Adjudicação Compulsoria
Adjudicação Compulsoria
Adjudicação Compulsoria
que tem como fito a aplicação da matéria regulada no art. 1.418 do Código Civil Brasileiro
que dispões que o promitente comprador, titular de direito real, pode exigir do promitente
vendedor, ou de terceiros, a quem os direitos deste forem cedidos, a outorga da escritura
definitiva de compra e venda, conforme disposto no instrumento preliminar; e, se houver
recusa, requerer ao juiz a adjudicação do imóvel.
Com a edição da lei federal 14.382 de 27 de junho de 2022, tornou possível o suprimento
de vontade do titular do domínio pela via extrajudicial, o que antes somente era possível
com a provocação do judiciário. Dita lei incluiu o art. 216-B na Lei de Registros Públicos
(lei 6.015/73), autorizando seu processamento diretamente junto ao Registro Imobiliário
da situação do imóvel, nos mesmos moldes da usucapião extrajudicial.
Quando da conversão da MP 1.081 na lei 14.382, o presidente vetou o inciso III do art.
216-B da LRP, excluindo a necessidade da lavratura de ata notarial lavrada por tabelião
de notas para o ingresso e processamento da adjudicação junto ao cartório de registro de
imóveis competentes.
Sendo assim, a redação do art. 216-B da lei 6.015/73 (LRP) passa a ter a seguinte
redação:
"Art. 216-B. Sem prejuízo da via jurisdicional, a adjudicação compulsória de imóvel objeto
de promessa de venda ou de cessão poderá ser efetivada extrajudicialmente no serviço
de registro de imóveis da situação do imóvel, nos termos deste artigo.
Necessário esclarecer que o art. 1.225 do Código Civil Brasileiro, em seu inciso VII prevê
que em havendo promessa de compra e venda celebrada por instrumento público ou
particular registrada no cartório de registro de imóveis, nasce o direito real à aquisição do
imóvel, podendo o promitente comprador, exigir a outorga da escritura definitiva, ou
adjudicar o bem para si.
O Superior Tribunal de Justiça, em tese sumular (Súmula 239), definiu que não é
obrigatório o registro no cartório de registro de imóveis para que haja o direito à
adjudicação compulsória.
I. manifestação de vontade;
A ata notarial mencionada prevista no inciso III do art. 216-B da LRP, deverá ser lavrada
pelo tabelião de notas do município em que estiver localizado o imóvel compromissado ou
a maior parte dele. Se dispensadas as diligências do notário, a competência territorial
acaba podendo os requerentes optarem por qualquer tabelião de notas (art. 8° LNR).
A queda da competência territorial do notário não se demonstra como melhor solução, vez
que a diligência inspecional poderá dar mais certeza ao registrador imobiliário para a
lavratura do registro da transmissão da propriedade. Preenchidos os requisitos de
manifestação de vontade e os previstos no art. 216-B da LRP, passamos à construção da
ata notarial para a adjudicação compulsória:
Aos ___________ (___) dias do mês de ______ (___) do ano de dois mil e vinte e
_________(202_), eu, Douglas Gavazzi, substituto legal do 2° Tabelião de Notas de São Paulo,
Capital, assento no livro notarial a presente ATA NOTARIAL, nos termos do artigo 216-B, inciso
III, da Lei de Registros Públicos, cuja diligência se deu às ___h___m (__________) do dia
___/___/202__, na forma a seguir:
Tendo sido ajustado o valor de R$__________ ou ________ (valor da época) para a efetivação da
cessão dos direitos mencionada no item anterior, os REQUERENTES, arcaram integralmente com o
preço combinado, sendo certa a inexistência de débitos tributários a incidir sobre o imóvel,
conforme se comprova da certidão negativa de débitos abaixo consignada. Apesar de cumprida
integralmente a avença, conforme se comprova dos recibos apresentados a este notário, cuja
veracidade se atesta, os REQUERENTES tentaram obter reiterada e amigavelmente, com
os titulares de domínio e seus herdeiros a outorga da competente escritura definitiva de compra e
venda, a fim de que o referido negócio se aperfeiçoe unicamente para fins de registro.
O artigo 1.417 do Código civil Brasileiro regra que mediante promessa de compra e venda, em que
não se pactuou arrependimento, celebrada por instrumento público ou particular, e registrada no
Cartório de Registro de Imóveis, adquire o promitente comprador direito real à aquisição do imóvel.
Verifica-se dos instrumentos apresentados a este tabelião, que ambos foram firmados com clausula
de IRRETRATABILIDADE e de IRREVOGABILIDADE, podendo, ainda, atestar a ausência de
clausula de ARREPENDIMENTO, neste caso não incidente as prescrições e regras contidas no art.
420 do Código Civil Brasileiro e nem mesmo do art. 49 do Código de Defesa do Consumidor no
que aplicável aos contratos imobiliários nos termos da jurisprudência vigente.
Verificada a quitação e com base nos documentos apresentados a este notário, (comprovantes de
depósitos, notas promissórias, e-mails, mensagens de WhatsApp, redes sociais) e não tendo obtido
êxito algum na busca da solução amigável do caso, os REQUERENTES se servem do procedimento
da ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA EXTRAJUDICIAL prevista no art. 216-B da Lei de
Registros Públicos a qual se processará junto ao ____ Oficial de Registro de Imóveis de
____________.
DILIGÊNCIA INSPECIONAL
FOTOS.
Na mesma data da diligência, tive a oportunidade de conversar com o confortante do lado direito
(prédio n° ____) Sr. _________________, o qual me relatou que conhece o REQUERENTE desde
___________, podendo atestar que o mesmo ali reside e/ou é tido como proprietário do bem, sem
conhecimento de qualquer forma de esbulho. Também conversei com o confortante do lado
esquerdo (prédio n° _____), Sr. _________________, o qual me relatou que conhece o
REQUERENTE desde ___________, podendo atestar que o mesmo ali reside e/ou é tido como
proprietário do bem, sem conhecimento de qualquer forma de esbulho. E por fim, o confrontante
dos fundos (prédio n° _____), o qual me relatou que conhece o REQUERENTE desde
___________, podendo atestar que o mesmo ali reside e/ou é tido como proprietário do bem, sem
conhecimento de qualquer forma de esbulho.
PROCURAÇÃO
DOCUMENTOS APRESENTADOS
Os requerentes declaram sob as penas da lei: 1) que todas as declarações prestadas nesta ata notarial
são verdadeiras, responsabilizando-se civil e criminalmente pelas mesmas. 2) que por mim, tabelião
substituto tomaram ciência de que omitir, em documento público ou particular, declaração que dele
deva constar, ou ainda, inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser escrita,
com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente
relevante constitui crime formal de falsidade ideológica tendo como sujeito o Estado, que busca a
proteção da fé pública dos órgãos auxiliares da Justiça, sendo assim, objeto de ação penal pública
incondicionada e independe de qualquer representação formal; 3) que aceitam e concordam com
todos os termos e constatações feitas nesta ata.
CIENTIFICAÇÃO
Os REQUERENTES foram cientificados que esta ata notarial não tem valor como confirmação ou
estabelecimento de propriedade, servindo apenas para a instrução de requerimento extrajudicial da
ADJUDICAÇÃO COMPULSÓRIA para regular processamento perante o ____° Oficial de
Registro de Imóveis de _____________.
REQUERIMENTOS
IMPOSTO DE TRANSMISSÃO
O imposto de transmissão de bens imóveis deverá ser recolhido pelos REQUERENTES junto ao
registrador imobiliário competente, após a confirmação da transmissão da propriedade (derivada)
conforme jurisprudência atual do Supremo Tribunal Federal (STF) reafirmada nos autos do recurso
Extraordinário com Agravo (ARE) 1294969, com repercussão geral (Tema 1124) de que o Imposto
sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI) só é devido a partir da transferência da propriedade
imobiliária, efetivada mediante o registro no cartório de Registro de Imóveis.
ATESTADO E ENCERRAMENTO
Com a lavratura da ata notarial, o advogado contratado pelos compromissários compradores deverá
instruir requerimento junto ao registro de imóveis da situação ou circunscrição competente,
contendo a descrição dos fatos e do direito. É fato que requerimento poderá ser instruído com mais
de uma ata notarial, por ata notarial complementar ou por escrituras declaratórias lavradas pelo
mesmo ou por diversos notários, ainda que de diferentes municípios, as quais descreverão suas
constatações.
Uma vez instruído o pedido, os titulares do domínio serão notificados pelo oficial de registro de
imóveis ou por intermédio do oficial de registro de títulos e documentos para que manifestem
consentimento no prazo de quinze dias, considerando-se sua inércia como concordância. O
Conselho Nacional de Justiça não se posicionou por alguma normatização sobre o procedimento da
adjudicação compulsória extrajudicial (assim como fez com a usucapião), entretanto, imagina-se
que se infrutíferas as notificações dos titulares do domínio ou estando em lugar incerto, não sabido
ou inacessível, o oficial de registro de imóveis certificará o ocorrido e promoverá a notificação por
edital publicado, por duas vezes (à exemplo da usucapião), em jornal local de grande circulação,
pelo prazo de quinze dias cada um, interpretando o silêncio do notificando como concordância,
sendo possível a publicação do edital em meio eletrônico, pelo próprio Sistema Eletrônico de
Registros Públicos - SERP.
Com isso, a indisponibilidade dos titulares do domínio impede o ingresso da adjudicação junto ao
fólio real, sendo que os requerentes deverão servir-se das vias jurisdicionais próprias para o
levantamento da constrição.
A sociedade habituada a converter seus conflitos aos tribunais em busca da prestação jurisdicional,
por acreditar que o Poder Judiciário é a melhor fonte de acesso à Justiça, se recruta ao fenômeno da
desjudicialização com essência nas serventias notariais e de registro, como um relevante
instrumento capaz de proporcionar a mesma (ou melhor) tutela dos direitos pretendidos.