Perfil Sociodemografico e Clinico Dos Usuarios de Um Ambulatório de Saúde Mental
Perfil Sociodemografico e Clinico Dos Usuarios de Um Ambulatório de Saúde Mental
Perfil Sociodemografico e Clinico Dos Usuarios de Um Ambulatório de Saúde Mental
PSICOLOGIA DA IMED
Revista de Psicologia da IMED, Passo Fundo, vol. 13, n. 1, p. 41-54, janeiro-junho, 2021 - ISSN 2175-5027
[Submetido: setembro 23, 2019; Revisão1: outubro 06, 2019; Revisão2: novembro 12, 2019;
Aceito: maio 04, 2020; Publicado: agosto 18, 2021]
DOI: https://doi.org/10.18256/2175-5027.2021.v13i1.3559
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Revista de Psicologia da IMED, Passo Fundo, vol. 13, n. 1, p. 41-54, janeiro-junho, 2021 - ISSN 2175-5027
Resumo
O presente estudo teve como objetivo identificar as características sociodemográficas e clínicas
dos usuários de um Ambulatório de Saúde Mental e verificar a possível associação entre
intensidade de sintomas com as variáveis sociodemográficas (idade, sexo e escolaridade). Os
participantes foram 80 usuários atendidos no Ambulatório de Saúde Mental em Imperatriz/
MA. Os instrumentos utilizados para coleta de dados foram o prontuário de cada usuário e
o Inventário Breve de Sintomas Psiquiátricos (Brief Symptom Inventory, BSI). Os resultados
indicam que os usuários apresentavam idade média de 37,39 (dp = 13,85) anos, são
predominantemente do sexo feminino, solteiros e possuem escolaridade superior ao ensino
fundamental completo. A maior parte dos pacientes possui diagnóstico de transtornos fóbico-
ansiosos. Foram encontradas associações entre diagnóstico psiquiátrico e idade, bem como da
severidade dos sintomas psicológicos com idade e escolaridade. Conhecer as características
sociodemográficas e clínicas dos usuários pode contribuir para implementação de estratégias
terapêuticas adequadas ao perfil.
Palavras-chave: Características sociodemográficas, Serviços de saúde mental, Transtornos
mentais
Abstract
The current study aimed to identify the sociodemographic and clinical characteristics of the
clients of a of a Mental Health outpatient clinic and to verify possible associations between
intensity of symptoms and sociodemographic variables (age, sex and schooling). Participants
were 80 clients attended at the Outpatient Centre of Mental Health in Imperatriz / MA. The
instruments used for data collection were the patient’s clinical record and the Brief Symptom
Inventory (BSI). The results indicate that the clients presented mean age of 37, 39 (dp = 13,85)
years, are predominantly female, single and with level of education of complete middle school
or higher. Most patients had diagnoses of phobic-anxious disorders. Associations were found
between psychiatric diagnosis and age, as well as between symptoms severity and age and
schooling. Knowing the sociodemographic and clinical characteristics of the clients can
contribute to the implementation of appropriate therapeutic strategies to the profile.
Keywords: Sociodemographic characteristics, Mental health services, Mental disorders
Resumem
Este estudio tuvo como objetivo identificar las características sociodemográficas y clínicas
de los usuarios de un ambulatorio de salud mental y verificar la posible asociación entre la
intensidad de los síntomas y las variables sociodemográficas (edad, sexo y educación). Los
participantes fueron 80 usuarios atendidos en el Ambulatorio de Salud Mental de Imperatriz /
MA. Los instrumentos utilizados para la recopilación de datos fueron los registros médicos de
cada usuario y el Inventario breve de síntomas (BSI). Los resultados indican que los usuarios
tienen una edad promedio de 37.39 (dp = 13,85) años, son predominantemente mujeres,
solteras y tienen una educación superior a la primaria completa. La mayoría de los pacientes
son diagnosticados con trastornos fóbico-ansiosos. Se encontraron asociaciones entre el
diagnóstico psiquiátrico y la edad, así como la gravedad de los síntomas psicológicos con la
edad y la educación. Conocer las características sociodemográficas y clínicas de los usuarios
puede contribuir a la implementación de estrategias terapéuticas apropiadas para el perfil.
Palabras clave: Características sociodemográficas, Servicios de Salud Mental, Trastornos
mentales
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Introdução
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Método
Delineamento
Participantes
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Instrumentos
Prontuários clínicos: A coleta de dados foi realizada nos prontuários dos usuários
atendidos no dia, independentemente de ser o primeiro atendimento do usuário no
serviço. Os dados coletados no prontuário clínico da instituição foram: sexo, idade,
escolaridade, estado civil, local de residência, profissão/ocupação, renda, bem como
diagnóstico conforme a Classificação Internacional de Doenças – 10 edição, realizado
pelos psiquiatras da instituição.
Inventário Breve de Sintomas Psiquiátricos - Brief Symptom Inventory (BSI;
Derogatis, 1993). O BSI é utilizado para avaliar sofrimento psicológico e sintomas que
caracterizam transtornos mentais. É uma versão resumida da SCL-90 que pode ser
usada para avaliar o quadro clínico, bem como servir como medida de progresso no
tratamento. É um instrumento de autorelato com 53 itens avaliados em uma escala
tipo likert de cinco pontos (de 0 a 4) que mede nove dimensões sintomatológicas
(somatização, sensibilidade interpessoal, ansiedade fóbica, obsessividade, depressão,
hostilidade, ideação paranoide e psicoticismo). O índice geral de sintomas (IGS) é
uma medida de sofrimento geral derivada dos sintomas (obtida mediante a média de
todos os itens) e um dos indicadores amplamente utilizado nos estudos que avaliam
psicopatologia geral e resultados de intervenções.
Os estudos psicométricos realizados com a versão portuguesa revelaram que
a escala apresenta níveis adequados de consistência interna para as nove subescalas,
com valores de alpha de Cronbach entre 0,62 (psicoticismo) e 0,80 (somatização) e
coeficientes teste-reteste entre 0,63 (ideação paranóide) e 0,81 (depressão) (Canavarro,
1995). A versão de Canavarro foi adaptada para o Português brasileiro pelo grupo
de pesquisa coordenado pela terceira autora e já foi utilizada numa amostra de 201
pacientes de psicoterapia, obtendo fidedignidade satisfatória em todas as subescalas
de sintomas, com coeficientes alpha de Cronbach entre 0,76 (psicoticismo) e 0,88
(depressão). O IGS, foi de 0,96 (Waikamp & Barcellos Serralta, 2018). Na presente
amostra os coeficientes alpha encontrados foram 0,90 (IGS), e entre 0,70 (somatização e
ideação paranóide) e 0,78 (ansiedade fóbica) nas subescalas.
Procedimentos éticos
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da universidade de origem sob CAAE
83275718.1.0000.5344. Os participantes foram esclarecidos sobre os procedimentos
de pesquisa, sobre o direito de participar voluntariamente e de recusar ou retirar
o consentimento sem interferência no atendimento recebido e sem necessidade de
explicações. Ainda, foram garantidos anonimato e sigilo em relação às informações
individuais coletadas e após consentimento, assinaram em duas vias o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
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Análise de Dados
Para análise de dados, foi utilizado o programa SPSS 20.0 (Statistical Package
for Social Science). Foram realizadas análises descritivas (frequência, porcentagem,
médias e desvios-padrão) para descrever a amostra e avaliar o comportamento das
variáveis. Utilizou-se o teste de Kolmogorov-Smirnov para a verificação da distribuição
dos dados. Como os dados clínicos não apresentaram distribuição normal, para
examinar associações entre variáveis sociodemográficas e a sintomatologia foram
utilizados procedimentos de Correlação de Spearman, teste do Qui-quadrado, Teste
de Mann Whitney (comparação entre dois grupos) e Kruskal-Wallis (comparação entre
três ou mais grupos), seguido de Dunn-Bonferroni post hoc. Em todas as análises foi
considerado o nível de significância de 5% (p < 0,05).
Resultados
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Tabela 2
Correlações entre Sintomas Psicopatológicos e Idade
Variáveis Idade
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Em relação ao sexo, homens e mulheres não diferiram quanto ao IGS e nem com
relação a sintomas específicos (p > 0,05). Por fim, considerando a escolaridade, foi
encontrada associação significativa entre o nível de escolaridade e o IGS (χ2(5) = 21,598,
p = 0,001). A análise pos hoc indicou que pacientes com ensino superior tinham escores
medianos significativamente mais baixos de IGS que pacientes com ensino médio,
completo e/ou incompleto (p < 0,001) e do que pacientes com ensino fundamental,
completo ou incompleto (p = 0,029).
Discussão
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Considerações Finais
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Referências
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