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BHS, LXXI (1994)
" Imagens de Africa nos textos de Ehingen, Rosmital, Popplau e Munzer
ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA
Universidade de Lisboa
A partir do seculo XIV a existencia de colonias estrangeiras em Portugal
passa a ser uma realidade crescente. 0 comercio e a participacao em questoes do foro tecnico-militar foram factores que atrairam naturais de outros reinos, nomeadamente italianos, castelhanos, catalaes, ingleses, flamengos, franceses ou alemaes.! Particularizemos 0 caso dos alemaes. A sua presenca era importante pois desempenhavam funcoes artesanais (ferreiros, vidreiros, ourives, sapateiros, tanoeiros, encadernadores, etc.) e dedicavam-se tambem quer ao comercio- quer a guerra. 3 Nao sera de estranhar 0 facto de receberem, desde 0 seculo XV, um conjunto de privilegios abrangendo a isencao do pagamento de dados tributos ou 0 recebimento de algumas merces.? Ao que parece, esta isencao nao se podia alhear do nosso interesse pela mineracao da prata e do cobre, entao especialmente na mao dos alemaes, e, desde 0 inicio do seculo XVI, da necessidade de pagar esses metais com . especiarias na feitoria de Antuerpia.f Um outro factor tambem tern alargado as relacoes luso-alemas," referimo-nos ao casamento de D. Leonor, irma de D. Afonso V, com 0 imperador Frederico III, em 1451. 7 A partir do final do seculo XV, varies subditos do imperio sao atraidos pelos descobrimentos portugueses. As navegacces, 0 exotismo e 0 comercio suscitaram interesse a nomes bem conhecidos como Martim Behaim e Jeronimo Munzer na centuria de Quatrocentos, seguidos por muitos outros no seculo XVI, 8 alguns dos quais expressaram as suas opinioes acerca do que viram em Portugal enos outros continentes, nomeadamente em Africa e na Asia, levando assim tais informacoes ate a Alemanha.? No caso de MUnzer, note-se que alem de ter escrito um itinerario, deixou um anexo sobre Africa e, mesmo antes de chegar a Portugal, em 1493, dirigiu uma carta aD. -Ioao II aconselhando 0 monarca a chegar ao Oriente navegando para 0 Ocidente.l?
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A prop6sito do interesse dos descobrimentos por parte dos estrangeiros
tomemos os testemunhos de quatro viajantes que passaram por Portugal nessa epoca.
II
Quatro homens ao service do sacro imperio romano-germanico deixaram
algumas impressoes sobre Portugal e sobre Africa, no que respeita sobretudo a questoes do ponto de vista comercial, nomeadamente produtos oriundos das terras visitadas pelos portugueses, mas nao so, pois tambem as relacoes de convivencia dos povos dos ditos continentes sao por vezes abordadas. Todos estes homens estiveram em Portugal no seculo XV; Jorge Ehingen em 1457, 0 Barao Leon de Rosmital entre 1466-1467, Nicolaus von Popplau ja no reinado de D. -Ioao II, em 1484-1485 e Jeronimo Munzer dez anos mais tarde, precisamente em 1494-1495. Apenas Ehingen passou a Africa, concretamente a Ceuta. Parece ter personificado a nobreza germanica desejosa de aventura.I! pois envolveu-se pessoalmente no socorro a Ceuta onde lutou contra os muculmanos. Era um cavaleiro da Suabia, esteve ao service do conde do Tirol, Segismundo, e do duque de Carintia, Alberto de Austria, irmao do imperador Frederico III. Embarcou-se para ir combater os turcos em Rodes, peregrinou ate aos lugares santos e posteriormente visitou a Peninsula Iberica, fazendo uma incursao a Ceuta, onde combateu, tal como em Granada.P Leon de Rosmital era cunhado do rei Jorge da Boemia, 0 qual teve problemas com Roma devido as doutrinas hereticas de John Huss, facto que o levou a solicitar auxilio aos monarcas queixosos da Santa Se. Como enviado, 0 rei encarregou 0 seu cunhado dessa missao, 0 qual saiu de Praga a 26 de Novembro de 1465 com um sequito de quarenta pessoas.P Nicolaus von Popplau, natural da Silesia e oriundo duma familia polaca germanizada, ingressou no exercito do imperador Frederico III e posteriormente realizou duas grandes viagens. A primeira levou-o a varias cidades alemas, a Inglaterra, a Flandres, a Franca, a Castela e a Portugal e a segunda ao Oriente.P Jeronimo Munzer e 0 mais famoso destes viajantes e, por isso mesmo, tem suscitado 0 interesse de muitos investigadores.P Trata-se dum medico, que foi tambem ge6grafo e cosmografo, natural de Fe1dkirch, que no reinado de D. -Ioao II visitou Portugal tendo escrito uma longa e desordenada relaeao das impressoes que recolheu.lf Os quatro visitantes abordaram diversas questoes relativas a Portugal como 0 cerimonial das cortes de D. Afonso V e D. -Ioao II, 0 caracter dos portugueses, as producoes de alguns dos locais que visitaram e varies outros acontecimentos do presente de entao ou ate do passado recente.l? Os juizos pronunciados por vezes nao estao isentos de alguma confusao ou de
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observacoes incorrectas resultantes da curta estada e ate de alguns
eventuais preconceitos. Mas, estes aspectos nao obstam a que os seus testemunhos possam ser tidos em grande apreco.
III
Interessa-nos ao presente tratar as informacoes destes alemaes
respeitantes ao continente african 0 , concretamente as relacoes ai estabelecidas pelos portugueses, quer nas cidades marroquinas, quer na costa ocidental africana, com todas as suas repercussoes, nomeadamente a presenca de escravos e de produtos dessas paragens no reino. Ehingen e Rosmital visitaram Portugal durante 0 reinado de D. Afonso V. Entao as conquistas em Marrocos estavam na ordem do dia. I8 Tal nao passou despercebido aos viajantes. 0 primeiro chega ate, como se referiu, a participar directamente num socorro a Ceuta em 1457. Ehingen, sabendo que a primeira conquista portuguesa no continente africano corria perigo, ofereceu-se a D. Afonso V: 'suplicando-lhe que nos permitisse tomar parte nele [no socorro] quer este se fizesse por mar ou por terra'.19 Aceite a oferta e, apes algum tempo, deu-se a partida. Em Ceuta, foi-lhe atribuida a guarda dum grupo de soldados, havendo, de entre esses, muitos que falavam 0 idioma da Baixa Alemanha. Este cavaleiro da Suabia teve ainda oportunidade de lutar corpo a corpo com um muculmano a quem conseguiu veneer apos um esforco consideravel. No que respeita a este combate 0 seu relato e bastante pormenorizado. Vejamos um exerto: Ele estava ja em pe [0 mouro], eu tirei a minha espada, ele fez 0 mesmo com a sua: e ambos nos atacamos dando-nos terriveis golpes. 0 mouro tinha uma boa armadura, e ainda que the tenha acertado no corpo, e apesar do escudo, nao the fiz dano algum. Ele tambem nao mo pode fazer. Abracamo-nos mutuamente e lutamos tanto tempo que caimos ao chao juntos. Mas 0 mouro tinha muita forca e pode arrancar-se dos meus braces e ambos nos levantamos ficando de joelhos. Entao eu, com a minha mao esquerda, separei-o de mim 0 bastante para 0 poder ferir com a minha espada, como de facto consegui. E ao separa-lo afastou-se tanto de mim que 0 feri no rosto; e ainda que 0 golpe nao tenha sido tao violento como deveria, observei que vacilava e empalidecia. Entao repeti a mesma ferida outra vez no seu rosto, derrubei-o por terra, abalancei-me a ele e cortei-lhe a cabe~a.20 Este mesmo episodic e contado por Jeronimo Miinzer. 21 Outras informacoes acerca da defesa de Ceuta tambem sao referidas, nao esquecendo 0 autor de descrever a cidade como grande, maior do que Colonia, possuidora de fortes muralhas e duma igreja que antes fora
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mesquita.P Tambem Munzer a descreve, mas desta feita como pequena e
bem defendida.P No que respeita as outras pracas, Arzila, Tanger e Alcacer-Ceguer, 0 medico alemao salienta as preocupacoes do monarca no sentido de as manter bem fortificadas e de ter feito tributarias as povoacoes circunvizinhas.P Leon de Rosmital apenas faz vagas referencias a tais pracas.25 Popplau, por seu turno, refere a conquista de Ceuta por D. -Ioao I e a tomada das tres pracas referidas por D. Afonso V. Mas acrescenta alguns dados incorrectos, como por exemplo a assistencia de D. -Ioao II it conquista de Arzila com seis ou dez anos ou a conquista de Anafe em 1451, e atribuida ao rei. 26 De facto, 0 principe D. -Ioao teria, em 1471, ja 16 anos,27 quando participou no acto belico. Quanto a Anafe, foi saqueada em 1469, por D. Fernando, irmao de D. Afonso V e, posteriormente, em 1487. 28 Bem mais pormenorizadas sao as informacoes relativas aos contactos com a costa ocidental africana. Neste dominio podemos abordar aspectos como a vinda de animais, produtos varies e pessoas de varias etnias do continente africano para Portugal. Comecemos pelo dominic do mais exotico, a chegada de animais nunca vistos.F? Leon de Rosmital escreve acerca da presenca de gatos de algalia, 'animais suavemente odoriferos' junto de D. Afonso V.30 Munzer explica que tais bichos eram oriundos da Etiopia, leia-se Arrica. 31 Mas, muitos outros animais nunca vistos embelezavam varies locais do rein 0 , nao tendo passado despercebidos a Munzer. Em Evora, 0 medico alemao pode apreciar 'um camelo novo e bonito',32 em Lisboa 'um crocodilo pequeno e tambem umas serras que sao bicos de peixes muitos grandes ... e dois fortissimos leoes'.33 A estas variedades pdde ainda juntar a observacao, a porta da igreja de S. Bras, da pele duma cobra trazida da Guine, cobra com mais de 30 palmos de comprido e da grossura de um homem. Tinha sido morta com dardos incandescentes e esfolada desde 0 pescoco ate a cauda. Essa parte da pele era tao matizada de varias e lindas cores imitando estrelas e manchas douradas que era realmente para admirar.P' No mosteiro dos frades menores pede Munzer olhar um grande crocodilo pendurado no cora 35 e em Santa Maria da Luz, 0 bico dum pelicano.F As referencias ao comercio sao bem mais vastas, nao se limitando apenas ao ouro e aos escravos. Munzer explicita as mercadorias vindas do continente african 0 , nomeadamente pimenta, malagueta, dentes de elefante, almiscar, mirra, papagaios verdes (da zona aquem do Equador), papagaios cinzentos de cauda vermelha (da zona alem do Equador), lobos marinhos, macacos, tecidos de fibra de palmeira, cestos, algodao, etc. 37 Particulariza que da zona do Rio de S. Domingos alem da malagueta e do marfim vinha tambem algodao. 38 Por seu turno, nao deixa de explicitar quais as mercadorias que D. -Joao II enviava para realizar as trocas. Salienta 0 monop6lio regie da
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exportaeao de cavalos, tapetes, tela, panos da Irlanda e da Inglaterra,
armas brancas, estanho, vasos de cobre ou de estanho, certas conchas de ostras das Canarias, contas de Nuremberga amarelas e verdes e manilhas de latao. 39 Dos produtos vindos 0 monop6lio s6 abrangia os mais rendosos: ouro, escravos, pimenta, malagueta e marfim.f? As feitorias de Arguim e S. Jorge da Mina sao tambem referidas por Popplau e por MUnzer. 0 viajante polaco referiu-se as duas. De Arguim apenas salienta que se comerciavam especiarias.U enquanto 0 medico alemao esclarece que 0 lugar e rico em dentes de elefante e outras coisas, havendo duas especies de trafico, nomeadamente trigo por ouro e panos por escravos.V S. Jorge de Mina e denominada por Sto Ant6nio de Minas no relato de Popplau, que afirma: '0 rei de Portugal mandou estabelecer um castelo no lugar das minas de ouro, as quais the produzem imensos tesouros cada ano'.43 Por seu turn 0 , MUnzer relata varies aspectos relativos a Casa da Mina, situada em Lisboa, a qual visitou pessoalmente: e uma casa grande no porto de mar na qual estao em enorme abundancia mercadorias do rei, que ele manda para a Eti6pia. Vimos muitos panos matizados de varias cores, que ele manda vir de Tunes e tambem tapetes, tela, caldeiras de cobre, bacias de metal, contas de vidro cor de limao e muitas outras cousas. Noutra casa vimos aquilo que e trazido da Eti6pia: graos de paraiso, muitos ramos e cachos de pimenta, de que nos deram bastantes, e tambem dentes de elefante.v' o ouro tambem foi observado por Munzer, na Casa da Mina, 0 medico alemao esclareceu que 'vem ja fundido e preparado e raras vezes trazem 0 seu minerio, que e uma terra ruiva, em geral quase dourada'r'f adiantando importantes informacoes: acha-se [0 ouro] e obtem-se por meio de lavagens em muitos sitios mas a maior parte vem da Eti6pia oriental. Ate hoje nao houve ainda ninguem que pudesse dizer com verdade que esteve na verdadeira regiao aurffera. 0 ouro e trazido da Eti6pia oriental ate as costas da Eti6pia ocidental por muitos negros que se sucedem uns aos outros: urn negro da regiao aurifera tra-lo ate um certo lugar em que 0 entrega a outro, este leva-o ate outro ponto entregando-o a urn terceiro, e assim por diante.t'' De facto, tal informacao estava certa. No reinado de D. -Ioao II, os portugueses ainda nao tinham chegado as zonas auriferas do interior de Africa, de tal modo que 0 monarca mandou construir a feitoria de Uadam, situada no Adrar Mauritanie, num n6 de circulacao atraves do Saara atlantico. Por Uadam ligava-se Arquim a Tombuctu e aos outros mercados sudaneses. Em Uadam havia muito ouro, vindo do Sudao, 0 qual era trocado pelo sal de Igilde. Desta feita, devido ao comercio e a posicao
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geografica, Uadam. constituia escala das caravanas que traficavam entre a
Berberia, Tombuctu e outras cidades da Africa negra. Por isso, D. -Joao II pretendeu desviar para si todas as caravanas que iam. rumo a Marrocos mandando instalar uma feitoria. No entanto, 0 clima do deserto impediu os feitores de se manterem em Uadam, tendo regressado a Arguim.t? Dutra fonte de receitas importante era a escravatura. Estes alemaes nao deixaram de notar a presenca de populacoes de varias regioes de Africa, nomeadamente de mueulmanos do norte e de escravos de varias etnias de diversos locais da costa ocidental africana. Em relaeao aos primeiros todos estes viajantes se pronunciam. Ehingen teve oportunidades de os observar em Ceuta48 e os restantes em Portugal. 49 Leon de Rosmital nota a presenca do elemento muculmano em Braga, Guimaraes, Porto e Arrifana.P? Pode observar as suas festas em Guimaraes, que lhe mereceram urn lac6nico comentario: 'Vimos alli de que maneira os pagaos sarracenos fazem as suas festas'A' Os mouros cativos tambem sao descritos: tem os corpos pintados e destes e doutros ha um grande numero em Portugal. Porquanto 0 rei de Portugal com um grande exercito, tendo acometido aquela regiao trouxe dali muitos milhares de mulheres e meninos, 0 que tinha por costume fazer anualmente, e as mulheres e meninos que dali trazia, as distribuia pelas cidades aos seus cidadaos que sao obrigados a sustenta-los a sua custa. 52 Popplau tambem se refere a presenca de mouros em Portugal, concretamente em Lisboa, notanda que viviam num bairro separado: Esta cidade e capital tem tambem pagaos nos seus arredores e dentro da mesma cidade estes ocupam uma parte: mesmo depois da conquista os mouros guardaram 0 seu castelo por uns sete anos; houve um entendimento entre vencedores e vencidos, de modo que se deixou nos ultimos um bairro, no qual sem qualquer inc6modo podem viver e edificar as suas casas.P Munzer confirma a presenea da minoria muculmana na capital: 'Tambem os mouros tern junto das muralhas da cidade, do lado de baixo do castelo, 0 seu bairro e mesquita, na qual estivemosP' Mas sao sobretudo os escravos da costa ocidental africana'f que merecem mais referencias especialmente por parte do medico alemao. Leon de Rosmital ficou informado da vinda de escravos, a qual nao estava isenta de exagero: nenhuma expedicao, ainda que pequena, volta tao leve, que nao traga perto de cem mil pretos, ou mais, de toda a idade e sexo. E todos sao vendidos como carneiros. Pois esta em costume reunirem-se homens dos outros paises para os virem comprar. Em cuja venda 0 rei collie maiores interesses, do que em todos os tributos do seu reino. Porquanto 0 mais
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pequeno preto e vendido por doze ou treze moedas de aura e sendo de
mais idade por muito maior pre~0.56 Jer6nimo MUnzer vai mais longe. Detecta a presenca de escravos desempelhando varias funcoes. Em Lisboa pode observa-los a trabalhar numa ferraria onde se construiam ancoras, columbinas e outros acess6rios para navios. Pode entao esclarecer que 'Eram tantos os trabalhadores negros junto dos fomos que nos poderiamos supor entre os ciclopes no antro de Vulcano.P? Outros eram utilizados em funcoes diferentes: 'Ha em Lisboa, como em todo 0 rein0, muitos negrinhos a quem 0 rei obriga a praticar a religiao crista e a aprender a ler e escrever 0 latim'.58 Atendendo a que a maior parte da populacao europeia era analfabeta, poderiamos pensar que tal interesse em mandar escravos aprender latim seria algo de muito fora do vulgar. Contudo, 0 objectivo e muito claro. 0 pr6prio MUnzer o explica: 'Ha pouco tempo mandou 0 Rei para hi sacerdotes pretos, [para Cabo Verde] que de pequeninos tinha mandado educar em Lisboa, encarregou-os de serem os missionaries dessa ilha'.59 Os escravos desempenhavam tambem as funcoes de interpretes, eram entao denominados linguas. Permitiam 0 entendimento entre os dois povos e a celebracao de 'acordos' de paz. Eram pessoas que os portugueses tinham trazido para 0 reino, ensinado a lingua portuguesa e que depois voltavam aos seus locais de origem para facilitarem os contactos.f? As escravas eram geralmente utilizadas nos trabalhos domesticos, sendo ensinadas para bem desempenharem essas funcoes: 'Este [0 rei] obriga tambem as raparigas negras a tecer, fiar e fazer os outros trabalhos que sao pr6prios das mulheres'A' Munzer da-nos ainda indicacoes acerca do comercio dos escravos, salientando que as guerras entre diferentes etnias alimentavam 0 trafego de negros.62 Pode ainda salientar a existencia de escravos de diversos locais: e verdadeiramente extraordinaria a quantidade de escravos negros e acobreados que nessa cidade [Lisboa] existem. Aqueles que sao das cercanias dos tr6picos de Cancer e Capric6rnio sao acobreados, e aqueles que sao das regioes equatoriais sao negros retintos.S' Todas estas informacoes p6de MUnzer obter atraves da sua observacao directa mas tambem com conversas mantidas com D. -Ioao II64 e com Cataldo Siculo. 65 Por ultimo podemos ainda verificar que MUnzer fomece alguns dados acerca da geografia e das populacoes de algumas zonas de Africa visitadas pelos portugueses. Da zona de Cantor afirma 0 medico alemao que e muito humida, cheia de arvores e muito povoada. Quanto a populacao, anda mia, e muito 'feroz' e usa lancas com pontas de marfim. Acrescenta que possuem cabras, vacas e bUfalos. 66 Outra zona que the merece referencia e a regiao do Equador, onde as noites sao de igual tamanho aos dias e os indigenas sao muito
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escuros.f? Seguem-se, no dizer de MUnzer, duas zonas distintas, uma
esteril e outra muito povoada e por fim 0 Rio de S. Domingos.ff As regioes situadas na linha equinocial podiam apresentar diversos problemas aos navegantes, segundo 0 mesmo testemunho: nomeadamente os vermes que atacavam a madeira das embarcacoes, as fortissimas trovoadas e a chuva 'quente e fetida, chega quase a queima-los [aos navios] e estraga todas as roupas de linho ou de Hi, a nao ser que as lavem'.69 Por tim duas observacoes gerais. Escreve MUnzer 'A Eti6pia [leia-se Africa] e muito larga e muito comprida, como se ve na carta de Ptolomeu, porque nas regioes equatoriais e suas vizinhancas os graus relativos a sua largura e ao seu comprimento equivalem-se'i?? Note-se que a politica portuguesa face a costa ocidental africana e bastante bem vista por este viajante. Desde as relacoes de entendimento estabelecidas entre D. -Ioao II e os nativos, as atitudes no sentido de evangelizar esses povos, ate ao comercio dos varies produtos e dos escravos: tudo parece agradar a Munzer, 0 qual elogia a posicao de D. -Joao II, a quem chama espertissimo. Jil no que se refere a Marrocos 0 seu entusiasmo parece nulo: 'Daf tira 0 rei mais honra que proveito'."!
NOTAS
1 Sobre os estrangeiros em Portugal no seculo XV cf. Gama Barros, Historia da
administraciio publica em Portugal nos seculos XII a XV, ed. dire Torquato de Sousa Soares (Lisboa, s.d.), tomo X, 196-321; A. H. de Oliveira Marques, Portugal na crise dos seculos XN a XV, (= Noua historia de Portugal, dire Joel Serrao e A H. de Oliveira Marques, vol. IV) (Lisboa: Presenea, 1987) 40-44; Bernardo Vasconcelos e Sousa, 'Elementos ex6genos do povoamento em Portugal durante a Idade Media', Portugal no Mundo, vol. I, dire Luis de Albuquerque (Lisboa: Edicoes AIfa, 1989), 38-52. 2 Cf. A. H. de Oliveira Marques, Hansa e Portugal na Idade Media (Lisboa: Presence, 1993), 100-29. 3 Cf. ibid., 104-05. 4 Sobre os privilegios concedidos a alemaes cf, Jean Denuce, 'Privileges commerciaux accordes par les Rois de Portugal aux Flamands et aux Allemands', Archiuo Historico Portuguez, VII (Lisboa, s.n., 1909), 310-19 e 377-92; Vitor Ribeiro, 'Privilegios de estrangeiros em Portugal (Ingleses, Franceses, Alernaes, Flamengos e Italianos)', Mem6rias da Academia das Ciencias de Lisboa (Lisboa: s.n, 1917), nova serie, 2 8 c1asse, tomo XIV, n? 5, 229-84; Luis de Silveira, Prioilegios concedidos a alemiies em Portugal, a certidiio de Duarte Fernandez da Biblioteca de Euora (Lisboa: Instituto Superior das Bibliotecas e Arquivos, 1958); Maria Valentina Cotta do Amaral, Priuilegios de mercadores estrangeiros no reinado de D. Joao III (Lisboa: Faculdade de tetras de Lisboa, 1955); Virginia Rau, 'Privilegios e legislacao portuguesa referentes a mercadores estrangeiros (seculos XV e XVII)', Estudos sobre historia economica e social do antigo regime (Lisboa: Presenea, 1984), 203-25; J. A. Pinto Ferreira, 'Privilegios concedidos pelos Reis de Portugal aos alemaes no seculos XV e XVI', Boletim Cultural da Camara Municipal do Porto, XXXII, n" 1-2 (Porto, s.n., 1963), 339-96. 5 Cf. Virginia Rau, Ope cit., 215, e Maria do Rosario de Sampaio Themudo Barata,
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Copyright (c) Liverpool University Press IMAGENS DE AFRICA 63 Rui Fernandes de Almada diplomata portugues do seculo XVI (Lisboa: Faculdade de Letras de Lisboa, 1971), 12-90. 6 Sobre as relaeoes luso-alemas cf. E. A. Strasen e Alfredo Gandara, Oito seculos de hist6ria luso-alemii (Lisboa: Instituto Ibero-Americano, 1944); A. H. de Oliveira Marques, 'Relacoes entre Portugal e a Alemanha no seculo XVI', Portugal Quinhentista. (Ensaios) (Lisboa: Quetzal, 1987), 9-32. 7 Cf, Luciano Cordeiro, Uma sobrinha do infante. Imperatriz da Alemanha e Rainha da Hungria (Lisboa: Imprensa Nacional, 1894); Antonia Hanreich, 'D. Leonor de Portugal, esposa do Imperador Frederico III (1436-1467)', Relacoes entre a Austria e Portugal, testemunhos hist6ricos e culturais (Coimbra: Almedina, 1985), 3-27. 8 Cf, Hermann Kellenbenz, 'A estadia de dois "Ulrich Ehinger" mercadores alemaes, em Lisboa nos principios do seculo XVI', Bracara Augusta, XVI-XVII (Braga, s.n., 1964), 171-76; Virginia Rau, 'Alguns aspectos das relaeoes luso-alemas nos principios do seculo XVI', Estudos sobre hist6ria ... , 285-90. 9 Sobre noticias dos descobrimentos portugueses levadas ate ao Sacro Imperio, e a outras zonas, cf. Antonio Banha de Andrade, Mundos novos do Mundo. Panorama da difusao, pela Europa, de noticias dos descobrimentos geogrtificos portugueses (Lisboa: Junta de Investigacoes do Ultrarnar, 1972); A. Fontoura da Costa, Deambulaciies da Ganda de Modafar, Rei de Cambaia, de 1514 a 1516 (Lisboa: Agencia Geral das Colonias, 1937); Marion Ehrharat, A Alemanha e os descobrimentos portugueses (Lisboa: Texto Editora, 1989); Luis de Matos, L'expansion portugaise dans La litterature latine de La Renaissance (Lisboa: Fundaeao Calouste Gulbenkian, 1991). 10 Cf. Carta enuiada pelo Dr Jeronymo Montaro de Nuremberg a El-Rei de Portugal D. Joao acerca dos descobrimentos portugueses, trad. do latim por Fr. Alvaro da Torre (Coirnbra, s.n., 1879). A mesma carta foi pub. em Jeronimo Munzer, Viaje por Espana y Portugal (1494-1495), nota intr. Ramon Alba (Madrid: Polifemo, 1991),174 e 176. Como se sabe as ideias do monarca eram bern outras; cf. Avelino Teixeira da Mota, 'A viagem de Bartolomeu Dias e as concepcoes geo-politicas de D. Joao II', Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa (Lisboa, s.n., 1958), n° 10-12, serie 76, 297-322. 11 Cf, Antonio Artelo Iglesias, 'Caballeros centroeuropeos en Espana y Portugal durante el siglo XV', Espacio, tiempo y forma, Reuista de La Facultad de Geografia e Historia (Madrid, s.n., 1988), 3~ serie, n° 1 ,48. 12 Cf. ibid., 48-49 e J. Garcia Mercadal, Viajes de extranjeros por Espana y Portugal (Madrid: Aguilar, 1952), 236-38. 13 Ibid., 259 e Camilo Castelo Branco, Cousas leves e pesadas (Porto: Parceria Antonio Maria Pereira, 1967), 59. 14 J. Garcia Mercadal, op. cit., 309-12. 15 Sobre Jeronim Munzer cf. Basilio de Vasconcelos, 'Introdueao', Itinertirio do Dr Jeronimo Munzer (exertos) (Coirnbra: Imprensa da Universidade, 1931), 5-9; J. Garcia Mercadal, op, cit., 327; Rolf Nagel, 'Jeronimo Monetario (1460-1508) e Portugal, subsidios para as relacoes culturais entre Portugal e a Alemanha', Boletim. do Arquivo da Uniuersidade de Coimbra, IX (1987), 285-90; Maria dos Remedios Castelo Branco, 'Portugal nos finais do seculo XV visto por Munzer', Congresso Internacional Bartolomeu Dias e a sua Epoca. Actas (Porto: Universidade do Porto, 1989), vol. IV, 285-99; -Joao Jose Alves Dias, 'Munster e Portugal', comunicaeao apresentada ao serninario Imagens europeias de Portugal (Lisboa: Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Fevereiro de 1992). 16 Cf. Basilio de Vasconcelos, op. cit., 9. 17 Cf. nota 13, e Paulo Drumond Braga, 'Urn polaco em Portugal nos finais do seculo XV: Nicolaus von Popplau', Biblos, (Coimbra) LXVIII (1992),405-19. 18 Sobre a presenea portuguesa em Marrocos neste periodo consultem-se Antonio Dias Farinha, Portugal e Marrocos no seculo XV, Dissertacao de Doutoramento em Historia apresentada a Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (Lisboa, 1990), 3
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Copyright (c) Liverpool University Press 64 BHS, LXXI (1994) ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA vols; idem, '0 interesse pelo norte de Africa' e 'Caracteristicas da presenca portuguesa em Marrocos', em Portugal no mundo, dir. de Luis de Albuquerque (Lisboa: Alfa, 1989), vol. I, 101-24; Luis Filipe Reis Thomaz, 'Expansao portuguesa e expansao europeia-reflexoes em tomo da genese dos descobrimentos', Studia, 47 (Lisboa: Centro de Estudos de Historia e Cartografia Antiga, 1988). 371-451; idem, 'Le Portugal et l'Afrique au XVe siecle: les debuts de l'expansion', Arquivos do Centro Cultural Portugues, XXVI (Paris: Fundaeao Calouste Gulbenkian, 1989), 161-256. 19 'Viaje de Jorge Ehingen', publicado em J. Garcia Mercadal, op. cit.• 244. 20 Idem, ibidem, 246. 21 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 32. Cf. tambern Robert Ricard, 'Note sur les possessions portugaises du Maroc a la fin du XVe siecle d'apres Yltinerarium de Munzer', Hesperis (Paris, 1928), nos. 3-4,408-12. 22 'Viaje de Jorge Ehingen ...'. 245. Sobre Ceuta cf'. Isabel Maria Ribeiro Mendes. Ceuta durante 0 periodo da uniiio iberica (1580-1640) (Ceuta), no prelo. 23 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 31. 24 tua., 33. 25 C], Camilo Castelo Branco, op. cit., 75 e 87; Manuel Bernardes Banco, coord.• Supplemento ao Mappa de Portugal (Lisboa, s.n., 1870), 39. 54-55. 26 Cf, 'Nicolas de Popielovo. Relacion del Viaje' em J. Garcia Mercadal, op. cit.• 313. 27 Cf. Rui de Pina, 'Chronica del Rei D. Joao II'. em Cronicas de Rui de Pina, introd. e revis. de M. Lopes de Almeida (Porto: Lello & Irmao, 1977), 819-22. e Garcia de Resende, Cronica de D. Joao II e Miscelanea, introd. de Joaquim Verissimo Serrao (Lisboa: Imprensa NacionaVCasa da Moeda, 1973).4-5. 28 Cf Rui de Pina, op. cit., 816. e Garcia de Resende, op. cit.• 99-100. 29 Sobre 0 impacto dos anirnais exoticos na Europa cf, Isabel Maria Ribeiro Mendes. 'A proposito dos descobrimentos: animais exotieos e outras novidades', Historia (Lisboa), XII (1990). n° 127. 20-29. 30 Camilo Castelo Branco. op. cit., 87; Manuel Bernardes Branco. op. cit., 85. Estes animais por vezes eram entregues a dadas pessoas para os criarem ou manterem em Portugal sendo posteriormente utilizada a algalia na farmacopeia. Cf Isabel Maria Ribeiro Mendes, '0 deve e 0 haver da Casa da Rainha D. Catarina', Arquivos do Centro Cultural Portugues, XXVIII (Paris: Fundaeao Calouste Gulbenkian, 1990). 166-67. 31 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...'. 42 e 57. 32 Ibid.• 13. 33 Ibid.• 22. 34 Ibid., 12. 35 Ibid.• 19. 36 Ibid., 21. 37 Ibid., 14, 52-53. 38 Ibid., 46. 39 Ibid.• 52. 40 Ibid., 52. 41 Cf, 'Nicolas de Popielovo ...'. 314. Sobre Arquim cf. Theodore Monod, L'Ile d'Arquim (Mauritania). Essai historique (Lisboa: Centro de Estudos de Cartografia Antiga, 1983). 42 Cf. 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 43. 43 Cf. 'Nicolas de Popielovo ...', 314. Sobra a Mina cf. Vitorino Magalhaes Godinho, Os descobrimentos e a economia mundial (Lisboa: Presence, 1981), I, 139-82; Joao Cordeiro Pereira, 'Resgate do ouro na costa da Mina nos reinados de D. Joao III e D. Sebastiao', Studia, 50 (Lisboa, 1991), 5-48. 44 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...',25-26. 45 Ibid., 26. 46 tue., 58.
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Copyright (c) Liverpool University Press IMAGENS DE AFRICA 65 47 Magalhaes Godinho, op. cit., I, 148 eidem, 0 'Mediterraneo' Saariano e as caravanas do Duro (Sao Paulo, s.n., 1956), 125. 48 Cf. 'Viaje de Jorge Ehingen ...', 243-45. 49 Sobre os Mouros cf. Maria Jose Pimenta Ferro Tavares, 'Judeus e Mouros em Portugal nos seculos XIV e XV (tentativa de estudo comparative)', Revista de Historia Economica e Social, (Lisboa, 1982), nO 9, 75-89; Pedro da Cunha Serra, 'Mouros e Mouros', Anais (Lisboa: Academia Portuguesa da Historia, 1984), 2 a serie, vol. XXIX, 43-56; Maria Filomena Lopes de Barros, '0 conflito entre 0 Mosteiro de Cheias e Mafamede Ratinho, 0 Moco, Mouro forro de Santarern (1463-1465)', Revista de Ciencias Historicas (Porto), In (1988), 239-44; idem, 'As mourarias portuguesas no contexto da expansao', Cadernos Historicos (Lagos), II (1991), 33-38; Pedro Gomes Barbosa, 'Alguns grupos marginais nos documentos de Santa Maria de Alcobaea. Seculos XII e XIII', em idem, Documentos, lugares e homens. Estudos de historia medieval (Lisboa: Cosmos, 1991), 105-31; Saul Antonio Gomes, 'A mouraria de Leiria. Problemas sobre a presenea moura no centro do pais', Estudos Orientais (Lisboa), II (1991), 155-77; Isabel M. R. Mendes Drumond Braga, 'Contribuicao para 0 estudo da mobilidade dos Mouros forros em Portugal nos seculos XIV eXV', cornunicacao apresentada ao Congresso Internacional, La Peninsula Iberica en la era de los descubrimentos, Sevilha, 25 a 30 de Novembro de 1991 (aetas no prelo); Paulo Drumond Braga, Setubal medieval (seculos XIII a XV) (Dissertaeao de Mestrado em Historia Medieval apresentada a Faculdade de Ciencias Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 1991),207-16. 50 Camilo Castelo Branco, op. cit., 82-83; Manuel Bernardes Branco, op. cit., 51-54. 51 Ibid.,5l. 52 Ibid., 52 e Camilo Castelo Branco, op. cit., 82. 53 Cf. 'Nicolas de Popielovo ...',315. 54 Cf, 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 18. 55 Sobre os escravos cf. de entre outros alguns dos estudos mais recentes: A. C. de C. M. Saunders, A Social History of Black Slaves and Freedmen in Portugal 1441-1555 (Cambridge: Cambridge U. P., 1982); Alfonso Franco Silva, La esclavitud en Andalucia al termino de la Edad Media, Cuadernos de Inuestigacioti Medieval, II (s. i. 1985), no. 3; Jose Luis Cortes LOpez, La esclavitud negra en la Espana peninsular del siglo XVI (Salamanca: Universidad de Salamanca, 1989); Antonio Luis Alves Ferronha, 'Cornercio portugues de escravos no seculos XVe XVI', em Portugal no Mundo '.', I, 315-24; Paulo Drumond Braga, 'Urn caso de alforria em Portalegre nos cornecos do seculo XVI', A Cidade, (Portalegre, 1991), n? 6, 85-88; idem, 'Tres cartas de Alforria passadas por D. Jorge filho de D. -Ioao II', Africana, (Porto, 1991), IX, 176-8l. 56 Manuel Bernardes Branco, op. cit., 40; Camilo Castelo Branco, op. cit., 75. 57 Cf, 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 27. 58 Ibid., 56. 59 Ibid.,6l. 60 Ibid., 45, 55. 61 Ibid., 57; Isabel Maria Ribeiro Mendes, 'A Casa da Rainha D. Catarina e as dadivas ao clero', Itinerarium, (Braga, 1989), nos. 133-34, 29-30. 62 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 55. Sobre as guerras entre etnias, que alimentavam 0 trafico de negros, cf. Antonio Carreira, Notas sobre 0 trafico portugues de escravos (Lisboa: Universidade Nova, 1983), 2l. 63 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...', 51, 54-55. Sobre as etnias dos escravos cf. Magalhaes Godinho, Os descobrimentos e a economia mundial ... , IV, 199. 64 Sobre D. Joao II cf. Manuela Mendonca, D. Jodo II. Um percurso humano e politico nas origens da modernidade em Portugal (Lisboa: Estampa, 1991). 65 Sobre Cataldo cf. Americo da Costa Ramalho, 'Cataldo Siculo em Portugal', em idem, Estudos sobre 0 seculo XVI, 2 3 ed., aument. (Lisboa: Imprensa NacionaVCasa da Moeda, s.n., 1982), 29-37; idem, 'Cataldo e D. Joao II', em 0 humanismo portugues, 1500-
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Copyright (c) Liverpool University Press 66 BHS, LXXI (1994) ISABEL M. R. MENDES DRUMOND BRAGA 1600 (Lisboa: Academia das Ciencias de Lisboa, 1988), 11-29; J. V. de Pina Martins, 'L'Humanisme italien a l'origine de l'humanisme portugais', em idem, Humanisme et Renaissance de l'Italie au Portugal. Les deux regards de Janus, II (Paris: Centre de Recherches sur Ie Portugal de la Renaissance, Centro Cultural Portugues da Fundacao Calouste Gulbenkian, 1989),419-20; Luis de Matos, op. cit., 82-110. 66 'Itinerario do Dr Jeronimo Munzer ...',45. 67 tua., 46. 68 Ibid., 46. 69 Ibid., 50-5l. 70 Ibid., 54. 71 Ibid., 33.
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