Petição Inicial - Laboral
Petição Inicial - Laboral
Petição Inicial - Laboral
I. OS FACTOS
1.º
2.º
A Requerente desempenhava a função ocupacional de Gestora de
Recursos Humanos, com a categoria de Técnica Sénior Administrativa,
onde auferia o salário base mensal de AOA 440.000,00 (Quatrocentos e
Quarenta Mil Kwanzas) e os subsídios de alimentação e transporte no
valor mensal de AOA 18.000, 00 (Dezoito Mil Kwanzas), por cada
subsídio.
3.º
No exercício das suas funções, a Requerente executava com zelo,
pontualidade e assiduidade as funções a ela adstritas.
4.º
A Requerente, durante o tempo que esteve vinculada a Requerida
nunca foi-lhe instaurado nenhum processo disciplinar, deixando
perfeitamente nítida a responsabilidade e empenho no
desenvolvimento das suas funções.
5.º
Acontece que, num dia normal de trabalho, a Requerente foi intimada
a comparecer na sala da Dra. Cassia Neliko, Responsável pela Área do
Recursos Humanos da UBORAMÓVEIS.
6.º
Posta na sala desta, ouviu o seguinte: “Não estamos satisfeitos com o
seu trabalho, a senhora tem facilitado outros colegas no ponto
biométrico, por outro lado, a Senhora será despedida também, porque
mesmo estando aqui tem procurado outras propostas de emprego na
internet e etc”.
7.º
No dia 11 de Maio de 2021, a Requerida tentou extinguir o contrato de
trabalho por meio de uma proposta de cessação da relação contratual
por mútuo acordo, mas a Requerente recusou-se em assinar porque
não concordava com os termos. (doc. 2)
8.º
Assim, no dia 03 de Junho de 2021, a Requerente foi surpreendida,
pela Direçção da UBORAMÓVEIS, com apresentação da carta de
rescisão pelo o não interesse em manter a relação juridico-laboral,
desde já estava extinguindo de forma unilateral o contrato por tempo
indeterminado. (doc.3)
9.º
Inconformada com a situação a Requerente, no dia 19 de abril de
2021, por meio dos seus mandatarios judiciais, apresentou uma
proposta de acordo para cessação do vínculo laboral e a Requerida
por sua vez respondeu negativamente. (doc. 4)
10.º
Em face deste fatídico e repugnante acontecimento, a Requerente
procurou os serviços de Inspecção Geral de Trabalho – IGT, com o fito
de mediar o conflito ora instalado, porém, sem sucessso.
11.º
Diante deste prisma, aos 13 de Agosto de 2021, pelas 9h, o Inspector
do LGT, lavrou a declaração de impossibilidade de acordo entre as
partes. (doc. 5).
12.º
Importa ainda referir que, a carta de rescisão absteve-se em descrever
detalhadamente os factos que serviram de causa para o Despedimento,
pelo que não resta menor dúvida de que a Requerente recebeu a mais
pesada sanção que é a do despedimento, sem fundamento.
13.º
Tudo quanto acima ficou disposto, trata-se em nosso entender de uma
situação com gravidade elevada, por estarem a ser violados os
legítimos direitos e interesses da Requerente, por isso questiona-se:
II – DO DIREITO
14.º
Os factos acima descritos subsumem, a um conflito individual de
trabalho, previsto nos termos do artigo 272.º da LGT, segundo o qual:
15.º
Acresce, ainda que, a Constituição da Republica de Angola – CRA, no
seu art. 76.º, consagra a garantia da segurança no emprego e a
proibição do despedimento sem justa causa.
16.º
17.º
Logo, o presente despedimento é ilegal, portanto deve ser considerado
inválido e não num mero despedimento irregular.
18.º
19.º
Pois,
20.º
Tais factos que serviram de fundamento para aplicação de tal medida,
não correspondem à orientação da lei, sendo por isso, infundados, pois
em nenhum momento a Requerente incorreu por razões bastante ou
lhe foi movida um processo disciplinar.
21.º
É de realçar, aqui e agora, que a Requerida usou de forma abusiva o
seu poder enquanto empregadora, aplicando o Despedimento de forma
unilateral e sem causa justa, pois entende-se que não existia
fundamentos fácticos e muito menos legais que justificasse o
despedimento.
Portanto,
22.º
Na ausência de fundamento ou de uma infracção perpetrada pelo
trabalhador, não se instaura processo disciplinar e, na falta de
processo disciplinar, não se pode aplicar medidas disciplinar, como é o
caso.
23.º
Na sequência do n.º 4 do artigo 76.º da Constituição da República de
Angola que proíbe o despedimento sem justa causa, o n.º 1 do artigo
198.º da LGT. Consagra o direito e, consequentemente, o princípio da
estabilidade de emprego, proibindo a extinção da relação jurídico-
laboral alicerçado em fundamentos não previstos na lei.
Assim,
24.º
O despedimento iniciado pela Requerida contra a Requerente, à luz
do preceituado no artigo 206.º da LGT, carece de fundamentos sendo,
por isso, ilegal nos termos do artigo 76.º da Constituição da República
de Angola, pelo facto de não ser considerado de justa causa os
fundamentos usados.
III – DO PEDIDO
E.D
O Advogado
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Dambi Trinta
Cédula Profissional nº 10.784/ NIF: 0003979019LA037