Efeitos Do Treino de Flexibilidade para Idosos
Efeitos Do Treino de Flexibilidade para Idosos
Efeitos Do Treino de Flexibilidade para Idosos
Resumo
O envelhecimento é um fenômeno fisio- da amostra mediante o teste de Shapiro
lógico que afeta drasticamente todo o or- Wilk e o teste t para amostras pareadas
ganismo, principalmente as qualidades (p < 0,05), sendo utilizado o SPSS® for
físicas: força, flexibilidade, indicadores Windows 15.0. Foram registradas diferen-
antropométricos e cardiorrespiratórios. O ças estatísticas significativas, evidencian-
objetivo deste estudo foi analisar a treina- do um ganho considerável na amplitude
bilidade da flexibilidade em idosos subme- articular do quadril após a utilização das
tidos a sessões de alongamentos. Partici- sessões de alongamentos na região coxo-
param do estudo dez indivíduos (n = 10) femoral. No pré-teste, foi encontrada uma
do gênero masculino, escolhidos aleato- média de 39,80 ± 7,8 graus na articulação
riamente, com idade entre 62 e 68 anos, do quadril. No final das doze semanas
que não tivessem participado de progra- de aplicação do alongamento (pós-teste),
mas com exercícios de alongamento. As observou-se média de 55,80 ± 7,3 graus.
intervenções ocorreram ao longo de doze Concluiu-se que houve um ganho signifi-
semanas, duas vezes por semana, tendo cativo na amplitude articular dos partici-
cada sessão de exercícios duração de 30 pantes, evidenciando que a realização de
a 45 minutos. O IPAQ (classificação como exercícios de alongamento reflete em be-
sedentários) e liberação médica foram uti- nefícios à amplitude angular e melhora nos
lizados como critério de inclusão. Foram níveis de flexibilidade.
realizados o pré e o pós-teste por meio da
avaliação de goniometria coxofemoral. Palavras-chave: Idosos. Envelhecimento.
Foi feita a verificação da homogeneidade Flexibilidade.
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Docente do curso de Ed. Física das Faculdades Sudamérica, Cataguases - MG e docente da Funita,
Itaperuna - RJ. Endereço para correspondência: Rua Edson Barbosa Resende, 49, Esteves, CEP:
36700-000, Leopoldina – MG. E-mail: [email protected].
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Discente do curso de Pós-Graduação em Personal Trainer e prescrição de exercícios para grupos
especiais pelo Centro Universitário de Volta Redonda - UNIfoa - Unidade IF.
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Discente do curso de Bacharel em Educação Física pela Faculdade de Minas - Faminas, Murié - MG.
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Mestre em Educação Física e Desporto, Doutorando em Ciências do Desporto pela Universidade
Trás-os-Montes e Alto Douro, UTDA - Portugal.
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Doutor em Ciências do Desporto pela Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, Portugal. Docente
do curso de Educação Física pela Universidade Presidente Antônio Carlos, Unipac, Uberlândia - MG e
docente do curso de Educação Física pelo Centro Universitário do Triângulo, Unitri, Uberlândia - MG.
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Mestre em Educação Física e Desporto, doutorando em Ciências do Desporto pela Universidade
Trás-os-Montes e Alto Douro, UTad, Portugal. Docente do curso de Educação Física das Faculdades
Sudamérica, Cataguases - MG, do curso de Educação Física da Presidente Antônio Carlos, Fapac,
Leopoldina - MG. Docente das Faculdades Integradas de Cataguases, FIC/UNIS, Cataguases - MG.
doi:10.5335/rbceh.2012.022
moral, contendo 10 segundos por série, ducação postural global (RPG). O goni-
para ganho de amplitude articular e alon- ômetro foi colocado em seu eixo central
gamento muscular. Foram realizados três ao nível do trocanter maior do fêmur,
exercícios de alongamento, alternando os com uma haste fixa na parte lateral do
hemisférios. Contudo, o programa ainda tronco sobre o prolongamento da linha
contava com um aquecimento com ativa- axilar, e a outra, na face externa da coxa
ção cardiocirculatória aeróbica (5 min); em sua linha mediana, aplicando-se duas
exercícios de resistência adaptados (10 avaliações.
min); atividades de coordenação (15-20 Na primeira avaliação realizada,
min); exercícios respiratórios e de rela- estabilizou-se o membro contralateral
xamento (5-10 min); e hidratação em dois na tentativa de se evitar possíveis in-
momentos distintos (25 minutos após o terferências nos resultados da região
início e ao final da sessão). Vale ressal- coxofemoral. Os resultados obtidos da
tar que a prática sistematizada entre medida de cada voluntário foram regis-
os exercícios realizados foi escolhida de trados em uma ficha de avaliação para
acordo com as sugestões de Mazini Filho posterior reavaliação.
et al. (2010), que abordaram exercícios Ao término do período de aplicação
físicos combinados para verificação de va- das sessões de alongamentos na região
riáveis físicas e fisiológicas. No presente coxofemoral, foi realizado um pós-teste
experimento, optou-se apenas por men- na amostra, utilizando o mesmo proto-
surar a capacidade física flexibilidade. É colo (DANTAS; CARVALHO; FONSE-
possível que a soma dos exercícios físicos CA, 1997) do pré-teste para registrar a
realizados exerça potenciais resultados amplitude articular atual do quadril de
finais em nossa variável investigada, todos os voluntários.
podendo essas outras atividades pres- Os resultados da reavaliação foram
critas ser consideradas como limitações cuidadosamente analisados e compara-
de nosso estudo, uma vez que não foram dos com os da avaliação inicial, obtendo-
controlados grupos que praticaram -se, assim, conclusões expressivas. Todas
apenas atividades de alongamentos na as avaliações no pré e pós-teste foram
região coxofemoral. realizadas em laboratório climatizado
As medidas foram tomadas antes do com temperatura ambiente mantida
início do programa e após 12 semanas entre 16 e 20 oC e obedeceram a uma
de intervenção, sempre pelo mesmo reprodutividade parecida, sendo reali-
pesquisador, respeitando, também, os zadas no período da tarde, às 16h. No
mesmos horários. dia da avaliação, conforme orientação
recebida, nenhum voluntário havia
Flexibilidade praticado qualquer atividade física, para
Para o teste de flexibilidade do qua- evitar ganhos ou perdas nos resultados
dril com o grupo de idosos, a medida foi encontrados entre os testes.
feita com cada voluntário deitado em
decúbito dorsal em uma maca de ree-
Estatística Discussão
A verificação da homogeneidade da No presente estudo, constatou-se
amostra foi feita por meio do teste de que todos os indivíduos apresentaram
Shapiro Wilk. Diante da normalidade, melhoras significativas na flexibilidade,
procedeu-se ao teste t para amostras da ordem de 39,80 ± 7,8 graus para 55,80
pareadas. Adotou-se como nível de ± 7,3 graus. O programa de atividade
significância p<0,05, utilizando para a física proposto, associado à utilização
análise o programa SPSS® for Windows das sessões de alongamentos na região
versão 15.0. coxofemoral, mostrou-se eficiente em ga-
nhos de amplitude de movimento dessa
Resultados articulação nos idosos participantes.
Segundo Shephard (1998), durante a
A análise e a comparação dos dados
vida ativa, adultos tendem a perder cer-
coletados no pré e pós-teste evidencia-
ca de 8 a 10 centímetros de flexibilidade
ram diferenças estatísticas relevantes,
na região lombar e no quadril, quando
assinalando um ganho considerável na
medidos por meio do teste de alcance
amplitude articular do quadril após a
máximo “sit and reach”. Os fatores que
utilização das sessões de alongamentos
contribuiriam para essa perda seriam
na região coxofemoral dos idosos me-
a maior rigidez de tendões, ligamentos
diante a intervenção proposta (Figura 1).
e cápsulas articulares, devido a defi-
ciências no colágeno. O mesmo autor
menciona que a restrição na amplitude
do movimento das grandes articulações
progride de forma mais enfática com
o envelhecimento, e, muitas vezes, a
independência funcional acaba por ser
diminuída. Assim, uma das estratégias
para conservar a flexibilidade consiste
Figura 1 – Avaliação da amplitude articular,
na realização de movimentos em toda a
em graus, no movimento de flexão amplitude das principais articulações.
da articulação coxofemoral. Geraldes et al. (2008) investigaram
* diferença significativa p<0,0001 pré e pós-teste. a relação entre a amplitude articular
da flexão e extensão das articulações
No pré-teste, foi encontrada uma glenoumerais (GU) e coxofemorais (CF)
média de 39,80 ± 7,8 graus na articula- e o desempenho funcional (DF) em 22
ção do quadril. No final das 12 semanas idosas funcionalmente independentes e
de aplicação do alongamento (pós-teste), fisicamente ativas. Os autores consta-
observou-se média de 55,80 ± 7,3 graus, taram correlações significantes (p<0,05)
o que mostrou a eficiência da prescrição entre a flexibilidade ativo-assistida de
das atividades no presente experimento. CF e alguns testes específicos de DF.