Ebook IJornadas
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Elisa Saraiva
Polytechnic Institute of Porto
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FICHA TÉCNICA
Título
E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções curriculares, autonomia e
flexibilidade e o papel do professor (volume I)
Organizadores
Maria Assunção Flores (coord.)
Diana Pereira
Eva Fernandes
Luís Costa
Adriana Cunha
Adriano Garcez
Alexandra Oliveira
Ana Rodrigues
Cátia Ferreira
Cláudia Pinheiro
Cristiana Carvalho
Emanuel Barros
Filipe Oliveira
Francisco Pereira
Glennda Pinheiro
Inês Santos
Joana Maria São Bento
João Cruz
João Sérgio Olival
Jorge Miranda
José Pedro Reis
Pedro Alberto Morais
Rui Rasteiro
Sandra Costa
Sara Fraguito
Sara Oliveira
Sofia Gonçalves
Tânia Costa
ISBN 978-972-8952-67-9
novembro de 2020
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Volume I
ÍNDICE
Será assim tão difícil avaliar formativamente as aprendizagens dos alunos? ....................... 15
Carlos Barreira
Retenção escolar: algumas notas sobre o que se sabe e o que se pode fazer ..................... 21
Eusébio André Machado
Uma reflexão em torno dos desafios e oportunidades atuais da profissão docente .............. 67
Elisa Saraiva
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
NOTA INTRODUTÓRIA
Este volume reúne um conjunto de textos que decorrem das I Jornadas de Reflexão sobre
“Currículo, Avaliação e Profissão Docente”, organizadas no âmbito da Unidade
Curricular “Currículo e Avaliação”, do 1º ano, 1º semestre, dos Mestrados em Ensino, do
Instituto de Educação da Universidade do Minho. As Jornadas visaram proporcionar um
espaço de debate e reflexão alargado sobre questões curriculares relevantes no contexto
nacional. À premência e oportunidade do debate sobre o currículo e a avaliação, que são
visíveis na forma como estes temas têm ocupado o espaço mediático, a que não é alheia
a controvérsia e discussão em torno das perspetivas e finalidades que estes devem
assumir, alia-se também a necessidade – e até urgência – de debater a função docente nas
suas mais variadas dimensões. É amplamente discutido o envelhecimento do corpo
docente e a importância de um debate urgente sobre o futuro da profissão de professor no
nosso país. Assim, os textos incluídos nesta obra ilustram estes temas e procuram
contribuir para aprofundar o debate em torno dos desafios que se colocam hoje às escolas
e aos professores na operacionalização do currículo e da avaliação no contexto do atual
quadro legal, mormente no que diz respeito à autonomia e flexibilidade curricular, mas
também à retenção dos alunos no Ensino Básico e à condição docente.
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Resumo: Neste texto analisa-se em que dimensões a relação das escolas e professores
com o currículo necessita de ser reexaminada e transformada. Problematiza-se nesse
contexto um conjunto de concetualizações curriculares dominantes no ideário e na cultura
pedagógica em Portugal, relacionadas com perspetivas contraditórias e verbalistas que
inviabilizam uma análise plena da transformação necessária, sobretudo no plano do
currículo implementado por ação dos professores e escolas, transformando as suas
culturas enraizadas. Situa-se neste quadro um registo da realidade recente das políticas
curriculares em Portugal, questionando algumas das suas apropriações e impactos em
termos de conceitos e representações, com destaque para as leituras do termo
flexibilização curricular.
Nos sistemas como o nosso, o próprio termo entrou tardiamente, após a década de
1970, sendo mais enraizada uma lógica disciplinar e didática que reflete sobretudo a
matriz francófona. Assim, o currículo tendeu a ser adotado como uma nova verbalização
que penetra com dificuldade na cultura profissional. A própria investigação em Estudos
Curriculares, que tem tido desenvolvimento significativo, é muitas vezes distorcida na
sua adoção expressa em políticas e na repercussão em práticas de escola e professores. A
terminologia “curricular” – flexibilidade, diferenciação, projeto curricular, competência
– difundiu-se muito na comunidade educativa, mas num modo que se tem mostrado mais
aditivo que transformativo, com difícil impacto no edifício concetual pré-existente.
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
1Retoma-se em parte, devidamente autorizado, texto da autora anteriormente publicado: Roldão, M. C. (2019). Pode o
Currículo (não) Ser Flexível? Uma reflexão em 2019 sobre políticas curriculares. Educação e Matemática, 154, out,
nov dez, 60-64
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
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E-BOOK
Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Tentaremos, assim, ilustrar de forma simbólica este conjunto de contradições que importa
desconstruir, socorrendo-nos de uma esquematização dos fatores em presença na cultura
docente e organizacional em 3 planos: dos quais dois coexistem (o triângulo oculto e o
triângulo discursivo-desejado) e o terceiro (transformativo-decisional) que se constitui na
proposta que julgamos dever dirigir os nossos esforços de efetiva transformação para uma
relação profissional mais produtiva e autónoma com o currículo.
2 A metáfora belicista de “combate ao insucesso” evoca as homólogas associadas, no campo da saúde, tais como o
“combate” a doenças como o cancro ou a sida e não a outras, conota essas realidades com uma configuração mítica do
“mal”, como refere Susan Sontag (1978, 2010) no seu famoso ensaio “A doença e as suas metáforas”, escrito em 1978.
O insucesso é, contudo, entendido por outros, como bem expressou o sociólogo Bernard Charlot; uma reificação
artificial, porque como objeto ele não existe… o que existe sim, na sua visão, é uma relação não conseguida entre uma
finalidade e uma ação que conduz a sujeitos bem e mal sucedidos na aprendizagem. Charlot et al. (2000). École et
savoir dans les banlieues... Et ailleurs. Paris: Bordas.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
O problema central das políticas curriculares e da sua relação com uma certa
imobilidade de muitas práticas em situação, resulta, na perspetiva que defendemos, de
uma estrutura cultural muito forte, que, apesar de muitas vezes aparentemente rejeitada
ou ocultada, na verdade comanda os modos de apropriação das análises que se vêm
desenvolvendo no plano investigativo, ou de sucessivas políticas que há mais de 30 anos
vêm pugnando por uma lógica de mudança.
PROGRAMA
MATÉRIA/CONTEÚDOS HOMOGENEIDADE
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Toda esta lógica se repercute na relação entre ensino e avaliação, parte integradora
do currículo, de que, contudo, não nos ocuparemos nesta análise (Roldão, 2017b).
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Trata-se da face visível do que se repete no discurso, porque apoiado numa base científica
e teórica aceite, e no desejo entendido como pedagogicamente correto, mas em que, no
senso comum do quotidiano, uma larga massa de profissionais realmente não se revê, em
parte por dificuldades objetivas, em parte por força de crenças prévias que acima se
esboçaram. Trata-se da evidência de um dos obstáculos epistemológicos de que falava
Gaston Bachelard (2002) designando-o como obstáculo verbal. A palavra,
consensualizada em torno de valores tidos como aceites na “boa” opinião pública,
substitui o objeto, e, o que é pior, dificulta o acesso ao conhecimento e apropriação real
do seu verdadeiro sentido, vestido de roupagens discursivas aparentemente consensuais.
Ocorre assim o que tantas vezes se lê nos dados da investigação em que os sujeitos
“defendem” sinceramente esses pressupostos discursivamente reconhecidos, mas muito
dificilmente os incluem nas suas práticas, por um sem número de razões geralmente
remetidas para loci de externalidade face à esfera de responsabilidade direta da escola e
professores: sociedade, famílias, sistema, administração, ministério…
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Tentando ligar as reflexões precedentes num quadro projetivo, baseado no que sabemos
sobre fatores promotores da melhoria, ensaia-se nesta secção uma possível triangulação
virtuosa de zonas de intervenção a priorizar num quadro de flexibilidade e autonomia que
possa funcionar como superadora da contradição patente entre as duas lógicas
anteriormente representadas que, ao coexistirem, se ocultam e bloqueiam.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
das suas equipas de professores da tomada de decisão sobre os seus modos de trabalhar
com mais eficácia no currículo. Implica por isso religar esta questão com a questão do
uso alargado e útil da autonomia, e considerar a articulação dos decisores nacionais com
os decisores locais, no que respeita ao “como” da organização do trabalho e dos processos
de ensino postos em marcha para garantir a aprendizagem curricular prevista e
consensualizada. Pode ser um mundo de melhorias ou apenas um artifício verbal.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Referências
Ainscow, M., Porter, G., & Wang, M. (1997). Caminhos para as Escolas Inclusivas.
Lisboa: Intituto de Inovação Educacional.
Barroso, J. (1999) (org.). A Escola entre o Local e o Global - Perspectivas para o Século
XXI. Lisboa: Educa.
Charlot, B. (1997). Du Rapport au Savoir – Élements pour une théorie. Paris: Economica.
Charlot, B., Bautier, É., & Rochex, J. Y. (2000). École et savoir dans les banlieues... Et
ailleurs. Paris: Bordas.
Clark, C., Dyson, A., Millward, A., & Robson, S. (1999). Theories of inclusion, theories
of schools: deconstructing and reconstructing the “inclusive school”. British
Educational Research Journal, 25(2), 157-176.
OECD (1994). The Curriculum Redefined: Schooling for the 21st Century. Paris: OECD
Documents.
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OECD (2016). Future of Education and Skills 2030. Paris: OECD Documents.
OECD/CERI (1999). Innovating Schools (Schooling for Tomorrow Project). Paris:
OECD Documents.
Pacheco, J., & Pereira, N. (2007). Estudos Curriculares: das Teorias aos Projetos de
escola. Educação em Revista, 45, 197-221.
Roldão, M. C. (2019). Pode o Currículo (não) Ser Flexível? Uma reflexão em 2019 sobre
políticas curriculares. Educação e Matemática, 154, 60-64.
Roldão, M. C. (2017a) Currículo e debate curricular atual: eixos e contributos para uma
análise incompleta. In M. A. Flores (Org.), Práticas e discursos sobre currículo e
avaliação: Contributos para aprofundar um debate (pp. 23-54). Santo Tirso: De
Facto Editores.
Roldão, M. C., Neto-Mendes, A., Costa, J.A., & Alonso, L. (2006). Organização do
trabalho docente: uma década em análise (1996-2005). Investigar em educação n.
5 – Revista da Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação, 5, 17-148.
Roldão, M. C. (coord.). (2019). Quem Lidera o Ensino nas Escolas? Vila Nova de Gaia:
Fundação Manuel Leão.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Carlos Barreira
Faculdade de Psicologia e Ciências da educação da Universidade de Coimbra
1. Introdução
Neste trabalho, iremos tentar dar uma resposta tão clara, sucinta e fundamentada
quanto possível às pertinentes questões colocadas.
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2. Fundamentação
O que está preconizado no Decreto-Lei n.º 55 não é completamente novo. O mesmo foi
referido, pela primeira vez, no despacho normativo 98-A/92, há vinte e oito anos atrás.
Muito evoluímos em termos de investigação e também, diria eu, ao nível do trabalho
desenvolvido nas escolas e da preparação dos professores para saberem lidar com as
sistemáticas alterações, que exigem uma adequação constante das estratégias e
instrumentos utilizados. O referido despacho colocava também a avaliação formativa no
centro do processo de ensino e aprendizagem e a retenção como medida excecional,
dificultando, de certa forma, o trabalho aos professores na decisão de reter um aluno, daí
se ter tornado uma exceção por apenas (cerca de) dois anos letivos. Atualmente, a não
retenção implica um maior esforço e corresponsabilização de todos os atores pelos
sucessos e insucessos obtidos (Conselho Nacional de Educação, 2019), uma vez que estes
não podem ser imputados somente a uma das partes (alunos, professores, encarregados
de educação, escola).
Neste sentido, existem algumas decisões que podemos tomar. Uma é avaliarmos
as aprendizagens dos alunos com o objetivo principal de lhes atribuir classificações.
Apesar de não existir nenhuma investigação que demonstre que, se aumentarmos a
quantidade de exames, ou de outro tipo de avaliação desta natureza, melhoramos as
aprendizagens dos alunos, a verdade é que se tem insistido nesta linha de ação (Barreira,
2019; Fernandes, 2019; Santos, 2019). Outra opção, bem diferente, integrada no processo
de E-A, é a de avaliar com o propósito de melhorar as aprendizagens dos estudantes e o
ensino do professor. A avaliação formativa não é um meio de exclusão, antes pelo
contrário, é inclusiva, dá importância às dificuldades dos alunos, tenta desocultá-las para
ajudar a encontrar soluções. A investigação tornou evidente que é necessário investir mais
nas avaliações que se desenvolvem nas salas de aula, uma vez que é neste contexto que,
em princípio, mais se pode e deve aprender (Black & Wiliam, 1998, 2006).
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- ao nível das políticas educativas, no apoio às escolas e aos professores com vista
a investir mais na avaliação interna, valorizando a avaliação formativa e a
articulação entre modalidades de avaliação formativa e sumativa;
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
De qualquer forma, a avaliação deve ser rigorosa e para isso pode contribuir tanto
a diversidade de instrumentos, porque permitem analisar de várias perspetivas as
aprendizagens dos alunos, como também a reflexão e a partilha entre professores na
definição dos critérios de avaliação e sua clarificação para os alunos.
Por outro lado, é ainda importante pensarmos o que fazer com os instrumentos
utilizados. Estes podem servir, entre outras, várias finalidades; atribuir uma nota, dar
feedback, explicar/clarificar aos alunos onde estão as suas maiores dificuldades e o que
têm de fazer para as superar, para orientar melhor o ensino e modificar as estratégias
utilizadas.
Neste contexto, convém refletir sobre a(s) diferenças entre avaliação formativa e
sumativa, o que não se torna muito fácil, sendo atualmente mais o que as une do que as
separa, sobretudo se considerarmos a avaliação sumativa interna realizada pelos
professores no final de cada período ou de cada ano letivo.
Neste sentido, de acordo com Fernandes (2019), deve existir uma articulação entre
a avaliação formativa e a avaliação sumativa, porque esta não está exclusivamente
associada à atribuição de classificações, podendo ter também uma utilização formativa e
estar ao serviço das aprendizagens. Contudo, continua a ser uma avaliação utilizada para
fazer pontos de situação e balanços acerca das aprendizagens realizadas pelos alunos
passíveis de ser traduzidas em classificações. Atualmente, a avaliação sumativa é
denominada avaliação das aprendizagens. Enquanto o ciclo de avaliação sumativa
termina num ponto de situação, numa ação fundamentada, podendo transformar as
evidências numa classificação, na avaliação formativa cada ciclo gera um novo ciclo não
se traduzindo normalmente numa nota/classificação, sendo essencialmente descritiva e
qualitativa (Santos, 2019).
3. Conclusão
Embora possamos admitir que avaliar de forma formativa não seja fácil porque mexe com
os modos de organização escolar e de trabalho pedagógico, mudanças que têm vindo a
ser feitas de forma lenta, não é admissível, como defende o Conselho Nacional de
Educação (2019), que se possa reter os alunos sem que para isso haja uma justificação
plausível e imparcial, uma vez que a maior parte das vezes a retenção tem mais efeitos
negativos que positivos. Com efeito, em vez de os alunos com dificuldades reprovarem,
e repetirem o ano todo novamente, devem ter um apoio específico através de equipas
multidisciplinares, que os ajudem a aprender através da criação de um plano de trabalho
intensivo e recorrendo a estratégias diferenciadas. Só assim podemos recuperar as
aprendizagens e autoestima dos alunos, contribuindo para o desenvolvimento do seu bem-
estar pessoal e social.
Referências
Barreira, C., Boavida, J., & Araújo, N. (2006). Avaliação formativa: novas formas de
ensinar e aprender. Revista Portuguesa de Pedagogia, 40(3), 95-133.
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Black, P., & Wiliam, D. (1998). Assessment and classroom learning. Assessment in
Education: Principles, Policy & Practice, 5(1), 7-74.
Black, P., & Wiliam, D. (2006). Assessment for learning in the classroom. In J. Gardner
(Ed.), Assessment and learning (pp. 81-100). London: Sage.
Conselho Nacional de Educação (2019). Estado de Educação 2018. Edição 2019. Lisboa:
Conselho Nacional de Educação.
Perrenoud, Ph. (1993). Não mexam na minha avaliação! Para uma abordagem sistémica
da mudança pedagógica. In A. Estrela, & A. Nóvoa (Eds.), Avaliações em
educação: novas perspectivas (pp. 171-191). Porto: Porto Editora.
Pinto, J., & Santos, L. (2006). Modelos de avaliação das aprendizagens. Lisboa:
Universidade Aberta.
Santiago, P., Donaldson, G., Looney, A. & Nusche, D. (2012). OECD Reviews of
Evaluation and Assessment in Education: Portugal 2012. Paris: OECD. Disponível
em http://dx.doi.org/10.1787/9789264117020-en
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A retenção escolar é um conceito que designa o processo pelo qual um aluno, na lógica
sequencialista de organização do currículo e da escola, permanece no mesmo “ano”,
“classe” ou “módulo”, sendo obrigado a repetir, em parte ou totalmente, o mesmo
currículo prescrito (conteúdos, disciplinas ou áreas disciplinares)3. Uma vez que a
organização dos alunos (em anos e turmas) tem como único critério formal a idade, a
retenção escolar produz o efeito associado do “atraso escolar”, o qual sucede quando um
aluno frequenta um ano, uma classe ou um módulo que não corresponde à idade definida
pela norma. Trata-se, aliás, de um aspeto estruturante quando se aborda esta problemática:
a retenção escolar resulta quase sempre de um desvio em relação a uma norma encarada
como absoluta.
Convirá ter em atenção que este processo é tão antigo quanto a própria escola,
sobretudo quando começa a organizar-se, a partir da modernidade, em regime de ensino
mútuo (Nóvoa, 2005), mas, tal como aconteceu em relação a outros fenómenos, a
perceção social enquanto problema é relativamente recente e aparece associada ao
conceito mais abrangente e fluido de “insucesso escolar”. Neste caso, estamos perante
um fenómeno com uma prevalência histórica prolongada, mas com uma concetualização
técnica recente, embora haja uma variedade de designações, invariavelmente de natureza
pejorativa e muitas vezes com um forte cunho moralista, para designar a retenção escolar.
De resto, nas últimas décadas, desenvolveu-se um processo de desnaturalização da
retenção escolar, muito combatido por certos setores da sociedade, como realidade
intrínseca da condição de aluno, o que se traduziu num incremento significativo das
3Veja-se, a título de exemplo, a definição normativa em vigor em Portugal: Segundo, “Caso o aluno não desenvolva
as aprendizagens definidas para um ano não terminal de ciclo que, fundamentadamente, comprometam o
desenvolvimento das aprendizagens definidas para o ano de escolaridade subsequente, o professor titular de turma, no
1.º ciclo, ouvido o conselho de docentes, ou o conselho de turma, nos 2.º e 3.º ciclos, pode, a título excecional,
determinar a retenção do aluno no mesmo ano de escolaridade, decidindo ainda sobre as vantagens, no caso do 1.º ciclo,
de o aluno acompanhar o seu grupo ou turma” (ponto 2 do Artigo 29.º do Decreto-Lei n.º 55/2008, de 6 de julho).
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& Tobin, 1994) assente num dispositivo de progressão extremamente rígido e inflexível,
impondo ritmos normalizados e em série incompatíveis com atrasos, demoras,
dificuldades ou problemas.
4 Veja-se, por exemplo, o estudo realizado em Portugal por Nunes, Reis e Seabra (2016). Segundo os autores “a
principal conclusão deste estudo é que o efeito global de reter um aluno com baixo desempenho no 4.º ano, no seu
desempenho futuro, tal como medido pelas notas nas provas de 6.º ano, é positivo, mas pequeno, entre 0,06 e 0,10
valores numa escala de 1 a 5. Este efeito deixa de ser visível quando usamos a “cultura de retenções” no concelho como
variável instrumental para corrigir potenciais problemas de endogeneidade criados por variáveis que não conseguimos
observar (capacidade inata, motivação, etc.), com a exceção do caso da nota de Matemática para os alunos sem
retenções anteriores.” (Nunes, Reis & Seabra, 2016, p. 36).
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(cf. Anexo 1). Estes estudos permitem neutralizar os enviesamentos através da adoção de
protocolos claros e explícitos para selecionar os estudos que podem ou não podem ser
incluídos, pelo que a qualidade da meta-análise depende da qualidade dos estudos
incluídos. A maior parte destes estudos evidenciam efeitos negativos ou nulos da
retenção. Na conclusão da sua meta-análise, Jimerson (2001, p.57) advoga que
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externas que comparam os alunos entre si. Mas, para promover o sucesso escolar,
avaliação criterial tem que estar associada a uma reconfiguração das práticas de
ensino e aprendizagem, sendo fundamental o diálogo, o feedback, a diversificação
dos processos de recolha de informação e a participação dos próprios alunos, entre
outros aspetos, ou seja, uma avaliação com sentido e implicação pedagógica que
não se reduza à classificação dos alunos.
Referências
Baudelot, C., & Establet, R. (1989). Le niveau monte. Réfutation d’une vieille idée
concernant la prétendue décadence de nos écoles. Paris: Éditions du Seuil.
Crahay, M. (2019). Peut-on lutter contre l’échec scolaire ? Louvain-la-Neuve: De Boeck
Supérieur.
Jackson, G. B. (1975). The research evidence on the effects of grade retention. Review of
Educational Research, 45(4), 613-635.
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Anexo 1
Tabela 1
Sumário da média do tamanho do efeito6 de três meta-análises que avaliam os resultados de estudos
que exploram a eficácia da retenção.
6 Para a leitura da tabela, deve ter-se em conta o seguinte: 0 – efeito nulo; 0 a -0,20 – efeito negativo negligenciável; -
0,20 a -0,50 – efeito negativo fraco; -0,50 a -0,80 – efeito negativo médio; Além de -0,80 – efeito negativo forte; 0 a
+0,20 – efeito positivo negligenciável; +0,20 a +0,50 – efeito positivo fraco; +0,50 a +0,80 – efeito positivo médio;
Além de +0,80 – efeito positivo forte.
7 GPA (grade point average): é cálculo da média dos alunos em todas as disciplinas num determinado período de
tempo.
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Quando convidado a refletir acerca da avaliação e do modo como esta se relaciona com
a retenção dos alunos, considerei indispensável começar por assumir uma posição
concreta em relação às mesmas. No meu entender, tanto a avaliação como a retenção
possuem uma função ou um papel lógico e necessário no processo de ensino-
aprendizagem. Sem a avaliação, isto é, sem uma forma de apreciar a progressão das
aprendizagens dos alunos, e de comprovar a influência exercida pelas estratégias
pedagógicas e pelos materiais didáticos utilizados, o ensino resumir-se-ia a um exercício
de demagogia, a um processo especulativo e unilateral, limitado aos agentes educativos,
e ao modo como estes escolhem transmitir ou problematizar um conjunto de
conhecimentos ou competências entendidas como essenciais. Os alunos, as suas
dificuldades e o modo como fazem sentido dos conteúdos abordados, não seriam tidos
em consideração e as aulas seriam lecionadas sobre a presunção de que todos os alunos
estão atualizados e dispõem de um pleno domínio da matéria. Por sua vez, em relação à
retenção dos alunos, considero que esta surge, não esquecendo a possível interferência de
condicionantes externos, a par do aproveitamento escolar, como uma consequência
natural do investimento pessoal de cada aluno nos seus estudos, e do seu percurso
formativo. Embora tenha um impacto emocional, que deve ser convenientemente gerido,
sob pena de desmotivar os alunos e em casos extremos levá-los a interromper o seu
percurso escolar, a retenção dispõe de uma finalidade prática e em certas situações
constitui uma experiência de vida com grande valor e com potencial para promover o
crescimento e o amadurecimento dos alunos. Longe de ser uma forma de abandono, a
retenção tem como objetivo garantir que os alunos não comprometem o seu
desenvolvimento a longo prazo, ao avançarem para o ano de escolaridade subsequente,
sem estarem preparados, isto é, sem disporem dos conhecimentos e das competências
necessárias para compreenderem as aprendizagens programadas para o ano seguinte. Para
os alunos mais desinteressados, que encaram o trabalho escolar de uma forma leviana, a
retenção no mesmo ano de escolaridade pode, sobretudo se beneficiarem de
acompanhamento ou orientação tutelar, contribuir para o desenvolvimento de um sentido
de responsabilidade e para a tomada de consciência de que toda a ação tem consequências.
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Posto isto, considero que tanto a avaliação como a retenção só são problemáticas
quando os resultados alcançados pelos alunos são entendidos como um fim em si mesmo,
e quando o “chumbo” é utilizado de uma forma consciente, como um instrumento para
selecionar os alunos, ou seja, como um meio para afastar os mais problemáticos, e ficar
apenas com os melhores. Atualmente, este cenário tem-se tornado parte da realidade, na
medida que, em vez de servir como um indicador para orientar a renovação e a
subsequente adequação dos processos de formação ao real estado de desenvolvimento
dos alunos, a avaliação tem sido empregue como um critério para apurar a rentabilidade
escolar e para diferenciar as escolas em termos de qualidade (estabelecer rankings). Como
consequência da evidente subordinação do ensino aos ideais da produtividade e da
concorrência, assiste-se com frequência, sobretudo ao nível do ensino secundário, onde a
preocupação com as médias de acesso ao ensino superior é uma constante, a uma
distorção da vocação pedagógica do ensino. As escolas, e por extensão os professores,
deixam de focar-se primariamente nas necessidades educativas dos alunos e na promoção
de novas aprendizagens, e concentram-se sobretudo na preparação dos mesmos para a
realização de testes ou exames finais.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Deste modo, perante o estado gravoso das coisas, muitos professores optam por
perpetuar as tradicionais formas de avaliação sumativa, assentes em testes padronizados,
orientados para a classificação de desempenhos pontuais e geralmente relacionados com
corpos circunscritos de informação; e, em alguns casos, por criar autênticas simulações,
nas quais implementam vários instrumentos de avaliação, mas com o exclusivo propósito
de classificar a prestação dos alunos. Cumpre, no entanto, realçar que mesmo nestes
casos, a variedade de instrumentos de avaliação é limitada, por regra os professores
restringem-se aos testes de avaliação e a trabalhos de pesquisa individuais ou em grupo.
Pessoalmente considero que uma boa forma dos professores se anteciparem a uma
eventual reforma do ensino ou dos estatutos da carreira docente, e começarem a contrariar
os já referidos constrangimentos à execução da avaliação formativa, seria o reforço do
trabalho colaborativo, sobretudo ao nível dos departamentos disciplinares. Embora esta
medida pareça de simples concretização, para que se materialize é preciso que se
verifiquem grandes alterações nos hábitos de trabalho e nos costumes dos professores.
Como tal, para se tornar uma parte integrante do modus operandi dos professores, o
trabalho colaborativo deve ser introduzido desde cedo e de uma forma contínua no seu
processo formativo. Enquanto espaços de formação e profissionalização docente, as
universidades devem contribuir para o efeito, e promover de uma forma particularmente
ativa, ao longo dos seus cursos de licenciatura e de mestrado em ensino, a cooperação e
livre troca de ideias entre alunos.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Por fim, cumpre mais vez realçar que uma avaliação formativa não se resume aos
momentos e aos instrumentos que prescreve. Apesar de ser por definição uma modalidade
de avaliação, o seu foco não reside na certificação ou na comprovação das aprendizagens,
mas antes na reorientação da ação educativa. De acordo com esta metodologia, uma
avaliação, sem a intenção de renovar, ou melhor, de ajustar a prática educativa, tem pouco
interesse, porque não considera os alunos e as suas necessidades.
Referências
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O Ser Humano tem uma capacidade de adaptação fantástica, mas precisa de tempo
para o fazer. Quando falamos em tempo, falamos em décadas. O que verificamos hoje em
dia é que as mudanças dão-se, cada vez mais, em períodos temporais curtos e, por isso,
urge a necessidade de reformas educativas sob o perigo de quando forem implementadas
estarem já obsoletas. Este facto leva-nos a pensar, como profissionais de educação, o que
se pode fazer para que o nosso sistema de ensino consiga acompanhar a sociedade sem
perder o seu propósito.
Uma das questões de fundo com que nos deparamos, entre muitas outras, é a
retenção ou não retenção. Esta dualidade é de tal forma controversa que dá origem a
discussões acesas e aguerridas entre quem é a favor e quem é contra. A resposta a esta
dúvida dicotómica poderá não estar na escolha de um dos lados da barricada ou na análise
dos prós e contras. Esta situação está muito relacionada com o enquadramento mental dos
profissionais de educação que estão no ativo e da comunidade educativa em geral.
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No século pretérito existiram governos totalitários e Portugal não foi exceção com
o surgimento do Estado Novo. Num contexto de ditadura, a sociedade quis-se
estratificada. O sistema de ensino estava ao serviço da sociedade e, como tal, preparou os
adultos de amanhã consoante a ideologia estabelecida. Quando se deu a revolução de
abril, a sociedade começou o longo caminho de alteração de mentalidades em todas as
áreas da sociedade e no ensino não foi diferente. Muitos aspetos foram alterados: a
massificação do ensino fez com que a escola recebesse outros tipos de alunos, que não só
as elites com condições económicas e culturais, que era necessário acolher numa
perspetiva de igualdade de oportunidades, vinda com a democratização do ensino; desta
forma, o professor desceu ao nível dos alunos com a remoção do estrado, aos poucos foi
penetrando na sala de aula, começando a circular e a contactar de perto com os seus
alunos; as aulas começaram a ser cada vez menos expositivas e o aluno começou a ser
cada vez mais o centro do processo de ensino/aprendizagem. O processo de avaliação
também acompanhou estas mudanças, passando de uma avaliação exclusivamente
sumativa para uma avaliação na qual a principal modalidade é a formativa.
No ponto 53.º refere-se que a retenção escolar acontece quando se verifica “um grande
atraso em relação aos objetivos e capacidades definidas, a nível central e local, para esse
ano ou ciclo”; no ponto 51.º é referido que a retenção assume um “carácter eminentemente
pedagógico”; no ponto 54.º regista-se que “A decisão da retenção tem sempre carácter
excecional, depois de se ter esgotado o recurso a apoios e complementos educativos,
devendo, portanto, revestir-se de especial cuidado para garantir a sua necessidade,
utilidade e justiça.”; no ponto 57.º indica-se que “Sempre que, no decurso de uma
avaliação sumativa, se concluir que um aluno que já foi retido em qualquer ano de
escolaridade não possui as condições necessárias à sua progressão, deve o mesmo ser
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Este despacho clarifica que a retenção deve constituir uma medida pedagógica de última
instância, depois de esgotado o recurso a atividades de recuperação desenvolvidas ao
nível da turma e da escola; advoga-se a necessidade de reorganização do trabalho escolar,
levando a cabo medidas de diferenciação pedagógica, nomeadamente através de planos
de recuperação, dirigidos a alunos a quem se detete dificuldades de aprendizagem, planos
de acompanhamento, destinados a alunos objeto de retenção, e planos de
desenvolvimento, para alunos que revelem capacidades excecionais de aprendizagem.
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Decreto-Lei nº 139/2012
Decreto-Lei nº 55/2018
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É de senso comum que a retenção leva o aluno a uma perda de autoestima, que um
aluno que fica retido tem maior probabilidade de desistir das aprendizagens a realizar e
que a grande maioria revelará desmotivação em relação às aprendizagens. Em última
instância, poderá conduzi-lo ao abandono escolar. Um aluno retido, ao ingressar numa
turma de colegas mais novos, com interesses bastante diferentes dos seus, pode gerar
problemas de sociabilização ou então, pode ser visto como um líder e influenciar alguns
elementos dessa turma, gerando indisciplina. A retenção funciona como um mecanismo
de motivação, pelo medo, em que um aluno, que por vezes não encaixa na forma
construída pelo sistema de ensino estabelecido, arranja estratégias, por vezes lícitas ou
ilícitas, para demonstrar os conhecimentos mínimos estabelecidos. A sua principal
motivação é não ser julgado pelos pares, comunidade escolar e que não sinta a frustração
dos seus familiares mais diretos, que se pode manifestar das mais variadas maneiras.
Quando se analisam estes fatores e se inserem outros de ordem económica, tem-se, de
imediato, a inquietante ideia da não retenção.
O caminho que se tem vindo a percorrer ao longo destas últimas décadas, tanto a
nível legislativo como a nível da alteração do enquadramento mental dos professores, é
em direção à não retenção. A ideia, em relação à temática, dos profissionais de educação
que lecionam nos diferentes ciclos do ensino, está a mudar em relação à não retenção,
mas a classe ainda não olha com bons olhos essa situação. A sociedade em geral e os
profissionais de educação incluídos conota a não retenção ao facilitismo. E de certa forma
é, se continuarmos com as mesmas práticas e se não houver um maior investimento
económico e humano. Claro que se virmos a não retenção como uma passagem
indiscriminada dos alunos utilizando uma avaliação sumativa cada vez mais facilitada,
não utilizando a avaliação formativa como principal avaliação, conduz a resultados
inflacionados e falaciosos, que orgulham estatisticamente qualquer estado quando fornece
os dados da percentagem da retenção. Contudo, se olharmos para a não retenção por outra
vertente, conseguimos perceber que esta opção é muito mais exigente do que a da
retenção. De certa forma, a retenção também pode ser vista como a maneira mais fácil de
lidar com o insucesso escolar. O Conselho de Turma verifica, com os instrumentos que
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utiliza, que o aluno não atinge os conhecimentos mínimos que foram estabelecidos e é
retido. Desta forma, o Conselho de Turma livra-se do problema, o aluno fica retido e o
Conselho de Turma da sua nova turma lidará com ele exatamente da mesma forma que o
anterior lidou. Consequentemente, por vezes o sistema fica tão viciado que surgem casos
anómalos de alunos em anos avançados que ainda não dominam a maior parte dos
conhecimentos básicos que era expectável que dominassem.
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Referências
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Ferreira, A. L., Félix, P., & Perdigão, R. (2015). Relatório Técnico – Retenção Escolar
nos Ensino Básico e Secundário. Lisboa: Conselho Nacional de Educação.
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Introdução
Este texto gira em torno das questões orientadoras para o painel em que participei:
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Apesar dos professores terem noção daquilo que foi exposto anteriormente, manifestam,
contudo, diferentes sentimentos relativamente à forma como têm gerido a adaptação
exigida pelos normativos e, consequentemente, expressam as dificuldades, as dúvidas,
tentativa de resposta às mesmas e as reclamações que se impõem no dia-a-dia na tentativa
da implementação da referida mudança de práticas pedagógicas. Na tentativa de
confirmar e fundamentar cada uma das sensações referidas apresentam-se vozes dos
próprios professores, que numa reflexão pessoal dão conta do conflito em torno da sua
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Sentimento:
Professor B
Professor C
Dificuldades:
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Professor E
Dúvidas:
Como tornar os alunos mais autónomos e ao mesmo tempo discordar da passividade dos
mesmos tendo que, obrigatoriamente, neste processo de mudança, ajudá-los a tornarem-
se cidadãos ativos e com capacidade de intervir, prever e resolver problemas no seu
mundo social?
Será que foi devido a esse condicionamento tradicional que os alunos deixaram
de ser mais autónomos e são mais imaturos, porque não se tem dado espaço à expansão
livre de ideias e do sentido de criatividade?
Parece ser óbvio que os alunos manifestam interesses diferentes o que leva à
questão: será que há uma relação direta entre o aumento do grau de indisciplina e o
aumento do grau de frustração?
Talvez seja, por isso, que devido a um ensino tradicional tão vincado e ainda muito
vigente (e que já não corresponde às expetativas da maioria dos alunos) comecem a
emergir com grande frequência problemas de incapacidade de gestão
emocional/psicológica e consequentemente de saúde mental associadas a graves
depressões ansiosas. Estas situações parecem impedir a disponibilidade para a
aprendizagem. Cada vez chegam mais relatórios de especialidade clínica às escolas
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Professor C
Dúvidas:
Professor C
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Professor D
Reclamação:
Professor D
Neste ponto considero benéfico, para aos alunos com mais dificuldades,
a aplicação de adaptações ao processo de avaliação, ou mesmo a
implementação de projetos, que possam combater e estar de acordo com
as dificuldades ou défices cognitivos, e permitir que os mesmos realizem
exame a nível de escola. Também considero muito importante a
implementação de projetos para os alunos com problemáticas diferentes,
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Professor C
Não quero dizer com isto que não estejamos a fazer um trabalho de grande
valor, mas é demasiada burocracia e muito trabalho para o professor.
Professor D
Professor A
Professor C
A escola de forma progressiva e cautelosa iniciou todo este processo de mudança, que a
seguir se apresentam, mais uma vez suportadas pelas reflexões de alguns professores.
Professor A
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Iniciou este ano letivo, 2019/20, a implementação dos DAC, nos primeiros anos
dos diferentes ciclos de aprendizagem, através de projetos pedagógicos. O objetivo é
torná-la possível em todos os anos de escolaridade e em última análise, na possibilidade
de se tornar transversal entre ciclos de ensino e aprendizagem, tendo em conta a crescente
complexidade dos conhecimentos a adquirir pelos alunos:
Professor B
Professor E
Ao nível dos DAC, considero que as atividades realizadas não são uma
novidade. Grande parte delas já eram feitas, mas não com tanta
visibilidade… Neste momento, não considero que os DAC sejam uma
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mais-valia, mas para lá caminhamos. Não quero dizer com isto que não
estejamos a fazer um trabalho de grande valor, mas é demasiada
burocracia e muito trabalho para o professor.
Professor D
Professor B
Professor C
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Adaptar os horários das turmas e dos docentes para que haja lugar ao princípio da
colaboração docente, bem como da implementação dos DAC como forma de promover a
igualdade e o acesso à aprendizagem, para todos, sem julgamento.
Professor C
Referências
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Adelina Moura
GILT, Instituto Superior de Engenharia do Porto
Introdução
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Aprendizagem invertida
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Num mundo cada vez mais conectado, global e em constante mudança, vão surgindo
novas tendências didáticas de ensino e aprendizagem (Moura, 2014). A aprendizagem
invertida (flipped learning) tem vindo a ganhar destaque como modelo metodológico, ao
antecipar os assuntos da aula através da sua explicação em diferentes formatos
multimédia (texto, áudio, vídeo, gráficos, infografias, etc.), potenciando o tempo de aula,
para resolver problemas, atender às necessidades dos alunos, fazer debates e desenvolver
projetos colaborativos. Os alunos aprendem ao seu ritmo e de uma forma mais
individualizada, ao ir de encontro às necessidades de cada um deles (Tourón & Santiago,
2015).
8
https://sites.google.com/view/aprofundarportugues/
9 https://www.appsforgood.org/
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Aprendizagem ubíqua
Gamificação
Este método, embora praticado há muito tempo, nos últimos anos adquire relevância no
mundo empresarial e também educacional, em virtude da evolução dos jogos digitais. A
gamificação (gamification) é a integração de mecânicas e dinâmicas presentes nos
videojogos em ambientes não recreativos, como é a sala de aula. Apresentamos um
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Desde 2006, que temos vindo a implementar o conceito BYOD (bring your own
device) - traz o teu próprio dispositivo - aproveitando os dispositivos móveis dos alunos
para apoiar o processo de ensino e aprendizagem, apostando no programa um para um
(1:1). Criamos um blogue13 e um Website14 para cada um dos anos de escolaridade do
ensino secundário, como complemento das aulas, possibilitando personalizar a
10 https://sites.google.com/view/magosabedoria
11 http://linade.podomatic.com/
12 https://twinspace.etwinning.net/12286/home
13 http://10esca.blogspot.com/ ; http://11esca.blogspot.com/ ; https://12esca.blogspot.com/
14 https://sites.google.com/view/portugues10 ; https://sites.google.com/view/portuguesonze;
https://sites.google.com/view/aprofundarportugues/
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A Rádio Virtual16 foi criada como estratégia para os alunos do 10º ano estudarem
os clássicos da literatura portuguesa. Surgiu no âmbito do Projeto Leituras d’Oriente e
d’Ocidente17, que resultou de uma parceria entre o Plano Nacional de Leitura (PNL) e a
Fundação Oriente, para desafiar as escolas a desenvolverem atividades para os alunos
descobrirem textos em língua portuguesa, compreenderem a herança que os portugueses
deixaram no Oriente e reconhecerem, na nossa cultura, a presença de contributos de
diversas civilizações orientais. Pretendia ainda promover, junto dos professores e alunos,
competências de literacia informacional e digital, através da criação de ambientes virtuais
de aprendizagem mediados por tecnologias móveis (smartphone, tablet, computador) e
incentivar nos jovens o gosto pela leitura recreativa, através da diversificação da oferta
de livros em diferentes suportes e da promoção de práticas de animação da leitura.
15 https://www.youtube.com/watch?v=9NbjS42csgA&feature=youtu.be
16 https://www.podomatic.com/podcasts/tabletesca
17 http://fasciniooriente.wixsite.com/leituras/podcasts
18https://www.youtube.com/watch?v=C4RzBMSFvA&feature=youtu.be&list=PL4W52t05cGlxByJX6bRTmPOISf-
tcNjgu
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de ler. Este projeto de leitura resultou em diferentes benefícios para os alunos, para além
dos conhecimentos ajudou a despertar a paixão pela leitura e por livros.
As apps Pear Deck e Nearpod são duas aplicações baseadas na navegação que nos têm
permitido tornar as nossas apresentações mais interativas, potenciando os dispositivos
dos alunos. Ao longo da apresentação, o professor pode adicionar perguntas e temas de
reflexão para os alunos responderem individualmente ou em grupo. As respostas são
depois apresentadas no ecrã pelo professor para correção ou comentário. É possível usar
o Nearpod para criar ou carregar um PowerPoint, PDFs ou imagens existentes. Os alunos
usam o aplicativo nos seus dispositivos ou navegam usando o URL fornecido e inserem
o código da turma. Isto permite que o professor transmita e controle a sua apresentação
no dispositivo de cada aluno durante a aula. Desta forma os alunos estão mais focados
nos conteúdos da aula e ao mesmo tempo usam os seus dispositivos móveis. Em ambas
as apps, o professor pode inserir uma variedade de tipologia de perguntas, um desenho
ou até mesmo um questionário para os alunos responderem. É possível incorporar vídeos
do YouTube, um site da Web ou uma apresentação de slides adicional. O Nearpod
também possui uma biblioteca de apresentações criadas por professores gratuitos ou para
compra.
Conclusão
É preciso que o debate sobre a educação na era digital continue. Vivemos num mundo
híper conectado e global, por isso faz sentido falarmos também de uma educação digital
global. Com o desenvolvimento dos dispositivos móveis a educação começa a olhar para
estas tecnologias como ferramentas de aprendizagem potentes. A investigação tem vindo
a produzir conhecimento sobre o uso e integração de tecnologias digitais na educação,
para uma renovação das práticas educativas. No entanto, ainda há obstáculos a resolver,
como seja a fraca qualidade da rede de acesso à Internet, a generalização das tecnologias
digitais e as questões relacionadas com a produção de conteúdos digitais, da formação de
professores e das distrações dos alunos.
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As melhores ferramentas para a sala de aula são as que não produzem curva de
aprendizagem para o professor e para os alunos. Existem diferentes aplicações
ambientalmente “amigáveis” e fáceis de utilizar na sala de aula, sem perdas de tempo a
aprender como funcionam. Como por exemplo, os sistemas de resposta rápida de
audiência: Kahoot, Socrative, Plickers, Quizizz, Quizlet. Estes sistemas têm implícito o
conceito de gamificação, são fáceis de usar e podem ser uma ferramenta para ajudar
professor e aluno a verificar a aprendizagem de um qualquer conteúdo curricular. Por
isso, os testes de conhecimento com correção automática, desde há muito, fazem parte
das nossas estratégias de avaliação formativa.
Referências
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Moura, A. (2014). Apps e podcasts para a aula invertida: um projeto eTwinning em língua
estrangeira no ensino básico. In A. Carvalho, S. Cruz, C. Marques, A. Moura, & I.
Santos (orgs.), Atas do 2º Encontro sobre Jogos e Mobile Learning, pp. 345-351.
Braga: CIEd.
Pimmer, C., Mateescu, M., & Grohbiel, U. (2016). Mobile and ubiquitous learning in
higher education settings. A systematic review of empirical studies. Computers in
Human Behavior, 63, 490-501.
Tourón, J., & Santiago, R. (2015). El modelo Flipped Learning y el desarrollo del talento
en la escuela. Revista de Educación, 368, 196-231.
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Elisa Saraiva
Agrupamento de Escola D. Maria II, Vila Nova de Famalicão
Este texto reporta-se à minha intervenção no painel “Ser professor: uma profissão em
risco?” e baseia-se na minha experiência profissional, adquirida ao longo de 22 anos a
lecionar nos ensinos básico e secundário, ainda que a mesma não possa ser dissociada de
toda a formação por mim realizada, em diferentes fases da minha vida e da minha
profissão.
Partindo da questão que serve de título e mote a esta painel, vivemos numa época
marcada pela mudança, pela transformação e na qual nos afloram sentimentos de uma
certa incerteza e carência de esperança face ao futuro de muitas profissões. No entanto, a
profissão de professor precisa, mais do que nunca, de ser encarada e de se assumir como
central e essencial. Vivemos um período de profundas mudanças na organização das
escolas e do ensino, pelo que a formação de professores enfrenta também ela desafios,
que não sendo novos, carecem de soluções cada vez mais urgentes.
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
O papel do professor deve assentar cada vez mais na comunicação entre professor
e alunos, cabendo ao primeiro o papel de estruturar e guiar as atividades que os segundos
desenvolvem na sala de aula, concedendo-lhes o espaço e autonomia essenciais para que
tomem iniciativas e tenham um papel ativo na construção das suas aprendizagens. Importa
que o professor seja capaz de encorajar os alunos a persistir nas suas atividades,
estimulando-os e aumentando a sua confiança, garantindo que se envolvem
produtivamente nas tarefas que realizam e, consequentemente, na sua aprendizagem. Esta
atitude do professor tem de ser permanente e não apenas pontual, pelo que requer um
investimento na sua autoaprendizagem e autodesenvolvimento profissional, de forma
contínua e quotidiana. Para tal é fundamental encontrar formas de capacitar os professores
para colaborarem mais e para aprenderem mais uns com os outros. De igual modo, seria
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
O professor do Século XXI tem que ser capaz de lidar com toda a produção
intelectual passada e com toda a que vai surgindo a uma velocidade cada vez maior,
procurando manter-se, na medida do possível, atualizado com o que há de mais moderno,
ainda que mantendo a consciência de que hoje o conhecimento está disponível em toda a
parte, pelo que será impossível saber tudo. O reportório de práticas do professor deverá
ter em conta este facto. Por vezes, importa saber admitir que não temos todas as respostas,
mas sabemos ajudar e orientar os alunos no sentido de as encontrarmos em conjunto.
Cada vez mais, o professor terá de se assumir como parceiro ou interlocutor privilegiado
do aluno, mas sendo também capaz de aprender com ele. Neste sentido, o maior desafio
que se coloca é o de saber manter a autoridade, evitando o risco de ser autoritário.
tecnologia, mas para os professores mais jovens esse não será, nos dias de hoje, o
principal problema. A competência no uso das tecnológicas não será a maior barreira,
uma vez que o uso pedagógico dessa mesma tecnologia e as ações adotadas pelo professor
é que serão determinantes no sucesso da incorporação dessas mesmas tecnologias nas
práticas pedagógicas dos professores. Importa que os professores aprendam como tirar o
verdadeiro partido do potencial das tecnologias de informação e comunicação para
envolver os alunos em atividades que se assemelhem a autênticas investigações
científicas e que, como tal, levam à construção de conhecimento na sala de aula. Nesse
processo, o aluno terá, com toda a certeza, a possibilidade de desenvolver o seu
pensamento crítico e outras importantes competências associadas à comunicação,
colaboração e criatividade.
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Um outro problema com que se depara o futuro da profissão docente passa pelo
envelhecimento do corpo docente e pelo número de reduzido de candidatos a integrar, no
futuro, a profissão de professor, pelo que urge tomar medidas para tornar a profissão mais
atrativa. Os vários sistemas educativos, não apenas o português, enfrentam na atualidade
o desafio de encontrar mecanismos que permitam atrair para a profissão os melhores
candidatos. Para tal, importa manter o rigor e exigência no acesso e na formação inicial
dos professores e trabalhar no sentido de uma maior valorização da carreira de professor.
Esta valorização passa pela justa exigência de melhores das condições de trabalho, que
não se esgotam na luta por melhores salários, e pela opção por mecanismos de progressão
mais justos e mais equitativos, nos quais a avaliação do desempenho docente têm um
importante papel.
Como referi, a atração de jovens para a profissão passa pela valorização social do
papel do professor, na qual os docentes atualmente no ativo, têm uma particular
responsabilidade. A forma como comunicamos com os nossos pares e como falamos
sobre a nossa profissão, nos mais variados contextos, tem um importante papel nessa
mesma valorização. Não podemos mudar a forma como os outros falam de nós,
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Currículo, Avaliação e Profissão Docente: Conceções Curriculares, Autonomia e Flexibilidade e o Papel do Professor
Referências:
Feynman, R. P., Leighton, R. B., & Sands, M. (1965). The feynman lectures on physics;
vol. I. American Journal of Physics, 33(9), 750-752.
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