Cfbb3 Copetti, N. F. Aditivos Alimentares e Suas Consequencias para A Saude Humana. Nutricao. Lages Unifacvest, 2019 02
Cfbb3 Copetti, N. F. Aditivos Alimentares e Suas Consequencias para A Saude Humana. Nutricao. Lages Unifacvest, 2019 02
Cfbb3 Copetti, N. F. Aditivos Alimentares e Suas Consequencias para A Saude Humana. Nutricao. Lages Unifacvest, 2019 02
CENTRO UNIVERSITÁRIOUNIFACVEST
CURSO DE NUTRIÇÃO
LAGES-SC
2019
2
CURSO DE NUTRIÇÃO
LAGES- SC
2019
3
________________________________________
Nádia Webber Dimer
Coordenadora do Curso de Nutrição
LAGES-SC
2019
4
AGRADECIMENTOS
RESUMO
Com a globalização e um aumento na demanda por alimentos com maior diversidade seja em
aspectos visuais, sensoriais e até mesmo econômicos os aditivos alimentares passaram a ser
uma ferramenta importante da indústria alimentícia. Porém antes de chegar ao mercado, os
mesmos devem ser testados, para que não causem danos à saúde de quem consome, e nem
prejudique a composição nutricional dos alimentos. No Brasil a Anvisa é o órgão responsável
pela fiscalização de alimentos e cabe a este órgão controlar o uso de aditivos alimentares
também. Dentre a comunidade cientifica é bastante discutido a questão da margem de
segurança de uso de aditivos alimentares. Para tanto inúmeras pesquisas tem sido
desenvolvidas na busca de elucidar a margem de segurança no consumo de aditivos.Com base
nesta revisão bibliográfica pode-se inferir que ainda não se tem um consenso sobre a
quantidade segura para se ingerir de aditivos alimentares, e que mesmo os ditos naturais,
podem apresentar teores tóxicos ao organismo. Também foi possível entender que dentre as
faixas etárias ás crianças são as mais expostas aos aditivos, em especial aos corantes
alimentares, os quais já apresenta estudos que o indicam causador de déficit de atenção,
alergias, câncer entre outras patologias. Sendo assim a indicação dos profissionais da saúde é
que se evite consumir alimentos ultra processados dando preferência para alimentos in natura.
________________________________________________________________
¹Acadêmica do Curso de Nutrição do Centro Universitário UNIFACVEST.
² Graduada em Nutrição pela Universidade do Extremo Sul Catarinense, Mestrado/ Doutorado em Ciências da
Saúde pela Universidade do Extremo Sul (UNESC).
3
Graduada em Nutrição pela Universidade do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUI), Mestre em
Ciência da Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Doutora em Ciência e
Tecnologia de Alimentos pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
7
ABSTRACT
With globalization and an increased demand for food with greater diversity in visual, sensory
and even economic aspects, food additives have become an important tool of the food
industry. But before reaching the market, they must be tested, so that they do not harm the
health of the consumer, nor harm the nutritional composition of food. In Brazil Anvisa is the
body responsible for food inspection and it is up to this body to control the use of food
additives as well. Among the scientific community, there is much discussion about the safety
margin of the use of food additives. To this end, numerous researches have been developed in
order to elucidate the safety margin in the consumption of additives. Based on this literature
review it can be inferred that there is still no consensus on the safe amount to eat food
additives, and that even the so-called natural, may have toxic levels to the body. It was also
possible to understand that among the age groups children are the most exposed to additives,
especially food colorings, which already has studies that indicate it causes attention deficit,
allergies, cancer and other pathologies. Thus the indication of health professionals is to avoid
consuming ultra processed foods giving preference to foods in natura.
________________________________________________________________
¹ Student of the Nutrition Course at UNIFACVEST University Center.
² Graduated in Nutrition from the University of Santa Catarina, Master / Doctorate in Health Sciences from the
University of the Far South (UNESC).Acadêmica do Curso de Nutrição do Centro Universitário UNIFACVEST.
3
Graduated in Nutrition from the Northwestern University of Rio Grande do Sul State (UNIJUI), Master in Food
Technology Science from the Federal University of Santa Maria (UFSM), PhD in Food Science and Technology
from the Federal University of Pelotas (UFPEL)
8
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 12
1.1 PROBLEMA ..................................................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................... 12
1.2.1 Objetivo geral ................................................................................................................ 12
1.2.2 Objetivos específicos ..................................................................................................... 12
1.3 JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 13
1.4 HIPÓTESE ........................................................................................................................ 13
2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 15
2.1 ASPECTOS HISTÓRICOS DOS ADITIVOS ALIMENTARES .................................... 15
2.2 LEGISLAÇÕES DE ADITIVOS ALIMENTARES ......................................................... 16
2.3AVALIAÇÃO DOS ADITIVOS ALIMENTARES ANTES DE CHEGAR AO
MERCADO ............................................................................................................................. 18
2.4 TIPOS DE ADTIVOS ALIMENTARES, APLICAÇÕES E SUAS TOXICIDADES ..... 20
2.4.1 Corantes ........................................................................................................................ 20
2.4.1.2 Corantes naturais ......................................................................................................... 21
2.4.1.2.1 Urucum .................................................................................................................... 22
2.4.1.2.2 Carmim de cochonilha ........................................................................................... 22
2.4.1.2.3Curcumina ................................................................................................................ 23
2.4.1.2.4 Antocianinas ............................................................................................................ 23
2.4.1.2.5 Betalaínas................................................................................................................. 24
2.4.1.3 Corantes Artificias ....................................................................................................... 24
2.4.1.3.1 Corantes artificiais idênticos aos naturais ............................................................. 27
2.4.2 Aromatizantes ................................................................................................................. 27
2.4.3 Conservantes................................................................................................................... 27
2.4.4 Antioxidantes .................................................................................................................. 29
2.4.5 Edulcorantes ................................................................................................................... 29
2.4.6Acidulantes ...................................................................................................................... 30
2.4.7Espessantes ...................................................................................................................... 30
2.4.8Estabilizantes ................................................................................................................... 31
2.4.9Umectantes ...................................................................................................................... 31
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS ....................................................................................... 33
11
1 INTRODUÇÃO
1.1 PROBLEMA
Os aditivos alimentares são substâncias são adicionadas aos alimentos com o passar
dos anos, sendo de origem química naturais ou sintéticas,com o objetivo de preservar o sabor,
melhorar a textura e prolongar a vida útil. A utilização de aditivos alimentares industrialmente
é aprovado por legislação e é recomendada pelo CodexAlimentarius(CODEX
ALIMENTARIUS, 2019; TOMASKA, 2014).
Tecnologicamente, os aditivos alimentares são importantes e contribuem no
desenvolvimento de alimentos. Entretanto, nos últimos anos, aumentou a preocupação dos
consumidores sobre seu uso, no que diz respeito à segurança alimentar, pois os aditivos se
destacam entre assuntos controversos quando o assunto é saúde (VARELA eFISZMAN,
2013).
Sendo assim, uma das formas de avaliação e controle do uso de aditivos alimentares
no âmbito mundial é baseada no controle da Ingestão Diária Aceitável (IDAs), desenvolvida
pelo Comitê do Códex em Aditivos Alimentares da Organização Mundial da Saúde
(OMS)/Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO)(HONORATO
et al., 2013).
Entretanto, levando em conta a necessidade da utilização desses aditivos no aumento
da vida útil dos produtos alimentícios e as possíveis consequências de sua ingestão para a
saúde, se torna impreterível questionar quais seriam ou se há de fato quantidades seguras para
o seu consumo.
1.2 OBJETIVOS
Realizar uma revisão bibliográfica sobre o uso dos aditivos alimentares relacionando
os seus benefícios tecnológicos com os possíveis riscos à saúde humana.
1.3 JUSTIFICATIVA
1.4 HIPÓTESES
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
influenciar nas suas condições de uso, esta responsabilidade a nível internacional é do Comite
conjunto de Peritos em Aditivos Alimentares (JECFA), segundo o CodexAlimentarius
(ROMEIRO e DELGADO, 2013)
Com base na Portaria SVS/MS 540, de 27/10/1997 os aditivos são classificados para
uso em alimentos específicos, em condições especificas e a uma menor quantidade possível
que garanta o benefício tecnológico almejado, desta forma respeitando as quantidades de
ingestão diária definidas para cada aditivo(BRASIL, 1997). Mesmo assim, apesar das
descrições de quantidades mínimas para consumo de aditivos, a Anvisa elencou em quais
situações, o consumo destes devem ser proibidos:Quando houver evidências de que o mesmo
não é seguro para consumo pelo homem; Se interferir sensível e desfavoravelmente no valor
nutritivo do alimento; Quando servir para encobrir falhas no processamento e/ou nas técnicas
de manipulação; Quando encobrir alteração ou adulteração da matéria-prima ou do produto já
elaborado; Induzir o consumidor a erro, engano ou confusão; Quando não estiver autorizado
por legislação específica.
Quanto aos corantes a Resolução nº44/77 da CNNPA/MS estabelece as condições
gerais de elaboração, classificação, apresentação, designação, composição e fatores essenciais
de qualidade dos corantes empregados na produção de alimentos e bebidas, alguns itens desta
Resolução foram modificados pela Portaria nº540/97 da SVS/MS, como a que estabelece que
os aditivos atendam às exigências de pureza estabelecidas pela FAO-OMS, ou pelo
FoodChemicalsCodex (BRASIL, 2014). A Resolução nº 37/77 da CNNPA/MS trata da laca
de corante e determina que “o rótulo do produto deverá indicar a concentração em corante
puro”(BRASIL, 2014).
Sobre à rotulagem dos aditivos nos produtos alimentícios, segundo a Resolução RDC
nº 259/2002 da Anvisa/MS, os aditivos alimentares devem ser declarados com o seu nome
completo ou seu número de INS (Sistema Internacional de Numeração, CodexAlimentarius
FAO/OMS). Dentre os corantes que são exceção desta legislação destaca-se o corante
tartrazina, que deve obrigatoriamente ter o nome do corante declarado por extenso, com base
na Resolução nº340/2002 da Anvisa/MS. Além de que, nos rótulos dos alimentos contendo
corante artificial é obrigatória a declaração “Colorido artificialmente” (Decreto 55.851/65 e
Decreto Lei n º986/69) (BRASIL, 2014).
A avaliação de pré uso aditivos alimentares é de máxima importância. Na
atualidade, percebe-se que a indústria de alimentos tem pautado discussões acerca de
reformular alimentos e bebidas na busca por diminuir o uso de aditivos alimentares, sendo
20
esta tendência, um aspecto positivo no que diz respeito a saúde do consumidor (VARELA e
FISZMAN, 2013).
2.4.1 Corantes
Os corantes alimentares, são uma das categorias dos aditivos para alimentos,
especificamenteusados pela indústria para colorir ou intensificar a coloração própria do
produto, melhorando suas características físicas (SOUZA, 2019). A coloração imprime ao
alimento aspecto importante relacionado a questões culturais e memória afetiva do
consumidor, que irãoinfluenciar na escolha do produto (LEE et al., 2013; ROVINA et al.,
2016).
Sob o ponto de vista tecnológico segundo Veloso (2012) pode-se destacar razões
para o uso dos corantes alimentícios como o fato de restaurarem a cor dos próprios alimentos,
quando esta é perdida nos processos de produção; padronizar a coloração dos alimentos
quando este é feito com a mistura de diversas matérias primas; disponibilizar cor a alimentos
incolores.
21
Divididos em dois grandes grupos segundo Evangelista (2008) os corantes podem ser
classificados como orgânicos naturais ou orgânicos artificiais.Sendo que a utilização de
corantes em alimentos está regulamentada pelo Decreto nº55.871 de 26 de março de 1965,
onde em seu artigo 13, determina que “será tolerada a venda de mistura ou solução de, no
máximo, três corantes”. Esta legislação também esclarece que na rotulagem da mistura ou da
solução posta à venda é obrigatório conter sua composição qualitativa e quantitativa e pelo
Decreto nº50.040, de 24 de janeiro de 1961 artigo 11- “É tolerada a adição nos alimentos de,
no máximo 3(três) corantes” (BRASIL, 2014).
2.4.1.2.1 Urucum
2.4.1.2.3Curcumina
2.4.1.2.4 Antocianinas
2.4.1.2.5 Betalaínas
Ponceau 4R 124 4
Vermelho 40 129 7
Indigotina 132 5
Azorrubina 122 4
As crianças são a faixa etária mais prejudicada pelo abuso de corantes. Existem
evidências crescentes de que alguns produtos químicos encontrados em corantes alimentares,
conservantes e materiais de embalagem podem prejudicar a saúde das crianças. Algumas
pesquisas indicam que aditivos alimentares interferem nos hormônios naturais do corpo de
maneiras que a longo prazo pode afetar o crescimento e desenvolvimento. Alguns compostos
adicionais como corantes artificiais para alimentos, perfluoralquil e perclorato também
apresentaram efeitos danosos (TRASANDE; SHAFFER eSATHYANARAYANA, 2018).
2.4.2 Aromatizantes
2.4.3 Conservantes
2.4.4 Antioxidantes
2.4.5 Edulcorantes
30
2.4.6Acidulantes
2.4.7Espessantes
2.4.8Estabilizantes
2.4.9Umectantes
em meio aquoso (BRASIL, 2009). Segundo Aunet al.(2011) são adicionados em balas,
recheios de bolos e bolachas, chocolates e outros produtos.
O sorbitol é agente umectante e melhorador de textura, poder dulçor 0,6% maior que
a sacarina e detentor de ação refrescante. Apresenta estabilidade química e térmica, não
participando da reação de Maillard. Muito utilizado em produtos que tendem ao
endurecimento e ressecamento como doces, chocolate e recheios. O seu uso em excesso
apresenta efeito laxativo (RICHTER e LANNE, 2007).
O lactato de sódio tem sido utilizado para controlar e inibir o crescimentode certos
microrganismos durante a estocagem. Além disso, confere gostosalgado suave em
comparação ao cloreto de sódio, valoriza o sabor da carnee suas propriedades umectantes,
aumenta o rendimento do cozimento econtribui para a capacidade de retenção de água,
resultando em um aumentoda vida útil do produto (FRANCESCHINI et al., 2006).
33
3 ASPECTOS METODOLÓGICOS
3.1TIPO DE ESTUDO
crianças pequenas, os tornando maispelo público infantil, a ponto de ser substituído pelo
natural, sem levar em consideração seus efeitos adversos.
Em um estudo realizado por Pereira et al., (2015), os resultados indicaram que os
aromatizantes, corantes e estabilizantes, foram os aditivos mais presentes em todas as
categorias de alimentos avaliadas, demonstrando seu alto nível de consumo.
Além dos riscos que podem causar à saúde, existe outro fator que torna o uso abusivo
de aditivos preocupante, pois muitos desses alteram as características dos alimentos, fazendo-
os parecer o que não são de verdade, sendo classificados como transformador e caracterizado
com o que podemos chamar de alteração fraudulenta do alimento. Com base em um
levantamento do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (IDEC), foi identificado que,
entre os produtos avaliados, essa classe de aditivos é a mais empregada, principalmente dos
aromatizantes (50% dos produtos) e 36 corantes (41,6%). Dentre estas análises realizadas pelo
IDEC, pode-se ter como exemplo de uso de aditivos o produto o suco de caixinha, o qual tem
como base suco concentrado de maçã, por isso tem-se a necessidade de adicionar corantes e
aromatizantes, para que fique com a aparência e o sabor da fruta que estampa a embalagem
(BRASIL, 2016). Em contrapartida, a ingestão destes sucos pode provocar efeitos colaterais
pela ação dos aditivos alimentares, sendo as alergias e intolerâncias alimentares consideradas
como efeitos maléficos mais comuns, caracterizando-se por reações desencadeadas pelo
organismo para combater uma substância presente em um alimento (POLÔNIO e PERES,
2009).
Pereira et al., (2015), aborda em seu estudo que se somarmos a possibilidade de
haver no mercado a presença de aditivos em quantidades acima do permitido pela legislação,
juntamente ao caso de que é muito provável que se consuma um ou mais produtos ao dia com
o mesmo aditivo, temos um motivo de imensa preocupação, devido a presença de diferentes
aditivos em produtos ultraprocessados, somados ao seu desenfreado consumo.
Souzaet al.,(2019) alerta para a tendência ao aparecimento de diferentes tipos de
doenças ou complicações ocasionadas pelo uso exacerbado de aditivos alimentares. Dentre
estas doenças, existem algumas que têm sido destacadas em pesquisas que avaliam os aditivos
alimentares.
Neste sentido alguns estudos abordam a relação do consumo de aditivos alimentares
e o desenvolvimento de neoplasias que caracterizam a patologia do câncer. Segundo Santos e
Lourival (2019), quando alimentos processados são ingeridos em excesso aumenta as chances
de os mesmos desenvolverem câncer, isso graças ao excesso da ingestão de aditivos
alimentares que estes os indivíduos estão fazendo. Os aditivos mais prejudiciais à saúde são
36
Santos(2015), ressalta que apesar dos corantes naturais serem os mais indicados aos
consumidores, osartificiais continuam sendo os mais consumidos devido seu custo e
estabilidade,apresentada com relação a validade e armazenamento. Desta forma os corantes
artificiaissão os mais desejados mesmo apresentando riscos à saúde e causando reaçõescomo
urticaria irritação da mucosa, alergias, constrição, hiperatividade e tumores.
Outra classe de aditivos que tem sido estudado quanto a relação àsaúde do
consumidor são os edulcorantes, assim como o aspartame,que tem sido apontados em
pesquisas que estão relacionados ao desenvolvimento de tumores cerebrais (BISSACOTTI;
ANGST eSACCOL, 2015; POLÔNIO e PERES, 2009; ROMEIRO eDELGADO, 2013).
Segundo Marques et al. (2015) os aditivos alimentares também causamdistúrbios
severos no funcionamento do trato digestório, interrupção endócrina, reações alérgicas
enarcóticas, principalmente nas crianças (TRASANDE; SHAFFER e
SATHYANARAYANA, 2018;Xuet al., 2015).
Ainda, peritos da área de segurança alimentar declaram que os aditivos de aroma e
sabor, com ênfase aos sintéticos,suscitam uma série de dúvidas quanto aos seuspotenciais
efeitos citotóxicos, genotóxicos e mutagênico (MOURAet al. 2016), uma vez que, estudos
toxigenéticosde tais substâncias são praticamente inexistentes na literaturacientífica
(KONISHI; HAYASHI e FUKUSHIMA, 2011;KOCA; ERBAY e KAYMARK-ERTEKIN,
2015).
No entanto, existem inúmeros estudos associando esses aditivos com efeitos nocivos
para a saúde dos consumidores, como adesenvolvimento de alergias, câncer e alterações no
funcionamentodo trato digestivo (GOMESet al., 2013).
Dentre a faixa etária que se encontra em alta nas pesquisas em relação a aditivos
alimentares estão as crianças. Estes consumidores são atraídos por alimentos coloridos e
diferentes, que trazem consigo corantes, na maioria artificiais (FERREIRA,2015).
Segundo Trasande, Shaffer eSathyanarayana (2018) o aumento de evidências
científicas sugerem potenciais efeitos adversos sobre a saúde das crianças a partir douso de
aditivos alimentares, adicionados deliberadamente aos alimentos durante o processamento.
Segundo Landrigan e Goldman (2011) as crianças podem ser particularmente afetadas pelo
consumo de aditivos alimentares, pois esta faixa etária apresenta exposições relativas mais
altasem comparação com os adultos, dados baseados nos alimentos que consomem, bem
como seu sistema metabólico de desintoxicação ainda estão em desenvolvimento e maturação,
estando vulneráveis.
38
Com base em estudos de Nigget et al.,(2012) e Kleinmanet al. (2011), nas últimas
décadas alguns estudos tem sido desenvolvidos no sentido de avaliar a relação do consumo de
corantes artificiais sintéticos e o comportamento infantil, especificamente o seu papel no
déficit de atenção e na desordem de hiperatividade. Sendo que, alguns achados destes estudos
indicaram que a eliminação destes corantes da dieta pode trazer benefíciospara crianças com
déficit de atenção e distúrbio de hiperatividade, embora os mecanismos de ação não estão
totalmente elucidados.
Neste mesmo sentido Polônio e Peres (2009) constataram que em testes realizados
com exclusão e reposição de alimentos constituídos por corantes artificiais em uma dieta
controlada foi possível identificar fatores que determinam o transtorno do deficit de atenção
ehiperatividade em crianças. Isto é possível uma vez que os corantes tartrazina, o amaranto, o
vermelho ponceau, aeritrosina, o caramelo amoniacal, são considerados os corantes
responsáveis poralterações no comportamento humano e fazem parte da maioria dos
alimentos destinados ao público infantil.
Cabe esclarecer que devido os efeitos adversos apresentados pela população após
consumo de tartrazina, a Anvisaatravés da Resolução nº. 572/2002(BRASIL, 2002) definiu
que os fabricantes devem conteradvertência em suas bulas e embalagensde medicamentos que
usem este tipo de corante (POLÔNIO e PERES, 2009).
Ferreira (2015) em sua pesquisa relatou que a ingestão de doses elevadas do corante
tartrazina pode induzir a uma lesão da molécula de DNA nas regiões do estômago, cólon e
bexiga urinária o que pode acarretar futuramente o desencadeamento de câncer no indivíduo.
Esta mesma pesquisa também alerta ao fato deste corante aumentar a probabilidade de ocorrer
hipercinesia, distúrbios de comportamento e eosinofilia, podendo também em casos raros
levar a inibição plaquetária acarretando problemas na coagulação sanguínea (FERREIRA,
2015).
Segundo Polônio (2010) os corantes tartrazina, amaranto, vermelho
ponceau,eritrosina, caramelo amoniacal estão relacionados com a ocorrência de alterações no
comportamento de crianças, assim também está pesquisa ressalta que os aditivos como ácido
benzoico, ácido sulfídrico e sulfito também podem desenvolver a hiperatividade, além
dosantioxidantes sintéticos que aparecem envolvidos nos casos de transtornos de déficit de
atenção e hiperatividade (TDAH). Foram observados além das alterações de comportamento
reações como asma,rinite, urticária, angioedema, choque anafilático, vasculite e púrpura
(POLONIO, 2010).
39
anato, carmin, carragenano, bem como eritritol, goma de guar, pectina e psyllium (AUN,et al.
2011). Sendo assim, mesmo os naturais desencadeiam reações adversas.
Nesse sentido, é de extrema importância o desenvolvimento de pesquisas que
explorem sobre a toxicologia e reações adversas à saúde dos indivíduos frente ao consumo
dos diversos grupos de aditivos alimentares. Assim, Netto (2017) apresenta evidências atuais
da literatura onde aborda que mesmo alguns aditivos alimentares que geralmente são
considerados seguros, podem apresentar efeitos significativos sobre células imunes e, esta
ação pode gerar obesidade e suas comorbidades relacionadas. Este estudo também corrobora
para adiscussão dos efeitos que aditivos alimentares podem causar nas células do sistema
imunológico, que podem contribuir potencialmente para uma série de patologias e condições.
Alguns exemplos dos estudos que avaliaram a relação de consumo de aditivos e patologias
são as que seguem:
Suez(2014), avaliou em pesquisa com camundongos consumo de sucralose e sacarina
ambas dentro da dose permitida pela Food and Drug Administration (FDA) respectivamente
de 5mg/kg e 15 mg/kg inferindo que estes aditivos levaram a ocorrência de disbiose e
tolerância à glicose diminuída nestes camundongos.
Segundo Palmnas (2014) e Bian (2017) a administração de aspartame na dosagem
de 50 mg/kg levou os animais a apresentarem tolerância diminuída à glicose.
Com base nos estudos de Chassaing (2015) na avaliação do consumo de
carboximetilceluloseum aditivo sem limitações de uso pela FDA, acarretou ganho de peso e
tolerância diminuída à glicose em animais. Este mesmo autor avaliou a ingestão de
Polissorbato na quantidade de 80- 25 mg / kg e verificou inflamação de baixo grau aumento
da adiposidade em animais.
Leandro (2016) e Ashbrook (2015) avaliaram a toxicidade frente a ingestão de citrato
o qual não tem limite definido de ingestão pela FDA e constataram um aumento da glicemia
de jejum e diminuição da tolerância à glicose, bem como a ingestão de citrato potencializou a
ativação induzida por LPS da linha celular de macrófagos (THP-1).
As discussões científicas sobre o consumo de citrato também levantam o
questionamento do quanto o uso de aditivos ditos naturais podem não ser classificadas como
saudável (NETO, 2017). Carocho, Morales e Ferreira (2015) alertam para que apesar dos
aditivos naturais serem promissores, ainda são necessários pesquisas para avaliar as suas
vantagens e desvantagens, limitações e outras informações conflitantes.
Tido como um aditivo naturais, devido sua fonte ser frutas e vegetais, a FDA, não
impõe um limite para uso deste na adição de alimentos e bebidas. Lembrando que o citrato é
41
refere que estas substancias, empobrecem a dieta, haja visto os malefícios que trazem consigo
a longo prazo.
Este empobrecimento diz respeito principalmente pelo fato de os sucos em pó ser
amplamente consumidos pela população, devido sua preparação rápida e pratica, além de
segundo Bezerra (2016), estarem disponíveis em vários sabores de frutas e baixo custo
quando comparados a outras bebidas industrializadas. Neste estudo especifico, Bezerra (2016)
aborda a toxicidade dos sucos em pó nos sabores de laranja e goiaba de três empresas de
alimentos diferentes, avaliados no nível celular, com células meristemáticas radiculares de
Allium cepa L., nos tempos de exposição de 24 e 48 horas, e duas concentrações, 30 g / 1000
mL, consideradas ideais para o consumo de acordo com o rótulo dos produtos e 30 g / 500
mL. Os resultados demonstraram que ambos os sabores dos sucos, das três empresas, nas
concentrações e nos dois tempos de exposição, promoveram efeito antiproliferativo
significativo nas células dos meristemas radiculares e causaram um número estatisticamente
significativo de alterações do fuso mitótico e micronúcleos nas células do sistema de teste
utilizado. Sendo assim,este estudo apontou que as mostras de suco em pó apresentaram
potencial citotóxico e genotóxico.
É consenso dentre vários autores que não se deve subestimar os efeitos adversos
causados por aditivos alimentares, bem como o efeito cumulativo de aditivos alimentares
ainda é pouco elucidado, aliado a dificuldade de estimar este efeito cumulativo, desta forma
se torna importante desenvolver mais pesquisas para garantir a segurança quanto a doses de
uso de aditivos alimentares, em especial para indivíduos mais sensíveis (PEREIRA, et al.,
2015; HONORATO, et al., 2013; BISSACOTTI; ANGST e SACCOL, 2015). Além de que
conforme Trasande, Shaffer eSathyanarayana (2018), mais pesquisas são necessárias com a
finalidade de estudar os efeitos da exposição aos aditivos alimentares nas distintas faixas
etárias relacionando com sua toxicidade para poder identificar melhor as preocupações com a
saúde.
É importante salientar conforme elucidado por Souza (2019), que as informações
sobre os riscos a saúde do consumidor mediante o consumo de aditivos alimentares acima das
doses recomendadas pela Anvisa, devem ser melhor elucidadas aos consumidores uma vez
que muitos danos à saúde são irreversíveis.
Contudo, as pesquisas devem lançar mão de estratégias educação dos consumidores,
para a redução destas substâncias (FERREIRA, 2015), bem como estimular a população a
reduzir o consumo de alimentos industrializados e a promoção do consumo de alimentos in
44
5 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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BOBBIO, P. A.; BOBBIO, F.A. Introdução à química de alimentos. 2.ed. São Paulo:
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