Artigo Cientifico IPOG - Pacheco
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Resumo
De que adianta ter ferramentas ideais, materiais de máxima qualidade e
planejamento impecável se a equipe não está à altura. Comparado aos demais
setores industriais, a construção civil é rotulada como atrasada em relação a
produtividade, que geralmente se encontra baixa, o que pode ser explicada ou
relacionada com a falta de especialização da mão de obra, com pouco investimento
em industrialização e gestão do setor, desperdícios de materiais entre outros fatores
que tem sido discutido e apontados como pontos negativos que interferem
diretamente na execução de um determinado serviço e na qualidade do produto
final. Desta forma, nota-se que para aumentar a produtividade na construção civil é
necessário identificar as principais falhas neste setor que tem interferido em seu
rendimento. Assim o objetivo deste trabalho foi identificar quais são os fatores que
influenciam ou favorecem a produtividade da mão de obra na construção civil, bem
como observar como a implementação de programas de qualidade podem intervir no
ganho de produtividade e melhoria da qualidade da mão de obra dos trabalhadores
nas empresas do setor de Engenharia Civil. Para isto foi realizado uma revisão de
literatura em artigos científicos, livros, trabalhos de conclusão de cursos e
dissertações publicadas, afim de identificar os principais fatores que tem influenciado
a produtividade da mão de obra e os principais programas e métodos utilizados nas
empresas de construção civil. Os resultados apontam para o fator humano como
principal responsável pela produtividade da empresa, os estudos analisados
mostram que a qualificação da mão de obra, motivação, gestão de qualidade,
melhora das condições de trabalho bem como segurança ocupacional, qualidade de
vida e saúde dos trabalhadores são um dos principais fatores que influenciam a
produtividade na construção civil. Foi observado ainda que a implantação de
metodologias de gestão diminui o atraso nas obras ao mesmo tempo que aumenta a
qualidade de seu produto.
1. Introdução
O controle da mão de obra é fundamental para o sucesso de uma empresa de
construção civil. Afinal, é necessário garantir uma produtividade eficaz e excelente
administração para evitar atrasos e desperdícios. Uma obra é tão boa quanto os
funcionários que a executam.
Utilizar uma mão de obra especializada significa otimizar a utilização de técnicas e
de materiais para a execução, o que resulta a redução de custos e uma obra bem
executada. A mão de obra especializada garante um resultado de qualidade,
descartando assim ajustes de última hora e retrabalhos.
Desta forma, podemos perceber que todo investimento direcionado aos
colaboradores com especializações, reflete diretamente nos custos do projeto
executado. Uma vez que não serão necessários reparos ou emendas que elevarão
os custos da obra.
A princípio, não identificamos, na maioria das vezes, os problemas na entrega da
obra. Porém, eles costumam aparecer logo que o produto começa a ser utilizado.
São detalhes que não tiveram a devida atenção na fase da construção, em muitas
ocasiões, devido ao colaborador não possuir um treinamento especializado para
observar determinados procedimentos. Na maior parte dos casos, tais problemas
requerem ajustes, o que gera custos extras. Além disto, estes problemas geram
incômodos ao proprietário.
Temos exemplos clássicos de problemas que aparecem quando são realizados os
serviços sem a mão de obra qualificada, como infiltrações em banheiros e cozinhas,
rachaduras em paredes, garagens sem escoamento de água, entre outros. São
pequenos detalhes que não foram executados corretamente durante a fase de
construção.
O investimento em qualificação dos colaboradores implica na vantagem competitiva
no segmento da construção civil. Visto que, obras bem executadas, que não
apresentam reparos pós entrega contribuem para um cliente satisfeito e eficiência do
trabalho da construtora. Por este motivo, empresas que já utilizam mão de obra
especializada estão passo à frente de seus concorrentes. Pois, executam as obras
em menor tempo, com maior qualidade.
Em paralelo, um colaborador que tem suas aptidões valorizadas é recompensador.
O colaborador apresenta maior comprometimento quando enxerga a possibilidade
de qualificação pela empresa. Além de trabalhar com mais tranquilidade, atenta-se
ao planejamento da obra e seus pormenores, entregando assim, o melhor serviço.
Um colaborador valorizado compreende que carrega o nome da empresa e faz
questão de superar as expectativas.
Tendo em vista que os principais problemas que envolvem esta área estão ligados a
mão de obra, é de extrema necessidade que sejam realizados contínuos
treinamentos, de preferência no canteiro de obra, visando tornar a mão de obra
qualitativamente capacitada e assim, mais eficiente. O resultado, desta forma, em
instrumentos de melhorias contínuas de qualidade e produtividade (LEÃO, 2016).
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Sendo assim, o objetivo deste artigo foi fazer uma revisão bibliográfica sobre forma
de utilizar ferramentas de gestão de projetos para melhorar a produtividade em
obras de construção civil.
2. Desenvolvimento
O processo de desenvolvimento da construção civil no Brasil ocorreu de forma
contrária em comparação à Europa e Estados Unidos. O atraso tecnológico do
processo construtivo brasileiro foi afetado diretamente pelos altos custos, dificuldade
de importação de materiais de construção, e especialmente pela mão de obra pouco
especializada e barata, de certa forma.
Os métodos construtivos no Brasil não acompanham o desenvolvimento tecnológico
da área, este é o maior problema como cita FARAH (1992), Principalmente pelo
embate apresentado em campo por mestres de obras com o “saber prático” e por
engenheiros com o “saber teórico”. Diferente da Europa e Estados Unidos, aqui
existe uma preocupação em o processo produtivo, pois a mão de obra abundante e
de baixo custo ameniza os gastos em processos fora de controle e obsoletos.
Em relação à indústria da construção civil, atualmente, podemos concluir que esta
situação está mudando, pois os empresários do setor estão conscientes do
problema e a sociedade brasileira está se encarregando de acordar aqueles que não
perceberam ainda.
Apesar dos dados do IBGE comprovarem que o setor da construção civil ser
estratégico, que mais cresce, que mais gera empregos e contribui para o
desenvolvimento sustentável, ainda existe uma dificuldade das empresas do setor
para contratação.
A indústria da construção civil é um dos setores mais importantes para a
economia brasileira, pois é responsável por grande parte da movimentação
financeira e desenvolvimento econômico do país. Além disso, integra
atividades com diferentes níveis de complexidade requerendo uma
diversidade de produtos e processos tecnológicos (CARVALHO e
AZEVEDO, 2013, p. 114).
Levantamento feito pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (Cbic) aponta
que 77% das empresas do setor estão com dificuldade para contratar mão de obra.
Entre as principais causas, as empresas apontam o baixo número de profissionais
qualificados para exercer as funções demandadas.
Uma pesquisa recente em 2021 realizada pela (Cbic) mostrou que 59,81% das
empresas disseram que falta qualificação do profissional para contratação, enquanto
56,07% responderam que faltam profissionais para a mão de obra demandada. O
mesmo estudo aponta também que existem alguns profissionais que estão se
tornando uma raridade como por exemplo um bom mestre de obras, encarregados e
carpinteiros.
Planejar e controlar de forma mais eficiente a mão de obra é importante pois de
acordo com Sousa, o peso da mão-de-obra representa no custo de uma construção,
pode chegar a 50 % do custo total dependendo do tipo da obra e do grau de
industrialização. Além disso, perdas de mão-de-obra podem representar valores
financeiros bastante superiores às perdas dos materiais.
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Apesar das queixas apontadas pelo setor, é importante ressaltar que são raras as
empresas que possuem um programa de qualificação profissional alegando que elas
capacitam e o trabalhador logo parte para informalidade ou deixa a empresa por um
salário ou vantagem melhor ou alegam que os empregados não demonstram
interesse em se qualificar pois estão cansados após um longo dia de trabalho que
exige considerável esforça físico, não querem estender o turno para fazer um curso
de qualificação.
É inegável que a falta de mão de obra ou despreparo da mesma é uma dificuldade,
porém isto não justifica a falta de planejamento dos recursos humanos que, muitas
vezes, poderiam ser otimizados e gerar melhorias na produtividade conforme será
apresentado neste trabalho.
2.2.6. Kanban
O Kanban possibilita a gestão de processos de forma visual, através de cartões.
Este termo é de origem japonesa e significa “sinalização” ou “cartão”, e propõe o uso
de cartões (post-its) para indicar e acompanhar o andamento das atividades.
Trata-se de um sistema visual que busca gerenciar o trabalho conforme ele se move
pelo processo.
O Kanban foi criado por volta de 1950 por Taiichi Ohno, ex vice-presidente da
Toyota Motor Company. Ohno concebeu a ideia a partir de um supermercado, ao
notar que os produtos só eram reabastecidos no momento que as prateleiras
estavam se esgotando. Como diz o próprio nome, cartões são usados na linha de
produção, e os mesmos indicam o que se deve ser feito em cada um dos setores da
empresa, reduzindo assim o trabalho desnecessário e aumentando a interação e
comunicação entre os setores.
Oliveira (2005) defende que o Kanban pode ser considerado como uma técnica de
controle visual para o balanceamento da produção. O sistema coloca em prática
conceitos inovadores do Sistema Toyota de Produção a fim de melhorar o
nivelamento e controle da produção e a minimizar os estoques intermediários e
finais.
Adotar o Kanban na construção civil como metodologia de gestão e
acompanhamento de tarefas oferece diversos benefícios. O setor, apesar de grande
participação no PIB mundial, ainda é um dos que mais desperdiça e perde em
produtividade. O Kanban é capaz de mudar esse padrão porque torna o
planejamento de obras mais confiável, ajuda a reduzir os atrasos nas obras, melhora
o monitoramento do desempenho das equipes, auxilia no acompanhamento e
cumprimento dos prazos, torna a comunicação mais transparente, muda a
percepção e identificação das prioridades facilitando a gestão de restrições, reduz os
desperdícios e tarefas desnecessárias e otimiza a gestão do tempo entre
profissionais aumentando a produtividade. Outros benefícios ainda podem ser
percebidos de acordo com o projeto e sua aplicação.
Neste artigo, mostraremos um estudo de caso, onde o Kanban foi adaptado para
organizar as tarefas das equipes de uma construtora, a fim de otimizar o tempo e
melhorar a logística adotada na empresa.
empresa. Foi feita uma planilha listando o nome do funcionário a função, aptidão e
experiências. Facilitando o direcionamento do colaborador em serviços que mais se
destaca e executa com melhor excelência.
A segunda parte foi realizar uma reunião gerencial semanal de planejamento para
definir as atividades que serão realizadas no canteiro, as prioridades de execução
das tarefas e os prazos necessários para serem concluídas. O objetivo é elaborar
um planejamento de curto a médio prazo para ser entrelaçado ao cronograma de
obras, Esta etapa nos permitiu saber quais as tarefas que precisavam ser feitas e
definir os responsáveis por cada uma delas, organizar a equipe e as
responsabilidades.
A partir do planejamento, desenvolve-se o cronograma pensando nos prazos que
serão necessários para a execução de cada tarefa. Este documento também será
usado no futuro para avaliar o que foi realizado no prazo estipulado ou não.
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Figura 3: Organograma
Fonte: Imagem da autora
E por fim, foi feita uma tabela de acompanhamento do andamento e conclusão das
tarefas. Nela observamos a evolução de cada etapa de serviços executados,
facilitando assim o planejamento para as etapas seguintes. Nas atividades que não
eram feitas, conseguimos visualizar, acompanhar os motivos e replanejar. Buscando
uma melhor sincronia em cada planejamento feito.
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3. Conclusão
tanto que a empresa definiu o uso deste sistema devido sua eficiência comprovada
neste estudo.
Na utilização desse instrumento foi possível concretizar uma excelência nos serviços
executados, pois conseguimos evitar os trabalhos refeitos, colaborados ociosos ou
desmotivados e falta de materiais, entre outros problemas, gerando menos prejuízos
e otimizando os prazos.
Outro fator observado foi a confiabilidade do diretor geral da empresa, diante do
cronograma eficaz da obra e a motivação dos colaboradores se beneficiando das
gratificações dos resultados das metas estabelecidas.
Referências:
CALEIRO, J. P. Por que a mão de obra ainda emperra a construção civil? São
Paulo: Exame, 2014.