4.1e4.2-Direito A Vida

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SUBSÍDIOS DE FORMAÇÃO

TEMA 04 - DIMENSÃO SÓCIO-POLÍTICA-ECOLÓGICA (PROCESSO DE


PARTICIPAÇÃO-CONSCIENTIZAÇÃO.
“QUAL A MINHA RELAÇÃO COM A SOCIEDADE?“

TÍTULO 01 E 02: DIREITO À VIDA – ORIENTAÇÕES E PISTAS DE AÇÃO

Em diversos pronunciamentos do Magistério da Igreja, os jovens são lem-


brados como merecedores de “cuidado particular”, considerando sua quantidade
e, sobretudo, pelos imensos potenciais que podem oferecer à própria Igreja e a
sociedade. Sendo a juventude a fase da vida de maior energia, criatividade, gene-
rosidade e idealismo, a Igreja, em suas várias instâncias e organizações, olha os jo-
vens como “seu presente e futuro” e chama a atenção para suas vulnerabilidades.
O texto-base da Campanha da Fraternidade 2013, cujo tema foi “Fraterni-
dade e Juventude”, já apontava este olhar de cuidado e protagonismo, a partir
de um dos objetivos: “sensibilizar os jovens para serem agentes transformadores
da sociedade, protagonistas da civilização do amor e do bem comum”. Além de
apostar neste segmento tão relevante, o documento relembra que a juventude
faz parte de uma sociedade que sofre diretamente os impactos de uma mudança
de época, sobretudo na fragilização dos laços comunitários e familiares, subme-
tendo-se ainda mais às influências da cultura midiática, numa inevitável crise de
sentido que atordoa as pessoas e atinge seus critérios de julgamento e os valores
mais profundos, permeados por uma organização econômica neoliberal, compe-
titiva e individualista.
O Papa Francisco, na Evangelii Gaudium, também assinala preocupações
com uma grande parte da humanidade que vive precariamente, sem ter os seus
direitos básicos respeitados: proliferam as doenças, a falta de respeito, a violência,
a desigualdade social crescente, uma vida com pouca dignidade. Grandes massas
da população se veem excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspec-
tivas, em um verdadeiro “beco sem saída”. O ser humano é considerado, em si
mesmo, como um bem de consumo que pode ser usado e lançado fora. Esta é a
situação de milhões de jovens, em todo o mundo.
As populações mais pobres são acusadas de serem “causadoras” da violên-

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cia, Acusam-se de violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem
igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontra-
rão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar uma explosão.
Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma
parte de si mesma, não há programas políticos nem forças da ordem ou serviços
que possam garantir indefinidamente a tranquilidade. Há uma reação violenta
dos que são excluídos do sistema.
Aos lermos a Sagrada Escritura, fica claro que a proposta do Evangelho não
consiste só numa relação pessoal com Deus. E a nossa resposta de amor tam-
bém não deve ser entendida como uma mera soma de gestos pessoais a favor
de alguns indivíduos. A proposta é o Reino de Deus (cf. Lc 4,43); trata-se de amar
a Deus, que reina no mundo. Na medida em que Ele conseguir reinar entre nós,
a vida social será um espaço de fraternidade, de justiça, de paz, de dignidade
para todos. Por isso, tanto o anúncio como a experiência cristã tendem a pro-
vocar consequências sociais. O projeto de Jesus é instaurar o Reino de seu Pai,
por isso convoca os discípulos a O seguirem na missão de aliviar as asperezas da
vida de seu povo: curando, ressuscitando, devolvendo dignidade, profetizando e
acolhendo aqueles que eram massacrados pela sociedade da época, conforme
citação bíblica.
Embora a “justa ordem da sociedade e do Estado seja dever central da polí-
tica”, a Igreja “não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Bento XVI,
Deus caritas est, n. 28). Todos os cristãos, incluindo os Pastores, são chamados a
se preocuparem com a construção de um mundo melhor. O pensamento social
da Igreja é primariamente positivo e construtivo, orienta uma ação transformado-
ra e, neste sentido, não deixa de ser um sinal de esperança que brota do coração
amoroso de Jesus Cristo. Sendo assim, a Igreja colabora para a resolução das
causas estruturais da pobreza e promove o desenvolvimento integral dos pobres,
como os gestos mais simples e diários de solidariedade para com as misérias
muito concretas que encontramos.
A solidariedade reconhece a função social da propriedade e o destino uni-
versal dos bens, como anteriores à propriedade privada. Os Bispos brasileiros, no
documento que trata da Superação da Fome e da Miséria, assinalam:
“Desejamos assumir, a cada dia, as alegrias e as esperanças, as angús-
tias e tristezas do povo brasileiro, especialmente das populações das

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periferias urbanas e das zonas rurais – sem-terra, sem teto, sem pão,
sem saúde – lesadas em seus direitos. Vendo a sua miséria, ouvindo os
seus clamores e conhecendo o seu sofrimento, escandaliza-nos saber
que existe alimento suficiente para todos e que a fome se deve à má
repartição dos bens e da renda. O problema se agrava com a prática
generalizada do desperdício”. (CNBB, Exigências evangélicas e éticas
da superação da miséria e da fome. 2002).
Para a Igreja, a opção pelos pobres é mais uma categoria teológica que cul-
tural, sociológica, política ou filosófica. Deus “manifesta a sua misericórdia antes
de mais” a eles. (São João Paulo II. Homilia durante a Santa Missa pela evangeli-
zação dos povos. Santo Domingo, 11 de outubro de 1984). Esta preferência divina
tem consequências na vida de fé de todos os cristãos, chamados a terem “os
mesmos sentimentos que estão em Cristo Jesus” (Fl 2,5). A opção pelos pobres,
conforme ensinava o Papa Bento XVI, “está implícita na fé cristológica naquele
Deus que se fez pobre por nós, para enriquecer-nos com sua pobreza”. (Discurso
na Sessão inaugural da V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do
Caribe – Conferência de Aparecida, 10 de maio de 2007).
Para a superação dos problemas gerados pelas exclusões sociais, não pode-
mos mais confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado. O crescimento
equitativo exige algo mais do que o crescimento econômico, embora o pres-
suponha: requer decisões, programas, mecanismos e processos especificamente
orientados para uma melhor distribuição de renda, para a criação de oportuni-
dades de trabalho, para uma promoção integral dos pobres que supere o mero
assistencialismo. A economia não pode mais recorrer a remédios que são um
novo veneno, como se quando se pretende aumentar a rentabilidade reduzindo
o mercado de trabalho e criando assim, novos excluídos.

REALIDADE JUVENIL

Voltar o olhar para a juventude é falar de sonhos, igualdades, desigual-


dades, novidades, comportamentos e das várias demandas que este segui-
mento nos vem colocando em pauta. Neste sentido o contexto, social, políti-
co, religioso e cultural devem nos remeter aos lugares vitais de participação

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da juventude, com suas particularidades e especificidades, instrumentos im-
portantes para a reflexão que segue.
Alguns dados em termos populacionais, apresentados pelo Conselho Na-
cional da Juventude serão apresentados aqui. Para efeito de políticas públicas,
pessoas consideradas “jovens” são aquelas que possuem idades que variam de
15 a 29 anos. A Organização das Nações Unidas, considera juventude o tempo
vivido entre 14 e 25 anos. Note que cada país tem uma faixa etária que representa
a juventude. Segundo a antropóloga Regina Novaes:
“A noção mais geral e usual do termo juventude se refere a uma faixa
de idade, um período de vida, em que se completa o desenvolvimento
físico do indivíduo e ocorre uma série de transformações psicológicas
e sociais, quando este abandona a infância para processar sua entrada
no mundo adulto. No entanto, a noção de juventude é socialmente
variável. A definição do tempo de duração, dos conteúdos e significa-
dos sociais destes processos se modifica de sociedade para sociedade
e, na mesma sociedade, ao longo do tempo e através de suas divisões
internas. Além disso, é somente em algumas formações sociais que a
juventude configura-se como um período destacado, ou seja, aparece
como uma categoria de visibilidade social”.
Conforme o Censo 2010 – IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatís-
tica), há 51,3 milhões de jovens no Brasil, o que corresponde a 26,1% da popula-
ção total. Neste percentual de jovens, 20% possuem idades de 15 a 17 anos – são
os chamados “jovens-adolescentes”; 47% são jovens de 18 a 24 anos – são os
“jovens-jovens” e os 33% restantes são os “jovens-adultos”, de 25 a 29 anos. Para
cada segmento de juventude, devem haver políticas públicas e ações afirmativas
específicas. A proporção de gênero é praticamente igual, com pouquíssima maio-
ria do sexo feminino.
Se considerarmos a cor ou raça, 45% dos jovens são pardos, 35% são bran-
cos, 15% negros, 2% amarelos, 2% indígenas e 1% outros. A região Sul do Brasil
tem a maior quantidade de jovens brancos. As outras 4 outras regiões geográfi-
cas possuem maioria parda. A região com maior percentual de jovens negros é o
Nordeste, com cerca de 19%.
A imensa maioria dos jovens brasileiros mora no meio urbano: totalizam
85%. Ainda temos no Brasil muitas situações de deslocamento por motivo de

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busca de escolarização e trabalho. Mesmo que se considerem os avanços nas
políticas públicas para a juventude na última década, ainda há um grande déficit
de instituições de ensino superior, obrigando milhões de jovens, a cada ano, a
abandonarem suas famílias na busca de uma maior qualificação.
O sonho do ingresso na universidade é realizado por apenas 13% dos
jovens brasileiros, que possuem ensino superior e pós-graduação. Consideráveis
38% possuem ensino médio completo, 21% possuem ensino médio incompleto,
11% conseguiram terminar o ensino fundamental e 16% não conseguiram con-
cluir o ensino fundamental. Segundo dados do IPEA de 2009, existem cerca de
1,5 milhão de jovens analfabetos no Brasil. Portanto, a educação básica continua
sendo um grande problema da sociedade brasileira!
Se relacionarmos escolaridade com raça/cor, veremos que são os jovens
brancos e amarelos os que conseguem chegar ao Ensino Superior. No outro ex-
tremo, os jovens que não concluíram o Ensino Fundamental são, em sua maioria,
negros e pardos, especialmente das regiões Norte e Nordeste. A falta de escola-
rização, portanto, possui cor e local.
Quando falamos do mercado de trabalho, 53% dos jovens realiza algum
trabalho remunerado, sendo que a maioria dos que trabalham cumprem jornadas
de mais de 46 horas semanais. Entre os que não trabalham atualmente, a maio-
ria já trabalhou em algum momento e está procurando reinserção no mercado.
A maioria dos desempregados do Brasil é jovem. Sem perspectivas animadoras,
uma parcela dos jovens recorre a outras saídas, como a violência, a dependência
das drogas, o crime, o suicídio e a migração para o exterior.
Dados do IBGE baseados na Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Do-
micílios) de 2012 e divulgados em 2013, mostram que o número de jovens de 15
a 29 anos que não estudam nem trabalham é estimado em 9,6 milhões no país,
isto é, praticamente uma em cada cinco pessoas da respectiva faixa etária. O
número - que representa 19,6% da população de 15 a 29 anos - é maior do que
a população do Estado de Pernambuco, que, de acordo com o Censo 2010, era
de 8,7 milhões de pessoas. Na comparação com 2002, quando 20,2% dos jovens
nessa faixa etária não estudavam e não trabalhavam, houve leve redução: 0,6
ponto percentual. Esta quantidade assombrosa torna os jovens alvos fáceis do
narcotráfico, da prostituição e de outras atividades ilícitas e perigosas.

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Aprofundando a análise socioeconômica dos jovens, os estratos de renda
mensal domiciliar baixa é formada por 29% dos jovens, sendo que 16% são con-
siderados vulneráveis economicamente; o percentual de 60% está num patamar
médio e 11% estão em patamares mais altos. A população jovem com renda me-
nor encontra-se na região Nordeste do Brasil e os jovens com maiores rendimen-
tos estão na região Sudeste, seguidos de perto pelos que moram na região Sul.
Se relacionarmos renda mensal com raça/cor, constataremos que os maio-
res eixos de pobreza no meio juvenil se configuram nos jovens negros. Os jovens
com maior rendimento financeiro mensal são os amarelos, seguidos de perto
pelos jovens brancos. Dos jovens mais pobres e vulneráveis socialmente, a maio-
ria é do gênero feminino, com percentuais distribuídos uniformemente, entre
aquelas de 15 a 17 anos, 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos. Os jovens com maiores
rendimentos são do gênero masculino, de 25 a 29 anos. Estes dados permitem
observar também que, diante da ocorrência da gravidez precoce, as jovens en-
contram dificuldade em permanecer no mercado de trabalho e nos ambientes
escolares. Consequentemente, a renda mensal mais baixa se encontra nas jovens
que não conseguiram concluir o ensino fundamental.
A pesquisa da Agenda Juventude Brasil 2013, elaborada pela Secretaria Na-
cional da Juventude, aponta uma crescente mobilidade social dos jovens: 44%
conseguiu ascender socialmente em relação à geração dos seus pais. Apesar dis-
so, 56% não teve mobilidade, sendo um desafio a ser enfrentado com políticas
sociais e ações afirmativas.
A violência contra os jovens brasileiros aumentou nas últimas três décadas
de acordo com o “Mapa da Violência 2013: Homicídio e Juventude no Brasil”,
publicado pelo Centro de Estudos Latino-Americanos (Cebela), com dados do
Subsistema de Informação sobre Mortalidade (SIM), do Ministério da Saúde. En-
tre 1980 e 2011, as mortes não naturais e violentas de jovens – como acidentes,
homicídios ou suicídios – cresceram 207,9%. Se forem considerados só os ho-
micídios, o aumento chega a 326,1%. Do total de 46.920 mortes na faixa etária
de 14 a 25 anos, em 2011, 63,4% tiveram causas violentas (acidentes de trânsito,
homicídio ou suicídio). Na década de 1980, o percentual era 30,2%.
O homicídio é a principal causa de mortes não naturais e violentas entre os
jovens. A cada 100 mil jovens, 53,4 assassinados, em 2011. Os crimes foram pra-
ticados contra pessoas entre 14 e 25 anos. Os acidentes com algum tipo de meio

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de transporte, como carros ou motos, foram responsáveis por 27,7 mortes no
mesmo ano. Em 2013, 56.337 pessoas foram assassinadas no Brasil, destes, 30.072
jovens entre 15 e 29 anos, 91,6% do sexo masculino e a grande maioria, negra.
Segundo o mapa, o aumento da violência entre pessoas dessa faixa etária
demonstra a omissão da sociedade e do Poder Público em relação aos jovens,
especialmente os que moram nos chamados polos de concentração de mortes,
no interior de estados mais desenvolvidos; em zonas periféricas, de fronteira e de
turismo predatório; em áreas com domínio territorial de quadrilhas, milícias ou
de tráfico de drogas; e no arco do desmatamento na Amazônia que envolve os
estados do Acre, Amazonas, Rondônia, Mato Grosso, Pará, Tocantins e Maranhão.
De acordo com o estudo do Mapa da Violência, a partir “do esquecimento
e da omissão passa-se, de forma fácil, à condenação” o que representa “só um
pequeno passo para a repressão e punição”. O autor Julio Jacobo Waiselfisz, ex-
plica que a transição da década de 1980 para a de 1990 causou mudanças no
modelo de crescimento nacional, com uma descentralização econômica que não
foi acompanhada pelo aparato estatal, especialmente o de segurança pública. O
deslocamento dos interesses econômicos das grandes cidades para outros cen-
tros gerou a interiorização e a periferização da violência, áreas não preparadas
para lidar com os problemas. “O malandro não é otário, não vai atacar um banco
bem protegido, no centro da cidade. Ele vai aonde a segurança está atrasada e
deficiente, gerando um novo desenho da violência. Não foi uma migração mera-
mente física, mas de estruturas”, destacou Waiselfisz.
Nos estados e capitais em que eram registrados os índices mais altos de ho-
micídios, como em São Paulo e no Rio de Janeiro, houve redução significativa de
casos, devido aos investimentos na área. São Paulo, atualmente, é a capital com a
maior queda nos índices de homicídios de jovens nos últimos 15 anos (-86,3%). A
Região Sudeste é a que tem o menor percentual de morte de jovens por causas
não naturais e violentas (57%).
Em contraponto, Natal (RN), considerado um novo polo de violência, é a
capital que registrou o maior crescimento de homicídios de pessoas entre 15 e 24
anos – 267,3%. A região com os piores índices é a Centro-Oeste, com 69,8% das
pessoas nessa faixa etária mortas por homicídio. Entre as capitais, São Paulo tem
a maior queda nos índices de homicídios de jovens nos últimos 15 anos.

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Visando responder a esta realidade, tendo por objetivo denunciar a situação
e exigir rapidez nas ações por parte do Estado, as Pastorais da Juventude do Brasil
(Pastoral da Juventude, Pastoral da Juventude Estudantil, Pastoral da Juventude
do Meio Popular e a Pastoral da Juventude Rural) realizam, desde 2009, a “Cam-
panha Nacional Contra o Extermínio da Juventude”. No 1º Seminário Nacional, os
jovens afirmaram:
Reafirmamos nosso compromisso com a vida da juventude, assumin-
do o desafio de colaborar com a construção da cultura da paz e de-
nunciando as estruturas sociais que geram morte e violência. Nos ins-
piramos na mística revolucionária dos mártires da América Latina e do
mundo, renovamos o compromisso com a dignidade humana, forta-
lecemos a esperança de um outro mundo possível e afirmamos que
toda a vida tem o mesmo valor. (Carta de Guararema, redigida pelas
Pastorais da Juventude do Brasil, ao final do encontro)
Os jovens estão também no topo de mais uma triste estatística: são as prin-
cipais vítimas de homofobia no Brasil. No Relatório sobre Violência Homofóbica
no Brasil, no ano de 2011, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da
República (SDH), destaca que 47,1% das vítimas de homofobia no Brasil têm entre
15 e 29 anos de idade. Foram 6.809 denúncias, mas sabemos que uma minoria
dos casos de violência são notificados. Também neste caso de violência, 51,1%
das vítimas são negras e 44,5% são brancas. A violência homofóbica é praticada,
na maioria dos casos, por pessoas conhecidas da família (61,9%), como familiares
e vizinhos, e a maior parte das violências (42%) ocorre dentro de casa. O índice
de violências nas ruas soma 30,8%.
Contemplando os dados apresentados, concluímos que a juventude é um
dos grupos mais vulneráveis da sociedade brasileira. Ela é especialmente atingida
pelas fragilidades do sistema educacional, pelas mudanças no mercado de traba-
lho e ainda é o segmento etário mais destituído de apoio de redes de proteção
social. Além dos problemas apresentados, podemos acrescentar o envolvimento
com drogas, o aumento do consumo de bebidas alcoólicas, a banalização da
sexualidade, a gravidez na adolescência, o aumento do número de portadores
de HIV, especialmente nos adolescentes de sexo masculino, o limitado acesso às
atividades esportivas, lúdicas, culturais e a exclusão digital.
Este quadro aponta a necessidade de promover mudanças profundas e estru-
turais no modelo de desenvolvimento econômico-social adotado no país, com reo-

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rientação de investimentos que garantam os direitos básicos da população, especial-
mente dos jovens, nas áreas da educação, no mundo do trabalho, na infraestrutura
urbana, nas políticas de saúde, no acesso à cultura e ao lazer, possibilitando o acesso
dos jovens a oportunidades de crescimento acadêmico e em sua formação humana.
É preciso garantir o acesso dos jovens aos direitos fundamentais e, para
isso, a implementação das políticas públicas e ações afirmativas destinadas à ju-
ventude, que se tornam cada vez mais essenciais. Para que estas ações sejam
implementadas, é fundamental que os jovens e suas organizações sejam ouvidos
na formulação, discussão e avaliação das mesmas. A parceria das organizações
juvenis é imprescindível para os avanços, nos quais a juventude católica também
pode e deve dar a sua colaboração para os avanços que tem por meta uma vida
digna aos jovens brasileiros.

PERGUNTA:
1. Cite dois documentos abordados no texto acima e comente segundo o
tema central do texto.

BIBLIOGRAFIA

Nei Márcio Oliveira de Sá - (Profs. Ms. Teologia Pastoral – PUC-SP)


FRANCISCO. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium. Sobre o anúncio do Evange-
lho no mundo atual. 2013.
BENTO XVI. Carta Encíclica Deus caritas est. 2005.
CELAM. Documento de Aparecida. 2007.
CNBB. Evangelização da juventude: desafios e perspectivas pastorais. (Documen-
to 85). 2007.
CNBB. Exigências evangélicas e éticas da superação da miséria e da fome. 2002.
CNBB. Texto-base da Campanha da Fraternidade 2013 – “Fraternidade e Juventude”.
Sites pesquisados:
Pastoral da Juventude: http://www.pj.org.br
Mapa da Violência 2013: http://memoria.ebc.com.br/agenciabrasil/noti-
cia/2013-07-18/homicidios-de-jovens-crescem-3261-no-brasil-mostra-mapa-
-da-violencia
Secretaria Nacional de Juventude: http://www.juventude.gov.br

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