Rafael,+4 Jeffersonsilvamarciusnahur
Rafael,+4 Jeffersonsilvamarciusnahur
Rafael,+4 Jeffersonsilvamarciusnahur
Jefferson da Silva1
Marcius Tadeu Maciel Nahur2
Resumo: O presente artigo busca discutir a questão da narrativa no pensamento de Paul Ricoeur
(1913-2005) e seu poder transformador na identidade de um sujeito e, consequentemente, da
cultura em que habita. Procurando refletir a respeito das narrativas, capazes de compor, de
forma significativa, elementos heterogêneos das ações dos homens e da cultura, é possível
acompanhar como tais elementos podem colaborar para a transformação de uma sociedade. É
incentivando a reflexão e a leitura que se pretende realizar um movimento contrário a certo
analfabetismo existencial-cultural. As artes, as grandes obras literárias e o estímulo do
desenvolvimento cultural parecem, cada vez mais, distantes de uma sociedade que vem da
dando prioridade para o tecnicismo e as informações desencontradas. As obras encontram-se aí
para serem apreendidas, lidas e relidas, para uma possível transformação cultural, mas é
necessário um empenho de todos nessa transformação, e é o que se propõe refletir com esse
trabalho, baseando-se em pesquisa bibliográficas, na argumentação e na reflexão.
Abstract: This article discusses the question of narrative in Paul Ricoeur's thought (1913-2005)
and its transforming power in the identity of a subject and, consequently, of the culture in which
he lives. Seeking to reflect on narratives, capable of meaningfully composing heterogeneous
elements of men's actions and culture, it is possible to follow how such elements can contribute
to the transformation of a society. It is by encouraging reflection and reading that a movement
that is contrary to certain existential-cultural illiteracy is intended. The arts, the great literary
works and the stimulation of cultural development seem increasingly distant from a society that
comes from giving priority to technicalism and mismatched information. The works are there to
be apprehended, read and reread, for a possible cultural transformation, but it is necessary a
commitment of all in this transformation, and it is what is proposed to reflect with this work,
based on bibliographical research, on the argumentation and in the reflection.
1
Doutorado em Filosofia pela PUC-SP, professor do Centro Universitário Salesiano de São – Unidade
Lorena e da Faculdade Canção Nova – Cachoeira Paulista/SP; Endereço eletrônico:
[email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0002-2671-4621
2
Mestre em Direito pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo – Unisal – Lorena/SP. Professor
do Unisal (Lorena/ SP) e da Faculdade Canção Nova (Cachoeira Paulista/SP). Endereço eletrônico:
[email protected]. ORCID: https://orcid.org/0000-0001-8729-9719
https:/doi.org/10.36311/1984-8900.2020.v12n31.p55-76
A força transformadora da narrativa em Paul Ricoeur
Introdução
A hermenêutica de Paul Ricoeur deve ser lida a partir da relação dialética que se
estabelece entre o si mesmo e o outro, entre a identidade e a diferença. Para ele,
“descobrir-se como um si mesmo é simultaneamente aceitar-se como irremediavelmente
um outro.” (HENRIQUES, 2005, p. 19). Significa dizer que a expressão linguística da
identidade é inseparável de uma inserção na história e na cultura. Ao inserir-se na
história e na cultura, a identidade desvela sua dimensão ética, e, ao mesmo tempo,
mostra que a criatividade humana pode descobrir diferentes maneiras de tornar o mundo
mais habitável. Em cada obra humana, pode-se estabelecer uma unidade entre o sujeito
que age e o mundo, ainda que esta unidade não seja plenamente totalizável pelo sujeito.
Não se deixa de reconhecer, contudo, que o sujeito não é soberano na sua relação com o
outro, pois o outro sempre lhe escapa. De qualquer modo, isso não significa a
desistência da opção ética de agir, construtivamente, para a transformação do outro e do
mundo. Nesse sentido, a linguagem e a imaginação são essenciais para a construção da
experiência humana de constituição do mundo. Em outras palavras, o mundo e o ser
humano são um projeto em construção. O ser humano e o mundo são um poder-ser.
Mas, o que os textos têm com o ser humano e mundo? Por meio dos textos, os valores
da existência humana e o mundo, continuamente, são reconstruídos. Neles, o leitor é
confrontado com novas e criativas possibilidades de poder-ser no mundo, reaprendendo
e redescobrindo o sentido de sua própria vida, ao estimar a si mesmo como outro eu e
ao outro como a si mesmo. Mas, será que cada um de nós não será incomodado em seu
eu, se quiser permanecer atento às novas formas de conflitos e projetar os traços novos
da própria ação? Parece não haver outro jeito, senão tomar parte nos ‘gemidos da
criação’ e depositar esperança numa leitura atenta, numa narrativa repleta de sentido e
seguir para uma ação inovadora (RICOEUR, 1990, p. 72). E esse processo não é
possível sem o sujeito reflexivo. A identidade narrativa é possibilidade de identificação
do sujeito, que acontece por meio do discurso, quando ele é apto a falar de si mesmo e
dos outros como sujeitos capazes de ação. Por isso, em sentido ricoeuriano, narrar
consiste no processo de falar de fatos, pessoas e relações, mediante a construção de um
enredo, isto é, de uma trama de significações que interrelacione, de maneira dialógica,
seus componentes e estruture uma ordem razoável de atos. Assim, os textos assumem
importância crucial no processo de busca de uma alteridade educativa.
As observações de Paul Ricoeur sobre a leitura e a compreensão de um texto
propõem uma nova configuração ao problema hermenêutico, pois um discurso se efetua
e se realiza como texto (RICOEUR, 1990, p. 17). Nesse sentido, toda obra tem caráter
simbólico. Na realidade, o pensador francês esteve sempre aberto a várias teorias,
reconhecendo em cada uma delas um tanto de grandeza, mas também suas inevitáveis
limitações. Fenomenologia, psicanálise, literatura, história, teologia, entre outras, são
teorias que influenciaram e, ainda, seguem influenciando as sociedades. E, para ele, a
seara em que se entrecruzam essas grandes teorias é a linguagem, haja vista que por
meio dela se imbricam várias interpretações. Mais precisamente, na ótica de Paul
Ricoeur, é através da linguagem, em forma simbólica, que se encontra o elemento
comum entre as várias interpretações. A propósito, ele não deixa de apresentar o
conceito de símbolo, assim dizendo: “Chamo de símbolo toda estrutura de significação
em que um sentido direto, primário, literal, designa, por acréscimo, outro sentido
indireto, figurado, que só pode ser apreendido pelo primeiro.” (RICOEUR, 1978, p. 15).
A importância do símbolo é, pois, de especial largueza, porque é ele que “faz pensar”,
fazendo com que o ser humano mergulhe nas obras, nos monumentos, nas instituições
que dizem de si mesmos. Esse mergulho leva à indagação fundamental sobre quem é
esse sujeito que está agindo no mundo e o quanto ele está inserido nesse mesmo mundo.
Paul Ricoeur se vê como alguém que segue a linha da filosofia reflexiva. Para
ele, o problema que esse tipo de filosofar apresenta é a possibilidade de compreensão de
si como sujeito de conhecimento e de vontade, de apreciação e operação, entre outras.
Essa filosofia envolve diferentes tipos de pensamento sobre o cogito. Na visão de Paul
Ricoeur, não há uma ou mesmo a filosofia do sujeito, mas sim estilo reflexivo sobre
esse cogito. Há o cogito socrático (cuidar-se de se conhecer), agostiniano (a alma e o
conhecimento das coisas exteriores e das verdades eternas), cartesiano (o eu que pensa e
3
“The most noticiable effect that narratives have on reality is to change those who read them; and they
change readers by showing readers something, revealing something that may have gone unnoticed before
the text was read”.
sentido para sua vida. A narrativa “torna-se” uma possibilidade para aquele que busca
um sentido para sua vida, convertendo-se em um terreno fértil em meio às tantas
contingências e instabilidades do cotidiano frenético.
A narrativa na filosofia de Paul Ricoeur, como um processo educativo, parece
pertinente, dado que o autor se ocupa com esse horizonte de sentido da vida, que tanto
parece perdido para muitos, preocupando-se com aquilo que uma obra pode oferecer
para a compreensão do humano ou do mundo que o cerca. Nesse sentido, pode-se dizer
que há aqui uma visão educativa que tem foco no eixo emancipatório do sujeito, e, além
disso, busca a interpretação para compreender o ser humano contemporâneo numa
sociedade em que fatos, valores e normas são diluídos na efemeridade. Outro aspecto
relevante para se estabelecer um diálogo fecundo entre a hermenêutica e a educação
refere-se ao aspecto da imaginação. Como é dito, “não há ação sem imaginação”
(RICOEUR, 1989, p. 223). Pelo poder da imaginação, o mundo do texto se contrapõe
ao mundo do leitor e a leitura se traduz, objetivamente, numa fusão do mundo do texto
com o mundo do leitor. Esta dimensão dialógica desses “mundos”, na visão do
pensador, é sempre mediada pelos textos. E a imaginação é também fundamental na
criação/invenção dos conceitos educacionais. Pode-se afirmar, então, que, na esfera da
educação, quando não há espaço para a imaginação, acaba-se contribuindo para
construções deformantes, para engodos e até violência. Mas, quando se abre espaço para
a imaginação operar, as ações para superar questões difíceis e problemáticas são mais
fáceis de resolver e, por conseguinte, alcançar resultados positivos. Além disso, a
imaginação contribui para embelezar, criar e trazer novas aberturas, instaurar o novo,
depositar projeções, sonhos e anseios. Ela permite aos indivíduos uma melhor visão do
sentimento de pertença ao lugar e ao grupo, abrindo-lhes a possibilidade de se tornarem
parte de um projeto em construção para melhoramento das relações sociais tanto dos já
incluídos, quanto daqueles ainda excluídos.
narrar histórias, outra é ir vivendo a vida; são questões distintas. Porém, “a vida tem a
ver com a narração” (RICOEUR, 2010a, p. 197). Para ele, à medida que se explicita
uma, concomitantemente, vai-se desdobrando o que a outra é. Ao tentar falar sobre a
identidade do sujeito ou de uma comunidade, afirma ser necessário responder à questão:
Quem faz tal ação? Quem é o seu agente? O filósofo, procurando responder as questões
elencadas, toma como referência Hannah Arendt, que diz que responder à questão quem
fez tal ação “[...] é contar a história de uma vida. A história contada diz o quem da
ação.” (RICOEUR, 2010b, p. 418). A narrativa aparece como mediadora entre a vida e
as ações dos homens. Como se diz, “o sujeito se lança para além de sua existência
puramente biológica, meramente corporal e ganha ‘representação’, inserindo-se numa
história, ganhando uma história.” (GENTIL, 2008, p. 159). Para Paul Ricoeur, a vida
dos homens vai para além dos fatos biológicos, pois perpassam pelas histórias narradas
e vividas. Afirma o filósofo: “gostaríamos de aplicar à relação entre narrativa e vida a
máxima de Sócrates segundo a qual uma vida não examinada não é digna de ser vivida.”
(RICOEUR, 2010a, p. 197). As histórias narradas são ações mimetizadas que, uma vez
configuradas, ganham certa inteligibilidade e um mundo próprio. Contudo, ainda não
fica esclarecido aqui de onde vêm as noções de narrativa e mímesis em Paul Ricoeur. É
preciso tentar esclarecer as noções mencionadas e, ao mesmo tempo, desenvolver as
relações entre a composição narrativa e as ações dos homens. Paul Ricoeur apropria-se
do conceito de mythos retirado da Poética de Aristóteles, assim dizendo:
Logo, pode-se dizer que a tessitura da intriga para o filósofo é uma operação que
procura integrar, dentro de uma composição, vários elementos díspares das ações dos
homens. A trama (tessitura da intriga) mimetiza as ações dos homens. Mas, o que é
mimetizar?
O termo mímesis vem do grego e pode significar tanto imitação quanto
representação. Paul Ricoeur prefere o sentido de representação, pois expressa melhor o
processo operado pela intriga que trata das ações dos homens em composição. A intriga
representa os homens em sua ação. Buscando uma retomada da poética de Aristóteles,
assim ele aduz:
Paul Ricoeur, a partir da Poética, traduz mímesis não por imitação, mas por uma
representação das ações dos homens. Ao se apropriar do conceito mimético aristotélico,
ele rompe com a concepção metafísica de mímesis platônica. Nesse sentido, o filósofo
afirma:
ações dos homens, também recria a ação. É como o artesão que não copia as coisas
simplesmente, mas constrói um objeto com seu estilo próprio, introduzindo algo novo
no mundo.
Segundo Paul Ricoeur, o algo novo construído pela tessitura da intriga se dá
pelas variações imaginativas. Na sua ótica, pela imaginação acontece uma espécie de
jogo livre, com muitas possibilidades, num estado de não compromisso em relação ao
mundo da percepção e é “nesse estado de não compromisso que ensaiamos ideias novas,
valores novos, novos modos de estar no mundo [...].” (RICOEUR, 1989, p. 220).
Além de imitar as ações dos homens, a mímesis realização essa imitação de
maneira criativa, assim procedendo através da composição linguística. Aqui se pode
perguntar: Como se realiza a imitação criadora das ações dos homens na composição?
Para Paul Ricoeur, a mímesis produz a disposição dos fatos em sistemas, ordena
na composição as representações das ações homens, de tal modo que a “imitação ou
representação é uma atividade mimética na medida em que produz algo, ou seja,
precisamente o agenciamento dos fatos pela composição da intriga.” (RICOEUR,
2010a, p. 61). Em outras palavras, a atividade mimética, além de imitar criativamente,
ordena as ações com certa lógica.
A partir do desenvolvimento das noções de mythos e mímesis, percebe-se que,
em Paul Ricoeur, existe uma equivalência entre essas noções, pois em ambas ocorre
certa organização (dinâmica) dos fatos dentro da composição. Ambas tecem a intriga
que, ao organizar os fatos, as ações dos homens em certa ordem, também “mimetizam”
a realidade, conferindo-lhe coerência. Logo, pode-se afirmar que a tessitura da intriga é
a imitação das ações dos homens, ações que são imitadas de modo criativo e são
ordenadas com uma forma lógica, uma lógica narrativa, ganhando assim
inteligibilidade. É a partir disso que se pode dizer que a narrativa permite pensar,
significativamente, as ações dos homens, pois agencia os fatos em forma de sistema,
articulando-os de modo inteligível. Nesse sentido, assim é dito:
A narrativa é mais que uma enumeração de fatos que apenas coloca os vários
acontecimentos um após o outro, ela agencia os fatos, dando-lhes certa articulação, bem
como organiza de modo articulado vários acontecimentos, estabelecendo uma “síntese
do heterogêneo”. A síntese do heterogêneo é a reunião organizada da variedade de
acontecimentos e episódios da vida dos personagens (ou das pessoas) em uma única
história, de modo que os vários acontecimentos se estruturam numa única configuração
narrativa, ganhando com isso certo sentido, uma inteligibilidade. A tessitura da intriga
realiza a síntese do heterogêneo e a “[...] síntese entre os eventos ou os incidentes
múltiplos e a história completa uma e outra.” (RICOEUR, 2010a, p. 198). Assim, a
narrativa ordena incidentes variados da vida, colocando-os em histórias e em narrativas.
Percebe-se que, na visão de Paul Ricoeur, as narrativas estão concatenadas,
intimamente, com as ações dos homens, pois são construídas pelos acontecimentos da
vida, que são aqueles eventos que marcam as ações dos homens no mundo, e envolvem
tanto o fazer quanto o sofrer algo. Os acontecimentos, uma vez postos na composição,
ganham inteligibilidade com um itinerário bem delineado de início e fim.
Mas, não é só. Há outro elemento importante na composição narrativa, que
acompanha a síntese do heterogêneo é a ordenação do tempo. Uma vez que ocorre na
composição uma síntese dos mais variados fatos, estes não são ‘amontoados’,
‘ajuntados’ na composição, porém ordenados com certa inteligibilidade dentro de uma
ordem temporal. Em outras palavras, as ações dos homens que foram mimetizadas são
ordenadas com certa lógica temporal. Nesse sentido, assim é anotado:
história de uma vida, é dizer das ações dos homens. (RICOEUR, 2010b, p. 418).
Percebe-se que as narrativas partem das ações dos homens, pois, criativamente, imitam
essas ações na composição. Porém, para Paul Ricoeur, não basta narrar ou configurar
uma história, uma vez que é necessário alguém que a escute, que acompanhe a narração.
Sem um “[...] leitor que a acompanhe, não há ato configurante em obra no texto; e sem
leitor que se aproprie dele, não há nenhum mundo desdobrado diante do texto.”
(RICOEUR, 2010b, p. 280).
É no processo de escuta ou de acompanhamento de uma composição narrativa
que acontece o que Paul Ricoeur chama de refiguração. O sujeito, constituído ao mesmo
tempo como leitor ou escritor de sua própria história ou da história de outros, ao se
apropriar de uma composição narrativa, é capaz de encontrar, nas ações que foram
articuladas e ordenadas com certa inteligibilidade e de forma dinâmica, as
possibilidades de redescrever sua ação no mundo. Ele pensa a interpretação da
linguagem, na linha de uma hermenêutica fenomenológica, que considera a elucidação
da linguagem como extensiva para além dos significados dos símbolos, buscando a
compreensão de novos objetos: o texto, a metáfora, a narrativa, ação, a história, o
imaginário social e a política. A compreensão da realidade, por intermédio da
linguagem, exige uma qualidade interpretativa dos seus símbolos e signos que permite o
reconhecimento da pertença do ser humano ao mundo, a uma cultura e a uma tradição.
Por isso, a semântica do exibido-escondido, das expressões de duplo sentido, constitui-
se o elemento que possibilita à hermenêutica elucidar os múltiplos aspectos textuais que
permitem acesso à compreensão da existência, da consciência de si mesmo e da
alteridade. A hermenêutica perpassa os textos e estende-se à vida na compreensão do
sujeito em concomitância com a constituição da ação nos níveis linguístico, prático,
narrativo e ético-político.
Paul Ricoeur não foi em direção ao saber absoluto, e procurou caminhar pelo
conflito das interpretações, abrindo a via da pluralização interpretativa ao realizar uma
hermenêutica da fragmentação da realidade, tentando reunir os estilhaços trazidos pela
chamada modernidade inacabada ou pós-modernidade. Em sua ótica, a razão não
resolveu o desafio do mal, mas nem por isso desistiu de acreditar no triunfo do bem.
Essa conquista do bem passa sim pelo conhecimento científico, cada vez mais traduzido
Uma vez acabado o texto e lançado no mundo, ela ganha sua independência em
relação ao sujeito-autor, e sujeito-leitor, enquanto um destinatário indeterminado, que
faz a livre escolha de enveredar por sua narrativa, tem a possibilidade de estabelecer
[...] haverá sempre uma palavra poética, haverá sempre uma reflexão
filosófica sobre essa palavra poética e um pensamento político capaz
de reunir a ambas. Dito de outra maneira: a minha esperança está na
linguagem. Tenho a esperança de que haja sempre poetas, de que haja
sempre pessoas para refletir sobre eles e de que haja pessoas para
querer politicamente que essa palavra, que essa filosofia da poesia,
produza uma política. Eu diria que a minha aposta tem a figura da
esperança. (RICOEUR, 1978, p. 72).
Conclusão
Referências