Teste Sem Banco para Flexibilidade - Passei Direto
Teste Sem Banco para Flexibilidade - Passei Direto
Teste Sem Banco para Flexibilidade - Passei Direto
Recebido: 31/07/2009
Re-submissão: 29/10/2009
TORRES DE LEMOS1
Aceito: 01/12/2009
1
Universidade Luterana do Brasil. Curso de Educação Física. São Jerônimo, RS. Brasil.
2
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Projeto Esporte Brasil. Centro de Excelência Esportiva.
Programa de Pós-Graduação em Ciências do Movimento Humano. Porto Alegre, RS. Brasil.
Os objetivos do presente estudo foram: a) identicar a relação entre o teste de SA com banco (SACB) e o teste de SA sem
banco (SASB) em crianças e adolescentes, e; b) propor uma equação de regressão de predição do teste de SACB a partir
do teste de SASB. A amostra foi composta por 698 crianças e adolescentes, sendo 357 rapazes e 341 moças, na faixa etária
entre 7 e 17 anos, oriundos do banco de dados do PROESP-BR. Para o tratamento dos dados utilizamos a correlação linear
de Pearson e regressão linear múltipla. Os resultados sugerem uma relação linear positiva e alta (r=0,885) entre os resultados
dos dois testes de SA. Quando as variáveis sexo e grupo etários (GE1 - 7 a 10 anos; do GE2 - 11 a 13 anos; e do GE3 - 14 a
17 anos) são consideradas, os resultados indicam que os valores de correlação cam menores no sexo masculino e no GE1
nos dois sexos, e maiores no sexo feminino e nos GE2 e GE3 nos dois sexos. Diante disto, optamos por acrescentar ao mo-
delo de estimativa do teste de SACB a partir do teste de SASB as variáveis sexo e GE. O resultado da análise de regressão
disponibilizou uma equação com capacidade de determinação de 78,8%. Portanto, baseado no grau de relação linear entre
as variáveis podemos através de uma predizer a outra, ou seja, tanto o protocolo com banco quanto o sem banco podem nos
informar resultados análogos no que se refere à exibilidade. Deste modo, o teste SASB poderá ser utilizado como um ins-
trumento alternativo, sendo de fácil aplicação e principalmente de baixo custo, facilitando, assim, a busca de informações da
exibilidade de crianças e adolescentes.
Palavras chave: sentar-e-alcançar - exibilidade - crianças - adolescentes - Brasil.
ABSTRACT
The goals of this study was: a) to verify the possible relations between the sit and reach test with chair (SR) and without chair
(VSR) in children and adolescents, and b) to porpoise a regression equation to predict the SR from VSR. The sample was
composed for 698 children and adolescents (357 boys and 341 girls) between 7 to 17 years old from the PROESP-BR dates’
bank. The dates analyze was made with the Pearson correlation and with multiple linear regression. The results suggest a
positive and high (r=0,885) correlation between SR and VSR. When the sex and age group (AG1 - 7 to 10 years old; do AG2
- 11 to 13 years old; and AG3 - 14 to 17 years old) variables are consider, correlation coefcients get lower at male sex and
at AG1 for both sex, and get high AG2 and AG3 for both sex. Before this, we chose to add the sex and AG variable in SR test
model estimate from VSR. The regression analyze results released a equation with 78,8% determination capacity. Therefore,
considering the relation degree between exibility tests, we can predict one using the results of the other. Thus, the VSR can
be used as an alternative instrument for the children and adolescents exibility measured.
Key words: sit and reach - exibility - children - adolescents - Brazil
Impresso por Núnes Jacinto Silvério, CPF 831.288.060-71 para uso pessoal e privado. Este material pode ser protegido por direitos
autorais e não pode ser reproduzido ou repassado para terceiros. 19/04/2022 10:08:44
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ta, uma tira de ta adesiva de 30,0 centímetros e GE. Optamos em categorizar os resultados das
atravessada à ta métrica. A ta adesiva deve se- correlações conforme os critérios sugeridos por
gurar a ta métrica no chão. O avaliado, que deve Malina e Bouchard12. Estes autores sugerem uma
estar descalço, senta-se com a extremidade (zero) classicação para a correlação entre 0,00 e 0,29
da ta métrica entre as pernas; os calcanhares de- como “baixa”; de 0,30 a 0,59 como “moderada”;
vem quase tocar a ta adesiva na marca dos 38,1 de 0,60 a 0,84 como “moderadamente alta”; e de
cm e estarem separados cerca de 30,0 centímetros. 0,85 a 1,00, como “alta”. Para estimar a capa-
Com os joelhos estendidos, o avaliado inclina-se cidade de determinação da variável dependente
lentamente e estende os braços e as mãos o mais a partir das variáveis independentes (isoladas e
distante possível; o avaliado deve manter-se nes- agrupadas) e propor a equação para a estimati-
ta posição o tempo suciente para a distância ser va da exibilidade medida pelo teste de SACB a
marcada (gura 1). Nos dois testes o resultado é partir dos valores do teste de SASB foi utilizada
medido em centímetros a partir da posição mais a análise de regressão linear múltipla. Todas as
longínqua que o avaliado pode alcançar na escala análises foram feitas levando em consideração
com as pontas dos dedos. Registra-se o melhor re- um nível de signicância de 5% e realizadas no
sultado entre as duas execuções com anotação em programa estatístico SPSS 13.0 for Windows. O
uma casa decimal. PROESP-BR foi aprovado pelo Comitê de Ética
Para a análise dos dados inicialmente recor- em Pesquisas da Universidade Federal do Rio
remos à estatística de normalidade de distribui- Grande do Sul, na reunião número 11, ata núme-
ções (“achatamento” e “simetria” das curvas, e o ro 91 de 09/08/2007.
teste de normalidade de Shapiro-Wilk) em rela-
ção às variáveis SASB e SACB por sexo e idade.
Em algumas idades, provavelmente pelo número
de indivíduos reduzidos, a distribuição não apre-
sentou normalidade. Desta forma, reunimos os Inicialmente realizamos a análise de correla-
indivíduos em grupos etários (GE) da seguinte ção entre os testes de SASB e SACB. Os resulta-
maneira: GE1-7 a 10 anos ♂=63 e ♀=61; GE2- dos indicaram uma relação direta e alta (r=0,885;
11 a 13 anos ♂=180 e ♀=183; e GE3-14 a 17 p=0,000) entre as variáveis. Não obstante, com o
anos ♂=114 e ♀=97. Conrmada a normalidade intuito de se obter uma capacidade de determina-
dos dados nestes grupos, para a identicação da ção maior, optamos por realizar a análise de line-
linearidade entre as variáveis foi utilizado o tes- aridade entre os resultados dos testes de SASB e
te de correlação linear de Pearson. Com o intuito SACB levando em consideração as variáveis sexo
de identicar se as variáveis sexo e GE apresen- e GE.
tam inuência na relação entre os resultados dos A tabela 1 apresenta os valores dos coecien-
testes de SASB e SACB, foi realizado a análise tes de correlação e de determinação entre os valo-
de correlação de Pearson estraticada por sexo res dos testes de SACB e SASB com todos os indi-
Ilustração do teste de sentar e alcançar sem banco.
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Coeficiente de correlação e de determinação para os valores do teste de SACB a partir dos valores do teste de SASB
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Resultados da análise de regressão para o teste de SACB a partir dos resultados do teste de SASB, do teste de SASB e do
sexo, e do teste de SASB, do sexo e dos GE.
apresentar diferenças entre os sexos, e caso isto áveis são necessárias para estimar outra, maiores
acontecesse, aquele que tivesse apresentado valor são as diculdades operacionais na prática. No
inferior acabaria diminuindo a capacidade de de- caso das variáveis introduzidas no modelo, esta di-
terminação das equações. Esta hipótese foi conr- culdade é reduzida, pois o avaliador terá acesso,
mada pelas análises, indicando a possibilidade de além do valor do teste de SASB, ao sexo e a idade
incluir o sexo na análise de regressão. A segunda do indivíduo, podendo estimar de forma satisfa-
razão foi baseada nas evidências disponíveis na li- tória o valor para o teste de SACB. Além destas
teratura de que as moças, em todas as idades, apre- limitações, podemos citar o fato da amostra não
sentam valores superiores de exibilidade estima- ter sido selecionada de forma aleatória como outra
da pelo teste de SA13-15. Esta característica talvez característica que pode inuenciar nos resultados
pudesse apresentar alguma inuência nos resulta- do estudo. Contudo, considerando que se trata de
dos de correlação entre os testes SACB e SASB uma amostra com um número de indivíduos eleva-
caso não fosse considerada. do, acreditamos que esta característica não com-
Além das variáveis sexo e GE propostas no promete os resultados encontrados.
presente estudo como importantes para uma me- Consultando a literatura, podemos encontrar
lhor capacidade de determinação dos valores do algumas variações na estrutura do teste SA. Uma
teste de SACB a partir do teste de SASB, outras das propostas sugeriu a inserção de algumas variá-
variáveis, como nível de atividade física habitual, veis como o comprimento dos membros7. A partir
prática de esportes, nível maturacional, entre ou- das variações e adaptações do teste SA, diversos
tras, também poderiam ser testadas para aumentar estudos8-11foram desenvolvidos com grupos de
a capacidade de predição. O fato de não ter incluí- adolescentes e adultos na perspectiva de identicar
do tais variáveis no modelo pode ser consideradas a existência de possíveis diferenças nos resultados
como uma limitação de nosso estudo. Não obstan- dos diferentes modelos de testagem. No entanto, os
te, é importante considerar, que quanto mais vari- resultados apresentados demonstraram valores se-
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melhantes, não havendo diferenças na validade dos te de correlação de 0,84 entre os testes de SACB
testes. Para a medida da exibilidade dos músculos e SASB. Estes resultados reforçam os achados de
ísquio-tibiais todos os estudos acima citados utiliza- nosso estudo, corroborando com a possibilidade
ram exômetro de Leighton ou goniômetro, e para de utilização do teste de SASB como uma forma
a região lombar o teste modicado de Schober18. alternativa e mais acessível de medida da exibi-
No que se refere aos resultados das análises lidade. Além disto, nossos resultados somados aos
de correlação entre os testes, com uma perspectiva resultados de Hui e Yeun8 e Silva et al.20, indicam
similar ao do presente estudo, Baltaci et al.19 com- que o teste de SASB pode ser utilizado em crian-
pararam três diferentes propostas de testes de SA ças, jovens e adultos. Ainda, como o teste SACB é
(sit and reach, chair sit and reach e back saver sit o teste de exibilidade mais utilizado tanto em es-
and reach) em uma amostra de 102 estudantes do tudo nacionais quanto em estudos internacionais,
sexo feminino, com idade média de 22 anos. Toda- e o teste SASB apresentou alta correlação com o
via, o estudo de Baltaci et al.19 teve como objetivo teste SACB, comparações entre diferentes estudos
validar os testes como forma de medida da exibi- poderão continuar sendo feitas.
lidade dos músculos ísquio-tibiais utilizando como Os resultados apresentados por este estudo in-
referência a medida estimada por goniometria. Os dicam a possibilidade de utilização de um teste para
resultados indicaram o teste SA como o mais ade- medida de exibilidade que necessita de menos
quado para a medida de exibilidade dos músculos instrumentos do que os anteriormente propostos
ísquio-tibiais. pela literatura. A intenção ao buscarmos alternati-
Considerando que o teste de SA congura-se vas para testes já amplamente utilizados é dimi-
como uma alternativa adequada para medida da nuir custos e facilitar a aplicação. Esta perspectiva
exibilidade dos músculos ísquio-tibiais19 e que permite que todos professores tenham acesso aos
este grupo muscular, quando em níveis adequados materiais necessários, não sendo a restrição destes
de exibilidade apresentam associação com risco um empecilho para a realização de testes voltados
reduzido de lombalgias e alterações posturais3,4, à saúde.
a utilização de tal teste deve ser incentivada em
crianças e adolescentes para o diagnóstico precoce
de indivíduos com risco aumentado para os proble-
mas acima citados. Contudo, é importante salientar
que mesmo sendo um teste de fácil aplicação e que A partir dos resultados encontrados na presente
não exige materiais sosticados, ainda sim para investigação, podemos observar uma relação line-
muitos locais, como escolas, sua medida ca com- ar entre as variáveis, indicando que através de uma
prometida por não possuírem o material adequado é possível predizer a outra, ou seja, tanto o teste
(banco de SA). SACB quanto o teste SASB podem nos informar
Semelhante ao proposto e realizado pelo pre- resultados semelhantes no que se refere à exibi-
sente estudo, Hui e Yuen8 estudando 158 univer- lidade dos escolares. O teste SASB, como um mé-
sitários dos dois sexos com idade média de 20,7 todo alternativo para a avaliação da exibilidade,
anos, dentre outras análises, correlacionaram os proporcionará aos prossionais de educação física
testes SACB e SASB encontrando coecientes de e demais áreas, facilidades no diagnóstico e ava-
correlação entre 0,89 e 0,98. Em um estudo realiza- liação da exibilidade, pois este instrumento é de
do com 52 sujeitos dos dois sexos com idades entre fácil aplicação e de baixo custo, facilitando a busca
15 e 18 anos, Silva et al.20 encontraram coecien- das informações relacionadas a esta variável.
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Os autores agradecem à direção e aos professores das duas instituições de ensino onde o estudo
foi realizado pela compreensão e colaboração, ao Ministério do Esporte, ao Conselho Nacional de De-
senvolvimento Cientico e Tecnológico (CNPQ) pelas inestimáveis contribuições para a execução do
Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR) em geral e desse artigo em especico.
Todos os autores participaram de todas as etapas de elaboração do artigo.
Avenida XV de novembro, 480 - General Câmara, RS, CEP: 95820-000
e-mail: [email protected] - Fone: 51-97075080