Faça o Amor Ser Fácil - Thamires Hauch
Faça o Amor Ser Fácil - Thamires Hauch
Faça o Amor Ser Fácil - Thamires Hauch
Todos os direitos reservados e protegidos. Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida total
ou parcialmente sem a expressa autorização da editora. O texto deste livro contempla a grafia
determinada pelo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, vigente no Brasil desde 1º de janeiro
de 2009.
Impresso no Brasil
Dedico este livro aos meus pais.
Sou grata por sempre terem tido a compreensão de que, desde criança, meu lugar
favorito não era uma loja de brinquedos, mas uma livraria.
Agradeço também o incentivo por meio das folhas de papel cedidas para que eu
pudesse escrever longas histórias, grampear e transformar em obras de sucesso para
ler na sala de casa.
Sem vocês, eu nada seria.
Sumário
Prefácio
Introdução
“
Não ponha o outro à prova, deixe que se prove.
Não teste a lealdade, deixe que ela se apresente.
Estar junto não significa obrigação de disponibilidade.
Não meça o amor de ninguém com a régua da sua exigência.
Antes de serem um, são dois.
Fidelidade é princípio básico, e compreender os limites de alguém, pasmem, também é respeito.
Ampliemos nosso conceito de cuidado numa relação.
Silêncio que não constrange, cobrança que não é feita, presença que é valorizada, espaço que é
reverenciado: isso também quer dizer “eu te amo”.
Atente-se. É nos detalhes que o amor floresce.
Quem muito tenta exercer controle, só mostra o desequilíbrio que ali reside.
A dificuldade não está em confiar no outro, mas em si.
Ninguém te torna inseguro.
Afloram sua insegurança.
Em caso de pânico, lembre-se que pode sempre optar pelo medo ou pelo amor, pelo vou ou deixo que se vá.
Nessa vida existe muita coisa à primeira vista, mas convenhamos: amor é escolha, é construção que se
ergue juntinho.
Para ter sucesso a dois não é preciso ser perfeito.
É preciso ter feito.
Tentar melhorar, acredite, já é ser melhor.
Repensem essas relações que fazem o amor parecer inalcançável.
”
Introdução
“
Fluo no meu espaço, não aperto o passo.
Sinto-me – ao compreender-me, comemoro.
Celebro minhas vitórias como quem realiza um sonho antigo.
Reconhecer-me vencedora traz mais brilho à minha jornada.
Quando pedi aos céus que me dessem asas, certamente foi no instante em que esqueci que, aqui dentro, sou
puro vendaval.
Vou nesse voo, leve, longe, linda, louca, livre: eu sou o meu destino.
Querer alguém, não precisar de ninguém.
Amar o outro, me amar sempre mais.
Aventurar-me em mim é a minha melhor escolha: estou de passaporte carimbado rumo ao verdadeiro
amor.
Eu – tão minha – antes de ser com alguém.
”
Reciprocidade
Não podemos falar de amores líquidos sem entender o seu berço. Existe
um conceito denominado modernidade líquida, criado pelo filósofo e
sociólogo polonês Zygmunt Bauman, que define as relações sociais,
econômicas e de produção como frágeis, fugazes e maleáveis, assim como
os líquidos.
Bauman definiu a modernidade líquida como um período posterior à
Segunda Guerra Mundial que ganhou força no início de 1960.
Vale lembrar que, anterior a esse período, havia o que ele denominou
modernidade sólida.
Já podem imaginar a diferença, né?
Na modernidade sólida, a rigidez e solidificação das relações humanas
eram muito mais presentes, tornando as relações, assim, mais
duradouras.
Não podemos ignorar – assim como Bauman também não ignorou –
que o excessivo rigor relacional também acabava sendo prejudicial em
um certo ponto.
Na modernidade líquida, as relações econômicas, por exemplo,
tornaram-se mais importantes que as relações pessoais. Ou seja, a lógica
do consumo entrou no lugar da lógica da moral.
Basicamente, o que você tem importa mais do que o que você é.
Reconhece esse conceito nos dias atuais? Provavelmente sim.
l O que é intuição?
Toda vez que você permite o que precisa negar, inconscientemente está
pensando em como é mais fácil lidar com a sua dor do que com a
desaprovação do outro.
Pura ilusão! A gente sabe que essa dor se acumula em cada canto do
nosso corpo e acaba se transformando em silêncios ensurdecedores ou
em viradas de mesa com um ar de insensatez.
É exatamente por guardar tantos silêncios que você tem vontade de
explodir.
Não ser autêntica é exaustivo, já reparou?
A capa da mulher boazinha nos é colocada quando, naquele doce
lugar de descobertas infantis, não podemos gritar, falar palavrão,
contrariar opiniões e, claro, sob hipótese alguma, sentar de perna aberta.
Nossas vontades são reprimidas por não serem vistas como “boas
maneiras”; meninas, claro, são as que mais sofrem com o constante
boicote ao seu comportamento.
É como se a instintiva fonte de expressividade feminina “não fosse
coisa de mulher”.
Onde já se viu?
Seu medo de ser uma megera não é filho do acaso – eu vejo você,
estamos juntas nessa!
Dizer não é um processo que anda de mãos dadas com a aceitação.
Só sabe dizer não quem aprende a lidar com a negação alheia.
O início é desconfortável, o durante incomoda, o final te dá asas.
Repare que, normalmente, as pessoas que mais se incomodam com
os seus limites são as que constantemente se beneficiam pela ausência
deles.
A permissividade é inimiga dos amores saudáveis.
Abrindo as cortinas da sua verdade
Quando você teme se posicionar pensando ser possível que a sua firmeza
afaste quem você ama, você impede que o outro realmente te conheça.
Fica o questionamento: Ama a mim ou o que espera que eu seja?
Convenhamos, há um abismo entre esses dois.
Quem quer que esteja contigo deve admirar o teu voo, achar bonitas
tuas asas, compreender a razão de suas dores, respeitar o seu espaço.
Uma pessoa que só te aceita quando é beneficiada pela sua bondade
extrema, na verdade, não te aceita – vive mais preocupada com o fato de
não aceitar a si e precisar encontrar alívio em alguém.
Ninguém precisa ter livre acesso a você.
Até as pessoas que mais amamos precisam conhecer nossos limites.
Delimitar espaços saudáveis nada tem a ver com ausência de amor:
tem a ver com a presença do amor próprio.
O preço que se paga por querer ser aceita a qualquer custo é o preço
de nunca saberem o seu real valor.
7.
Ninguém supera um sonho
Já vi esse filme
“
A maturidade traz a bênção da realidade: ver as coisas como elas são, não como gostaríamos que fossem.
Querer um romance tranquilo nunca excluiu a ideia de haver diferenças – é nas rupturas que a gente
cresce.
Irreal é desejar alguém que prometa, diariamente, amar e nunca partir.
Afinal, amanhã, quem sabe?
O presente é a verdadeira bênção.
Quando olhamos para o futuro, que é sempre incerto, perdemos o que realmente importa – a presença; o
aqui e agora.
Quando vê, já passou.
O que a gente quer da vida é lealdade, honestidade, companheirismo.
A perfeição não existe e, se existisse, seria um tédio.
Todo mundo que aparece traz um pouco de si; leva um muito de nós.
Pessoas certas não existem.
Pessoas reais, sim.
Os que fazem morada; os que estão de passagem.
Os que fazem questão; os que não fazem nada: em cada um, vários aprendizados.
CertoAmesmo
ideiaé saber
da pessoa
viver bem,certa
com ouésem um caos: ela basicamente invalida qualquer
alguém.
”
um que não se assemelhe a uma pessoa perfeita para você.
Você faz uma lista mental e irreal, baseada em filmes, músicas e no
0,1% da realidade dos casais felizes que você vê rolando no seu feed, e
espera que alguém apareça em sua vida dando check em todos os itens.
Assim, convenhamos, é melhor que espere por um robô.
Somos seres eternamente incompletos, em eterno processo de
evolução, cheios de feridas em fase de cicatrização, descobertas e coisas
que não estamos preparados para descobrir ainda.
Partindo desse princípio, é cruel demais esperarmos que o outro
atenda às nossas altíssimas expectativas e que ele venha, basicamente,
para nos salvar dessa luta diária.
O outro também é gente – gente feito de luta e desconstrução.
Enxergar o parceiro como um salvador não vai te salvar.
Se enxergar como salvadora dele também não te dará o título de
Melhor Centro de Reabilitação do ano.
Simplesmente não.
Amor não é compra de mês
l
l .
Ele não quer nada sério comigo e isso não é problema meu.
Se não houver clareza no início, não espere que ela vá chegar no final.
Relacionamentos são amontoados de acordos, pactos, ajustes, reajustes,
desajustes. Ainda que muita coisa fique implícita, é emocionalmente
saudável que os dois saibam com quem estão se relacionando e o que
esperam de uma união.
Se você, por exemplo, espera ter como parceiro um cara que saia para
beber aos finais de semana e ame baladas e afters, não convém namorar
um workaholic esportista que trabalhe até tarde toda sexta e acorde todo
domingo às seis da manhã para correr, certo?
O problema consiste em querer, a todo custo, transformar as pessoas
em algo que elas não são.
É exaustivo quando a linha do “Só quero te apresentar o meu mundo”
é ultrapassada e chega no “Você precisa viver tudo o que eu acredito ser
bom pra mim”.
É literalmente romântico acreditar na ideia de que o outro vibrará
com absolutamente todas as nossas conquistas e com tudo o que é
relevante em nossas vidas, mas na realidade pode não ser bem assim.
Lembrando que “não vibrar com tudo” não significa torcer contra ou agir
com indiferença, ok? São coisas bem diferentes.
Não vibrar com tudo o que é relevante para nós significa que nem
sempre o outro estará num bom dia ou nem sempre saberá o real sentido
que aquilo tem para gente, afinal, o outro é ele mesmo, lembra? Existe
um mundo de criação que, de certa forma, separa ou aproxima todos
nós.
Esse tipo de reclamação, quando recorrente no cotidiano de um casal,
sufoca, distancia, dificulta a convivência, esgota.
Entender como o outro se comporta, desde o início, é uma chave para
abrir outras portas.
Pane no sistema
l
l Outro ponto crucial a ser observado numa relação é a
comunicação.
Por sermos mulheres, já temos uma tendência social e
problemática a não falar o que nos desagrada, afinal, somos
basicamente nascidas e criadas para obedecer e não desagradar,
lembram? (E cá estamos nós, afrontosas, irritantes, espaçosas e falantes.)
Pois bem, esse medo de dizer ao outro, dentro de um relacionamento,
o que nos irrita e magoa, e que comportamentos gostaríamos que fossem
diferentes, vem do medo de perdê-lo.
E, por acaso, não estabelecendo uma comunicação clara e honesta,
aumentamos as chances de eternidade?
Sendo assim, entre o desconforto de saber dizer a verdade e deixar
que o outro escolha como lidar com isso, e o de engolir insatisfações que
podem, inclusive, refletir no corpo físico em forma de doenças, qual
deles você prefere?
“Acabou do nada!”
Não. Nunca é “do nada”. O desamor é um processo; um término
normalmente emite sinais. Claro que há pessoas que são capazes de
esconder todos os sentimentos possíveis, mas desse tipo de pessoa, você,
geralmente, não consegue saber nem se o amor existiu – das incógnitas a
gente espera tudo. Ou seja, se o outro é indiferente, pode ser até que você
tenha se acostumado a isso.
A questão principal é: você é capaz de enxergar os sinais que o outro
dá? Ou você é do tipo que enxerga e ignora? Não se culpe nunca,
independente de quem você seja e eu vou te dar uma boa razão para que
não o faça: quando amamos alguém e somos, digamos, pouco realistas
em relação ao término, ainda que ele esteja se aproximando,
automaticamente ativamos o radar do medo, principalmente quando
sentimos um inimigo chamado Fim se aproximar. Acontece que o medo é
um outro inimigo disfarçado de radar e ele nos rouba a atenção, o senso
de autovalorização, a tranquilidade, a força. É por essas e outras que, nos
momentos finais de uma relação, vemos súplicas, juras, promessas e
lágrimas antes nunca vistas. É por essas e outras que vemos algo
chamado desespero.
Meu intuito não é dizer a vocês que sigam passo a passo para que a
vida de dor em um pós-término se transforme prontamente em alegria,
até porque considero de extrema importância que vivamos o nosso luto,
sabendo quando é hora de se despedir dele.
Dicas para você e para quem te ama
1. Não basta não procurar saber sobre a vida dele: é preciso que suas
amigas e familiares sejam avisados sobre esse fato também, para
que nada chegue “sem querer” aos seus ouvidos.
2. Não fique se fazendo perguntas do tipo “Onde foi que eu errei?” ou
“Será que a culpa é toda minha?”. Sempre vale a pena nos darmos
conta de nossas parcelas de responsabilidade nos acontecimentos
de uma relação, mas a reflexão deve ser honesta, sobretudo, com
você.
3. Ninguém para de usar qualquer droga, quando ainda opta por usá-
la “Só de vez em quando”. Ou seja, se você está decidida a esquecer o
ex, principalmente quando ele já está fazendo o mesmo há algum
tempo, não caia na bobeira de relembrar os melhores momentos.
Eles se tornarão um pesadelo, você sabe.
4. Assuma o controle da sua vida. Monte um projeto novo, matricule-
se numa aula de flauta, num curso de escrita criativa ou de dança,
faça algo novo, ocupe-se de criatividade e novos impulsos. Além da
possibilidade de descobrir novas aptidões, você vai otimizar o
tempo, manter a mente focada em desenvolver novas habilidades,
em vez de se alimentar daquela vontade louca de stalkear o bendito.
Você certamente já ouviu a frase “Cada um sabe o que é melhor pra si”,
certo?
Certas pessoas sabem, inclusive, que o seu melhor é demais para elas.
Por déficit na autoestima ou momentos diferentes de vida, elas optam sim
por não estarem com pessoas incríveis, porque isso exigiria dedicação,
bom senso e responsabilidade – coisas que talvez elas nunca tenham;
coisas que talvez elas não queiram mesmo desenvolver nesse momento.
Afinal, estar com alguém legal, em condições saudáveis de
relacionamento, requer que você seja legal o suficiente para se manter
ali.
Nem todo mundo está apto a isso, entenda.
A escolha de enxergar com seus próprios olhos
Não receber o que você deseja no momento não significa que tenha que
diminuir seus padrões, muito menos insistir.
Talvez isso tudo esteja muito mais ligado ao fato de você descobrir se
aquilo que você deseja é o que você realmente precisa, é o que você
realmente quer.
A rejeição amorosa da forma como conhecemos não tem nada a ver
com você, entenda. Tem a ver com as escolhas do outro, com o direito
que ele tem de ser livre e feliz, assim como você.
Um dos fatores mais conectados à rejeição é precisar da validação
externa para sentir-se bem e autoconfiante. Se a opinião dos outros é
carregada de seus próprios julgamentos, por que razão suas escolhas
amorosas seriam diferentes? Elas dizem respeito ao outro. E só.
Cada ser humano tem suas referências, sua história, sua visão de
mundo. A gente até pode agregar e trocar experiências, mas isso talvez
seja bem próximo do máximo que podemos fazer.
O insight está no que fazer com a casca quebrada
Você não conhece tudo nem sobre você mesma (e eu sei que você tenta),
imagine tentar decifrar o “não” do outro! Não confie nas suas hipóteses:
elas provavelmente estão mentindo pra você.
E caso qualquer uma delas tenha se confirmado, me responda, com
honestidade, o que você realmente pode fazer a partir disso?
A rejeição é um sentimento comum e ninguém está livre dela, mas o
que fazer a partir daí é o que diferencia uns e outros.
Você sempre pode ser a menina que se joga no chão do shopping por
não receber o brinquedo desejado ou aquela que se convence de que não
há mais nada a fazer. Sabe, talvez aquele brinquedo nem seja tão legal
assim...
13.
Dependência afetiva:
não é esse amor que
você quer
Amar tudo bem, só não vale se tornar um anexo
A dependência afetiva é algo que pode facilmente ser vista como “um
excesso de grude e amor de sobra”, mas não. Sabemos que um amor
pode transbordar e não ser dependente.
A dependência afetiva acontece, basicamente, quando um vira o
anexo do outro.
E o que significa isso?
Significa que, fatalmente, haverá uma despersonalização de uma ou
mais partes, como, por exemplo, quando os amigos são os amigos do
outro; quando os programas se tornam os programas do outro; quando
as preferências são as preferências do outro.
O dependente afetivo perde a referência de quem ele é.
A sensação que ele carrega no peito pode ser definida pelas trágicas
(sim, trágicas declarações): “Fulano é a minha vida” ou “Sem fulano, eu
morreria”.
E se o dependente afetivo nunca chegou a essas conclusões, talvez ele
seja do tipo que concorda com tudo; não reclama para não desagradar;
aguenta traições e ofensas, porque o amor é grande e, né, o amor supera
tudo. E por aí vai.
Fake crenças
Podemos criar laços, só não podemos deixar que eles virem amarras.
Se o amor te parece imóvel, certamente ele já se tornou dependente.
A base para a libertação emocional consiste em amadurecer as
próprias emoções, mas não se iluda: maturidade emocional não tem a
ver com idade, nem com saber mais ou menos sobre as questões da vida.
Maturidade emocional implica enxergarmos as coisas sob uma
perspectiva mais realista e menos ingênua.
Pessoas, por exemplo, que foram extremamente mimadas ou viveram
no que vamos chamar de “bolha parental” normalmente têm mais
dificuldade em lidar com os nãos, a perda, os términos, o desamor.
Assim, claro, como pessoas com histórico de abandono, também
tendem a viver à sombra do medo de serem deixadas pelo ser amado e,
por isso, nutrem a eterna sensação de que a presença deve ser algo
constante para garantir que o outro não as deixe.
Claro que esses não são os únicos perfis possíveis de pessoas que
tendem a se caracterizar como dependentes afetivos, mas é evidente que
o contexto em que cada um foi criado influencia muito para o reforço
desse comportamento. Lembrando que todo mundo é um pouco
dependente em algum ponto, até porque, para estarmos aqui, hoje, foi
necessário muito choro atendido, alimento na boca e colo para nos
nutrir. A independência 100% também não é uma realidade tangível,
porque sempre precisaremos de alguém para alguma coisa. Lembre-se: a
questão central é E se eu não tiver esse alguém, consigo me virar? Se a
resposta for sim, maravilha.
Caso seja não, calma, vamos juntas.