Idade Comportamento de Compra
Idade Comportamento de Compra
Idade Comportamento de Compra
Por ser verdade e me ter sido solicitada apresento esta declaração que vai assinada
por mim.
ii
AGRADECIMENTOS
É com uma enorme satisfação e brio que expresso a conclusão de mais uma etapa na
vida e, ao mesmo tempo, de mais um caminho académico. Desta forma, a conclusão
deste percurso, deveu-se a todas as pessoas que me ajudaram de alguma forma com
a sua colaboração e o seu contributo até chegar a esta fase. A todas essas pessoas,
desejo um carinho e uma palavra especial de agradecimento.
Agradeço primeiramente ao meu orientador Professor Doutor Álvaro Cairrão pelo seu
profissionalismo, pela partilha de conhecimentos, ajuda, orientação e colaboração em
todas as etapas do trabalho desenvolvido, assim como à Professora Doutora Ana
Borges por toda a disponibilidade, colaboração e transmissão de conhecimentos na área
da metodologia e investigação.
Quero ainda agradecer a todos os que fizeram parte desta jornada, à minha família,
amigos e colegas por toda a força, carinho e amor demonstrado nesta etapa tão
especial, assim como a entreajuda e a amizade demonstrada em todos os momentos
deste percurso.
iii
RESUMO
É certo que o mundo está em constante evolução, e com ele evoluem também as
tecnologias, indústrias, e pessoas, tornando-se cada vez mais avançadas. Com este
progresso no tempo foi possível encontrar também o avanço e a criação de novas
gerações, cada vez mais informadas e tecnológicas, com características,
comportamentos e hábitos distintos entre si.
Desta forma, o presente estudo tem como objetivo principal perceber quais os fatores
com maior influência na intenção de compra das diferentes gerações, ou seja, perceber
quais os fatores que mais interferem e com maior importância no comportamento de
compra de um produto ou serviço. As gerações consideradas para o presente estudo
foram a baby boomer, a geração X, Y, Z e Alpha.
Perante o estudo realizado foi possível perceber que todas as variáveis consideradas
têm influência no comportamento de compra do consumidor, com uma maior ou menor
intensidade, e que essas mesmas variáveis são semelhantes entre as diferentes
gerações, à exceção da perceção de risco, que varia significativamente entre elas,
sendo este um fator a ter em conta no desenvolvimento de estratégias de Marketing de
uma marca.
iv
ABSTRACT
It is certain that the world is constantly developing, and with it also develop technologies,
industries, and people, becoming more and more advanced. With this progress over time
it was also possible to find the advancement and creation of new generations,
increasingly informed and technological, with characteristics, behaviors, and habits that
are different from each other.
In this way, this study's main objective is to understand which factors have the most
influence on the purchase intention of different generations, that is, to understand which
factors interfere more and are more important in the purchase behavior of a product or
service. The generations considered for this study were the baby boomer, generation X,
Y, Z, and Alpha.
To answer the problem presented, seven variables were taken into account, namely
brand bonding, social responsibility, brand image, risk perception, purchase intention,
loyalty and online presence, which were evaluated through a quantitative method, more
specifically, by applying a questionnaire survey, having obtained a sample of 122
individuals.
In view of the study carried out it was possible to realize that all the variables considered
have influence on consumer buying behavior, with a greater or lesser intensity, and that
these same variables are similar among the different generations, except for the
perception of risk, which varies significantly among them, this being a factor to be taken
into account in the development of marketing strategies for a brand.
v
ÍNDICE GERAL
AGRADECIMENTOS .........................................................................................................iii
RESUMO ....................................................................................................................... iv
ABSTRACT ..................................................................................................................... v
vi
2.4.3. Geração Y (ou “Millennials”) .................................................................. 37
3. METODOLOGIA...................................................................................................... 43
6. CONCLUSÕES ....................................................................................................... 84
ANEXOS ....................................................................................................................... 97
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
KMO - Kaiser-Meyer-Olkin
Web – Internet
WOM - Word-of-mouth
ix
ÍNDICE DE FIGURAS
x
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 21.4 - Testes de KMO & Barlett das variáveis em estudo ............................... 71
Tabela 23.4 - Regressão Linear Ligação com a marca Vs. Intenção de compra ......... 74
xi
Tabela 27.4 - Regressão Presença Online Vs. Intenção de compra ........................... 76
xii
ÍNDICE DE GRÁFICOS
xiii
LISTA DE ANEXOS
xiv
1. INTRODUÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA DE INVESTIGAÇÃO
A globalização e os avanços tecnológicos estão cada vez mais presentes e notórios nos
dias que correm, estando essa evolução espelhada também nos mercados e,
consequentemente, nos comportamentos, necessidades, preocupações, hábitos e
atitudes dos consumidores, que se foram alterando ao longo do tempo. Esta evolução
foi sentida em todo o mundo e afetou todas as gerações, desde as anteriores à baby
boomer até à geração Alpha, a qual acaba de nascer. De forma geral, apesar destas
gerações apresentarem características e comportamentos distintos entre si, irão, dia
após dia, evoluindo, porém de forma mais acentuada nas gerações mais antigas, uma
vez que se tiveram de adaptar e acompanhar toda a mudança até aos dias que correm.
Desta forma, é importante que as marcas entendam quais os fatores mais importantes
que os consumidores consideram nas suas intenções de compra, na medida em que
seja essa a marca escolhida pelo indivíduo e não marcas concorrentes. Ainda assim,
esses fatores variam de indivíduo para indivíduo e de geração para geração, por isso
as empresas devem estudar cada uma delas com atenção, definir o seu público-alvo e
posteriormente, segmentarem-se de forma a perceberem esses fatores em cada um
desses mesmos segmentos.
Neste sentido, e de forma a aprofundar um pouco mais este tema, o objetivo do presente
trabalho é perceber quais os fatores que mais influenciam a decisão de compra dos
consumidores de diferentes gerações e de que forma esses fatores diferem entre elas,
encontrando-se o problema do estudo sob a forma da seguinte questão: Quais são os
fatores que mais influenciam a decisão de compra em consumidores de diferentes
gerações?
2
No terceiro capítulo é possível encontrar a análise de todos os resultados obtidos
através da aplicação do inquérito por questionário, assim como os respetivos testes
estatísticos e análise e verificação das hipóteses anteriormente definidas.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1. O consumidor
Desta forma, é possível caracterizar a sociedade dos dias de hoje como uma “sociedade
de consumo”. Segundo Bauman (2007), as principais características desta sociedade
são o descarte e desprezo daquilo que já é velho e ultrapassado, o culto crescente ao
novo, a obsolescência e a brevidade crescente que os produtos representam e a
mercantilização da vida que levam ao constante consumo das pessoas, tornando-as
consumidoras natas.
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O comportamento do consumidor é definido como as atividades físicas e mentais de
determinado indivíduo que resultam em decisões e ações de compra e utilização de
produtos ou serviços de forma paga (Sheth et al., 2001).
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Como anteriormente referido, existem vários fatores que podem influenciar o
comportamento de compra de um consumidor, podendo estes estar ainda divididos em
fatores mais específicos, como representado na figura 1.2, segundo Kotler e Armstrong
(1998).
De acordo com a teoria apresentada e com Ebert e Griffin (2009), para as marcas
conseguirem compreender realmente o comportamento dos consumidores, estes
dependem fortemente dos campos de sociologia e de psicologia, contudo, apenas
conjugando os quatro fatores (culturais, sociais, pessoais e psicológicos) é possível
explicar e prever os comportamentos e as compras futuras destes mesmos
consumidores.
a) Fatores Culturais
Desta forma, este fator é de grande importância uma vez que a sua influência pode
determinar as decisões e o pensamento de um consumidor, aquando confrontado com
uma decisão de compra, devendo assim as marcas estar atentas às diferentes culturas
existentes, tanto dentro de determinado país, como nas diferenças culturais de país para
país. Cada região possui diferentes costumes, e cada consumidor tem hábitos e
decisões de compra diferentes uns dos outros, devendo o departamento de marketing
das marcas estar atento às mesmas, de modo a terem um planeamento estratégico que
atenda às necessidades dos consumidores (Kotler & Armstrong, 1998).
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Deste modo, as organizações necessitam de compreender melhor como os seus atuais
e potenciais consumidores pensam, reagem, compram e o mais importante, como são
influenciados por outros indivíduos ou grupos, pois estes apresentam diferentes
costumes, culturas e personalidades que são importantes para a implementação de
novas estratégias das marcas (Sampaio et al., 2010).
Estes fatores culturais podem ser divididos em três categorias: i. Cultura; ii. Subcultura;
iii. Classe social.
i. Cultura
Pinheiro et al. (2018) afirmam que, por vezes, devido à ausência de conhecimento e
consideração que as marcas têm pelas diferentes culturas em que os seus
consumidores se encontram, são definidos negócios e estratégias de marketing que se
revelam completamente falhadas.
ii. Subcultura
A subcultura pode ser definida como uma forma fragmentada da cultura, que se traduz
numa maior especificação da identificação e socialização para os seus integrantes, e
que inclui nacionalidades, regiões, grupos raciais e áreas geográficas. Quando estes
grupos se tornam relativamente grandes e coesos, estes tornam-se segmentos de
mercado importantes para as marcas, no sentido de estas poderem desenvolver
estratégias e tipos de comunicação específicas para cada um desses grupos.
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Segundo Kotler e Keller (2012) pode-se entender que, as diferentes gerações podem
ser consideradas uma subcultura, afirmando que as marcas sempre adoraram os
adolescentes e jovens por estes serem criadores de tendências, podendo transmiti-la
para outros indivíduos que não da sua geração. Deste modo, as marcas devem lançar
e comercializar produtos para corresponder à sociedade core, ao mesmo tempo que
responde às necessidades das diferentes subculturas de uma determinada sociedade.
Num outro exemplo de subcultura é possível identificar as tribos urbanas que existem
em grande variedade e número em cidades muito numerosas, e que compartilham entre
si um estilo de vida, atividades e interesses similares que, simultaneamente e
normalmente são um pouco diferentes da cultura principal.
Os vegans são um exemplo concreto de subcultura que nos dias que correm ganham
cada vez mais integrantes, tendo estes um estilo de vida e uma filosofia onde procuram
abolir por completo o uso de animais para fins de consumos, ou seja, em alimentos,
roupas ou outros propósitos. Esta é uma subcultura que tem os seus princípios morais
e éticos bem assentes no que toca à proteção dos direitos dos “animais não humanos”
e do pacifismo (Sousa & Fonseca, 2009).
Como mencionado anteriormente, este é um movimento cada vez mais crescente e que
atrai cada vez mais pessoas, tornando-se desta forma um mercado bastante grande
para as marcas “explorarem” e para atenderem aos desejos e necessidades deste tipo
de consumidores. Ainda assim, já é possível encontrar muitas marcas que atendem a
este tipo de consumo, como é o exemplo da grande cadeia do Burger King, com opções
de comida vegan, ou mesmo a marca de cosmética The Body Shop com os seus
produtos de beleza vegan.
A classe social pode ser definida como divisões quase homogéneas da sociedade, que
estão hierarquicamente ordenados e cujos indivíduos partilham valores, interesses e
comportamentos semelhantes, havendo assim uma estratificação social (Kotler & Keller,
2012).
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preferência pelas notícias. Já os consumidores da classe baixa, normalmente preferem
ver televisão, inclinando-se mais para os programas de reality shows e desporto. Este
é um exemplo que ilustra o mínimo de variações existentes tendo em conta a classe
social e o tipo de hábitos e modelos consumidos.
No marketing, e de forma a haver uma análise unânime e universal, foi criado um modelo
de categorização social que reflete, em primeira instância, a capacidade económica dos
consumidores. Esta variável tem por base a situação da sua ocupação, a própria
ocupação, a instrução escolar, o sexo, a idade, a composição do agregado familiar e a
região. Desta pesquisa e modelo foram então criados 5 grupos de classes sociais: 1)
Classe Alta (A); 2) Classe Média Alta (B); 3) Classe Média (C1); 4) Classe Média Baixa
(C2); 5) Classe Baixa (D) (Marktest, 2003).
Neste sentido, é importante as marcas perceberem qual a classe social que pretendem
atingir, e as estratégias necessárias para os satisfazer, tendo em conta todas as
variáveis que os classificam, principalmente a capacidade económica de cada uma
delas.
b) Fatores Sociais
Esta segmentação social influência de alguma forma todos os outros elementos que
fazem parte ou se revêm em ditos segmentos.
i. Grupos de Referência
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estilos de vida, influenciando atitudes e conceitos dos próprios ou, em última instância,
criando pressões que podem influenciar e afetar as escolhas de produtos ou serviços
de uma determinada marca, ou mesmo a sua mudança (Kotler & Keller, 2012).
Quando estes grupos de referência são fortes, as marcas devem estar atentas aos
líderes de opinião do grupo, alcançando-os e influenciando-os para que estes
aconselhem e transmitam uma opinião positiva sobre a marca, os seus produtos e os
seus serviços aos restantes membros desse grupo (Schiffman et al., 2010).
ii. Família
Um individuo, em toda a sua vida, participa em variados grupos, seja de família, clubes
ou organizações. Desta forma, é possível definir a posição desse mesmo em
determinado grupo em termos das atividades que este desempenha nele e o seu status,
escolhendo produtos e marcas que transmitam esse seu mesmo estatuto na sociedade.
Tendo este fator em conta, é assim necessário que os profissionais de marketing das
marcas estejam cientes do potencial símbolo de status que estas e os seus
produtos/serviços possam ter para os consumidores (Kotler & Keller, 2012).
c) Fatores Pessoais
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novas necessidades dos mesmos de forma a colmatá-las, sendo assim possível a
adaptação dos produtos e demais estratégias de marketing e comunicação (Kotler &
Keller, 2012).
Rani (2014) explica ainda que, a idade e o estágio do ciclo de vida em que um indivíduo
se encontra tem um grande impacto no seu comportamento uma vez que este não
adquire os mesmos tipos de produto ou serviços do que quando era mais novo devido
à evolução dos seus hábitos e preferências, tendo em conta o meio ambiente em que
vive, as atividades que pratica, o seu estilo de vida, os seus valores, e outros fatores de
influência.
Kotler e Keller (2012) afirmam que também as marcas têm uma personalidade, e por
isso, os consumidores são mais suscetíveis a escolher marcas que apresentem uma
personalidade onde se possam rever, ou seja, a que apresentar uma mistura específica
de traços humanos idênticos aos seus. Desta forma, os indivíduos ao comprar
determinada marca, tentam exprimir a sua posição social, apresentando a sua
personalidade a outros através desta, sendo essa marca a imagem mais próxima que
este consumidor tem de si próprio.
O estilo de vida retrata a forma como a pessoa interage com o seu ambiente, ou seja, é
o padrão de vida de um indivíduo no mundo expresso nas atividades, interesses e
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opiniões que este tem. Este estilo de vida, nos tempos correntes, são moldados e
limitados pelo dinheiro e tempo de cada indivíduo. Deste modo, as empresas devem
estar atentas aos diferentes estilos de vida e valores que estes grupos apresentam, e
adaptar os seus produtos e serviços aos mesmos (Kotler & Keller, 2012).
d) Fatores Psicológicos
i. Motivação
Segundo Kotler e Keller (2012), existem várias teorias que ajudam a compreender estas
motivações humanas e quais os motivos que levam os indivíduos a agir. A pirâmide de
Maslow é uma das teorias que define as principais necessidades e características de
um indivíduo.
A teoria de Maslow (1954) afirma assim que, o ser humano apenas se sente motivado
quando as suas necessidades são suprimidas, sendo elas, necessidades fisiológicas,
de segurança, sociais, autoestima e autorrealização, como representado na figura 2.2.
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Figura 2.2 - Teoria da Pirâmide de Maslow
ii. Perceção
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distorção seletiva (indivíduo transforma informação em significados pessoais), retenção
seletiva (indivíduo tende a reter apenas informação que sustenta as suas crenças e
atitudes) (Kotler & Keller, 2012).
Deste modo, é importante que as marcas estudem quais os estímulos que cada
indivíduo percebe e tende a reter, de forma a estes se lembrarem da mesma de forma
positiva e identificativa partilhando as suas crenças.
iii. Aprendizagem
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situacionais imprevistos, riscos percebidos, nível de satisfação com a compra e ações
da marca, podem afetar estas decisões de compra, devendo assim os profissionais de
marketing entender o comportamento destes indivíduos em cada um dos estágios do
processo de decisão de compra (Heilman et al., 2000).
Segundo os mesmos autores, nem sempre os consumidores passam por todas as cinco
etapas, podendo por vezes ultrapassar algumas, principalmente quando o produto ou
serviço já é de habitual consumo. Neste sentido, este modelo é mais utilizado quando
os consumidores enfrentam uma nova compra, sendo importante a passagem por todas
as etapas (Kotler & Keller, 2012).
i. Reconhecimento do Problema
Desta forma, e segundo Schiffman e Kanuk (2010), fazer uma seleção e uma avaliação
das alternativas de marcas que um individuo enfrenta é uma característica humana que
ajuda e simplifica o processo de tomada de decisão, como por exemplo, e seguindo o
mesmo raciocínio anteriormente apresentado, após um individuo encontrar toda a
informação sobre os restaurantes, este irá avaliar e analisar todas as possibilidades
existentes.
v. Comportamento Pós-Compra
Segundo Schiffman e Kanuk (2010), existem três resultados possíveis tendo em conta
o atendimento às expetativas do consumidor: o desempenho real atende às expetativas
do individuo levando-o a um sentimento neutro; o desempenho supera as expetativas
do individuo, levando-o à satisfação e recomendação da marca; desempenho fica
abaixo das expetativas do indivíduo, levando-o à insatisfação e não recomendação da
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marca. Qualquer uma destas circunstâncias pode levar a que o consumidor escreva
uma review, seja ela boa ou má, e que repita ou não a compra.
Segundo Court et al. (2009), nos dias de hoje o consumidor está cada vez mais
informado, perspicaz e exigente, assim como o mundo, está cada vez mais global e
digital, levando-o a afirmar que o conceito da pirâmide já não é eficaz, devido a não
captar todos os pontos de contacto e fatores chaves de uma compra, uma vez que estes
são imensos, e que os consumidores estão permanentemente rodeados de inúmeras
marcas e canais digitais.
Através do estudo realizado pelos mesmos autores, foi possível demonstrar que devido
à proliferação de informação e marcas a que os consumidores estão permanentemente
rodeados, é cada vez mais difícil a lealdade e a fidelização do mesmo com as marcas,
complicando, consequentemente, a decisão de compra do indivíduo, uma vez que estes
estão expostos a um conjunto de marcas potenciais e metodicamente as vão reduzindo
para efetuar uma compra. Neste sentido, as marcas devem perceber a jornada que os
consumidores estão a percorrer, direcionando os seus gastos, a gestão de canais e
mensagens para os satisfazer e chegar aos mesmos no lugar certo, no momento certo
e com a mensagem certa.
Desta forma, estes sugerem que neste método clássico os consumidores reduzem
sistematicamente o conjunto de considerações e marcas iniciais à medida que balançam
opções, tomam decisões e compram produtos, sendo nesta fase da pós-compra que se
determina a real fidelidade do indivíduo às marcas e a probabilidade de este voltar a
comprar os seus produtos ou serviços (Court et al., 2009).
Com todas estas mudanças, já não devem ser as marcas a procurar e a implementar o
marketing nos consumidores de forma a influenciar o seu comportamento, mas sim os
consumidores a procurar as marcas, pois só assim é possível uma lealdade e fidelização
verdadeira com as mesmas. Esta lealdade pode ainda ser distinguida em lealdade ativa
e lealdade passiva, sendo a primeira caracterizada por clientes que compram e são leais
a determinada marca, recomendando-a, e a segunda, por clientes que compram
determinada marca mas não se comprometem com a mesma, ficando disponíveis para
receber ofertas e mensagens de marcas concorrentes (Court et al., 2009).
Seguindo esta perspetiva é possível afirmar que o consumidor está cada vez mais ativo,
ou seja, influencia cada vez mais opiniões, comportamentos e acima de tudo o mercado.
Este tipo de consumidores são designados como “prosumers”, termo criado por Toffler
(1980), para definir os consumidores do século XXI.
São inúmeras as definições existentes para o conceito do que é uma marca, sendo esta
um fator bastante importante na escolha de um consumidor e, consoante a evolução
deste último, também o conceito de marca vai evoluindo, apesar de ainda não existir
uma grande teoria unificadora das marcas (Tavares, 2015). Numa definição mais geral,
efetuada pelo AMA (American Marketing Associating), uma marca é um termo, nome,
símbolo, design, ou uma combinação destes, que identificam produtos ou serviços de
um grupo de vendedores ou vendedor e que os diferencia dos concorrentes (Kotler &
Keller, 2012).
Aaker (1995) segue os mesmos princípios e define a marca como, um nome ou símbolo
distintivo (logótipo, marca registada ou desenho de embalagem) que identifica os
produtos ou serviços de vários fornecedores de modo a diferenciar-se dos concorrentes,
sendo este um ativo intangível e valioso para uma empresa.
Este é já um conceito que existe há vários séculos, tendo começado como um meio
para diferenciar os bens de diferentes vendedores, já que a palavra “marca”, em inglês,
brand, deriva de uma definição nórdica com o significado de “queimar”, onde nos tempos
antigos era feita a marcação a fogo no gado de forma a identificar os animais de
determinado individuo (Keller, 2003).
Segundo Kapferer (2003), a marca pode ser assim considerada como um ponto de
referência de todas as impressões positivas e negativas constituídas pelos
consumidores ao longo do tempo. Neste sentido, a marca torna-se uma fonte de
informação importantíssima para os mesmos no processo de decisão de compra, uma
vez que através dela é possível saber a experiencia de outros consumidores e muitas
outras informações, atuando como um redutor de risco quando a informação é reduzida.
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Todas estas características são importantes na gestão das marcas, para que estas
estejam presentes na mente do consumidor, principalmente, aquando uma decisão de
compra do mesmo (Tavares, 2015).
Para Aaker (1996) a consciência da marca é um dos fatores mais importantes que esta
pode ter, pois envolve a lembrança e recordação da mesma na mente dos
consumidores, podendo variar em níveis como, o seu desconhecimento (unaware of
brand), o reconhecimento (recognition), a lembrança da marca (recall), e por último, o
top of mind (a primeira marca que o consumidor se lembra espontaneamente), patamar
ao qual todas as marcas gostariam de chegar (figura 5.2).
Segundo Kotler e Keller (2012), o top of mind tem como objetivo encontrar as marcas
que se encontram em primeiro lugar da mente dos consumidores quando estes pensam
em determinado segmento, possibilitando, consequentemente, essa mesma marca
saber qual o grau de conhecimento do seu nome numa determinada população, estando
em vantagem competitiva face à concorrência e refletindo o seu valor (brand equity).
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2.3.1. Identidade e Posicionamento de uma marca
2.3.2. Segmentação
Kotler e Keller (2012) seguem o mesmo pensamento, e reforçam ainda que estas
marcas não podem atender a todos os clientes em mercados amplos e diversificados,
porém, podem dividir esses mesmos mercados em grupos de consumidores ou em
segmentos com necessidades e desejos diferentes, sendo que essas diferenças podem
ser usadas como um diferencial competitivo da marca. Desta forma, é possível à marca
conhecer melhor os seus consumidores, que quanto maior e melhor esse mesmo
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conhecimento, mais acertadas serão as suas campanhas de marketing e o ajuste dos
seus produtos e serviços aos mesmos.
Conforme Kotler e Keller (2012), também Lindon et al. (2021) definem quais são os
principais critérios de segmentação utilizados pelas marcas, conforme tabela 1.2.
22
estratégias de marketing a utilizar, tendo sempre em conta a pertinência, a
mensurabilidade e o valor operativo desses mesmos critérios.
Desde que uma marca seja capaz de construir e dar a conhecer uma personalidade
própria atrativa para os consumidores, esta tem a capacidade estabelecer uma ligação
entre os seus produtos e serviços e todos os envolventes da empresa e os seus
consumidores. Com esta ligação à marca, é possível perceber e reconhecer o seu nível
de lealdade com a mesma (Lassar et al., 1995).
Aaker (1995) define esta lealdade como o reflexo da medida em que o consumidor está
ou não disposto a mudar de marca quando esta implementa alterações nos seus
produtos ou serviços, tanto a nível de preço como a características de produto. Esta
lealdade é assim caracterizada como uma medida de ligação do cliente à marca que
dificulta a decisão do consumidor no que tange a sua hipotética deslealdade à mesma.
Esta lealdade e fidelidade à marca são duas fontes de valor que resultam da interação
entre a marca e o consumidor, a qual cria e assume atitudes que transmitem um grau
de ligação entre os dois. Assim, de uma forma natural e genuína, os consumidores
acabam por se interessar pelas histórias, emoções e personalidade que as marcas
transmitem e transparecem, criando uma relação e ligação de amizade e confiança,
colocando o consumidor tão envolvido com a mesma que estes estão dispostos a falar
das mesmas a outras pessoas e a mostrar que a mesma é importante para si (Fournier,
1998).
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pelos interesses da organização, mas também proteger e melhorar o bem-estar da
sociedade como um todo (Davis & Blomstrom, 1975).
A responsabilidade social corporativa pode ainda ser vista por outros autores como o
estatuto e as atividades que uma empresa pratica em relação à sua obrigação social
percebida (Brown & Dacin, 1997), ou por outro lado, que a responsabilidade social
destas engloba as expetativas económicas, legais e éticas que a população tem das
organizações (Carroll, 1991). Esta responsabilidade social acaba por se tornar assim
uma ferramenta bastante poderosa na criação de uma qualidade percebida para o
cliente e para um maior efeito de marca, criando uma lealdade atitudinal positiva, uma
imagem de marca mais forte e uma maior fidelização do cliente (Poolthong &
Mandhachitara, 2009).
Segundo Kotler e Keller (2012) a imagem de uma marca reflete-se no conjunto de ideias,
perceções e crenças que um consumidor possui de uma determinada marca,
apresentada por uma rede de associações existente na sua mente. Tendo este conceito
em conta, Ruão e Farhangmer (2000), acrescentam ainda que, este conjunto de
atributos que o consumidor associa a uma marca de forma intuitiva contribuem para a
tomada de decisão de compra de determinada marca.
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Desta forma, Keller (1993) afirma que a retenção da imagem de marca na memória e
na mente dos consumidores deve ser formada com o auxílio das associações que
afetam diretamente a tomada de decisão dos mesmos, podendo isso ser feito através
dos atributos (características descritivas do produto), benefícios (aquilo que os
consumidores pensam que um determinado produto lhes vai oferecer, estando este fator
relacionado com os valores pessoais dos consumidores) e atitudes (avaliação geral do
consumidor).
A imagem de marca é o que permite a uma empresa dar a conhecer os seus produtos
e serviços, sendo a comunicação de uma marca o processo de transferência da
identidade em imagem de marca. Desta forma, e sendo esta uma promessa de
qualidade, credibilidade e valor, estas não podem passar o risco de diluição por parte
dos consumidores, através de perceções erróneas da mesma (Knapp, 1999).
Bauer (1960) foi um dos investigadores pioneiros sobre o tema do risco percebido, onde
afirmava que o comportamento de compra do consumidor era altamente afetado pelo
risco. Desta forma, caracteriza-o como uma consequência inesperada e incerta de uma
determinada compra, havendo sempre a ideia de que essa mesma compra possa trazer
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consequências negativas, e por isso, a decisão de compra de um consumidor de um
serviço ou produto pode ser modificada, adiada ou rejeitada devido a este risco
percebido (Solomon, 2017).
Taylor (1974) afirma que o risco pode envolver duas dimensões distintas, sendo elas, a
incerteza e a consequência. Para que os consumidores consigam diminuir o risco e em
consequência destas duas dimensões, normalmente estes assumem diferentes tipos de
resposta comportamental como, a procura de mais informação sobre o produto ou
serviço a adquirir, ou através da redução do “montante” (financeiro ou não financeiro)
que este pretenderia despender.
Perante isto, e segundo Tan (1999), os consumidores associam um maior nível de risco
percebido a compras que não são feitas diretamente numa loja física, e neste sentido,
as empresas necessitam de encontrar estratégias de minimizar esse risco, seja pela
reputação da marca, pela garantia, ou outro tipo de estratégias.
Este conceito leva Sitkin e Pablo (1992) a afirmar que o risco percebido e o risco real
são dois conceitos diferentes, estando o primeiro relacionado com a imagem e a
perceção que um consumidor cria na sua mente, sendo este bastante subjetivo, e por
vezes não realista, o que pode afetar o seu comportamento. Este é ainda definido por
Dunn et al. (1986) como a expetativa de uma qualquer perda ou consequência negativa
resultante de uma determinada compra. Já o segundo conceito é definido como aquilo
que existe concretamente, sendo esse ou não percebido pelo consumidor.
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Risco de Tempo: O produto ou serviço é um fracasso, o que resulta num custo
de oportunidade de encontrar outros produtos ou serviços que satisfação melhor
o consumidor.
Ainda segundo estes autores, o grau de risco percebido varia bastante com o valor
monetário associado, o grau de incerteza relativamente aos atributos do produto ou
serviço e, o nível de confiança do consumidor. De forma a reduzir estas incertezas e as
consequências negativas do risco, os consumidores tendem a evitar decisões e a reunir
informações de amigos, familiares ou pessoas conhecidas. Neste sentido, é dever das
marcas compreender os fatores que causam os sentimentos de risco aos consumidores
e fornecer informações e suporte de forma a reduzi-los.
A intenção, tal como o nome indica, é definida pela decisão de agir num futuro próximo
que determinado individuo possui (Ramayah et al., 2010). Estas intenções, segundo
Ajzen (2011), captam fatores motivacionais que podem influenciar o comportamento de
um individuo, assumindo este um comportamento possível de ocorrer. Desta forma, as
intenções e as atitudes, sejam elas positivas ou negativas, constituem avaliações sobre
possíveis consequências na concretização dos atos ou comportamentos.
Para Kim e Ko (2011), este conceito está fortemente ligado com as atitudes dos
indivíduos e as suas preferências face a determinados produtos ou serviços, uma vez
que estas determinarão o seu comportamento futuro, sendo assim possível medir as
suas contribuições futuras para determinada marca.
Relativamente à intenção de compra, esta é definida por Venter et al. (2016) como a
combinação dos diversos interesses dos consumidores e a possibilidade de adquirirem
determinado produto ou serviço. Yoo et al. (2000) e Kotler e Keller (2012) concordam
com a definição anteriormente citada, e acrescentam ainda que, mesmo havendo a
intenção de compra de determinado produto ou serviço, essa mesma intenção poderá
não dar resultado a uma compra efetiva.
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outro individuo e o seu negativismo, e quanto mais próximo esse estiver do consumidor,
mais este irá ajustar a sua intenção de compra.
Baker et al. (2016) vão de encontro aos pensamentos destes autores, e afirmam que a
intenção não leva necessariamente a uma ação devido a possíveis alterações das suas
necessidades, obtenção de novas informações acerca dos produtos ou serviços que
pretendiam adquirir, ou mesmo devido a alterações das suas motivações. Estes afirmam
ainda que, as experiências anteriores, as avaliações pessoais, as atitudes e as
influências recebidas (podendo ser pelo word-of-mouth) são antecedentes desta
intenção de compra, sendo este o grau e os fatores de motivação que os indivíduos
possuem para no futuro adquirirem determinado produto/ serviço ou não.
2.3.8. Fidelização
Segundo Berry (2004), um dos objetivos de qualquer marca, de forma a ter sucesso a
longo prazo é criar uma ligação forte e de proximidade com os seus clientes tendo em
atenção algumas considerações específicas, podendo estas acrescer em benefícios
financeiros, sociais ou estruturais à empresa.
Fielding (2007) afirma que, uma marca credível assinala um certo nível de qualidade e
confiança que possibilitam os consumidores satisfeitos a escolher novamente, e
facilmente, os seus produtos ou serviços, não deixando marcas concorrentes igualar as
impressões duradouras deixadas na mente destes consumidores após anos de compra.
28
Neste sentido, o autor afirma que o branding pode ser um meio poderoso para assegurar
uma vantagem competitiva.
Para Bogmann (2000) a fidelização é o processo pela qual um indivíduo se torna fiel a
algo, e por isso, as marcas devem conseguir fidelizar um consumidor, transformando-o
de um eventual comprador para um comprador frequente, para que este compre cada
vez mais e passe até a divulgar a marca, assim como ser um defensor da mesma e
recomendar a sua compra.
Kotler e Armstrong (1998) afirmam que que o esforço de manter os clientes fidelizados
à marca é um investimento que a mesma deverá fazer para obter o aumento das receitas
e a redução dos gastos, uma vez que, a conquista de novos clientes é 5 a 7 vezes mais
cara do que manter os que já existem.
Chaffey et al. (2009) afirmam que tanto a internet como todos os outros meios digitais
tiveram um papel bastante importante na evolução daquilo que era o marketing
tradicional, facilitando os seus intervenientes, nomeadamente, os consumidores, as
empresas e os colaboradores. Respetivamente, o acesso a alargados produtos,
serviços preços marcas e meios de compra mais rápidos, imediatos, globais e eficazes;
abrindo oportunidades para novos mercados, serviços e produtos, podendo estes ainda
utilizar novas técnicas de comunicação através dos meios online, possibilitando a
competição de mercado com empresas maiores; esta possibilita aquisição de novas
competências e diferentes formas de comunicação e recolha de dados dos
consumidores.
29
Para as marcas e os seus departamentos de Marketing, a internet surgiu como uma
ferramenta inovadora, em que se bem utilizada e explorada, pode trazer inúmeras
vantagens à mesma. Segundo Lindon et al. (2021) existem cinco principais
características desta ferramenta, as quais estão representadas na figura 6.2.
Chaffey et al. (2009), referem que são vários os conceitos que podem ilustrar o uso dos
meios digitais pelos indivíduos e pelas marcas, nomeadamente, “Marketing Digital”, “E-
commerce”, entre outros. O primeiro conceito é descrito como a gestão e a execução
do marketing através da utilização de meios digitais como os websites, emails, SMS,
blogs podcasts, redes sociais e entre muitas outras, que as marcas utilizam para
construir e criar relações com os consumidores, assim como a interagir com eles. Este
afirma ainda, que o marketing digital não é apenas tecnologia, e que esta é uma
ferramenta importante para conseguir obter o feedback sobre a obtenção de novos
clientes e o desenvolvimento das relações, sendo este tipo de marketing mais eficaz
quando integrado com outros meios de comunicação (exemplo: telefone, rádio, entre
outros).
30
Desta forma, e segundo Chatterjee (2001), a internet torna-se um elemento também
fundamental e bastante importante para a análise do comportamento e da intenção de
compra de um consumidor, tendo em conta o efeito das opiniões positivas e negativas,
ou seja, a influência interpessoal, que existe no meio online, podendo ser designado por
eWOM (Word-of-mouth). De acordo com Hennig-Thurau et al. (2004) este conceito está
ligado com qualquer afirmação positiva ou negativa de qualquer individuo sobre um
produto, um serviço, ou uma marca, que está disponível para um grande número de
pessoas e instituições através da internet, assim como a opinião dos familiares e amigos
de determinado indivíduo.
Essas opiniões podem ser dadas, por exemplo, através de websites de opiniões,
comunidades de discussões, publicações ou páginas da marca em redes sociais, que
fazem com que o consumidor deixe de ser apenas um observador de informações e
passe a ser também um intermediário delas e um gerador de conteúdos.
Chatterjee (2001) afirma assim que, os consumidores estão mais propensos a procurar
e aceitar o eWOM negativo numa situação de falta de informação e experiência do
produto ou serviço, bem como numa situação em que o risco é mais elevado, levando-
os à alteração de comportamentos e decisões de compra.
Segundo um estudo realizado por Garbarino e Strahilevitz (2004), foi possível analisar
a confiança e a adoção ao e-commerce entre os diferentes géneros (feminino e
masculino), concluindo-se que, as recomendações dos amigos influenciam as mulheres
a comprar online, tendo assim um eWOM positivo, enquanto nos homens não existe um
efeito significativo. Ainda segundo os mesmos autores, as mulheres acabam por
apresentar uma maior perceção de risco em compras online do que os homens, mas
após a recomendação de outros indivíduos, essa mesma perceção diminui mais nas
mulheres do que nos homens.
Neste sentido, para haver um eWOM e um impacto positivo por parte das marcas, é
importante que estas comuniquem com o seu público-alvo através da sua presença
digital, seja em blogs, redes sociais, sites ou outras plataformas, em que consumidores
antigos, atuais e futuros possam ter acesso à sua informação. As marcas que procuram
esta presença, devem assim, alinha-la com as suas estratégias de marketing e branding,
de modo a entender os hábitos dos consumidores, como estes comunicam entre si, e
os detalhes mais relevantes no seu processo de tomada de decisão, de modo a
definirem a melhor oferta, ou possíveis, ofertas e campanhas para os mesmos (Keller &
Machado, 2005).
31
2.4. As Gerações Baby Boomer, X, Y, Z e Alpha
Classificar os consumidores por geração é uma estratégia que muitas marcas adotam,
uma vez que, desta forma é possível ajustar as suas campanhas e o seu discurso, assim
como, as soluções de produtos e serviços de acordo com as características,
comportamentos e necessidades de cada geração, de forma a terem uma vantagem
competitiva, diferenciando-se no mercado (Kotler & Keller, 2012).
Apesar das datas de início e de fim de nascimento de cada geração serem subjetivas e
generalizadas, causando gaps de informação de diferenças importantes dentro de
determinado grupo, é certo que cada uma das gerações é influenciada pelos tempos e
características do período em que cresce (música, politica, eventos, entre outros),
obtendo assim, consequentemente, experiências, perspetivas e valores semelhantes.
Neste sentido, e segundo os mesmos autores, o departamento de marketing das marcas
deve ter em atenção essas características e experiências para que conseguirem
desenvolver produtos e serviços que satisfaçam de forma única os interesses ou
necessidades de um determinado alvo geracional.
Pesquisas realizadas por Melo et al. (2013), indicaram que as gerações existentes são
separadas, não só pelas suas faixas etárias diferentes, mas também por determinados
comportamentos que são gerados através da evolução dos tempos e da velocidade do
avanço tecnológico que, consecutivamente, leva ao acesso de informação mais rápida
e facilitada.
Desta forma, de acordo com Washburn (2000), e como referido anteriormente, as datas
de nascimento entre as diferentes gerações são bastante subjetivas e variadas entre os
autores. Neste sentido, na tabela 2.2, estão representadas algumas das datas de
nascimento das diferentes gerações, consideradas por diferentes autores.
32
Tabela 2.2 - Gerações e datas relatadas em diferentes fontes
Ano de
Geração Autores
Nascimento
1943 -1960 Howe & Strauss (2000)
Lancaster & Stillman (2010);
Baby Bommer 1946 -1964 DeVaney (2015);
Tapscott (2009);
Knight (2014)
1945 -1964 Washburn (2000)
1961 - 1981 Howe & Strauss (2000)
1965 - 1976 Tapscott (2009)
Geração X
1965 - 1980 Lancaster & Stillman (2010)
1965 - 1985 Solomon (2017)
1981 - 2000 Lancaster & Stillman (2002)
1976 - 2000 Tapscott (2009)
Geração Y ou 1982 - 2000 Howe & Strauss (2000)
"Millennials" 1995 - 2010 Zemke et al. (1999)
1995 - 2009 McCrindle (2014)
2004 - 2025 Howe & Strauss (2000)
Os indivíduos da geração baby boomers nasceram nos meados dos anos quarenta e
sessenta do século XX, mais propriamente, entre 1946 e 1964, aquando o final da IIª
Guerra Mundial (DeVaney, 2015). Após o final desta guerra, assistiu-se a uma enorme
explosão demográfica e económica, tendo desta forma a taxa de natalidade dos países
aumentado bastante, mantendo-se nesse estado durante cerca de 20 anos. Como
resultado dessa mesma explosão de nascimento, nasceu o nome da geração
representada (Barnier, 2021).
Este acontecimento veio trazer uma grande mudança na sociedade, não apenas no
crescimento exponencial industrial e tecnológico, mas também socioculturais,
contribuindo assim para o aparecimento de novos estilos de vida, hábitos de consumo
e de traços de personalidade como, a competição, a idealidade, a lealdade, o
33
materialismo, a autorrealização e a valorização de títulos, concentrando-se assim na
segurança económica e no sucesso da sua carreira (DeVaney, 2015).
Segundo Krishen et al. (2016), com todo este crescimento, principalmente a nível
tecnológico, esta foi a primeira geração a ter contacto direto com as tecnologias de
informação, e até mesmo a sua criação, através da televisão existente na sua infância.
Apesar de estes, atualmente, não estarem muito confortáveis com as novas tecnologias,
os mesmos autores afirmam que se adaptaram às mesmas com bastante sucesso.
Esta é uma geração, que apesar de ser envelhecida em termos de idade, procura
permanecer com um espirito jovem, procurando oportunidades, descobrindo novas
carreiras, novas tecnologias e novas culturas, e ainda, continuando a crescer
profissionalmente, desenvolvendo novos passatempos e viajando o mundo, sendo
visível a sua participação ativa na vida (Coleman et al., 2006). Uma vez que esta
geração não cresceu com a tecnologia que existe nos dias de hoje, esta valoriza mais
o relacionamento, com as pessoas e com as marcas, tendo crescido a criar ligações
constantes e habilidade interpessoais. Neste momento, utilizam a tecnologia, que em
crescimento não tiveram acesso, como ferramenta de produtividade e não apenas de
conectividade, como outras gerações o fazem, provando assim novamente, que estes
se readaptaram às mudanças (Ryback, 2016).
Complementando, Klie (2016), afirma que essas mesmas marcas, tendo em conta a
geração e os receios que estes ainda apresentam em relação ao digital, e tendo estes
crescido com a utilização constante de televisões e rádios, devem, sempre que possível,
implementar estratégias de marketing que interligue os canais tradicionais com os
digitais de forma a atingir eficazmente e eficientemente esta geração. Apesar de esta
geração ter sido exposta de forma tardia às novas tecnologias, está-se a adaptar
rapidamente às mesmas, utilizando-a em grande número e estando cada vez mais
34
dependentes de redes sociais para interagir com outras pessoas, partilhar interesses,
opiniões e experiências (Nadkarni & Hofmann, 2012).
Por fim, segundo Klie (2016), é possível afirmar que a geração baby boomer é bastante
mais específica e prática que todas as outras gerações, isto é, gostam e querem que as
empresas valorizem o seu tempo, e se assim o fizerem estes não se importam de pagar
um preço mais elevado por um melhor atendimento ao cliente, ou outro tipo de serviço.
Quando as marcas deixam de fornecer o nível de serviço de qualidade esperado, estes
preferem acabar com o relacionamento entre os dois, devendo assim a marca valorizá-
los e mostrar o seu valor para os mesmos.
Desta forma, as marcas devem adaptar-se, tando no marketing, como nas vendas e no
atendimento ao cliente, às necessidades e desejos desta geração, de modo a construir
uma lealdade verdadeira (Klie, 2016).
2.4.2. Geração X
Henseler (2012) resume esta geração como revolucionária, uma vez que a sua visão do
mundo se baseia na mudança, na necessidade de combater a corrupção, ditaduras, e
abusos, que procura incessantemente a dignidade humana e a liberdade individual, e
acima de tudo, tem a necessidade de uma boa estabilidade, de amor, tolerância e
direitos humanos para todos. De notar, que esta foi a primeira geração que adquiriu e
usufruiu do verdadeiro “conhecimento” tecnológico, uma vez que cresceu com
computadores, Internet e videojogos, e por isso, consequentemente, procura adquirir
35
constantemente conhecimento através desta fonte de informação (Lancaster & Stillman,
2002).
Swain-Wilson (2018), afirma que esta geração tem mais probabilidade de comprar
produtos online, do que qualquer outra geração, devido ao seu crescimento junto da
tecnologia e à falta de tempo para se dirigirem a uma loja física e, preferem ainda o e-
mail marketing, ao invés de outro tipo de marketing, que lhes ofereça informação útil e
imediata, assim como conteúdos promocionais. A publicidade online, é um tipo de
marketing e abordagem que ignoram e não lhes desperta muito interesse, sendo que
dessa forma, não exercem um efeito muito significativo nas suas decisões de compra
(Mintel, 2016). Para além destas características, também tendem a ser mais leal do que
as outras gerações, uma vez que, se as marcas lhes derem descontos, cupões, ou algo
que lhes chame à atenção e usufruam, tendem a retribuir com lealdade a longo prazo
(Bedgood, 2019).
Contrariamente, Lissitsa e Kol (2016) afirmam que, uma das características desta
geração é a tendência a ignorar a publicidade que lhes é dirigida, e a sua forma de
rejeição a qualquer tipo de segmentação e técnica de marketing realizada, procurando
apenas a sua conveniência, relações com a comunidade e branding, traduzindo-se em
grandes deslealdades às marcas.
De acordo com Susarla et al. (2016), esta geração acaba por tomar decisões de compra
com base em recomendações em blogs, fóruns ou redes sociais, sendo menos
influenciados pelo word-of-mouth, ou seja, recomendações e posts em redes socias ou
e-WOM, exercem um maior impacto nos consumidores, sendo os canais de
comunicação online influenciadores fortes, tendo assim a capacidade de chamar a
atenção desta geração (Berger & Schwartz, 2011).
36
que estes gostam de obter a opinião e a recomendação de outros indivíduos; utilizar
métodos de comunicação como, email e eventos sociais.
Segundo Kowalewicz (2021), para as marcas comunicarem com esta geração, devem
incluir as redes sociais como alvo, pois o Facebook é a rede mais utilizada pela geração
para interagir com amigos, família e até marcas, e por isso, deve ser aproveitada pelas
marcas para comunicar conhecimento ou pequenas nostalgias. Esta é uma geração que
tanto dá valor à compra e ao marketing online como em lojas físicas ou outdoors, o mais
importante é que a marca comunique com a geração de forma autêntica.
37
Tendo em conta que esta geração apresenta um elevado nível de poder de compra, o
seu nível de lealdade à marca é considerado inconstante, mudando momentaneamente
conforme a tendência ou popularidade de uma marca, e concentrando-se mais no estilo
e qualidade em vez do fator preço. Desta forma, torna-se difícil criar uma lealdade e
relação entre o individuo desta geração e a marca (Lissitsa & Kol, 2016).
Valentine e Powers (2013), afirmam que a publicidade tradicional, para esta geração,
não tem o mesmo efeito que para as anteriores, uma vez que estes prestam maior
atenção ou uso do digital, e ao facto do ambiente online ser mais digno de confiança e
segurança de informação, do que por vezes as próprias marcas. Para além disso, estes
prestam também uma maior atenção às campanhas de responsabilidade social das
marcas, participam em ações humanitárias e apresentam vontade crescente de fazer
viagens e assistir a vários eventos e festivais.
Segundo Bolton et al. (2013), os millennials são compradores que prestam bastante
atenção às variáveis ambientais da loja e aos incentivos tecnológicos que as marcas
oferecem no seu processo de decisão de compra. Juntamente com este fator, a geração
Y também adquire uma grande influência das recomendações word-of-mouth no seu
processo de decisão de compra, ou seja, estes valorizam bastante todas as
recomendações de amigos e familiares e, opiniões e insatisfações manifestadas nos
meios online (blogs, fóruns, redes sociais, entre outros). Desta forma, os autores
afirmam que as redes sociais podem provocar uma mudança no comportamento de
compra dos indivíduos, assim como, nas suas preferências, valores, expetativas,
desempenho e satisfação com determinado produto ou serviço.
Ao contrário das outras gerações, que são mais facilmente abordadas pelas marcas por
meios tradicionais de marketing, a geração em estudo dá mais relevância à
comunicação efetuada pelas mesmas nos canais online, assim como à apresentação
objetiva de um produto ou serviço adaptado às suas preferências, atitudes e
comportamentos (Grant & Dabija, 2016).
2.4.4. Geração Z
Como em todas as outras gerações, também nesta se torna difícil uniformizar e detalhar
a data do seu aparecimento, porém, segundo Zemke et al. (1999), esta geração é
considerada como os indivíduos nascidos entre 1995 e 2010, sendo assim integrante
da geração Y.
38
2016), isto porque foi uma geração que nasceu com a tecnologia já bastante
desenvolvida e rapidamente acessível, mostrando um nível de entendimento e conforto
com a mesma desde o primeiro dia (Turner, 2015). Dupont (2015) reforça ainda, que
esta é a primeira geração nascida no mundo digital propriamente dito (tecnologia e
conectividade), uma vez que, desde muito novos estes puderam, instantaneamente, ter
acesso a variados conteúdos, conhecimento, contactos e informações a partir dos seus
dispositivos móveis mesmo estando dentro ou fora de casa.
A geração Z é caracterizada como sendo indivíduos que interagem com crenças ainda
tradicionais, dão importância cada vez mais crescente à responsabilidade social, ao
antiterrorismo e à sustentabilidade, valorizam a família, é autocontrolada, tem facilidade
em realizar múltiplas tarefas no mesmo espaço de tempo, mais responsável, e adaptável
à alta tecnologia e às múltiplas fontes de informação que existem e que lhes chega.
Para os indivíduos desta geração, a aceitação dos seus pares e de quem lhes é mais
próximo é bastante importante e crucial pois, só dessa forma se sentem integrados e
pertencentes a um grupo, sendo que o seu autoconceito é parcialmente determinado
por esse mesmo grupo (Williams & Page, 2011).
Neto e Franco (2010) afirmam ainda que esta geração é rápida e ágil com toda a
tecnologia que utiliza, porém, isso pode-lhes dificultar muito o relacionamento
interpessoal com outros indivíduos, uma vez que a comunicação verbal necessária para
esse efeito é bastante dificultada pela utilização de tanta tecnologia e do seu uso quase
interrupto.
Segundo Bulik (2010), esta geração é a que mais compra produtos online, e é bastante
influenciada pela comunicação online que as marcas fazem, estando mais propensos a
comprar marcas que seguem numa rede social e a saber mais sobre elas caso esta seja
publicitada, ligando-se às mesmas. Como esta é uma geração bastante digital e
tecnológica, utilizando diferentes modos de comunicação, também as marcas devem
39
incluir os variados canais na sua estratégia de marketing, de modo a interessar e atingir
estes indivíduos. Não obstante, é ainda bastante importante essas marcas estarem
atualizadas no mundo da tecnologia de forma a acompanhá-los.
Segundo o mesmo autor, esta é uma geração que está habituada a obter tudo aquilo
que quer, quando quer, isto tudo devido à acessibilidade permanente que os meios
digitais têm. Estes indivíduos são cada vez mais impacientes, e mesmo quando as
marcas tentam comunicar com eles através de vídeos, caso estes não tenham interesse
para eles, avançam-nos rapidamente devido à tecnologia existente. Esta é considerada
uma geração que quando paga por algum produto ou serviço espera a melhor qualidade
possível do mesmo sem qualquer tipo de compromisso com a marca (Bulik, 2010).
Segundo um estudo realizado por Cheung et al. (2017), os indivíduos desta geração
tendem a valorizar mais as marcas que são jovens e divertidas, assim como as que são
amigas do ambiente e socialmente responsáveis. Estes são ainda atraídos por marcas
que sentem que os compreendem e por aquelas que estão ligadas a celebridades,
atletas ou influenciadores de redes sociais.
40
Em estudos recentes, é possível afirmar que apenas aos dois anos de idade, os
indivíduos pertencentes à presente geração, já estão em contacto com dispositivos
móveis e a navegar pelos meios digitais ou aplicações móveis. De notar que os seus
antecessores demoravam anos a conseguir tal feito (Turk, 2017).
Desta forma, as principais características desta geração são a grande interação com a
tecnologia, o exibicionismo, a procura incessante de novas experiências, cada vez mais
imersivas e interativas, a adaptabilidade, a independência, a geração de conteúdos, e o
materialismo eletrónico, uma vez que estes têm mais acesso aos mesmos.
Segundo Turk (2017), estes jovens, para além de terem um maior acesso à tecnologia
e aos meios de comunicação que todas as outras gerações, têm também,
consequentemente, mais ferramentas de informação à sua disposição, tais como,
motores de busca, recomendações automatizadas, entre outras, que lhes permite
pesquisar, entender e escolher as suas próprias opções antes de tomarem qualquer
decisão.
41
Na tabela 3.2, é possível verificar um resumo das características gerais de cada uma
das gerações apresentadas, segundo a literatura referenciada ao longo do trabalho.
Meios de
Interação
Preferência de
Idealmente cara a cara, ou
Comunicação uso de telefone ou email Online ou mensagem de
quando necessário Mensagem ou email texto Facetime Meios Digitais
Tipo de Marketing Em massa Direto Online Digital (Redes Sociais) Tempo Real
Otimistas,
Rígidos, Individualistas, Impacientes, Responsáveis, Multi
Competitivos, Independentes, Criativos, Tarefas, Adaptáveis, Avançados, Rápidos,
Principais Otimistas, Autoconfiantes, Disponíveis, Realistas, Exibicionistas, multi-
características Ambiciosos, Leais, Pragmáticos, Orientados para o Globalmente tasking,
Resistentes à Revolucionários, trabalho em grupo, conectados, Tecnológicos, Globais
mudança Ambiciosos Confiantes, Tecnológico
Competitivos
Desta forma, é possível afirmar que cada geração é altamente influenciada pelo espaço
de tempo em que cresce, seja através de eventos políticos, músicas ou acontecimentos
que marcam esse período, sendo todos esses fatores partilhados entre os membros de
cada uma dessas gerações, adquirindo perspetivas e valores semelhantes. Concluindo,
é importante que as marcas usem esses mesmos acontecimentos, e até mesmo que
acompanhem a evolução das gerações e dos tempos, de modo a desenvolver produtos
e serviços que satisfaçam de forma única os interesses e as necessidades dos
indivíduos de determinada geração, assim como as suas campanhas de marketing
(Kotler & Keller, 2012).
42
3. METODOLOGIA
Desta forma, e para obter uma análise mais aprofundada do tema em estudo, foi obtida
informação secundária oriunda, respetivamente, de livros, teses e artigos científicos já
efetuados por outros autores, ou seja, informação, dados ou estudos existentes e que
se encontram escritos, publicados e até analisados pelos demais (Kotler & Keller, 2012),
e informação primária, através da elaboração de um inquérito por questionário,
constante no Apêndice A, formulando assim uma metodologia quantitativa.
No que concerne aos tipos de pesquisa, quanto à natureza, esta é uma pesquisa básica
uma vez que gera conhecimento, sendo que relativamente aos objetivos, esta
caracteriza-se como uma pesquisa exploratória com design quantitativo.
Segundo Marconi e Lakatos (2010), o inquérito por questionário tem como principais
vantagens englobar um grande número de pessoas, poucos gastos com pessoal, a
certificação de que existe anonimato das respostas, permitindo que os mesmos sejam
respondidos no momento mais conveniente e ainda, distancia o pesquisador do inquirido
de forma a não haver influência.
43
a desenvolver, desta forma deve ajudar o pesquisador a obter todas as informações
necessárias para abordar o tema, assim como a orientá-lo para prosseguir o projeto.
Segundo Marconi e Lakatos (2010) as hipóteses de estudo são proposições que visam
verificar e responder de forma válida ao problema imposto num determinado estudo.
Desta forma, uma hipótese é caracterizada como uma suposição que deve ser testada
para determinar a sua validade, propondo assim explicações para certos factos e em
simultâneo orientar a pesquisa de outras informações. De notar que muitas vezes as
hipóteses formuladas são a resposta ao problema de investigação, sugerindo estas uma
relação entre as diferentes variáveis existentes (Malhotra, 2006).
45
H4: A imagem de marca influência significativamente a intenção de compra.
H7: Os fatores com maior influência na intenção de compra são diferentes entre
gerações.
Após tratamento dos dados recolhidos pelo presente inquérito por questionário, e para
a respetiva análise e exploração dos resultados obtidos, foram aplicados e efetuados
métodos estatísticos através do software SPSS (Statistical Package for the Social
Sciences). Primeiramente, recorreu-se à estatística descritiva de forma a conhecer
frequências, médias e desvios padrão de algumas variáveis, medindo-se ainda a sua
confiabilidade e normalidade.
46
Em seguida realizou-se uma análise fatorial das principais variáveis em estudo, onde foi
possível obter testes como o de Kaiser-Meyer-Olkin (KMO), o teste de Barllet, e ainda a
comunalidade e variância total explicada, através dos loadings cumulativos.
Por último, e de forma a ser verificada a relação entre as diferentes variáveis foi
necessário aplicar uma regressão linear, de modo a validar ou refutar as hipóteses
anteriormente apresentadas, sendo que, na última hipótese foram ainda efetuados
testes de Levene, ANOVA e Kruskal-Wallis.
Esse mesmo inquérito por questionário foi realizado através da plataforma do Google
Forms, e administrado desde o dia 21 de dezembro de 2021 até ao dia 1 de fevereiro
de 2022, via online. O mesmo foi distribuído através de alguns meios digitais, tais como
Facebook, Whatsapp e Messenger. Com a recolha dos dados, foi constituída uma
amostra não probabilística por conveniência, bola de neve e acidental, dado que este
foi partilhado com amigos, colegas e familiares, que por sua vez, repassaram o presente
questionário a pessoas suas conhecidas e ainda voluntários que, de livre arbítrio,
quiseram responder ao questionário (Mattar, 2012), tendo sido obtida uma amostra de
122 indivíduos (respostas válidas), com comportamentos e características distintas
entre si, nomeadamente, perceções, ideais, faixas etárias, zonas de residência e
rendimentos distintos.
O presente questionário tem como inicio uma nota introdutória, de forma a explicar o
objetivo e o tema em estudo, dividindo-se posteriormente em 3 secções, num total de
15 questões, de forma a ser possível estudar todas as variáveis pretendidas, sendo que,
47
em cada uma das questões era colocada uma breve introdução do tema à qual os
inquiridos iriam responder, de forma a criar uma unanimidade de conceitos e a minimizar
a divergência entre perceções de determinado tema. Desta forma, foi possível elucidar
e uniformizar um pouco mais os conceitos entre os diferentes indivíduos da amostra.
Neste sentido, e tendo em conta que o presente estudo não se baseava em nenhum
tipo de marca em concreto, numa primeira questão foi pedido aos inquiridos que
pensassem numa marca top of mind, ou seja, na primeira marca que lhes viesse em
mente, de forma a poder continuar a responder às questões seguintes utilizando essa
mesma marca, formulando assim uma resposta aberta. Esta pergunta teve como
finalidade objetivar as questões seguintes pois, caso contrário, o estudo não seria linear,
e as seguintes questões, subjetivamente, iriam variar de marca para marca no
pensamento do inquirido.
De seguida, foram realizadas várias afirmações para cada uma das variáveis em estudo,
medindo o grau de concordância dos indivíduos com as mesmas, tendo em conta a
marca inicialmente escolhida. Por último, foram realizadas novamente questões de
resposta fechada, de modo a ser possível obter uma caracterização sociodemográfica
da população em estudo.
Por fim, depois de recolhida a amostra, os dados obtidos foram extraídos e ajustados
no programa Excel, e posteriormente tratados através do software SPSS (Statistical
Package for the Social Sciences), utilizando a análise descritiva e inferencial, assim
como outros testes importantes para o presente estudo, que mais à frente será explicado
com maior detalhe.
De notar que, o presente inquérito por questionário garantiu o total anonimato dos
inquiridos, e que em primeira instância, aquando a construção do mesmo, foram tidas
em conta escalas validadas por outros autores, assim como um estudo pré-teste,
através da administração do inquérito a um pequeno grupo de indivíduos, de modo a
identificar situações menos bem conseguidas e com o objetivo de melhorar e perceber
a qualidade do mesmo.
48
Como anteriormente transmitido, o presente inquérito por questionário teve como base
escalas de perguntas validadas, ou seja, todas as questões foram colocadas tendo em
conta estudos anteriormente realizados, com a devida adaptação ao tema em
investigação. Desta forma, foi possível recorrer a questões já realizadas sobre a
intenção de compra, a perceção de risco, a responsabilidade social, a ligação com a
marca, a fidelização, a imagem de marca e a sua presença online.
De forma a avaliar a responsabilidade social das marcas, segundo item do inquérito por
questionário, recorreu-se à escala desenvolvida por Latif et al. (2018) onde reúne as
várias dimensões que esta variável pode ter, tendo sido apresentada novamente numa
escala de Likert de 5 pontos, em que o 1 corresponde a “Discordo Totalmente” e o item
5 a “Concordo totalmente.
No que diz respeito à variável imagem de marca, foi utilizada uma adaptação à escala
desenvolvida por Sen et al. (2006) onde ficou composta por 5 itens de forma a analisar
a variável em estudo. Uma vez mais, recorreu-se à escala de Likert de 5 pontos (1-
Discordo Totalmente; 5- Concordo Totalmente).
Para ser possível avaliar a perceção de risco das diferentes gerações, o presente estudo
foi baseado na escala proposta por Laroche et al. (2005) onde foram aplicadas as
devidas adaptações ao tema em estudo, e com uma escala de Likert de 5 pontos (1-
Discordo Totalmente; 5- Concordo Totalmente).
Por último, para a dimensão da presença online teve-se como base o estudo realizado
por Lecinski (2011), onde com as devidas adaptações foram estabelecidos 6 itens
medidos numa escala de Likert de 5 pontos, em que o item 1 corresponde a “Discordo
Totalmente” e o item 5 a “Concordo totalmente.
49
De notar que, quando se utiliza uma determinada escala para medir um determinado
conceito teórico, é importante que para esta seja testada a sua validade e confiabilidade.
Deste modo, é possível afirmar que a validade de uma escala mede a utilidade dela
mesma para o desenvolvimento de um estudo (Silva & Ribeiro-Filho, 2006).
50
4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS
Dado o tema de estudo do presente trabalho, o inquérito por questionário era aplicável
a indivíduos de diversas faixas etárias, tentando perceber as diferenças existentes entre
cada uma das gerações. Desta forma, foi pedido aos inquiridos que colocassem o seu
ano de nascimento, uma vez que ao longo do trabalho, o estudo das gerações é feito
através do mesmo.
51
De forma a existir unanimidade e coesão nos dados recolhidos e análises a serem
efetuadas, e tendo em conta a referência bibliográfica, foi considerada a seguinte
organização de gerações, conforme tabela 4.4:
Neste sentido, foi possível constatar que existiram respostas de indivíduos nascidos
desde 1956 até ao ano de 2001, ou seja, respetivamente, desde a geração Baby
Boomer até à geração Z, que por sua vez, no presente ano de 2022, apresentam
respetivamente, 66 anos e 21 anos. A geração que apresentou mais respostas foi a
geração X, com cerca de 42 indivíduos (34%), tido em conta os nascidos entre 1965 e
1980, em seguida as gerações Z (cerca de 38 indivíduos) (31%), Y com cerca de 36
respostas (30%) e geração Baby Bommer com apenas 6 respostas (5%). Nenhum
indivíduo da geração Alpha respondeu ao presente inquérito, conforme gráfico 2.4.
Geração Z
31% Geração X
34%
Geração Y
30%
1946 - 1964 1965 - 1980 1981 - 1994 1995 - 2009 Apartir 2010
52
Para além da questão do ano de nascimento, como referido anteriormente, também foi
possível encontrar a questão “Em que geração pensa que se enquadra?” de modo a
perceber de que forma os indivíduos tinham conhecimento a que geração pertenciam
tendo em conta a sua data de nascimento.
53
No que diz respeito ao nível de escolaridade da amostra obtida, é possível verificar que
65.6% dos inquiridos (80 indivíduos) frequentam ou obtiveram o ensino superior, 24.6%,
cerca de 30 indivíduos obtiveram o ensino secundário, 6.6% da amostra obtiveram
formação profissional (8 indivíduos), e apenas 4 indivíduos, ou seja, 3.3% têm apenas
o ensino básico, conforme gráfico 3.4.
Gráfico 3.4 - Nível de Escolaridade
0,0% 3,3%
Inferior a escolaridade
obrigatória
Ensino Básico
24,6%
Ensino Secundário
Ensino superior
Após ser efetuada uma análise descritiva entre o ano de nascimento e o nível de
escolaridade foi possível obter a informação descrita na tabela 6.4.
Geração Inferior a
Ensino Ensino Formação Ensino
Vs. escolaridade
Básico Secundário Profissional superior
Escolaridade obrigatória
Tendo em conta a tabela supra citada, e a data das gerações definidas para a análise
do presente estudo, é possível verificar que a geração Z, nos dias de hoje, é a que
apresenta maior número de indivíduos a frequentar o ensino superior, sendo assim a
mais qualificada das gerações em estudo, uma vez que apenas apresenta 8 inquiridos
com o ensino secundário e 6 com formação profissional, igualando a geração X neste
ponto.
Estudante
Desempregado
Trabalhador- Outros
Estudante Trabalhador por
8,2% conta de outrem
59,0%
Com os dados obtidos sobre a ocupação profissional dos inquiridos e o seu cruzamento
com os tipos de gerações estudadas, é possível verificar os dados da tabela 7.4.
55
Tabela 7.4 - Relação Geração Vs. Ocupação Profissional
Geração
Trabalhador Trabalhador
Vs. Trabalhador -
por conta por conta de Estudante Desempregado Outro
Ocupação Estudante
própria outrem
Profissional
Geração Baby 1 3 0 1 0 1
Geração X 8 32 0 0 2 0
Geração Y 5 24 2 3 1 1
Geração Z 0 13 8 16 1 0
Geração Alpha 0 0 0 0 0 0
Como é possível verificar pelos dados obtidos, apenas as gerações mais velhas (Baby
Bommers, Geração X e Geração Y), é que apresentam estabilidade para trabalharem
por conta própria, podendo este fator dever-se ao facto de ao longo do tempo juntarem
dinheiro e conhecimento para o fazer, ou por outro lado, estarem a cuidar desde cedo
de negócios de família. Não obstante ao exposto, a geração X também é das que mais
apresenta indivíduos a trabalhar por conta de outrem, seguindo-se da geração Y e Z.
Num outro prisma, a geração Z é a que, neste momento, frequenta o ensino, e por sua
vez, toma também a liberdade de escolher entrar no mercado de trabalho ao mesmo
tempo que estuda. Para além desta geração, também existe indivíduos da geração Y e
baby bommer a frequentar apenas o ensino, ou a trabalhar e estudar em simultâneo, o
que mostra que estas gerações mais velhas, procuram ainda pelo conhecimento, pelo
espírito jovem e pelas oportunidades, indo estes dados ao encontro da afirmação de
Coleman et al. (2006). Apesar desta busca incessante por oportunidades, existem
indivíduos das gerações X, Y e Z que se encontram desempregados.
Existiram ainda indivíduos das gerações baby bommer e geração Y a escolher a opção
“outros”, caracterizando essa seleção como estando reformados ou por serem bolseiros
de doutoramento. Após análise dos dados, foi possível verificar que a resposta
“Reformado” correspondia aos indivíduos da geração baby bommer, enquanto a
resposta de bolseiros de doutoramento correspondia aos indivíduos da geração Y.
56
600 euros, respetivamente. Por último, e numa maior percentagem, 2 dos inquiridos, ou
seja 1.6%, afirma que o seu agregado familiar tem um rendimento médio mensal
superior a 7200 euros, conforme gráfico 5.4.
Gráfico 5.4 - rendimento médio mensal do agregado familiar
Desta forma, é possível concluir que a amostra do estudo obtida ganha em média entre
601 euros e 1 700 euros.
Geração
Inferior a 600 601 euros a 1 1 701 euros a 3 501 euros a Superior a 7
Vs.
euros 700 euros 3 500 euros 7 200 euros 200 euros
Rendimento
Através desta análise, é possível determinar que das 5 gerações estudadas, o agregado
familiar da geração Z é a que recebe dos rendimentos mais baixos, entre 601 euros e
1700 euros, sendo logo de seguida a geração Y, a X e por último a geração baby
boomer.
A geração X, apesar de ser a terceira geração com mais respostas no segundo escalão
de rendimentos apresentado, é a que melhor se posiciona nos escalões de rendimento
57
seguintes, ou seja, com um rendimento médio mensal entre 1701 euros e 3500 euros,
e ainda entre 3501 euros e 7200 euros. Este fator pode-se dever ao facto de esta
geração ser caracterizada como sendo bastante “gastadora” e por isso, tenta procurar
adquirir rendimentos acima da média de forma a manter o seu estilo de vida, ou por
outro lado, e consequentemente, por ter a necessidade de uma boa estabilidade
financeira, uma vez que nasceram numa época de crise económica, constatando assim,
as afirmações anteriormente transcritas pelos autores Chaney et al. (2017) e Henseler
(2012).
No que diz respeito à zona de residência dos inquiridos, foi possível verificar que existiu
uma maior aderência de resposta aos questionários por parte dos indivíduos residente
na zona norte de Portugal, com cerca de 59%, devendo-se esse resultado ao facto da
amostra obtida ser por conveniência. Em seguida obteve-se uma maior percentagem de
inquiridos na região Centro com 19.7%, seguindo-se a região de Trás-os-Montes com
9%, a região de Lisboa com 4.9%, a região do Algarve e do Alentejo com 0.8% e por
último a opção “Outro” com 5.7%, conforme gráfico 6.4.
Região de Lisboa
19%
Região do Alentejo
Região do Algarve
A opção “Outro” teve reposta de inquiridos residentes fora de Portugal, tais como, Brasil,
Espanha, Angola e Suíça.
58
De forma a medir a assimetria das variáveis descritas (Género, Ocupação, Rendimento,
Zona de Residência e Geração a que pertencem) foi feito o teste S.E.Kurt, onde foi
possível constatar, através da tabela 9.4, que a distribuição é simétrica, pois o resultado
do teste S.E.Kurt está compreendido entre [-1,96 a +1,96], ou seja, os dados recolhidos
estão igualmente distribuídos (Feijoo, 2010).
Escolaridade 3,34 0,96 -0,69 0,43 -0,97 0,22 Ensino básico Ensino Superior
Diferenças
Positivo 0,22 0,39 0,25 0,37 0,34 0,33
extremas
59
No presente subcapítulo serão apresentadas as estatísticas descritivas das escalas
utilizadas para avaliar as variáveis em estudo, nomeadamente, a ligação com a marca,
a responsabilidade social, a imagem de marca, a perceção de risco, a intenção de
compra, a fidelização e, por último, a presença online. Porém, tendo em conta que as
respostas às afirmações que caracterizam as presentes variáveis foram dadas através
da escolha de uma marca em específico, a mesma também será analisada em primeira
instância.
4.2.1. A Marca
Como mencionado anteriormente foi pedido aos inquiridos que escrevessem o nome da
primeira marca que lhes viesse no pensamento, independentemente do local ou
situação em que se encontravam, denominada a marca top of mind do consumidor
(Kotler & Keller, 2012). Desta forma, foi possível obter um resultado de 58 marcas
diferentes dos 122 inquiridos, desde marcas relacionadas com tecnologia, a
automóveis, cadeias de supermercado ou fast food, ou mesmo marcas relacionadas
com beleza e desporto.
Da amostra recolhida é possível verificar que a marca mais lembrada pelos inquiridos
foi a Nike com 13.9% de respostas, seguindo-se a Apple com uma percentagem de
5.7%, e de seguida as marcas Samsung e Zara com 6 inquiridos cada, cerca de 4.9%
das repostas obtidas. Seguiram-se ainda a Adidas com uma percentagem de respostas
de 4.1%, a Levi’s, Tiffosi e Nestlé com 3.3% do total de respostas.
60
Tabela 11.4 - Marcas top of mind dos inquiridos
Marca Frequência % Marca Frequência %
Xiaomi 2 1,6% Skip 3 2,5%
Apple 7 5,7% 13i 1 0,8%
Samsung 6 4,9% Fairy 1 0,8%
Continente 2 1,6% Rituals 1 0,8%
Pingo Doce 1 0,8% ASUS 1 0,8%
Mercadona 2 1,6% Montado 1 0,8%
Nike 17 13,9% Revigres 1 0,8%
Puma 2 1,6% Dolce Gusto 1 0,8%
Adidas 5 4,1% Vichy 1 0,8%
Vans 1 0,8% Loreal 1 0,8%
Zara 6 4,9% The Body Shop 2 1,6%
Levi´s 4 3,3% McDonald´s 1 0,8%
Tiffosi 4 3,3% NCR 1 0,8%
Massimo dutti 1 0,8% Danone 1 0,8%
Desigual 2 1,6% Super Bock 1 0,8%
Polo 1 0,8% Monster 1 0,8%
Primark 2 1,6% Barbot 1 0,8%
Mike Davis 1 0,8% Bmw 3 2,5%
Stradivarius 1 0,8% Volvo 1 0,8%
Carolina Herrera 1 0,8% Peugeot 1 0,8%
Salsa 1 0,8% Renault 1 0,8%
Hugo Boss 1 0,8% Alfa Romeo 1 0,8%
Tommy Hilfiger 1 0,8% Toyota 3 2,5%
H&M 1 0,8% Mercedes 1 0,8%
Gucci 1 0,8% Audi 1 0,8%
Coca-Cola 3 2,5% Citroën 1 0,8%
Campilho 1 0,8% LG 1 0,8%
Nestlé 4 3,3% Kenwood 2 1,6%
Makro 1 0,8% Huawei 1 0,8%
Renova 2 1,6% Sony 1 0,8%
Total 122 100%
Conforme os dados da tabela 12.4, é possível verificar que as duas primeiras afirmações
relativas à ligação dos consumidores com a marca, foram as que obtiveram as médias
mais altas (M=3.43, DP=1.21 e M=3.60, DP=1.21, respetivamente) porém, tendo em
conta a marca escolhida pelos inquiridos, a segunda afirmação é a que se encontra mais
bem posicionada.
Esta pontuação elevada transmite a ideia de que muitos indivíduos deste estudo, podem
já ter adquirido diversas vezes a marca escolhida e, por isso, através da passagem de
confiança e atendimento constante às expetativas do consumidor por parte da marca,
estes sentem já uma ligação bastante forte com ela, identificando-se com os valores e
personalidade da mesma.
61
Tabela 12.4 - Ligação com a marca
Por outro lado, a terceira afirmação foi a que correspondeu a uma média mais baixa
(M=2.74, DP=1.26), transmitindo assim que os inquiridos não usam a marca escolhida
para comunicar quem é com as outras pessoas.
A variável da responsabilidade social foi das que obteve melhores médias, sendo este
um fator bastante importante para os consumidores adquirirem determinada marca, uma
vez que é um tema cada vez mais importante para estes.
Conforme tabela 13.4, a quarta afirmação foi a melhor classificada (M=4.55, DP=0.86),
mostrando assim que é bastante importante as marcas oferecerem a mesma qualidade
de serviço e tratamento a todos os seus clientes, de forma a existir igualdade e
equidade, temas estes que estão cada vez mais na ordem do dia.
62
Tabela 13.4 - Responsabilidade Social
Porém, e com um nível de resposta mais baixo, os inquiridos não procuram adquirir uma
marca apenas pela sua responsabilidade social positiva (M=3.27, DP=1.21), levando
esta afirmação a constatar que, apesar dos consumidores estarem cada vez mais
sensibilizados para este tema, e quererem que as suas marcas de consumo sigam o
mesmo pensamento, como estão felizes com a ligação que têm e como as suas
expetativas correspondem ao serviço prestado ou produto fornecido, mesmo que a
marca em muitos dos seus serviços mostre não ter tanta responsabilidade social, estes
vão adquiri-la de igual forma.
63
Tabela 14.4 - Imagem de Marca
A terceira afirmação é a que apresenta a média mais baixa das restantes (M=3.58,
DP=1.18), seguida da primeira (M=3.67, DP=1.12), concluindo-se que estes não são
dos fatores mais importantes para uma boa imagem de marca.
De notar que, a segunda afirmação apresenta uma melhor média do que a terceira, o
que leva a verificar que muitos dos consumidores já não compram determinada marca
para os satisfazer a si mesmos mas, pelo contrário, para terem um símbolo de status ou
para corresponder às ideias da restante sociedade, uma vez que muitos deles apenas
a adquirem devido ao seu posicionamento. Como anteriormente apresentado, esta ideia
vai ao encontro das afirmações de Kotler e Keller (2012) ao constatarem que as marcas
devem estar cientes que estas e/ou os seus produtos e serviços possam ter um
potencial símbolo de status para os consumidores.
64
Relativamente à perceção de risco, é possível verificar que as duas primeiras
afirmações foram as que obtiveram a melhor média das restantes (M=4.28, DP=1.01 e
M=4.25, DP=1.00, respetivamente), conforme tabela 15.4.
Contrariamente, a terceira e a quarta afirmação foram as que tiveram uma média mais
baixa, quase próximas entre si (M=3.20, DP=1.37 e M=3.13, DP=1.43, respetivamente).
Desta forma, no presente estudo, relativamente à perceção de risco, os fatores que mais
preocupam os consumidores, é o risco funcional e financeiro, com mais de metade dos
inquiridos, a responder “Concordo” às duas afirmações correspondentes.
65
4.2.6. Intenção de Compra
No que diz respeito à intenção de compra, segundo a tabela 16.4, a primeira afirmação
foi a que obteve melhor média em relação às outras, estando bastante próxima ao nível
máximo da resposta (M=4.60, DP=0.83), sendo possível verificar que quando um
consumidor está satisfeito com uma compra ou uma marca, este volta a querer adquiri-
la.
4.2.7. Fidelização
No que diz respeito às restantes afirmações, a variância da média não é grande, porém
a quarta afirmação é a que apresenta a média mais baixa (M=2.98, DP=1.30).
Desta forma é possível concluir que os consumidores mesmo gostando muito das
marcas, e estando dispostos a despender de mais algum dinheiro por elas, quando
aparecem melhores ofertas de marcas concorrentes estes também as escolhem e
67
sentem curiosidade em experimentar, mostrando assim pouca lealdade e fidelidade às
mesmas.
De acordo com a tabela 18.4, quando determinada marca está presente online os
inquiridos esperam sempre um atendimento mais rápido e prático (M=3.98, DP=1.10),
esperando ainda ofertas e oportunidades exclusivas (M=3.65, DP=1.22). Desta forma,
se a marca estiver presente no meio digital torna-se bastante mais aliciante e chamativa
(M=3.47, DP=1.29).
Por outro lado, e de acordo com a última afirmação, existem ainda muitos inquiridos que
preferem comprar em loja física em vez de online (M=2.89, DP=1.40), sendo esse meio
apenas usado para a pesquisa dos produtos e verificação de preços, levando a validar
a teoria de Tan (1999), em que afirma que, os consumidores associam um maior risco
percebido a compras que são feitas de forma online, e por isso preferem deslocar-se e
comprar os seus produtos diretamente nas lojas físicas.
68
No que diz respeito a esta variável, os indivíduos do presente estudo apresentaram
opiniões bastante divididas, em todos os itens, à exceção da quinta afirmação, onde a
maior parte dos inquiridos, espera um serviço mais rápido e prático através do online,
pela pesquisa rápida dos produtos/serviços e o fácil acesso às suas características.
É possível ainda verificar que, mais de metade da amostra (M=3.20, DP=1.26) concorda
com a afirmação de que ler opiniões de pessoas na internet afeta a sua intenção de
compra, apesar de não ser o fator mais relevante como anteriormente constatado,
porém é um elemento também fundamental, conforme afirma Chatterjee (2001).
Como referido anteriormente, é importante que após a escolha das escalas a utilizar nos
estudos, seja testada a sua confiabilidade. Segundo Churchill (1979), a confiabilidade
refere-se à variação dos resultados obtidos e quanto dessa variação se deve a erros
aleatórios. Desta forma, um instrumento considera-se confiável quando medidas
independentes e comparáveis do mesmo constructo concordam entre si.
De acordo com Pestana e Gageiro (2014), o valor de Alpha pode variar entre 0 e 1,
estando o nível de consistência medido através da seguinte escala: Alpha Superior a
0.9 – Muito Bom, Alpha entre 0.8 e 0.9 – Bom, Alpha entre 0.7 e 0.8 – Razoável, Alpha
entre 0.6 e 0.7 – Fraco, Alpha inferior a 0.6 – Inadmissível.
Desta forma foram obtidos os Alpha de Cronbach para cada uma das variáveis das
hipóteses anteriormente apresentadas, conforme demonstrado da tabela 19.4.
69
Após o teste efetuado é possível verificar que os valores de confiabilidade dos itens
estão centrados entre 0.70 e 0.88, ou seja, entre o nível de “Razoável” e “Bom”, estando
o Alpha de Cronbach da variável “ligação com a marca” e da “presença online” perto do
nível “Muito Bom”. Ainda assim, através dos dados obtidos os resultados são
satisfatórios e medem de forma adequada as escalas apresentadas.
Kolmogorov-
Smirnov
(sig.)
Ligação com a marca 0.335
Responsabilidade Social 0.004
Imagem de marca 0.068
Perceção de risco 0.064
Intenção de compra 0.114
Fidelização 0.200
Presença Online 0.770
Fonte: Elaboração própria com base no inquérito
Neste sentido, é possível ter em conta duas hipóteses para o teste realizado:
Após análise dos resultados obtidos na tabela 5.4., e para um nível de significância de
5%, conclui-se que as variáveis ligação com a marca, imagem de marca, perceção de
risco, intenção de compra, fidelização, e presença online seguem uma distribuição
normal, com níveis de significância a variar entre os 0.064 e 0.770, aceitando-se a
hipótese nula.
70
4.4. Análise Fatorial
Neste sentido, a análise fatorial determina se a informação pode ou não ser resumida a
um conjunto menor de fatores, tendo em conta um número grande de variáveis. Esta
análise tem ainda como base os fatores que representam os constructos que resumem
o conjunto original de variáveis, mantendo sempre por base as características e a
representatividade das variáveis originais (Matos & Rodrigues, 2019).
Porém, para que esta análise seja possível e fidedigna, é fundamental verificar a sua
validade e testar a qualidade efetuada das correlações das variáveis. Para isso, foram
efetuados os testes de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e o teste de Barlett.
Relativamente ao teste de Barlett, e uma vez que o nível de significância obtido é inferior
a 0.05 (sig = 0.000), é possível rejeitar a hipótese nula que afirma a não existência de
correlação entre as variáveis, ou seja, no presente estudo, essa mesma correlação
prevalece em todas as variáveis.
Com a análise fatorial, é ainda possível verificar a relação entre as variáveis através da
comunalidade, que indica a proporção da variância de cada variável pelos componentes
principais. Estes valores podem variar de 0 a 1, em que no valor “0” os fatores comuns
não explicam a variância da variável, e no valor “1” essa variância é explicada.
Neste sentido, através da análise dos dados do inquérito, foi possível constatar que para
as variáveis ligação com a marca, imagem de marca e presença online as
comunalidades apresentavam valores perto de “1”, sendo assim considerados bons
valores. Relativamente aos itens das variáveis responsabilidade social, perceção de
risco, intenção de compra e fidelização, apesar de existir alguns valores abaixo de 0.5,
os resultados obtidos foram favoráveis.
Na análise dos dados obtidos, é possível verificar valores bons, uma vez que estão
acima de 0.5, sendo as variáveis imagem de marca e intenção de compra que
apresentam os melhores valores. Por outro lado, a variável presença online e a ligação
com a marca são as que apresentam valores mais baixos.
72
Tabela 22.4 - Loadings cumulativos das variáveis em estudo
De notar que, ao ser efetuada a análise fatorial, foi tida em conta a rotação Varimax,
assim como a extração dos fatores pelo método das componentes principais, tendo sido
considerado apenas um componente de extração com valores bastante aceitáveis
(entre 0.473 e 0.894).
Esta relação entre variáveis irá ser feita através da análise da regressão linear, de forma
a resumir a natureza dessa mesma relação.
Segundo Silvestre e Araújo (2012), uma regressão é uma técnica que tem como objetivo
perceber relações entre diversas variáveis de forma a obter um meio capaz de
73
determinar o comportamento de uma variável em função de outras. Desta forma, a
regressão linear simples é classificada como um modelo causal, que apresenta uma
variável dependente relacionada com apenas uma variável independente através de
uma equação linear (Malhotra et al., 2017).
É ainda importante reter que a correlação é um dos principais fatores na utilização deste
método, uma vez que permite identificar se a regressão linear aplicada resume de forma
adequada a relação das diferentes variáveis (Chein, 2019).
Desta forma, é obtido o valor do coeficiente de determinação, representado por R2, que
fornece a informação do nível de explicação das variáveis independentes perante as
variáveis dependentes.
Tabela 23.4 - Regressão Linear Ligação com a marca Vs. Intenção de compra
Coeficiente ANOVA
Modelo Significância R R quadrado
B (Sig.)
Constante 1,00E-13 1,000 26,359
Ligação com a marca 0,424 0,000 0,424 0,180 0,000
Neste sentido, é possível afirmar que a variável “ligação com a marca” explica a
influência de compra, exercendo influência sobre a mesma, validando-se assim a
hipótese H1.
74
Após efetuada a regressão linear da variável responsabilidade social, representadas na
tabela 24.4, é possível obter um coeficiente de correlação forte (R=0.680), e um
R2=0.462, o que leva a constatar que a variável intenção de compra é explicada em
cerca de 46% pela variável independente da responsabilidade Social.
Desta forma, é ainda possível verificar que esta responsabilidade social é uma variável
com impacto positivo em 68%, uma vez que esta explica a compra dos indivíduos da
presente amostra. Este resultado é demonstrado pelo nível de significância inferior a 5%
(p=0.000), em que se rejeita a hipótese nula, que afirma a não significância da variável,
validando-se assim a hipótese H2.
Conforme os dados obtidos, também a variável da perceção de risco tem uma influência
estatisticamente significativa na intenção de compra dos indivíduos da amostra, uma
vez que esta variável explica cerca de 31% (R2=0.314) da variável dependente, tendo
assim um impacto positivo na intenção de compra (56.1%), e um nível de significância
inferior a 5% (p=0.000), validando-se a presente hipótese em estudo.
Conforme demonstrado nos dados da tabela 26.4, a imagem de marca explica a variável
dependente, ou seja, 43% da intenção de compra dos indivíduos da amostra é explicada
pela imagem de marca, o que corresponde a um R2 de 0.432.
75
Tabela 26.4 - Regressão Imagem de marca Vs. Intenção de compra
Coeficiente ANOVA
Modelo Significância R R quadrado
B (Sig.)
Constante 1,002E-13 1,000 91,139
Imagem de marca ,657 0,000 0,657 0,432 0,000
Na tabela 27.4 foi obtida a regressão linear entre as variáveis presença online e intenção
de compra, de forma a obter o seu nível de explicação.
Neste sentido, e tendo sido obtido um R2=0.259 é possível afirmar que a presença online
apenas explica cerca de 26% da variável dependente. Ainda assim, foi obtido um
impacto positivo de 50.9% (Coeficiente B), com um nível de significância inferior a 5%
(sig.=0.000), o que leva a validar a hipótese em estudo, uma vez que esta exerce uma
influência estatisticamente significativa em relação à intenção de compra.
Coeficiente ANOVA
Modelo Significância R R quadrado
B (Sig.)
Constante 1,001E-13 1,000 48,993
Fidelização ,538 0,000 0,538 0,29 0,000
De notar, que em todos os testes de regressão linear das variáveis em estudo, o nível
de significância do teste ANOVA é inferior a 5% (sig=0.000), pelo que é possível rejeitar
a hipótese nula, que afirma que o modelo utilizado é inadequado, concluindo-se assim
que o modelo é adequado para o estudo em questão e para todas as variáveis.
H7: Os fatores com maior influência na intenção de compra são diferentes entre
gerações.
Relativamente à variável da responsabilidade social, e uma vez que esta não segue
uma distribuição normal, efetuou-se o teste de Kruskal-Wallis, conforme tabela 30.4.
A partir dos dados obtidos é possível verificar que x2=6.688 com um nível de
significância estatística de p=0.083. Neste sentido, e para um nível de significância de
5% (p>0.05), em consonância com os estudos anteriores, conclui-se e considera-se
que a variável de responsabilidade social é semelhante para as diferentes gerações.
Porém, caso fosse considerado um nível de significância de 10% (p<0.1), esta hipótese
já não se verificava, uma vez que se rejeitava a hipótese nula que afirma que a variável
é semelhante entre as gerações.
Com os estudos realizados, é então possível constatar que as diferentes gerações têm
semelhanças nas variáveis da ligação com a marca, na imagem de marca, na
responsabilidade social, na intenção de compra, na fidelização, na responsabilidade
78
social e na presença online das marcas, havendo apenas diferenças significativas entre
elas na variável da perceção de risco. Neste sentido, não é possível validar a hipótese
H7 em estudo.
Desta forma, e como demonstra a tabela resumo, é possível validar as hipóteses H1,
H2, H3, H4, H5 e H6, não sendo validada apenas a última hipótese H7.
79
Com isto, e tendo por base o modelo conceptual anteriormente apresentado, assim
como os resultados dos testes estatísticos realizados, na figura 8.4, encontra-se
reproduzido o modelo com os resultados obtidos.
80
5. DISCUSSÃO DE RESULTADOS
Neste sentido, foram tidas em conta cinco gerações diferentes, assim como fatores que
os poderiam influenciar nos seus comportamentos de compra. Nesses fatores estão
incluídos a ligação com a marca, a responsabilidade social, a imagem de marca, a
perceção de risco, a própria intenção de compra, a fidelização e a presença online, de
forma a serem mensurados.
Para esta investigação foi então elaborado um inquérito por questionário, com uma
amostra de conveniência e bola de neve de 122 indivíduos (N=122) de diferentes
gerações (baby boomers, geração Y, geração X, geração Z), não tendo sido obtida
nenhuma resposta de indivíduos da geração Alpha. Desta forma, a faixa etária dos
indivíduos do estudo varia entre os 21 anos e os 65, pertencendo respetivamente, à
geração Z e aos baby boomers, sendo a geração X a reunir uma maior percentagem de
inquiridos (34%), seguidamente da geração Z (31%), Y (30%) e baby boomers (5%). De
notar, que foi possível verificar que mais de 51% da amostra não sabe a que geração
pertence.
Na presente amostra, a grande maioria dos inquiridos foi do género feminino (59.8%),
havendo apenas 40.2% de inquiridos do género masculino. Relativamente ao nível de
escolaridade, existiu um maior número de inquiridos a frequentar, ou já com o título de
ensino superior (66%), seguidamente do ensino secundário (25%), formação
profissional (6%) e ensino básico (3%), onde a geração Z representa a maioria no
primeiro item, sendo considerada a mais instruída, conforme constatado por Prensky
(2001). Com a análise, é ainda possível verificar que a maioria dos inquiridos (59%)
trabalha por conta de outrem, enquanto 11.5% trabalha por conta própria, 16.4% é
apenas estudante, 8.2% é trabalhador-estudante e 3.3% desempregado.
Relativamente à estatística descritiva das diferentes variáveis, foi possível observar que
as escalas da ligação com a marca e da presença online foram as que obtiveram médias
mais baixas e desvios padrões mais altos (Respetivamente, M < 3.60, DP > 1.21 e M <
3.65, DP > 1.10). Na presença online, o item que obteve a média mais baixa, foi a
afirmação “É mais provável efetuar a compra de produtos no seu site do que em loja
física” podendo isto, estar interligado com a grande incerteza que ainda existe
relativamente à compra online, ou ainda, pela necessidade de visualização dos produtos
e melhores experiências em lojas físicas. Em contrapartida, a escala da
responsabilidade social foi das que obteve médias mais elevadas e desvios padrões
menores (M > 3.27 e DP < 1.21), mostrando que o presente tema é cada vez mais
importante para os indivíduos, conforme constata Lewis (2003).
Após esta análise descritiva, foi necessário proceder a uma análise fatorial exploratória,
de modo a perceber qual o nível de explicação entre as variáveis em estudo. Numa
primeira fase, começou por se efetuar o teste de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin) e o teste de
Barlett para testar a qualidade das correlações entre as variáveis, tendo sido os
resultados obtidos bastante satisfatórios, uma vez que, respetivamente, se encontravam
todos próximos do valor “1” e a significância inferior ao valor de “0.05”. A presença online
foi a que obteve o valor mais alto no teste de KMO (0.858), seguindo-se a imagem de
marca (KMO=0.824), a ligação com a marca (KMO=0.788), a responsabilidade social
(KMO=0.767), a perceção de risco (KMO=0.731), a intenção de compra (KMO=0.729)
e, por último, a fidelização (KMO=0.704), significando que o teste da análise fatorial é
adequado ao estudo, e que existe uma forte correlação entre as diferentes variáveis.
Após a análise da comunalidade de cada variável verificou-se, que os valores obtidos
foram bons em todas elas.
82
explicativa (73.029%) e a variável perceção de risco, a menos explicativa (49.490%),
mas ainda assim com bons resultados.
No que diz respeito à perceção de risco, este é um fator que está sempre presente na
mente do consumidor, uma vez que, uma determinada compra pode trazer
consequências inesperadas e incertas, podendo por isso modificar, adiar ou rejeitar a
intenção de compra de determinado produto ou serviço (Solomon, 2017).
Por último, e tendo em conta que um dos objetivos em estudo é perceber a influência
que as variáveis escolhidas têm entre as diferentes gerações, realizou-se o teste
ANOVA e de Kruskal-Wallis, de forma a percebê-las. Neste sentido, e como
anteriormente transmitidos, todas estas variáveis têm comportamentos semelhantes
entre as diferentes gerações, à exceção da variável “perceção de risco”, que apresenta
maior influência nas gerações X e Y, podendo ser explicada pelas próprias
características dos indivíduos e, os tempos e acontecimentos da sua época de
nascimento.
83
6. CONCLUSÕES
Com o presente estudo, foi também possível responder ao problema principal, ou seja,
quais os fatores que mais influenciam a decisão de compra dos indivíduos das diferentes
gerações. Desta forma, relativamente à variável da intenção de compra, constatou-se
que o fator que mais explica e influência essa decisão é a responsabilidade social,
seguidamente da imagem de marca, da perceção de risco, da fidelização, da presença
online e, por último, a ligação com a marca, mesmo que ainda com menor influência e
intensidade.
84
forma a perceber e atender às necessidades dos consumidores, tendo sempre em conta
o público-alvo e a geração que querem alcançar.
85
7. LIMITAÇÕES E RECOMENDAÇÕES
Neste sentido, e por este se tratar de um estudo que abrange várias gerações e
variáveis, uma das recomendações passaria por obter uma amostra estratificada
probabilística, separando a população em grupos (gerações) sendo, desta forma, uma
amostra mais representativa. Outro ponto, passaria por aplicar o presente inquérito por
questionário através de outros meios que não apenas o digital ou, utilizar outros meios
de recolha de dados, tais como, entrevistas ou focus group.
Por último, é ainda possível destacar que, por limitação de tempo, não foi possível
aprofundar o estudo apresentado através da elaboração de subhipóteses às respetivas
hipóteses apresentadas para posterior análise de dados e comparação com estudos já
realizados.
86
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