317-Texto Do Artigo-355-1-10-20120901
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Resumo
O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente medicamentos que
integram o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), dentre os
quais estão incluídos os antipsicóticos de segunda geração indicados para o tratamento da
esquizofrenia. O objetivo deste estudo foi descrever o perfil dos usuários incluídos no
protocolo de tratamento da esquizofrenia, com medicamentos do CEAF, dispensados no
Hospital Especializado Lopes Rodrigues, Feira de Santana, Bahia, Brasil, em janeiro de
2010. Realizou-se uma análise descritiva dos dados coletados em 583 prontuários. A média
das idades foi de 37 anos. A maioria dos usuários era composta por estudantes (28,4%),
solteiros (72,6%), que referiam cor da pele parda (79,8%) e com renda familiar entre 1
a 2 salários mínimos (82,2%), residentes no município de Feira de Santana, Bahia (63,5%).
Observou-se maior frequência de não ingestão de álcool (95,4%), não fumantes (84,5%) e
de usuários que não praticavam exercícios físicos (75,0%). Os subtipos clínicos identificados
foram esquizofrenia paranoide (51,1%) e indiferenciada (14,6%); 55,6% não passaram
por internação prévia em instituição psiquiátrica e 99,1% dos usuários apresentaram
falha terapêutica com o tratamento convencional. O medicamento dispensado com
maior frequência foi a Olanzapina 10mg (36,0%). Conclui-se que este estudo evidenciou
características importantes para o diagnóstico do perfil dos usuários cadastrados no referido
programa de medicamentos.
a
Farmacêutico. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Curso de Ciências Farmacêuticas.
b
Professor do Departamento de Saúde. Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), Curso de Ciências
Farmacêuticas.
Endereço para correspondência: Av. Transnordestina, s/n, Novo Horizonte, Feira de Santana, Bahia, Brasil. CEP:
44036-900. [email protected]
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Revista Baiana PROFILE OF PATIENTS INCLUDED IN THE PROTOCOL OF SCHIZOPHRENIA IN A DRUG
de Saúde Pública PROGRAM FROM SPECIALIZED COMPONENT OF PHARMACEUTICAL ASSISTANCE
Abstract
The Unified Health System provides free drugs that are part of the Specialized
Component of Pharmaceutical Assistance, among which are included the second generation
antipsychotics indicated for the treatment of schizophrenia. The objective of this study was to
describe the profile of patients included in the protocol of schizophrenia of a Drug Program
from Specialized Hospital Lopes Rodrigues, in Feira de Santana, Bahia, Brazil in January 2010.
A descriptive study was conducted with 583 records. The average patients age was 37 years
old. Most of which were students (28.4%), single (72.6%) of dark complexion (79.8%) and
having a family income between 1-2 minimum wages (82.2%) residing in the city Feira de
Santana, Bahia (63.5%). There was a higher frequency of patients who do not drink alcohol
(95.4%), nonsmokers (84.5%) and patients who did not do physical activities (75.0%). The
subtypes identified were paranoid (51.1%) and undifferentiated schizophrenia (14.6%), and
55.6% had not undergone previous hospitalization in a psychiatric institution and 99.1% had
treatment failure with conventional treatment. The most common used drug was Olanzapine
10 mg (36.0%). It was concluded that this study showed important features for diagnosis of the
profile of patients registered in this program.
Resumen
El Sistema Único de Salud proporciona medicinas gratis que forman parte del
Componente Especializado de la Asistencia Farmacéutica (CEAF), entre los que se incluyen
los antipsicóticos de segunda generación indicados para el tratamiento de la esquizofrenia.
El objetivo de este estudio fue describir el perfil de los usuarios incluidos en el protocolo
de tratamiento a la esquizofrenia, con medicinas del CEAF, dados de alta del Hospital
Especializado Lopes Rodrigues, Feira de Santana, Bahía, Brasil, en enero de 2010. Se realizó
Introdução
448
Revista Baiana subtipos da esquizofrenia, classifica-se como tipo paranoide, desorganizado ou hebefrênico,
de Saúde Pública
catatônico, indiferenciado e residual.3,5
Os neurolépticos ou antipsicóticos bloqueiam o receptor dopaminérgico D2 e
induzem efeitos colaterais distônicos e discinéticos. O objetivo principal é tratar os sintomas
produtivos ou positivos, para reduzir o período agudo e crítico, além de permitir o contato
com a comunidade, reintegração social, familiar e laborativa.3
Os antipsicóticos podem ser classificados em típicos ou de primeira geração
e atípicos ou de segunda geração. Os primeiros são os fármacos mais antigos, com ações
proeminentes no receptor D2, enquanto os segundos constituem uma geração de fármacos
mais novos, com antagonismo D2 menos pronunciado e, consequentemente, menos efeitos
extrapiramidais.8,9
Os antipsicóticos produzem dois tipos principais de distúrbio motor no
homem – distonias agudas e discinesias tardias –, coletivamente denominados de efeitos
extrapiramidais, resultado do bloqueio do receptor D2. Os efeitos extrapiramidais constituem
uma das principais desvantagens dos antipsicóticos de primeira geração.8,9
O Sistema Único de Saúde (SUS) fornece gratuitamente medicamentos que
integram o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica, o qual abrange fármacos
que possuem alto valor unitário agregado ou, quando o tratamento torna-se excessivamente
caro, pela sua cronicidade, inclui antipsicóticos de segunda geração, indicados para o
tratamento da esquizofrenia.10,11,12
O presente estudo teve como objetivo descrever o perfil dos pacientes incluídos
no protocolo de Esquizofrenia do Programa de Medicamentos Excepcionais (PROMEX), no
Hospital Especializado Lopes Rodrigues (HELR), em Feira de Santana, Bahia, Brasil, durante o
mês de janeiro de 2010.
MATERIAL E MÉTODOS
Resultados
A maioria dos usuários (51,6%) era do sexo masculino, referia cor da pele parda
(79,8%) e como situação conjugal solteiro (72,6%). Quanto à renda familiar, houve maior
frequência de rendimentos compreendidos na faixa de um a dois salários mínimos (82,2%).
(Tabela 1).
A média das idades dos usuários foi de 37 anos, com desvio padrão de 15,5
anos. A idade mínima foi de oito anos e a máxima de noventa e dois anos. O tempo médio
de admissão no programa foi de um ano e três meses, com tempo mínimo de um mês e
máximo de nove anos e dez meses.
450
Revista Baiana Tabela 1. Caracterização sociodemográfica de usuários cadastrados no Programa de
de Saúde Pública Medicamentos Excepcionais – Feira de Santana, Bahia – jan. 2010
Variáveis sociodemográficas n %
Sexo (N= 583)
Masculino 301 51,6
Feminino 282 48,4
Raça/cor* (N=243)**
Branca 10 4,1
Morena 1 0,5
Negra 38 15,6
Parda 194 79,8
Medicamento dispensado n* %
Aripiprazol 15mg 3 0,5
Aripiprazol 20mg 1 0,2
Clozapina 25mg 1 0,2
Clozapina 100mg 34 5,7
Olanzapina 5mg 57 9,6
Olanzapina 10mg 213 36,0
Quetiapina 25mg 12 2,0
Quetiapina 100mg 21 3,5
Quetiapina 200mg 43 7,3
Risperidona 2mg 181 30,5
Ziprasidona 40mg 9 1,5
Ziprasidona 80mg 18 3,0
Total 593 100,0
452
Revista Baiana O monitoramento hematológico dos usuários do medicamento Clozapina
de Saúde Pública
100mg evidenciou uma média de contagem de leucócitos totais igual a 6.578/mm3, tendo
uma variação de 3.800/mm3, como quantidade mínima encontrada, e máxima de 10.800/
mm3. Além disso, a média de contagem de plaquetas foi de 215.000/mm3, com valor mínimo
situado entre 147.000/mm3 e o valor máximo de 525.000/mm3.
Discussão
454
Revista Baiana ser um trabalho pioneiro, espera-se que sejam realizados novos estudos com a finalidade de
de Saúde Pública
identificar as variações regionais e nacionais no perfil avaliado.
Conclui-se que o presente estudo evidenciou características sociodemográficas,
hábitos de vida e dados sobre a dispensação de medicamentos antipsicóticos e monitorização
de exames laboratoriais importantes para compor o diagnóstico do perfil dos usuários
de medicamentos antipsicóticos incluídos no Componente Especializado da Assistência
Farmacêutica do estado da Bahia.
Referências
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e terapêuticos fundamentais. São Paulo: Atheneu; 2005.
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Farmacologia: básica e clínica. 9a. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;
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maio;22( Supl I):15-17.
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Janeiro: MEDSI; 1999.
456