Lean Construction

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JLean Construction

Um fato notável é a percepção de que, na Construção Civil, a aplicação de


uma metodologia construtiva menos perdulária e mais eficaz se mostraria
bem utilizada.

Conhecida por ser alta demandante de matéria-prima e por expor seus


insumos a taxas de perdas médias próximas a 30%, a Construção Civil
sempre requereu atenção às suas metodologias de processo. Um exemplo é
o caso da definição de local, que, na Construção Civil, é provisório; nas
demais indústrias de transformação, o local é fixo e estável. Outro exemplo
é o caso do setup , que consiste no intervalo em que a produção é paralisada
para inspeção e reajustes dos equipamentos, mas, na Construção Civil,
podemos entender que o setup está presente nas etapas de concretagem e
cobertura.

Assim, de modo a aplicar as ferramentas de lean na construção, é imperativo


que se conheçam as características da indústria, como o fato de que, às
vezes, a construção é feita de forma deficitária, em virtude da procura
excessiva de problemas em prol de soluções técnicas. Há a preferência por
minimizar os custos de produção, o que, por vezes, implica baixos níveis de
qualidade. Há, também, o fato de que existem diversas variáveis
incontroláveis (fato que não ocorre na indústria), ao se estar em locais de
trabalho expostos a condições imprevisíveis, que podem incorrer em
retrabalho e outros desperdícios. E, por fim, o fato de que quase sempre o
produto final é realizado por equipes distintas, em localizações distintas.
Cabe, aqui, elencar os tipos de desperdícios, conforme o quadro a seguir.

Tipo de desperdício Descrição

Transporte
Relativo à movimentação e ao transporte de pessoas e/ou materiais en
desnecessário.

Movimentos Esse desperdício também se pode associar à movimentação excessiva de


desnecessários. informações.
Excesso de
É, normalmente, resultante da falta de um método exato de pr
processamento.

Refere-se a quando a produção incorrer em produzir o que não é necessário


Excesso de produção.
não é necessário e em quantidades supérfluas.

Quadro 1 - Tipos de desperdícios


Fonte: Adaptado de Sousa (2019).

No Brasil, em específico, temos a observação de que os processos


construtivos, em muitos momentos, ainda possuem características de
artesanato, desprovidos de conhecimento técnico e pouco caso com a
volumetria de insumos aplicados. Outrossim, a indústria da construção deve
buscar meios de minimizar os custos, para que detenham vantagem
competitiva, como informado anteriormente.

Tendo como base o processo de Produção Enxuta ( Lean Manufacturing ),


tem-se doravante a introdução, em Construção Civil, dos conceitos e
métricas atribuídos àquele método, que passa a ser especificado como Lean
Construction (Construção Enxuta).

Dessa forma, prejuízos com perda de esforço de mão de obra – seja por
operação não agregadora de valor, seja por espera além do planejado –
encontram no Lean Construction possibilidade de redução ou mesmo de
eliminação.

Junqueira (2006 apud Gonçalves, 2014, p. 32) afirma:

A construção civil é caracterizada por altos indicadores de desperdício,


produtos com baixa qualidade, grande ocorrência de patologias
construtivas, processos ineficientes e ineficazes e, por isso mesmo,
mostra-se como um campo promissor aos resultados que podem ser
obtidos através da aplicação dos conceitos da construção enxuta
(JUNQUEIRA, 2006, p. 11 apud GONÇALVES, 2014, p. 32).
O processo de Lean Construction não versa apenas naquilo que
denominamos como desperdício direto, mas, também, convergem-se as
ideias de que os procedimentos fabris buscados na Construção Civil devem
ser aqueles que agregam valor. Assim, atividades rotineiras ou que poderiam
ser dispensadas do processo produtivo, ainda que formalmente elencadas,
devem ser reparadas, de forma que os esforços que elas demandam sejam
direcionados às atividades produtoras de valor.
Um exemplo simples pode ser descrito assim: imagine que, para executar
um processo construtivo no canteiro, haja a necessidade de deslocamentos
para pegar ferramentas. As ferramentas são necessárias, logo, não se pode
dizer que elas causam desperdício. Mas a disposição delas poderia ser mais
próxima à frente de trabalho? Se a resposta for sim, esse exemplo simples
caracteriza um ”desperdício”, por envolver um empregado em uma atividade
que poderia ter sido realizada com proximidade do ferramental.

O entendimento necessário, também, é a percepção de que cada obra tem


sua dinâmica, seu leiaute e suas características produtivas. As melhorias são
aplicáveis nelas mesmas, não necessariamente sendo absorvidas por
completo em outras obras.

Sua utilização permite o aumento da transparência por meio do uso de


indicadores de desempenho e, também, pode auxiliar na redução de
atividades que não agregam valor, ao construir planos de área de trabalho.

Uma ferramenta importante no lean é o benchmarking , que é dividido em


seis atividades: planejamento; coleta de dados; análise de dados; plano de
mudanças; avaliação de melhoria; e retorno à melhoria. O benchmarking é
caracterizado pelo bom planejamento, que tem a obrigação de contemplar a
identificação de áreas estudadas, bem como o levantamento de melhorias e
a elaboração dos critérios de medição.

Essa ferramenta permite o aumento da transparência por meio do uso de


indicadores de desempenho e, também, pode auxiliar na redução de
atividades que não agregam valor, ao construir planos de área de trabalho.
Então, resumindo, temos como fundamentos da metodologia lean : a busca
pela maior qualidade dos produtos e pela redução dos custos de produção,
bem como a maior flexibilização dos processos.

ust in Time
No conceito do Sistema Toyota de Produção, anteriormente descrito,
algumas formas de desperdício se elencam, dentre as quais destacamos as
mencionadas a seguir.

a. Espera (tempo sem trabalho) : desperdício de mão de obra


aguardando uma etapa de processo produtivo mal planejada. O
tempo de espera perdido em geral realmente nunca será recuperado,
ainda que haja mudança de um processo produtivo. A pergunta,
então, é: se poderia mudar, por que não mudou antes?
b. Transporte ou movimentação desnecessária : desperdício causado
por traslados de materiais em estoque por longas distâncias e/ou por
caminhos dificultosos, em qualquer etapa do processo.
c. Retrabalho: necessidade de efetuar novamente a produção de um
produto, em função de equívocos produtivos ou desempenho
insuficiente, ocorridos na produção anterior.

Se bem observarmos o nosso estudo de caso, o cerne do problema foi a não


obtenção de um insumo, no momento exato, destinado à produção de uma
etapa produtiva. Essa falta de sincronia entre a disponibilidade do insumo e
da mão de obra, no momento exato de suas aplicações, gera perdas como
as citadas anteriormente, em geral não recuperáveis, como dito.
O conceito de Just in Time (JIT), termo em inglês que corresponde a algo como
“no tempo exato”, é um dos pilares do STP, em que os insumos necessários
ao processo produtivo são disponibilizados no exato momento de aplicação,
evitando estoques desnecessários e a perda da oportunidade de uso da mão
de obra, aguardando a tarefa.
Sobre o Just in Time (JIT), Ohno (1997 apud GONÇALVES, 2014, p. 22) afirma
que significa que, em uma cadeia produtiva, os insumos alcançam a linha de
montagem no momento certo, ou seja, no momento em que são
necessitados e somente na quantidade necessária.
Sarcinelli (2008) traz ampliação do discurso sobre a gênese do JIT:

A expressão em inglês “Just in Time” foi adotada pelos japoneses [...].


Fala-se do surgimento da expressão na indústria naval, sendo
incorporada, logo a seguir, pelas indústrias montadoras. Portanto, já
seria um termo conhecido e amplamente utilizado nas indústrias antes
das publicações que notabilizaram o JIT como um desenvolvimento da
Toyota ® Motor Co. (SARCINELLI, 2008, p. 26 apud GONÇALVES, 2014, p.
22).
O importante é a compreensão de que não se deve pensar no Just in
Time como um tempo, quase imediato, em que o produto será adquirido do
fornecedor e seguirá direto para a produção. É necessário observar o tempo
entre pedido, fabricação, armazenamento, despacho, transporte, recepção e
a efetiva disponibilização junto à frente de produção.
Esse tempo entre solicitação do insumo e efetiva entrega no local de
aplicação e/ou uso é denominado Lead Time . Sua redução pode minimizar
os níveis de estoque e maximizar o uso dos recursos da empresa, e sua
elevação necessitará de elevado capital de giro necessário para prosseguir
com as operações.
Um exemplo bem crítico e corriqueiro em nossas obras é a concretagem com
concreto usinado. Há de se perceber que uma “concreteira” (empresa que
produz o concreto usinado) tem uma lista de entregas pré-planejadas. Assim,
a encomenda do concreto deve levar em conta produção, transporte até a
obra, lançamento e adensamento antes do endurecimento do concreto.
Outros insumos são necessários, como bombas e vibradores. Se houver
atraso desses insumos, ou se você simplesmente não se atentar a questões
de trânsito, pode perder o material encomendado, bem como o esforço em
mão de obra empreendido.
Assim, no processo do Just in Time , a observação dos prazos de entrega
( Lead Time ) deve ser continuamente respeitada. Na Construção Civil, essa
sensibilidade de entrega pode exigir que alguns produtos tenham um
estoque de regulação, de modo que, na medida em que o uso for ocorrendo,
outro produto necessário à produção do bem seja reposto, em sincronia com
o tempo de produzir o insumo e a necessidade de ter o material na frente
produtiva.
O Just in Time protagonizou mudanças intensas no processo produtivo
mundial em sua época, ao se caracterizar pela descentralização de controle
e planejamento, intolerância com defeitos e fluxo de produção puxado com
flexibilização da linha de produção.
Também desenvolvido pela Toyota, o modelo V4L visa a uma melhor gestão
das tratativas da cadeia de suprimentos - fator de sucesso essencial na
metodologia lean . Assim, podemos observar alguns de seus aspectos: o
desenvolvimento da habilidade de ensinar, buscando promover o ensino e a
atualização entre os colaboradores; a conscientização, ou seja, um canal de
comunicação entre operários e lideranças sobre eventuais problemas; e, por
fim, a definição de capacidades, ou seja, a definição de habilidades
necessárias de que um colaborador precisa para atuar em determinada
função.

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