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AO JUÍZO DA VARA DA FAZENDA PÚBLICA DA COMARCA DE CORRENTE/

PIAUÍ

RAFAEL BARBOSA DIAS, casado, assistente administrativo,


inscrito no CPF sob nº 222.333.444-5, RG nº 123.123.45 SSP/PI,
residente e domiciliado na Rua dos Encrenqueiros, nº 565, Centro,
na Cidade de Corrente, Piauí, CEP 64980-000, vem à presença de
Vossa Excelência, por meio do seu Advogado, infra assinado,
ajuizar

AÇÃO INDENIZATÓRIA

em face de EQUATORIAL ENERGIA PIAUÍ, pessoa jurídica de


direito privado, inscrita no CNPJ sob nº XXXX, com filial na Rua
Benjamin Nogueira, nº 71, Olaria, na Cidade de Corrente, Piauí,
CEP 64980-000, pelos motivos e fatos que passa a expor.

DOS FATOS

Em XX/XX/XXXX o Autor teve uma inesperada sobrecarga de energia


elétrica, havendo um curto-circuito, causando inúmeros danos materiais em inúmeros
aparelhos eletrônicos.

Imediatamente após o ocorrido, o Autor buscou uma compensação junto ao


Réu, conforme evidências que junta em anexo, pelo qual não obteve qualquer retorno, razão
pela qual intenta a presente demanda.

O requerente recuperou por conta própria parte dos aparelhos, porem, este
requer que seja reembolsado pela despesa já feita e pelo que resta recuperar.

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DAS PERDAS E DANOS

Conforme demonstrado pelos fatos narrados e prova testemunhal que será


produzida no presente processo, o nexo causal entre o dano e a conduta da Ré fica, gera o
dever de indenizar, conforme preconiza o Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária,


negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a
outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que,


ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Nesse mesmo sentido, é a redação do art. 402 do Código Civil que


determina: "salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e danos devidas
ao credor abrangem, além do que efetivamente perdeu, o que razoavelmente deixou de
lucrar".

No presente caso, toda perda deve ser devidamente indenizada,


especialmente por que a negligência do Réu causou danos, assim especificado:

1 filtro de linha da marca Leadership, com 3 tomadas - R$ 78,00

1 filtro de linha da marca Clone, com 3 tomadas - R$ 129,00

1 recuperação de placa mãe de computador, marca Positivo, modelo


POS-PIHSS80, soqute 1155 - R$ 215,00

1 Hub switch, de 7 portas RJ45 da marca Clone - R$ 55,00

1 monitor da marca Samsung, modelo Syncmaster, 17”, 794v,


Model Cod: KS17SCLPK/XAZ, Comente AC 100-240v, número de

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série SC17HXALB002700 (o mesmo não compensa reparo, tendo
em vista o baixo valor de mercado, pois trata-se de um monitor de
tubo com mais de 20 anos de uso) – R$ 135,00

1 formatação - R$ 160,00

No presente caso, todos os prejuízos devem ser devidamente indenizados,


especialmente por demonstrada a negligência do Réu ao deixar de notificar previamente
sobre a possibilidade de corte de luz, conforme precedentes sobre o tema:

INDENIZAÇÃO - ENERGIA ELÉTRICA - Danos causados em


equipamentos eletrônicos - Oscilação na rede - Responsabilidade
objetiva da concessionária de energia elétrica - Inteligência do
artigo 37, §6º, da Constituição Federal, e do artigo 14, do Código de
Defesa do Consumidor - Cabimento da indenização pelos danos
materiais - Pedido de reparação em R$19.500,00 - Pleito sem
fundamentação - Necessidade de redimensionamento aos prejuízos
que foram demonstrados - Insurgência acolhida neste ponto -
Julgado que não dispôs sobre os encargos moratórios - Definição
neste sede recursal, após prévia ciência das partes - Inteligência dos
arts. 10, 322, § 1º, e 1.013, § 3º, III, do Estatuto Processual -
Recurso provido, em parte. (TJSP; Apelação Cível 1024326-
08.2017.8.26.0100; Relator (a): Mario de Oliveira; Órgão Julgador:
38ª Câmara de Direito Privado; Foro Central Cível - 13ª Vara Cível;
Data do Julgamento: 18/02/2020; Data de Registro: 18/02/2020,
#96319500) #6319500

*Indenização - Energia elétrica - Queda de fio da rede elétrica que


danificou o equipamento de segurança existente no pátio de
apreensão e recolhimento de veículos - Responsabilidade objetiva
da recorrente - Danos materiais evidenciados e bem fixados -
Sentença que julgou procedente a ação se mostra correta e deve ser

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mantida, nos termos do art. 252 do Regimento Interno deste
Tribunal de Justiça - Recurso improvido, com majoração da verba
honorária recursal.* (TJSP; Apelação Cível 1013247-
17.2018.8.26.0320; Relator (a): Souza Lopes; Órgão Julgador: 17ª
Câmara de Direito Privado; Foro de Limeira - 2ª Vara Cível; Data
do Julgamento: 29/01/2020; Data de Registro: 29/01/2020,
#96319500)

INDENIZAÇÃO - ENERGIA ELÉTRICA - Danos causados em


equipamentos eletrônicos - Oscilação na rede - Recusa
administrativa de reparação dos danos - Procedência do pedido
judicial de indenização por danos materiais e rejeição da pretensão
de indenização por danos extrapatrimoniais - Insurgência do Autor -
Desacolhimento - Danos morais não configurados - Falha na
prestação de serviços que, no caso, não enseja a indenização por
danos morais - Não demonstração do abalo à honra do Autor, nem
sua exposição a situação constrangedora - Mero aborrecimento -
Sucumbência parcial - Disposição sobre os honorários tendo como
resultado a compensação dessa verba entre as partes - Vedação -
Arbitramento de honorários em favor do patrono do Recorrente, por
equidade, em R$1.500,00 - Recurso provido, em parte. (TJSP;
Apelação Cível 1002262-03.2017.8.26.0553; Relator (a): Mario de
Oliveira; Órgão Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado; Foro de
Santo Anastácio - Vara Única; Data do Julgamento: 22/07/2019;
Data de Registro: 22/07/2019, #46319500)

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO - Energia elétrica - Alegação inicial de


que houve a queima de aparelho (compressor) por sobrecarga de
energia elétrica - Produção de prova idônea neste sentido, havendo
laudo da empresa de assistência técnica autorizada, não impugnado
eficazmente pela ré - Independentemente do disposto na Resolução
nº 414/10 da ANEEL, o princípio da inafastabilidade da jurisdição,

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previsto no inciso XXXV do art. 5º da Constituição Federal, torna
desnecessário o prévio pedido administrativo de ressarcimento do
dano - Comprovação de que o dano no equipamento elétrico
ocorreu em virtude de oscilação/descarga de energia elétrica -
Responsabilidade da concessionária é objetiva - Art. 37, §6º da
Constituição Federal - Desnecessidade de prova pericial - Dano
material evidenciado - Ressarcimento devido - Dano moral -
Inocorrência - Ausência de afronta a atributos da personalidade do
autor, tais como honra, integridade, boa fama e bom nome, de
forma que não há dano moral indenizável no caso presente - Lucros
cessantes - Ausência de comprovação - RECURSO
PARCIALMENTE PROVIDO. (TJSP; Apelação Cível 1003418-
68.2018.8.26.0269; Relator (a): Spencer Almeida Ferreira; Órgão
Julgador: 38ª Câmara de Direito Privado; Foro de Itapetininga - 4ª
Vara Cível; Data do Julgamento: 08/10/2019; Data de Registro:
08/10/2019, #26319500)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos materiais


sofridos, bem como aos lucros cessantes.

DA RESPONSABILIDADE CIVIL

Toda e qualquer reparação civil esta intimamente ligada à responsabilidade


do causador do dano em face do nexo causal presente no caso concreto, o que ficou
perfeitamente demonstrado nos fatos narrados. Sendo devido, portanto, a recuperação do
patrimônio lesado por meio da indenização, conforme leciona a doutrina sobre o tema:

"Reparação de dano. A prática do ato ilícito coloca o que sofreu o


dano em posição de recuperar, da forma mais completa possível, a
satisfação de seu direito, recompondo o patrimônio perdido ou
avariado do titular prejudicado. Para esse fim, o devedor responde
com seu patrimônio, sujeitando-se, nos limites da lei, à penhora de

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seus bens." (NERY JUNIOR, Nelson. NERY, Rosa Maria de
Andrade. Código Civil Comentado. 12 ed. Editora RT, 2017.
Versão ebook, Art. 1.196)

Trata-se do dever de reparação ao lesado, com o objetivo de viabilizar o


retorno ao status quo ante à lesão, como pacificamente doutrinado:

"A rigor, a reparação do dano deveria consistir na reconstituição


específica do bem jurídico lesado, ou seja, na recomposição in
integrum, para que a vítima venha a encontrarse numa situação
tal como se o fato danoso não tivesse acontecido." (PEREIRA,
Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil. Vol II -
Contratos. 21ª ed. Editora Forense, 2017. Versão ebook, cap. 283)

Motivos pelos quais devem conduzir à indenização ao danos materiais


sofridos, bem como aos lucros cessantes.

DOS LUCROS CESSANTES

Dispõe o Código Civil, nos termos do art. 395, que responde o devedor pelos
prejuízos decorrentes da negligência do Réu.

No presente caso, o nexo causal é perfeitamente configurado, na medida em


que há plena demonstração da relação de causa e efeito entre a conduta praticada pela
empresa Ré e o dano suportado pelo Autor.

Afinal, caso o serviço fosse efetivamente prestado o Autor poderia trabalhar


e resultando em mais renda.

Os lucros cessantes são indenizáveis conforme clara redação do art. 402 do


Código Civil que determina:

"salvo as exceções expressamente previstas em lei, as perdas e

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danos devidas ao credor abrangem, além do que efetivamente
perdeu, o que razoavelmente deixou de lucrar".

No presente caso, o corte de energia ocorreu no local onde o Autor exerce


igualmente sua atividades laboral de indicar profissão exercida no local, sendo que a
ausência de luz impediu o seu exercício por 3 dias, configurando um prejuízo de R$
300,00 , conforme média diária do faturamento nos mesmos dias do mês anterior que junta
em anexo.

Assim, necessária a compensação pela privação injusta da posse da coisa


dotada de expressão econômica. Razão pela qual, requer a condenação da Ré ao pagamento
dos lucros cessantes devidos pelo lucro previsto e não efetivado em decorrência da falha da
empresa Ré.

DOS DANOS PELO DESVIO PRODUTIVO

Conforme disposto nos fatos iniciais, o Consumidor teve que desperdiçar seu
tempo útil para solucionar problemas que foram causados pela empresa Ré que não
demonstrou qualquer intenção na solução do problema, obrigando o ingresso da
presente ação.

Este desgaste fica perfeitamente demonstrado por meio de tentativas


administrativas demonstradas em documento em anexo.

Este transtorno involuntário é o que a doutrina denomina de DANO PELA


PERDA DO TEMPO ÚTIL, pois afeta diretamente a rotina do consumidor gerando um
desvio produtivo involuntário, que obviamente causam angústia e stress.

Humberto Theodoro Júnior leciona de forma simples e didática sobre o


tema, aplicando-se perfeitamente ao presente caso:

"Entretanto, casos há em que a conduta desidiosa do fornecedor


provoca injusta perda de tempo do consumidor, para solucionar

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problema de vício do produto ou serviço. (...) O fornecedor, desta
forma, desvia o consumidor de suas atividades para "resolver um
problema criado" exclusivamente por aquele. Essa circunstância,
por si só, configura dano indenizável no campo do dano moral, na
medida em que ofende a dignidade da pessoa humana e outros
princípios modernos da teoria contratual, tais como a boa-fé
objetiva e a função social: (...) É de se convir que o tempo
configura bem jurídico valioso, reconhecido e protegido pelo
ordenamento jurídico, razão pela qual, "a conduta que
irrazoavelmente o viole produzirá uma nova espécie de dano
existencial, qual seja, dano temporal" justificando a indenização.
Esse tempo perdido, destarte, quando viole um "padrão de
razoabilidade suficientemente assentado na sociedade", não pode
ser enquadrado noção de mero aborrecimento ou dissabor."
(THEODORO JÚNIOR, Humberto. Direitos do Consumidor. 9ª ed.
Editora Forense, 2017. Versão ebook, pos. 4016)

Bruno Miragem, no mesmo sentido destaca:

"Por outro lado, vem se admitindo crescentemente, a partir de


provocação doutrinária, a concessão de indenização pelo dano
decorrente do sacrifício do tempo do consumidor em razão de
determinado descumprimento contratual, como ocorre em relação
à necessidade de sucessivos e infrutíferos contatos com o serviço de
atendimento do fornecedor, e outras providências necessárias à
reclamação de vícios no produto ou na prestação de serviços."
(MIRAGEM, Bruno. Curso de Direito do Consumidor - Editora RT,
2016. versão e-book, 3.2.3.4.1)

Nesse sentido:

"Então, a perda injusta e intolerável do tempo útil do consumidor

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provocada por desídia, despreparo, desatenção ou má-fé (abuso de
direito) do fornecedor de produtos ou serviços deve ser entendida
como dano temporal (modalidade de dano moral) e a conduta que o
provoca classificada como ato ilícito. Cumpre reiterar que o ato
ilícito deve ser colmatado pela usurpação do tempo livre,
enquanto violação a direito da personalidade, pelo afastamento do
dever de segurança que deve permear as relações de consumo,
pela inobservância da boa-fé objetiva e seus deveres anexos, pelo
abuso da função social do contrato (seja na fase pré-contratual,
contratual ou pós-contratual) e, em último grau, pelo desrespeito
ao princípio da dignidade da pessoa humana." (GASPAR, Alan
Monteiro. Responsabilidade civil pela perda indevida do tempo útil
do consumidor. Revista Síntese: Direito Civil e Processual Civil, n.
104, nov-dez/2016, p. 62)

O STJ, nessa linha de entendimento já reconheceu o direito do consumidor à


indenização pelo desvio produtivo diante do desperdício do tempo do consumidor para
solucionar um problema gerado pelo fornecedor, afastando a idéia do mero aborrecimento,
in verbis:

"Adoção, no caso, da teoria do Desvio Produtivo do


Consumidor, tendo em vista que a autora foi privada de tempo
relevante para dedicar-se ao exercício de atividades que melhor
lhe aprouvesse, submetendo-se, em função do episódio em
cotejo, a intermináveis percalços para a solução de problemas
oriundos de má prestação do serviço bancário. Danos morais
indenizáveis configurados. (...) Com efeito, tem-se como
absolutamente injustificável a conduta da instituição financeira em
insistir na cobrança de encargos fundamentadamente impugnados
pela consumidora, notório, portanto, o dano moral por ela
suportado, cuja demonstração evidencia-se pelo fato de ter sido
submetida, por longo período [por mais de três anos, desde o início

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da cobrança e até a prolação da sentença], a verdadeiro calvário
para obter o estorno alvitrado, cumprindo prestigiar no caso a teoria
do Desvio Produtivo do Consumidor, por meio da qual sustenta
Marcos Dessaune que todo tempo desperdiçado pelo consumidor
para a solução de problemas gerados por maus fornecedores
constitui dano indenizável, ao perfilhar o entendimento de que a
"missão subjacente dos fornecedores é - ou deveria ser - dar ao
consumidor, por intermédio de produtos e serviços de qualidade,
condições para que ele possa empregar seu tempo e suas
competências nas atividades de sua preferência. Especialmente no
Brasil é notório que incontáveis profissionais, empre sas e o próprio
Estado, em vez de atender ao cidadão consumidor em observância à
sua missão, acabam fornecendo-lhe cotidianamente produtos e
serviços defeituosos, ou exercendo práticas abusivas no mercado,
contrariando a lei. Para evitar maiores prejuízos, o consumidor se
vê então compelido a desperdiçar o seu valioso tempo e a desviar as
suas custosas competências - de atividades como o trabalho, o
estudo, o descanso, o lazer - para tentar resolver esses problemas de
consumo, que o fornecedor tem o dever de não causar. Tais
situações corriqueiras, curiosamente, ainda não haviam merecido a
devida atenção do Direito brasileiro. Trata-se de fatos nocivos que
não se enquadram nos conceitos tradicionais de 'dano material', de
'perda de uma chance' e de 'dano moral' indenizáveis. Tampouco
podem eles (os fatos nocivos) ser juridicamente banalizados como
'meros dissabores ou percalços' na vida do consumidor, como vêm
entendendo muitos juristas e tribunais." [2http://revistavisaoj
uridica.uol. com.br/advogados-leis-j urisprudencia/71/desvio-
produto-doconsumidor-tese-do-advogado-marcos -ddessaune-
255346-1. asp] .(...). (AREsp 1.260.458/SP - Ministro Marco
Aurélio Bellizze)

A jurisprudência, no mesmo sentido, ancora o posicionamento de que o

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desvio produtivo ocasionado pela desídia de uma empresa deve ser indenizada, conforme
predomina a jurisprudência:

AÇÃO INDENIZATÓRIA DE DANOS MORAIS E PEDIDO DE


TUTELA ANTECIPADA. COMPRA E VENDA PELA
INTERNET. PRODUTO NÃO ENTREGUE PELA
VENDEDORA. RESTITUIÇÃO DO VALOR POR AUSÊNCIA
DA MERCADORIA EM ESTOQUE. TEORIA DO TEMPO
PERDIDO. Dano moral configurado em razão do tempo perdido
pelo consumidor na busca, sem sucesso, pelo produto desejado.
Não pode parecer razoável, numa sociedade minimamente
organizada, que vive na busca incessante pela otimização de seu
tão precioso tempo, que um fornecedor possa, impunemente,
deixar de proceder a entrega de um bem no tempo e modo que
havia se comprometido, fazendo com que o consumidor seja
privado durante determinado período de vida de se utilizar de
algo que tinha legítima expectativa de receber. Se anunciava o
produto pela internet, o vendedor deveria ter tido o cuidado de
verificar se o mesmo havia em seu estoque, não podendo, após o
consumidor efetuar a compra, comodamente dizer que não mais
possui o bem, ainda que devolvendo o dinheiro, pois, a essa altura,
o comprador não quer receber de volta o que pagou: quer, e tem
direito, a receber o que comprou, sob pena de ser indenizado pelo
tempo útil de vida perdido com esta operação comercial que restou
frustada. Soa como um verdadeiro prêmio ao fornecedor, após
comprovada a sua inadimplência, ser compelido a, apenas e tão
somente, devolver o valor recebido pelo produto não entregue, sem
nenhum ônus pelos desgastes causados. Além da frustação
suportada pelo não recebimento do bem adquirido, ao se confirmar
a notícia de que o fornecedor não irá cumprir com a sua obrigação
acordada, é tomado o consumidor por absoluto sentimento de
impotência, em lamentável situação adversa que o faz começar do

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zero nova procura pelo produto, revelando-se indiscutível a perda
de um tempo útil de sua vida. Na prática, situações como a
presenciada nestes autos levam o consumidor a ter que sair de sua
rotina diária, de sua zona de conforto, privando-se de poder se
dedicar a seus afazeres cotidianos, de usufruir dos prazeres da vida,
para perder seu tempo e gastar energia buscando solucionar
problemas a que não deu causa vez que decorrentes da conduta
negligente do fornecedor. Sentimentos de impotência, frustração e
indignação, que extrapolam o mero dissabor e ensejam condenação
pecuniária. Dano moral reconhecido. Sentença reformada.
RECURSO PROVIDO. (TJSP; Apelação 1019358-
20.2017.8.26.0007; Relator (a): L. G. Costa Wagner; Órgão
Julgador: 34ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional VII -
Itaquera - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 30/07/2018; Data de
Registro: 31/07/2018)

RELAÇÃO DE CONSUMO - DIVERGÊNCIA DO PRODUTO


ENTREGUE - OBRIGAÇÃO DE FAZER CONSISTENTE NA
ENTREGA DO PRODUTO EFETIVAMENTE ANUNCIADO
PELA RÉ E ADQUIRIDO PELO CONSUMIDOR -
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL - RECONHECIMENTO.
(...) Caracterizados restaram os danos morais alegados pelo
Recorrido diante do "desvio produtivo do consumidor", que se
configura quando este, diante de uma situação de mau
atendimento, é obrigado a desperdiçar o seu tempo útil e
desviar-se de seus afazeres à resolução do problema, e que gera
o direito à reparação civil. E o quantum arbitrado (R$ 3.000,00),
em razão disso, longe está de afrontar o princípio da razoabilidade,
mormente pelo completo descaso da Ré, a qual insiste em protrair a
solução do problema gerado ao consumidor. 3. Recurso conhecido e
não provido. Sentença mantida por seus próprios fundamentos, ex
vi do art. 46 da Lei nº 9.099/95. Sucumbente, arcará a parte

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recorrente com os honorários advocatícios da parte contrária, que
são fixados em 20% do valor da condenação a título de indenização
por danos morais. (TJSP; Recurso Inominado 0003780-
72.2017.8.26.0156; Relator (a): Renato Siqueira De Pretto; Órgão
Julgador: 1ª Turma Cível e Criminal; Foro de Jundiaí - 4ª. Vara
Cível; Data do Julgamento: 12/03/2018; Data de Registro:
12/03/2018, #46319500)

APELAÇÃO - AÇÃO DE REPETIÇÃO DE INDÉBITO C.C.


INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - CONSUMIDOR
DEMANDANTE INDEVIDAMENTE COBRADO, POR DÉBITO
REGULARMENTE SATISFEITO - Completo descaso para com
as reclamações do autor - Situação em que há de se considerar
as angústias e aflições experimentadas pelo autor, a perda de
tempo e o desgaste com as inúmeras idas e vindas para
solucionar a questão - Hipótese em que tem aplicabilidade a
chamada teoria do desvio produtivo do consumidor -
Inequívoco, com efeito, o sofrimento íntimo experimentado pelo
autor, que foge aos padrões da normalidade e que apresenta
dimensão tal a justificar proteção jurídica - Indenização que se
arbitra na quantia de R$ 5.000,00, à luz da técnica do desestímulo.
(...) (TJSP; Apelação 1027480-84.2016.8.26.0224; Relator (a):
Ricardo Pessoa de Mello Belli; Órgão Julgador: 19ª Câmara de
Direito Privado; Foro de Guarulhos - 8ª Vara Cível; Data do
Julgamento: 05/03/2018; Data de Registro: 13/03/2018, #26319500)

Trata-se de notório desvio produtivo caracterizado pela perda do tempo que


lhe seria útil ao descanso, lazer ou de forma produtiva, acaba sendo destinado na solução
de problemas de causas alheias à sua responsabilidade e vontade.

A perda de tempo de vida útil do consumidor, em razão da falha da prestação


do serviço não constitui mero aborrecimento do cotidiano, mas verdadeiro impacto

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negativo em sua vida, devendo ser INDENIZADO.

DA JUSTIÇA GRATUITA

Atualmente o autor é assistente administrativo, tendo sob sua


responsabilidade a manutenção de sua família, razão pela qual não poderia arcar com as
despesas processuais.

Para tal benefício o autor junta declaração de hipossuficiência e


comprovante de renda, os quais demonstram a inviabilidade de pagamento das custas
judicias sem comprometer sua subsistência, conforme clara redação do Art. 99 Código de
Processo Civil de 2015.

Art. 99. O pedido de gratuidade da justiça pode ser formulado na


petição inicial, na contestação, na petição para ingresso de terceiro
no processo ou em recurso.

§ 1º Se superveniente à primeira manifestação da parte na instância,


o pedido poderá ser formulado por petição simples, nos autos do
próprio processo, e não suspenderá seu curso.

§ 2º O juiz somente poderá indeferir o pedido se houver nos autos


elementos que evidenciem a falta dos pressupostos legais para a
concessão de gratuidade, devendo, antes de indeferir o pedido,
determinar à parte a comprovação do preenchimento dos referidos
pressupostos.

§ 3º Presume-se verdadeira a alegação de insuficiência deduzida


exclusivamente por pessoa natural.

Assim, por simples petição, sem outras provas exigíveis por lei, faz jus o
Requerente ao benefício da gratuidade de justiça:

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AGRAVO DE INSTRUMENTO - MANDADO DE SEGURANÇA
- JUSTIÇA GRATUITA - Assistência Judiciária indeferida -
Inexistência de elementos nos autos a indicar que o impetrante
tem condições de suportar o pagamento das custas e despesas
processuais sem comprometer o sustento próprio e familiar,
presumindo-se como verdadeira a afirmação de hipossuficiência
formulada nos autos principais - Decisão reformada - Recurso
provido. (TJSP; Agravo de Instrumento 2083920-
71.2019.8.26.0000; Relator (a): Maria Laura Tavares; Órgão
Julgador: 5ª Câmara de Direito Público; Foro Central - Fazenda
Pública/Acidentes - 6ª Vara de Fazenda Pública; Data do
Julgamento: 23/05/2019; Data de Registro: 23/05/2019

Cabe destacar que o a lei não exige atestada miserabilidade do requerente,


sendo suficiente a "insuficiência de recursos para pagar as custas, despesas processuais e
honorários advocatícios"(Art. 98, CPC/15), conforme destaca a doutrina:

"Não se exige miserabilidade, nem estado de necessidade, nem


tampouco se fala em renda familiar ou faturamento máximos. É
possível que uma pessoa natural, mesmo com bom renda mensal,
seja merecedora do benefício, e que também o seja aquela sujeito
que é proprietário de bens imóveis, mas não dispõe de liquidez. A
gratuidade judiciária é um dos mecanismos de viabilização do
acesso à justiça; não se pode exigir que, para ter acesso à justiça,
o sujeito tenha que comprometer significativamente sua renda, ou
tenha que se desfazer de seus bens, liquidando-os para angariar
recursos e custear o processo." (DIDIER JR. Fredie. OLIVEIRA,
Rafael Alexandria de. Benefício da Justiça Gratuita. 6ª ed. Editora
JusPodivm, 2016. p. 60)

"Requisitos da Gratuidade da Justiça. Não é necessário que a


parte seja pobre ou necessitada para que possa beneficiar-se da

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gratuidade da justiça. Basta que não tenha recursos suficientes
para pagar as custas, as despesas e os honorários do processo.
Mesmo que a pessoa tenha patrimônio suficiente, se estes bens não
têm liquidez para adimplir com essas despesas, há direito à
gratuidade." (MARINONI, Luiz Guilherme. ARENHART, Sérgio
Cruz. MITIDIERO, Daniel. Novo Código de Processo Civil
comentado. 3ª ed. Revista dos Tribunais, 2017. Vers. ebook. Art.
98)

Por tais razões, com fulcro no artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal e
pelo artigo 98 do CPC, requer seja deferida a gratuidade de justiça ao requerente.

DO PEDIDO

Ante o exposto, requer:

1. A concessão da Gratuidade Judiciária nos termos do art. 98


do Código de Processo Civil;

2. A citação do réu, na pessoa de seu representante legal, para,


querendo responder a presente demanda;

3. A procedência do pedido, com a condenação do requerido à


indenização de DANOS MATERIAIS no valor de R$
1.142,00 e LUCROS CESSANTES no valor de R$ 300,00,
acrescidas ainda de juros e correção monetária;

4. Cumulativamente, requer a condenação do Réu a pagar ao


requerente um quantum a título de DANOS MORAIS, não
inferior a R$ 5.000,00, considerando as condições das
partes, principalmente o potencial econômico-social da

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lesante, a gravidade da lesão, sua repercussão e as
circunstâncias fáticas;

5. A condenação do requerido em custas judiciais e honorários


advocatícios,

6. Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em


direito admitidas e cabíveis à espécie, especialmente pelos
documentos acostados;

7. Requer que as intimações ocorram EXCLUSIVAMENTE


em nome do Advogado xxxx, OAB xxxxx .

Por fim, manifesta o interesse na audiência conciliatória, nos termos do Art. 319, inc. VII
do CPC.

Dá-se à causa o valor de R$ 6.442,00 , relativo à soma dos danos morais e materiais.

Termos em que, pede deferimento.

Corrente, 20 de dezembro de 2022 .

ADVOGADO – OAB/PI

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