Texto 310350775
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IMPETRADO: RELATOR DO HC Nº 320.145 DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA
RELATOR: MINISTRO MARCO AURÉLIO
MPF/PGR Nº 25.625/CS 2
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esquartejamento e ocultação de cadáver.
O i. Promotor de Justiça manifestou-se favoravelmente ao pedido da prisão
preventiva, nos termos do artigo 312 do Código de Processo Penal, como
garantia da ordem pública, por conveniência da instrução criminal e como
forma de assegurar a aplicação da lei penal (fl. 771/772).
É o relatório.
Inicialmente, cumpre ressaltar que aos acusados é imputado crime de
extrema gravidade, que por si só já demonstra a periculosidade dos
indiciados.
Desta forma, encontram-se presentes os requisitos que autorizam a
decretação da prisão preventiva, porque se soltos, poderiam vir a intimidar
testemunhas, influenciar a prova, visando a aplicação da lei penal.
Assim, para garantia da ordem pública, conveniência da instrução criminal
e para assegurar a aplicação da lei penal, converto a prisão temporária dos
indiciados ADRIANO APARECIDO AUGUSTO, CRISTIANO APARECIDO
AUGUSTO, JAIRO ALVES SAMPAIO, e ABÍLIO EDUARDO FERNANDES
TEIXEIRA em PRISÃO PREVENTIVA e o faço com fundamento nos artigos
311 e seguintes do Código de Processo Penal, expedindo-se mandado de
prisão e encaminhando aos órgãos competentes.”
MPF/PGR Nº 25.625/CS 3
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ainda que a prisão cautelar está fundamentada apenas na gravidade
abstrata do delito e na presunção de intimidação das testemunhas. Salienta
ainda as condições pessoais favoráveis do paciente.
1 “(...) O habeas corpus é incabível quando endereçado em face de decisão monocrática que
nega seguimento ao writ, sem a interposição de agravo regimental. 4. A competência desta
Corte para a apreciação de habeas corpus contra ato do Superior Tribunal de Justiça
(CRFB, artigo 102, inciso I, alínea “i”) somente se inaugura com a prolação de decisão do
colegiado, salvo as hipóteses de exceção à Súmula nº 691 do STF, sendo descabida a
flexibilização desta norma, máxime por tratar-se de matéria de direito estrito, que não pode
ser ampliada via interpretação para alcançar autoridades – no caso, membros de Tribunais
Superiores – cujos atos não estão submetidos à apreciação do Supremo. (...) 7. Ordem de
habeas corpus extinta por inadequação da via eleita.” - grifos nossos (HC 112422, Rel. Min. Luiz
Fux, Primeira Turma, julgado em 13/08/2013, DJe-167 DIVULG 26/08/2013 PUBLIC 27/08/2013).
MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL
MPF/PGR Nº 25.625/CS 4
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na instrução do feito (ausência de cópia do decreto prisional). É pacífica a
jurisprudência no sentido de que, não estando o pedido de habeas corpus
devidamente instruído, a deficiência compromete a sua viabilidade,
impedindo que se verifique a caracterização do alegado constrangimento.
MPF/PGR Nº 25.625/CS 5
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14. No mérito, não há situação de constrangimento ilegal que autorize a
concessão de habeas corpus de ofício.
15. Não há dúvida de que a duração da custódia por mais de três anos
sem que se tenha realizado o julgamento pelo Tribunal do Júri, não é a
situação ideal. No entanto, o caso apresenta peculiaridades que autorizam a
permanência da custódia, invocando-se, para tanto, o princípio da
razoabilidade.
MPF/PGR Nº 25.625/CS 6
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desencadeando a realização de inúmeros atos instrutórios, tornam razoável o
elastério do prazo para a finalização da instrução frente a tais circunstâncias
excepcionais.”
MPF/PGR Nº 25.625/CS 7
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entregaram para a mulher que ainda não foi identificada, que ocupava outro
carro, de cor clara, possivelmente branca, e que removeu dali as crianças. Em
seguida CRISTIANO e ABÍLIO entraram na casa e, com emprego de força
física arrebataram Sílvia, sendo certo que testemunhas presenciaram
quando taparam sua boca e usaram possivelmente algodão para calá-la.
Colocaram então, a ofendida no carro de CRISTIANO e a levaram para
lugar ignorado onde, com o auxílio de JAIRO, mataram-na e, ao mesmo
tempo, como ela estava grávida, fato que era do conhecimento dos
denunciados, provocaram o abortamento do feto.
Depois, com o fito de ocultarem os crimes que tinham cometido e
livrarem-se do cadáver da ofendida, os denunciados esquartejaram-na.
Segmentaram cabeça, membros e tronco, usando equipamentos
apropriados e empregando conhecimento técnico posto que as secções
foram feitas nas articulações, sem destruição dos ossos - fl. 33.
Esquartejado o cadáver, os denunciados, sempre agindo conforme a
combinação de vontades que os movia desde deliberação homicida,
acondicionaram as partes em sacos plásticos ocultaram-nas em lugar
não apurado, certamente em alguma geladeira ou freezer, a fim de
poderem posteriormente e aos poucos descartá-las, sem levantar
suspeita.
Cerca de 40 (quarenta) ou 50 (cinqüenta) dias depois, os
denunciados, sempre agindo conforme a prévia combinação de
vontades que os vinculava desde quando deliberaram pela morte da
ofendida, passaram a desfazer-se do cadáver que haviam esquartejado.
Assim, num período de dias, passaram a abandonar os sacos plásticos
que continham as partes do cadáver de Sílvia e do feto, espalhando-os e
diversos pontos, na zona urbana e em pastos nas proximidades.
Assim, em 30 de abril de 2008, policiais militares atendendo notícia
anônima, encontraram na R. José Paes Maldonado, nas proximidades do
"lixão" existente nas cercanias da antiga sede do "Lagu Praia Club", o quadril
e as coxas do cadáver da ofendida, assim como as roupas. Distante cerca de
100 m (cem metros) dali, encontrou-se um chumaço de cabelo. Confira-se o
boletim de ocorrência a fls. 3, as fotografias a fls. 54/59 e o laudo com
fotografias a fls. 352/357.
Em 3 de maio de 2008, policiais militares encontraram no final da R. Luiz
Chizolini, perto da via férrea, no meio do entulho, outras partes do cadáver da
ofendida, inclusive o crânio da ofendida, ainda com cabelo, e ossos do feto.
Confira-se o boletim de ocorrência a fls. 4, as fotografias a fls. 62/66 e o laudo
com fotografias a fl. 358/361.
Afinal, em 18 de maio de 2008, policiais militares foram acionados pela
testemunha Vanderlei, que noticiava ter encontrado partes de um cadáver em
um pasto existente na R. Arlindo de Gênova. A os milicianos encontraram
partes dos membros do cadáver Confira-se boletim de ocorrência a fls. 48/49
e o laudo com fotografias a fls. 89/100.
Havia notícia do desaparecimento de Sílvia e, com a localização de partes
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MPF/PGR Nº 25.625/CS 8
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decomposição.
Confira-se ao lauta a fls. 101/112, complementado a fls. 176/185 e a fls.
198/206.
Apreenderam-se objetos na casa do denunciado ADRIANO em 12/9/2008 -
fls. 189 nos quais havia vestígios compatíveis com sangue, revelados pelo
emprego da substância denominada Luminol - fls. 233/235 -, mas em
quantidade insuficiente para afirmar que se tratava de sangue humano - fls.
236/243.
Também na residência do pai de CRISTIANO e ADRIANO foram
apreendidos, em dezembro de 2009, um serrote e um ar de serra – fls. 218 - e
na casa de ABÍLIO foi apreendida uma serra de fabricação caseira - fls. 219.
Tais ferramentas foram submetidas a perícia apurando-se que a região
denticulada da serra de fabricação caseira esta impregnada de substância de
aparência similar a tecidos ósseos e ainda apresentava hemácias, células
epiteliais, por vezes anucleadas, alguns linfócitos, monócitos e
polimorfonucleares neutrólltos no ferro trefilado que servia de empunhadura
da serra - foto a fls. 250. Também foram encontradas várias hemácias,
linfócitos, monócitos e células epiteliais em sua maioria anucleadas na lâmina
da serra. Não se conseguiu demonstrar, todavia, a que tipo de tecido
pertenciam tais células. Confira-se a fl. 246/251.
Meses depois do desaparecimento de Sílvia, a amásia de ADRIANO, Keila,
foi presa em flagrante na posse de narcóticos, que, segundo as notícias
anônimas, pertenciam ao casal, confirmando informação de que um dos
motivos que lavaram os denunciados à prática crime foi o fato de Sílvia ter
ameaçado noticiar à Polícia a conduta criminosa de ADRIANO. Confira-se a
fls. 365/388.
ADRIANO, ABÍLIO, JAIRO e CRISTIANO foram reconhecidos como sendo
as pessoas que arrebataram Sílvia na última vez em que ela foi vista com vida
- fls. 394 e 653/656.
Há notícia, ainda, de que uma jaqueta preta, courotan, encontrada junto
com partes do cadáver, pertencia CRISTIANO - fl. 395. Tal peça de fato foi
encontrada com partes do corpo, em 30/4/2008, constou do relatório do laudo
a fls. 51 e pode ser vista na fotografia a fls. 55, foto da parte de baixo da
página.
Os denunciados perpetraram os crimes de homicídio e aborto para
assegurar a vantagem e o impunidade de crimes de trafico drogas a que
se dedicavam, posto que seu propósito era eliminar a ameaça que Sílvia
representava, dizendo que avisaria a Polícia sobre o tráfico que
realizavam.
Agiram os denunciados de modo a dificultar a defesa da ofendida, posto
que a atacaram de surpresa, arrebatando-a de casa em momento em que não
podia esperar e impondo-lhe a superioridade numérica e de força física
representada pelo fato de serem quatro homens. Quando a mataram, Sílvia
não tinha nenhuma chance de defesa.
Não foram encontradas todas as partes do cadáver de Sílvia, de sorte
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21. Tais fatos demonstram a ousadia e a extrema periculosidade do
paciente e demais corréus, bem como sua incapacidade de convívio em
sociedade. O crime foi executado de forma brutal, sendo a vítima, grávida,
amordaçada, morta e esquartejada. As partes do cadáver da mulher e do
feto foram guardadas numa geladeira ou freezer, sendo descartadas aos
poucos em locais distintos, para dificultar a localização e identificação.
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CONFIGURADO. 1. Não se conhece de habeas corpus impetrado contra
indeferimento de liminar por Relator em habeas corpus requerido a Tribunal
Superior. Súmula 691. Óbice superável apenas em hipótese de teratologia. 2.
Prisão preventiva decretada em razão do risco à ordem pública, da
conveniência da instrução criminal e da aplicação da lei penal, pois as
circunstâncias concretas dos autos indicam a periculosidade do agente,
a ameaça às testemunhas e a 'efetiva intenção e capacidade de se
esquivar, por meios ilícitos, da atuação estatal'. Precedentes. 3. A
razoável duração do processo não pode ser considerada de maneira isolada e
descontextualizada das peculiaridades do caso concreto. 4. Habeas corpus
extinto sem resolução do mérito." – grifou-se (HC nº 127.621/CE, Relª. Min.
Rosa Weber, DJe de 16/9/2015).