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Caso 1: Supremo declara que incidência de ISS em contrato de franquia é

constitucional – RE 603.136
É constitucional a incidência de ISS sobre contratos de franquia.
De acordo com o relator, ministro Gilmar Mendes, a estrutura do negócio de franquia inclui tanto as
obrigações de dar como prestações de fazer. Isso porque o contrato não se resume a "uma simples cessão
de direitos, "sem qualquer forma de prestação de serviços".
"O contrato de franquia inclui, sim, uma prestação de serviço passível de sofrer incidência do imposto
municipal. Há, nesse liame contratual, inegável aplicação de esforço humano destinado a gerar utilidade
em favor de outrem (o franqueado). O vínculo contratual, nesse caso, não se limita a uma mera obrigação
de dar, nem à mera obrigação de fazer", afirmou o ministro.
O caso concreto trata uma empresa de comércio de alimentos que firmou contrato de franquia com uma
rede de fast food, que inclui cessão de uso de marca, treinamento de funcionários, aquisição de matéria-
prima, dentre outros.
A empresa alega que incidência do ISS é inconstitucional porque a atividade-fim não é prestação de serviço.
Ao analisar o caso, Gilmar citou diversos precedentes da corte para ilustrar a controvérsia. Em casos de
locação em si, o STF não entende como serviço, por se tratar se de uma obrigação de dar, e não de fazer.
No entanto, outros precedentes vão no sentido de que incide ISS sobre atividades que representem tanto
obrigações de fazer quanto obrigações mistas, que também incluem uma obrigação de dar. O ministro
apontou ainda que mesmo a nova lei de franquias (Lei 13.966/2019) não mudou o aspecto conceitual, que
caracteriza a franquia como um contrato híbrido e complexo.
O relator foi seguido pelos ministros Alexandre de Moraes, Luiz Edson Fachin, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Rosa
Weber, Ricardo Lewandowski e Luís Roberto Barroso.

Entendimento contrário
É sabido que a lista de serviços sujeita ao ISS é taxativa em relação a lista anexa à Lcp 116. A divergência do
ministro Marco Aurélio, no entanto, foi no sentido de declarar a inconstitucionalidade do item que prevê a
franquia nesta lista de serviços. De acordo com o ministro, a franquia trata da disponibilização de marca ou
patente e não a prestação do serviço, em si. Para o ministro, o artigo 156, inciso III, "não autoriza
conceituar como serviço aquilo que não o é".
Assim, o enquadramento da franquia como serviço, segundo ele, é inadequado, "ante a incompatibilidade
material com o previsto no texto constitucional, sob pena de ter-se endosso a manipulação, pela legislação
complementar, da repartição constitucional de competências".
Marco Aurélio foi acompanhado pelo decano, ministro Celso de Mello. Não participou do julgamento o
ministro Dias Toffoli, por motivo de licença médica.

Caso 2: ADI 5.422-DF


Tese Jurídica Simplificada
Não poderá incidir Imposto de Renda sobre valores obtidos a título de pensão alimentícia pelo alimentado.

Tese Jurídica Oficial


É inconstitucional norma que prevê a incidência do imposto de renda sobre valores percebidos pelo
alimentado a título de alimentos ou pensão alimentícia.

Resumo Oficial
A materialidade do IR está necessariamente ligada à existência de acréscimo patrimonial. Nesse contexto,
os alimentos ou pensão alimentícia oriundos do direito de família representam, para os alimentados,
apenas entrada de valores, pois se revelam como montantes retirados dos acréscimos patrimoniais
auferidos pelo alimentante. Assim, o recebimento de renda ou provento de qualquer natureza pelo
alimentante – de onde ele retira a parcela a ser paga ao credor dos alimentos – já configura, por si só, fato
gerador do IR. Por isso, submeter também os valores recebidos pelo alimentado representa nova incidência
do mesmo tributo sobre a mesma realidade, configurando bis in idem camuflado e sem justificação
legítima, em evidente violação ao texto constitucional.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, conheceu em parte da ação e, nessa parte, a julgou
procedente para dar interpretação conforme a Constituição ao art. 3º, § 1º, da Lei 7.713/1988, aos arts. 4º
e 46 do Anexo do Decreto 9.580/2018, e aos arts. 3º, caput e § 1º; e 4º do Decreto-lei 1.301/1973, com o
intuito de afastar a incidência do imposto de renda sobre valores decorrentes do direito de família
percebidos pelos alimentados a título de alimentos ou de pensões alimentícias.

Caso 3: RE 855.649-RS
Tese Jurídica Simplificada
O Imposto de Renda incide sobre os depósitos bancários considerados como omissão de receita ou
rendimento, tanto de pessoa física quanto jurídica.

Tese Jurídica Oficial


É constitucional a tributação de valores depositados em conta mantida junto a instituição financeira, cuja
origem não for comprovada pelo titular — pessoa física ou jurídica —, desde que ele seja intimado para
tanto. Dessa forma, incide Imposto de Renda sobre os depósitos bancários considerados como omissão de
receita ou de rendimento, em face da previsão contida no art. 42 da Lei 9.430/1996.

Resumo Oficial
É constitucional a tributação de valores depositados em conta mantida junto a instituição financeira, cuja
origem não for comprovada pelo titular — pessoa física ou jurídica —, desde que ele seja intimado para
tanto. Dessa forma, incide Imposto de Renda sobre os depósitos bancários considerados como omissão de
receita ou de rendimento, em face da previsão contida no art. 42 da Lei 9.430/1996.
Consoante o art. 43 do CTN, o aspecto material da regra matriz de incidência do IR é a aquisição ou
disponibilidade de renda ou acréscimos patrimoniais. Verifica-se que o art. 42 da Lei 9.430/1996 — lei
ordinária — não ampliou o fato gerador do Imposto de Renda. Ele trouxe apenas a possibilidade de se
impor a exação quando o contribuinte, embora intimado, não conseguir comprovar a origem de seus
rendimentos.
Pensar de maneira diversa permitiria a vedação à tributação de renda obtida, cuja origem não foi
comprovada, na contramão de todo o Sistema Tributário Nacional e em violação aos princípios da
igualdade e da isonomia. A omissão de receita resulta na dificuldade de o Fisco auferir a origem dos
depósitos efetuados na conta corrente do contribuinte, bem como o valor exato das receitas/rendimentos
tributáveis, o que também justifica atribuir o ônus da prova ao correntista omisso.
Por fim, o acórdão recorrido manteve o lançamento tributário realizado pelo Fisco, por compreender não
comprovada, no âmbito de procedimento fiscalizatório, a origem das quantias depositadas na conta
corrente do contribuinte. Para se chegar à conclusão diversa, o Supremo Tribunal Federal precisaria
incursionar nos fatos e provas constantes dos autos, o que é vedado em sede de recurso extraordinário,
conforme Verbete 279 da Súmula do STF.
Ao apreciar o Tema 842 da repercussão geral, o Plenário, por maioria, negou provimento ao recurso
extraordinário do contribuinte. Vencidos os ministros Marco Aurélio (relator) e Dias Toffoli.

Julgados Relacionados
STF – Tese 842 – O artigo 42 da Lei 9.430/1996 é constitucional.

Caso 4: RE 851.108-SP
Tese Jurídica Simplificada
Os estados e o Distrito Federal não podem instituir o ITCMD sem regulamentação por Lei Complementar
nas seguintes hipóteses:
 Quando o doador ou o de cujus tiver domicílio ou residência no exterior;
 Quando o de cujus tiver bens no exterior ou seu inventário for processado no exterior.
Tais hipóteses estão elencadas no art. 155, §1º, III, da CF.

Tese Jurídica Oficial


É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art. 155, § 1º, III, da
Constituição Federal sem a intervenção da lei complementar exigida pelo referido dispositivo
constitucional.

Resumo Oficial
Embora a CF de 1988 atribua aos estados a competência para a instituição do imposto transmissão “causa
mortis” e doação (ITCMD), também a limita, ao estabelecer que cabe a lei complementar – e não a leis
estaduais – regular tal competência em relação aos casos em que o doador tiver domicílio ou residência no
exterior, bem como nas hipóteses em que o “de cujus” possuía bens, era residente ou domiciliado ou teve
seu inventário processado no exterior.
Especificamente em matéria de legislação tributária, o art. 146 da CF estatui, em síntese, caber à lei
complementar três funções: a) dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária entre os entes
federativos; b) regular as limitações ao poder de tributar; e c) estabelecer normas gerais em matéria de
legislação tributária.
Nos termos do art. 146, III, a, da CF, na ausência da lei de normas gerais definindo os fatos geradores, as
bases de cálculo e os contribuintes, não há dúvidas de que os estados e o Distrito Federal, fazendo uso da
competência aludida no art. 24, § 3º, da CF, podem legislar, de maneira plena, editando tanto normas de
caráter geral quanto normas específicas. Também na autorização dada pelo art. 34, § 3º, do ADCT, o texto
constitucional oferece espaço para a legislação supletiva dos estados na edição de leis complementares que
disciplinem os seus impostos. Em tais hipóteses, sobrevindo norma geral federal, ficará suspensa a eficácia
da lei estadual ou do Distrito Federal.
Nesse sentido, no uso da competência privativa estatuída no inciso I do art. 155 da CF, poderão os estados
e o Distrito Federal, por meio de lei ordinária, instituir o ITCMD no âmbito local, dando ensejo à cobrança
válida do tributo. Não teria cabimento os estados e o DF ficarem à míngua de receitas tributárias próprias
pela desídia do legislador da lei complementar de normas gerais.
No entanto, em razão das múltiplas funções da lei complementar, é importante atentar que o art. 24, § 3º,
da CF e o art. 34, § 3º, do ADCT não autorizam a ação dos estados em qualquer caso de inexistência da lei
nacional.
Assim, a competência dos estados e do Distrito Federal a que alude o art. 24, § 3º, da CF não se estende ao
tratamento de matéria de direito tributário que, inevitavelmente, se imiscua em outras unidades federadas
ou envolva conflito federativo. No campo dos limites da competência concorrente, a regulamentação da
matéria diretamente pelos estados teria consequências que excederiam os limites dos poderes tributantes
e constituiria campo fértil ao surgimento de conflito horizontal de competências.
No caso do ITCMD, o inciso III do § 1º do art. 155 da CF é exceção às hipóteses previstas nos incisos I e II do
mesmo parágrafo. A exceção confirma a regra. Prescinde de lei complementar a instituição do imposto
sobre transmissão “causa mortis” e doação de bens imóveis – e respectivos direitos – móveis, títulos e
créditos no contexto nacional. Já as alíneas a e b do inciso III do § 1º do art. 155 da CF especificam a
necessidade de regulação por lei complementar para as hipóteses de transmissão de bens imóveis ou
móveis, corpóreos ou incorpóreos localizados no exterior, bem como de doador ou de “de cujus”
domiciliados ou residente fora do país, no caso de inventário processado no exterior.
Devido ao elemento da extraterritorialidade, o Constituinte ordenou ao Congresso Nacional que
procedesse a um maior debate político sobre os critérios de fixação de normas gerais de competência
tributária, com o intuito de evitar conflitos de competências geradores de bitributação entre os estados da
Federação e entre países com os quais o Brasil possui acordos comerciais, mantendo uniforme o sistema de
tributos.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, apreciando o Tema 825 da repercussão geral,
negou provimento ao recurso extraordinário. Vencidos os ministros Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia,
Luiz Fux (Presidente) e Gilmar Mendes, que deram provimento ao recurso.
Na sequência, o Plenário, por maioria, modulou os efeitos da decisão, atribuindo-lhes eficácia “ex nunc”, a
contar da publicação do acórdão em questão, ressalvando as ações judiciais pendentes de conclusão até o
mesmo momento, nas quais se discuta: (a) a qual estado o contribuinte deve efetuar o pagamento do
ITCMD, considerando a ocorrência de bitributação; e (b) a validade da cobrança desse imposto, não tendo
sido pago anteriormente. Vencidos os ministros Marco Aurélio e Edson Fachin. No tocante ao apelo
direcionado ao legislador, o Plenário, por maioria, entendeu não ser o caso. Ficaram vencidos nessa
proposta os ministros Dias Toffoli (relator), Rosa Weber, Roberto Barroso e Nunes Marques.
Julgados Relacionados
STF – Tese 825 – É vedado aos estados e ao Distrito Federal instituir o ITCMD nas hipóteses referidas no art.
155, § 1º, III, da Constituição Federal sem a intervenção da lei complementar exigida pelo referido
dispositivo constitucional.

Caso 5: IPVA deve ser recolhido no domicílio do proprietário do veículo – RE


1.016.605
Para a maioria do Plenário, a lei de MG que prevê a cobrança está de acordo com a estrutura do IPVA e
com o Código de Trânsito. O Plenário do STF decidiu que o IPVA deve ser recolhido no domicílio do
proprietário do veículo, onde o bem deve ser, de acordo com a legislação sobre o tema, licenciado e
registrado.
Por maioria de votos, o colegiado desproveu o RE 1016605, em que uma empresa de Uberlândia (MG)
pretendia recolher o tributo no Estado de Goiás, onde havia feito o registro e o licenciamento de veículo de
sua propriedade. O recurso tem repercussão geral reconhecida (Tema 708) e afetará, pelo menos, 867
processos sobrestados.
No STF, a empresa pretendia a reforma de decisão do TJ-MG que havia reconhecido a legitimidade do
estado para a cobrança do imposto. Segundo o artigo 1º da Lei estadual 14.937/2003 de MG, a cobrança do
IPVA independe do local de registro, desde que o proprietário seja domiciliado no estado.

Guerra fiscal
Prevaleceu, no julgamento, o voto do ministro Alexandre de Moraes. Ele recordou que o IPVA foi criado em
1985 por meio de emenda constitucional e repetido na Constituição de 1988. A justificativa é remunerar a
localidade onde o veículo circula, em razão da maior exigência de gastos em vias públicas – tanto que
metade do valor arrecadado fica com o município, como prevê o artigo 158.
O ministro assinalou ainda que o Código de Trânsito Brasileiro não permite o registro do veículo fora do
domicílio do proprietário. “Ou seja, licenciamento e domicílio devem coincidir”, afirmou. No caso dos
autos, o ministro observou que se trata de um “típico caso de guerra fiscal”, em que estados que
pretendem ampliar a arrecadação reduzem o IPVA.
Com falsas declarações e com a intenção de recolher um imposto menor, o contribuinte alega ser
domiciliado num determinado estado quando, na verdade, reside em outro. “Se a legislação estabelece que
só se pode licenciar em determinado domicílio, e o veículo está em outro, evidentemente há fraude,
destacou.
Para o ministro Alexandre, o Estado de Minas Gerais, na ausência da lei complementar sobre a matéria,
legislou a fim de dar cumprimento ao Sistema Tributário Nacional (Lei 5.172/1966), respeitando a estrutura
do IPVA e a legislação federal sobre a obrigatoriedade de licenciamento no domicílio do proprietário.
Acompanharam a divergência os ministros Rosa Weber, Cármen Lúcia, Luiz Fux, Dias Toffoli e Gilmar
Mendes.
Ficaram vencidos os ministros Marco Aurélio (relator), Edson Fachin, Ricardo Lewandowski, Celso de Mello
e Luís Roberto Barroso, ao votarem pela declaração da inconstitucionalidade do dispositivo da norma
estadual.

Caso 6: RE 754.917
Tema 475 – Extensão da imunidade relativa ao ICMS para a comercialização de embalagens fabricadas para
produtos destinados à exportação. No julgamento do Recurso Extraordinário n. 754.917 decidiu-se que: “A
imunidade a que se refere o art. 155, § 2º, X, ‘a’, da CF não alcança operações ou prestações anteriores à
operação de exportação”.

Descrição
Agravo interposto contra decisão que inadmitiu recurso extraordinário em que se discute, à luz do art. 155,
§ 2º, X, a, da Constituição Federal, se a imunidade relativa ao ICMS, incidente sobre operações que
destinem mercadorias para o exterior, alcança, ou não, toda a cadeia produtiva, abrangendo também a
comercialização das embalagens fabricadas para os produtos destinados à exportação.

Ementa
Recurso extraordinário. Repercussão geral. Direito Tributário. Imunidade. Operações de exportação. Artigo
155, § 2º, X, a, CF. ICMS. Operações e prestações no mercado interno. Não abrangência. Possibilidade de
cobrança do ICMS. Manutenção e aproveitamento dos créditos.
1. A Corte, sempre que se manifestou sobre as imunidades constitucionais, se ateve às finalidades
constitucionais às quais estão vinculadas as mencionadas regras. Nas operações de exportação, é clara a
orientação quanto à impossibilidade de, a pretexto de se extrair da regra imunitória o máximo de
efetividade, se adotar uma interpretação ampliativa, de modo a se abarcarem fatos, situações ou objetos a
priori não abrangidos pela expressão literal do enunciado normativo.
2. Ao estabelecer a imunidade das operações de exportação ao ICMS, o art. 155, § 2º, X, da Constituição se
ocupa, a contrario sensu, das operações internas, pressupondo a incidência e estabelecendo o modo pelo
qual o ônus tributário é compensado: mediante a manutenção e o aproveitamento dos créditos
respectivos.
3. Caso houvesse imunidade para as operações internas, de modo que não fosse cobrado o ICMS em
nenhuma das etapas anteriores à exportação, seria inútil e despropositada a regra de manutenção e
aproveitamento de créditos.
4. Diante do exposto, nega-se provimento ao recurso extraordinário.
5. Tese do Tema nº 475 da Gestão por Temas da Repercussão Geral: “A imunidade a que se refere o art.
155, § 2º, X, a, da CF não alcança operações ou prestações anteriores à operação de exportação.”

Caso 7: RE 1.090.591
Tema 1042 - Condicionamento do despacho aduaneiro de bens importados ao pagamento de diferenças
apuradas por arbitramento da autoridade fiscal.

Descrição
Recurso extraordinário em que se discute, considerados os artigos 1º, inciso IV, 170, parágrafo único, e 237
da Constituição Federal, a possibilidade de condicionar o desembaraço aduaneiro ao recolhimento de
tributos e consectários legais decorrentes do arbitramento, pela autoridade fiscal, do valor da mercadoria
importada.

Tese
É constitucional vincular o despacho aduaneiro ao recolhimento de diferença tributária apurada mediante
arbitramento da autoridade fiscal.

Ementa
IMPORTAÇÃO – TRIBUTO E MULTA – MERCADORIA – DESPACHO ADUANEIRO – ARBITRAMENTO –
DIFERENÇA – CONSTITUCIONALIDADE. Surge compatível com a Constituição Federal o condicionamento, do
desembaraço aduaneiro de bem importado, ao pagamento de diferença tributária apurada por
arbitramento da autoridade fiscal.

CASO 8: Apelação TRF4 5009900-93.2017.4.04.7107


Partes
Saiqui Empreendimentos Imobiliários Ltda. e Transpinho Madeiras Ltda X Fazenda Nacional

Características
Processo judicial, decisão em caráter individual, em Apelação no TRF da 4ª Região, favorável ao
contribuinte

Resumo do caso
Criação de PJ meramente formal, sem propósito negocial, apenas para gerar economia lícita (ELISÃO - na
visão do contribuinte) tributária / EVASÃO tributária (na visão do fisco).

Resumo da decisão
Fisco não pode desconsiderar o “planejamento tributário lícito” (só os casos de dolo, simulação e fraude),
porque é do Poder Legislativo, e não da administração pública, a competência para regular e interferir no
exercício das liberdades econômicas e no patrimônio dos indivíduos.
Não há qualquer norma, no ordenamento jurídico brasileiro, que autorize distinguir reorganizações
patrimoniais motivadas por propósitos tributários ou extra tributários.
Não existe conceituação, delimitação, exigência de “propósito negocial” na lei.
Art. 116, único (norma geral antielisão / norma geral de enfrentamento a planejamento tributário) –
eficácia contida, necessita regulamentação por LO.

Legislação discutida
CTN - art. 116, único (norma geral antielisão) / 149, VII (só caso dolo, fraude /simulação);
CÓDIGO CIVIL – ART 167 conceito simulação.

Caso 9: ADI 2.446-DF


Tese Jurídica Simplificada
É constitucional a atuação do Fisco em desconsiderar atos ou negócios jurídicos a fim de combater a evasão
fiscal (art. 116, parágrafo único, CTN).

Tese Jurídica Oficial


Não viola o texto constitucional a previsão contida no parágrafo único do art. 116 do CTN.

Resumo Oficial
Essa previsão legal não constitui ofensa aos princípios constitucionais da legalidade, da estrita legalidade e
da tipicidade tributária, e da separação dos Poderes. Em verdade, ela confere máxima efetividade a esses
preceitos, objetivando, primordialmente, combater a evasão fiscal, sem que isso represente permissão para
a autoridade fiscal de cobrar tributo por analogia ou fora das hipóteses descritas em lei, mediante
interpretação econômica. Nesse contexto, apenas viabiliza que a autoridade tributária aplique base de
cálculo e alíquota a uma hipótese de incidência estabelecida em lei e que tenha efetivamente se realizado.
Com base nesse entendimento, o Plenário, por maioria, julgou improcedente a ação direta.

Caso 10: Acórdão CARF 103.23-357


Matéria
IRPJ – Possível simulação por desmembramento de empresa.

A – Empresa Estaleiro Kiwi Boats B – Empresa Estaleiro Schaefer – fundada em 1999


(recorrente) – fundada em 1944 Sócios: Márcio e Raquel Schaefer
Sócios: Márcio e Adelina Schaefer. Objeto Social: Construção, venda, reforma, projetos, imp/exp de
Objeto Societário: construção de embarcações e acessórios navais.
embarcação B – Sócios se retiram
Mesmo endereço de A e B Novos Sócios: Adelina Schaefer e Pedro Odílio
Altera Objeto Social: Serviços de montagem e manutenção de
embarcações.
A: emite NF de venda do casco B: emite NF de serviço de montagem

Lançamento
Fisco entendeu como um negócio simulado, desqualificando empresa B. Fisco viu como único objetivo
dividir as receitas para não extrapolar o limite do Simples Nacional. Utilizou como Base de Cálculo a soma
das receitas. Além disso, acusou omissão de receita pela existência de saldo credor de caixa e pela não
comprovação da origem de depósitos bancários.

Ponto central da discussão – simulação


Não há ilicitude na escolha de um caminho fiscalmente menos oneroso, desde que a menor onerosidade
seja a única razão deste caminho – a isso chamamos elisão fiscal, que se diferencia da evasão ilícita pelos
meios empregados (na primeira a licitude é condição inerente à sua realização efetiva; a simulação é
conceito emprestado do direito civil: criar, aparentemente, um ato jurídico que, de fato, não existe, ou
então ocultar, sob determinada aparência, o ato realmente querido – pode ser absoluta (intenção é tornar
a aparência como realidade de uma relação jurídica que nunca foi estabelecida efetivamente) ou relativa
(pactuam uma forma negocial aparente que é diferente da relação jurídica que visam). A prova da
simulação é difícil, às vezes impossível, mas cabe ao fisco desconstituir a presunção de legitimidade do ato
e negócio jurídico simulado.

Julgamento
Fisco não conseguiu provar de forma clara, cristalina, a simulação dos atos no desmembramento das
atividades operacionais das duas empresas – diante disso, é ilegítima a autuação no sentido de reunir as
receitas das empresas como se auferidas apenas pela empresa A e, como resultado, foi dado como nulo o
lançamento, provendo o recurso do contribuinte.

Observação adicional
Acórdão 9101-002.397, na sessão de 14/07/2016, analisada a mesma operação, relativa a outro ano-
calendário, entendendo restar caracterizada simulação da segregação de fontes de rendimentos em
diversas pessoas jurídicas, sendo legítima a desconsideração da reestruturação societária simulada para a
tributação concentrada da única entidade realmente existente com base no disposto no inciso VII do artigo
149 do CTN. Apontou-se evidências de simulação na estrutura financeira e contábil do contribuinte, em
sua estrutura física e operacional, evidenciando-se a confusão patrimonial que deu ensejo ao
lançamento. Consta do voto condutor do aresto que “a inexistência da estrutura negocial para que cada
empresa segregada explore a atividade que alega desenvolver, bem como evidências da confusão entre as
empresas supostamente segmentadas, corroboram para que se conclua que o contribuinte procurou
ocultar a exploração de uma única entidade patrimonial”.

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