Apostila Aula#1 Comp 91pg
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Virologia, como ciência, tem uma história notável. Os vírus, por causa de sua
natureza intrinsicamente interativa e sistêmica, moldaram a história e evolução de
seus hospedeiros. Praticamente todos os organismos vivos, quando estudados em
detalhe, revelam estar associados com vírus, numa proporção logarítmica de vírus
distintos para cada organismo celular. Estas menores das entidades vivas exercem
interferências homeostáticas significativas em todas as formas de vida, incluindo si
mesmas. Em particular, as consequências da morbidez e mortalidade de infecções
virais humanas alteraram a nossa história e resultaram em esforços extraordinários por
parte de várias áreas da ciência em estudar, compreender, controlar, utilizar em
contextos tecnológicos e terapêuticos e, eventualmente erradicar alguns esses agentes.
Virologistas elucidaram novos princípios dos processos da vida e deram novas
direções importantes para a Ciência Biomédica em geral. Quase todos os conceitos
fundamentais e ferramentas da Biologia Molecular foram derivados do estudo dos
vírus e suas células hospedeiras. Neste texto, analisaremos partes selecionadas desta
história no que se refere ao desenvolvimento de novos conceitos de Virologia e
Genética Molecular em particular e da Biologia Molecular em geral (53,54).
Certos aspectos da interação com doenças infeciosas pode ser percebida até hoje em
hábitos e costumes arraigados nas culturas de sociedades de coletores caçadores na
África expostas a agentes infecciosos como os filovírus (e.g., Ebola), que colocam
sinais em trilhas chegando em seus assentamentos quando há um surto epidêmico, ou
mesmo no isolamento estrito de doentes.
Ele raciocinou que os agentes patogênicos eram similares em suas manifestações mas
distintos em sua especificidade para com bovinos e humanos. O conceito
fundamental de Jenner foi usar uma forma menos patogênica da doença para
estimular uma resposta que impedia a forma mais patogênica.
Caricatura da vacinação por James Gillray de 1802
Partindo desta base, Robert Koch (1843 - 1910), um estudante de Jacob Henle e um
médico de uma pequena aldeia alemã, demonstrou que o bacilo do antraz era causador
da doença (1876) e que o bacilo da tuberculose era a causa de tuberculose em
humanos (1882). Pouco disto teria sido possível sem a terceira maior contribuição por
Joseph Lister (1827 - 1912). Uma vez que era evidente que os organismos
reproduzem novos organismos, a importância de um campo estéril, seja na cirurgia ou
para o isolamento de novos organismos, tornou-se clara. Lister desenvolveu a técnica
da diluição limitante, para obter culturas puras de organismos, e Koch desenvolveu
meios sólidos de cultura, o isolamento de colónias individuais de bactérias para obter
culturas puras, bem como a utilização de corantes para visualização estes
microrganismos. Embora muitos cientistas da época contribuíram para estas
ferramentas e conceitos, foi principalmente Pasteur, Lister e Koch que criaram uma
nova abordagem experimental para a ciência médica.
Estes estudos formalizaram algumas das ideias originais de Jacob Henle, que são
agora incorporadas nos postulados de Koch para definir se um organismo é o agente
causador de uma doença. Estes postulados afirmam que (a) o organismo deve ser
regularmente presente nas lesões da doença, (b) o organismo tem de ser isolado em
cultura pura, (c) a inoculação de uma cultura pura de organismos em um hospedeiro
deve iniciar a doença, e (d) o organismo tem de ser recuperado novamente a partir das
lesões do hospedeiro. Ao final do século 19, esses conceitos tornaram-se o paradigma
dominante da microbiologia médica, que apresentaram um método experimental para
ser utilizado em todas as situações. Foi apenas quando estas regras foram violadas e
não conduziram ao isolamento de um agente causador que o conceito de um vírus
nasceu.
Numa de suas experiências, Mayer inoculou plantas saudáveis com o suco extraído de
plantas doentes, após moer as folhas infectadas em água. Esta foi a primeira
transmissão experimental de uma doença viral de plantas, e Mayer informou que, “em
nove de cada dez casos de plantas inoculadas haverá doença” (118). Embora estes
estudos estabeleceram a natureza infecciosa da doença, nem um agente bacteriano ou
fúngico puderam ser cultivados ou consistentemente detectados em extratos, assim os
postulados de Koch não foram satisfeitos.
Em uma comunicação preliminar em 1882 (117), ele especulou que a causa poderia
ser uma forma “solúvel de contágio, possivelmente como enzimas, apesar de qualquer
analogia para tal suposição não ter suporte científico”. No entanto, quatro anos mais
tarde, em seu trabalho definitivo sobre o assunto, Mayer concluiu que a doença do
mosaico “é bacteriana, mas que as formas infecciosas ainda não foram isoladas, nem
são as suas formas e modos de vida conhecidos” (118).
O passo seguinte foi dado por Dimitri Ivanofsky (1864 - 1920), um cientista russo
trabalhando em São Petersburgo. Em 1887 e novamente em 1890, Ivanofsky foi
encarregado pelo Ministério da Agricultura da Rússia para investigar a causa de uma
doença do tabaco em plantações Bessarabia, Ucrânia e da Criméia.
Dimitri Iwanowski (1864-1920)
Ivanofsky, como Mayer antes dele, não conseguiu cultivar um organismo a partir
filtrados da seiva ou macerados e não conseguiu satisfazer os postulados de Koch.
Ele, também, estava atrelado pelo paradigma dos tempos, que sugeriam que o filtro
poderia estar com defeito ou algo poderia haver algum erro seus métodos. Ele ainda
sugeriu a possibilidade de que uma toxina (não um organismo como reprodução)
pudesse passar através do filtro e causar a doença. Em 1903, quando Ivanofsky
publicou sua tese (85), ele não poderia afastar a possibilidade de que bactérias
causavam o mosaico do tabaco e que ele e os outros tinham de alguma forma falhado
no seu cultivo. O dogma daquele tempo devido sucesso evidente do postulados de
Koch impediu a maioria dos cientistas de interpretar os dados de uma forma diferente.
É igualmente curioso que naquele momento (1885), Pasteur estava trabalhando com
vírus, no desenvolvimento da vacina anti-rábica (126), mas nunca investigou a
natureza única daquele agente infeccioso.
Ele então estendeu estes estudos mostrando que filtrados de seiva podem ser diluídos
e em seguida, recuperar sua força após a replicação em tecidos vivos em crescimento
da planta. O agente podia então reproduzir-se (o que significa que não era uma
toxina), mas apenas em tecidos vivos, e não na seiva livres de células da planta. Isto
explicava a incapacidade de cultivar o patógeno fora do seu hospedeiro, e preparou o
cenário para a descoberta de organismos menores que as bactérias (um agente
filtrável), não é observável no microscópio de luz, e é capaz de reproduzir-se apenas
em células vivas ou tecidos. Beijerinck chamou este um agente de “contagium vivum
fluidum”, ou um líquido vivo contagioso. Esse conceito deflagrou um debate de 25
anos sobre a natureza do vírus, eram líquidos ou partículas? Este conflito acabou
quando d’Herelle desenvolveu o teste de placas em 1917 (34) e quando as primeiras
fotografias com microscópio eletrônico foram tiradas do vírus do mosaico do tabaco
(TMV) em 1939 (94). Assim, Mayer, Ivanofsky e Beijerinck, cada qual contribuiu
para o desenvolvimento de um novo conceito: um agente filtrável demasiado
pequeno para ser observado no microscópio de luz, mas capaz de causar a doença
através da multiplicação em células vivas. Loeffler e Frosch (109) rapidamente
descreveram e isolaram o primeiro agente filtrável de animais, o vírus da febre aftosa,
e Walter Reed e sua equipe, em Cuba (1901) identificaram o primeiro agente filtrável
humano, o vírus da febre amarela (132) . O termo vírus (do latim para o líquido
viscoso ou veneno [81]) era naquele tempo usado indistintamente para qualquer
agente infeccioso e por isso foi aplicado ao TMV. A literatura das primeiras décadas
do século 20 mais frequentemente se refere a essas entidades infecciosas como
agentes filtráveis, e este foi de fato a definição operacional de vírus. Algum tempo
depois, o termo vírus tornou-se restrito ao uso para aqueles agentes que cumpriram os
critérios desenvolvidos por Mayer, Ivanofsky e Beijerinck e que foram os primeiros
agentes causadores de doença que não podiam ser provados utilizando os postulados
de Koch.
Quando Twort continuou a incubar suas culturas, ele percebeu que algumas colônias
bacterianas sofriam uma mudança visível, tornando-se “como aparência aquosa” (ou
seja, mais transparente). Essas colônias já não eram capazes de se replicar quando
subculturadas por re-plaquamento (ou seja, as bactérias haviam sido mortas). Twort
chamou isto de transformação por “fenômeno vítreo”, e mostrou que colônias normais
de bactérias infectadas com o ‘princípio vítreo’ morriam. A ‘entidade vítrea’ passada
através de um filtro de porcelana, podia ser diluída em um milhão de vezes, e quando
aplicada sobre um tapete de bactérias frescas iria recuperar a sua força, ou titulação
(153, 154, 155). Twort (153) publicou uma nota curta descrevendo estes resultados e
sugeriu que uma explicação de sua observação era um vírus de bactérias. A pesquisa
de Twort foi interrompida pela Primeira Guerra Mundial, em que serviu nas forças
armadas. Quando ele voltou para Londres, ele não continuou nesta linha de pesquisa e
não fez mais contribuições nesta área.
Ao longo das décadas de 1920 e 1930, d’Herelle concentrou seus esforços nas
aplicações potencialmante médicas de sua pesquisa. Tendo inclusive ido trabalhar na
Índia no controle do víbrio colérico usando bacteriófagos. No entanto ele teve
sucesso errático, principalmente porque o princípio de lise e lisogenia não era
entendido na época e portanto os resultados eram imprevisíveis. Em 1921 publicou o
texto seminal “Le bactériophage; son rôle dans l'immunité” onde de forma pioneira
lança o conceito da fagoterapia em particular e reforça o conceito de uso de vírus
como ferramenta para a medicina em geral. A pesquisa básica sendo realizada nesta
época foi muito influenciada e interpretada segundo as fortes personalidades dos
cientistas no campo. Principalmente, o enfoque pioneiro de d’Herelle foi deixado de
lado com o advento dos antibióticos na década de 1940. Embora estivesse claro que
havia muitos bacteriófagos diferentes e que alguns eram líticos e alguns eram
lisogênicos, as inter-relações permaneceram mal entendidas. Um dos destaque deste
período foi a demonstração por Max Schlesinger (139, 141) que os fagos purificados
tinham uma dimensão máxima linear de 0,1 mícron e uma massa de cerca de 4x10-16g
e que eram compostos por proteínas e DNA em proporções aproximadamente iguais
(142). Em 1936, não se sabia bem o que fazer com essa observação, que começaria a
fazer sentido ao longo dos próximos 20 anos.
Um dos aspectos fundamentais deste período foi resolver a questão do base molecular
da hereditariedade e evolução. Isto atraiu os melhores pensadores da época para a
Biologia e rapidamente os vírus foram entendidos como modelos “simples” e ideais.
Em 1944 foi publicada a primeira dedução baseada na física quântica do que devia
armazenar e transmitir a informação genética, o seminal: “What is Life? The Living
Aspect of the Living Cell.” de Erwin Schrödinger (a partir de uma série de aulas
dadas no Trinity College, Dublin). Onde é postulado seu fino entendimento de
mecânica quântica da hereditariedade desenvolvido desde 1927.
Desde início, esses vírus foram vistos como sistemas modelo para a compreensão de
vírus de câncer ou até mesmo para entender como um espermatozóide fertiliza um
óvulo e um novo organismo se desenvolve. Ellis e Delbrück em 1939 (48)
desenharam o experimento da “curva de crescimento em uma etapa”:
http://www.microbiologybytes.com/LabWork/grow/grow2.htm
Nele uma bactéria infectada liberta centenas de fagos de uma forma síncrona depois
de uma latência definida de ½ hora (período eclipse). Este experimento definiu o
período de latência, quando não há infecciosidade viral. Isto tornou-se o paradigma
experimental do grupo de fagos.
Mapa físico dos genoma do fago PhiX174 (esquerda) e modelo estrural do vírion
(direita)
Simplesmente não é possível aqui rever toda esta literatura, que lançou as bases da
moderna biologia molecular e virologia, portanto, apenas destaques selecionados
desta época serão mencionados.
Ao final de 1952, duas experiências tiveram um efeito crítico sobre este campo. Em
primeiro lugar, Hershey e Chase (77) usaram proteínas virais diferencialmente
marcadas por (35SO4) e ácidos nucleicos também marcados com (32PO4) para
seguir a adesão do fago à bactéria. Eles foram capazes de cisalhar as capas de
proteínas virais das bactérias, utilizando um liquificador de Waring e, assim, deixar
apenas o DNA associado com as células infectadas. Isto permitiu-lhes provar que o
DNA tinha todas as informações necessárias para reproduzir 100 novos vírus! A
experiência de Hershey-Chase veio no momento certo para ser apreciada à luz da
nova estrutura do DNA elucidada por Watson e Crick um ano depois e publicada em
25 de Abril de 1953 na Nature (160). Juntas, essas experiências formaram uma pedra
angular da revolução da biologia molecular (22).
Por volta de 1964, Cohen et al (29) provou que a hidroximethylase não existe nas
células não infectadas e deve ser codificada pelo vírus. Estas experiências
introduziram o conceito de funções virais precoces (early genes), utilizadas na
biossíntese de deoxi-pirimidina e replicação do DNA (96), e apresentou provas
bioquímicas claras que o genoma do vírus contém informação genética que é
expressa como proteínas em células infectadas. A subsequente análise detalhada da
genética destes fagos identificou e mapeou os genes que codificam para as proteínas
de fagos, expandindo o conceito molecular da relação entre genótipo e fenótipo. De
fato, a análise genética do rII cistrons A e B de fagos-T mesmo tornou-se um dos
exemplos mais bem estudados de uma “estrutura genética fina” (10,11). A replicação
do DNA viral utilizando mutantes de fagos e extratos para complementar e purificar
atividades enzimáticas in vitro contribuiu muito para o nosso entendimento moderno
de como o DNA é duplicado (1). Em suma, uma análise detalhada genética da
morfogênese de fagos, utilizando a complementação de fagos mutantes na montagem
in vitro, é um exemplo crucial e lúcido de como estruturas complexas são construídas
por organismos vivos utilizando os princípios de auto-montagem (43). A análise
genética e bioquímica da lisozima de fagos ajudou a elucidar a natureza molecular das
mutações (147), e as mutações âmbar de fagos forneceu de forma clara para o estudo
de mutações supressoras ao nível molecular (12). O mapa genético circular dos fagos
T-pares (146) foi entendido como tendo uma conformação circularmente permutada,
com DNA com terminais redundantes (dando origem a fagos heterozigotos).
Embora este progresso notável começou com os fagos, ninguém sabia muito bem o
que fazer com os fagos lisogênico. Isso mudou em 1949, quando André Lwoff no
Instituto Pasteur começou seus estudos com o Bacillus megaterium e seus fagos
lisogênicos. Através da utilização de um micromanipulador, ele mostrou que bactérias
individuais dividem-se 19 vezes, sem nunca liberar um vírus. Quando as bactérias
lisogênicas foram lizadas de fora, nenhum vírus foi detectado. Mas, de vez em
quando, uma bactéria espontaneamente entrava em fase lisogênica produzindo muitos
fagos (115). A influência da luz ultravioleta, induzindo a liberação desses vírus, foi
uma observação fundamental que possibilitou delinear esta curiosa relação entre um
vírus e seu hospedeiro (116).
Por volta de 1954, Jacob e Wollman (87, 88), no Instituto Pasteur, tinham feito a
observação importante que um cruzamento genético entre uma estirpe lisogênica
bacteriana (Hfr, lambda) e uma recipiente não-lisogênica resultava na indução do
vírus após a conjugação, num processo de eles denominaram de indução zigótica. De
fato, a posição do fago lisogênico ou profago no cromossoma da E. coli hospedeira
era possível de ser mapeada por experimentos de ‘acasalamento interrompido padrão’
durante o cruzamento genético (88). Este foi um dos experimentos mais críticos para
a compreensão conceitual da lisogenia viral por várias razões: (a) mostrou que um
vírus se comportava como um gene num cromossoma bacteriano numa bactéria, (b),
foi um dos primeiros resultados experimentais que sugeriu que o material genético
viral era mantido silencioso (i.e., não transcrito) em bactérias por regulação negativa,
que era ativada quando o cromossoma de doadoras lisogênicas passava para
hospedeira receptora não lisogênica, e (c) estes resultados auxiliaram Jacob e Monod
perceber em 1954, que a indução de síntese de enzimas e o desenvolvimento de fagos
são consequências de um mesmo fenômeno (115). Estes experimentos lançaram as
bases para o modelo do Operon e a natureza da coordenação da regulação de genes.
Lac Operon (http://en.wikipedia.org/wiki/Operon)
Embora a estrutura do DNA foi elucidada em 1953 (160) e a indução zigótica foi
descrita em 1954, a relação entre o cromossoma bacteriano e o cromossoma viral em
lisogenia ainda era mencionada como o “local de ligação” e literalmente pensada
nesses termos. A relação estreita entre um vírus e o hospedeiro não foi entendida até
que Campbell em 1968 (23) propôs a integração do genoma de DNA (inserção e
ligação covalente) do fago lambda no cromossoma bacteriano, com base no fato de
que sequências de marcadores de fagos eram diferentes no estado integrado das do
estado vegetativo ou replicativo. Isto levou ao isolamento do regulador negativo ou
repressor de lambda, uma compreensão clara da imunidade em lisógenos, e um dos
primeiros exemplos de como os genes são regulados de forma coordenada (130). A
análise genética do ciclo de vida do bacteriófago lambda é uma das grandes aventuras
intelectuais da genética microbiana em particular e da biologia em geral (76), que
culminou com a elucidação do código genético por Crick em 1953. Esta fase
magnífica da aquisição do entendimento da interação de genes, genomas e
organismos embasa a Biologia moderna e de sistemas e merece ser conhecida e
revista em detalhes por todos os estudantes de Virologia e Biologia Molecular.
Os fagos lisogênicos (e.g., o fago P22 de Salmonella typhimurium) proporcionaram o
primeiro exemplo de transdução generalizada (172), ao passo que lambda proveu o
primeiro exemplo de transdução especializada (123). O fato de que vírus podem
carregar consigo genes celulares e transferir tais genes de uma célula para outra,
proveu um método para o mapeamento genético fino e um novo conceito em
virologia.
Transdução (http://en.wikipedia.org/wiki/Transduction_%28genetics%29)
Os vírus de animais
Apenas com base nessas propriedades, tornou-se claro que os vírus eram um grupo
muito diversificado de agentes. Alguns foram até observados ao microscópio de luz
(por exemplo, vaccinia em microscopia de campo escuro ótica e poliedros e grânulos
de baculovírus em microscopia com contraste de fase), quando as estruturas eram
maiores que 450 nm. Alguns agentes eram inativados por éter, enquanto que outros
não. O que depois foi associado `a presença ou ausência de envelope lipídico de
origem celular envolvendo o virion. Foi observado que uma vasta gama de doenças
virais afetavam todos os tipos de tecido e, que vírus davam origem a doenças crônicas
ou agudas, que eles eram agentes persistentes ou de recorrência periódica (surtos
epidêmicos). Entende-se que os vírus podem causar a destruição celular ou induzir a
proliferação celular.
O primeiro ensaio de placa (“plaque assay”) de um vírus animal na cultura foi feito
com com poliovírus (38), e isto conduziu a uma análise tão detalhada e importante
como o trabalho sendo desenvolvido com bacteriófagos da época. A maneira mais
simples para embasar esta afirmação vem da comparação da primeira edição do
“General Virology” do Luria em 1953 (112) com a segunda edição por Luria e
Darnell em 1967 (114) e examinar as descrições experimentais de infecção do
poliovírus de células. A era atual de virologia havia chegado, mas continuaria a ser
cheia de surpresas.
Tabela
1.
Duzentos
e
vinte
anos
de
descobertas
(1796
a
2005,
Preencha
até
2012!)
Data
Descoberta
1796
Vírus
da
varíola
bovina
usado
para
vacinar
contra
a
varíola
(Jenner)
1885
Vacina
contra
a
raiva
é
desenvolvida
(Pasteur)
1892
Descrição
do
agente
infeccioso
filtrável
(TMV)
(Ivanovsky)
1898
Conceito
de
vírus
como
uma
forma
viva
contagiosa
(TMV)
(Beijerinck)
1898
Primeira
descrição
de
um
vírus
animal
(FMDV)
(Loeffler,
Frosch)
1901
Primeira
identificação
da
gripe
aviária;
vírus
da
peste
de
aves
(Lode,
Gruber)
1901
Primeira
descrição
de
um
vírus
humano
(vírus
da
febre
amarela)
(Reed
et
al.)
1903
O
vírus
da
raiva
é
identificado
(Remlinger,
Riffat-‐Bay);
corpos
de
inclusão
de
raiva
descrito
(Negri)
1908
vírus
causador
de
Leucemia
identificado
(Ellerman,
Bang)
1909
Poliovírus
identificado
(Landsteiner,
Popper)
1911
Descoberta
de
vírus
de
tumor
sólido
(RSV)
(Rous)
1912
A
cultura
de
tecidos
de
um
explante
embrião
de
galinha
(Carrel)
1913
Um
dos
primeiros
exemplos
da
propagação
de
vírus
em
cultura
de
tecido
(Steinhardt)
1915
Primeira
descrição
de
vírus
bacterianos
(bacteriófagos)
(Twort,
d'Herelle)
1931
Propagação
de
vírus
em
ovos
de
galinha
embrionados
(Woodruff,
Goodpasture)
1931
A
utilização
de
ratos,
como
hospedeiros
de
vírus
(Furth)
1931
Identificação
de
vírus
da
gripe
suína
(Shope)
1933
Identificação
do
vírus
da
gripe
humana
(Smith
et
al.)
1933
Identificação
do
papilomavírus
do
coelho
(Shope)
1933
Tumores
de
ratos
mamárias
identificados
(Equipe
do
Memorial
Jackson
Laboratory)
1935
Vírus
do
mosaico
do
tabaco
cristalizado
(Stanley)
1936
Indução
de
carcinomas
em
outras
espécies
pelo
papilomavírus
coelho
(Rous;
Beard)
1938
Vacina
contra
a
febre
amarela
(Thieler)
1939
Um
ciclo
de
crescimento
em
uma
etapa
para
fagos
(Ellis,
Delbrück)
1941
Reconhecimento
de
hemaglutinação
do
vírus
da
gripe
(HA);
HA
inibição
pelo
anticorpo.
1941
Descoberta
do
primeiro
vírus
associado
(enzima
receptor
destruindo,
neuraminidase)
enzima
(Hirst)
1946
Infecção
com
misturas
de
bacteriófago
distintos
leva
a
recombinação
genética
(Delbrück)
1947
Mutação
e
de
reparo
do
DNA
em
bacteriófagos
(reativação
por
multiplicidade)
(Luria)
1948
Replicação
de
poliovírus
em
cultura
de
células
não
neuronais
(Enders,
Weller,
Robbins)
1948
Cultura
de
células
de
animais
individuais
(Sanford)
1952
Ensaio
de
placa
para
poliovírus
(Dulbecco)
1952
Genoma
de
bacteriófago
é
de
ácido
nucleico
(Hershey,
Chase)
1952
Transdução
de
informação
genética
(Zinder,
Lederberg)
1952
Restrição
e
de
modificação
de
ADN
(Luria)
1954
Vacina
contra
a
poliomielite
é
desenvolvida
(Salk)
1955
Cultura
estabelecida
de
células
humanas
(HeLa)
(Gey
et
al.)
1955
Optimização
de
meio
de
crescimento
celular
(Eagle)
1955
Definição
de
um
gene
como
um
cistron
(teste
“cis-‐trans”
de
Lewis,
1951)
(Benzer)
1957
In
vitro
montagem
de
virus
(TMV)
(Fraenkel-‐Conrat,
Williams)
1957
Descoberta
de
interferon
(Isaacs,
Lindemann)
1958
Bacteriófago
lambda
como
paradigma
de
regulação
gênica
(Pardee,
Jacob,
Monod)
1958
Definição
do
episomo
(Jacob,
Wollman)
1961
Descoberta
do
RNA
mensageiro
(mRNA),
utilizando
bacteriófagos
(Brenner,
Jacob,
Meselson)
1961
Elucidação
do
código
de
tripletes
através
de
análise
genética
de
bacteriófagos
(Crick
et
al.)
1961
Definição
genética
de
codões
sem
sentido
como
sinais
de
paragem
da
tradução
em
bacteriófagos
(Campbell,
1963
Descoberta
do
vírus
da
hepatite
B
(Blumberg)
1964
Colinearidade
de
um
gene
bacteriófago
com
a
cadeia
polipeptídica
(Sarabhai,
Stretton,
Brenner)
1964
Descoberta
do
vírus
do
tumor
primeiro
humano,
EBV
(vírus
Epstein-‐Barr)
1966
Caminhos
da
montagem
macromolecular
de
bacteriófagos
(Edgar,
Madeira)
1967
Phage
Î
»repressor
isolado
(Ptashne)
1967
Descrição
dos
viróides
(Diener)
1970
Descoberta
da
transcriptase
reversa
retroviral
(Temin,
Baltimore)
1972
Fago
recombinante
A
tecnologia
do
DNA
I
»e
SV40
(Berg)
1973
Descoberta
que
o
complexo
principal
de
histocompatibilidade
(MHC)
apresenta
antigénios
virais
de
linfócitos
1973
Mapa
de
enzimas
de
restrição
de
um
primeiro
genoma
viral,
SV40
(Nathans)
1974
Vetores
de
fagos
lambda
virais
para
a
tecnologia
de
DNA
recombinante
(Murray,
Davis,
Blattner,
Enquist)
1976
Oncogenes
retrovirais
são
derivados
de
células
(Bishop,
Varmus)
1977
Splicing
de
RNA
descoberto
em
adenovírus
(Roberts,
Sharp,
Chow,
Broker)
1978
Primeiro
viral
genoma
sequenciado
(phiX174,
Sanger)
1978
Estrutura
de
cristal
do
vírus
(TBSV)
(Harrison)
1979
A
descoberta
da
proteína
supressora
de
tumor
p53
ligado
ao
vírus
símio
vacuolar
40
(SV40),
antigénio
T
(Levi
1979
Organização
Mundial
de
Saúde
declara
a
varíola
erradicada
1981
Desenvolvimento
de
clone
recombinante
infeccioso
para
um
vírus
de
RNA,
poliovírus
(Racaniello,
Baltimore)
1981
Estrutura
da
proteína
do
envelope
viral
primeiro
(Wiley,
Skehel,
Wilson)
1983
Descrição
do
HIV-‐1
como
agente
causador
do
síndrome
da
imunodeficiência
adquirida
(AIDS)
(Montagnier,
G
1989
O
vírus
da
hepatite
C
clonado
(Houghton
et
ai.)
1990
Terapia
de
gene
humano
com
um
vector
de
retrovírus
1994
Herpesvirus
sarcoma
de
Kaposi
descoberto
(HHV-‐8)
(Chang,
Moore)
1997
Tratamento
HAART
para
a
AIDS
2003
Síndrome
respiratória
aguda
grave
surto
(SARS)
e
contenção;
identificação
rápida
de
coronavírus
humano
no
2005
Vírus
da
hepatite
C
propagado
em
cultura
de
tecidos
(Chisari;
Rice;
Wakita)
2005
1918
genoma
do
vírus
influenza
reconstruído
e
sequenciado
(Palese,
Tumpey,
Taubenberger)
O período moderno: 1960 até o presente
No texto acima, vimos que a informação foi apresentada em ordem cronológica ou em grupos
separados de vírus (vírus de plantas, bacteriófagos e vírus de animais), o que reflete a
separação histórica desses campos. Na próxima parte deste texto, o formato vai ser alterado
porque a motivação para o estudo de vírus começou a mudar durante este período.
Virologistas começaram a usar vírus para sondar questões centrais para a compreensão de
todos os processos da vida. Isto porque eles devem usar as regras, sinais, e vias reguladoras
do hospedeiro, uma vez que os vírus se replicam e dependentes de suas células hospedeiras.
Livro 1, Capítulo 1
Fonte: Flint et al., Principles of Virology (3rd & 4th Edition).
Edições por Daffiny Suman & Paolo Zanotto
Excretam 10E13 vírions de calicivírus por grama de feses por dia.
Na esquerda você vê os vírus comumente associados aos diferentes tecidos.
Na direita NGs mostra que 67.7% do DNA no seu sangue é viral!
LINES & SINES, LTR de retrotransposons
Porcos tem muitos virus endógenos. Em Harvard tiraram os ERV dos procos para orgãos.
Vírus passam por você e não te afetam.
Gramas que crescem em ambientes quentes devido `a presença de um fungo que tem termo
tolerância devido a um virus CThTV. Mutialismo fungo-vírus-planta.
Norovírus restoram o desenvolvimento normal do intestino de roedores. GF: ratos Germ Free
(Esquerda), Conv, ratos convencionais. No painel abaixo vê-se que os GF tem poucos
linfócitos T (marrom) e o MMV (norovírus) restora células T nos ratos GF (GF + MNV)
O sistema immune controla a invasão viral.
Vírus não dividem por fissão binária mas por produção explosiva de de componentes!
Leeuwenhoek viu pequenos organismos com seu primeiro microspcópio.
Primeiro vírus conhecido!
Os virus que puderam se manter em contato mais intenso com o hospedeiro, de menor
virulência, foram os primeiros a se adaptar no inicio da civilização. Ex: papilomavírus,
herpesvirus e os retrovirus.
‘’Fluido vivo contagioso’’ - patógeno menor que bacteria e incapaz de ser visualizado no
microscopio - Beijerinck (agentes filtraveis passavam por filtros nos quais as bacterias
ficavam retidas).
A lise de bactérias poderia ser causada por ‘partículas’ - bacteriofagos - d’Herelle - ‘’Virus
são sólidos geométricos e precipitáveis’’ que causavam placas transparentes em colônias
confluentes de bactérias crescidas em placas de agar.
Proteínas obtidas partir do extrato de macerado de folha de tabaco com a doença do mosaico,
após precipitação previa, eram sujeitas a eletroforese em gel. As amostras que formavam
duas bandas (banda de proteínas de TMV & banda de anticorpo de coelho) que indicavam
que a planta estava saudável. No entanto, quando uma banda só era formada na presença de
anticorpo, isto indicava que a planta estava infectada pois o anticorpo de coelho se ligava á
proteinas de capsídeo do TMV.
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Livro 1, Capítulo 4
- Estrutura dos Vírus -
Fonte: Flint et al., Principles of Virology (3rd & 4th Edition).
Edições por Daffiny Suman & Paolo Zanotto
Capsômeros podem parecer protuberâncias vistas nas superfícies dos vírions não
envelopados por microscopia eletrônica. Os capsômeros interagem entre si de forma
ordenada geralmente seguindo um eixo de simetria. Essas unidades morfológicas formam o
capsídeo, que geralmente é formado por hexâmeros nas áreas planas das faces dos vírions e
pentâmeros nos vértices virais.
Capsídeo é a capa de proteína que envolve diretamente o acido nucleico;
Core ou cerne é formado pelo acido nucleico viral mais as proteínas associadas `a
estabilização do genoma e sua posterior replicação;
Existem formas geométricas que são mais favoráveis para vírions. Que são definidas em
termos de simetrias. Elas são: (i) simetria helicoidal, (ii) icosaédrica ou, (iii) complexa
(pseudo-simétrica).
Acido Nucleico Viral. RNA genômico ou DNA genômica são os ácidos nucleico de vírus.
Os vírus tem genomas lineares, circulares, fita dupla ou fita simples, haploide ou diploide.
Apresentam genoma único (um só segmento) ou segmentado (Informação genética e dividida
em diferentes segmentos do acido nucleico). Podem ter genomas de RNA polaridade positiva
(o RNA mensageiro e imediatamente traduzido), RNA polaridade negativa (complementar ao
RNA mensageiro) e RNA com intermediário de DNA durante os processos de replicação
(retrovírus). Além de RNA há vírus de genoma de DNA com fita simples, dupla ou genomas
com genomas híbridos de DNA e RNA (vírus da Hepatite B).
Proteínas Não Estruturais são proteínas codificadas pelo genoma e traduzidas somente
durante a replicação viral com função enzimática e de modulação das atividades celulares.
T = triangulation number.
pentomers & hexomers quasi-equivalent (bonding similar but not identical) when capsids
have more than 60 subunits
quasi-equivalent structure
Triangulation number (T) is number is the number of triangular structures (facets) you pack
at each face (see red triangle at the center of a face). T allows for bigger capsids.
Resp. Todas as acima
4-fold axis is a pore (D) in & out of DNA
Budding! ER Golgi plasma or nuclear membrane
Hemmaglutinin
Not helical no icosahedral – no symmetry