Denunciacao Caluniosa
Denunciacao Caluniosa
Denunciacao Caluniosa
DENUNCIAÇÃO CALUNIOSA
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REPORTAGEM
DE CAPA
1ª alteração: foi substituída a expressão “in- E depois da Lei nº 14.110/2020? O art. 334 do CP ago-
vestigação policial” por “inquérito policial” ra fala expressamente em “dar causa à instauração
de inquérito policial”. Imagine que o Delegado receba
• Antes: era crime dar causa indevidamente à
uma notícia de crime. Ele, contudo, percebe que os
instauração de investigação policial.
indícios são frágeis e, em razão disso, decide fazer in-
• Agora: é crime dar causa indevidamente à vestigação preliminar antes da instauração do inqué-
instauração de inquérito policial. rito policial. Na investigação contata-se que a delação
foi feita por um inimigo do investigado que sabia da
O que era considerado investigação policial para os sua inocência. Haverá denunciação caluniosa mesmo
fins do art. 339 do CP? não tendo sido instaurado inquérito policial?
“Investigação policial” é uma expressão ampla, O tema certamente causará controvérsia, mas
que abrange a realização de quaisquer diligên- penso que sim. Isso porque, a despeito de não
cias feitas pela polícia com o objetivo de apurar a ter sido necessária a instauração de investigação
infração penal. policial, houve a realização de um “procedimento
investigatório criminal”.
Assim, configurava denunciação caluniosa a
conduta do agente que, mesmo sabendo que A nova redação do art. 334 do CP afirma que ha-
a pessoa era inocente, provocava a autoridade verá denunciação caluniosa no caso de o agente
policial que, em razão disso, iniciava diligências dar causa à instauração de “procedimento inves-
investigatórias preparatórias para apurar os tigatório criminal”, imputando-lhe crime de que o
fatos. O crime se consumava com o início dessas sabe inocente. Foi justamente esse o caso.
diligências, ainda que o Delegado decidisse nem
instaurar inquérito policial. Logo, penso que, a despeito de o tipo penal não
falar mais em “investigação policial”, não houve
Essa era a jurisprudência do STJ e a doutrina ma- mudança substancial considerando que a nova
joritária antes da Lei nº 14.110/2020: redação menciona a instauração indevida de
“procedimento investigatório criminal”, expressão
Para a configuração do crime previsto no
genérica que engloba a “investigação policial”.
artigo 339 do Código Penal, é necessário que
a denúncia falsa dê ensejo à deflagração de Para que ocorra o crime de denunciação caluniosa
uma investigação administrativa, sendo pres- é necessário o indiciamento?
cindível, contudo, que haja a formalização de
inquérito policial ou de termo circunstanciado. Para entendermos melhor, imagine a seguinte
situação hipotética:
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1849006/SP,
Rel. Min. Joel Ilan Paciornik, julgado em João compareceu até o Ministério Público e prestou
27/10/2020. depoimento alegando que foi torturado por Pedro.
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REPORTAGEM
DE CAPA
Ao final do inquérito, a autoridade policial ela- não se exige o indiciamento. Com a mera instau-
borou relatório no qual afirmou expressamente ração do inquérito policial, a estrutura estatal já
que estava deixando de fazer o indiciamento de foi acionada indevidamente, tendo sido violado
Pedro por ausência de crime. o bem jurídico protegido, razão pela qual restou
configurado o crime.
Ao receber o inquérito, o Promotor de Justiça
denunciou João pela prática do crime de denun- 2ª alteração: inserção do procedimento inves-
ciação caluniosa, tipificado no art. 339 do CP. tigatório criminal
João afirmou que realmente comunicou um crime • Antes: o art. 339 falava apenas em “investi-
que não ocorreu. Alegou, contudo, que Pedro não gação policial”, ou seja, investigação criminal
teve qualquer prejuízo, considerando que não foi conduzida pela Polícia.
indiciado pela autoridade policial. Desse modo,
argumentou que a sua conduta não se enquadra • Agora: é crime dar causa à instauração de
no art. 339, mas sim no delito do art. 340 do CP: procedimento investigatório criminal (ex-
pressão ampla que abrange investigações
Nesse exemplo, houve denunciação caluniosa? conduzidas pelo Ministério Público).
Antes da Lei nº 14.110/2020: SIM. Havia decisões Durante muitos anos houve um intenso debate se
do STJ nesse sentido: o Ministério Público poderia, ou não, diretamente,
instaurar investigação para apurar crimes.
Se, em razão da comunicação falsa de crime,
houve a instauração de inquérito policial, O tema só foi pacificado em 2015, quando o
sendo a falsidade descoberta durante os atos Plenário do STF afirmou que sim: STF. Plenário.
investigatórios nele realizados, o delito come- RE 593727/MG, rel. orig. Min. Cezar Peluso, red.
tido é o de denunciação caluniosa, previsto no p/ o acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em
art. 339 do CP. 14/5/2015 (repercussão geral) (Info 785).
O fato de o indivíduo apontado falsamente Como a redação anterior do art. 339 do Código
como autor do delito inexistente não ter sido Penal era do ano de 2000, época em que não
indiciado no curso da investigação não é mo- havia investigações conduzidas diretamente pelo
tivo suficiente para desclassificar a conduta MP, o tipo penal da denunciação caluniosa não
para o crime do art. 340. abrangia essa hipótese.
STJ. 6ª Turma. REsp 1.482.925-MG, Rel. Min. Se- Ocorre que o cenário mudou e passaram a ser
bastião Reis, julgado em 6/10/2016 (Info 592). realizadas diversas investigações criminais direta-
mente conduzidas pelo Ministério Público.
E depois da Lei nº 14.110/2020?
O tema encontra-se atualmente disciplinado pela
Sim. O entendimento continua o mesmo, ou seja, Resolução nº 181/2016, do Conselho Nacional
haverá o crime de denunciação caluniosa mesmo do Ministério Público, que traz regras para que
que, no curso do inquérito policial, não ocorra o o membro do Parquet instaure procedimento
indiciamento. investigatório criminal (conhecido pela sigla PIC):
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REPORTAGEM
DE CAPA
1ª) Sim. Seria possível com base em uma intepreta- O legislador atualizou o texto legal e passou a
ção extensiva da expressão “investigação policial”. prever expressamente que se alguém der causa
indevidamente à instauração de procedimento in-
2ª) Não. Admitir a denunciação caluniosa seria vestigatório criminal contra pessoa inocente, isso
realizar analogia in malan partem. caracteriza sim denunciação caluniosa.
Prevalecia a segunda corrente.
Essa mudança pode ser aplicada para fatos ocorridos antes de 21/12/2020 (data da entrada em vigor da Lei
nº 14.110/2020)?
Depende.
• Para aqueles que adotavam a 1ª corrente, sim. Isso porque a nova redação da Lei nº 14.110/2020 ape-
nas deixou claro algo que já era possível com base em uma interpretação extensiva. Assim, a nova Lei
apenas corroborou o entendimento que já deveria ser adotado.
• Para aqueles que adotavam a 2ª corrente, não. O argumento aqui já é o contrário. A Lei nº 14.110/2020 foi
necessária justamente porque antes não havia essa possibilidade. Desse modo, a instauração indevida de
PIC somente passou a ser considerada denunciação caluniosa para fatos ocorridos a partir de 21/12/2020.
Quando a nova redação do art. 339 do CP fala em “procedimento investigatório criminal”, isso abrange unica-
mente o procedimento conduzido pelo Ministério Público?
É certo que o objetivo principal da Lei nº 14.110/2020, ao inserir a expressão “procedimento investigatório
criminal” foi resolver a polêmica acima demonstrada e definir que a denunciação caluniosa abrange tam-
bém as investigações conduzidas pelo Ministério Público.
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REPORTAGEM
DE CAPA
Contudo, a redação utilizada pela Lei foi ampla e ao final, aplicar penalidade de advertência ou
não ficou restrita às investigações realizadas no suspensão de até 30 dias.
âmbito do Ministério Público.
Quando o art. 339 do CP falava dar causa à instau-
3ª alteração: a expressão “investigação admi- ração de “investigação administrativa”, isso abran-
nistrativa” foi substituída por “processo admi- gia a sindicância?
nistrativo disciplinar”
O STJ possuía o entendimento, antes da Lei nº
• Antes: o art. 339 utilizava a expressão “in- 14.110/2020, no sentido de que a instauração de
vestigação administrativa”. sindicância administrativa, com a prática efetiva
• Agora: a expressão foi alterada para “pro- de atos de investigação, visando à apuração dos
cesso administrativo disciplinar”. fatos, satisfaz o elemento objetivo do tipo pre-
visto no art. 339 do Código Penal. Nesse sentido:
Acepções do processo administrativo disciplinar STJ. 6ª Turma. HC 477.243/DF, Rel. Min. Sebastião
Reis Júnior, julgado em 23/04/2019.
A expressão “processo administrativo disciplinar”
pode ter duas acepções: E agora, com a alteração promovida pela Lei nº
14.110/2020? Dar causa à instauração indevida
1) Processo administrativo em sentido amplo;
de sindicância administrativa enseja a prática de
2) Processo administrativo propriamente dito (em denunciação caluniosa?
sentido estrito).
Penso que não. Entendo que, quando o art.
Processo administrativo disciplinar em sentido amplo 339 do CP, com a redação dada pela Lei nº
14.110/2020, menciona dar causa a processo
O processo administrativo disciplinar (em sentido administrativo disciplinar, ele está se referindo ao
amplo) divide-se em: processo administrativo disciplinar propriamente
dito (PAD). Logo, a instauração de mera sindicân-
• sindicância; cia não é suficiente para caracterizar o crime do
• processo administrativo disciplinar propriamen- art. 339 do CP.
te dito (PAD). 4ª alteração: denunciação caluniosa pela falsa
imputação de infração ético-disciplinar ou ato
Espécies de sindicância
ímprobo
Existem duas espécies de sindicância:
• Antes: só havia denunciação caluniosa
a) sindicância investigatória (preparatória): ins- com a falsa imputação de crime (caput) ou
taurada para servir como uma espécie de investi- contravenção penal (§ 2º).
gação prévia do fato. Nela não há contraditório e
• Agora: é possível também a denunciação
ampla defesa.
caluniosa pela falsa imputação de infração
b) sindicância de caráter punitivo (contraditória, ético-disciplinar ou ato de improbidade.
acusatória): ocorre quando é instaurada para
julgar o fato, conferindo contraditório e podendo,
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REPORTAGEM
DE CAPA
João, insatisfeito com decisão judicial proferida contra seus interesses, ingressa com reclamação discipli-
nar no Conselho Nacional de Justiça afirmando falsamente que, na audiência, foi humilhado pelo magis-
trado, que o teria tratado de forma descortês e com linguajar rude.
O art. 22 do Código de Ética da Magistratura Nacional prevê que o magistrado tem o dever de cortesia
para com as partes e todos quantos se relacionem com a administração da Justiça.
Diante disso, o CNJ instaurou processo administrativo disciplinar para apurar as alegações do reclamante,
tendo, contudo, ficado comprovado que o juiz não praticou a conduta imputada.
• Antes da Lei nº 14.110/2020: NÃO. Isso porque só havia denunciação caluniosa no caso de falsa imputa-
ção de crime. Tratar as partes com descortesia, apesar de se caracterizar como infração-ético disciplinar,
não configura, em princípio, crime.
• Depois da Lei nº 14.110/2020: SIM. Isso porque com a nova Lei a falsa imputação de infração ético-disci-
plinar passa a ser hipótese de denunciação caluniosa.
Ato ímprobo
Pedro, inimigo político de Roberto (Prefeito), procura o Ministério Público afirmando que o chefe do Poder
Executivo municipal praticou ato de improbidade administrativa. Ocorre que a imputação é falsa e Pedro
sabe que Roberto é inocente.
A grande dúvida sobre o tema está no fato de que o art. 11 da Lei de Improbidade Administrativa – LIA
(Lei nº 8.429/92) traz uma disposição semelhante:
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de improbidade contra agente público ou terceiro
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe inocente.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante está sujeito a indenizar o denunciado pelos
danos materiais, morais ou à imagem que houver provocado.
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REPORTAGEM
DE CAPA
Vigência
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
Os estados-membros detêm compe- É constitucional a previsão contida
tência administrativa para explorar na Resolução nº 40/2009-CNMP, no
loterias sentido de que os cursos de pós-gra-
duação podem ser considerados
A competência da União para legislar ex-
clusivamente sobre sistemas de consórcios como tempo de atividade jurídica
e sorteios, inclusive loterias, não obsta a para fins de concurso público no âm-
competência material (administrativa) para bito do MP
a exploração dessas atividades pelos entes
estaduais ou municipais, nem a competência Cursos de pós-graduação (especialização,
regulamentar dessa exploração. mestrado e doutorado) podem ser conside-
rados como tempo de atividade jurídica para
Os arts. 1º e 32, caput e § 1º, do Decreto-Lei
fins de concurso público?
204/1967 não foram recepcionados pela
Constituição Federal de 1988. • Para os concursos da Magistratura: NÃO. Isso
porque a Resolução nº 75/2009-CNJ não prevê.
STF. Plenário. ADPF 492/RJ, ADPF 493/DF e ADI
4986/MT, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgados • Para os concursos do Ministério Público:
em 30/9/2020 (Info 993). SIM. Existe previsão nesse sentido na Reso-
lução nº 40/2009-CNMP.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
A exigência de que o leiloeiro preste A EC 20/98 ampliou a proibição do
caução para o exercício da profissão trabalho infantil ao elevar de 14
é compatível com a Constituição, não para 16 anos a idade mínima permi-
havendo ofensa ao art. 5º, XIII, tendo tida para o trabalho; essa alteração
em vista que a garantia é necessária é constitucional e tem por objetivo
para resguardar eventuais danos ao proteger as crianças e adolescentes
patrimônio de terceiros
A norma fundada no art. 7º, XXXIII, da Cons-
Os arts. 6º a 8º do Decreto nº 21.981/1932 exi- tituição Federal, na alteração que lhe deu a
gem que o indivíduo que quiser exercer a pro- Emenda Constitucional 20/1998, tem plena
fissão de leiloeiro preste uma garantia (caução). validade constitucional. Logo, é vedado “qual-
quer trabalho a menores de dezesseis anos,
A exigência de garantia para o exercício da salvo na condição de aprendiz, a partir de
profissão de leiloeiro, prevista nos arts. 6º a 8º quatorze anos”.
do Decreto 21.981/1932, é compatível com o
art. 5º, XIII, da Constituição Federal de 1988. STF. Plenário. ADI 2096/DF, Rel. Min. Celso de
Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994).
Isso porque o leiloeiro lida diariamente com o
patrimônio de terceiros, de forma que a pres-
tação de fiança como condição para o exercí- Lei estadual pode exigir que, no ró-
cio de sua profissão busca reduzir o risco de tulo dos produtos alimentícios, seja
dano ao proprietário, o que reforça o interesse mencionada a presença de organis-
social da norma protetiva, bem como justifica
a limitação para o exercício da profissão. mo geneticamente modificado quan-
do o percentual existente no produto
STF. Plenário. RE 1263641/RS, rel. orig. Min.
Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Alexandre de
seja igual ou superior a 1%
Moraes, julgado em 9/10/2020 (Repercussão É constitucional norma estadual que dispõe
Geral – Tema 455) (Info 994). sobre a obrigatoriedade de rotulagem em
produtos de gêneros alimentícios destinados
Estado-membro não pode legislar ao consumo humano e animal, que sejam
constituídos ou produzidos a partir de orga-
sobre energia nuclear nismos geneticamente modificados, no per-
centual igual ou superior a 1%, no âmbito do
É inconstitucional norma estadual que dispõe
Estado federado.
sobre a implantação de instalações industriais
destinadas à produção de energia nuclear no É o caso, por exemplo, da Lei nº 14.274/2010,
âmbito espacial do território estadual. do Estado de São Paulo.
STF. Plenário. ADI 330/RS, Rel. Min. Celso de STF. Plenário. ADI 4619/SP, Rel. Min. Rosa We-
Mello, julgado em 9/10/2020 (Info 994). ber, julgado em 9/10/2020 (Info 994).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
É constitucional lei de iniciativa parlamentar que cria conselho de representan-
tes da sociedade civil com atribuição de fiscalizar ações do Executivo
Surge constitucional lei de iniciativa parlamentar a criar conselho de representantes da sociedade ci-
vil, integrante da estrutura do Poder Legislativo, com atribuição de acompanhar ações do Executivo.
STF. Plenário. RE 626946/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral –
Tema 1040) (Info 994).
A remoção ocorre antes da promoção por merecimento; a remoção não ocorre
antes da promoção por antiguidade
A promoção na magistratura por antiguidade precede a mediante remoção.
STF. Plenário. RE 1037926, Rel. Marco Aurélio, julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema
964) (Info 994).
A Lei nº 9.656/98 não pode ser aplicada aos contratos firmados anteriormente à
sua vigência
As disposições da Lei nº 9.656/98, à luz do art. 5º, XXXVI, da Constituição Federal, somente incidem
sobre os contratos celebrados a partir de sua vigência, bem como sobre os contratos que, firmados an-
teriormente, foram adaptados ao seu regime, sendo as respectivas disposições inaplicáveis aos benefi-
ciários que, exercendo sua autonomia de vontade, optaram por manter os planos antigos inalterados.
STF. Plenário. RE 948634, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/10/2020 (Repercussão Geral
– Tema 123) (Info 995).
Por esse motivo, a Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital - FENAFISCO não tem legitimida-
de para a propositura de ADI na medida em que constitui entidade representativa de apenas parte
de categoria profissional, já que não abrange os auditores fiscais federais e municipais.
STF. Plenário. ADI 6465 AgR/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2020 (Info 995).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
É constitucional o pagamento de ho- Inconstitucionalidade da Lei
norários sucumbenciais aos Procu- 13.269/2016, que autorizou o uso da
radores dos Estados, observando-se, fosfoetanolamina sintética
porém, o limite remuneratório pre-
É inconstitucional a Lei nº 13.269/2016, que
visto no art. 37, XI, da Constituição autorizou o uso da fosfoetanolamina sintética
(«pílula do câncer) por pacientes diagnostica-
É constitucional o pagamento de honorários
dos com neoplasia maligna mesmo sem que
sucumbenciais aos advogados públicos, ob-
existam estudos conclusivos sobre os efeitos
servando-se, porém, o limite remuneratório
colaterais em seres humanos e mesmo sem
previsto no art. 37, XI, da Constituição.
que haja registro sanitário da substância pe-
STF. Plenário. ADI 6159 e ADI 6162, Rel. Min. rante a ANVISA.
Roberto Barroso, julgados em 25/08/2020.
Ante o postulado da separação de Poderes,
É constitucional a percepção de honorários de o Congresso Nacional não pode autorizar,
sucumbência por procuradores de estados- atuando de forma abstrata e genérica, a distri-
-membros, observado o teto previsto no art. buição de medicamento.
37, XI, da Constituição Federal no somatório
Compete à ANVISA permitir a distribuição de
total às demais verbas remuneratórias recebi-
substâncias químicas, segundo protocolos cien-
das mensalmente.
tificamente validados. O controle dos medica-
STF. Plenário. ADI 6135/GO, ADI 6160/AP, ADI mentos fornecidos à população leva em conta a
6161/AC, ADI 6169/MS, ADI 6177/PR e ADI imprescindibilidade de aparato técnico especia-
6182/RO, Rel. Min. Rosa Weber, julgados em lizado, supervisionado pelo Poder Executivo.
19/10/2020 (Info 995).
O direito à saúde não será plenamente concre-
tizado se o Estado deixar de cumprir a obriga-
É possível o controle judicial dos ção de assegurar a qualidade de droga me-
diante rigoroso crivo científico, apto a afastar
pressupostos de relevância e urgên- desengano, charlatanismo e efeito prejudicial.
cia para a edição de medidas provi-
STF. Plenário. ADI 5501/DF, Rel. Min. Marco
sórias, no entanto, esse exame é de
Aurélio, julgado em 23/10/2020 (Info 996).
domínio estrito, somente havendo a
invalidação quando demonstrada a
inexistência cabal desses requisitos
Inexistindo comprovação da ausência de ur-
gência, não há espaço para atuação do Poder
Judiciário no controle dos requisitos de edição de
medida provisória pelo chefe do Poder Executivo.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
É inconstitucional lei estadual que Lei estadual pode prever que os ofi-
obriga as operadoras de telefonia a ciais de justiça também auxiliem nos
fornecer os dados de localização de serviços de secretaria da vara
celulares furtados ou roubados
É constitucional norma que inclui, entre as
São inconstitucionais normas estaduais que incumbências dos oficiais de justiça, a tarefa
imponham obrigações de compartilhamento de “auxiliar os serviços de secretaria da vara,
de dados com órgãos de segurança pública às quando não estiverem realizando diligência.”
concessionárias de telefonia, por configurar STF. Plenário. ADI 4853/MA, Rel. Min. Rosa
ofensa à competência privativa da União para Weber, julgado em 3/11/2020 (Info 997).
legislar sobre telecomunicações (arts. 21, XI e
22, IV, da CF/88).
Viola a liberdade de expressão a de-
STF. Plenário. ADI 5040/PI, Rel. Min. Rosa We-
ber, julgado em 3/11/2020 (Info 997). cisão de retirar da Netflix o especial
de Natal do Porta dos Fundos porque
É constitucional lei estadual que pre- seu conteúdo satiriza crenças e valo-
veja espaço exclusivo para produtos res do cristianismo
orgânicos nas lojas Retirar de circulação produto audiovisual
disponibilizado em plataforma de “streaming”
É constitucional norma estadual que disponha apenas porque seu conteúdo desagrada
sobre a exposição de produtos orgânicos em parcela da população, ainda que majoritária,
estabelecimentos comerciais. não encontra fundamento em uma sociedade
STF. Plenário. ADI 5166/SP, Rel. Min. Gilmar democrática e pluralista como a brasileira.
Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 997). STF. 2ª Turma. Rcl 38782/RJ, Rel. Min. Gilmar
Mendes, julgado em 3/11/2020 (Info 998).
É constitucional lei estadual que
responsabiliza Estado-membro por É válida a norma da CVM que impõe
danos causados a pessoas presas na a rotatividade de auditores indepen-
ditadura é constitucional dentes
É constitucional a Lei nº 5.751/98, do estado São constitucionais as restrições impostas
do Espírito Santo, de iniciativa parlamentar, aos auditores independentes pelo art. 31 da
que versa sobre a responsabilidade do ente Instrução 308/99 da Comissão de Valores Mo-
público por danos físicos e psicológicos causa- biliários (CVM).
dos a pessoas detidas por motivos políticos.
STF. Plenário. ADI 3033/RJ, Rel. Min. Gilmar
STF. Plenário. ADI 3738/ES, Rel. Min. Marco Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 998).
Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
Não é possível atrelar-se ao salário mínimo o valor alusivo a benefício social e
os respectivos critérios de admissão
Lei estadual criou um benefício assistencial e previu que seu valor seria o do salário mínimo vigente.
Tal previsão, em princípio, viola o art. 7º, IV, da CF/88, que proíbe que o salário mínimo seja utilizado
como referência (parâmetro) para outras finalidades que não sejam a remuneração do trabalho.
No entanto, o STF afirmou que seria possível conferir interpretação conforme a Constituição e dizer
que o dispositivo previu que o valor do benefício seria igual ao salário mínimo vigente na época em
que a lei foi editada (R$ 545). Após isso, mesmo o salário mínimo aumentando nos anos seguintes,
o valor do benefício não pode acompanhar automaticamente os reajustes realizados sobre o salário
mínimo, considerando que ele não pode servir como indexador. Em suma, o STF determinou que
a referência ao salário mínimo contida na lei estadual seja considerada como um valor certo que
vigorava na data da edição da lei, passando a ser corrigido nos anos seguintes por meio de índice
econômico diverso. Com isso, o benefício continua existindo e será necessário ao governo do Ama-
pá apenas reajustar esse valor por meio de índices econômicos.
STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998).
STF. Plenário. ADI 4726/AP, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 10/11/2020 (Info 998).
STF. Plenário. ARE 649379/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julga-
do em 13/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 491) (Info 999).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
É possível que uma emenda constitucional seja julgada formalmente inconsti-
tucional se ficar demonstrado que ela foi aprovada com votos “comprados” dos
parlamentares e que esse número foi suficiente para comprometer o resultado
da votação
Em tese, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo constituinte
reformador quando eivada de vício a manifestação de vontade do parlamentar no curso do devido
processo constituinte derivado, pela prática de ilícitos que infirmam a moralidade, a probidade ad-
ministrativa e fragilizam a democracia representativa.
O STF afirmou que, sob o aspecto formal, as emendas constitucionais devem respeitar o devido
processo legislativo, que inclui, entre outros requisitos, a observância dos princípios da moralidade
e da probidade. Assim, é possível o reconhecimento de inconstitucionalidade formal no processo de
reforma constituinte quando houver vício de manifestação de vontade do parlamentar, pela prática
de ilícitos. Porém, para tanto, é necessária a demonstração inequívoca de que, sem os votos vicia-
dos pela ilicitude, o resultado teria sido outro.
No caso, apenas sete Deputados foram condenados pelo Supremo na AP 470, por ficar comprovado
que eles participaram do esquema de compra e venda de votos e apoio político conhecido como
Mensalão. Portanto, o número comprovado de “votos comprados” não é suficiente para comprome-
ter as votações das ECs 41/2003 e 47/2005. Ainda que retirados os votos viciados, permanece res-
peitado o rígido quórum estabelecido na Constituição Federal para aprovação de emendas constitu-
cionais, que é 3/5 em cada casa do Congresso Nacional.
STF. Plenário. ADI 4887/DF, ADI 4888/DF e ADI 4889/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em
10/11/2020 (Info 998).
STF determina que Ministério da Saúde faça a divulgação integral de dados so-
bre Covid-19
A redução da transparência dos dados referentes à pandemia de COVID-19 representa violação a
preceitos fundamentais da Constituição Federal, nomeadamente o acesso à informação, os princí-
pios da publicidade e transparência da Administração Pública e o direito à saúde.
STF. Plenário. ADPF 690 MC-Ref/DF, ADPF 691 MC-Ref/DF e ADPF 692 MC-Ref/DF, Rel. Min. Alexandre
de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
É constitucional lei estadual que obriga a empresa de telefonia celular a dis-
ponibilizar na internet extrato detalhado das chamadas telefônicas e serviços
utilizados nos planos pré-pagos
É constitucional norma estadual que disponha sobre a obrigação de as operadoras de telefonia
móvel e fixa disponibilizarem, em portal da “internet”, extrato detalhado das chamadas telefônicas e
serviços utilizados na modalidade de planos “pré-pagos”.
Trata-se de norma sobre direito do consumidor que admite regulamentação concorrente pelos Es-
tados-Membros, nos termos do art. 24, V, da Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 5724/PI, rel. orig. Min. Roberto Barroso, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 27/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. ADI 6495/RJ, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
É inconstitucional lei estadual que determina a suspensão temporária da cobrança das consigna-
ções voluntárias contratadas por servidores públicos estaduais.
STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. Rcl 33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CONSTITUCIONAL
Decisões administrativas do CNJ É inconstitucional foro por prerro-
devem ser cumpridas mesmo que gativa de função para Defensores
exista decisão judicial em sentido Públicos
contrário proferida por outro órgão
É inconstitucional dispositivo de Constituição
judiciário que não seja o STF Estadual que confere foro por prerrogativa
de função para Defensores Públicos e
O art. 106 do Regimento Interno do CNJ prevê
Procuradores do Estado.
o seguinte:
Constituição estadual não pode atribuir foro
Art. 106. O CNJ determinará à autoridade recal-
por prerrogativa de função a autoridades diver-
citrante, sob as cominações do disposto no arti-
sas daquelas arroladas na Constituição Federal.
go anterior, o imediato cumprimento de decisão
ou ato seu, quando impugnado perante outro STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508
juízo que não o Supremo Tribunal Federal. Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516
Ref-MC/AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julga-
O STF afirmou que essa previsão é constitu-
dos em 20/11/2020 (Info 1000).
cional e decorre do exercício legítimo de po-
der normativo atribuído constitucionalmente
ao CNJ, que é o órgão formulador da política É inconstitucional foro por prerroga-
judiciária nacional.
tiva de função para Procuradores do
Assim, o CNJ pode determinar à autoridade Estado
recalcitrante o cumprimento imediato de suas
decisões, ainda que impugnadas perante a É inconstitucional dispositivo de Constituição
Justiça Federal de primeira instância, quando Estadual que confere foro por prerrogativa
se tratar de hipótese de competência originá- de função para Defensores Públicos e
ria do STF. Procuradores do Estado.
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Constituição estadual não pode atribuir foro
Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000). por prerrogativa de função a autoridades diver-
sas daquelas arroladas na Constituição Federal.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO ADMINISTRATIVO
Município pode obter certidão posi- Técnico em contabilidade po-
tiva com efeitos de negativa quando dia se inscrever no Conselho até
os débitos são da Câmara Municipal 01/06/2010 sem fazer o Exame de
(e não do Poder Executivo) Suficiência; depois dessa data, não
pode mais se inscrever em hipótese
É possível ao Município obter certidão positiva
de débitos com efeito de negativa quando alguma
a Câmara Municipal do mesmo ente possui
Ao técnico em contabilidade que tenha
débitos com a Fazenda Nacional, tendo em
concluído o curso após a edição da Lei nº
conta o princípio da intranscendência subjeti-
12.249/2010 é assegurado o direito de se re-
va das sanções financeiras.
gistrar no Conselho de Classe até 1º de junho
STF. Plenário. RE 770149, Rel. Min. Marco de 2015, sem que lhe seja exigido o Exame de
Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Edson Fachin, Suficiência, sendo-lhe, dessa data em diante,
julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – vedado o registro.
tema 743) (Info 993).
STJ. 1ª Turma. REsp 1.659.767-RS, Rel. Min. Sér-
gio Kukina, julgado em 18/08/2020 (Info 677).
Em regra, o Estado não tem respon- Obs: a 2ª Turma entende de forma diversa e
sabilidade civil por atos praticados decide que o exame de suficiência, criado pela
por presos foragidos; exceção: quan- Lei nº 12.249/2010, será exigido dos técnicos
do demonstrado nexo causal direto em contabilidade que completarem o curso
após sua vigência. Tais profissionais não estão
Nos termos do artigo 37, § 6º, da Constituição sujeitos à regra de transição prevista no art.
Federal, não se caracteriza a responsabilidade 12, § 2º do referido diploma (STJ. 2ª Turma.
civil objetiva do Estado por danos decorrentes AgInt no AREsp 1631350/RS, Rel. Min. Assuse-
de crime praticado por pessoa foragida do te Magalhães, julgado em 19/10/2020).
sistema prisional, quando não demonstrado o
nexo causal direto entre o momento da fuga e
a conduta praticada. Treinador ou instrutor de tênis não
precisa ser inscrito no Conselho Re-
STF. Plenário. RE 608880, Rel. Min. Marco
Aurélio, Relator p/ Acórdão Alexandre de gional de Educação Física
Moraes, julgado em 08/09/2020 (Repercussão
O exercício da atividade de treinador ou de
Geral – Tema 362) (Info 993).
instrutor de tênis não exige o registro no Con-
selho Regional de Educação Física.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO ADMINISTRATIVO
Petrobras pode criar subsidiárias e, em seguida, alienar o controle acionário
delas sem licitação e sem autorização legislativa específica
Caso concreto: a Petrobras elaborou um plano de desinvestimento por meio do qual ela decidiu
vender 8 refinarias. Para isso, a Petrobras criou subsidiárias que passaram a ser as proprietárias
dessas refinarias e, em seguida, o controle acionário dessas subsidiárias será alienado, sem licitação
e sem prévia autorização legislativa. Desse modo, na prática, é como se a Petrobras estivesse alie-
nando as refinarias.
STF. Plenário. Rcl 42576 MC/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 30/9 e 1º/10/2020 (Info 993).
A ANVISA deve exigir que as fabricantes dos produtos alimentícios advirtam, no
rótulo, que os valores nutricionais ali informados podem ter uma variação de
até 20% em relação aos números apresentados
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA deve exigir, na rotulagem dos produtos alimentí-
cios, a advertência da variação de 20% nos valores nutricionais.
STJ. 2ª Turma. REsp 1.537.571-SP, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 27/09/2016 (Info 677).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO ADMINISTRATIVO
Na equipe que compõe as Ambulâncias Em caso de ADI proposta contra
de Suporte Básico - Tipo B e as Unida- lei que cria cargos em comissão, o
des de Suporte Básico de Vida Terres- Tribunal deve fazer a análise das
tre (USB) do SAMU não é necessária a atribuições dos cargos para saber
presença de enfermeiro, bastando um se elas são compatíveis com a Cons-
técnico ou auxiliar de enfermagem tituição, ou seja, se são funções de
direção, chefia e assessoramento
A composição da tripulação das Ambulâncias
de Suporte Básico - Tipo B e das Unidades No julgamento de Ação Direta de Inconsti-
de Suporte Básico de Vida Terrestre (USB) do tucionalidade proposta para questionar a
Serviço de Atendimento Móvel de Urgência validade de leis que criam cargos em comis-
- SAMU sem a presença de enfermeiro não são, ao fundamento de que não se destinam a
ofende, mas sim concretiza, o que dispõem os funções de direção, chefia e assessoramento,
artigos 11, 12, 13 e 15 da Lei n.º 7.498/86, que o Tribunal deve analisar as atribuições previs-
regulamenta o exercício da enfermagem. tas para os cargos.
STJ. 1ª Seção. REsp 1.828.993-RS, Rel. Min. Og Na fundamentação do julgamento, o Tribu-
Fernandes, julgado em 12/08/2020 (Recurso nal não está obrigado a se pronunciar sobre
Repetitivo – Tema 1024) (Info 677). a constitucionalidade de cada cargo criado,
individualmente.
Lei estadual não pode prever parida- STF. Plenário. RE 719870/MG, rel. orig. Min.
de e integralidade para os policiais Marco, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Mo-
civis nem conceder a eles adicional raes, julgado em 9/10/2020 (Repercussão
Geral – Tema 670) (Info 994).
de final de carreira para que rece-
bam aposentadoria em classe supe-
rior ao que estavam na ativa
É inconstitucional norma que preveja a con-
cessão de aposentadoria com paridade e
integralidade de proventos a policiais civis.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO ADMINISTRATIVO
É possível a delegação do poder de A vedação da SV 37 se aplica tan-
polícia – inclusive da possibilidade to para as verbas remuneratórias
de aplicação de multas – para pes- como também para as parcelas de
soas jurídicas de direito privado? caráter indenizatório
É constitucional a delegação do poder de Não cabe ao Poder Judiciário, que não tem
polícia, por meio de lei, a pessoas jurídicas de função legislativa, aumentar qualquer verba
direito privado integrantes da Administração de servidores públicos de carreiras distintas
Pública indireta de capital social majoritaria- sob o fundamento de isonomia, tenham elas
mente público que prestem exclusivamente caráter remuneratório ou indenizatório.
serviço público de atuação própria do Estado
e em regime não concorrencial. A vedação da Súmula Vinculante 37 se aplica
tanto para as verbas remuneratórias como
STF. Plenário. RE 633782/MG, Rel. Min. Luiz também para as parcelas de caráter indeniza-
Fux, julgado em 23/10/2020 (Repercussão tório. Logo, a SV 37 também proíbe que Poder
Geral – Tema 532) (Info 996). Judiciário equipare o auxílio-alimentação, ou
qualquer outra verba desta espécie, com fun-
damento na isonomia.
Fundação pública com personalida-
de jurídica de direito privado pode Súmula vinculante 37-STF: Não cabe ao Po-
der Judiciário, que não tem função legislativa,
adotar o regime celetista para con- aumentar vencimentos de servidores públicos
tratação de seus empregados sob fundamento de isonomia.
É constitucional a legislação estadual que de- STF. Plenário. RE 710293, Rel. Luiz Fux, julgado
termina que o regime jurídico celetista incide em 16/09/2020 (Repercussão Geral – Tema
sobre as relações de trabalho estabelecidas 600) (Info 998 – clipping).
no âmbito de fundações públicas, com perso-
nalidade jurídica de direito privado, destina-
das à prestação de serviços de saúde. Judiciário não pode obrigar que o
chefe do Poder Executivo encaminhe
STF. Plenário. ADI 4247/RJ, Rel. Min. Marco
Aurélio, julgado em 3/11/2020 (Info 997).
o projeto de lei para revisão geral
anual dos servidores
O Poder Judiciário não possui competência
para determinar ao Poder Executivo a apre-
sentação de projeto de lei que vise a promo-
ver a revisão geral anual da remuneração dos
servidores públicos, tampouco para fixar o
respectivo índice de correção.
DIREITO ADMINISTRATIVO
É vedada a vinculação remunerató- É possível que o candidato a concur-
ria de carreiras do serviço público so público consiga a alteração das
(art. 37, XIII, da CF/88) datas e horários previstos no edital
por motivos religiosos, desde que
É vedada a vinculação remuneratória de se-
guimentos do serviço público, nos termos do cumpridos alguns requisitos
art. 37, XIII, da Constituição Federal.
É possível que o candidato a concurso público
STF. Plenário. ADPF 328/MA, Rel. Min. Marco consiga a alteração das datas e horários pre-
Aurélio, julgado em 13/11/2020 (Info 999). vistos no edital por motivos religiosos, desde
que cumpridos alguns requisitos
É inconstitucional lei estadual que Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Fe-
deral, é possível a realização de etapas de con-
define, como critério de desempate
curso público em datas e horários distintos dos
em concurso público, a preferência previstos em edital, por candidato que invoca
pelo servidor público daquele Estado escusa de consciência por motivo de crença
religiosa, desde que presentes a razoabilidade
É inconstitucional a fixação de critério de da alteração, a preservação da igualdade entre
desempate em concursos públicos que todos os candidatos e que não acarrete ônus
favoreça candidatos que pertencem ao serviço desproporcional à Administração Pública, que
público de um determinado ente federativo. deverá decidir de maneira fundamentada.
Caso concreto: lei do Estado do Pará previa STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min.
que, em caso de empate de candidatos no Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin,
concurso público, teria preferência para a julgado em 19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Reper-
ordem de classificação o candidato que já cussão Geral – Tema 386) (Info 1000).
pertencesse ao serviço público do Estado do
Pará e, persistindo a igualdade, aquele que
contasse com maior tempo de serviço público
ao Estado do Pará.
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO ADMINISTRATIVO
É possível que o servidor público cumpra seus deveres funcionais em dias alter-
nativos por motivos religiosos, desde que cumpridos alguns requisitos
Nos termos do art. 5º, VIII, da Constituição Federal, é possível à Administração Pública, inclusive
durante o estágio probatório, estabelecer critérios alternativos para o regular exercício dos deveres
funcionais inerentes aos cargos públicos, em face de servidores que invocam escusa de consciência
por motivos de crença religiosa, desde que presentes a razoabilidade da alteração, não se caracteri-
ze o desvirtuamento do exercício de suas funções e não acarrete ônus desproporcional à Adminis-
tração Pública, que deverá decidir de maneira fundamentada.
STF. Plenário. RE 611874/DF, rel. orig. Min. Dias Toffoli, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julgado em
19/11, 25/11 e 26/11/2020 (Repercussão Geral – Tema 386) (Info 1000).
É inconstitucional lei que preveja que o subsídio dos Procuradores será equiva-
lente a um percentual do subsídio dos Ministros do STF
É inconstitucional lei que equipara, vincula ou referencia espécies remuneratórias devidas a cargos
e carreiras distintos, especialmente quando pretendida a vinculação ou a equiparação entre servi-
dores de Poderes e níveis federativos diferentes.
STF. Plenário. ADI 6436/DF, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000).
É inconstitucional o parágrafo único do art. 137 da Lei 8.112/90, que proíbe o
retorno ao serviço público federal de servidor condenado pela prática de deter-
minados fatos graves
O parágrafo único do art. 137 da Lei nº 8.112/90 proíbe, para sempre, o retorno ao serviço público
federal de servidor que for demitido ou destituído por prática de crime contra a Administração Pú-
blica, improbidade administrativa, aplicação irregular de dinheiro público, lesão aos cofres públicos
e dilapidação do patrimônio nacional e corrupção.
Essa previsão viola o art. 5º, XLVII, “b”, da CF/88, que afirma que não haverá penas de caráter perpétuo.
STF. Plenário. ADI 2975, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 04/12/2020 (Info 1000).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO AMBIENTAL
É inconstitucional a revogação de Resolução do Conama que protegia o meio ambien-
te sem que ela seja substituída ou atualizada por outra que também garanta proteção
O direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado se configura como direito fundamental da
pessoa humana.
STF. Plenário. ADPF 747 MC-Ref/DF, ADPF 748 MC-Ref/DF e ADPF 749 MC-Ref/DF, Rel. Min. Rosa We-
ber, julgados em 27/11/2020 (Info 1000).
DIREITO ELEITORAL
Eleitor não precisa levar o título no dia da votação, sendo suficiente documento
de identificação com foto
A ausência do título de eleitor no momento da votação não constitui, por si só, óbice ao exercício do
sufrágio.
STF. Plenário. ADI 4467/DF, Rel. Min. Rosa Weber, julgado em 19/10/2020 (Info 995).
DIREITO CIVIL
A busca e apreensão da alienação fiduciária em garantia, prevista no art. 3º do
DL 911/69, é compatível com a CF/88, não violando as garantias do devido pro-
cesso legal, do contraditório e da ampla defesa
O art. 3º do Decreto-Lei nº 911/69 foi recepcionado pela Constituição Federal, sendo igualmente
válidas as sucessivas alterações efetuadas no dispositivo.
STF. Plenário. RE 382928, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Alexandre de Moraes,
julgado em 22/09/2020 (Info 995 – clipping).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO CIVIL
É possível a cobrança, por parte de associação, de taxas de manutenção e con-
servação de loteamento fechado de proprietário não-associado
É inconstitucional a cobrança por parte de associação de taxa de manutenção e conservação de
loteamento imobiliário urbano de proprietário não associado até o advento da Lei nº 13.465/2017,
ou de anterior lei municipal que discipline a questão, a partir da qual se torna possível a cotização
dos proprietários de imóveis, titulares de direitos ou moradores em loteamentos de acesso contro-
lado, que:
ii) sendo novos adquirentes de lotes, o ato constitutivo da obrigação esteja registrado no competen-
te Registro de Imóveis.
STF. Plenário. RE 695911, Rel. Min. Dias Toffoli, julgado em 14/12/2020 (Repercussão Geral – Tema
492) (Info 1000).
DIREITO DO CONSUMIDOR
Em caso de resilição unilateral do contrato coletivo, deve ser reconhecido o di-
reito à portabilidade de carências
Os beneficiários de plano de saúde coletivo, após a resilição unilateral do contrato pela operadora,
têm direito à portabilidade de carências ao contratar novo plano observado o prazo de permanên-
cia no anterior, sem o cumprimento de novos períodos de carência ou de cobertura parcial tempo-
rária e sem custo adicional pelo exercício do direito.
STJ. 3ª Turma. REsp 1.732.511-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 04/08/2020 (Info 677).
É inconstitucional norma que autoriza os bancos a cobrarem tarifa pelo simples
fato de disponibilizarem o serviço de “cheque especial”, ainda que ele não seja
utilizado
Contraria o ordenamento jurídico-constitucional a permissão dada por resolução do Conselho Mo-
netário Nacional (CMN) às instituições financeiras para cobrarem tarifa bancária pela mera disponi-
bilização de crédito ao cliente na modalidade “cheque especial”.
STF. Plenário. ADI 6407 MC-Ref /DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/11/2020 (Info 1000).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO EMPRESARIAL
A concordatária que descumpriu as obrigações assumidas na concordata e teve
sua falência decretada não tem direito à conversão em recuperação judicial
Não é permitido à concordatária que descumpriu as obrigações assumidas na concordata efetuar o
pedido de recuperação judicial, nos termos do § 2º do art. 192 da Lei nº 11.101/2005.
STJ. 4ª Turma. REsp 1.267.282-SP, Rel. Min. Maria Isabel Gallotti, julgado em 23/06/2020 (Info 677).
STF. Plenário. RE 606003, Rel. Min. Marco Aurélio, Relator p/ Acórdão Min. Roberto Barroso, julgado
em 28/09/2020 (Repercussão Geral – Tema 550) (Info 995 – clipping).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
STJ. 2ª Turma. REsp 1.866.148-RS, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 26/05/2020 (Info 677).
Nos termos do art. 102, I, “r”, da Constituição Federal, é competência exclusiva do STF processar e
julgar, originariamente, todas as ações ajuizadas contra decisões do Conselho CNJ e do CNMP profe-
ridas no exercício de suas competências constitucionais, respectivamente, previstas nos arts. 103-B,
§ 4º, e 130-A, § 2º, da CF/88.
STF. Plenário. Pet 4770 AgR/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. Rcl 33459 AgR/PE, red. p/ o ac. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
Decisões administrativas do CNJ devem ser cumpridas mesmo que exista decisão judicial em senti-
do contrário proferida por outro órgão judiciário que não seja o STF
Art. 106. O CNJ determinará à autoridade recalcitrante, sob as cominações do disposto no artigo an-
terior, o imediato cumprimento de decisão ou ato seu, quando impugnado perante outro juízo que
não o Supremo Tribunal Federal.
O STF afirmou que essa previsão é constitucional e decorre do exercício legítimo de poder normati-
vo atribuído constitucionalmente ao CNJ, que é o órgão formulador da política judiciária nacional.
Assim, o CNJ pode determinar à autoridade recalcitrante o cumprimento imediato de suas decisões,
ainda que impugnadas perante a Justiça Federal de primeira instância, quando se tratar de hipótese
de competência originária do STF.
STF. Plenário. ADI 4412/DF, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18/11/2020 (Info 1000).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO PENAL
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/
2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei nº 13.964/2019, retroage para
alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida,
será necessário intimar a vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo?
Não retroage a norma prevista no § 5º do art. 171 do CP, incluída pela Lei 13.964/2019 (“Pacote
Anticrime”), que passou a exigir a representação da vítima como condição de procedibilidade para
a instauração de ação penal, nas hipóteses em que o Ministério Público tiver oferecido a denúncia
antes da entrada em vigor do novo diploma legal.
A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, não afeta os
processos que já estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019.
Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, não será necessária repre-
sentação do ofendido.
STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020 (Info 674).
STF. 1ª Turma. HC 187341/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020 (Info 995).
STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/08/2020.
Registre-se a posição minoritária da 6ª Turma do STJ, que deve ser superada em breve:
A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, afeta não apenas
os inquéritos, mas também os processos em curso, desde que ainda não tenham transitado em julgado.
Assim, mesmo que já houvesse denúncia oferecida quando a Lei entrou em vigor, o juiz deverá in-
timar a vítima para manifestar interesse na continuidade da persecução penal, no prazo de 30 dias,
sob pena de decadência.
STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020 (Info 677).
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JULGADOS Destaque para alguns dos julgados que foram
EM DESTAQUE inseridos no Buscador no último mês
DIREITO PENAL
O crime previsto no art. 1°, VII, do De- É constitucional o tipo penal que pre-
creto-Lei nº 201/1967 se perfectibili- vê o crime de fuga do local do aciden-
za quando há uma clara intenção de te (art. 305 do CTB)
descumprir os prazos para a presta-
A regra que prevê o crime do art. 305 do
ção de contas Código de Trânsito Brasileiro (CTB) é constitu-
cional, posto não infirmar o princípio da não
Se tiver havido a entrega da prestação de con-
incriminação, garantido o direito ao silêncio e
tas em momento posterior ao estipulado, mas
ressalvadas as hipóteses de exclusão da tipici-
se não tiver ficado suficientemente demons-
dade e da antijuridicidade.
trada a intenção de atrasar e de descumprir
os prazos previstos para se prestar contas, STF. Plenário. RE 971.959/RS, Rel. Min. Luiz
não haverá crime por falta de elemento subje- Fux, julgado em 14/11/2018 (Repercussão
tivo (dolo). Geral – Tema 907) (Info 923).
Art. 1º São crimes de responsabilidade dos É constitucional o tipo penal que prevê o crime
Prefeitos Municipal, sujeitos ao julgamento de fuga do local do acidente (art. 305 do CTB).
do Poder Judiciário, independentemente do
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: STF. Plenário. ADC 35/DF, rel. orig. Min. Marco
(...) VII - Deixar de prestar contas, no devido Aurélio, red. p/ o ac. Min. Edson Fachin, julga-
tempo, ao órgão competente, da aplicação de do em 9/10/2020 (Info 994).
recursos, empréstimos subvenções ou auxí-
lios internos ou externos, recebidos a qual-
quer título;
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DIREITO PENAL
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei 13.964/
2019, retroage para alcançar os processos penais que já estavam em curso?
A mudança na ação penal do crime de estelionato, promovida pela Lei nº 13.964/2019, retroage para
alcançar os processos penais que já estavam em curso? Mesmo que já houvesse denúncia oferecida,
será necessário intimar a vítima para que ela manifeste interesse na continuidade do processo?
Não retroage a norma prevista no § 5º do art. 171 do CP, incluída pela Lei 13.964/2019 (“Pacote
Anticrime”), que passou a exigir a representação da vítima como condição de procedibilidade para
a instauração de ação penal, nas hipóteses em que o Ministério Público tiver oferecido a denúncia
antes da entrada em vigor do novo diploma legal.
A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, não afeta os
processos que já estavam em curso quando entrou em vigor a Lei nº 13.964/2019.
Assim, se já havia denúncia oferecida quando entrou em vigor a nova Lei, não será necessária repre-
sentação do ofendido.
STJ. 5ª Turma. HC 573.093-SC, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 09/06/2020 (Info 674).
STF. 1ª Turma. HC 187341/SP, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 13/10/2020 (Info 995).
STF. 2ª Turma. ARE 1230095 AgR, Rel. Gilmar Mendes, julgado em 24/08/2020.
Registre-se a posição minoritária da 6ª Turma do STJ, que deve ser superada em breve:
A exigência de representação no crime de estelionato, trazida pelo Pacote Anticrime, afeta não apenas
os inquéritos, mas também os processos em curso, desde que ainda não tenham transitado em julgado.
Assim, mesmo que já houvesse denúncia oferecida quando a Lei entrou em vigor, o juiz deverá in-
timar a vítima para manifestar interesse na continuidade da persecução penal, no prazo de 30 dias,
sob pena de decadência.
STJ. 6ª Turma. HC 583.837/SC, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 04/08/2020 (Info 677).
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DIREITO PENAL
É inconstitucional a previsão legal que determina o afastamento do servidor
público pelo simples fato de ele ter sido indiciado pela prática de crime
É inconstitucional a determinação de afastamento automático de servidor público indiciado em inquérito
policial instaurado para apuração de crimes de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores.
Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de
Dinheiro (Lei nº 9.613/98):
Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remune-
ração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamen-
tada, o seu retorno.
O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos autos que existe
risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que o afastamento é medida eficaz e
proporcional para se tutelar a investigação e a própria Administração Pública. Tais circunstâncias
precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário.
STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, jul-
gado em 20/11/2020 (Info 1000).
STF. Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).
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STJ. 5ª Turma. HC 560.668/SP, Rel. Min. Reynaldo Soares da Fonseca, julgado em 18/08/2020.
A absolvição do réu, ante resposta a quesito genérico de absolvição previsto no art. 483, § 2º, do
CPP, não depende de elementos probatórios ou de teses veiculadas pela defesa. Isso porque vigora
a livre convicção dos jurados.
Em razão da norma constitucional que consagra a soberania dos veredictos, a sentença absolutória
de Tribunal do Júri, fundada no quesito genérico de absolvição, não implica nulidade da decisão a
ensejar apelação da acusação. Os jurados podem absolver o réu com base na livre convicção e inde-
pendentemente das teses veiculadas, considerados elementos não jurídicos e extraprocessuais.
STF. 1ª Turma. HC 178777/MG, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 29/9/2020 (Info 993).
Limitação ao recurso da acusação com base no art. 593, III, “d”, CPP, se a absolvição tiver como fun-
damento o quesito genérico (art. 483, III e §2º, CPP). Inexistência de violação à paridade de armas.
Presunção de inocência como orientação da estrutura do processo penal. Inexistência de violação
ao direito ao recurso (art. 8.2.h, CADH). Possibilidade de restrição do recurso acusatório.
STF. 2ª Turma. HC 185068, Rel. Celso de Mello, Relator p/ Acórdão Gilmar Mendes, julgado em
20/10/2020.
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STF. 2ª Turma. HC 181978 AgR/RJ, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 10/11/2020 (Info 999).
Constituição estadual não pode atribuir foro por prerrogativa de função a autoridades diversas da-
quelas arroladas na Constituição Federal.
STF. Plenário. ADI 6501 Ref-MC/PA, ADI 6508 Ref-MC/RO, ADI 6515 Ref-MC/AM e ADI 6516 Ref-MC/
AL, Rel. Min. Roberto Barroso, julgados em 20/11/2020 (Info 1000).
Não é lícita a prova obtida por meio de abertura de carta, telegrama ou qual-
quer encomenda postada nos Correios, ante a inviolabilidade do sigilo das cor-
respondências
Sem autorização judicial ou fora das hipóteses legais, é ilícita a prova obtida mediante abertura de
carta, telegrama, pacote ou meio análogo.
STF. Plenário. RE 1116949, Rel. Min. Marco Aurélio, Rel. p/ Acórdão Min. Edson Fachin, julgado em
18/08/2020 (Repercussão Geral – Tema 1041) (Info 993).
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Com base nesse entendimento, o STF declarou inconstitucional o art. 17-D da Lei de Lavagem de
Dinheiro (Lei nº 9.613/98):
Art. 17-D. Em caso de indiciamento de servidor público, este será afastado, sem prejuízo de remune-
ração e demais direitos previstos em lei, até que o juiz competente autorize, em decisão fundamen-
tada, o seu retorno.
O afastamento do servidor somente se justifica quando ficar demonstrado nos autos que existe
risco caso ele continue no desempenho de suas funções e que o afastamento é medida eficaz e
proporcional para se tutelar a investigação e a própria Administração Pública. Tais circunstâncias
precisam ser apreciadas pelo Poder Judiciário.
STF. Plenário. ADI 4911/DF, rel. orig. Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, jul-
gado em 20/11/2020 (Info 1000).
DIREITO TRIBUTÁRIO
Sociedade de economia mista, cujas ações são negociadas na Bolsa, e que está
voltada à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas, não tem
direito à imunidade tributária recíproca, mesmo que preste serviço público
Sociedade de economia mista, cuja participação acionária é negociada em Bolsas de Valores, e que,
inequivocamente, está voltada à remuneração do capital de seus controladores ou acionistas, não
está abrangida pela regra de imunidade tributária prevista no art. 150, VI, “a”, da Constituição, unica-
mente em razão das atividades desempenhadas.
STF. Plenário. RE 600867, Rel. Joaquim Barbosa, Relator p/ Acórdão Luiz Fux, julgado em 29/06/2020
(Repercussão Geral – Tema 508) (Info 993 – clipping).
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DIREITO TRIBUTÁRIO
É possível o estorno proporcional de A imunidade do art. 155, § 2º, X, “a”,
crédito de ICMS efetuado pelo Estado da CF/88 é restrita às operações de
de destino, em razão de crédito fiscal exportação de mercadorias, não
presumido concedido pelo Estado de alcançando a saída de peças, partes,
origem sem autorização do CONFAZ e componentes no mercado interno,
ainda que, ao final, venha a compor
O estorno proporcional de crédito de ICMS
efetuado pelo Estado de destino, em razão de o produto objeto de exportação
crédito fiscal presumido concedido pelo Esta-
A imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X,
do de origem sem autorização do Conselho
a, da CF não alcança operações ou prestações
Nacional de Política Fazendária (CONFAZ), não
anteriores à operação de exportação.
viola o princípio constitucional da não cumula-
tividade. STF. Plenário. RE 754917, Rel. Dias Toffoli,
julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral –
STF. Plenário. RE 628075, Rel. Min. Edson Fa-
Tema 475) (Info 994).
chin, Relator p/ Acórdão Min. Gilmar Mendes,
julgado em 18/08/2020 (Repercussão Geral –
Tema 490) (Info 993 – clipping). É possível condicionar o desembara-
ço aduaneiro de bens importados ao
A venda de medicamentos é fato ge- pagamento de diferenças apuradas
rador de ISS ou de ICMS? por arbitramento da autoridade fis-
Incide ISS sobre as operações de venda de
cal, sem que isso afronte a Súmula
medicamentos preparados por farmácias de 323 do STF, não configurando sanção
manipulação sob encomenda. política
Incide ICMS sobre as operações de venda de É constitucional vincular o despacho adua-
medicamentos por elas ofertados aos consu- neiro ao recolhimento de diferença tributária
midores em prateleira. apurada mediante arbitramento da autorida-
STF. Plenário. RE 605552, Rel. Dias Toffoli, de fiscal.
julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral – STF. Plenário. RE 1090591, Rel. Marco Aurélio,
Tema 379) (Info 994 – clipping). julgado em 16/09/2020 (Repercussão Geral –
Tema 1042) (Info 994 – clipping).
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Para que ocorra a exclusão do con- Mato Grosso do Sul tem direito
tribuinte do REFIS é indispensável a exclusivo ao ICMS sobre importação
sua prévia intimação de gás da Bolívia considerando que
é nesse Estado que está localizado
É inconstitucional o art. 1º da Resolução
20/2001 do Comitê Gestor do Programa de o estabelecimento do destinatário
Recuperação Fiscal (CG/Refis), no que supri- jurídico do gás, ainda que ele seja
miu a notificação da pessoa jurídica optante enviado para outros Estados logo
do Refis, prévia ao ato de exclusão.
em seguida
STF. Plenário. RE 669196/DF, Rel. Min. Dias
Toffoli, julgado em 23/10/2020 (Repercussão O Imposto sobre Circulação de Mercadorias
Geral – Tema 668) (Info 996). e Prestação de Serviços (ICMS) incidente nas
operações de importação de mercadorias tem
como sujeito ativo o estado em que localizado
É constitucional o art. 8º, § 9º da Lei o domicílio ou o estabelecimento do destina-
10.865/2004, que estabeleceu alí- tário jurídico da mercadoria importada.
quotas de PIS-Importação e COFINS- A conclusão acerca de quem será o destina-
-Importação mais elevadas para as tário jurídico do bem depende da análise do
negócio jurídico entabulado entre as partes e
importadoras de autopeças que não
das circunstâncias fáticas do caso concreto.
sejam fabricantes de máquinas e
veículos Na importação própria, sob encomenda, o
destinatário jurídico da mercadoria é o esta-
É constitucional o § 9º do art. 8º da Lei nº belecimento importador.
10.865/2004, a estabelecer alíquotas maiores,
O fato de o gás natural não poder ser esto-
quanto à Contribuição ao PIS e à Cofins, con-
cado no estabelecimento do importador não
sideradas empresas importadoras de autope-
altera a sujeição exacional ativa e passiva do
ças não fabricantes de máquinas e veículos.
ICMS-importação.
STF. Plenário. RE 633345, Rel. Min. Marco
STF. Plenário. ACO 854/MS, ACO 1076/MS e
Aurélio, julgado em 04/11/2020 (Repercussão
ACO 1093/MS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julga-
Geral – Tema 744) (Info 997).
dos em 22/10/2020 (Info 996).
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Análise da constitucionalidade de Fundo Especial do Poder Judiciário de Roraima
São inconstitucionais as fontes de receitas de fundo especial do Poder Judiciário provenientes de
rendimentos dos depósitos judiciais à disposição do Poder Judiciário do Estado, através de conta
única. A administração da conta dos depósitos judiciais e extrajudiciais, apesar de não configurar
atividade jurisdicional, é tema de direito processual, de competência legislativa privativa da União
(art. 22, I, da CF/88).
Por outro lado, é constitucional a previsão, em lei estadual, da destinação ao fundo especial do
Poder Judiciário de valores decorrentes de multas aplicadas pelos juízes nos processos cíveis, sal-
vo se destinadas às partes ou a terceiros. Isso porque a norma vai ao encontro do que atualmente
dispõem os arts. 96 e 97 do CPC/2015, que autorizam destinar esses recursos aos fundos do poder
judiciário estadual.
Por fim, é inconstitucional a norma estadual que atribui personalidade jurídica ao Fundo Especial do
Poder Judiciário e prevê que o presidente do Conselho da Magistratura será o ordenador de despe-
sas e seu representante legal.
STF. Plenário. ADI 4981/RR, Rel. Min. Edson Fachin, julgado em 14/11/2020 (Info 999).
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DIREITO TRIBUTÁRIO
Ainda que sob o argumento da pandemia da Covid-19, não pode ser atendido
pedido feito por Governador do Estado para que sejam afastadas as limitações
da Lei de Responsabilidade Fiscal referentes a execução de gastos públicos conti-
nuados
Os limites da despesa total com pessoal e as vedações à concessão de vantagens, reajustes e aumen-
tos remuneratórios previstos na Lei de Responsabilidade Fiscal somente podem ser afastados quando
a despesa for de caráter temporário, com vigência e efeitos restritos à duração da calamidade pública,
e com propósito exclusivo de enfrentar tal calamidade e suas consequências sociais e econômicas.
STF. Plenário. ADI 6394/AC, Rel. Min. Alexandre de Moraes, julgado em 20/11/2020 (Info 1000).
DIREITO PREVIDENCIÁRIO
STF. Plenário. RE 1072485, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 31/08/2020 (Repercussão Geral –
Tema 985) (Info 993 – clipping).
STF. Plenário. RE 576967, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 05/08/2020 (Repercussão Geral –
Tema 72) (Info 996 – clipping).
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