Mensagem Ao Povo Brasileiro
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Mensagem Ao Povo Brasileiro
Animados pelo amor do Pai, pela luz do Senhor ressuscitado e com a força do Espírito
Santo, nós, bispos católicos, nos reunimos em Aparecida para a 60ª Assembleia Geral da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB. Fizemos isso como pastores em comunhão
com os presbíteros, diáconos, religiosos e religiosas, consagrados e consagradas, cristãos
leigos e leigas. Sentimo-nos acompanhados pela oração de nosso povo, representado
visivelmente pela multidão de peregrinos de todo o Brasil, que rezaram conosco nas
celebrações eucarísticas. Maria, Mãe de Jesus, a Senhora Aparecida, esteve perto de nós,
acolhendo-nos, cuidando de nossos trabalhos e intercedendo por nós.
Esses dias na casa da Mãe Aparecida foram uma oportunidade para experimentarmos
a comunhão a partir da riqueza de nossas diversidades. Quem nos une é Cristo e, por ele,
esperançosos e comprometidos, renovamos nossa opção radical e incondicional com a defesa
integral da vida que se manifesta em cada ser humano e em toda a criação.
A renovação desse compromisso com a vida dá-se num tempo marcado por grandes
desafios que, longe de nos desanimarem, estimulam a Igreja na promoção do Reino de Deus.
Nossas comunidades estão respondendo, com solidariedade fraterna, às consequências das
tragédias socioambientais; com compromisso cidadão na defesa da democracia e, com
responsabilidade social, ao drama da fome que nos assola. Com alegria, reconhecemos que
esse é o autêntico e eficaz testemunho de que o mundo necessita, à luz da Palavra de Deus,
pois não temos ouro nem prata, mas trazemos o que de mais precioso nos foi dado: Jesus
Cristo ressuscitado (cf. At. 3,6).
Essa alegria é consequente e, por isso, nos faz enxergar também os sofrimentos
presentes na sociedade. Nossa atenção se volta especialmente para o que estamos vivendo:
“uma terceira guerra mundial em pedaços” (Papa Francisco, em 13 de setembro de 2014, ao
lembrar o início da Primeira Guerra Mundial,), evidenciada no solo ucraniano, mas também
em outras regiões do planeta. Além do flagelo das guerras, muitas outras situações nos
preocupam, como os autoritarismos, as polarizações, as desinformações, as desigualdades
estruturais, o racismo, os preconceitos, a corrupção, a banalização do mal e das vidas, as
doenças, a drogadição, o tráfico de drogas e pessoas, o analfabetismo, as migrações forçadas,
as juventudes com poucas oportunidades, as violências em todas as suas dimensões, o
feminicídio, a precarização do trabalho e da renda, as agressões desmedidas à “casa comum”,
aos povos originários e comunidades tradicionais, a mineração predatória, entre tantas
outras, que fragilizam o tecido social e tencionam as relações humanas.