, bem como a atuação de cada profissional em sua área, tanto o psicólogo,
quanto o psiquiatra, assim como sua importância na atuação em campo com o
paciente de Transtorno Obsessivo Compulsivo. Devido serem profissionais que visam
a área da saúde com dissimilitudes, conhecimentos e métodos dissemelhantes, mas
que juntos somam no tratamento, melhorando e buscando sua subsistência do
paciente com o transtorno descrito (transtorno obsessivo compulsivo), então, desta
forma faz-se necessário um conhecimento mais elaborado e abrangente perante
ambos os profissionais. O artigo é voltado para a área da saúde, onde buscou
compreender a importância da atuação do psicólogo e do psiquiatra e suas
diferenciações. A metodologia utilizada foi a revisão bibliográfica a partir de materiais
científicos já desenvolvidos, constituído principalmente por livros e artigos.

Palavras-chave: Transtorno Obsessivo Compulsivo; Visão Psicológica; Visão


Psiquiátrica; Importância da Atuação; Diferenciações.
SATO, Alarice Figueiredo. Obsessive-Compulsive Disorder: psychological view and
psychiatric view 2020. 22. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em
Psicologia) – Universidade Anhanguera Uniderp, Campo Grande, 2020.

ABSTRACT

The theme “Obsessive Compulsive Disorder: Psychological Vision and Psychiatric


Vision” published in the published article was chosen as an end to get to know the best
views, as well as the performance of each professional in his area, both the
psychologist and the psychologist, as well as his importance in acting in the field with
the patient Obsessive Compulsive Disorder. They can be considered professionals
who aim at a health area with dissimilarities, knowledge and methods of use, but
together add up to treatment, improving and seeking their subsistence of the patient
with obsessive compulsive disorder, so, in this way more elaborate and comprehensive
knowledge, both professionals. The article is focused on a health area, where you seek
to understand the importance of the role of the psychologist and the psychiatrist and
their differences. The methodology used was a bibliographic review based on scientific
materials already developed, consisting mainly of books and articles.

Key-words: Obsessive-compulsive disorder; Psychological Vision; Psychiatric


Vision; Importance of Performance; Differentiations.
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 9
2. FUNCIONAMENTO E TRATAMENTO DO TRANSTORNO OBSESSIVO
COMPULSIVO .......................................................................................................... 11
3. OLHAR DA PSICOLOGIA NO TOC X OLHAR DA PSIQUIATRIA NO TOC ...... 14
4. PSICÓLOGO E PSIQUIATRA NO TRATAMENTO DO INDIVÍDUO COM TOC17
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 20
REFERÊNCIAS......................................................................................................... 21
9

1. INTRODUÇÃO

O Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é destacado como uma


ambivalência que atua em toda a vida do indivíduo, interferindo no seu dia a dia, desde
os menores aspectos, causando tanto sofrimento pessoal quanto social, onde o
mesmo tem a percepção real da situação, reconhecendo a excessividade e
irracionalidade das mesmas, porém não conseguindo controlar a carga excessiva de
ansiedade, se submetendo assim aos designíos do Transtorno (BERGERET 2005).
Nota-se que é de extrema importância a participação de psicólogos e
psiquiatras perante o indivíduo diagnosticado com transtorno obsessivo compulsivo,
a fim de ajudar com suporte emocional e medicamentoso, seja em intervenções
individuais ou grupais, onde ambos os profissionais trabalham de forma
multidisciplinar.
A pesquisa sobre o tema se deu em virtude de elucidar a forma de atuação
tanto do psicólogo quanto do psiquiatra. Devido a serem áreas diferentes, mas que
uma não funciona sem a outra perante o tratamento do portador de transtorno
obsessivo compulsivo, faz-se necessário um conhecimento mais elaborado perante a
atuação de ambos os profissionais.
No âmbito social, a pesquisa possui o intuito de acarretar uma discussão e, de
modo consequente, a compreensão da atuação dos profissionais citados, a luz da
teoria da Psicologia e do embasamento psiquiátrico, facilitando o entendimento, e
possibilitando uma compreensão de ambas as áreas.
Devido a psicologia e a psiquiatria serem áreas diferentes, qual a importância
de ambos os profissionais, tanto o psicólogo quanto o psiquiatra no tratamento do
indivíduo com TOC? Buscou-se responder a essa questão ao longo do proposto
trabalho, tendo como norte o objetivo geral a importância do trabalho do Psicólogo e
Psiquiatra frente ao portador de TOC, além dos seguintes objetivos específicos:
conceituar o Transtorno Obsessivo Compulsivo, diferenciar o trabalho do Psicólogo e
do Psiquiatra em Pacientes com TOC, compreender a importância de ambos os
profissionais tanto o Psicólogo tanto o Psiquiatra no tratamento do portador de TOC.
Foi utilizada a revisão bibliográfica como metodologia qualitativa e descritiva,
que definido por Gil (2008) é elaborada a partir de materiais científicos já
desenvolvidos, constituído principalmente por livros e artigos. Os referenciais
estudados consideraram artigos e periódicos elaborados em um prazo de no máximo
10

trinta e cinco anos, e outras normativas e referências como livros de autores referentes
ao tema. A pesquisa direcionou-se através das palavras-chave: Transtorno
Obsessivo Compulsivo, atuação do Psicólogo, atuação do Psiquiatra, atuação dos
profissionais.
11

2. FUNCIONAMENTO E TRATAMENTO DO TRANSTORNO OBSESSIVO


COMPULSIVO

O Transtorno Obsessivo Compulsivo foi detectado pelo Francês Étienne


(1968), mas sua primeira ocorrência foi por em torno de um século á mais atrás, onde
foi realizado por Bear (1994) sendo um dos transtornos com manifestações neuróticas
que mais atraia interesse sendo muito enriquecida nos seus conteúdos de
simbologias, mas a sua origem ainda se encontra desconhecida entre sua extrema
complexidade.
Segundo Garcia (2006), sua causa pode estar ligada a situações como
influências nos neurotransmissores conhecidos como dopamina e serotonina, onde
interfere também no equilíbrio, acarretando alterações no apetite, humor e sono, uma
doença que anteriormente era detectada como rara, hoje tem seus números
aumentando cada vez mais, a mesma tem seu surgimento na infância onde pode
acarretar também a adolescência.
A hereditariedade está associado á sua etiologia, encontrando três fenótipos
do mesmo, sendo: TOC associado a tique que é onde seus sintomas são em uma
idade mais precoce tendo suas comorbidades classificadas diferentes e se
associando predominantemente ao sexo masculino; o TOC esporádico que é onde
não há casos do transtorno na família; e o TOC tendo sua história familiar positiva, ou
seja, onde há casos de hereditariedade de TOC na família.
De acordo com Barlow (1999) podemos perceber que quando ocorrido na fase
da infância, na qual a incidência habitualmente é em homens, costuma atrapalhar no
desenvolvimento psicossocial, atrapalhando na fase escolar e afetando o seu
desempenho, já na fase adulta na qual os mais acometidos são nas mulheres,
frequentemente atrapalha na questão financeira, acometendo perda de emprego e
dificuldades em relações conjugais.
O transtorno em si, é um quadro psiquiátrico onde suas principais
características são duas, um pensamento obsessivo e um comportamento
compulsivo, que segundo o DSM-V (2014) essas características são extremamente
severas que consomem totalmente o portador da mesma. A sua qualidade de vida é
mais breve, e com o decorrer da mesma, encontra prejuízos tanto sociais quanto
profissionais.
12

O TOC é um distúrbio gerado por pensamentos compulsivos, designado por


crises recorrentes de obsessões e compulsões gerando ansiedade que causa
desconforto, se utilizando de ações ou pensamentos na tentativa de neutralizar ou
excluir o determinado desconforto. Um fenômeno que atormenta milhares de pessoas
em todo o mundo, sendo que em alguns casos pode ser mais grave e em outros,
podendo ser menos perceptível (TORRES; PRINCE, 2004). É um transtorno mental
grave incluído no DSM V no Transtorno Obsessivo-compulsivo e Transtornos
Relacionados. (DSM V, 2014).
A forma de enxergar e interpretar a realidade também se encontra distorcida
no portador do TOC, onde o mesmo exagera situações como de risco, de
responsabilidade e as consequências.
O transtorno obsessivo compulsivo pode se manifestar em qualquer idade,
independente da classe social, porém no sexo masculino a tendência é de aparecer
mais cedo, sendo ocorrido na infância, já no sexo feminino a tendência é de aparecer
mais na fase adulta (CAMPOS, 2001).
De acordo com Barlow (1999) podemos perceber que quando ocorrido na fase
da infância, na qual a incidência habitualmente é em homens, costuma atrapalhar no
desenvolvimento psicossocial, atrapalhando na fase escolar e afetando o seu
desempenho, já na fase adulta na qual os mais acometidos são nas mulheres,
frequentemente atrapalha na questão financeira, acometendo perda de emprego e
dificuldades em relações conjugais.
Pensando nisso, mesmo com a tipicidade dos sintomas do transtorno, ainda
se leva de dez a mais anos para diante de seu surgimento e seu diagnóstico
adequado, o receio das pessoas em expor ou expressar seus sintomas, por medo e
vergonha e até mesmo por pensarem ser normal, dificulta também no tratamento em
si (SHAVITT, 2003).
Para melhor entendermos o tratamento, visamos conhecer o trabalho do
psicólogo e do psiquiatra em pacientes com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC)
é importante ressaltar o foco geral de ambas as práticas, sendo ambos especialistas
da saúde mental com potencial para tratar questões do emocional, do mental e do
físico atuando de forma preventiva e curativa.
Para Mesquita (2018) o psicólogo é um profissional que tem permissão para
trabalhar com o comportamento e os processos mentais, em torno dos problemas que
estão ligados a mente atuando através da fala e da observação, podendo haver
13

inserção da aplicação de testes, havendo áreas e linhas de pensamento onde o


mesmo pode se especializar. Já o psiquiatra é um profissional com formação em
medicina e especialização na psiquiatria, trabalhando desta forma na identificação e
diagnóstico de transtornos mentais trabalhando com a parte medicamentosa do
tratamento. Desta forma, ambas as práticas podem trabalhar em conjunto atuando de
forma que um tratamento consiga apoiar o outro de forma que use os inibidores da
recaptação da serotonina atuando nos neurotransmissores conseguindo assim reduzir
os sintomas obsessivos-compulsivos.
Segundo Cordioli (2004),desta forma a psicologia entra de forma mais eficaz
com a técnica da terapia Cognitivo-Comportamental, com mais ênfase na técnica de
exposição e prevenção de respostas onde o paciente é exposto a situações que lhe
causam temor, o estimulando ao enfrentamento do mesmo conhecida como (EPR)
juntamente com a medicação adotada da parte da psiquiatria. De acordo com Heldt
(2008), o psiquiatra entra com a ação medicamentosa conhecida como
antidepressivos que foram descobertos não muito recente sobre a sua ação
antiobsessiva sendo a Fluoxetina, Sertralina e o Citalopran. Essas drogas quando
atuando para o Transtorno Obsessivo Compulsivo, são administradas em doses muito
mais elevadas e o seu tempo médio de atuação no tratamento é de doze semanas,
sendo em alguns casos administrados até dois tipos de drogas. A melhora vem de
forma gradual e os sintomas não são eliminados e sim reduzidos de forma a ajudar o
paciente a obter uma qualidade de vida melhorada, conseguindo desta forma a
abordagem psicológica atuar com mais eficácia se tratando de um trabalho
multidisciplinar entre o psicólogo e o psiquiatra, onde ambos conseguem atuar em
conformidade, inibindo e reduzindo as obsessões e compulsões de pessoas com
Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC).
14

3. OLHAR DA PSICOLOGIA NO TOC X OLHAR DA PSIQUIATRIA NO TOC

Para entender o Transtorno Obsessivo Compulsivo é importante reportar sua


subdivisão. A sua qualidade de vida é mais breve, e com o decorrer da mesma,
encontra prejuízos tanto sociais quanto profissionais, é importante sabermos o que é
obsessão, que são ideias e imagens que invadem insistentemente a mente do
indivíduo de forma incontrolável, onde o mesmo perde o domínio sob tal, sendo as
compulsões pensamentos que são conscientes e frequentes que surgem de forma
para aliviar as obsessões, como as ações repetitivas, tais ações são suficientemente
severas para consumir muito tempo do indivíduo onde atrapalha a vida do
diagnosticado com TOC (CHAMBLESS, 2010).
Cordioli (2002) mostra que o TOC interfere de forma evidenciada na vida da
família, que de certa forma também se tornam escravos dos sintomas, onde precisam
modificar suas rotinas, se reprimirem a sua vida social, onde acaba por acarretar
conflitos no âmbito na qual o indivíduo e sua família têm suas vivências diárias, a falta
de compreensão dos demais e até mesmo conscientização atrapalha o progresso do
desenvolvimento terapêutico do mesmo, sendo assim, onde se insere a família
também no tratamento. A algum tempo atrás, o TOC (transtorno obsessivo
compulsivo) era considerado um transtorno de difícil tratamento, onde os estudos
sobre o mesmo não tinham uma ampla área, e até mesmo não era visto como uma
patologia. Nas últimas três décadas ocorreu uma mudança de forma radical com a
introdução de métodos de tratamento onde o TOC nasceu e começou a ser visto como
uma patologia.
Segundo Clarck (1986), na Psicologia, a terapia de exposição e prevenção de
respostas (EPR), ou a terapia cognitivo-comportamental (TCC) trabalham de forma a
reelaborar esse paciente para o que lhe acomete os conflitos com a compulsão e a
obsessão.
Meyer (1986) através dos experimentos que foram realizados com ratos, onde
na qual foi trabalhado comportamentos de evitação, devido a traumas que
ocasionaram medos que foram adquiridos através do mesmo experimento, conseguiu
tratar com grande vitalidade pacientes diagnosticados com TOC, através de um
experimento semelhante, onde a mesma os expunha, os colocando em situações que
não lhes agradava, ocasionando a ansiedade, que na qual se chama de exposição,
no mesmo momento eram observados para que desta forma os impedissem de causar
15

a prevenção, onde ocorre a tal EPR, sendo reconhecido como o primeiro tratamento
eficaz para o TOC (transtorno obsessivo compulsivo). Foi um tratamento eficaz, porém
não o utilizaram logo na época, tendo sido utilizado apenas anos após sua
demonstração de eficácia.
Marks (1997) explica que a terapia de EPR é eficaz com uma base de 70% a
mais de eficácia nos pacientes que aderiram ao tratamento, sendo um tratamento mais
eficaz para pacientes com predominância de rituais ou sintomas onde sua intensidade
é leve ou moderada.
Steketee (1997) verificou que apesar da grande eficácia no tratamento de EPR,
muitos pacientes não conseguiram aderir ou mesmo, não obtendo resultados com o
mesmo e até acabavam por abandonar o tratamento, desta forma, os autores
cognitivos distorceram seus estudos para os pensamentos que eram distorcidos e em
suas crenças, com maior ou menor intensidade nos indivíduos com TOC, desta forma,
seis domínios se destacaram: sobrevalorizar o risco, o dote de seus pensamentos e a
necessidade que tem de o controlar, a responsabilidade, o anseio pela certeza em
tudo e o perfeccionismo com o seu redor. Desta forma a teoria cognitiva desenvolveu
instrumentos que trabalham a intensidades das crenças que estão em disfunção no
TOC (transtorno obsessivo compulsivo).
Beck (1998) afirma que a descrição da técnica da TCC no transtorno obsessivo
compulsivo se baseia na avaliação do paciente, onde ocorre o seu diagnóstico e surge
a montagem de seu tratamento e as contra indicações do mesmo. Feito isso, se vai
para a faze inicial do tratamento na qual o paciente passa por uma psicoeducação,
identificação de seus sintomas, listagem dos mesmos, avaliação da intensidade dos
sintomas, intensificação dos sintomas, introdução dos exercícios de EPR e tarefas e
introdução das técnicas cognitivas. O próximo passo é a fase intermediária, onde o
paciente já se encontra com as atividades de EPR e se dá continuidade as mesmas
assim como os exercícios cognitivos também, desta forma ocorre um monitoramento
e reforço das técnicas que são as cognitivas e comportamentais. O próximo passo
seria a alta, onde ocorre a prevenção para não ocorrer recaídas e agendamento de
terapias de manutenção que é onde se monitora e acompanha o paciente após sua
alta.
Já na psiquiatria, Versiani (2007) salienta que o tratamento se dá com os
inibidores de recaptação de serotonina (IRS), na qual tem o nome de tratamento de
primeira linha, são medicamentos antidepressivos que nele está incluído os inibidores
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seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) e a clomipramina. Por outro lado, entra


em questão os efeitos colaterais que grande parte dos fármacos causam, os mais
comuns causados com o uso destas medicações está náuseas, dor de cabeça e
insônia. As doses recomendadas para os pacientes com TOC (transtorno obsessivo
compulsivo), geralmente são superiores ao tratamento de transtorno depressivo
comum. A clomipramina atua em vários sistemas de neurotransmissores, atuando
melhor no transportador de serotonina do que os outros antidepressivos, desta forma,
tendo uma melhor inibição na captura da serotonina. Como seu efeito colateral tem
maior incidência, acabou perdendo espaço no tratamento de primeira linha, abrindo
terreno para os inibidores seletivos de recaptação de serotonina (ISRS) no tratamento
de primeira linha.
Para Lopes (2007) o TOC tem por costume ser crônico, se iniciando muitas
vezes na infância ou até mesmo na adolescência, isso causa uma demora ao se
perceber o transtorno, demorando a busca pelo tratamento, e ao se procurar, o tempo
de evolução já foi longo, fazendo com que isso cause uma resposta mais lenta ao
tratamento, mas de modo geral se percebe a melhora após um mês de tratamento, e
quando não havendo alguma melhora visível, ocorre o aumento da dose
medicamentosa até a máxima recomendada por dois á três meses, evitando desta
forma a mudança de medicação quando a resposta ao primeiro medicamento não foi
totalmente satisfatória.
Conforme Lopes (2001), o TOC é um transtorno que exige um tratamento de
longo prazo, até porque a eficácia medicamentosa não funciona sem o tratamento
psicoterápico trabalhando em conjunto, ambas as visões se completam e suportam o
tratamento do paciente de transtorno obsessivo compulsivo.
17

4. PSICÓLOGO E PSIQUIATRA NO TRATAMENTO DO INDIVÍDUO COM TOC

Para melhor entendermos o trabalho do psicólogo e do psiquiatra em pacientes


com Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) é importante ressaltar o foco geral de
ambas as práticas, sendo ambos especialistas da saúde mental com potencial para
tratar questões do emocional, do mental e do físico atuando de forma preventiva e
curativa.
Segundo Cordioli e Braga (2011) a realidade do TOC de difícil tratamento se
modificou através dos métodos efetivos de tratamento, como a terapia cognitivo
comportamental (TCC), a terapia de exposição e prevenção de respostas (EPR) e
também dos medicamentos antidepressivos e antiobsessivos. O maior suporte para o
tratamento do TOC tem sido a terapia cognitivo comportamental (TCC) com seu índice
de maior eficácia.
Gropo (2015) defende que a terapia cognitivo comportamental (TCC), tem sido
um tratamento de primeira escolha para o transtorno, estando ela relacionada ao uso
dos fármacos ou não. As obsessões e as compulsões tem origem das crenças, e a
intensidade das mesmas que causa o desenvolvimento dos sintomas de obsessão e
compulsão. Diferente de outrem, o indivíduo com TOC vê os conteúdos de forma que
os internaliza, que acaba fazendo deles obsessões, e para se livrarem do mesmo
desencadeiam os tais rituais compulsivos.
Cordioli (2004) diz que a terapia cognitiva comportamental é uma psicoterapia
breve, focal e estruturada. Para o tratamento as suas técnicas são cognitivas e
comportamentais, destacando etapas a serem seguidas para a TCC no tratamento do
TOC: avaliação e indicação do tratamento, motivação e absorver suas informações
psicoeducativas e estabelecer e relação terapêutica, treinamento para a identificação
dos sintomas, listagem dos sintomas pelo grau de aflição, sessões de terapia, técnicas
como a de exposição e prevenção de resposta (EPR), modelação, estratégias criadas
para o tratamento das obsessões, prevenção, alta e terapia de manutenção.
Cordioli (2004) afirma que na avaliação é feita uma entrevista que é semi-
estrutarada, onde o profissional de psicologia tem em foco a identificação de todos os
sintomas e suas manifestações, assim como os fatores provocadores das mesmas
visando eliminar os fatores que impedem a evolução da terapia.
Para Cordioli (2004) na sessão de terapia, o profissional deve iniciar sempre
checando os sintomas e o humor do paciente, revisando as tarefas de casa e
18

checando os registros de pensamentos dialogando sobre as dificuldades que foram


encontradas para a atuação das atividades propostas, onde também ocorre a
correção das disfuncionalidades, estabelecendo novas atividades .
Segundo Knapp (2004) a psicoeducação leva o profissional a objetivar o
paciente sobre todas as informações do TOC e sobre seu tratamento com a terapia
cognitivo comportamental, assim como o profissional também leva a conscientização
sobre o transtorno em si para a família, os psicoeducando.
Para Cordioli e Filho (1998) ter uma aliança terapêutica estabelecida com o
paciente é fundamental para o desenvolvimento do trabalho, como a terapia cognitivo
comportamental é uma terapia que exige total participação do paciente assim como
disposição do mesmo, ter a aliança estabelecida é o foco principal e feito isto se cela
o contrato terapêutico tendo o paciente aceitado iniciar o tratamento.
Cordioli e Braga (2011) mostra que listar os sintomas é o ponto de partida para
iniciar o tratamento elevando a terapia para o sucesso. A lista é o paciente quem a
monta, onde o terapeuta pode ajudar na sua execução, servindo para dar suporte no
planejamento do tratamento. Listar e Classificar os sintomas faz com que o terapeuta
consiga trabalhar começando pelos sintomas mais leves, tratando sucessivamente
cada sintoma conforme a sua classificação, fazendo desta forma com que o paciente
enxergue seu potencial em se livrar dos mesmos. A principal técnica comportamental
que o profissional utiliza no tratamento do TOC é a terapia de exposição e prevenção
de resposta (EPR), porém, também se faz uso das técnicas de automonitoramento,
modelação e os testes comportamentais.
Uma das causas do TOC para Cordioli (2008), são de fatores neurobiológicos,
devido a isso o psiquiatra faz o uso dos fármacos antiobsessivos havendo por vezes
uma combinação com antidepressivos que ajudam na elevação do nível de serotonina
nas sinapses nervosas devido a inibição da receptação dentro do neurônio
conseguindo desta forma fazer a diminuição da intensidade dos sintomas obsessivos
compulsivos.
A associação das técnicas do psicólogo com as técnicas do psiquiatra
possibilita maior eficácia no tratamento, mas o uso dos medicamentos causa uma
certa resistência nos pacientes devido a anseios em poder se tornar dependente dos
psicofármacos, onde se encaixa a psicoeducação com o trabalho do psiquiatra. Cabe
ao psiquiatra ver em quais casos a medicação é cabível, como em pacientes com TOC
19

grave ou com associação de comorbidades associada ao transtorno obsessivo


compulsivo como transtornos psiquiátricos. (CORDIOLI; FILHO, 1998).
Quando o paciente tem uma ascendência de obsessões, têm uma melhora
muito inferior só com o uso da terapia, entrando então o papel do psiquiatra com os
fármacos, como a citalopram, clomipramina, escitalopram, setralina e fluoxetina. A
clomipramina é um medicamento que está a mais tempo no mercado, porém seus
efeitos colaterais são superiores aos outros medicamentos, levando desta forma o
psiquiatra a ter preferência pelos outros medicamentos citados anteriormente
(CORDIOLI, 2008)
20

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho demonstra a importância do psicólogo e do psiquiatra no tratamento
de pacientes com transtorno obsessivo compulsivo (TOC), visto que são de áreas
diferentes, com técnicas diferentes, mas que juntos fazem a evolução do paciente
acontecer, preparando os mesmos para o seu dia a dia perante todas as dificuldades
causadas pelas obsessões e compulsões. Sendo assim, podemos afirmar que os
objetivos da pesquisa foram alcançados, já que a mesma respondeu o problema
proposto e trouxe embasamento para cada um dos objetivos específicos.
Ao finalizar a leitura do trabalho, fica claro entender o funcionamento do
transtorno obsessivo compulsivo (TOC), perante a visão de ambos os profissionais,
desde seus primórdios, dos trabalhos iniciais, e das pesquisas iniciais da área, até o
atual momento da atuação dos mesmos. A psicologia e a psiquiatria tiveram diversas
fases durante a sua evolução, sendo muitas delas retratadas na dissertação, citando
ainda pontos relevantes dessas fases.
Conclui-se que a diferença entre a psicologia e a psiquiatria, apesar de ser
grande, havendo olhares e métodos diferentes na forma de atuação de cada
profissional, um profissional soma com o outro profissional fazendo o tratamento
acontecer.
Além disso, baseando-se no estudo proposto, percebe-se que ambas as
práticas por mais diferentes que sejam, atuam de forma curativa e preventiva, a
psicologia com a terapia cognitivo comportamental e a psiquiatria com os fármacos,
ambos auxiliando para que o paciente com o transtorno obsessivo compulsivo,
consiga lidar com os seus sintomas.
21

REFERÊNCIAS

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Artmed, 1999.

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