Folclore Paulista 01

Fazer download em pdf ou txt
Fazer download em pdf ou txt
Você está na página 1de 24

UNIVERSIDADE

DE SÃO PAULO
ESCOLA DE COMUNICAÇÕES E ARTES
DEPARTAMENTO DE MÚSICA



DISCIPLINA: ETNOMUSICOLOGIA
PROF. DR. MARCOS BRANDA LACERDA


CULTURA E FOLCLORE PAULISTA:


DANÇAS E FOLGUEDOS


GRUPO:

ADRIEL VERÇOSA ........................................ NO. USP 9799731


ALANA SANTANA DE ANDRADE ................ NO. USP 9305121
CAIO ARCOLINI JACOE ................................ NO. USP 9799724
GABRIEL DUARTE DA SILVA ...................... NO. USP 10303240
LUÍSA CAMPELO DE FREITAS .................... NO. USP 8563903
MÁRCIO GIACHETTA PAULILO .................. NO. USP 1346112
VINÍCIUS PONTES ....................................... NO. USP 9799582




SÃO PAULO
DEZEMBRO DE 2020


1



CULTURA E FOLCLORE PAULISTA: DANÇAS E FOLGUEDOS




INTRODUÇÃO

Este texto foi elaborado no âmbito da disciplina “Etnomusicologia”, ministrado pelo Prof.
Dr. Marcos Lacerda, no Departamento de Música da ECA/USP, e pretende oferecer um resumo
comentado da pesquisa elaborada pelos integrantes do grupo sobre alguns assuntos
pertencentes ao “Folclore Paulista”.
Evidentemente, não se trata de um trabalho abrangente ou exaustivo sobre o tema, mas
sim uma tentativa de identificar alguns elementos básicos que compõem as raízes
etnomusicológicas do Estado de São Paulo e que, talvez pelo caráter cosmopolita que sua capital
adquiriu historicamente, acabaram por sair da memória coletiva presente do povo paulista.
Fizemos um levantamento de diversas expressões folclóricas presentes no estado de São Paulo,
e dentre estas escolhemos algumas para analisar brevemente suas características e contextos.
Tentamos montar um mapa aproximado de como as diversas danças e folguedos paulistas
se distribuem pelo Estado, mas sabemos que pode haver imprecisões e ausências significativas
nesse mapeamento. O objetivo foi mostrar como é diverso e rico o folclore de São Paulo, embora
a quase totalidade dos assuntos que o compõem sejam muito pouco conhecidas da maioria dos
paulistas. Provavelmente, as festas locais de algumas cidades ficam restritas ao conhecimento
dos seus munícipes, mas acabam não ganhando o conhecimento abrangente das demais
localidades.
Nossa pesquisa encontrou diversos assuntos, cada um abrangendo um conjunto de
manifestações culturais e musicais de uma região do Estado de SP, que organizamos por
mesorregião. Em cada mesorregião, em geral, existe uma motivação central, relacionada com o
processo histórico de desenvolvimento econômico e social da região.
As mesorregiões, danças e motivações, conforme ilustrado na Figura 1, são as seguintes:

1. Folguedos das Região de S. José do Rio Preto/Ribeirão Preto (Norte):


Congada (Olímpia) à devoção ao Rei Congo e à Nossa Sra. do Rosário;

2

2. Folguedos das Região de Campinas/Sorocaba (Centro-Leste):
Caiapó (São José do Rio Pardo e Piracaia), Cateretê (Ibiúna) e Fandango (Tatuí)
à Bandeirantes/Jesuítas vs Índios;

3. Danças e Folguedos do Vale do Paraíba (Leste):


Cavalhada (S. Luiz do Paraitinga) e Cavalaria de São Benedito (Guaratinguetá),
Dança de Fitas (Cunha) e Jongo (Pindamonhangaba) à Cristãos vs Mouros;

4. Danças da Região Metropolitana (Sudeste):


Dança de São Gonçalo (Atibaia, Mairiporã, Nazaré Paulista) e Samba de Bumbo
(Pirapora do Bom Jesus) à devoção a São Gonçalo;

5. Danças coreografadas do Litoral (Sul):


Cana-Verde, Ciranda, Chimarrete ou Dança do Caranguejo (Itapetininga) e
Dança de Pares (Vale do Ribeira) à Damas e Cavalheiros;

6. O Não-Folclore da Região de Bauru/Marília (Centro-Oeste):


Bon Odori, Japan Fest e Virada Cultural (Marília) à imigrantes recentes e a falta
de raízes folclóricas.

Congada

Bon Caiapó
Odori
Japan
Fest Cateretê
Dança das
Fandango Fitas
Virada
Cultural Jongo Cavalaria de
S. Benedito
Dança do Samba de Cavalhada
Caranguejo Bumbo
Dança de
Dança de São Gonçalo
Pares
Fandango
Caiçara


Figura 1: Mesorregiões do Estado de SP e uma posição aproximada do principal centro de manifestação
cultura de cada Dança ou Folguedo do folclore local

3

Essa lista de assuntos que localizamos configuraria um trabalho maior do que seria
possível fazer para esta disciplina. Por isso, optamos por fazer um recorte, seguindo um critério
de afinidade individual de cada integrante do grupo, e optamos por apresentar apenas as
seguintes danças/folguedos:
• Dança de São Gonçalo;
• Jongo;
• Cateretê;
• Fandango Caiçara;
• Dança de Fitas;
• Dança de Caranguejo;
• Congada.
Para cada assunto selecionado, vamos apresentar uma breve explicação das
manifestações culturais (dança, música, cantoria, procissão, etc.) e ilustrar com alguns vídeos
feitos por participantes locais de cada festividade.


DANÇA DE SÃO GONÇALO (MARCIO)

A Dança de São Gonçalo é uma manifestação folclórica que ocorre em pelo menos 10
Estados brasileiros: RN, CE, PI, PE, MA, BA, MG, MG, RJ, além de SP, onde ocorre tanto no interior
como no litoral sul. No calendário litúrgico, o dia de São Gonçalo é o 10 de janeiro, que é também
o dia do padroeiro da cidade do Rio de Janeiro, mas suas comemorações no Brasil ocorrem em
diferentes datas entre meados de Dezembro e meados de Janeiro.
A Festa (ou Dança, ou Folia) de São Gonçalo, é realizada em devoção a Gonçalo de
Amarante, eclesiástico português da ordem dominicana, que gozava de grande devoção popular
desde o século XII, quando vivia como beato, tendo sido canonizado apenas em 1561. Em
Portugal, suas festas acontecem no início do mês de Junho.
No Estado de SP, foco deste trabalho, a festa é realizada sobretudo no interior, mas
também no litoral do Estado, em mais de 20 cidades, tais como: Atibaia, Aparecida, Bom Jesus
dos Perdões, Capão Bonito, Capela do Alto, Jarinu, Itapeva, Joanópolis, Lagoinha, Mairiporã, Mogi
das Cruzes, Natividade da Serra, Nazaré Paulista, Olímpia, Piracaia, Redenção da Serra, Santo
Antônio do Pinhal, Ribeirão Branco, Ribeirão Grande, São Luís do Paraitinga, São José dos
Campos, Santa Isabel e Tatuí.

4

As festas acontecem de formas um pouco distintas entre litoral e interior:
• No litoral, a dança acontece ao som de violas, rabecas, cordas e caixa clara, de
forma valsada e solene, executada pelos pares;
• No interior, a dança é também solene, mas tem duração que pode variar de 15
minutos a diversas horas de duração. A instrumentação é baseada em violas
caipiras. A Festa de São Gonçalo se confunde, em algumas cidades do interior, com
a Festa do Divino Espírito Santo.
A festa é sempre caracterizada por dança, louvação e pagamento de promessas. São
Gonçalo é considerado santo casamenteiro, razão pela qual a dança é feita aos pares, que seguem
em direção ao altar do santo, fazem a louvação e voltam para o final da fila, em movimentos para
esquerda e para direita.
A sequencia da festa é mais ou menos a seguinte:
• Procissão: com dançadores e rezadores, carregando santos e cruzes;
• Mesa dos Anjos: comida farta posta junto com figuras de santos, seguidas de rezas
para as crianças e depois para todos; é uma espécie de abertura;
• Dança: é realizada em diversos altares, em ciclos chamados “rodeadas”,
sequencias coreografadas comandadas pelos instrumentistas; em algumas
cidades, há uma divisão de papéis durante a dança, que serão apresentados mais
adiante;
• Cururu: última volta de dança, com movimentos distintos, em círculos, juntando
todos os grupos de todos os altares, fazendo um fechamento da festa.
Em algumas cidades, como Nazaré Paulista, há uma divisão dos papéis:
• Mestres/Contramestres: violeiros que entoam versos improvisados e puxam a os
demais grupos de tocadores e dançadores;
• Forgazões: bandolinistas (quando há) que vêm atrás dos violeiros fazendo um
acompanhamento instrumental;
• Tipeiros: são cantadores do “tipe”, espécie de lamento que harmoniza com os
instrumentos, fazendo uma espécie de segunda voz;
• Palmeiros: batem palmas e pés de forma rítmica, similar à catira;
Alguns exemplos de vídeos das Danças de São Gonçalo, disponíveis no YouTube:
• Aparecida: https://youtu.be/Nns936-fen8
• Nazaré Paulista: https://youtu.be/NRb06EN4hwA

5

• Olímpia: https://youtu.be/pu6bFLHzZ8o
• Piracaia: https://youtu.be/8fNxXWPLjAU
• Ribeirão Branco: https://youtu.be/Krv7Yny7J2s
• São Luiz do Paraitinga: https://youtu.be/LdzC_zUx0mU
Em comum, podemos dizer que em todas as localidades em que se realiza, a Festa de São
Gonçalo é uma manifestação sociocultural abrangente, compreendendo música, dança, religião,
congraçamento social e fortalecimento das raízes identitárias locais.

JONGO (LUÍSA)

O jongo é uma tradição de origem Banto (também as vezes grafada como Bantu) que
ocorre em diversos pontos dos estados da região sudeste. Em São Paulo, concentra-se
principalmente na região do Vale do Paraíba, em cidades como Cunha, Lagoinha,
Pindamonhangaba, São Luís do Paraitinga, Taubaté, Guaratinguetá, Piquete. Segundo
informação do Instituto Moreira Salles, o jongo
Consolidou-se entre os escravizados que trabalhavam nas lavouras de café e
cana-de-açúcar, principalmente no vale do Paraíba, constituindo-se como um elemento
de identidade e resistência cultural. O jongo foi historicamente reservado aos homens –
as mulheres podiam dançar, mas não compunham e nem tocavam – até que figuras como
Tia Maria do Jongo (RJ) e Dona Tó (SP) quebraram esse paradigma. (IMS, 2019)

Importante ressaltar que a Dona Tó, citada acima, está relacionada ao jongo do
Tamandaré, em Guaratinguetá. O jongo, como muitas expressões afro-brasileiras, possui
variações pelo território nacional. O jongo de São Paulo, analisado aqui, tem semelhanças e
diferenças com o jongo da Serrinha, do Rio de Janeiro, por exemplo. Isso pode ser notado tanto
na dança (a carioca se assemelha mais a umbigada do que a dança encontrada em São Paulo), na
música (nas claves rítmicas por exemplo), e até mesmo na escolha dos orixás homenageados:
em São Paulo se encerra o canto com a palavra “cachoeira” (referência a Oxum), enquanto no Rio
de Janeiro o jongueiro fala “machado” (referência a Xangô).
O jongo é uma festa que ocorre noite adentro até o amanhecer. É uma ocasião com muita
comida, que hoje inclui pessoas de todas as idades no canto e na dança, que ocorre
tradicionalmente em torno de uma fogueira, que serve tanto para aquecer as pessoas quanto os
tambores. Uma festa ligada a ambientes externos, portanto. Originalmente, dançavam de pés
descalços e roupa branca, mas hoje é possível encontrar diversas modernizações nos jongos que
se mantiveram fortes. A festa pode estar associada a comemorações religiosas, por exemplo São

6

João, Santo Antonio e São Pedro. Também é uma forma de homenagem ao São Benedito e
celebração do 13 de maio, data que marca a abolição da escravatura no Brasil.
A instrumentação é composta essencialmente pelo canto, as palmas e os tambores,
podendo ter também cuícas (puíta ou angoma-puíta) e chocalhos (guaiás) feitos com latas
usadas ou folhas-de-flandres. As cantorias são chamadas de pontos e são puxadas por um solista,
o jongueiro. Alessandra Ribeiro, da comunidade de jongo Dito Ribeiro, diz que “a poesia
metafórica do Jongo permitiu que seus praticantes, por meio dos pontos, se comunicassem de
forma que capatazes e senhores não os compreendessem, possibilitando fugas e emboscadas”
(2011). Os tambores são saravados, respeitados e cumprimentados na roda, pois eles
representam os orixás. Totonho, do jongo Tamandaré, diz em um documentário que pode ser
encontrado em trechos no YouTube: “Quando começa o jongo tem que rodear o jongo com pinga
também, porque na roda de jongo tem muita entidade. Tem coisas boas, coisas pesada, coisas
perigosas que a gente vai chamando cada vez mais”1.
Existem dois tambores no jongo: o candongueiro e o tambu (também chamado de
caxambu). O candongueiro é um instrumento menor, que mantém a levada firme. O tambu é um
tambor maior que realiza as variações rítmicas. Na figura 1 está registrado um dos
acompanhamentos mais tradicionais destes dois tambores e como as palmas são batidas nas
rodas.
Figura 1: Levada de Jongo


Fonte: Elaborada pelos autores

A dança se organiza em roda, com um casal por vez no centro da roda. A dança do jongo
paulista tem uma coreografia fixa, pré-determinada, no modo como o casal se movimenta em
círculos, girando sempre para a direita. Porém há liberdade de movimentos e estilos de dança


1 Infelizmente o único acesso que tivemos aos documentário são estes do Youtube, que nem sempre são

devidamente creditados, nomeados ou definidos na data correta.



7

seguindo essa prerrogativa do geral do movimento: um passo para a esquerda, um giro para a
direita seguido de um passo, repete-se o passo para a esquerda e assim segue. Qualquer um da
roda pode entrar a qualquer momento, tirando a pessoa de mesmo sexo que encontrava-se
anteriormente no centro. A troca de pares é bem natural, um entra dançando e o outro, ao
perceber, sai dançando para o perímetro da roda, sem uma regra ou ordem de entrada ou saída.
O canto do jongo é responsorial, uma parte é cantada pelo jongueiro, solista, e o coro
responde seguindo uma estrutura bem regular de 4 compassos (se pensado como um compasso
binário). O timbre vocal é mais aberto, visando a maior projeção possível, principalmente do
jongueiro solista, o que é importante pensando no ambiente externo e tradicionalmente sem
microfonação (embora hoje em dia muitas festas contem com estes recursos tecnológicos).
Existem algumas canções consagradas do repertório jongueiro e também é aberto para
improvisações. Algumas canções podem ser encontradas também com alterações rítmicas e de
instrumentação por exemplo no repertório da capoeira e outras manifestações culturais afro-
brasileiras. A roda começa com um canto de abertura para saravar os tambores e os
antepassados. Uma das canções mais tradicionais de abertura da roda pode ser encontrada
nestes vídeos: https://www.youtube.com/watch?v=lkNS6T_-4f0 (a primeira música do vídeo) e
https://www.youtube.com/watch?v=66OSb0vBjEY (a mesma música aparece entre os minutos
3 e 4 deste documentário). Recorrentemente as letras se referem aos tempos de cativeiro e à
luta de libertação dos escravos, como é o caso do verso “Vovó não quer casca de côco no terreiro
/ Vovó não quer casca de côco no terreiro / Porque lhe faz lembrar / Faz lembrar o tempo do
cativeiro”2 . Mas hoje encontramos também nos versos muitos temas mais atuais, como o de
Jongueiro Velho, composto por Jefinho Tamandaré:

Saravá jongueiro velho


Que veio pra ensinar
Que Deus dê a proteção pra jongueiro novo
Pro jongo não se acabar

Pro jongo não se acabar
Pro jongo não se acabar
Que Deus dê a proteção pra jongueiro novo
Pro jongo não se acabar

Às vezes, são rimas carregadas de humor: “Tava andando no caminho / Uma cobra me
mordeu / Meu veneno era mais forte / Foi a cobra que morreu”3. Os versos são depois seguidos


2 Não pudemos identificar o registro de autoria deste ponto.
3 Não pudemos identificar o registro de autoria deste ponto.

8

pelo coro em canto com “Lalaê” ou “Ilaiê” e variações destas palavras, na mesma melodia e ritmo.
Alguns exemplos musicais serão mostrados na apresentação4, e estão todos também destacado
nas referências do trabalho.


CATERETÊ (VINÍCIUS)

A Catira, também chamada de Cateretê, é uma dança coletiva e popular do folclore


brasileiro cuja principal característica é o sapateado e batidas de mãos dos participantes. Ela é
típica do interior do Brasil, principalmente nas áreas de influência da cultura sertaneja (Mato
Grosso, Goiás, norte do Paraná, Minas Gerais, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Tocantins e
principalmente São Paulo). A coreografia da catira apesar de parecer semelhante varia bastante
em determinados aspectos, havendo diferenças nítidas de uma região para outra. Normalmente
é apresentada com 2 violeiros e 10 dançarinos.
Não se sabe ao certo a origem da Catira. Alguns dizem que veio da África junto com os
negros, outros acham que é de origem espanhola, enquanto estudiosos afirmam que é uma
mistura com origens africana, espanhola e também portuguesa – já que a viola se originou em
Portugal, de onde nos foi trazida pelos jesuítas. A origem do ritmo, que segue o padrão de batidas
de mãos e pés dos dançarinos, remonta a época dos Bandeirantes, que foram os primeiros a
realizar os passos. Acredita-se que os grupos de tropeiros, formados apenas por homens,
aproveitavam os seus momentos de descanso para relaxar enquanto dançavam a catira, o que
explicaria o fato de que é uma dança que, durante muito tempo, foi exclusivamente masculina.
Contudo, alguns historiadores defendem que essa prática cultural já se dava anteriormente entre
os índios. Sabe-se que a dança, que existe desde o período do Brasil Colônia, chegou a ser incluída
nas festas de São Gonçalo, de São João e de Nossa Senhora da Conceição pelo Padre José de
Anchieta, entre os anos de 1563 e 1597. No ano de 2010 foi realizado o primeiro Festival
Nacional de Catira, na cidade de Uberlândia, Minas Gerais, em que 18 grupos de dançarinos se
apresentaram, fato que demonstra a importância e longevidade desta manifestação. Na mesma
cidade aconteceu, em 2013, a segunda edição do evento.
A vestimenta típica dos dançarinos de catira é composta por chapéu, calça, camisa, lenço
e botina. O item mais importante com certeza é a botina, que é a responsável por fazer o som da

4 Importante ressaltar que muitos destes versos são encontrados em diferentes lugares com variações no texto e

no ritmo: o que está apresentado aqui é uma possibilidade encontrada para ilustrar de modo geral o estilo e a
tradição.

9

batida dos pés no chão. Na Catira os dançarinos são organizados em duas fileiras, uma em frente
à outra. Na extremidade de cada uma delas fica o violeiro que tem à sua frente a sua “segunda”,
isto é, outro violeiro ou cantor que o acompanha, entoando uma terça abaixo ou acima. Durante
a prática da dança, os participantes intercalam as batidas de mãos e pés com pulos. Entre os
principais passos da catira estão:
• Rasqueado: A dupla de violeiros tocam uma moda de viola. Os dançarinos batem
as mãos e o pés, intercalando com pulos para formar o ritmo da dança. Os
dançarinos podem descansar quando os violeiros começam a entoar a moda de
viola;
• Escova: Os dançarinos formam duas fileiras, uma em frente da outra e dão seis
pulos batendo as mãos e os pés.
• Movimento serra acima: os dançarinos alternam batidas das mãos e dos pés com
voltas seguindo da esquerda para direita;
• Movimento serra abaixo: os dançarinos alternam batidas das mãos e dos pés
com voltas completas no espaço em que a dança está acontecendo, seguindo para
trás fazendo movimentos da esquerda para direita;
• Movimento recortado: os dançarinos mudam constantemente de fileira e
posição;
• Movimento levante: os dançarinos cantam junto com os violeiros, fazendo um
grande coro.
As músicas que acompanham a Catira são relacionadas com a cultura do interior e a vida
no campo. A “Homenagem ao Catira” de Luiz Fernando e João Pinheiro nos serve de exemplo
para compreender essa temática.

Homenagem Ao Catira (Luiz Fernando e João Pinheiro)

Afirme o pé companheiro nós vamos entrar na função
Pra cantar um recortado eu mudei a afinação
Foi pra atender um pedido, o chamado de um irmão
Lá pras bandas de Rio Claro nós vamos é dar trabalho
Pros campeão da região

A festa vai começar, abre a roda no salão
Grupo Catira Brasil é líder na tradição
Moçada boa no pé não fica parada não
É escola no catira o mundo inteiro admira
Já vem de seis geração

Bate palma rapaziada, bate forte o pé no chão

10

É no estilo mineiro que eu faço a saudação
Pra cantar um improviso eu canto com perfeição
Canto em qualquer altura, não toco em viola dura
Só gosto é de trem bão

Esse é o derradeiro verso guarde a viola e o violão
Vai aqui nossa homenagem e o nosso aperto de mão
Aos amigos do catira orgulho do meu sertão
Pros amigos verdadeiros Luiz Fernando e João Pinheiro
Pede paz e proteção.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=2lZJBKXL2lc&feature=emb_logo


DOIS COM DOIS É QUATRO

DOIS COM DOIS É QUATRO
PASSA AMOR INGRATO.

QUATRO COM DOIS É SEIS
AMOR INGRATO PASSA OUTRA VEZ.

EU FUI NÃO SEI AONDE
MANDADO POR NINGUÉM

FUI BUSCAR NÃO SEI O QUÊ
PRA ENTREGAR NÃO SEI PRA QUEM.

ESTA É A HISTÓRIA DA SERPENTE
QUE DESCEU O MORRO PARA PROCURAR

UM PEDAÇO DO SEU RABO
E VOCÊ É,...
MAIS UM PEDAÇO DO MEU RABO.

Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=M03KLqHLBi0


FANDANGO CAIÇARA – LITORAL SUL DE SÃO PAULO (GABRIEL)

Originalmente, o Fandango é um gênero oriundo da Espanha. A dança, provavelmente de


origem árabe, era popular na Europa no século XVIII e sobreviveu até o século XX como uma
dança folclórica da Espanha, Portugal, sul da França, e mais tarde, América Latina.
No Brasil, o Fandango aparece regionalmente (Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo, Rio
Grande do Norte) como outras formas de manifestações populares com uma série de
características diferentes. O Fandango Caiçara, como forma e manifestação da cultura popular
brasileira, é ligado exclusivamente à vida das populações do litoral sul de São Paulo e norte do

11

Paraná. Segundo o IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional. - 2011, é
importante observar que:
“a expressão fandango é encontrada em outras localidades, entretanto, como em geral se
utiliza a denominação simplesmente como referência para uma festa ou baile, ela acaba
sendo utilizada em diversos contextos, mas não como um conjunto de práticas que
envolvem mutirões, festa, dança coreografada e batida com tamancos pelos homens,
dança de casais bailada sem coreografia, um universo musical e poético específico, com
o uso de instrumentos como a viola fandangueira (ou viola branca, como é conhecida em
Iguape/SP), com suas afinações e toques característicos, juntamente com adufos e
rabecas. A esse conjunto é que aqui denominamos “fandango caiçara”, e que, embora com
significativa diversificação, encontra uma unidade na região que vai de Iguape e Cananéia
(Estado de São Paulo) e segue até Guaraqueçaba, Paranaguá e Morretes (Estado do
Paraná).”

Estas regiões litorâneas foram as primeiras a serem ocupadas pelos Portugueses no
período da colonização. Em 1531, Martim Afonso de Souza chegou a Ilha do Bom Abrigo, criando
os povoados de Iguape e Cananéia de onde partiu ocupação da Baía de Paranaguá no final do
século XVI e início do século XVII. Portugal começou a explorar as riquezas do lugar a começar
pelo ouro que declinou em fins do século XVII. A partir de 1711, Cananéia e Iguape tornaram-se
importantes polos na construção naval, tradição ainda hoje presente na região. Durante o século
XVIII cresce a produção agrícola e a mandioca, a cana-de-açúcar, o arroz, a pesca e extração de
madeira passam a ser exploradas.


Figura 3: Mapa da Região do Vale do Ribeira, com destaque em laranja para a região de Iguape e Cananeia.


Os Caiçaras

12

A cultura caiçara é fruto da miscigenação do índio e mais tarde dos negros junto aos
imigrantes europeus que ali se fixaram. Enquanto o caipira ligado à terra, o Caiçara de maneira
diversa se liga a terra e o mar. É fruto da cultura cabocla, da mistura de povos, da vida nos sítios
com a família e comunidade vivendo majoritariamente do que pesca e do que planta.

Organização do Fandango
No Fandango Caiçara, música e dança são elementos inseparáveis. Cada fundo musical é
chamado de “marca” ou “moda” e possui toques e danças específicas. Estas se dividem
basicamente em calçados ou bailados - dançados em pares por homens e mulheres sem
coreografia. Também se dividem em batidos e rufados. Nos batidos os homens usam tamancos
feitos de madeira resistente como Canela ou Laranjeira, batendo palmas e tamanqueando no
assoalho de madeira seguindo a marca da moda executada. Em muitos dos casos, o tamanco
também está atuando como instrumento percussivo. As mulheres acompanham os dançadores
em coreografia circulares onde os pares vão trançando figuras, sendo a mais comum de um “8”
em sentido anti-horário.
Os grupos musicais que acompanham o Fandango são compostos por dois tocadores de
viola que cantam as melodias em intervalos de terças, um tocador de rabeca chamado de
rabequista ou rabequeiro e um tocador de adufo, este uma espécie de pandeiro artesanal. Em
algumas outras regiões ainda litorâneas, além destes instrumentos, podem ser vistos: violões,
bandolins, cavaquinhos, surdos e tantan. A prática de difusão do Fandango, assim como em
outras manifestações populares, é exclusivamente oral, sendo uma prática que é cultivada em
pequenas comunidades ao passar de geração em geração.

O Fandango como Patrimônio Histórico de Natureza Imaterial
O Fandango Caiçara, em novembro de 2012 foi registrado como “Patrimônio Cultural do
Brasil” junto ao IPHAN. A salvaguarda de um bem cultural de natureza imaterial tem por intuito:
• Apoiar a continuidade de sua prática a partir de festivais e outros eventos;
• Melhorar as condições sociais de seus praticantes, estes predominantes nas
regiões litorâneas do sul de São Paulo de norte do Paraná;
• Atuar nos materiais de transmissão e difusão da cultura caiçara a partir do
Fandango enquanto gênero da cultura popular brasileira.


13


Figura 4: Imagem de um grupo de Fandango registrado pelo IPHAN em 2012,
com destaque para dançarinos e dançarinas vestidos a caráter e
pelos instrumentistas de Rabeca, Adufe/Pandeiro e Viola Branca.

Disponível em:
https://soundcloud.com/gabriel-duarte-158/sets/fandango-caicara/s-5AFz0YT6cse

CAVALHADA (CAIO)

A Cavalhada é um folguedo popular e é originária da Europa. Segundo página da Biblioteca


Virtual do Estado de São Paulo, trata-se de um folguedo popular, ou seja: uma representação com
personagens e figurino de um evento. Não se trata de uma manifestação cultural voltada à
prática musical, mas sim ao conjunto de música e encenação. No caso da Cavalhada de São Luís
do Paraitinga, toda a cidade se envolve na confecção dos figurinos, objetos e organização do
evento, que retrata da grande batalha de Carlos Magno contra os Mouros, episódio no qual
Magno consegue vencer e expulsar os mouros de parte da Península Ibérica.

As cavalhadas recriam os torneios medievais e as batalhas entre cristãos e mouros,
algumas vezes com enredo baseado no livro Carlos Magno e Os Doze Pares da França, uma
coletânea de histórias fantásticas sobre esse rei. No Brasil, registam-se desde o século XVII
e acontecem principalmente durante as festas do Divino, nas regiões Sul, Sudeste e Centro-
Oeste do Brasil. (Prefeitura de São Luís do Paraitinga, disponível em
https://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/cidade/manifestacoes-culturais.)


14

Na pequena cidade do interior paulista, a os participantes são divididos em 2 grupos com 12
cavaleiros em cada. Os que vestem uniformes azuis, representam os cristãos. Os de vermelho, os
mouros. Todos estão “armados” com espadas, garruchas e lanças. Como de tradição, ao final do
evento os mouros perdem a batalha e são convertidos à fé cristã. Na cidade de São Luís do
Paraitinga, o evento termina com competições equestres e fogos de artificio.

Nesse teatro equestre dois grupos de cavaleiros (um total de 24) vestem uniformes em
que prevalecem as cores azul e vermelho, tendo como complementos várias fitas e outros
adornos. Enquanto os cristãos (de azul) e os mouros (de vermelho) combatem a cavalo,
desenhando evoluções no campo, diversos rapazes e meninos – os “espias” ou “palhaços”
– fazem brincadeiras entre o público, desenvolvendo um “combate” paralelo ao de Carlos
Magno contra os mouros. Atualmente a Cavalhada de São Pedro de Catuçaba de São Luiz
do Paraitinga são lideradas pelo Sr. Renô Martins e Sr. Lauro de Castro Faria. (Prefeitura
de São Luís do Paraitinga, disponível em
https://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/cidade/manifestacoes-culturais.)

A Cavalhada é uma das manifestações culturais que acontecem durante as comemorações do
Divino Espírito Santo na cidade. Ao longo de certo período, diversas atividades como danças,
folguedos e apresentação são oferecidas à população e viajantes, afirmando todo ano a
importância cultural de São Luís do Paraitinga. Embora existam Cavalhadas em outras cidades
do interior paulistano, é a de São Luís que permanece como o grande folguedo em memória a
Magno no Brasil.
A Festa do Divino Espírito Santo como um todo é de grande importância para a cidade e
região, tanto culturalmente quanto economicamente. É neste período que a cidade recebe e
hospeda grande número de visitantes de todo o Brasil. Ciente da importância do evento, A
prefeitura de São Luís disponibiliza grande número de informações sobre as danças e folguedos
presentes em seu site oficial.



15


Local das Imagens: São Luís do Paraitinga Fonte: Google Imagens.

DANÇA DE FITAS (CAIO)

A Dança de Fitas é uma dança popular presenta em vários estados brasileiros, assim como
em outros países sul-americanos como Argentina e México. Originária da Ilha dos Açores, onde
hoje é Portugal, espalhou-se pelo Brasil durante o período colonial e hoje é uma das principais
danças das festividades do período junino.
Embora seja uma dança popular, não possui um estilo de música próprio, utilizando músicas
de outras danças como a Quadrilha ou a Polca. A instrumentação das bandas que tocam para a
Dança de Fitas. Seguem o mesmo padrão das músicas juninas em geral, assim como seus ritmos
são cadenciados.
A coreografia segue o ritmo dos instrumentos musicais, como sanfona, violão e
pandeiro. A Dança da Fita tinha sua própria música, uma marchinha
acompanhada por violas, rabecas, entre outros instrumentos, por causa da
regionalização, passou a ter variações na música e nos instrumentos. (Texto
extraído do Portal de Cultura do Estado de Alagoas.)

16


Sobre a coreografia, os participantes são divididos em dois grupos. Orbitam um grande
mastro de madeira e cada um segura uma fita presa ao topo do mastro. Os participantes devem
danças dando voltas nesse mastro, de forma a enrolas as fitas. Continuam dando voltas até que
não seja mais possível prosseguir. Em sequência, desenrolam as fitas do mastro dançando
novamente em sentido contrário.

Este seminário procura estudar a dança de fitas do estado de São Paulo. Entretanto, não
existe grande diferença entre a dança praticada aqui e em outros estados. O portal de cultura do
estado de Alagoas mostrou-se como uma das principais fontes de informação sobre a dança.
Segundo tal portal, a dança de fitas representa a saudação aos novos brotos de uma árvore após
um longo e rigoroso inverno. Trata-se de uma comemoração da vida que volta a surgir ao início
da primavera. Na cidade de São Luís do Paraitinga, frequentemente esta dança popular de como
participantes jovens garotas, mais uma alusão à vida nova que se estabelece. O site oficial da
Prefeitura de São Luís apresenta inúmeras informações sobre a manifestação. Sobre essa dança,
o site diz:
Um grupo de meninas da cidade realiza evoluções ao redor de um mastro de fitas em trajes
multicoloridos ao som de marchinhas e polcas. O mastro do centro tem dois metros de
altura e dele pendem seis fitas vermelhas e seis azuis. Os primeiros passos lembram um
pouco a quadrilha das festas juninas, mas logo o mastro graças ao entrelaçamento das fitas
fica todo quadriculado em azul e vermelho. Por muito anos a dança de fitas de São Luiz do
Paraitinga foi liderada e organizada pela Sra. Didi Andrade. Atualmente sua sobrinha Rosa
Antunes é quem cuida do grupo, dando continuidade a essa importante manifestação da
cultura local. (Prefeitura de São Luís do Paraitinga, disponível em
https://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/cidade/manifestacoes-culturais.)

Assim como a cavalhada, São Luís mantém viva a tradição da dança de fitas em suas inúmeras
manifestações populares de dança e folguedos. Visitar São Luís em época de festa é um dever de
todos aqueles que o podem realizar.

Local das Imagens: Imagens 1 e 2: São Luís do Paraitinga. Imagem 3: Botucatu. Fonte: Google
Imagens.
1

17





18

CARANGUEJO (ALANA)

Caranguejo, assim como Cana-verde de mão, Cana-verde valsada, Arara, Flor-do-mar,


Canoa, Limão, Chapéu, Choradinha, Mariquita, Namorador, Zombador, fazem parte de danças
folclóricas brasileiras, de origem açoriana, mais conhecidas como Cantigas. Com a imigração
Açoriana para o Sul do Brasil, em meados de 1615, mais precisamente na região do Rio Grande
do Sul, muitas danças foram instituídas e difundidas pelo território brasileiro.Porém, os
primeiros registros dessa dança, se dá em meados do século XIX, e o primeiro registro musical
feito apenas em 1903, por Alcides Cruz, para o Anuário do Rio Grande do sul. É uma dança
cantada, com letras que variam conforme a região, sendo descrito principalmente em cantigas
de roda e canções infantis. As músicas são na forma “solo - coro “, onde os dançarinos respondem
ao cantor solista.O acompanhamento musical é feito por viola, violão, cavaquinho e adufes,
podendo também variar de região, acrescentando como por exemplo, o mancado: caixote de
madeira percutido com tamancos, pandeiro e até mesmo bumbo.
Na região Sul de São Paulo e também no litoral, o Caranguejo é apresentado como uma
dança um pouco mais simplista do que no Rio Grande do Sul. Sua coreografia é bastante simples.
Os pares se ficam dispostos em círculo, com os homens do lado externo e as mulheres do lado
interno, um de frente para o outro, feito uma cantiga. Os círculos vão movendo-se em direções
opostas, alterando os pares iniciais. A primeira parte da dança consiste na marcação “Os homens
levam o pé direito à frente, e batem fortemente com toda-planta; as mulheres levam o pé direito a
frente, estirando a perna, e batem levemente com a meia-planta do pé. O peso do corpo fica sobre
a perna esquerda.” – Manual de Danças Gaúchas, 1961. Ao terminar essa sequência, o pé volta
para a posição inicial, e logo em seguida, conferem 3 batidas de palma. Após essa sequência é
executada 7 passos de marcha, juntamente com o “Balancê”. Após essa primeira seção, acontece
as tradicionais batidas de pés e mãos, além dos giros enlaçados, permanecendo nas diagonal. Há
variações de cidade para cidade sobre as batidas de pé. Na região de Itanhaém, os pés são batidos
alternadamente, alternando com as palmas. Já na região do Guarujá os pés não se alternam e há
movimentação somente no pé direito. Após essa primeira parte, os dançarinos se cruzam,
trocando de lugar e ficando um de frente para o outro. Nos 4 primeiros compassos, os dançarinos
erguem os braços próximo ao rosto e estalam os dedos, trocando de lugar com o dançarino que
está a sua esquerda.

Canção Tradicional: Caranguejo


19

Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Se não fosse caranguejo
Não se dançava em Bagé
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Eu já vi um caranguejo
Sentado e lavando os pés
Caranguejo não é peixe
Caranguejo peixe é
Eu já vi um caranguejo
Namorando uma “Muié”.

Alguns exemplos:
• https://www.youtube.com/watch?v=p-r2GYnGHT8
- Caranguejo (Dança Tradicionalista - Grupo Querência N'Ativa)
• https://www.youtube.com/watch?v=VAQpAHeNCOg
- DANÇA DO CARANGUEJO E DO SABÃO - SÃO LUIZ DO PARAITINGA SP
• https://www.youtube.com/watch?v=4K-DeQZ00SU
- Danças Paulistas - Caranguejo (Fandango Caiçara do Litoral Norte- Ubatuba-SP)
• https://www.youtube.com/watch?v=5G8R3sPyE8I
- DANÇA DO CARANGUEJO E DO CHAPÉU - PRUMIRIM - UBATUBA SP
• https://www.youtube.com/watch?v=vKRmAs9XkXM
- Dança do Sabão e Dança do Caranguejo - Cultura Caipira - Leandro Barbosa e
Amanda Cursino 2017


CONGADA (ADRIEL)

CONTEXTO HISTÓRICO

Embora seja uma manifestação cultural presente em todo o Brasil, a Congada teve sua
origem traçada à época do ouro das Minas Gerais. A região do planalto de São Paulo não era tão
próspera no final do século XVII, pois transferir a Cana de Açúcar das férteis terras do interior
para o litoral paulista, barrado pela Serra do Mar, não era uma tarefa fácil . Assim, os moradores
brancos viviam com uma agricultura de subsistência, preferindo escravizar indígenas, já que não
podiam pagar por escravos negros. Porém, a situação mudou quando se descobriu o ouro no
final do século nas minas do interior da região Sudeste. Muitos foram atraídos às cidades
mineiras que, até então, fazia parte da Capitania Paulista. Este ouro permitiu o financiamento do

20

comércio de escravos, o que permitiu que uma grande massa de negros africanos fosse trazidos
às regiões das minas.
Os cativos africanos, proibidos pelos brancos, não poderiam manifestar sua cultura
livremente como em sua terra natal. Assim, houve uma grande apropriação da cultura católica
por parte dos negros para, então, poderem fazer seus rituais de maneira mais discreta. O
sincretismo é a raiz de muitas das danças afro-brasileiras.

A ORIGEM DOS GRUPOS DE CONGADO
Os grupos de congado estão associados diretamente à devoção a Nossa Senhora do
Rosário. Antes que o ouro da Capitania Paulista fosse descoberto, já havia em Portugal, Alemanha
e em países Africanos irmandades do Rosário e devoções à Nossa Senhora do Rosário que já
associavam diversos elementos existentes no congado atual.
É difícil estabelecer uma origem real ao congado do século XXI. No estatuto da Irmandade
da Nossa Senhora do Rosário dos Pretos de Ouro Preto, está colocado que para a realização da
festa de Nossa Senhora do Rosário, esta irmandade teria um rei e uma rainha negros de qualquer
nação ou estado (livre ou cativo). Estes reis, ao fazerem as manifestações da festa (procissões,
missas e eventos públicos), poderiam estar presentes nessas festas com uma corte. Estes reis
precisavam de um grupo para arrecadar dinheiro para as festividades. No século XVIII, existiam
grupos com a bandeira de Nossa Senhora do Rosário organizando essas festas, os quais
cantavam e dançavam participando dos rituais religiosos nos padrões da igreja católica, mas que
também tinham padrões e rituais próprios das manifestações religiosas que aprenderam nas
suas terras e com seus povos.
É difícil explicar como o congado se desenvolveu no Sudeste, porque não existe registro
sobre a atuação e o papel dos negros. Em geral, só se tem registros dos negros quando eles
cometem alguma contravenção ou sob o olhar do dominador. O congado em si era uma
manifestação pagã, pois os grupos de congo não era permitido nas igrejas. Mas os negros
começaram a cultuar os santos católicos, não deixando de cultuar seus orixás.
Segundo a lenda, Chico Rei era um rei africano que foi trazido como escravo ao Brasil.
Durante sua vida, ele conseguiu a sua alforria e a dos seus, compondo uma festa que hoje
conhecemos como Festa de Nossa Senhora do Rosário. A partir dessa festividade, vieram as
danças de Congo, que é uma maneira de se dançar em agradecimento aos orixás. Não existe
Congada na África, pois é uma manifestação sincrética brasileira.


21

UMA DAS TRADIÇÕES MUSICAIS DO CONGADO
Uma congada (ou congado) é formada da seguinte maneira: à frente da guarda vai a
bandeira ou estandarte dos santos de devoção ou o que dá nome à guarda. Pode haver uma ou
mais bandeiras. A ordem dos instrumentos que compõem a guarda é dos mais agudos aos mais
graves. Então, temos primeiramente temos os instrumentos de pergunta (tambores e alfaias
agudos) e, depois, caixas de resposta (graves).
Existem vários tipos de toques: os de caminhada, os lamentos, entre outros. Cada toque
depende da guarda. Algumas usam toques mais enérgicos; outros, menos enérgicos. Os capitães
possuem um tambor de repique quadrado chamado tamboril (ou tamborim) para puxarem a
célula rítmica.
As vestimentas do congo variam bastante. Pode representar um valor (o branco da paz)
ou o santo de devoção (azul claro ou rosa claro para Nossa Senhora do Rosário, marrom para
Santa Efigênia etc.). Cada capitão possui um quepe (chapéu militar) revestido com flores e fitas,
sendo que cada uma delas representa um santo. Há três espelhos na frente representando a
trindade divina (Pai, Filho e Espírito Santo). Dentro da cerimônia, há também uma luta de espada
entre os três capitães representando a luta entre o bem e o mal. Enquanto dois lutam, um terceiro
usa a espada cortando e equilibrando a energia dos dois lados, significando que ninguém é tão
bom e ninguém é tão mal.

AS SUBDIVISÕES E VARIANTES
Os Congados, de maneira generalizada, podem subdividir-se em quatro subgrupos:
Candombe, Congado, Congo e Moçambique. Esta última é a única guarda na hierarquia do
congado que pode tirar a Nossa Senhora do Rosário de dentro da igreja, tendo o toque mais
marcial entre os quatro grupos. Em sua orquestração, há as caixas ou alfaias de som grave e
pulsante, as gungas amarradas ao pé e o patangome, um instrumento mineiro criado por
moçambiqueiros que imita o som da bateira (instrumento de tirar o ouro). Esse conjunto de
instrumentos é o que forma o ritmo do Moçambique, que ainda possui várias ramificações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Disponível em:
https://www.mundodadanca.art.br/2010/03/danca-folclorica-gaucha-parte-1.html.


22

Disponível em:
http://www.educacaofisica.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=423.

Disponível em: http://www.bibliotecavirtual.sp.gov.br/temas/sao-paulo/cultura-e-folclore-
paulista-dancas-e-folguedos.php. Acesso em 25 nov 2020.

Disponível em: https://estanciavirtual.com.br/inicial/2018-09-02-caranguejo-c3-89-minueto-
ou-contradan-c3-87a/.

Disponível em: http://abacai.org.br/patrimonio_imaterial/jongo/. Acesso em 25 nov 2020.

Disponível em: https://ims.com.br/eventos/mulheres-no-jongo-ims-
paulista/?fbclid=IwAR1ySb4uR1FUhtr8Mkrmm3Pexd4q6wBjF-Jm_zCtu78iNV25agJgPzbUQhI.
Acesso em 25 nov 2020.

Disponível em: http://www.pontaojongo.uff.br/. Acesso em 25 nov 2020.

Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/artes/catira. Acesso em 29 nov.
2020.

Disponível em: https://blog.rodeowest.com.br/mundo-country/danca-catira-tradicional-
danca-sertaneja/. Acesso em 29 nov. 2020.

Disponível em:
http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=104#:~:text=A
%20Catira%20tem%20sua%20origem%20muito%20discutida.&text=Diversos%20autores%
20nos%20contam%20que,Concei%C3%A7%C3%A3o%2C%20da%20qual%20era%20devoto.
Acesso em 29 nov. 2020.

II Encontro de Tambores - Jongo do Tamandaré. São Paulo, 2017. 1 vídeo (12 min). TZÉ
Filmes. Publicado pelo canal Mucambos de Raíz Nagô. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=Lk3_nwcw28E . Acesso em 25 nov. 2020.

PONTOS para abrir o jongo. Guaratinguetá. 1 vídeo (3 min). Publicado pelo canal Outras vozes.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=lkNS6T_-4f0 . Acesso em 25 nov. 2020.

E-book "Danças Folclóricas & Tradicionais- Uma proposta pedagógica".

FESTANÇA - Feiticeiros da Palavra. [s.l.], 2000. 1 vídeo (8 min). Publicado pelo canal Outras
vozes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=tfOoXRGFNT0 . Acesso em 25 nov.
2020.

GRUPO Cachuera! - Roda de Jongo no Espaço Cachuera (Ponto de Jongo do Tamandaré,
Guaratinguetá--SP). São Paulo, 2012. 1 vídeo (2 min). Publicado pelo canal Pôr do Som.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=a_1uj0e3bD8 . Acesso em 25 nov. 2020.

GRAVAÇÃO com Mestre Jefinho e Regina | "Jongueiro Velho". Guaratinguetá, 2010. 1 vídeo (2
min). Publicado pelo canal Mestres Navegantes. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=45zRLLKqcTY . Acesso em: 25 nov. 2020.

23


JONGO do Tamandaré. Guaratinguetá. 1 vídeo (10 min). Publicado pelo canal Andréa de
Valentim. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=66OSb0vBjEY . Acesso em: 25
nov. 2020.

REMINISCÊNCIAS – Feiticeiros da palavra. [s.l.], 2000. 1 vídeo (5 min). Publicado pelo canal
Outras vozes. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=xInqYwA8lUk . Acesso em
25 nov. 2020.


CONGADEIROS - episódio 2 | Origens do congado. 1 vídeo (17 min). Publicado pelo canal TV
UFOP. Disponível em: https://youtu.be/uHNFamiagIQ . Acesso em: 2 dez. 2020.


CONGADEIROS - episódio 3 | Características do congado. 1 vídeo (17 min). Publicado pelo canal
TV UFOP. Disponível em: https://youtu.be/5zyzS1Fi_d8 . Acesso em: 2 dez. 2020.


SILVA, Valdir Luciano Pfeifer da. AS CONGADAS EM SÃO PAULO: CANÇÕES, NARRATIVAS E
PALAVRAS. 2009. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas,
2009. Disponível em:
http://repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/268971/1/Silva_ValdirLucianoPfeiferda_
M.pdf . Acesso em: 2 dez. 2020.

Você também pode gostar