2022 - Farauane, Jorge Cecilia
2022 - Farauane, Jorge Cecilia
2022 - Farauane, Jorge Cecilia
Júri
_______________________________________
Presidente:
_______________________________________
Oponente:
_______________________________________
Supervisor:
____________________________________
i
DEDICATÓRIA
ii
ADRADECIMENTOS
Em primeiro lugar agradeço a Deus pela vida que me concedeu, pela saúde
durante a realização do trabalho, pela força e vontade de aprender cada vez mais.
"Em tudo dai Graças". Esta é a vontade de Deus.
Aos meus pais, Jorge Afonso Farauane e Zélia Vasco Baúque pelos valores
morais e éticos que a mim proporcionaram desde pequena e pela participação de
forma integral na caminhada.
A minha família que esteve comigo durante a caminhada, agradeço pela força,
ensinamentos e boa vontade durante o percurso.
Aos docentes, colegas e amigos, especialmente a Nicole Anate Tembe e Marisa da Graça
Machava que fizeram parte desta etapa.
Muito obrigado!
iii
EPÍGRAFE
iv
RESUMO
A presente pesquisa fez uma análise da implementação da lei do direito à
informação no Arquivo Histórico de Moçambique e o impacto que esta lei teve na
disponibilização da informação arquivística disponível naquele organismo. A
análise proposta teve como marco temporal o intervalo entre os anos de 2014-
2020, representativo do período de implementação da Lei do Direito a Informação
nas instituições públicas nacionais, Para o alcance dos objectivos traçados optou-
se por uma pesquisa de caracter qualitativo que se baseou no método de
abordagem dedutivo, e contou com os métodos de procedimentos monográfico,
histórico e observacional que por sua vez, contaram com o auxilio das técnicas de
pesquisa documental e bibliográfica. Do exercício de pesquisa feito evidenciou-se
que a implementação da lei do Direito a Informação encontra ainda desafios no
Arquivo Histórico de Moçambique e, por consequência, esta lei não tem tido um
impacto significativo na divulgação da informação arquivística disponível naquele
organismo.
v
ABSTRACT
The present research analyzed the implementation of the right to information law
in the Historical Archives of Mozambique and the impact that this law had on the
availability of archival information available in that body. The proposed analysis
had as a time frame the interval between the years 2014-2020, representative of
the period of implementation of the Law on the Right to Information in national
public institutions. based on the deductive approach method, and relied on the
methods of monographic, historical and observational procedures, which in turn,
had the help of documental and bibliographic research techniques. From the
research carried out, it became clear that the implementation of the Right to
Information law still faces challenges in the Historical Archives of Mozambique
and, consequently, this law has not had a significant impact on the dissemination
of archival information available in that body.
vi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O Arquivo Histórico de Moçambique …………………..………………………24
vii
SUMÁRIO
FOLHA DE APROVAÇÃO ....................................................................................................... i
DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... ii
EPÍGRAFE ................................................................................................................................ iv
RESUMO .................................................................................................................................... v
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1.Problematização ............................................................................................................... 2
1.2.Objectivos ......................................................................................................................... 4
1.4.Justificativa ....................................................................................................................... 5
viii
4.4.Acções desenvolvidas no Arquivo Histórico de Moçambique no contexto da
Lei de Direito a Informação ................................................................................................. 21
4.7.Limitações da Pesquisa................................................................................................... 27
APÊNDICE 1 ....................................................................................................................... 31
ix
1. INTRODUÇÃO
O acesso à informação constitui-se num direito inalienável dos indivíduos. Considera-se ser
dever do Estado fornecer aos seus cidadãos as informações necessárias para que esses estejam
em condições de participar ativamente da vida do Estado, compreendendo os motivos que
levaram a determinada atuação, bem como as consequências dela decorrente no âmbito da
vida do particular em sua individualidade (Dicionário de Direito, 2022) 1. Nesta ordem de
ideias, diversas são as iniciativas a nível internacional que buscam a preservação deste direito
por meio de promulgação de leis.
Ainda neste contexto, Vieira Mário (2015, P.7), defende que é necessário tornar os processos
decisórios e os arquivos de informação de interesse público, colectada e processada pela
Administração Pública e outras entidades relevantes – incluindo o direito privado – mais
acessível aos cidadãos, como forma de permitir-lhes plena participação no debate
democrático sobre assuntos públicos.
Sendo a lei de direito à informação considerada um instrumento base para garantir o acesso as
informações contidas nas instituições públicas e privadas, o Arquivo histórico de
Moçambique, na qualidade de órgão detentor de um acervo documental de interesse público,
vê-se revestida de obrigações com vista a garantir o acesso a essas informações aos
interessados.
1
Dicionário de Direito (2022), O que é direito à informação? Disponível em:
https://dicionariodireito.com.br/direito-a-informacao. Consultado a 22 de Julho de 2022.
1
A escolha de 2020, por sua vez, é movida pela celebração, neste ano, do Dia Internacional do
Acesso à Informação, que decorreu sob o lema "Acesso à Informação, Salvar Vidas,
Construir Confiança, Trazer Esperança.". No contexto desta celebração o Sindicato Nacional
de Jornalistas, na voz do seu secretário-geral, Eduardo Constantino, defendeu que apesar da
aprovação da lei e sua consequente divulgação, inúmeros desafios se colocam a sua
divulgação uma vez que “continuam a existir indivíduos detentores de informação a não
prestarem a informação sob várias alegações, como por exemplo de segredo de justiça,
segredo de Estado ou não tendo autorização superior” (Matias, 2020)2.
1.1.Problematização
A avaliação do acesso a informação do Arquivo Histórico de Moçambique é feita dentro do
contexto da aprovação da Lei de direito à informação. A aprovação desta lei veio responder
aos desafios de acesso e divulgação de informação em Moçambique em respeito as
disposições presentes na Constituição da República de Moçambique que define, no seu
número 1 do artigo 48º que todos os cidadãos têm direito à liberdade de expressão, à
liberdade de imprensa, bem como o direito à informação.
Com isso, as instituições públicas tuteladas pelo Estado encontram-se incumbidos de permitir
o acesso à informações de interesse social, histórico, económico e de outras dimensões. Estas
provisões do número 1 do artigo 48º são sustentadas pelas provisões subsequentes que
definem:
2
Matias, L. (2021), Acesso à informação ainda é um grande desafio em Moçambique. Disponível em:
https://www.dw.com/pt-002/acesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-ainda-%C3%A9-um-
grandedesafio-em-mo%C3%A7ambique/a-55084942. Consultado a 24 de Maio de 2022.
2
disponibilizar à informação para o público de modo que se tenha uma administração pública
aberta (DW News, 20203).
Este arquivo, segundo dados disponibilizados pela UEM, tem em sua posse cerca de 30 mil
metros lineares de documentação textual tratada, agrupada em 82 fundos arquivísticos
disponíveis à consulta pública, e variadas colecções especiais incluindo fotografias, filatelia,
fontes orais, microfilmes, cartazes, mapas e uma biblioteca especializada, entre outros. Estes
documentos e colecções são de acesso público devendo, portanto, estar aberto a consultação
livre por parte dos interessados.
3
DW News (2020), Acesso à informação ainda é um grande desafio em Moçambique. Disponível em:
https://www.dw.com/pt-002/acesso-%C3%A0-informa%C3%A7%C3%A3o-ainda-%C3%A9-um-
grandedesafio-em-mo%C3%A7ambique/a-55084942. Consultado a 24 de Maio de 2022.
4
AHM UEM (2022), Arquivo Histórico de Moçambique. Disponível em:
http://www.ahm.uem.mz/atomahm/index.php/?sf_culture=pt. Consultado a 24 de Maio de 2022.
5
Milice, M. (2020), INAGE participa de Estudo sobre Divulgação de Informação através das Plataformas
Digitais do Governo. Disponível em: https://www.inage.gov.mz/inage-participa-de-estudo-sobre-divulgacao-
deinformacao-atraves-das-plataformas-digitais-do-
governo/#:~:text=Os%20estudos%20divulgados%20e%20elaborados%20pelo%20Centro%20de,plataformas%2
0digitais%20e%20outros%20meios%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20social. Consultado em 24 de
Maio de 2022.
3
“…atribui um dever aos órgãos e entidades públicas de divulgar informações de
interesse público de forma proactiva e rotineira, independentemente de solicitações
específicas. A proactividade na divulgação de informação de interesse público com
maior incidência nas matérias referidas no nº 2 do Artigo 6 da presente lei é um
pressuposto para redução de número de pedido de informação.”
1.2.Objectivos
1.2.1. Objectivo geral
Avaliar em que medida a implementação da lei do direito a informação no Arquivo
Histórico de Moçambique contribui para o acesso a informação;
1.3.Hipóteses
• A implementação da lei do direito a informação no Arquivo Histórico de
Moçambique passou pelo desenvolvimento de políticas de maior abertura para a
consultação e divulgação de informações;
• O desenvolvimento de portais para a divulgação de informações constitui-se numa das
acções desenvolvidas no âmbito da implementação da lei do direito a informação no
Arquivo Histórico de Moçambique;
• A lei de direito a informação não contribuiu significativamente na divulgação da
informação no Arquivo Histórico de Moçambique uma vez que ainda prevalecem
4
entraves como a confidencialidade e restrições na divulgação de determinadas
informações.
1.4.Justificativa
O Arquivo Histórico de Moçambique tem um dos acervos documentais mais importantes do
país. As colecções de documentos, fotos e outros arquivos presentes naquela instituição
apresentam informações de utilidade pública com significativa relevância histórica e para
todos os cidadãos nacionais. Nesta ordem de ideias, considera-se importante que este tenha
políticas de divulgação de informação que a tornem aberta e democrática.
É dentro deste contexto que se busca compreender como a divulgação da informação naquele
organismo foi influenciada com a aprovação da lei do direito a informação. Assim sendo, o
desenvolvimento da presente pesquisa é justificado pela importância cientifica que a
compreensão da implementação da lei de direito informação nas instituições publicas.
Ademais, a pesquisa encontra também uma justificativa social na medida em que busca
informar a sociedade sobre a necessidade de exercer o seu direito a informação, abrindo
espaço para uma melhor compreensão das responsabilidades das instituições públicas na
divulgação das informações.
5
2. REFERENCIAL TEÓRICO E CONCEPTUAL
2.1.O arquivo
A concepção de arquivo, segundo Martins (1998, p.4) refere ao conjunto de documentos que,
independentemente da natureza ou do suporte, são reunidos por acumulação ao longo das
atividades de pessoas físicas ou jurídicas, públicas ou privadas. Estes, segundo esta definição,
podem ser constituídos por documentos como relatórios financeiros, relatórios de venda,
prontuários médicos, fotografias, mapas, plantas arquitetônicas e etc.
Numa abordagem mais generalista, o arquivo pode ser concebido como sendo formado a
partir de conjuntos de documentos. Esta perspectiva esta assente nos documentos que são
conhecidos por nós de maneira habitual que são essencialmente documentos textuais – ou
seja, documentos manuscritos, digitados ou impressos – e os documentos digitais (que são
produzidos, tratados e armazenados em computador). Porem, existem também outros tipos de
documentos, tais como os fotográficos, cartográficos, iconográficos, filmográficos, sonoros,
entre outros (Destaque, 2022)6.
6
Destaque (2022), O que é arquivo? Confira aqui tudo o que você precisa saber para organizar o seu.
Disponível em: https://destaque.com.br/o-que-e-arquivo-definicao/. Consultado a 26 de Setembro de 2022.
6
A emergência do conceito de arquivo é etimologicamente atribuída ao substantivo grego
arkhaion. Segundo Guardado da Silva (2022, p.29):
O surgimento dos arquivos, por sua vez, é directamente atribuído as actividades humanas que
pelas suas características e pelo desenvolvimento social contribuíram para a produção de
informação e a necessidade de armazenamento e gestão das mesmas. Segundo Calderon
(2013, p.30)a invenção da escrita marcou a história dos arquivos uma vez que a partir deste
período foi possível fazer o registro de informações e a gestão das mesmas passou a ser mais
dinâmica.
Ainda segundo este autor, a criação do primeiro arquivo é datada de 509 a.C. Nas suas
palavras:
A criação do primeiro arquivo, enquanto tal, aconteceu em 509 a.C. e levou o nome de
“Tabularium”. O arquivo do imperador, chamado de “Tabularium caesaris”, dispunha de
arquivistas (tabulari) e auxiliares de arquivo (adjutores tabularirum). Sob a custódia desses,
ficavam os códices e os tabulae, considerados documentos mais importantes. Havia ainda os
edis e os tribunos da plebe, responsáveis pelo armazenamento dos domeis documentos
públicos. Esses últimos, com o passar do tempo, foram extintos sob alegacão de que o
arquivamento praticado pela plebe era deficiente (Ibid.: 35).
7
Marinho, J. I. B., Guimarães e Silvam (1998), Arquivos e Informação: uma parceria promissora, Arquivo e
Administração, V.1, Rio de Janeiro.
7
Assim, o arquivo, na sua essência, pode ter tido como um instrumento na posse dos seres
humanos para a gestão das informações por si geradas. É também a representação da
necessidade de preservar a história informações de caracter público ou privado, documentos
escritos ou outros arquivos não documentais como fotos, arquivos de áudio entre outros, que
pelas suas características obrigam o seu correcto armazenamento e gestão.
• Por um lado temos arquivos públicos que são originários das esferas municipais,
estaduais e federais e são dotados de documentos e outros arquivos que pelas
informações neles contidas são do interesse da administração pública assim como o
público em geral.
• Por outro lado temos arquivos privados que, por sua vez, referem-se aos arquivos
originários de empresas, arquivos pessoais, escolas, igrejas, clubes dentre outros. As
informações contidas nestes arquivos, pelas suas características, são do interesse
provado e a sua consultação é reservada a pessoas com as devidas autorizações para
fazer o uso das mesmas.
No domínio das suas funções, o arquivo, dependendo das instituições que os mantêm,
cumprem as seguintes funcionalidades:
• Receber os documentos;
• Registrar os documentos;
• Arquivar os documentos de acordo com os critérios estabelecidos (organização
alfabética, cronológica, geográfica e etc);
• Técnicas para a preservação e conservação dos documentos;
• Atender às necessidades internas e externas da instituição;
• Recuperar os documentos;
• Controlar a entrada e saída dos documentos do arquivo;
• Transferir documentos dos departamentos para o arquivo;
• Descartar os documentos;
• Realizar o planeamento em relação as necessidades de ampliação da área física;
8
• Realizar pesquisas referentes as legislações que incidem sobre os documentos de
arquivo (Destaque, 2022).
2.2.Informação arquivística
O conceito de informação arquivística, segundo Silva (2010), emergiu na literatura nos
meados da década de 1980, estes estabeleciam uma abordagem informacional que olha o
arquivo na dinâmica da importância que esta assume na informação da atualidade. Em
concordância com Silva, Lopes (1996) considera que este conceito começou a surgir no
seculo XXI, com o mesmo a se fazer mais presente na literatura (Calderon, 2013, p.101).
Segundo Fauvel e Valetim (2008, p.238) a informação arquivística é aquela que é gerada no
âmbito interno ou externo á organização, relaciona a funções, actividades e tarefas
organizacionais. Esta informação tem peculiaridades e características específicas, e esta é
produzida em uma organização tornando-se um bem precioso que necessita de uma gestão
eficaz. Assim sendo, a informação deve ser registada em um suporte material e ser resultado
do cumprimento da missão da organização.
Para Simão (2015, p.27) a informação arquivística produzida em uma organização torna-se
um bem precioso e necessita de uma gestão eficaz. A informação deve ser registada em um
suporte material e ser resultado do cumprimento da missão da organização. Esse tipo de
informação recebe, então, o adjetivo orgânico, que a diferencia dos outros tipos de
informação existentes nas organizações. Ainda segundo este autor, a organicidade dessa
informação revela o inter-relacionamento e o contexto de existência e de criação, é nesse
sentido que observamos o Museu Regional da Huíla, bem como a informação por ele
produzida. Esta informação, portanto, é de caracter arquivística pois essa qualificação é
limitada em termos de suportes (convencionais ou eletrónicos).
9
se da possibilidade de acessar registros do Estado, fundado no próprio dever de transparência
inerente à gestão pública, ou seja, independentemente de serem informações necessárias à
tutela de algum outro direito do solicitante (Politize, 2019) 8.
Nos termos deste órgão, o direito a informação é concebido como a faculdade de solicitar,
procurar, consultar, receber e divulgar a informação de interesse público na posse das
instituições do Estado e entidades privadas que realizam actividades de interesse público
(CEDIMO, 2022).
8
Politize (2022), Direito a informação. Disponível em:
https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/539/edicao-1/direito-a-informacao. Consultado a 28 de Junho
de 2022.
9
CEDIMO (2022), Lei de Direito à Informação. Disponível em:
https://mail.google.com/mail/u/0/#inbox/FMfcgzGpGnJGpwMgTZCRpnvrtmPrWCZC. Consultado a 28 de Junho
de 2022.
10
do exercício deste direito nas instituições nacionais, incluindo-a em estudo no presente
trabalho.
Diante desta realidade destaca-se que a lei do direito a informação é um dispositivo legal
estabelecido pela lei n.º 34/2014 de 31 de Dezembro. A criação deste dispositivo foi
justificada pela necessidade de estabelecer os mecanismos legais do exercício do direito à
informação, ao abrigo do disposto dos n.ºs 1 e 6 do artigo 48, conjugado com o n.º 1 do artigo
179, ambos da Constituição da Republica.
Segundo o preconizado pelo Artigo 1 desta lei, a mesma regula o exercício do direito à
informação, a materialização do princípio constitucional da permanente participação
democrática dos cidadãos na vida pública e a garantia de direitos fundamentais conexos.
Nesta senda, o instrumento é aplicável:
Assim sendo, a aprovação desta lei pode ser vista como uma tentativa de garantir um maior
acesso a informação pelos cidadãos ao mesmo tempo em que se busca o estabelecimento de
uma administração mais transparente e com melhores políticas de prestação de contas.
Considerando que domina na administração nacional um secretismo significativo no âmbito
do acesso a informação, a aprovação desta lei serve igualmente o fim deste secretismo ao
descentralizar as informações e permitir que estas sejam de acesso universal.
Para o alcance deste objectivo, a lei define no seu artigo no 6 que As entidades públicas e
privadas abrangidas pela presente Lei têm o dever de disponibilizar a informação de interesse
público em seu poder, publicando através dos diversos meios legalmente permitidos, que
possam torná-la cada vez mais acessível ao cidadão, sem prejuízo das excepções
expressamente previstas na presente Lei e demais legislação aplicável.
Por outro lado, o acesso a informação é também regularizado pela lei ao definir que os
pedidos de informações são dirigidos aos dirigentes ou servidores com competências no
domínio de gestão de documentos, informação e arquivos, devendo o requerente identificar-
se devidamente, apresentando o tipo de informação que solicita. Partindo deste momento,
11
entram em acção prazos (21 dias) definidos também em sede desta lei para a disponibilização
desta informação.
É nesse contexto que se avalia, no presente trabalho, o acesso a informação neste organismo a
partir da compreensão da implementação da lei no Arquivo Histórico de Moçambique, o
cumprimento da lei na garantia do acesso a informação. Assim, é avaliado o processo de
acesso a informação, o cumprimento dos prazos estabelecidos por lei e o grau de acesso a
informações por parte dos cidadãos.
12
3. METODOLOGIA DE PESQUISA
Para o alcance dos objectivos gerais e específicos estabelecidos e para responder a questão de
pesquisa sugerida, o presente trabalho apoiar-se-á em um conjunto de metodologias que tem
como principal objectivo garantir a cientificidade dos conhecimentos a serem produzidos. Por
isso faz-se no presente subcapítulo uma apresentação da classificação da pesquisa seguida da
apresentação dos métodos de abordagem e procedimentos a serem utilizados. No final, serão
apresentadas as técnicas de pesquisa a serem utilizados na colecta de dados.
3.1.Classificação da pesquisa
A classificação da pesquisa serve ao interesse de fornecer, ao pesquisador, uma compreensão
abrangente dos caminhos e procedimentos a usar no desenvolvimento da pesquisa. Ademais,
serve para caracterizar a pesquisa quanto a sua natureza, objectivos, abordagem e
procedimentos. Posto isto, a presente pesquisa apresenta a seguinte classificação, seguindo a
logica sugerida por Prodanov e Freitas (2013, p.49-54):
Do ponto de vista da natureza: neste ponto temos uma pesquisa aplicada. Segundo estes
autores, este tipo de pesquisa tem como objecto a geração de conhecimentos para aplicação
prática dirigidos à solução de problemas específicos. Ainda neste contexto, sugerem estes
autores que este tipo de pesquisa envolve verdades e interesses locais.
Do ponto de vista dos objetivos: neste ponto temos uma pesquisa exploratória, que, segundo
estes autores, se encontra na fase preliminar, tem como finalidade proporcionar mais
informações sobre o assunto que vamos investigar, possibilitando sua definição e seu
delineamento, isto é, facilitar a delimitação do tema da pesquisa; orientar a fixação dos
objetivos e a formulação das hipóteses ou descobrir um novo tipo de enfoque para o assunto.
Assume, em geral, as formas de pesquisas bibliográficas e estudos de caso.
13
Seguindo esta classificação, o pesquisador sugere delimitar os objectivos da pesquisa em
mãos, suas hipóteses correspondentes e descobrir de que forma a problemática da divulgação
de informação no Arquivo Histórico de Moçambique pode ser melhorada a luz da lei do
direito a informação. Não obstante a importância da dimensão anterior, a realização desta
pesquisa através do contacto directo com o Arquivo Histórico permitira ao pesquisador
informação sobre os direitos de acesso a informação e a responsabilidade das instituições
públicas neste domínio.
3.2.Métodos de abordagem
Como método de abordagem do problema é utilizada a bordagem dedutiva. Esta abordagem,
segundo Prodanov e Freitas (2013, p.32), baseia-se no método que na sua essência parte do
geral e, a seguir, desce ao particular. A partir de princípios, leis ou teorias consideradas
verdadeiras e indiscutíveis, prediz a ocorrência de casos particulares com base na lógica.
14
“Parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a
conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica (Gil,
2008, p9).
Nesta ordem de ideias, a utilização deste método na pesquisa parte essencialmente do estudo
da problemática em mãos (a lei do direito a informação) se possa descer as suas
especificidades (seu contributo na divulgação da informação). Assim sendo, partindo do
estudo da divulgação da informação no Arquivo Histórico de Moçambique se pode ter uma
ideia de como esta lei impacta no acesso a informação de modo generalizado nos organismos
públicos e privados nacionais.
Método observacional: este método é um dos mais utilizados nas ciências sociais. (Gil,
2008, p.16). Este consiste essencialmente em submeter os objectos em estudo a observação e,
com ela, tirar ilações e generalizações que constituam ponto de partida para a análise deste
objecto.
Nesta ordem de ideias, tendo em conta que o pesquisador tem contacto directo com a
instituição em estudo este poderá, à partir da observação, identificar elementos que auxiliem
na explicação das realidades identificadas. Ademais, poderá também desenvolver
generalizações sobre a implementação da lei e seus efeitos na divulgação da informação.
Método monográfico: este, por sua vez, parte do princípio de que o estudo de um caso em
profundidade pode ser considerado representativo de muitos outros ou mesmo de todos os
casos semelhantes. Esses casos, segundo este método, podem ser indivíduos, instituições,
grupos, comunidade, entre outros. Nessa situação, o processo de pesquisa visa a examinar o
tema selecionado de modo a observar todos os fatores que o influenciam, analisando-o em
todos os seus aspectos (Prodanov e Freitas, 2013, p.9).
15
ambientes similares ao do Arquivo Histórico de Moçambique poderão servir de lente para a
explicação dos fenómenos a serem identificados e analisados nesta instituição.
Método Histórico: a utilização deste método, segundo Lakatos e Marconi (2003, p.107),
parte essencialmente da investigação de acontecimentos, processos e instituições do passado
para verificar a sua influência na sociedade de hoje, pois instituições alcançaram a sua forma
actual através das alterações das suas partes componentes ao longo do tempo, influenciadas
pelo contexto cultural particular de cada época. É usado na pesquisa no estudo dos actores,
das instituições e da relação entre as partes de modo a compreender como a história moldou o
seu comportamento.
Entrevista: a técnica de entrevista, por sua vez, consiste em um encontro entre duas pessoas,
a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de um determinado assunto mediante
a conversação de natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social
para a colecta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou tratamento de um problema social
(Lakatos e Marconi, 2003, p.195).
16
Para o interesse da presente pesquisa foi utilizada a pesquisa semiestruturada, ou seja, será
compilado um conjunto de questões padronizadas que serão administradas aos entrevistados
com vista a colheita de informações inerentes ao objecto em análise.
17
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS
O quinto capítulo da presente pesquisa reserva-se a apresentação e análise dos dados colhidos
no âmbito da pesquisa bibliográfica com o objectivo de responder a questão de pesquisa
sugerida na introdução do trabalho: em que medida a lei do direito a informação contribui
para a divulgação da informação arquivística no Arquivo Histórico de Moçambique? Nesta
senda foram colhidos, com o uso da técnica bibliográfica, dados relativos ao surgimento do
Arquivo Histórico de Moçambique, sua estrutura orgânica, seu funcionamento e a divulgação
da informação arquivística contida naquele organismo público.
Das diversas evoluções que este organismo viveu, importa notar que através do Diploma
Legislativo 90/71, de 21 de Agosto de 1971, o Arquivo Histórico de Moçambique passou a
ser um beneficiário directo de parte do Depósito Legal do país. Em 1992, por sua vez, através
do Decreto 33/92, de 26 de Outubro, que foi responsável pela instituição d Sistema Nacional
de Arquivos o Arquivo Histórico de Moçambique passou a ser considerado o órgão central do
Sistema (Ibid.)
Em 2007, foi instituído o Sistema Nacional de Arquivos de Estado (SNAE), pelo decreto
36/2007, de 27 de Agosto. A instituição deste sistema serviu igualmente para revogar o
18
decreto 33/92 do Sistema Nacional de Arquivo, anteriormente instituído. Nesta ordem de
ideias, a aprovação desta legislação passou para o Ministério da Função Pública, a
responsabilidade de coordenar as actividades do Arquivo Histórico de Moçambique.
Direcção
• Director
• Director-Adjunto Administrativo e Financeiro:
• Director-Adjunto Técnico
2. Departamentos
• 2.1 Departamento de Arquivos Permanentes
• 2.2 Departamento de Gestão de Documentos
19
• 2.3 Departamento de Investigação e Extensão
• 2.4 Departamento de Arquivos e Colecções Especiais
• 2.5 Departamento de tecnologia de Informação e Transferência de Suportes
• 2.6 Departamento de Administração e Finanças
• 2.7 Departamento do Arquivo Central da UEM
20
No contexto da implementação desta lei, são desenvolvidos mecanismos de exercício do
direito a informação que são aplicáveis a todos os órgãos públicos incluindo o Arquivo
Histórico de Moçambique. Assim sendo, este organismo adopta as normas de divulgação,
pedido e disponibilização de informação preconizados no Manual de Procedimentos, assim
como os princípios que regem o exercício do direito a informação.
Porém, são ainda visíveis várias dificuldades no domínio do acesso a informação. Uma dessas
dificuldades esta directamente associada a natureza das informações contidas naquele
organismo uma vez que nem todos os documentos disponíveis no mesmo encontram-se
21
classificados e por consequência disto, há uma significativa dificuldade de responder a 100%
aos usuários. Nesse contexto, diversas iniciativas estão em curso para lidar com este
problema, sendo uma delas a classificação dos documentos visto que, fazem parte deste
processo, funcionários da área e não só, assim como estudantes estagiários
Com a implementação da lei são também desenvolvidas atividades como arranjo e descrição
e inventários para facilitar o acesso à informação. É importante, neste contexto, reconhecer
que a falta de profissionais assim como recursos leva a instituição a uma dependência e a não
eficácia no que concerne a disponibilização da informação. Ainda assim, no âmbito da
acomodação da Lei do Direito a Informação têm sido feitas comissões, capacitação aos
funcionários da UEM assim como seminários.
4. Sempre que o agente atenda uma pessoa com deficiência física ou idosa deve apoiá-la
no que for necessário para viabilizar o seu pedido.
23
constituídos por documentos de valor secundário, ou seja, histórico, probatório e informativo,
que devem ser preservados definitivamente. Estes documentos, pela sua importância histórica
são geridos a nível do arquivo nacional com o objectivo de garantir a sua preservação e
acesso universal.
24
dos assuntos do geral ao específico, apresenta-se a conta juntamente com as suas balizas
cronológicas respeitando desta forma a sua proveniência.
O inventário analítico por sua vez, é um instrumento facilitar do acesso à informação pelo
facto do mesmo fazer toda a descrição do fundo. De seguida faz-se a digitalização do mesmo
como forma de melhor preservar aquela informação. Feito isso passa-se a fase da elaboração
das respectivas lombadas, digitalização e colagem nas caixas com base na informação contida
nos inventários. Tanto o inventário como as lombadas coladas nas caixas actuam em
concordância pois facilitam o usuário a identificar oque está escrito no inventário e a
localização dos documentos lá descrição nas prateleiras. Estes procedimentos, em conjunto,
colaboram para a correcta disposição dos documentos naquele organismo, possibilitando que
quando necessário o seu acesso é facilitado.
25
Ainda neste contexto, o arquivo histórico conta com programas de viabilização da consulta
não presencial dos instrumentos de pesquisa. Neste contexto, foram disponibilizados 7
inventários do Departamento dos Arquivos Permanentes na página web do AHM do
Concelho de Namaacha, Concelho de Magude, Administração Civil (Educação e Cultos),
Administração Civil (Militar), Negócios Indígenas (Julgado e Notariado), Negócios Indígenas
(Instrução e Cultos), Negócios Indígenas (Militar) (AHM, 2017, p.3)
Importa aqui referir que estas limitações são identificadas neste organismo, apesar de que o
seu regulamento define no seu artigo nro 4 que este organismo tem por fim:
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Portanto, as limitações de acesso a informação, encontradas no âmbito do desenvolvimento
da pesquisa, vão contra o regulamento interno deste organismo.
4.7.Limitações da Pesquisa
No âmbito do desenvolvimento da pesquisa o pesquisador encontrou um conjunto de
dificuldades que, pela sua natureza, constrangeram o desenvolvimento da pesquisa dentro dos
moldes inicialmente projcetados. Esta realidade obrigou, em primeira instância, a limitação
do alcance da pesquisa, priorizando a condução de uma pesquisa de carácter bibliográfico em
detrimento de um estudo de campo que, na óptica do autor, traria maior profundidade e
alcance das conclusões alcançadas.
Portanto, não foi possível a condução de entrevistas para a colecta de dados como
anteriormente previsto pelo que, de modo a continuar o desenvolvimento do trabalho,
passouse a condução de uma pesquisa bibliográfica. Neste âmbito ainda, a escassez de
informações sobre a divulgação de informação neste organismo também constrangeu a
colecta de dados e o alcance das conclusões.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A avaliação da implementação da Lei do Direito a Informação no Arquivo Histórico de
Moçambique constitui um reflexo dos progressos feitos a nível do acesso e divulgação da
informação nas instituições públicas assim como nos arquivos públicos nacionais. Esta
implementação, grosso modo, tem sido ainda tímida com significativos graus de secretismos
e impasses no acesso a informação assim como na disponibilização das informações
arquivísticas disponíveis nestes organismos.
Diante destas constatações, são sugeridas como propostas para a garantia da plena
implementação da lei do direito a informação no Arquivo Histórico de Moçambique:
28
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AHM UEM, Arquivo Histórico de Moçambique, 2020. Disponível em:
http://www.ahm.uem.mz/atom-ahm/index.php/?sf_culture=pt. Consultado a 24 de Maio de
2022.
Milice, M. INAGE participa de Estudo sobre Divulgação de Informação através das Plataformas
Digitais do Governo, 2020. Disponível em: https://www.inage.gov.mz/inage-participa-de-
estudosobre-divulgacao-de-informacao-atraves-das-plataformas-digitais-
dogoverno/#:~:text=Os%20estudos%20divulgados%20e%20elaborados%20pelo%20Centro%20de,pl
ata
formas%20digitais%20e%20outros%20meios%20de%20comunica%C3%A7%C3%A3o%20social.
Consultado em 24 de Maio de 2022.
29
Martins. N. de R. (1998), Noções Básicas para Organização de Arquivos Ativos e
SemiAtivados. Arquivo Central do Sistema de Arquivos/UNICAMP, Campinas.
Destaque (2022), O que é arquivo? Confira aqui tudo o que você precisa saber para
organizar o seu. Disponível em: https://destaque.com.br/o-que-e-arquivo-definicao/.
Consultado a 26 de Setembro de 2022.
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APÊNDICE 1
Função: __________________________________________________
Questões
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b) Quais foram as actividades no âmbito da acomodação da lei do direito a informação?
c) Quais são os aspectos que foram modificados com a introdução desta lei?
a) Para além da confidencialidade de algumas das informações quais outros desafios o
arquivo histórico de Moçambique enfrenta na disponibilização da informação?
Muito Obrigado
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