Polen
Polen
Polen
ISSN: 1519-1125
[email protected]
Universidade Federal do Paraná
Brasil
Joelma MOURA1
Adhemar PEGORARO2
RESUMO
Na Cidade de Mandirituba, PR (no sul do Brasil), foi analisada a produção de pólen apícola no pico da florada de bracatinga
através do uso de coletores de pólen em sistema não-contínuo durante nove dias, de 03 a 24 de agosto de 2005. O objetivo deste estudo
foi observar o período do dia que ocorre esta coleta pelas abelhas Apis mellifera L. associada á temperatura ambiente e umidade relativa
no ar. Dessa foram utilizadas 13 colméias tipo americana, com abelhas africanizadas contendo rainhas com nove meses de idade e
predominantemente com florada de bracatinga. A produção média de pólen observada nas colônias foi de 42,70 ± 24,34 mL em um dia
de coleta e a diferença de produção entre as colônias é devido á aptidão das abelhas coletar pólen. Em dias ensolarados, os coletores
de pólen foram ativados das 09:46 ás 14:26, obtendo-se uma exelente produção, sem a necessidade de aplicar alimentação artificial.
Palavras-chave: pólen apícola, coleta de pólen, coleta de pólen não continua e bracatinga.
ABSTRACT
In Mandirituba-PR, a city located in southern Brazil, the production of bee pollen in the top of Bracatinga’s bloom was
analyzed through the use of pollen collectors in non-continuous system for nine days from 3rd to 23rd August, 2005, the objective was to
observe the time of the day that occurs the harvest by Apis mellifera connected to the ambient temperature and humidity. With this
purpose were used 12 beehives of Africanized bees, with 9 mounth queens and stimulated with food only from bracatinga’s bloom. The
average production observed in the colonies was about 42,84 ± 24,34 mL of bee pollen in a day of collection, and the difference of
production between the beehives is due to the bee skills in collect pollen. In sunny days the pollen collectors were activated from 09:48
to 14:26 getting a great production without the necessity of implanting artificial food.
Key-words: bee pollen, non-continuous collectors, Bracatinga.
1
Estudante de graduação do curso de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná;
2
Engenheiro Agrônomo, Doutor, Professor, Departamento de Zootecnia, SCA - UFPR. 81531-990, Curitiba, PR.
E-mail: [email protected]. br.
Os testes aplicados aos dados para saber se Tabela 2. A análise ANOVA demonstrou diferença
as premissas da Gaussianidade foram atendidas são estatisticamente significativa, observada através do
Kolmogorov-Smirnov e Cochran. Os resultados estão valor p= 0,000 (Tabela 2). Já entre os dias de coleta
apresentados nas Tabelas 2. A variável aleatória de pólen não existiu diferença estatisticamente
produção de pólen segue distribuição normal conforme significativa (Tabela 2).
TABELA 2 – Valores p dos testes para testar a Gaussianidade e homogeneidade de variância dos dados e análise de variância, no
período entre 03 a 23 de agosto de 2005, em Mandirituba, Paraná.
T ip o d e T este de G au ssianida de H om ogeneidade de V alo r–p fator V a lor-p fator (dia s)
A lim ento V a riância principal
K olm og orov -Sm irn ov C och ran ANO VA AVO VA
P ólen P = 0,1 79 P = 0,1 13 P = 0,000 P = 0 ,575
TABELA 3 – Média entre as colônias para a variável produção de pólen em doze colônias de abelha africanizada, no período de 03 a 23
de agosto de 2005, das 09:48 às 14:26, na florada da Bracatinga, em Mandirituba, Paraná.
C o l .* 9 11 4 12 2 1 10 6 3 7 5 8
P r** 9 9 ,0 5 4 ,9 5 3 ,9 4 4 ,7 4 6 ,1 4 4 ,4 3 8 ,8 3 4 ,8 3 4 ,8 2 8 ,7 2 1 ,3 1 0 ,4
(VENCOVSKI e KERR,1982; PEGORARO, 2003). pólen uma vez por semana no período de agosto a
No entanto, entre os dias não existiu diferença dezembro Funari et al. (1998) obtiveram produção
estatisticamente significativa quanto á capacidade das
média diária de pólen de 97,4 ± 40,5 g. Essa diferença
colônias da abelha africanizada coletarem pólen
(Tabela 2). Provavelmente porque foi coletado pólen poderá ser atribuída, principalmente, a disponibilidade
somente em dias ensolarados e os dias foram de alimento na natureza.
semelhantes quanto ao tempo de coleta de pólen e Por isso acreditamos que há necessidade de
condições de temperatura. mais estudos quanto os métodos de coleta de pólen.
Utilizando coletor de pólen em uso continuo Pois, a coleta do mesmo em abelha africanizada com
na florada de Bracatinga a produção média diária de coletor em uso continuo, durante 21 dias, reduz
significativamente a quantidade de cria e alimento em
pólen foi de ì = 42,84 ± 24,34 mL (PEGORARO,
colônia de abelha africanizada (PEGORARO, 2003)
2003). Portanto, as médias de produção de pólen nos
dois sistemas foram semelhantes. Provavelmente CONCLUSÕES
porque as condições em dias ensolarados foram mais
favoráveis e compensaram o condicionamento das
Existe a possibilidade de coletar pólen de
operárias forrageiras das colônias com coletor de
bracatinga nas colônias de abelha africanizada com
pólen em uso contínuo (DRELLER e PAGE,1999).
coletor de pólen em uso não continuo e sem
Para Salomé (2000) colônias de abelha
alimentação artificial com abelha africanizada na
africanizada com coletores de pólen em uso continuo
florada da bracatinga durante o mês de agosto;
a produção de pólen aumentou 66,12% em relação
Na florada da bracatinga os coletores de pólen
àquela obtida quando o uso de coletor não foi
podem ser ativados em dias ensolarados das 10:00
contínuo. Em clima tropical com uso de coletor de
to 14:30.
REFERÊNCIAS
1. ALLEN, M.D.; JEFFREE, E. P. The influence of stored pollen and colony size on the brood rearing of honeybees. Ann. Appl. Biol.,
Warwick, v. 44, n. 4, p. 649-656, 1956.
2. ALMEIDA-MURADIAN, L. B.; PANPLONA, L. C.; COIMBRA. S. BARTH. O. M. Chemicalcomposition and botanical evaluation of
dried bee pollen pellets. Journal of Food Composition and Analysis, São Paulo, v.18, n.1, p. 105-111, 2005.
3. AKATSU. I. P.; PEGORARO, A. Largura do tórax de operárias de Apis mellifera scutellata Lepeletier, 1836 (Hym., : Apidae) e
eficiência da tela coletora de pólen. Arch. Vet. Scinc., Curitiba, v. 6, n. 2, p. 77-82, 2001.
4. BOX, G. E. P.; HUNTER, W. G.; HUNTER, J. S. Statistics for experimenters, an introduction to design, data analysis, and
model building. New York: John Wiley & Sons, 1978. 537p.
5. BUCHMANN, S. L.; SHIPMAN, C. W.; PRCHAL, S. J. Phenology of pollen storage within honey bee colonies livin in the Sonoran
desert of Arizona. Am. Bee J., Hamilton, p.772,1991.
6. DRELLER, C.; PAGE, R. E. Regulation of pollen foraging honeybee: effects of young brood, stored pollen, and empty space.
Behav. Ecol. Sociobiol., Berlin, v. 45, n. 3, p. 227-233, 1999.
7. ESCRIBANO, A. M. L.; CARDENAL GALVAN, J. A.; ALVAREZ GOMES, J. A. ; POZO VERA, J. El polen controles sanitarios
normas legales. Vida Api., Madri, v. 94, n. 2, p. 56-58, 1999.
8. FUNARI, S. R. C.; ROCHA, H. C. ; SFOCIN, J. M. ; CURI, P. R. ; PEROSA, J. M. Y. Coleta de pólen produção de mel e própolis
em colônias de abelhas africanizadas (Apis mellifera L.). Bol. Ind. Anim., Nova Odessa, v. 55, n. 2, p. 189-193, 1998.
9. GREENBERGER, P. A.; FLAIS, M. D. MICHAEL, J. M.D. Bee pollen-induced anaphylactic reaction in an unknowingly sensitized
subject Allergy, Asthma & Immunology, Chicago, v.86, n. 2, p. 239-242, 2001.
10. IAPAR. Cartas climáticas do Estado do Paraná. Londrina, 1994.
11. KROYER, G.; HEGEDUS, N. Evaluation of bioactive properties of pollen extracts as functional dietary food supplement. Innovative
Food Science & Emerging Techologies, Vienna,v. 2 n. 3, p.171-174, 2001.
12. KURLETTO, S. Polinização dirigida In: SIMPÓSIO ESTADUAL DE APICULTURA DO PARANÁ, 3., 1989, Pitanga. Anais. Curitiba:
A. Pegoraro, 1988. p. 2-16.
13. NABORS, R. Trapping pollen collections of the honey bee, Apis mellifera L. to determine pollen flow periods. Am. Bee. J., Hamilton,
v. 137, n. 3,, p. 418-425, 1997.
14. PANKIN, T.; PAGE, R. E. Brood pheromone modulates honeybee (Apis mellifera L.) sucrose response thresholds. Behav. Ecol.
Sociobiol., Berlin, v. 49, p. 206-213, 2001.
15. PEGORARO, A. Renovação de rainhas e desenvolvimento de colônias de Apis mellifera scutellata Lepeletier, 1836
(Hymenoptera, Apidae) infestadas naturalmente com Varroa jacobsoni Oudmans 1904. (Acari, Mesostigmata). Curitiba,
1997. 89.p. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas), Universidade Federal do Paraná.
16. PEGORARO, A. Estudo da integração de diversos fatores no manejo de abelhas africanizadas Apis mellifera Linnaeus.,
1758 (Himenóptera: Apidae), na unidade fitogeográfica da floresta com araucária, no sul do Brasil. Curitiba, 2003. 149. p.
Tese (Doutorado em Agronomia), Universidade Federal do Paraná.
Recebido em 05/05/2006
Aceito em 28/09/2006