Aula 10 Português em Foco

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PORTUGUÊS EM FOCO

AULA 10

- Compreensão e interpretação de textos.


Compreensão x interpretação
Compreensão x interpretação

A compreensão diz respeito àquela informação que está, explicitamente, no texto.


Tudo está à vista do leitor: fatos citados; números percentuais; comparações;
citações de estudiosos, políticos, advogados etc.; discordâncias ou concordâncias do
autor, entre outras. Ou seja, a compreensão de textos consiste em analisar o que
realmente está escrito, diz respeito àquilo que chamo de “a verdade do texto”; ou
seja, aquilo que o texto afirma, mesmo que seja algo do qual você discorde, é uma
verdade incontestável.
Os comandos (enunciados) de compreensão são, na maioria das vezes, os
seguintes:

o Segundo o texto...
o O autor/narrador do texto diz que...
o O texto informa que...
o No texto, há uma crítica sobre...
o Tendo em vista o texto...
o De acordo com o texto...
o O autor defende que...
o O autor afirma que...
o Na opinião do autor do texto...
Se a informação estiver além do que o texto literalmente quis dizer, fora dele, trata-se
de uma questão de interpretação.

A interpretação de texto consiste em saber o que se infere do que está escrito, tem a
ver com o que podemos chamar de “vazios textuais”, que todo texto deixa para o
leitor.

E como vamos saber que a questão é de interpretação? Agora, a nossa banca vai
alternar, normalmente, os seguintes verbos: infere-se, depreende-se, conclui-se,
deduz-se. Detalhe: todos esses verbos significam a mesma coisa, ou seja, são
sinônimos.
Os comandos de Interpretação são, na maioria das vezes, os seguintes:

- Depreende-se/infere-se/conclui-se do texto que...

- O texto permite deduzir que...

- É possível subentender-se a partir do texto que...

- Qual a intenção do autor quando afirma que...

- O texto possibilita o entendimento de que...

- Com o apoio do texto, infere-se que...

- O texto possibilita deduzir que...


Os anônimos

Na história de Branca de Neve, a rainha má consulta o seu espelho e pergunta se


existe no reino uma beleza maior do que a sua. Os espelhos de castelo, nos
contos de fada, são um pouco como certa imprensa brasileira, muitas vezes
dividida entre as necessidades de bajular o poder e de refletir a realidade. O
espelho tentou mudar de assunto, mas finalmente respondeu: “Existe”. Seu
nome: Branca de Neve.
A rainha má mandou chamar um lenhador e instruiu-o a levar Branca de Neve
para a floresta, matá-la, desfazer-se do corpo e voltar para ganhar sua
recompensa. Mas o lenhador poupou Branca de Neve. Toda a história depende
da compaixão de um lenhador sobre o qual não se sabe nada. Seu nome e sua
biografia não constam em nenhuma versão do conto. (...)
A rainha má é a rainha má, claramente um arquétipo, e os arquétipos não precisam
de nome. O Príncipe Encantado, que aparecerá no fim da história, também não
precisa. É um símbolo reincidente, talvez nem a Branca de Neve se dê ao trabalho de
descobrir seu nome. Mas o personagem principal da história, sem o qual a história
não existiria e os outros personagens não se tornariam famosos, não é símbolo de
nada. Ele só entra na trama para fazer uma escolha, mas toda a narrativa fica em
suspenso até que ele faça a escolha certa, pois se fizer a errada não tem história. O
lenhador compadecido representa dois segundos de livre-arbítrio que podem
desregular o mundo dos deuses e dos heróis. Por isso é desprezado como qualquer
intruso e nem aparece nos créditos.
Muitas histórias mostram como são os figurantes anônimos que fazem a história, ou
como, no fim, é a boa consciência que move o mundo. Mas uma das pessoas do
grupo em que conversávamos sobre esses anônimos discordou dessa tese, e disse
que a entrada do lenhador simbolizava um problema da humanidade, que é a
dificuldade de conseguir empregados de confiança, que façam o que lhes for pedido.
(Adaptado de Luiz Fernando Verissimo, Banquete com os deuses)
1. Após a leitura, marque a opção correta:

a) Segundo o texto, a maior parte da imprensa brasileira não segue uma linha jornalística
clara, pois oscila em sua atividade.
b) Infere-se do texto que apenas a menor parte da imprensa brasileira omite a realidade a
fim de ganhar crédito com os poderosos.
c) É possível inferir, a partir do segundo parágrafo, que o lenhador não tem um caráter
exemplar de cidadão.
d) O texto permite depreender que o lenhador é figura decisiva no conto.
e) O texto faz uma antítese entre os espelhos de castelos e uma parte da imprensa
nacional.
TIPOLOGIA TEXTUAL

Os textos não são puros. Eles, na verdade, são formados pela reunião de várias
tipologias. É claro que, entre as tipologias presentes, uma sempre se destaca;
daí afirmar-se que haverá sempre uma predominante. As bancas de concursos
querem que o candidato perceba qual está em evidência no texto da prova. As
tipologias existentes são as seguintes: narrativa, descritiva, dissertativa,
injuntiva, preditiva e dialogal (conversacional).
Narrativa

É da natureza humana contar histórias. Talvez seja este o tipo mais antigo e do
qual todos os demais tenham surgido. Quem não gosta de ouvir uma bela
história? Um texto pertencerá à tipologia narrativa quando as seguintes
características aparecerem:

a) Haverá um narrador (na 1ª ou na 3ª pessoa do singular ou do plural) que


contará um fato real (quando a história tratar de pessoas) ou ficcional
(quando a história utilizar personagens).
Descritivo

A descrição costuma ambientar as narrações e, quando o faz, escolhe um


“objeto” para dedicar suas atenções. Pode ser uma casa, um livro, uma
floresta, uma cena (sim, é possível descrever uma cena), uma fotografia etc.
Um texto predominantemente descritivo apresentará as seguintes
características:

a) O texto apresenta uma cadeia de características.

b) Nesse modelo, é frequente haver adjetivos, locuções adjetivas.

c) Esse tipo de texto costuma ter verbos de ligação, mas não é obrigatório.
Texto

Como você pode ver, uma garotinha está deitada displicentemente no colo de um
senhor bem velhinho e bem simpático. Ela parece um anjo. Loirinha, cabelo castanho
claro, encaracolado, nariz e boca perfeitos, ar inteligente e sadio, uma dessas crianças
que a gente vê em anúncios. Pelo jeito, deve ter uns três ou quatro anos, não mais
que isso. Ela está vestida em um desses macaquinhos de flanela, com florezinhas
azuis e vermelhas e uma malha creme por baixo. Calçando um tênis transadíssimo
nas discretas cores amarelo, vermelho e azul, o que nos mostra que a mocinha não é
apenas novinha, mas moderninha também. O velhinho tem um tipo bem italiano. O
boné cinza é típico desses senhores que a gente vê passeando pelo Bixiga nos
domingos à tarde. (...)
Dissertativo

Dissertar é um ato cognitivo e exige, portanto, conhecimento enciclopédico do redator.


Além de ter conhecimento de mundo, o autor desse tipo de texto deve saber fazer
formulações, lançar teses, defender seu ponto de vista a partir de argumentos, fazer
comparações, chegar a conclusões etc. Essa tipologia de texto pode ser escrita na 1ª ou
na 3ª pessoa (do singular ou do plural), cujo objetivo principal é manusear ideias (fatos,
problemas sociais, leis, acontecimentos históricos, questões filosóficas, descobertas
científicas etc.) a fim de informar ou opinar.

Por isso, há dois formatos do tipo dissertativo:


Dissertação expositiva:

Não há uma tomada de partido ou mesmo presença de tese, pois o autor apenas traz
ideias a público. Veja que, no exemplo abaixo, o autor simplesmente expõe o conceito
de inteligência e contrainteligência. Não se tenta provar nada. Ele fala, apenas, de fatos.
b) Dissertação argumentativa:

Há uma tomada de partido. O autor trabalha em função de uma tese e usa


argumentos (exemplos, números, citações etc.) para fundamentar seu ponto de
vista. Veja que, no exemplo abaixo, o autor, desde o começo, já lança a sua tese: “A
corrupção é uma doença da alma”.
Injuntivo

Nesse modelo de texto, o autor indica ao leitor como realizar uma ação, orienta um
procedimento, dá instruções ao leitor, enfim. Utiliza linguagem objetiva e simples. Os
verbos desses textos são, em sua maioria, empregados no modo imperativo.

Ex.:

a) manuais e instruções para montagem ou uso de aparelhos e instrumentos;

b) textos com regras de comportamento;

c) textos de orientação (ex.: recomendações de trânsito);

d) receitas.
Preditivo

Caracterizado por predizer algo ou levar o interlocutor a crer em alguma


coisa, a qual ainda está por ocorrer. É o tipo predominante nos seguintes
gêneros: previsões astrológicas, previsões meteorológicas, análise de
mercado, previsões escatológicas/apocalípticas etc. Detalhe: é comum, nessa
tipologia, a presença de verbos no futuro do presente ou no futuro do
pretérito. Veja, no exemplo abaixo, os verbos em destaque:
Visibilidade da chuva de meteoros Orionídeas de 2019 no Mundo e no Brasil

A constelação de Órion está situada no Equador Celeste, com isso será possível
observá-la tanto no Hemisfério Norte quanto no Hemisfério Sul, especialmente
para aqueles que estiverem situados entre os Trópicos de Câncer (ao Norte) e
Capricórnio (ao Sul). Portanto, essa chuva de meteoros será visível por
praticamente todo o Planeta, exceto da Antártida devido à posição geográfica do
continente gelado.

No Brasil, o fenômeno poderá ser observado de todas as regiões brasileiras. O


País encontra-se situado predominantemente entre a Linha do Equador e o
Trópico de Capricórnio (ou Trópico Sul). Portanto, isso favorecerá a observação da
chuva meteoros Orionídeas de 2019 de Norte a Sul do País.
Dialogal / Conversacional

Caracteriza-se pelo diálogo entre os interlocutores. É o tipo predominante nos


gêneros: entrevista, conversa telefônica, “WhatsApp”, peças teatrais etc. No
fragmento abaixo, retirado de Dom Casmurro (de Machado de Assis), nota-se a
predominância da tipologia dialogal.

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