Ensaio Filosófico 11 Ano
Ensaio Filosófico 11 Ano
Ensaio Filosófico 11 Ano
Para Hume, quando o homem nasce, a sua mente é como uma folha de
papel em branco, sem nenhuma informação. Com o passar do tempo, através das
observações, sensações, perceções e experiências, o indivíduo forma o seu
conhecimento. Todo o conhecimento deriva da experiência sensível. A
essas experiências sensíveis Hume da o nome de impressões. As impressões são a
primeira e mais segura forma de conhecimento. São “as nossas perceções mais vivas,
quando ouvimos, ou vemos, ou sentimos, ou amamos, ou odiamos, ou desejamos, ou
queremos”. Apenas são consideradas impressões o que se percebe durante a ação,
quando ocorre o conhecimento.
Passada essa experiência, à lembrança posterior do ocorrido, Hume chama de ideias.
Ou seja, a experiência proporciona ideias e impressões. As ideias são pensamentos,
recordações, são vagas e indefinidas, enquanto as impressões são claras
e definidas. A ideia mais viva é inferior à sensação mais apagada. Por
exemplo, quando uma pessoa queima a mão, o que ela experimenta é uma impressão
imediata. Depois, quando ela se lembrar do ocorrido, terá uma ideia.
Todas as nossas ideias são cópias das nossas impressões Por outras palavras,
todas as nossas ideias têm uma origem empírica.
Portanto, não existem ideias inatas, ou seja, não existem ideias que o nosso
entendimento ou intelecto não tenha formado a partir da experiência. A experiência
empírica fornece os materiais a partir dos quais se geram todas as nossas ideias,
mesmo as mais elaboradas e abstratas. Uma das razões que Hume apresenta a favor
do princípio da cópia é a seguinte: aqueles que estão privados de certas impressões
são incapazes de formar as ideias correspondentes. Nunca tivemos uma
impressão de um cavalo azul, mas já observámos cavalos e já observámos objetos
azuis, pelo que temos a ideia de cavalo e a ideia de azul. Assim, ainda que todas as
nossas ideias simples sejam cópias diretas de impressões, o nosso pensamento
combina imaginativamente essas ideias de modo a formar ideias mais complexas, que
no seu todo multas vezes não correspondem a nada que tenhamos observado ou
sentido alguma vez.
Todos os objetos da razão ou investigação humanas podem naturalmente dividir-se
em duas classes: Relações de Ideias e Questões de Facto.
Das relações de ideias são as ciências da Geometria, Álgebra e Aritmética e, em
suma, toda a afirmação que é intuitiva ou demonstrativamente certa. Que o quadrado
da hipotenusa é igual à soma dos quadrados dos dois lados é uma proposição que
exprime uma relação entre estas figuras. Que três vezes cinco é igual à metade de
trinta expressa uma relação entre estes números. Proposições deste tipo podem
descobrir-se pela simples operação do pensamento, sem dependência do que existe
em alguma parte no universo. Ainda que nunca tivesse havido um círculo ou um
triângulo na natureza, as verdades demonstradas por Euclides conservariam para
sempre a sua certeza e evidência. Ou seja a priori (Algumas delas são intuitivamente
certas e descobrimos outras por meio de demonstrações)
As questões de facto, que constituem os segundos objetos da razão humana, não são
indagadas da mesma maneira, nem a nossa evidência da sua verdade, por maior que
seja, é de natureza semelhante à precedente. O contrário de toda a questão de facto é
ainda possível, porque jamais pode implicar uma contradição, e é concebido pela
mente com a mesma facilidade e nitidez, como se fosse idêntico à realidade. Que o
Sol não se há-de levantar amanhã não é uma proposição menos inteligível e não
implica maior contradição do que a afirmação de que ele se levantará. Ou seja a
posteriori (baseia se naquilo que observamos ou sentimos)
Duas das suas conclusões céticas mais Importantes de hume são as seguintes:1.A
nossa crença na uniformidade da Natureza é racionalmente injustificada 2.A
nossa crença na realidade do mundo exterior é racionalmente injustificada. No que
respeita a 1., importa observar que, segundo Hume, a crença na uniformidade da
Natureza subjaz a todas as nossas inferências causais.
Inferimos que as cinzas se seguirão à fogueira, ou que o arremesso da pedra fará o
vidro quebrar-se, porque acreditamos que a natureza é uniforme, isto é, porque
acreditamos que o seu curso não se vai alterar de um momento para o outro e que
as regularidades observadas no passado continuarão a verificar-se no futuro.
A nossa crença na uniformidade da Natureza não é mais do que um fruto do hábito, de
um certo «instinto» ou «intuição» que nos leva a esperar que a causas semelhantes se
hão de seguir efeitos semelhantes.
Deste modo, as nossas inferências causais parecem ser injustificadas, já que se
baseiam numa crença que não está justificada. No que respeita a 2., a crença na
realidade do mundo exterior é a crença de que os objetos que nos rodeiam são reais,
isto é, existem independentemente das nossas perceções.
O realista aceita então a seguinte hipótese: As perceções dos sentidos são causadas
por objetos exteriores que, embora sejam semelhantes a elas, existem
independentemente da nossa mente. A questão que agora se coloca é a de saber se
temos razões para acreditar na hipótese realista.
A conclusão cética de Hume é a de que não podemos encontrar razões que
apoiem a hipótese realista e nos permitam afastar as hipóteses alternativas.
Hume vai ainda mais longe nas suas conclusões céticas, defendendo que a nossa
crença na realidade do mundo exterior é também injustificada.