Carmen Ernesto

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 29

INSTITUTO SUPERIOR DE COMUNICAÇÃO E IMAGEM DE MOÇAMBIQUE

Licenciatura em Direito

Cadeira Curricular:

Metodologia de Investigação Cientifica

Análise Socio-Juridica dos Casamentos Tradicional na Província de Maputo-Marracuene


(2020-2022).

Discente:

Carmen Alexandre Ernesto

Docente:

Dr.Amadeu Alves Miguel

Maputo, Abril de 2022


ANÁLISE SOCIO-JURIDICA DOS CASAMENTOS TRADICIONAL NA PROVÍNCIA
DE MAPUTO-MARRACUENE (2020-2022).

O Projecto apresentado em cumprimento parcial dos


requisitos exigidos para a obtenção do grau de
Licenciatura em Direito no Instituto Superior de
Comunicação e Imagem de Moçambique.

Camen Ernesto

Maputo,2022
Carmem Alexandre Ernesto

Análise Socio-Juridica Dos Casamentos Tradicional Na Província De Maputo-


Marracuene (2020-2022).

O Projecto apresentado em cumprimento parcial


dos requisitos exigidos para a obtenção do grau
de Licenciatura em Direito no Instituto Superior
de Comunicação e Imagem de Moçambique

Aprovado em ___ do mês ___ de 2022

O JÚRI:

O Presidente O Tutor O Arguente Data

________ _______________ ________ ___/___/___


Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais.

i
Agradecimento

Em primeiro lugar agradeço a Deus, pelo dom de vida que me concedeu. Ao meu supervisor Dr.
Amadeu Alves Miguel, por ter aceitado o desafio que teve como resultado o presente trabalho. O
agradecimento é extensivo a todos os docentes do Instituto Superior de Comunicação e Imagem
de Moçambique, em especial aos afectos ao curso de Licenciatura em Direito, pelos valiosos
ensinamentos dados durante a minha formação.

Agradecer a toda minha família, a qual esteve sempre presente em todos momentos da minha
formação, e pela compreensão nos momentos que dela abdiquei para me dedicar à vida
académica.

Aos meus colegas de turma, a minha caminhada não seria a mesma sem vocês.

Agradecer ainda as famílias entrevistadas, que deixaram seus afazeres nas machambas para me
receber.

Por fim, agradeço a todos aqueles que não foram mencionados que directa ou indirectamente
estiveram presentes na minha vida contribuindo para que a minha formação chegasse ao fim sem
sobressaltos.

ii
Resumo

O presente trabalho, intitulado Casamento Tradicional no Ordenamento Jurídico Moçambicano o


caso da Localidade de Marracuene tem como objectivo analisar a problemática da falta de registo
do casamento tradicional e especificamente identificar as actuais praticas do casamento
tradicional com a finalidade de propor medidas correctivas ao governo a fim de beneficiar as
comunidades rurais que são as que em maior numero praticam casamento sem registo. A
metodologia a será usada para efeito será a revisão da literatura, entrevistas feitas nas
comunidades de Marracuene, Goba e Moamba, na província de Maputo, bem como aos
funcionários das conservatórias desta mesma província.

Palavras – Chave: Casamento, Casamento tradicional, União de facto, Lei da família.

iii
Abstract

This paper, entitled Traditional Marriage in the Mozambican Legal System, the case of
Marracuene, aims to analyze the problem of the lack of registration of traditional marriage and
specifically identify the current practices of traditional marriage in order to propose corrective
measures to the government in order to benefit the rural communities that are the largest in
unregistered marriage. The methodology used was literature review, interviews conducted in the
communities of Marracuene, Goba and Moamba in Maputo province, as well as to the
conservatory officials of this province.

Key-words: Marriage, Traditional marriage, fact union, family law.

iv
Listas de Abreviaturas e Siglas

CRM Constituição da Republica de Moçambique

LF Lei da Família

CRC Código do Registo Civil

CC Código Civil

DF Direito de Família

v
Sumario

Dedicatória........................................................................................................................................i
Agradecimento................................................................................................................................ii
Resumo...........................................................................................................................................iii
Abstract...........................................................................................................................................iv
Listas de Abreviaturas e Siglas........................................................................................................v

1 Introdução.................................................................................................................................1
2 Contextualização......................................................................................................................1
3 Justificação...............................................................................................................................1
4 Problematização do Tema........................................................................................................2
5 Objectivos do Estudo................................................................................................................2
6 Equipe do projecto....................................................................................................................2
7 Publico alvo..............................................................................................................................3
8 Desenvolvimento......................................................................................................................4
9 Metodologia do Trabalho.........................................................................................................9
10 Estrutura do Projecto.........................................................................................................10
11 Premissas e analise de Risco..............................................................................................11
12 Analise de viabilidade financeira.......................................................................................11
13 Referencial teórico.............................................................................................................12
14 Resultados e Discussão......................................................................................................13
15 Conclusão..........................................................................................................................14
Referencias bibliográficas.............................................................................................................15
Glossário........................................................................................................................................17
Apêndice........................................................................................................................................18
Anexo.............................................................................................................................................19

vi
1 Introdução

O presente trabalho de pesquisa tem como tema: Análise socio-jurídica dos casamentos
tradicional na Província de Maputo: Marracuene, 2020 -2022.

O tema leva-nos a uma reflexão socio-jurídica da concepção e materialização da pratica dos


casamentos tradicional, civil, no ordenamento jurídico moçambicano. Este estudo apresenta as
dinâmicas sociais, culturais e legais que envolve casamento tradicional quer civil ainda neste
trabalho procurou-se descrever as práticas de celebração dos casamentos na nossa sociedade, por
fim, abordou-se os processos e procedimentos atinentes ao casamento tradicional e civil.

2 Contextualização
Em Moçambique não se vive apenas do direito positivo, mas sim encontramos mais três
dimensões da definição de família que podem ser encontradas nos livros de Direito da Família
que é a doutrina e a lei. Estes conceitos sobre família são resultados dos cenários que vivemos da
historia a civilização. De uma forma geral, a população considerada família alargada aquela que
eventualmente por razoes de natureza, crença, moral, convivência dias apos dia, acabam
considerando de família (mesmo que não entendemos porque é que somos família, mesmo assim
nos respeitamos uns aos outros). Num matrimonio, quer tradicional, religioso, ou civil, os
nubentes não celebram o casamento só entre si, mas também as respectivas famílias
consanguíneas e não consanguíneas.

3 Justificação
A escolha deste tema prende-se no facto de este ser um tema actual pertinente e de relevância
social na medida em que estuda o processo socio-juridico dos casamentos tradicional na
Província de Maputo. Fornecendo informação e subsídios jurídicos sobre o tema.

Do ponto de vista científico, poderá contribuir com conhecimentos acerca dos casamentos
tradicional em Moçambique e o seu enquadramento jurídico.

1
Do ponto de vista social, poderá trazer melhorias necessárias na celebração e registo do
casamento tradicional.

4 Problematização do Tema
A pesquisa aqui proposta pretende responder, o mais precisamente possível, as questões
seguintes, constituintes do problema, quais sejam:

1 Quais são as actuais praticas de casamento tradicional em Marracuene?

2 Como são celebrados e instituídos os casamentos tradicionais no ordenamento Jurídico


Moçambicano?

3 Porque é que as comunidades de Distrito de Marracuene não registam o casamento


tradicional?

5 Objectivos do Estudo
5.1.1 Objectivo Geral

 Analisar a figura sociojurídica do casamento tradicional no ordenamento jurídico


Moçambicano.

5.1.2 Objectivos Específicos

 Apresentar as dinâmicas sociais e culturais que envolvem os casamentos tradicional;

 Descrever as melhores praticas de celebração dos casamentos tradicional na sociedade;

 Recomendar meios mais justos e eficientes no processo da celebração do casamento


tradicional.

6 Equipe do projecto
A pesquisa será executada exclusivamente pelo acadêmico proponente da pesquisa.

2
7 Publico alvo
A população alvo da pesquisa aqui proposta será constituída pelos operadores do Direito em sua
generalidade e particularmente às Varas de Família. Constituem também população alvo as
pessoas que estejam vivendo na condição familiar de união estável. Constituem os sujeitos-
objetos da pesquisa os mesmos operadores do Direito em sua generalidade e particularmente as
pessoas atuantes na Vara de Família.

3
8 Desenvolvimento
Casamento Tradicional no Ordenamento Jurídico Moçambicano

a) Casamento

Segundo o Art.º 163 do CRC (2004: p.35), “A organização do processo preliminar de


publicações para casamento compete à conservatória do registo civil da área em que qualquer
dos nubentes tiver domicilio ou residência estabelecida durante, pelo menos, os últimos trinta
dias anteriores à data da declaração ou da apresentação do requerimento.  

O Art º. 164 do CRC estabelece que “Aqueles que pretendem contrair casamento devem declara-
lo, pessoalmente ou por intermedio de procurador bastante, na conservatória do registo civil e
requer a instauração do processo preliminar de publicações.

Entretanto, “ A declaração para casamento deve constar de documento assinado pelos nubentes,
com dispensa de reconhecimento das assinaturas, ou de auto lavrado em impresso do modelo
aprovado, e assinado pelo funcionário do registo civil e pelos declarantes, se souberem e
puderem faze-lo, preconiza o artigo 165 do CRC.

O artigo acima citado vem exigir uma certa organização do cidadão quando pretende construir o
seu casamento, visto que aprova de que o cidadão reside há mais de trinta dias nesse lugar so
pode ser atestado pelo chefe da localidade ou do posto em referencia através de um atestado de
residência passado por este, querendo isso dizer que o cidadão quando fixa residência em
determinado local tem que se apresentar as estruturas locais.

b) Modalidades de casamento  

O nosso estudo revelou que, apesar da Lei da Família estipular três modalidades de casamento,
criando maior possibilidade de escolha em função da diversidade cultural que caracteriza o país,
há situações em que os nubentes realizam o casamento civil e o religioso e outras ainda em que
os nubentes optam por usufruir das três modalidades previstas na Lei, começando muitas vezes
pela cerimónia tradicional. Nestes casos, apenas se cumprem os trâmites burocráticos referentes

4
ao casamento civil. Busca-se assim, quer legitimar este acto a vários níveis, onde o Estado, os
parentes e a comunidade participam nos rituais que reconhecem a união entre um homem e uma
mulher, quer ainda reforçar os direitos e obrigações que o casamento estipula a vários níveis. Ao
assumir um compromisso perante a comunidade em que está inserido, o novo casal fortifica a
pertença às redes sociais em que já se encontra inserido, ao mesmo tempo que, pelos laços da
união matrimonial, inicia relações de pertença a novas redes.  

Discutimos em seguida as práticas mais comuns no que diz respeito às modalidades de


casamento:

i) casamento civil;

ii) casamento religioso, e

iii) casamento tradicional.

A União de Facto, uma figura introduzida pela Lei da Família, será tratada num outro artigo, já
que o seu "reconhecimento" passa por um processo que envolve os tribunais, e porque os seus
efeitos têm impacto em questões de âmbito Outras Vozes, nº 37, Fevereiro de 2012 11  

patrimonial e de menores, que envolvem conflitos dirimidos pela justiça estatal e não estatal, mas
fora do âmbito dos Serviços de Registo Civil. No entanto, uma vez que estamos a tratar de
uniões que levam à constituição de famílias, abordaremos transversalmente este tema.  

i) Casamento civil  

No trabalho realizado nas conservatórias das quatro unidades de análise seleccionadas para a
nossa pesquisa registou-se um total de 15.540 processos de casamento civil, no período
seleccionado para a pesquisa (anos 1998, 1999, 2008 e 2009).  

O maior número de casamentos teve lugar na cidade de Maputo (7.205) e o menor na província
de Cabo Delgado (330). Por ordem percentual decrescente, temos a cidade de Maputo com 46%
do total de casamentos, ao que se segue a Província de Sofala com 4.547 (29%), a Província de
Maputo com um total de 3.458 (22%), e por último a província de Cabo Delgado, representando
apenas 2% do total de casamentos realizados nos anos de 1998, 1999, 2008 e 2009.  

5
A análise desta informação remete-nos à conclusão que o casamento é um fenómeno urbano,
com um decréscimo numérico do Sul para o Norte, que corresponde aos índices de
desenvolvimento do país. Esta situação pode ser eventualmente explicada pelo facto de
encontrarmos nas capitais provinciais mais concentração de informação e uma maior
disseminação da própria lei.  

ii) Casamento tradicional  

A Lei da Família limita-se a definir o que é o casamento no geral (art º.7), não avançando,
entretanto, sobre o que se deve entender por casamento tradicional, o que é susceptível de
diversas interpretações, se considerarmos a elasticidade que a terminologia "tradicional" assume
hoje, e do mesmo modo, pelo que se pode entender por "usos e costumes".  

Se tomarmos em consideração que Moçambique é um país que foi desenhado como tal no
contexto dos imperativos coloniais, num espaço geográfico marcado por fronteiras políticas
artificiais, fica claro que qualificar os seus "usos e costumes", dada a heterogeneidade cultural,
envolve uma série de complexidades. Ao mesmo tempo, não podemos perder de vista que,
depois do fim do sistema socialista de governação, há hoje uma reapropriação constante dos
designados "costumes" ou do "tradicional", particularmente a nível dos simbolismos, usados
frequentemente para justificar a manutenção de formas de dominação patriarcal. É neste contexto
que poderemos entender o lobolo (compensação matrimonial), que nos espaços urbanos "reforça
a dimensão simbólica", mais do que a económica, de uma união, realizado muitas vezes em
simultâneo como uma cerimónia de casamento civil (Andrade et al., 1998).

iii) Casamento religioso  

A Lei da Família introduz o casamento religioso como uma das modalidades do matrimónio. A
novidade relativamente ao casamento religioso consiste no seu formato inclusivo, ao estender
este tipo de casamento a toda e qualquer religião legalmente reconhecida. Ao acolher o
casamento religioso na Lei, o legislador não só enquadrou este tipo de casamento no espírito do
pluralismo religioso, como tentou responder ao direito à liberdade religiosa consagrado na
Constituição.  

6
À semelhança do que sucede no casamento tradicional, a Lei da Família não explica o que se
entende por casamento religioso, referindo apenas no seu art. 50, que: "É indispensável para a
realização do casamento a presença:  

a) dos nubentes, de um deles e o procurador do outro;  

b) do dignitário religioso competente para a celebração do acto;  

c) de duas testemunhas.  

A Lei da Família estipula que “o casamento religioso ou tradicional rege-se, quanto aos efeitos
civis, pelas normas comuns desta Lei, salvo disposição em contrário” (art º.17). No entanto,
como nos foi dado observar quando tratamos dos casamentos tradicionais, os processos
burocráticos que lhe dizem respeito são simplificados, para fazer face ao contexto em que eles se
devem realizar, o meio rural. Aos casamentos de tipo religioso são exigidas outras formalidades,
que obrigam, por um lado, a que os nubentes cumpram com uma série de procedimentos de
carácter administrativo e, por outro lado, a que as respectivas instituições estejam organizadas
para agilizar o processo de casamentos e sua respectiva transcrição, sem prejuízo dos nubentes.  

Uma leitura atenta do CRM complementa a nossa observação sobre o maior rigor nas exigências
que relativas ao casamento de tipo religioso, quando comparadas às do casamento tradicional.  

Para que o casamento religioso tenha efeitos legais, ele deve ser transcrito. Alguns dos nossos
testemunhos referiram, entretanto, que as formalidades para realizar um casamento religioso são
tão complicadas que preferem realizar o casamento civil e depois o religioso, ou vice-versa,
passando o casamento civil a reconhecer perante a lei vigente a união matrimonial, uma vez que
o religioso lhes dá o reconhecimento social perante a comunidade a que pertencem. Em outros
casos, como, por exemplo, entre os praticantes do Islão, o reconhecimento social que lhes é
conferido pelo casamento religioso e a não valorização do casamento civil leva a que, a maioria
dos seus crentes, particularmente em áreas rurais e de forte influência islâmica, se limite ao
casamento religioso. A mesma situação se verifica com outras religiões, particularmente com as
de tipo Pentecostal, nas áreas rurais, mas com menor visibilidade que no caso do Islão.  

Tradição em Moçambique

7
Segundo Sambo (1982), o lobolo tinha suas raízes na forma de organização das sociedades
tradicionais, a partir das quais a família desempenhava um importante papel nas relações sociais
e na produção económica do colectivo, tendo como eixo principal a produção familiar. Assim, o
casamento constituía uma instituição significativa porque era por ele que se garantia a produção
agrícola e a geração da descendência.

Nesse sentido, as mulheres cumpriam um papel central nessa sociedade. O matrimonio, portanto,
representava um acordo realizado entre dois grupos familiares sob jurisdição do chefe de
linguagem, mas a saída de uma das mulheres da família para o casamento exigia, da família do
noivo, uma compensação que deveria ser paga a família da noiva, sendo essa quanto a utilizada
posteriormente para o casamento do seu irmão. (Ibid)

O casamento não tinha um caracter individual e por isso se constituía em uma aliança assumida
entre as duas famílias que, para reparar a perda de um dos seus membros, recebia uma
compensação. (Ibid)

O sistema jurídico estabeleceu regramentos segundo a realidade social e esta alcançou


directamente o núcleo familiar, regulamentando a possibilidade de novas conceções de família,
instaurando a igualdade entre homem e mulher, ampliando o conceito de família e protegendo
todos os seus integrantes. (Ibid)

8
9 Metodologia do Trabalho
No que se refere à abordagem a pesquisa pode ser dita quali-quantitativa:

1. Qualitativa porque pretende apreender as percepções, ou seja, das representações e


subjetividades jurídico-sociais dos operadores (sujeito objeto), concernente ao tema
proposto, identificando os aspectos comuns e incomuns de tais representações1.

2. Quantitativa porque haverá questões na entrevista, cujos resultados poderão ser


matematizados, por meio da estatística, com elaboração de tabelas e gráficos.

Em outros termos ressalta-se que;

[...] a investigação qualitativa deseja valorizar as matrizes epistemológicas, dos modos de ver a realidade: a
fenomenologia e a semiótica [...] quando se faz um estudo com base na fenomenologia não se deve menosprezar a
importância das condições materiais da existência. A realidade é muito mais complexa que o discurso que se faz sobre
ela. Então, para compreende-la é necessário que se conheça os sinais e signos locais expressos nos conteúdos das
declarações de seus agentes.2

Do ponto de vista do método a pesquisa proposta seguirá a lógica indutivo dedutiva, pois fará
induções partir das representações dos sujeitos-objetos, bem como deduções8 das normas
existentes.

Quanto à coleta de dados o estudo proposto se caracteriza como pesquisa de campo e, por
conseguinte, se valerá de dados primários, colhidos diretamente na fonte, no caso os operadores
do direito.

Ainda, quanto à coleta de dados, a pesquisa se enquadra como sendo de revisão bibliográfica,
cujos dados secundários serão obtidos na Lei da família3.

1
MARQUES, Heitor Romero. Algumas palavras sobre a abordagem qualitativa em pesquisa. IN: MARQUES, Heitor Romero e CATÔNIO,
Ângela Cristina Dias do Rego (org.) et al. Aprendendo a produzir ciência: um esforço acadêmico. Campo Grande: UCDB, 2007.
2
MARQUES, Heitor Romero, 2007. Op. cit, p.13

3
“lei N 10/2010” lei de família de 25 de agosto e revoga o livro IV do Código Civil in Boletim da Republica n 34, I
Serie Maputo: imprensa nacional.

9
10 Estrutura do Projecto
O relato da pesquisa aqui proposta será em forma de uma monografia, cujo sumário provisório é
o abaixo indicado.

No primeiro capitulo, são apresentadas a introdução, justificativa, formulação do problema de


pesquisa, os objectivos geral e específicos, para a realização do trabalho e a estrutura adoptada
no trabalho. Nele reúnem-se informações importantes sobre o que se busca com a realização do
estudo.

O segundo capitulo traz a revisão da literatura, com elementos importantes sobre etapas, do
casamento tradicional. Baseado nele, a autora do estudo estuda os processos indicados e propõe
melhorias.

O terceiro capitulo trás a luz o casamento tradicional no ordenamento jurídico moçambicano.


Os procedimentos metodológicos que sustentam os objectivos proporcionando a articulação entre
os conteúdos, a conexão entre teoria e prática, pensamentos e inferências.

O quarto capitulo referente à Metodologia, é descrito o tipo de pesquisa aplicado, a população,


a amostra do estudo, as fontes de informação e os principais instrumentos de colecta de dados

O quinto capitulo estudo de caso e seus resultados, nele discute-se sobre os elementos
encontrados e correlacionam-se objectivos específicos com o referencial teórico.

No sexto capitulo, são apresentadas as considerações finais. A autora expõe a resposta


encontrada ao problema de pesquisa e sugere temas para estudos futuros.

Os autores consultados e referenciados aparecem no final desta monografia.

10
11 Premissas e analise de Risco
As limitações para a realização e analise de risco do presente de um projecto estão directamente
relacionadas à definição da abordagem, das técnicas, das ferramentas e das fontes de dados que
podem ser usadas. Pode haver a necessidade de diferentes tipos de avaliações, dependendo do
estagio no qual o projecto se encontra, da quantidade de informações disponíveis e da
flexibilidade existente na gestão de riscos (PMI, 2000).

12 Analise de viabilidade financeira


Definição de despesas Quantidade Valor/unitarioMTn Total Mtn

Custo de transporte 2 Meses 1,000,00 2.000,00

Aquisição de Bibliografia 1 2.500.00 2.500,00


diversa

Bloco de notas 2 500.00 1.000,00

Marcadores 2 100,00 200,00

Esferográficas 5 30,00,00 150,00

Lápis 2 30,00 60,00

Custo de impressão 4 Exemplares 1,000,00 4.000,00

Custo de encadernação 4 35,00 140,00

Sub-total 10.050,00

Contingências 5% 502,05

Total 10,552.5

11
A pesquisa vai obedecer o seguinte Cronograma:

Meses
Actividades
Abril Maio Junho Julho Agosto

Pesquisa do tema X

Pesquisa bibliográfica X

Colecta de dados X X

Apresentação e discussão dos dados X

Elaboração do trabalho X

Entrega do trabalho X

13 Referencial teórico
A Lei da Família limita-se a definir o que é o casamento no geral (artº.7), não avançando,
entretanto, sobre o que se deve entender por casamento tradicional, o que é susceptível de
diversas interpretações, se considerarmos a elasticidade que a terminologia “tradicional” assume
hoje, e do mesmo modo, pelo que se pode entender por “usos e costumes”.

O Código do Registo Civil (CRC) de 2004 traz alguns detalhes complementares à Lei, referindo:
“Para celebração do casamento tradicional é indispensável a presença dos contraentes, da
autoridade comunitária e de duas testemunhas maiores plenamente emancipadas” (art º.221). Nos
restantes artigos da Subsecção VI do CRC, estão explicados outros procedimentos esclarecedores
dos passos necessários para a realização e legalização deste tipo de união.  

A legislação também é ambígua no que podemos considerar como autoridades comunitárias


(decreto nº 15/2000). A falta de clareza da Lei, nos aspectos acima referidos e do Código do
Registo Civil, que funciona como “um diploma de natureza regulamentar” (Malunga e Oliveira,

12
2005) sobre o que é casamento tradicional e quem o deve celebrar. Acrescente-se ainda os
seguintes aspectos:

i) desconhecimento da própria Lei, por uma grande maioria da população que poderia
eventualmente beneficiar das alterações que ela introduz no plano das relações
familiares;

ii) ignorância pela maior parte das autoridades comunitárias da existência da Lei, ou um
fraco conhecimento sobre alguns dos seus conteúdos respeitantes ao exercício das
suas funções, e

iii) a falta de diálogo entre os serviços de registo civil e as autoridades comunitárias para
esclarecimentos sobre os processos que conferem ao casamento tradicional "os
mesmos efeitos que o casamento civil”.

Tudo somado, compreenderemos que o reconhecimento que a Lei pretende trazer ao casamento
tradicional está ainda longe de poder responder aos objectivos que levaram o Legislador a
“acolher” esta forma de união, introduzindo-a na Lei de Família.  

14 Resultados e Discussão
A análise dos dados passíveis de matematização será feita mediante a elaboração de gráficos, e,
dos dados qualitativos mediante organização de categorias que possam surgir das representações
dos sujeitos-objeto da investigação. As categorias acima referidas serão devidamente
comparadas com as normas vigentes e com a doutrina. As leituras da doutrina e das normas
suscitarão apontamentos em fichas de leitura. A hermenêutica ocorrerá mediante a comparação
dos dados obtidos na coleta ao campo, com a doutrina e com a jurisprudência.

13
15 Conclusão
Espera-se concluir o seguinte:

Aferir o conhecimento da lei da família por parte dos residentes do Distrito de Marracuene;

Perceber como administração local lida com os casos de casamento tradicional. O registo do
casamento tradicional foi resgatado pela Lei 10/2004 de 25 de agosto, que revoga o livro IV do
código civil.

14
Referencias bibliográficas

Abudo, J. I (2005), Direito de família. 1 edição. Maputo: Universidade Mussa Bique.

Arthur, M.J. (2002). Lei de Família, activistas e a cidadania das mulheres. In: Outras Vozes, nº
1.

Arthur, M.J. (2003), Ainda a propósito da Lei da Família, direitos culturais e direitos humanos
das mulheres. In: Outras Vozes, nº 4.

Ascensao, J., O direito introdução e Teoria Geral, 3 Edição, Coimbra 1978.

Campos, Alzira Lobo de Arruda. Casamento e família em São Paulo colonial. São Paulo: Paz e
Terra, 2003.

Carbonnier, Jean. Droit civil: la famille. 10ª ed. Paris: PUF, 1974, v. 2, t. 2.

Garcia, M.T.M, (2003) União estável e concubinato no novo código Civil. Revista Brasileira de
Direito de Família. Porto Alegre.

Goncalves, C.R. Direito civil brasileiro, volume 1, 4 edição, são paulo.

Governo de Moçambique (1995). Projecto de Plataforma de Acção do Governo de Moçambique


para o progresso da Mulher até ao ano 2000: estratégias e objectivos. Maputo.

INE (1997). II Recenseamento Geral de População e Habitação (IIRGPH). Maputo: INE.

Madaleno, R (2004). Direito das sucessões e o novo código civil. Belo Horizonte.

Pessoa Pinto, A.; Sacramento, L.F. (1997). A família no quadro jurídico-constitucional.


In: Revista Jurídica, Vol. 3. pp. 119-130.

Sacramento, L.F. (2000). Reforma legal no âmbito do Direito de Família e das Sucessões.
Algumas Reflexões. In: Revista Jurídica, Vol. 4. pp. 107-114.

15
Legislação

Código dos registos Civil Anotado, Malunga, Manual Didier e Oliveira de Jorge, Aprovado pelo
Decreto –Lei 12/2004, de 18 de Dezembro.

CRM (2004), Escolar Editora

“lei N 10/2010” lei de família de 25 de agosto e revoga o livro IV do Código Civil in Boletim da
Republica n 34, I Serie Maputo: imprensa nacional.

Serra. C (2006), colectanea de legislação de família e menores. 1 edição. Maputo Centro de


Formação Jurídico.

Legislação internacional

S/a (2010), CRP, Coimbra, Almedina, Editora.

CRFB: promulogada em 5 de outubro de 1988, Brasília, Senado Federal

16
Glossário

Adulto - ser humano com idade igual ou superior a dezoito anos.

Autoridade competente - servidor público ou qualquer entidade com poderes para oficiar ou
celebrar noivados, casamentos, uniões ou outras relações equiparáveis as relações.

Autoridade tradicional ou local - régulo. juiz comunitário ou chefe revestido de poderes sobre a
comunidade na sua área de jurisdição, ou qualquer entidade política ou civil ou ainda conjunto de
pessoas eleitas ou indicadas para representar uma determinada comunidade ao nível local ou
comunitário.

Autoridade religiosa - entidade com poder de orientação religiosa. quer enquanto pessoa
singular, quer sob autoridade de uma instituição religiosa.

Criança - ser humano com idade inferior a dezoito anos.

Casamento- união singular entre um homem e uma mulher, celebrada perante autoridade
competente, sob a forma civil, religiosa ou tradicional nos termos da lei de família.

Noivado- promessa com o propósito de casamento ou união, feita de forma voluntária ou


coerciva.

17
Apêndice

Entrevista

1. Há quanto tempo são casados?

2. Já foram casados antes?

3. Se sim qual foi o motivo da separação?

4. Tem filhos? Quantos?

5. Que importância tem os filhos no casamento?

6. Que tipo de casamento os une?

7. Qual o motivo que os levou a unirem-se?

8. A família teve alguma influência na escolha?

9. Que importância dão ao casamento?

18
Anexo

Dados Biográficos:

1. Nome

2. Idade

3. Grupo étnico

4. Religião

5. Nacionalidade Profissão

6. Estado civil

19

Você também pode gostar