A Desconsideração Do Princípio Da Legalidade Pelo Fisco Na Criação de Tributos
A Desconsideração Do Princípio Da Legalidade Pelo Fisco Na Criação de Tributos
A Desconsideração Do Princípio Da Legalidade Pelo Fisco Na Criação de Tributos
Quando se expõe que deve a criação ou aumento de tributo ser feito por meio de lei, não
se trata aqui de, parafraseando Shakespeare, simplesmente dizer “ter ou não ter tributo,
eis a questão”.
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MAXWELL LADIR VIEIRA - Sócio da Ladir & Franco Advogados (LEXNET Uberlândia), pós-
graduado em Direito Tributário pelo Instituto de Brasileiro de Estudos Tributários (IBET) e em Direito
Processual Civil pela Universidade Federal de Uberlândia-MG.
CTN, não precisam serem tratadas por lei no sentido estrito, respeitando apenas o
conceito previsto no artigo 96 do CTN:
Quanto à hierarquia das normas, tem sido bastante comum a criação de normas que
estejam em claro descompasso com o texto constitucional ou mesmo com dispositivos
legais infraconstitucionais, mas superiores hierarquicamente, como uma Instrução
Normativa inovar o texto de uma lei que ela deveria apenas regulamentar ou esclarecer.
Um exemplo claro disso foi a definição do conceito de receita bruta e faturamento, para
efeito de PIS e COFINS, que foi indevidamente tratado pela Lei 9,718/98, e ao se
aperceber tal falha, foi tentada sua regularização posterior pelo Governo Federal através
de alteração da própria Constituição Federal do inciso II artigo 195 da Constituição
Federal, que teve, é claro, o reconhecimento de inconstitucionalidade daquela lei ao
tratar daqueles conceitos por contrariar previsão constitucional.
Outro exemplo foi o julgamento do RE 632235, cujo acórdão foi publicado no dia
05/10/2015 no DJe nº 199, que tratou de um discussão sobre uma mudança na apuração
e recolhimento do ICMS do Estado do Rio de Janeiro, através dos Decretos nº
31.632/2002 e 35.219/2004. O Estado do Rio de Janeiro argumentava que estes
Decretos apenas alteraram prazos de recolhimento, o que não prevaleceu, restando
demonstrado que as mudanças foram em criar, por Decretos, uma sistemática de
apuração do tributo, diferente da prevista na lei instituidora do imposto no Estado.
Assim, têm ocorrido muitas normas que simplesmente afrontam até a exigência prevista
na Constituição Federal do tipo de norma apta a tratar de determinados tributos, como
no caso da contribuição previdenciária de produtores rurais pessoas físicas com
empregados, chamada comumente de FUNRURAL, e cuja exigibilidade foi criada para
estes por meio de lei ordinária, quando na realidade a exigência constitucional era de lei
complementar, o que foi reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no RE
363.852/MG, considerando inconstitucional a exigência deste tributo por lei ordinária.