Disciplina: Mediação de Conflitos Na Escola
Disciplina: Mediação de Conflitos Na Escola
Disciplina: Mediação de Conflitos Na Escola
Modalidade de Curso
Curso Livre de Capacitação Profissional
1 - INTRODUÇÃO
Diante dos conflitos é necessário que a escola desenvolva ações preventivas e curativas no
intuito de tornar as relações e o ambiente escolar harmonioso, por meio da prática do diálogo
e da mediação dos conflitos. Desse modo a mediação de conflitos na escola se apresenta
como uma proposta de pacificação, oferecendo aos sujeitos envolvidos no conflito a
possibilidade de solucioná-lo ou ameniza-lo por intermédio de ajuda especializada.
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No Brasil, ainda não existe uma legislação que regule a prática da mediação, mas
mesmo assim, é uma técnica muito utilizada nas diversas esferas em que seja
necessária, entre elas pode-se citar a escola. A mediação de conflitos na escola
pretende contribuir para a convivência mais saudável, construção da cidadania e
enfrentamento da violência, já que são os próprios envolvidos no conflito que tentam
buscar meios de superá-lo, prática que ao longo do tempo, possibilita a criação da
cultura da paz nas escolas.
Desse modo, o interesse em discutir sobre essa temática se deu pela necessidade
de contribuir na criação de relações intergrupais, pautadas no diálogo e no respeito,
de duas escolas públicas do D.F, que receberão auxílio para diagnosticarem quais
fatores estão propiciando a violência e assim, caso haja interesse, implantar o
processo de mediação nessas escolas.
2 - REFERENCIAL TEÓRICO
Visto que não é qualquer pessoa que pode tornar-se um mediador, faz-se
necessário uma seleção entre os candidatos ao cargo, para tal sugere-se que sejam
observados fatores como a aceitação das normas do projeto, a capacidade de
diálogo, disponibilidade de tempo, aceitação social e auto-estima. Segundo Ortega,
(2002:158), são critérios que devem ser levados em consideração na escolha dos
mediadores:
Deve ser uma atividade voluntária e desejada pelo (a)
candidato (a);
Devem ser consideradas as atitudes e habilidades
sociais;
São importantes as atitudes de solidariedade e
capacidade de diálogo;
É necessária a disponibilidade de tempo, tanto para o
treinamento como para o desenvolvimento de
mediações futuras;
É interessante que o potencial mediador (a) seja um
(a) menino (a) bem aceito (a) socialmente;
Não se exige a condição de líder, mas ser uma pessoa
que goze de aceitação social;
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A capacitação deve ser ministrada por uma equipe de apoio, que pode ser formada
por diferentes seguimentos da comunidade escolar, como direção, docentes, alunos,
pais e funcionários em geral. No entanto, faz-se necessário a presença de
profissionais com uma formação que inclua a psicologia, dentre os quais se pode
citar o psicólogo, orientador educacional, psicopedagogo e docentes com algum
curso de extensão na área, pois são esses profissionais que serão responsáveis
diretos pelo treinamento e portanto, necessitam ser qualificados para tal com o
conhecimento exigido na psicologia e do processo de mediação. A equipe de apoio
também é responsável pela implantação do programa de mediação na escola e de
acordo com o Instituto Mediare (p.8) tem como atribuições básicas:
Ainda em relação ao tempo, faz-se necessário ressaltar que ele deve ser
estabelecido nas primeiras sessões para que os protagonistas do conflito tenham
consciência da duração das sessões e se comprometam a utilizá-lo da maneira mais
proveitosa, pois ao final desse período terão que tomar uma decisão em relação à
situação em que estão envolvidos.
Para que o processo de mediação ocorra sem grandes oscilações, algumas normas
devem ser estabelecidas, como: confidencialidade, intimidade, liberdade de
expressão, imparcialidade e compromisso com o diálogo. Em relação a essas
normas, Ortega, (2002:151-152), caracteriza-as sendo:
Acredita-se que a mediação deve ser apoiada pelas regras de conduta que a escola
dispõe, assim, poderá resguardar e proteger os que a procura, os mediadores e a
equipe de apoio. Ao mesmo tempo, deve ser inserida gradativamente no currículo
escolar para que não seja uma ação isolada, mas incorporada no cotidiano da
instituição, que torne possível ensinar e aprender a mediar conflitos, assim como se
faz com outras habilidades. Portanto, para que o processo de mediação tenha êxito
no ambiente escolar é necessário um currículo que contemple a cultura da paz.
Assim é preciso que seja compreendido como um desejo de toda comunidade
interna e externa da escola para efetivação do processo de mediação de conflitos.
3 – CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
Faz-se necessário ressaltar que a mediação não deve ser realizada quando já existe
um ato violento, pois seria força a duas pessoas em situação completamente
opostas, vítima e agressor, a manterem relação respeitosa quando ainda há o medo,
a angustia e ameaças. Isso poderia agravar ainda mais a situação, criando
sentimentos de inferioridade e até transtornos emocionais por parte da vítima, ao
mesmo tempo em que pode legitimar o status de poder do agressor. Por isso é
recomendável que a mediação nunca seja realizada em situação de violência
explicita, porém, nada impede que quando esse quadro já estiver tranqüilo, não
havendo mais ameaças e nem medo, que seja realizada para buscar alternativas de
para conviver pacificamente.
A escola por sua vez deve preparar os indivíduos para a vida social através do
desenvolvimento de algumas competências exigidas pela sociedade moderna, que
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nos colocam diante de uma busca de igualdade dentro da diversidade existente. Isso
requer uma prática pedagógica globalmente compreensiva do ser humano em sua
integralidade, em suas múltiplas relações, dimensões e saberes.
4 - RELATÓRIO DE VISITA 1
1
Na realização da visita e na construção do relatório, houve a colaboração de Érika Alves, matriculada na
disciplina Temas Especiais em Educação e Sociedade, da Faculdade de Pedagogia da Universidade Católica de
Brasília, no 2º semestre de 2006.
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“Educação física”;
“O jardim da escola”;
“De tudo, não tenho preferência”;
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“A biblioteca”;
“Das professoras, dos passeios realizados, do recreio, etc”.
Nota-se a satisfação dos alunos com o ambiente escolar, sinalizando para boas relações
sociais dentro da escola. O ambiente escolar deve ter características próprias e atividade
especifica revestida de diferentes dimensões que, na prática se inter-relacionam. É,
portanto, o lugar de construção efetiva de conhecimento e valores, portanto, de cidadania. É
preciso que a escola opte pelo trabalho centrado no desenvolvimento humano, que visem à
integração do aluno e sua ação, pois a ação é um auxiliar indispensável na tentativa de
atingir os ideais de paz, cidadania, respeito mútuo e convívio social.
Na questão número 3, perguntou-se: “como são suas amizades na escola?” Quatro alunos
responderam que são boas e um aluno afirmou ser regular. Na questão número 4,
perguntou-se: “Como são os momentos de recreação na sua escola?” Três alunos
responderam que são bons e dois disseram que são regulares. Assim, pode-se afirmar que
é preciso que a escola busque mecanismos que favoreçam relações satisfatórias no
ambiente escolar, sem imposições, mas por meio de discussões e práticas que levem o
educando a refletir sobre suas ações e as conseqüências que elas geram de forma positiva
ou negativa e como elas interferem nas relações sociais.
Sobre a construção das relações na escola, é preciso que o educador veja o educando
como um ser inacabado e aberto ao desenvolvimento e à construção de sua própria
formação individual, e desta maneira, abrir caminhos para modificar e melhorar as relações
na escola. Referindo-se as relações construídas no ambiente escolar, Laing (apud,
Schlemmer 1983:59), afirma que “a ciência das pessoas é o estudo do ser humano que tem
inicio com o relacionamento com o outro como pessoa”. Desta forma, as relações
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construídas na convivência escolar devem ser permeadas pelo respeito e pela aceitação
incondicional do outro.
Na questão número 9, perguntou-se: “Você tem oportunidade de dar suas opiniões na sua
escola?” Todos os alunos foram unânimes ao responderem sim. Na última questão, a
número 10, perguntou-se: “Sua participação é aceita na sala de aula?” Todos os alunos
responderam que sim. Nota-se a importância de conferir credibilidade e escutar o que o
aluno tem a dizer para e a respeito da escola, assim, percebe-se que a relação dialógica do
aluno com a escola é fundamental para a convivência respeitosa e a construção de um
ambiente escolar pacífico e capaz de solucionar as possíveis situações de conflitos.
busca o contato e a orientação com a família, atividade que pode oferecer informações
específicas do orientando e junto com a família traçar metas que possam auxiliá-lo a superar
os conflitos.
Assim, para que haja uma educação que favoreça a prática do diálogo e do respeito mútuo,
é necessário que todo educador se comprometa de forma efetiva, dentro da sua área de
formação, a desenvolver atividades que contribuam para a formação de um ser humano
capaz de lidar com o meio e com os outros seres humanos, de forma justa, fraterna e
igualitária.
Portanto, a partir da visita e dos questionários aplicados na escola, foi possível perceber que
há ações desenvolvidas pela instituição que valorizam hábitos de diálogo e o respeito
mútuo. Torna-se necessário ressaltar que na escola não há um projeto de mediação de
conflitos, no entanto percebe-se na resposta dos alunos que o ambiente escolar é composto
por vários elementos que satisfazem aos anseios dos educandos, estes vêm a escola como
local de prazer e construção de conhecimentos. Assim, pode-se afirmar que na escola há
evidencias de serem desenvolvidas atividades que contemplem aos ideais da proposta de
mediação de conflitos, tais como o diálogo e o respeito mútuo.
Portanto, pode-se concluir afirmando que por meio das respostas obtidas na escola, há
possibilidade de implantar um projeto de mediação de conflitos, visto que as ideias
norteadoras dessa proposta já são vivenciadas na prática escolar dos educandos. Assim,
espera-se que para a consolidação da cultura da paz e construção de hábitos de diálogo e
de respeito todos os envolvidos no processo educacional somem forças para que seja
possível conviver em um ambiente escolar harmonioso e seguro. Essa prática deve ser
incorporada no currículo escolar, tornando-se parte do cotidiano.
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REFERÊNCIAS
GRINSPUN, Mirian P. Sabrosa. Zippin (org). A prática dos Orientadores Educacionais. São Paulo:
Cortez, 2001.
ORTEGA, Rosário et al. Estratégias educativas para prevenção das violências; tradução de
Joaquim Ozório – Brasília: UNESCO, UCB, 2002.
Projeto Escola de Mediadores, organizado pelos Institutos Viva Rio, Mediare e NOOS. Disponível
em: <http://www.mj.gov.br/sedh/paznasescolas/Cartilha%20de%20Mediadores.doc>. Acesso
em: 18 de agosto de 2006. As 19h30minhs.
SANTOS, José Vicente Tavares dos. A violência na escola: conflitualidade social e ações civiliza
tórias. Educ. Pesq., São Paulo, v. 27, n. 1, 2001. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517-
97022001000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 18 Ago. 2006. doi: 10.1590/S1517-
97022001000100008. As 19h00min h.