Psicopedagogia - Estratégias de Leitura e Escrita
Psicopedagogia - Estratégias de Leitura e Escrita
Psicopedagogia - Estratégias de Leitura e Escrita
Estratégias de Leitura
e de Escrita
Profª. Jussara Saramento
Profª. Patricia Murara Stryhalski
Indaial – 2021
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2021
Elaboração:
Profᵃ. Jussara Saramento
Profᵃ. Patricia Murara Stryhalski
S243p
Saramento, Jussara
ISBN 978-65-5663-484-5
ISBN Digital 978-65-5663-482-1
CDD 370
Impresso por:
Apresentação
Prezado acadêmico! Seja bem-vindo à disciplina de Psicopedagogia:
Estratégias de Leitura e de Escrita. Neste livro didático, você ampliará seus
conhecimentos sobre o trabalho educativo com a leitura e com a escrita.
O ensino e a aprendizagem da técnica da leitura e da escrita são grandes
desafios que se apresentam na rotina dos professores e das professoras,
sobretudo, se o objetivo é o de uma formação humana integral.
Bons estudos!
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para
você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novi-
dades em nosso material.
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagra-
mação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui
para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa
continuar seus estudos com um material de qualidade.
UNI
Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.
REFERÊNCIAS....................................................................................................................................... 65
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA.............................................................................. 67
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 120
REFERÊNCIAS..................................................................................................................................... 168
UNIDADE 1 —
LEITURA E ESCRITA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
1
CHAMADA
2
TÓPICO 1 —
UNIDADE 1
A LEITURA E A ESCRITA
1 INTRODUÇÃO
Ninguém é capaz de viver hoje sem utilizar a linguagem como forma
de comunicação. Isso significa que, para mover-se no mundo e entendê-lo junto
com as outras pessoas que compartilham essa experiência, é necessário buscar
nele mesmo os símbolos que representam o que queremos dizer, discutir, sentir,
desejar, entre outras necessidades humanas.
2LÍNGUA:SISTEMA,INSTRUMENTO,COGNIÇÃOOUINTERAÇÃO
Iniciamos nossos estudos sobre estratégias de leitura e de escrita situando
nossas reflexões em relação ao que tomamos por linguagem. Essa “escolha” fará
toda a diferença no trabalho a ser desenvolvido com o leitor, o autor e o texto. Por
isso, é essencial que se saiba quais perspectivas teóricas podem ser assumidas,
para então dar forma a uma prática pedagógica consciente e em relação direta
com a concepção adotada.
De acordo com as diferentes perspectivas existentes, segundo com
Marcuschi (2008), podemos ver a língua como:
autor, cabendo ao leitor limitar-se a entender “o que o autor quis dizer”; o contexto
e o papel do interlocutor não relevantes nessa concepção. O trabalho com o texto é
focado pelo uso do sistema, ou seja, dedicar-se a compreender os níveis fonológico,
morfológico, sintático e semântico, dessa forma, o sujeito realiza exercícios de
treino e repetição para aprender a teoria gramatical. A prática de leitura serve como
instrumentos de avaliação da oralidade. Nessa concepção,
[...] as pessoas não se expressam por bem porque não pensam. A expressão
se constrói no interior da mente, sendo sua exteriorização apenas uma
tradução. A enunciação é um ato monológico, individual, que não é
afetado pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação
social em que a enunciação acontece (TRAVAGLIA, 1996, p. 21).
4
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
5
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
DICAS
6
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
De acordo com Britto (2012, p. 18), “as palavras não têm propriamente
sentido original e aquilo que significaram em outros tempos pode ser apenas
memória encravada nos sentidos novos”, ou seja, o significado das palavras muda
conforme o tempo e a circunstância que são empregadas. Por isso, é importante
que se tenha uma concepção bem definida do que é leitura. Solé (2009) ressalta
7
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
que leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto, que, de acordo com
Britto (2012), o controle dessa ação intelectual permite uma ação reflexiva sobre o
que se lê, sobre o mundo e sobre si próprio.
Na realidade, toda palavra comporta duas faces. Ela é determinada
tanto pelo fato que precede de alguém, como pelo fato de que se dirige
para alguém. Ela constitui justamente o produto da interação do
locutor e do ouvinte. Toda palavra serve de expressão a um em relação
ao outro. Através da palavra defino-me em relação ao outro, isto é,
em relação à coletividade. A palavra é uma espécie de ponte lançada
entre mim e os outros. Se ela se apoia sobre mim numa extremidade,
na outra apoia-se sobre o meu interlocutor. A palavra é o território
comum do locutor e do interlocutor (BAKHTIN, 1981, p. 113).
DICAS
Sugestão de leitura:
BRITTO, Luiz Percival Leme Britto. Ao revés do avesso: leitura e formação. São Paulo: Pulo
do gato, 2015.
BRITTO, Luiz Percival Leme Britto. Inquietudes e desacordos: leitura além do óbvio.
Campinas-SP: Mercados de letras, 2012.
O livro Infância é composto por vários capítulos que narram, num misto de
imaginação e memórias, a infância do autor, no nordeste alagoano, na passagem
do século XIX para o XX. Graciliano Ramos eternizou pela escrita lembranças da
vida dele e possibilitou que outras pessoas conheçam mais sobre isso. Podemos
perceber que o uso social da escrita, nesse caso, oportunizou ao autor resgatar
fatos e vivências passados e trazê-los para um momento presente, direcionando-
os a um futuro que permitirá que qualquer pessoa tenha acesso ao conhecimento
daquelas experiências.
9
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
FONTE: <http://www.essentialvermeer.com/related_vermeer_paintings/writing.html>.
Acesso em: 18 dez. 2020.
10
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
A escrita possui etapas distintas, mas bem definidas de sua ação, pois
quem escreve precisa planejar sobre o que, para quem e como vai escrever, depois
dessas escolhas é necessária uma revisão daquilo que foi escrito, o que sugere
que escrever não é operar de modo automático. É ação pensada, sendo que o
resultado do produto dessa atividade dependerá de como o autor desempenhou
e respeitou cada uma dessas etapas.
DICAS
12
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
13
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
FONTE: <https://www.jrmcoaching.com.br/blog/5a-lei-da-aprendizagem-conte-historias/>.
Acesso em: 20 dez. 2020.
Texto 1:
O bicho
Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
14
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
FONTE: BANDEIRA, Manuel. Meus poemas preferidos. Rio de Janeiro, Ediouro, 2005.
Texto 2:
FONTE: <https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/06/moradores-cercam-caminhao-de-
-lixo-para-pegar-restos-de-comida-em-pernambuco.shtml>. Acesso em: 10 jan. 2021.
O Texto 1, O bicho, foi escrito por Manuel Bandeira em 1947, faz uma
crítica à realizada brasileira daquela época. Escrito em versos, organizados em
estrofes, o texto é considerado um poema. Embora identifique o “bicho” que se
alimenta dos desperdícios das pessoas, como sendo um ser humano, não revela o
nome dele, mantém-no no anonimato nem dá pistas de onde e quando aconteceu
o ocorrido, se viu realmente essa deplorável cena. O poema é verossímil. Já no
Texto 2, podemos identificar, observando a fonte, que se trata de uma notícia
veiculada num site de notícias. As pessoas são identificadas como moradores
de um bairro da cidade de Olinda, no estado de Pernambuco e o fato ocorrido
é situado num tempo determinado, incluindo a participação de outros agentes
que comprovam o acontecimento, a empresa privada responsável pela coleta dos
resíduos e a radialista/estudante de jornalismo que flagrou a cena.
15
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
4.2 VEROSSIMILHANÇA
A verossimilhança pode ser caracterizada, em uma obra literária, como
uma aproximação da realidade, ou seja, é uma referência direta ou indireta aos
fatos sociais, históricos ou até as pessoas de um determinado lugar ou tempo da
realidade. Observe a figura a seguir:
16
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
4.3 PLURISSIGNIFICAÇÃO
A linguagem literária caracteriza-se pelo uso estético da palavra, isto quer
dizer que, ao escrever, o autor usa de modo seletivo e criativo as palavras com
as quais irá compor seu texto, inclusive criar novos vocábulos e atribuir novos
sentidos as palavras. Observe o poema do escritor gaúcho Mário Quintana:
Poeminho do contra
5 INTERTEXTUALIDADE
A intertextualidade pode ser entendida em relação “[...] aos fatores que
fazem a utilização de um texto dependente do conhecimento de outro(s) texto(s)”
(VAL, 1993, p. 15), portanto, quanto mais contato com essas produções humanas,
mais conhecimento entre os textos teremos. Conforme Bakhtin (1997, p. 41), “a
literatura não é produzida como objeto de estudo estanque, imanente e cristalizado,
mas, sim, como constante diálogo entre textos e culturas, constituindo-se a partir
de permanentes processos de retomadas, empréstimos e trocas”.
17
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Texto 1:
18
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
– Se lembro, se lembro…
– Vovó, sem querer ser chata.
– Ora, diga.
– As orelhas. A orelha da senhora está tão grande. E ainda por cima,
peluda. Credo, vovó!
– Ah, mas a culpada é você. São estes discos malucos que você me deu.
Onde se viu fazer música deste tipo? Um horror! Você me desculpe, porque foi
você que me deu, mas estas guitarras, é guitarra que diz, não é? Pois é; estas
guitarras são muito barulhentas. Não há ouvido que aguente, minha filha.
Música é a do meu tempo. Aquilo sim, eu e seu finado avô, dançando valsas….
Ah, esta juventude está perdida mesmo.
– Por falar em juventude o cabelo da senhora está um barato, hein?
Todo desfiado, pra cima, encaracolado. Que qué isso?
– Também tenho que entrar na moda, não é, minha filha? Ou você
queria que eu fosse domingo ao programa do Chacrinha de coque e com
vestido preto com bolinhas brancas?
Chapeuzinho pula para trás:
– E esta boca imensa???!!!
A avó pula da cama e coloca as mãos na cintura, brava:
– Escuta aqui, queridinha: você veio aqui hoje para me criticar é?!
FONTE: <https://armazemdetexto.blogspot.com/2019/04/cronica-chapeuzinho-vermelho-de-
-raiva.html>. Acesso em: 20 dez. 2020.
Texto 2:
Chapeuzinho Amarelo
19
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo.
Era a Chapeuzinho Amarelo…
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO.
Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe,
do outro lado da montanha,
num buraco da Alemanha,
cheio de teia de aranha,
numa terra tão estranha,
que vai ver que o tal do LOBO
nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho tinha cada vez mais medo do medo do medo do
medo de um dia encontrar um LOBO.
Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo,
de tanto pensar no LOBO,
de tanto sonhar com LOBO,
de tanto esperar o LOBO,
um dia topou com ele
que era assim:
carão de LOBO,
olhão de LOBO,
jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós,
um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz…
E um chapéu de sobremesa.
Mas o engraçado é que,
assim que encontrou o LOBO,
a Chapeuzinho Amarelo
foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO.
Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo.
Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado de ver aquela menina olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo,
porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo.
É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado.
Ele gritou: sou um LOBO!
Mas a Chapeuzinho, nada.
E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!!
20
TÓPICO 1 — A LEITURA E A ESCRITA
FONTE: BUARQUE, Chico. Chapeuzinho Amarelo. São Paulo: José Olympio, 2015.
DICAS
Dizem que todos os dias você deve comer uma maçã por causa do ferro. E uma
banana pelo potássio. E também uma laranja pela vitamina C. Uma xícara de chá verde
sem açúcar para prevenir a diabetes.
21
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Todos os dias deve-se tomar ao menos dois litros de água. E uriná-los, o que
consome o dobro do tempo.
Todos os dias deve-se tomar um Yakult pelos lactobacilos (que ninguém sabe
bem o que é, mas que aos bilhões, ajudam a digestão).
Cada dia uma Aspirina, previne infarto.
Uma taça de vinho tinto também. Uma de vinho branco estabiliza o sistema
nervoso. Um copo de cerveja, para… não lembro bem para o que, mas faz bem.
O benefício adicional é que se você tomar tudo isso ao mesmo tempo e tiver um
derrame, nem vai perceber.
Todos os dias deve-se comer fibra. Muita, muitíssima fibra. Fibra suficiente para
fazer um pulôver.
Você deve fazer entre quatro e seis refeições leves diariamente.
E nunca se esqueça de mastigar pelo menos cem vezes cada garfada. Só para
comer, serão cerca de cinco horas do dia… E não esqueça de escovar os dentes depois de
comer. Ou seja, você tem que escovar os dentes depois da maçã, da banana, da laranja,
das seis refeições e enquanto tiver dentes, passar fio dental, massagear a gengiva, escovar
a língua e bochechar com Plax.
Melhor, inclusive, ampliar o banheiro e aproveitar para colocar um equipamento
de som, porque entre a água, a fibra e os dentes, você vai passar ali várias horas por dia.
Há que se dormir oito horas por noite e trabalhar outras oito por dia, mais as cinco
comendo são vinte e uma. Sobram três, desde que você não pegue trânsito.
As estatísticas comprovam que assistimos três horas de TV por dia. Menos você,
porque todos os dias você vai caminhar ao menos meia hora (por experiência própria,
após quinze minutos dê meia volta e comece a voltar, ou a meia hora vira uma).
E você deve cuidar das amizades, porque são como uma planta: devem ser regadas
diariamente, o que me faz pensar em quem vai cuidar delas quando eu estiver viajando.
Deve-se estar bem informado também, lendo dois ou três jornais por dia para
comparar as informações.
Ah! E o sexo! Todos os dias, tomando o cuidado de não se cair na rotina. Há que
ser criativo, inovador para renovar a sedução. Isso leva tempo – e nem estou falando de
sexo tântrico.
Também precisa sobrar tempo para varrer, passar, lavar roupa, pratos e espero
que você não tenha um bichinho de estimação.
Na minha conta são 29 horas por dia. A única solução que me ocorre é fazer
várias dessas coisas ao mesmo tempo!
Por exemplo, tomar banho frio com a boca aberta, assim você toma água e
escova os dentes.
Chame os amigos junto com os seus pais.
Beba o vinho, coma a maçã e a banana junto com a sua mulher… na sua cama.
Ainda bem que somos crescidinhos, senão ainda teria um Danoninho e se
sobrarem 5 minutos, uma colherada de leite de magnésio.
Agora tenho que ir.
É o meio do dia, e depois da cerveja, do vinho e da maçã, tenho que ir ao banheiro.
E já que vou, levo um jornal… Tchau!
Viva a vida com bom humor!!!
Luis Fernando Veríssimo
FONTE: <https://www.asomadetodosafetos.com/2016/08/exigencias-da-vida-moderna-luis-
fernando-verissimo.html>. Acesso em: 22 dez. 2020.
22
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
• A língua pode ser vista como: (i) um sistema fechado e acabado de regras;
ou (ii) um instrumento transmissor de informações; ou (iii) uma atividade
cognitiva; ou (iv) uma interação humana.
23
AUTOATIVIDADE
2 O compositor deu a essa música que fala sobre o tempo o título Como uma
onda. Qual seria a relação entre o tempo e as ondas do mar?
BORGATTO, A. M. T. et al. Tudo é linguagem. 8º ano/7ª série. São Paulo: Ática, 2006, p. 8-9.
24
I- Emissor: Revista Veja.
II- Receptor: os leitores da publicação.
III- Canal: língua portuguesa.
IV- Código: mídia impressa.
V- Contexto ou referente: principal - bullying nas escolas.
VI- Mensagem: Abaixo a tirania dos valentões (principal).
Está(ão) INCORRETOS:
a) ( ) I, III
b) ( ) III, IV
c) ( ) IV, VI
d) ( ) V e VI
FONTE: <http://professorjeanrodrigues.blogspot.com/2018/07/atividade-sobre-elementos-da-
-comunicacao.html>. Acesso em: 10 jan. 2021.
25
FONTE: <https://www.hortifruti.com.br/comunicacao/campanhas/hollywood/>.
Acesso em: 13 jan. 2021.
26
TÓPICO 2 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Uma proposta de trabalho educativo com os diferentes gêneros textuais
ou discursivos deve estar ligado às demandas tão variadas de leitura comuns
na atualidade, por isso, é preciso que conceitos como letramento e alfabetização,
gêneros discursivos e tipologia textual estejam bem definidos no trabalho educativo.
2 LETRAMENTO
O conceito de letramento foi utilizado pela primeira vez, no Brasil, por
Mary Kato, em 1986, período no qual muitas publicações eram realizadas sobre as
habilidades de leitura e de escrita, uma vez que o país estava numa transformação
político-social que exigiu a revisão de algumas práticas no âmbito escolar. O termo
é uma tradução da palavra em inglês literacy, que, originalmente, significa condição
daquele que aprende a ler e escrever, na atualidade, em muitos tradutores on-line,
o termo é traduzido como alfabetização.
27
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Sob um ponto de vista mais amplo, alguém pode ser analfabeto, mas não
iletrado, ou seja, embora não domine o sistema alfabético, insere-se tranquilamente
na sociedade produzindo e interpretando textos, integra-se a uma cultura letrada.
Sabe produzir textos adequados para cada situação comunicativa da qual faz
parte, na qual interage. No mundo em que nos inserimos hoje, saber ler e escrever
é mais do que codificar ou decodificar signos linguísticos, é ler o mundo, é usar a
leitura e a escrita em sua função social.
Isso também sugere que há quem seja alfabetizado, mas não letrado, posto
que não consegue produzir, ler e interpretar textos nos diferenciados contextos
em que surgem em momentos diferenciados no convívio com outras pessoas, não
se inserindo, portanto, em uma cultura letrada. Ou seja, há quem saiba decifrar a
língua oral e escrita, mas não consegue entender seu significado dentro do contexto
comunicativo, não analisa, não interpreta, não consegue fazer inferências.
28
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
29
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
ASPECTOS
Domínios sociais de TIPOLÓGICOS Exemplos de gêneros orais
comunicação Capacidades de comunicação e escritos
linguagem dominantes
Conto maravilhoso
NARRAR
Fábula
Cultura literária Mimesis da ação através
Lenda
ficcional da criação Narrativa de
Narrativa de aventura
aventura de intriga
Narrativa de ficção científica
30
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
Narrativa de enigma
Novela fantástica
Conto parodiado...
Texto de opinião
Diálogo argumentativo
ARGUMENTAR Carta do leitor
Discussão de
Sustentação, refutação e Carta de reclamação
problemas sociais
negociação de tomadas Deliberação informal
controversos
de posição Debate regrado
Discurso de defesa (adv.)
Discurso de acusação (adv.)
Seminário
Conferència
Artigo ou verbete de
enciclopédia
EXPOR
Transmissão e Entrevista de especialista
Apresentação textual de
construção de Tomada de notas
diferentes formas dos
saberes Resumo de textos
saberes
"expositivos" ou explicativos
Relatório científico
Relato de experiência
científica
Instruções de montagem
Receita
DESCREVER AÇÕES
Instruções e Regulamento
Regulação mútua de
prescrições Regras de jogo
comportamentos
Instruções de uso
Instruções
FONTE: Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p. 121)
31
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
DICAS
Sugestão de leitura:
Para que você, acadêmico, memorize melhor quais são os cinco tipos
textuais, optamos por apresentá-los em forma escrita, em que a primeira letra de
cada linha forma outra palavra na vertical, também conhecido como acróstico:
Narração
Argumentação/dissertação
Descrição
Exposição
Injunção
32
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
33
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
DICAS
Quer saber mais sobre o assunto? Cerutti-Rizzatti, Daga e Catoia Dias divulgaram
seus estudos sobre o assunto em um artigo na Revista Calidoscópio, da Universidade do Vale
do Rio dos Sinos, UNISINOS. O título é Intersubjetividade e intrassubjetividade no ato de ler: a
formação de leitores na Educação Básica. Link: https://bit.ly/3uQe0zc.
35
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
FIGURA 13 – CHARGE
FONTE: <https://www.tudosaladeaula.com/2020/08/atividade-de-lingua-portuguesa-genero.html/>.
Acesso em: 10 jan. 2021.
Nesse sentido, cabe à escola, por meio do trabalho educativo, levar propostas
que contemplam as mais variadas demandas de leituras que circulam na atualidade e
para além dela, trazendo também a presença dos clássicos.
36
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
FONTE: A autora
38
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
5 INFERÊNCIA
Como já vimos, os textos apresentam informações que não aparecem na
superfície dele (ANTUNES, 2009), em muitos casos, no contato com a materialidade
linguística tiramos conclusões das proposições contidas nela, essa conclusão é
chamada de inferência, é ir além do texto daquilo que o texto apresenta, ou seja,
buscar as informações que dão sentido ao que se está lendo. “O termo inferência
é comumente reservado para informações implícitas que são identificadas com o
apoio de nosso conhecimento de mundo, informações que se relacionam, portanto,
com o ‘saber partilhado’ pelos interlocutores” (ANTUNES, 2009, p. 120). Quando
o leitor infere, ele faz atribuição de sentidos, conforme o objeto é compreendido
em um constante jogo de interação nas práticas de leitura. Para compreendermos
melhor sobre o que é inferir, leia a letra da música Rita, de Chico Buarque.
A Rita
A Rita levou meu sorriso
No sorriso dela
Meu assunto
Levou junto com ela
E o que me é de direito
Arrancou-me do peito
E tem mais
Levou seu retrato, seu trapo, seu prato
Que papel!
Uma imagem de São Francisco
E um bom disco de Noel
A Rita matou nosso amor
De vingança
Nem herança deixou
Não levou um tostão
Porque não tinha não
Mas causou perdas e danos
Levou os meus planos
Meus pobres enganos
Os meus vinte anos
O meu coração
E além de tudo
Me deixou mudo
Um violão
39
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Agora que você já leu, reflita sobre essas duas questões: (i) quem é Rita?;
(ii) como a pessoa que narra a situação está se sentindo? Essas respostas não estão
explícitas na letra da música, você precisa inferir essas informações com base
naquilo que a letra “apresenta” para você quando você lê os versos.
NTE
INTERESSA
A experiência mostra que não basta oferecer mais livros aos alunos, afirma Denise Guilherme,
formadora do programa Ler e Escrever, da Secretaria de Estado de Educação de São Paulo.
Neste artigo, ela lembra que é preciso escolher bons livros literários, garantir a diversidade de
gêneros e levar em conta as preferências das crianças e dos adolescentes.
Nos últimos anos parece haver consenso entre os professores do Ensino Fundamental
sobre a necessidade de trabalhar com textos literários nas aulas de Língua Portuguesa. Talvez
por isso, muitos educadores tenham dedicado parte significativa do tempo didático às
atividades de leitura em voz alta, empréstimo de livros na biblioteca, contações de histórias,
rodas de leitura entre outras estratégias para garantir que todos os alunos tenham contato
com a literatura e, consequentemente, possam desenvolver o hábito de ler. Entretanto,
embora tenhamos notado um maior interesse por parte dos alunos em relação aos livros e
um aumento na quantidade de obras que circulam na escola e nas famílias, essas mudanças
ainda não correspondem a uma significativa melhoria na compreensão leitora e tampouco a
avanços em relação à qualidade dos textos escritos pelos alunos.
A experiência tem nos mostrado que não basta colocarmos os livros à disposição
de crianças e jovens pra que eles compreendam a importância desse capital cultural e sejam
seduzidos pela leitura. Essas iniciativas, que têm sustentado muitos projetos, não obtêm os
efeitos desejados, pois se preocupam prioritariamente com a ampliação do acesso, mas
não atentam para dois aspectos também importantes quando se deseja formar leitores: a
qualidade dos livros oferecidos e a qualidade das interações que se estabelecem entre a
língua e a linguagem por meio deles nas diferentes situações de leitura.
Para gostar de ler, é preciso ler bem. E para ler bem, é necessário ter diante de
si bons materiais de leitura e situações que favoreçam um trabalho ativo de construção
do sentido do texto. Isso exige oferecer livros variados e de qualidade, selecionados por
educadores que planejem atividades que possibilitem, entre outras coisas: compreender o
que está escrito e também o que não está, identificando elementos explícitos e implícitos;
estabelecer relações entre a obra lida e outras já conhecidas; descobrir os inúmeros
sentidos que podem ser atribuídos a ela; justificar e validar a sua leitura com base em
elementos encontrados no próprio texto e em seu contexto. Ou seja, formar leitores
requer um investimento significativo na construção de uma comunidade que compartilha
seus textos, troca impressões acerca de obras lidas e constrói um percurso leitor próprio,
inicialmente mediado pelo professor e, posteriormente, com autonomia.
Todos os anos cerca de três mil novos títulos voltados para crianças e jovens
são lançados no Brasil. Além disso, as bibliotecas e salas de leitura são abastecidas,
constantemente, por obras enviadas por diferentes iniciativas públicas e privadas. Como
escolher dentro desse universo as melhores obras para trabalhar com os alunos? Que
critérios poderiam ajudar os professores nessa busca?
40
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
É na escola que grande parte dos alunos terá o seu primeiro contato e, em muitos
casos, o único com a literatura. Daí a importância de garantir que essa aproximação seja
feita por meio de livros da mais alta qualidade. Segundo escreve Eliana Passarán, no livro
O papel do editor na promoção da leitura, o primeiro critério que deve guiar a escolha de
um livro é o literário. Para ela, a literatura para crianças e jovens não é um gênero menor.
Por isso, nas obras oferecidas a esse público, é preciso haver um trabalho reflexivo de
construção do texto, da estrutura, da linguagem, revelando uma intenção estética clara.
É comum que professores, especialmente aqueles que trabalham com as séries
iniciais, façam a opção de escolher textos curtos ou adaptações sofríveis de clássicos com
poucas páginas, justificando-se na concepção de que seus alunos não seriam capazes de
compreender obras maiores e mais complexas. Também se apoia nessa visão a prática
comum de substituir, durante a leitura em voz alta, termos considerados difíceis por sinônimos
conhecidos das crianças. Essas duas posturas apresentam equívocos, pois um leitor não
aproveita melhor um livro porque é longo ou curto, mas sim porque "pode acompanhar a
história com facilidade, porque ela responde aos seus gostos, porque é capaz de compreender
seus significados e apropriar-se deles, porque, através da leitura experimenta um prazer
estético, sensorial, intelectual", escreve Passarán. Além disso, o processo de compreensão
leitora dos textos se dá a partir do seu todo e não de suas partes. Por isso, é possível apreender
o sentido de uma história mesmo sem conhecer o significado de algumas de suas palavras.
Quase sempre, o entendimento do que está sendo dito é dado pelo contexto.
Quando questionados sobre o que orienta a escolha das obras que leem para seus
alunos, alguns educadores justificam sua seleção com base em critérios puramente didáticos
ou moralistas, dizendo "essa história é boa porque ensina isso" ou "esse livro é ótimo, pois
com eles as crianças aprendem que devem ou não se comportar de tal maneira". Bons livros
literários não são escritos para ensinar alguma coisa. O leitor pode até aprender algo com
eles, mas essa não deve ser a principal justificativa para a existência de uma obra. Por isso,
professores e mediadores de leitura devem atentar à forma como alguns temas são tratados
nos livros, evitando abordagens moralistas, didáticas, previsíveis, maniqueístas, paternalistas,
simplistas ou estereotipadas que subestimam a inteligência dos leitores e lhes ofereçam uma
visão limitada da experiência humana. É preciso garantir que os alunos tenham acesso a
diferentes conteúdos, abordagens e pontos de vista para que "se reafirmem ou se confrontem
e procurem outros livros em busca de novas premissas e dúvidas, de outros interesses".
Para Pasarán, bons textos apresentam vocabulário rico e fazem uso inteligente
da linguagem. Interpelam, provocam, fazem pensar e não subestimam a capacidade de
compreensão dos leitores. Pelo contrário: desafiam a descobrir o que se revela por trás das
palavras e convidam ao assombro e ao deleite estético pelo modo como exploram temas
diversos, pela forma como dizem o que dizem e pelas experiências que são capazes de
provocar nos leitores. Sendo assim, é preciso também garantir a diversidade de gêneros
(como poemas, contos, novelas, romances e HQs, por exemplo), pois cada uma dessas
formas de expressão da linguagem literária possui seus códigos, suas marcas e conhecê-los
possibilita o acesso à cultura escrita a partir de diferentes portas.
A qualidade das aprendizagens sobre a linguagem que podem ser obtidas a partir
do contato com uma obra é outro aspecto que merece ser considerado no processo de
escolha de textos literários. Na obra Andar entre livros: a leitura literária na escola, Teresa
Colomer diz que um bom livro se abre como um "mapa cheio de pistas para construir seu
leitor, levar-lhe pela mão em direção a terrenos cada vez mais complexos e exigir-lhe que
ponha em jogo maior experiência de vida e de leitura". Daí a necessidade de avaliarmos
as obras a partir da perspectiva do itinerário de aprendizagem cultural que oferecem às
crianças e jovens, considerando as relações que podem ser estabelecidas entre o texto, os
leitores e a mediação educativa.
Por fim, mas não menos importante, ao se discutir critérios para escolha de obras
literárias, é fundamental que se ouça também a voz do leitor, identificando o que agrada
a crianças e jovens, escutando o que falam sobre as obras, atentando para o modo como
41
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Para que um bom texto literário esteja a serviço do ensino da leitura na escola, é
preciso promover o seu encontro com o leitor. E esse encontro, em um primeiro momento,
se estabelece nas relações entre a obra em questão, o leitor e suas experiências leitoras
(sua biografia leitora, os procedimentos e comportamentos leitores que possui e seu
contexto social e cultural, entre outros) em um esforço que demanda tempo, frequência
e situações didáticas criteriosamente planejadas para promover a construção de sentidos
em torno do texto a ser lido.
É preciso, antes de tudo, lembrar que ler exige vontade, tempo, solidão,
concentração e coloca em jogo habilidades específicas. E por isso, se quisermos formar
leitores, faz-se necessário dedicar espaço nas aulas para a prática da leitura individual, em
atividades que deem sentido às leituras escolares, promovendo o estudo e a análise das
obras lidas, ajudando os alunos a estabelecer relações com seu contexto de produção e
com outros livros, desenvolvendo projetos que relacionem o trabalho com leitura a projetos
de escrita em torno do literário etc. Dessa forma, crianças e jovens poderão, a partir dessas
aprendizagens, tornar-se, pouco a pouco, capazes de transferir os conhecimentos adquiridos
a todos os textos que venham a ler posteriormente.
Embora tenhamos clareza da importância da individualidade do ato de ler,
sabemos que a melhor maneira de formar leitores é o trabalho com a leitura compartilhada.
De acordo com Colomer, no livro Andar entre livros: a leitura literária na escola,
"compartilhar obras com outras pessoas é importante porque torna possível beneficiar-
se da competência de outros para construir o sentido e obter o prazer de entender mais
e melhor os livros. Também porque permite experimentar a literatura em sua dimensão
socializadora, fazendo com que a pessoa se sinta parte de uma comunidade de leitores
com referências e cumplicidades múltiplas".
Nas atividades de leitura compartilhada, é preciso que os diferentes leitores explicitem
aos demais os caminhos que seguem para compreender um texto, que comuniquem de que
maneira utilizam uma informação oferecida pela obra e como estabelecem relações entre ela
e seus conhecimentos. Ou seja, não basta dizer o que se entendeu sobre uma determinada
obra. É preciso explicitar como se chegou a esse entendimento. Essa socialização das
diferentes estratégias de compreensão leitora contribui, entre outras coisas, para ampliar
e aprofundar a compreensão e também aumenta o repertório de procedimentos leitores
dos alunos, pois descobrem os muitos caminhos que podem escolher para entender um
42
TÓPICO 2 — LEITURA, ESCRITA E GÊNEROS TEXTUAIS
texto. Além disso, quando apresentam seus argumentos sobre as opiniões emitidas pelos
colegas, justificando-se a partir da própria obra em discussão e de suas outras leituras, os
alunos podem exercitar o pensamento crítico, eliminando as incoerências e contradições
de suas próprias interpretações.
FONTE: <https://novaescola.org.br/conteudo/573/desafios-da-formacao-de-leitores-na-escola>.
Acesso em: 14 dez. 2020.
43
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
44
AUTOATIVIDADE
Circuito Fechado
46
TÓPICO 3 —
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, iremos refletir sobre a definição de estratégias de leitura,
buscando, identificá-las no processo do trabalho com os mais variados gêneros
textuais.
47
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
Solé (2009) afirma que não fazemos previsões somente nos romances
policiais ou textos narrativos ou histórias completas, como muitas vezes é
comum. A previsão ocorre com o leitor diante de qualquer texto, e “para realizá-
la, baseamo-nos na informação proporcionada pelo texto, naquela que podemos
considerar contextual e em nosso conhecimento sobre a leitura, os textos e o
mundo em geral” (SOLÉ, 2009, p. 26).
48
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
2.2 RESUMO
No resumo devem ser apresentados os pontos relevantes do texto, o que
implica numa seleção das informações essenciais. Essa estratégia de leitura é
muito comum no estudo de textos mais elaborados e extensos, favorecendo a
obtenção de um nível melhor de compreensão das informações trazidas. Para
Solé (2009, p. 144), o resumo “ requer uma concretização, uma forma escrita e um
sistema de relações”.
2.2.1 Apagamento
O apagamento consiste em descartar as palavras ou ideias que são
desnecessárias, apagá-las. Observe a seguinte frase:
49
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
2.2.2 Generalização
A generalização consiste em reduzir os elementos pelo critério semântico,
do significado:
2.2.3 Construção
A técnica consiste em substituir várias sequências de fatos ou de proposições,
por uma única sequência, desde que possa ser presumida a partir dela, também
considerando o significado. Vamos a um exemplo para ficar mais fácil:
Naquela tarde, Ana enfestou o tecido, com o molde riscou as peças, depois as
cortou uma a uma. Sentou à velha máquina da avó, e no levantar e descer dos
pés costurou a camisa xadrez para o filho.
3SEQUÊNCIADIDÁTICAEESTRATÉGIASDELEITURAEDEESCRITA
A sequência didática é uma estratégia de ensino associada aos estudos de
aquisição da língua escrita pelo denominado grupo de Genebra (Dolz, Noverraz e
Schneuwly). Ela pode ser definida como um conjunto de atividades sequenciadas
que serve para ensinar um conhecimento, em especial no trabalho com os gêneros
do discurso, ou nas palavras dos autores Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004, p.
96), sequência didática é “um conjunto de atividades escolares organizadas, de
maneira sistemática, em torno de um gênero textual oral ou escrito”.
50
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
Níveis na produção
O que o aluno deve fazer
de texto
52
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
Categoria Descrição
53
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
FONTE: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/EscrevendoFuturo/arquivos/4248/exemplo.jpg>.
Acesso em: 13 jan. 2021.
54
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
LEITURA COMPLEMENTAR
Sonia Madi
“Sabe, prô... eu não consigo aprender bem com a mãe... Ela não é igual
a você, você tem as manias de prô, a minha mãe não tem, ela trabalha
no restaurante; ela só tem a mania de fazer comida”.
Hoje, alguns pontos podem ser discutidos, entre eles, o fato de que dificilmente
encontraríamos um professor organizando a classe em fileiras homogêneas, o que
demonstra que os saberes são temporais, tornando compreensível que muitos
mestres em uma determinada época tenham um mesmo valor, agindo todos de
modo semelhante. Mas isso não é determinante, e outro ponto a ser analisado é a
experiência de um professor que viveu como aluno a história da classe organizada
dessa forma, podendo reproduzir os gestos de sua professora, mas ao lembrar-
se do mal-estar que sentiu, busca novas formas de atuar. Mais um ponto a ser
considerado é que no início da carreira os professores têm necessidade de dar
provas de sua capacidade para sobreviver profissionalmente. Então, os truques de
ofício, as rotinas, os modelos de gestão da classe, correm o risco de se transformar
precocemente em certezas.
Por ser a carreira profissional um processo de longa duração, ela passa por
diversas fases e mudanças. Muitas delas vêm da necessidade de os professores se
identificarem com seus grupos de trabalho e com as instituições em que atuam.
Os modos de atuar que constroem ao longo da vida profissional lhes confere um
saber não apenas pessoal, mas também social.
56
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
Neste caso a aluna é Ana Maria Machado, escritora renomada, com cadeira
na Academia Brasileira de Letras e pós-graduada em Paris, com Roland Barthes, na
École Pratique des Hautes Études. Ao lembrar-se de seus maravilhosos professores
da Faculdade de Letras (Universidade de São Paulo), cita Alceu Amoroso Lima,
entusiasmado, vibrante e com eterna juventude incendiava seus alunos com sede
de justiça e amor à palavra, e relembra uma passagem: “Dando uma aula sobre
Euclides da Cunha, seguia a descrição do texto, ia imitando o andar do sertanejo e
se transformava no personagem. [...] Uma vez pediu que levássemos um violão e
deu aula de poesia ao som de música” (MACHADO, 2002, p. 59).
Seu professor, Alceu Amoroso Lima, com certeza já havia lido Os sertões,
conhecia muito o autor, Euclides da Cunha, tinha dele um saber disciplinar:
a corrente política e literária que seguia, os recursos estilísticos e realistas
que usava em suas descrições, ou seja, os saberes que a sociedade e a cultura
construíram sobre esse autor ao longo do tempo. Ele escolhe alguns deles para se
transformarem em objeto de ensino, para que possam fazer parte de seus objetivos
com os alunos e a partir daí compor o saber curricular; é desse último que ele
desenha sua didática, seu saber pedagógico e utiliza recursos para aproximar
seus alunos desse tão importante escritor. Um exemplo disso pode ser visto no
57
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
58
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
• Os saberes e a prática
Será que é simples assim? Será que os professores são sempre objetivos e
operam com a razão e a cognição? Será que se o professor não estivesse tomado
de emoção conseguiria despertar teatralmente uma emoção desorganizadora
em seu aluno? Podemos incluir outros argumentos. É possível que o professor
já tivesse se irritado com o aluno por percebê-lo displicente e desatento em
muitas de suas explanações e se controlou por muitas vezes até que encontrou
oportunamente uma chance para expressar sua insatisfação. Talvez não esperasse
que o clima fosse esquentar tanto, e torcia para que aparecesse entre os colegas
um que pusesse água fria na fervura.
• O prático reflexivo
Assim como o professor de Içami Tiba, nós professores muitas vezes
nos encontramos em contextos desafiadores, que necessitaram encontrar saídas
originais. O professor foi sábio, percebeu suas reações subcorticais, ou seja, que
ele estava ficando fora do controle, e conseguiu, num segundo momento, dominar
suas emoções, se recompor, e voltar a seu objetivo, o de ensinar os alunos.
59
UNIDADE 1 — LEITURA E ESCRITA
60
TÓPICO 3 — ESTRATÉGIAS DE LEITURA E DE ESCRITA
pode conhecer muitos relatos de prática. Neles os professores fazem o que propõe
Tardif: objetivam seu saber fazer e dessa forma conseguem ter algum controle sobre
sua atividade, partilhar com seus companheiros suas práticas e se legitimar como
mestres. Retome alguns desses relatos com o objetivo de identificar os saberes que
estão ali expressos. Reconheça no seu modo de ser professor o percurso em que
esses saberes foram construídos e reverencie seus mestres e seus alunos, pois eles
constituem sua consciência.
Saberes docentes
A prática docente é plural e complexa e se compõe de saberes de
muitas naturezas. Para Tardif os saberes estão divididos em quatro tipos, que
estão relacionados com a atividade docente e apresentamos neste quadro (CF.
CARDOSO et al., 2012).
B- Saberes curriculares
As instituições educacionais buscam fazer a gestão dos conhecimentos
acumulados pela ciência, transformando-os em objetos de ensino e organizando-
os em programas, objetivos, conteúdos, e em dificuldades crescentes ao longo
dos anos escolares. As escolas e seus professores procuram dar sentido a esses
conhecimentos e torná-los acessíveis aos alunos.
C- Saberes disciplinares
Os saberes provenientes desse grupo se referem aos campos do
conhecimento (linguagem, ciências exatas, humanas, biológicas etc.). Dos saberes
produzidos e acumulados pela sociedade ao longo da história serão extraídos
aqueles que devem ser ensinados aos alunos.
D- Saberes experienciais
É no exercício da atividade profissional, nas vivências individuais e
coletivas que o professor desenvolve suas habilidades, competências, o seu saber
de saber fazer. Eles se desenvolvem no cotidiano, em situações concretas que
dependem de sua capacidade de interpretar os eventos, de sua segurança em
decidir e improvisar. Em meio a essas vivências que ocorrem no espaço da escola
e das relações estabelecidas com alunos e colegas de profissão que esses saberes
vão se consolidando e se transformando.
FONTE: <https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/nossas-publicacoes/revista/
artigos/artigo/2802/com-quais-saberes-se-constroi-uma-pratica>. Acesso em: 13 jan. 2021.
61
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
62
AUTOATIVIDADE
O homem trocado
63
Fora preso por engano. Várias vezes. Recebia intimações para
pagar dívidas que não fazia. Até tivera uma breve, louca alegria, quando
ouvira o médico dizer:
– O senhor está desenganado.
Mas também fora um engano do médico. Não era tão grave assim.
Uma simples apendicite.
– Se você diz que a operação foi bem…
A enfermeira parou de sorrir.
– Apendicite? – perguntou, hesitante.
– É. A operação era para tirar o apêndice.
– Não era para trocar de sexo?
FONTE: <https://contobrasileiro.com.br/o-homem-trocado-cronica-de-luis-fernando-
verissimo/>. Acesso em: 20 dez. 2020.
1. Apresentação inicial
2. Produção inicial
3. Módulos
4. Produção final
64
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Língua, texto e ensino: outra escola possível. São Paulo: Parábola,
2009.
CÂNDIDO, A. O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades,
1995.
65
KOCH, I. V; ELIAS, V. M. Ler e compreender os sentidos do texto. São Paulo:
Contexto, 2010.
PLATÃO, F.; FIORIN, J. L. Para entender o texto: leitura e redação. 10. ed. São
Paulo: Ática, 1995.
66
UNIDADE 2 —
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
67
68
TÓPICO 1 —
UNIDADE 2
OS SENTIDOS DO TEXTO
1 INTRODUÇÃO
Uma proposta de trabalho educativo onde se pretende empregar
estratégias de leitura e de escrita, apoiada nos gêneros textuais ou discursivos,
exige que se aprofunde o conhecimento sobre o que é o texto e sobre os aspectos
que envolvem a textualidade. Portanto, neste Tópico 1, esse será o tema abordado.
69
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
FIGURA 1 – CHARGE
70
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
NOTA
• O texto é visto como um sistema de conexões entre vários elementos tais como:
sons, palavras, enunciados, significações, participantes, contextos, ações, etc.;
• O texto é construído numa orientação de multissistemas, ou seja, envolve tanto
aspectos linguísticos como não linguísticos no seu processamento (imagem,
música) e o texto se torna em geral multimodal;
• O texto é um evento interativo e não se dá como um artefato monológico e
solitário, sendo sempre um processo e uma coprodução (coautorias em vários
níveis);
• O texto compõe-se de elementos que são multifuncionais sob vários aspectos,
tais como: um som, uma palavra, uma significação, uma instrução, etc. e deve
ser processado com esta multifuncionalidade.
FONTE: Marcuschi (2008, p. 80)
71
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
2.1 COESÃO
QUADRO 3 – COESÃO
72
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
73
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
A função principal desses operadores é ligar, unir, estabelecer uma relação
entre as orações, períodos ou parágrafos em um texto. Como já lido, esse tipo de
coesão estrutura a sequência do texto. Retomando o excerto anterior da crônica
Caras na minha janela, de Lya Luft, podemos identificar, também, esses operadores.
Observe a seguir, os vocábulos sublinhados.
74
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água,
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras,
calça, meias, sapatos, telefone, agenda, copo com lápis, caneta, blocos de notas,
espátula, pastas, caixa de entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis,
cigarro, fósforo. Bandeja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone,
relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, lápis, cigarro,
fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. [...]
FONTE: <https://revistamacondo.wordpress.com/2012/02/29/conto-circuito-fechado-ricardo-
ramos/>. Acesso em: 20 dez. 2020.
2.2 COERÊNCIA
A coerência refere-se à relação de sentido presente em um texto, isto
é, garante que ele possa ser entendido, pois permite uma continuidade, uma
inteligibilidade. A falta de coerência em um texto compromete a construção de
sentidos. De acordo com Koch e Travaglia (1989, p. 32), “A coerência tem a ver
com a boa formação em termos da interlocução comunicativa, que determina não
só a possibilidade de estabelecer o sentido do texto, mas também, com frequência,
qual sentido se estabelece”.
75
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
Águas de março
[...]
É madeira de vento, tombo da ribanceira
É o mistério profundo, é o queira ou não queira
É o vento ventando, é o fim da ladeira
É a viga, é o vão, festa da cumeeira
É a chuva chovendo, é conversa ribeira
Das águas de março, é o fim da canseira
É o pé, é o chão, é a marcha estradeira
[...]
2.3 INTENCIONALIDADE
De acordo com Marcuschi (2008, p. 126), “O critério de intencionalidade,
centrado basicamente no produtor do texto, considera a intenção do autor como
fator relevante para a textualização. Tanto assim, que se costuma indagar: o que é
que o autor deste texto pretende?”.
76
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
2.4 ACEITABILIDADE
A aceitabilidade se refere à atitude do leitor do texto e possui uma
relação estreita com a intencionalidade, uma vez que, mesmo que o texto não
se apresente, em um primeiro momento, de forma coesa e coerente, o receptor
buscará estabelecer meios para uma possível coerência. No texto A Vaguidão
Específica, de Millôr Fernandes, ocorre um exemplo que pode ser utilizado na
relação leitor e aceitabilidade, uma vez que, à medida que ocorre a interação com
o texto, o leitor busca pela definição do que pode ser o isso que o autor apresenta
já no início do texto.
A Vaguidão Específica
"As mulheres têm uma maneira de falar que eu chamo de vago-específica."
(Richard Gehman)
FONTE: <https://armazemdetexto.blogspot.com/2018/07/texto-vaguidao-especifica-richard.html>.
Acesso em: 25 jan. 2021.
77
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
2.5 SITUACIONALIDADE
Quando o leitor relaciona o texto com a situação em que ele ocorre,
chamamos isso de situacionalidade. Em outras palavras, o leitor relaciona o texto
ao seu contexto de interpretação, o que reforça a “unidade em funcionamento”
(MARCUSCHI, 2008, p. 129), característica própria das produções verbais ou
orais nas mais distintas esferas das atividades humanas. Podemos tomar como
exemplo, uma publicação em forma de texto na rede social Twitter. Isso exige
ações já convencionadas e que vão dar a forma de um tweet, ou seja, um texto a
ser digitado e que deve ter até 140 caracteres, além, é claro, da possibilidade de
postar fotos, links e vídeos.
FONTE: <https://twitter.com/obqdc/status/1029885702572568576?lang=hr>.
Acesso em: 25 jan. 2021.
2.6 INTERTEXTUALIDADE
Estudamos na Unidade 1, no Tópico 1, sobre a intertextualidade, que pode
ser entendida como um recurso que permite estabelecer uma relação de sentido
entre textos, em que elementos de um estão referidos no outro, seja pelo conteúdo
ou forma. Essa referência poder ser explícita ou implícita.
78
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
FIGURA 6 – INTERTEXTUALIDADE
FONTE: <https://beduka.com/blog/materias/portugues/o-que-e-intertextualidade/>.
Acesso em: 21 jan. 2021.
2.7 INFORMATIVIDADE
A informatividade diz respeito ao que o leitor pode entender de um texto,
o que ele quer transmitir e o que é possível extrair desse texto, ou seja, acrescenta
algo novo ao receptor do texto. Na Figura 7, a imagem informa a presença da
tecnologia da rede sem fio que permite a conexão à Internet.
FIGURA 7 – WI-FI
FONTE: <https://www.istockphoto.com/br/vetor/logotipo-wi-fi-gm487562378-73125083>.
Acesso em: 25 jan. 2021.
79
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
80
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
81
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
NOTA
NOTA
82
TÓPICO 1 — OS SENTIDOS DO TEXTO
83
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
Podcasts
Programa de rádio
Boletim do tempo
Aula dialogada
Debate
Exposição
Palestra
Escolar Seminário
Webconferência
Exames orais
Exposições
Comunicações
FONTE: Adaptado de Marcuschi (2008)
DICAS
84
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
85
AUTOATIVIDADE
1 Leia as afirmações a seguir e marque (V) para verdadeiro e (F) para falso:
a) ( ) O texto não se dá como um artefato monológico e solitário, pois é um
evento interativo e sempre um processo e uma coprodução.
b) ( ) O texto é um sistema de conexões entre sons, palavras, enunciados,
significações, participantes, contextos, ações etc.
c) ( ) Ao texto é indiferente aspectos, tais como: um som, uma palavra, uma
significação, uma instrução, entre outros.
d) ( ) O texto envolve tanto aspectos linguísticos como não linguísticos no
seu processamento e o texto se torna em geral multimodal.
NOTA
86
TÓPICO 2 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico refletiremos sobre os conceitos que circundam as estratégias
de leitura e de escrita, como a autoria, o trabalho com o texto literário e o texto
informativo; por isso, os subtópicos deste tópico possuem uma certa independência
entre si e podem ser lidos isoladamente.
87
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
De acordo com Vaz (2018, p. 39), ”para ser autor é preciso que se historicize
o que se escreve, e não ser um sujeito que repete tudo, pois o sentido que não é
historicizado torna-se sem sentido, sem interpretação e falho na compreensão”. É
necessário ter em vista que, para propor atividades de produção de texto, faz-se
necessário também que os alunos tenham acesso aos mais diversos textos escritos ou
orais utilizados nas mais diferentes situações nas quais são produzidos. Afinal, para
escrever existe uma condição prévia que é ter o que dizer, e isso só é possível com
uma ampliação do repertório de conhecimentos culturais, científicos e filosóficos.
88
TÓPICO 2 — ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS ENTRE A LEITURA E A ESCRITA
NOTA
89
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
O vestido de Laura
O vestido de Laura
é de três babados,
todos bordados.
O primeiro, todinho,
todinho de flores
de muitas cores.
No segundo, apenas
borboletas voando,
num fino bando.
90
TÓPICO 2 — ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS ENTRE A LEITURA E A ESCRITA
O terceiro, estrelas,
estrelas de renda
— talvez de lenda...
O vestido de Laura
vamos ver agora,
sem mais demora!
FONTE: MEIRELES, Cecília. Ou isto ou aquilo. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira; FNDE/MEC,
1990.
91
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
92
TÓPICO 2 — ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS ENTRE A LEITURA E A ESCRITA
93
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
Para pensar um pouco mais sobre o que é um texto aberto, que promove
uma interação maior entre leitor e texto, sugere-se a leitura da fábula de Millôr
Fernandes, A causa da chuva.
A causa da chuva
94
TÓPICO 2 — ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS ENTRE A LEITURA E A ESCRITA
– Mas, como assim? tornava a lebre. Parecem cegos? Não veem que a
água cai das folhas das árvores?
MORAL: Todas as opiniões estão erradas.
95
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
96
TÓPICO 2 — ASPECTOS INDISSOCIÁVEIS ENTRE A LEITURA E A ESCRITA
QUADRO 9 – KWHL
W H
K L
(O que eu quero (Como eu vou
(O que eu sei) (O que eu aprendi)
saber) descobrir)
O trabalho com o texto informativo pode ser uma ferramenta bastante útil
para o professor no desenvolvimento das competências de leitura e de escrita.
Neste subtópico foram apresentadas formas de trabalho com o texto que podem
partir do interesse dos alunos e das alunas (formulário de interesse); ações que
podem ser aplicadas antes do contato com o texto (roteiro de antecipação) e
durante a interação com a materialidade linguística (quadro KWHL). Essas são
sugestões que podem ser adaptadas ou ampliadas conforme os objetivos e gêneros
com os quais o professor tem a intenção de desenvolver seu trabalho docente.
DICAS
FONTE: <https://www.amazon.com.br/Aprendendo-com-Inova%C3%
A7%C3%B5es-nas-Escolas/dp/8573077344>. Acesso em: 26 jan. 2021.
97
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
98
AUTOATIVIDADE
O Acordo
(À maneira dos...turcos)
99
- Eu - disse o caçador - procuro uma boa pele com o qual possa abrigar-me
no inverno. E você?
- Eu - disse o urso - procuro algo que jantar, porque há três dias que não
como. E os dois se puseram a pensar. E foi de novo o urso quem falou
primeiro:
- Olha, caçador, vamos entrar na toca e conversar lá dentro que é melhor!
Entraram. E, dentro de meia hora, o urso tinha o seu almoço e,
consequentemente, o caçador tinha o seu capote!!"
MORAL: FALANDO A GENTE SE ENTENDE
FONTE: <http://pausaparaprosa.blogspot.com/2011/03/o-acordo-cultura-turca.html>.
Acesso em: 25 jan. 2021.
FONTE: PENA, Luís Alves Pena. Por que as fibras ópticas revolucionaram a comunicação?
In: Ciência hoje das crianças, Rio de Janeiro, Ano 28, n. 128, set. 2015. p. 12.
100
O que eu sei O que eu quero Como eu vou O que eu aprendi
sobre fibras saber sobre fibras descobrir sobre sobre fibras
ópticas? ópticas? fibras ópticas? ópticas?
101
102
TÓPICO 3 —
UNIDADE 2
1 INTRODUÇÃO
Como já vimos, para trabalharmos com estratégias de leitura e de escrita
precisamos ter definida uma concepção de língua que dê subsídio para o trabalho
educativo e, dessa forma, seja possível um planejamento adequado e alinhado.
Neste subtópico, iremos entender o que são, como funcionam e para que
servem as técnicas de ensino da leitura e da escrita. Talvez muitas delas já sejam
conhecidas, ainda assim, são válidas para um planejamento diferenciado no
trabalho educativo.
103
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
2.1 PARA INÍCIO DE CONVERSA
• Amigo secreto da leitura
Brincadeira tradicinal das festas de fim de ano, o amigo secreto consiste
em trocar presentes entre pessoas de um mesmo círculo de amizade. No amigo
secreto da leitura, a troca não será de presentes, mas de trechos de um texto. É
uma atividade utilizada para aquelas ações de leitura inicial do texto em voz alta.
104
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM PARA A LEITURA E A ESCRITA
FONTE: <https://www.gazetaguacuana.com.br/dia-do-livro-os-jovens-estao-lendo-mais/>.
Acesso em: 30 jan. 2021.
• Quebra-gelo
A técnica quebra-gelo pode ser aplicada para desinibir e incentivar os alunos
e as alunas a participarem da aula, oportunizando uma troca de experiências e
uma aproximação entre os colegas. Para isso, o professor precisa antecipamente
escrever frases incompletas em tirinhas de papel. Essas frases podem ter relação a
um conhecimento a ser trabalhado, podem ser frases para estimluar a criatividade,
frases para que o professor conhecça um pouco mais os alunos, enfim, caberá ao
professor definir conforme os objetivos estabelecidos por ele. No momento da
atividade, cada participante escolhe uma tirinha de papel e completa a frase. Não
existe um certo ou errado ao completar a frases, o importante é participar!!
105
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
• Phillips 6/6
106
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM PARA A LEITURA E A ESCRITA
FIGURA 15 – ACRÓSTICO
FONTE: <https://beduka.com/blog/materias/literatura/o-que-e-um-acrostico/>.
Acesso em: 12 jan. 2021.
Caso o professor opte por trabalhar com a turma com um livro específico,
essa atividade pode ser adaptada a esse propósito.
107
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
• Nuvem de palavras
FONTE: A autora
DICAS
1. Wordclouds
O Wordclouds (wordclouds.com) é um site que permite criar nuvem de palavras utilizando
diversas formas e imagens para enriquecer sua apresentação. É gratuito e deixa o usuário
importar palavras de links da internet, documentos PDF ou do MS Office.
FONTE: <https://www.techtudo.com.br/listas/noticia/2016/05/quatro-sites-para-criar-nuvem-
de-palavras.html>. Acesso em: 30 jan. 2021.
108
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM PARA A LEITURA E A ESCRITA
Helianto – girassol.
Ósculo – beijo.
Mó – pedra para moinha ou para amolar instrumentos cortantes.
Bambaré – confusão de vozes.
Longarina – cada uma das vigas longitudinais em que assenta uma armação ou
estrutura.
Renuir – rejeitar, recusar.
Manopla – luva de ferro que protege a mão.
Diletante – quem se dedica a algo sem ser obrigado a fazê-lo.
Silente – silencioso.
Alvíssaras – expressão usada para exprimir contentamento.
FONTE: <https://dicionario.priberam.org/>. Acesso em: 30 jan. 2021.
109
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
• Seminário
O seminário é uma técnica que contempla a modalidade oral da língua.
Nessa atividade, os apresentadores devem demostrar domínio sobre o assunto
que está apresentando, mas poderão, durante a apresentação, ter em mãos um
roteiro sobre o percurso de sua apresentação.
110
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM PARA A LEITURA E A ESCRITA
FONTE: <https://saomarcos.br/wordpress/escola/2018/09/22/trabalhos-escolares/>.
Acesso em: 30 jan. 2021.
• Podcasts
111
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
NTE
INTERESSA
• Varal literário
112
TÓPICO 3 — TÉCNICAS DE ENSINO E DE APRENDIZAGEM PARA A LEITURA E A ESCRITA
FONTE: <http://www.testonoticias.com.br/clic-tn/um-varal-muitas-hist%C3%B3rias-1.2102080>.
Acesso em: 13 jan. 2021.
DICAS
Sugestão de filme:
Em Escritores da Liberdade, uma jovem e idealista professora
chega a uma escola de um bairro pobre, que está corrompida pela
agressividade e violência. Os alunos se mostram rebeldes e sem
vontade de aprender. Para fazer com que os alunos aprendam
e também falem mais de suas complicadas vidas, a professora
Gruwell (Hilary Swank) lança mão de métodos diferentes de ensino.
Aos poucos, os alunos vão retomando a confiança em si mesmos,
aceitando mais o conhecimento, e reconhecendo valores como a
tolerância e o respeito ao próximo.
113
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
LEITURA COMPLEMENTAR
O professor também deve ler os textos dos primeiros links dos buscadores
e indicar para os seus alunos as fontes seguras e, principalmente, as que contêm
erros ou desatualizações tanto em relação ao conteúdo quanto à ortografia.
Se o professor quiser, também pode especificar uma lista de sites – que não
seja demasiado restrita – para que os alunos se norteiem por ela com a finalidade
de garantir a confiabilidade do conteúdo pesquisado.
FONTE: <https://goeie.life/noticias/ciencia-tecnologia/morre-o-inventor-do-copia-e-cola/>.
Acesso em: 21 jan. 2021.
115
UNIDADE 2 — TEXTO, LEITURA E ESCRITA
Além dessas sugestões, existem diversas outras estratégias para fazer com
que a pesquisa na internet deixe de ser uma atividade mecânica de “copiar e
colar” e passe a ser uma ferramenta eficaz no processo de aprendizagem. Cabe ao
professor adaptar metodologias e ações a sua realidade e aos recursos disponíveis.
FONTE: <https://educador.brasilescola.uol.com.br/orientacoes/pesquisa-na-internet-como-recurso-
didatico.htm>. Acesso em: 30 jan. 2021.
116
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
117
AUTOATIVIDADE
2 Vamos praticar uma das técnicas de ensino que envolvem a leitura e a escrita?
Leia a palavra a seguir:
ESCOLA
a) Escreva o que vem a sua mente quando você pensa nessa palavra.
118
ASPECTOS FAVORÁVEIS ASPECTOS CONTRÁRIOS
119
REFERÊNCIAS
ANTUNES, I. Aula de português: encontro e interação. São Paulo: Parábola, 2003.
MOSS, B.; LOH, V. 35 estratégias para desenvolver a leitura com textos informativos.
Porto Alegre: Penso, 2012.
120
UNIDADE 3 —
O PSICOPEDAGOGO E A
INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE
LEITURA E ESCRITA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade,
você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo
apresentado.
CHAMADA
121
122
TÓPICO 1 —
UNIDADE 3
PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO E
CONTEXTO HISTÓRICO
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Vamos iniciar nossos estudos no Tópico 1 trazendo
brevemente um pouco do contexto histórico da Psicopedagogia. A Psicopedagogia
transita tanto na Pedagogia como na Psicologia, nesse sentido, é extremamente
importante para o psicopedagogo trabalhar as questões de leitura e escrita a
partir desse contexto histórico.
2PSICOPEDAGOGIA:FORMAÇÃOECONTEXTOHISTÓRICO
O termo Psicopedagogia tem origem em dois campos do conhecimento: a
Pedagogia e a Psicologia. A Pedagogia, nos dizeres de Libâneo (1998), tem o intuito de
investigar tanto os processos como as finalidades necessárias às práticas educativas
nos mais variados contextos que elas ocorram. Nesse sentido, a Pedagogia se constitui
em um campo de conhecimento com métodos próprios de investigação podendo ser
considerada uma “Ciência da Educação” (LIBÂNEO, 1998).
DICAS
Caro acadêmico! Se você quiser conhecer mais sobre a Pedagogia como Ciência
da Educação, sugerimos a leitura do livro O que é Pedagogia, de Paulo Ghiraldelli.
123
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
3 TEORIAS DA APRENDIZAGEM
A aprendizagem é um processo contínuo ao longo da vida, desde o
nascimento vivemos constantes momentos de aprendizagem e aperfeiçoamento,
tanto físico como intelectual e emocional. Um dos principais meios de
aprendizagem é a cultura que estamos inseridos, é através dela, do meio em que
vivemos e das relações sociais que o sujeito se desenvolve.
O homem é um ser essencialmente social, impossível, portanto de
ser pensado fora do contexto da sociedade em que nasce e vive. Em
outras palavras, o homem não social, o homem considerado como
molécula isolada do resto de seus semelhantes, o homem visto como
independente das influências dos diversos grupos que frequenta, o
homem visto como imune aos legados da história e da tradição, este
homem simplesmente não existe (LA TAILLE, 1992, p. 11).
124
TÓPICO 1 — PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO
E
IMPORTANT
125
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
De acordo com Bandura, os seres humanos têm uma capacidade imensa
de aprender conceitos, habilidades e comportamentos através da observação de
experiências de outras pessoas, ou seja, não necessariamente através da imitação,
a observação seria suficiente.
126
TÓPICO 1 — PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO
127
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
DICAS
128
TÓPICO 1 — PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO
DICAS
129
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
4 SURGIMENTO DA PSICOPEDAGOGIA
A Psicopedagogia surgiu, como já falamos anteriormente, da junção das
duas áreas, a Pedagogia e a Psicopedagogia, com o intuito de auxiliar os alunos
que tinham dificuldades de aprendizagem. Conforme aponta Acampora (2019,
p. 7), “O Psicopedagogo tem um papel fundamental no processo de avaliação e
intervenção dos indivíduos portadores das desordens de aprendizagem, pois ele
tem o conhecimento tanto da área psicológica quanto da área pedagógica”.
Foi no século XX, por volta de 1946, embora a literatura não chegue a um
consenso do ano exato, que surgiram as primeiras instituições com atendimentos
psicopedagógicos na Europa, essas instituições uniam a Psicologia, Psicanálise
e Pedagogia para realizar tratamentos. Pode-se destacar aqui Janine Mary,
uma estudiosa francesa que teceu considerações sobre o termo Psicopedagogia
adotando esse termo para designar sua ação terapêutica, posteriormente outros
nomes se dedicaram ao tratamento de crianças que tinham dificuldade de
aprendizagem, como Pestalozzi.
DICAS
130
TÓPICO 1 — PSICOPEDAGOGIA: FORMAÇÃO E CONTEXTO HISTÓRICO
DICAS
131
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você aprendeu que:
132
AUTOATIVIDADE
(1) Bandura
(2) Ausubel
133
134
TÓPICO 2 —
UNIDADE 3
LINGUAGEM, ALFABETIZAÇÃO E
LETRAMENTO
1 INTRODUÇÃO
Olá, acadêmico! Após estudar um pouco sobre cada teoria da aprendizagem
e sua influência nos processos de leitura e escrita, vamos conhecer agora, a
linguagem e os processos de alfabetização e letramento que estão diretamente
associados ao processo de aquisição da leitura e da escrita.
2 DESENVOLVIMENTO E LINGUAGEM
É muito importante que os professores e psicopedagogos tenham
conhecimento e clareza das etapas do desenvolvimento infantil e da linguagem
de forma cronológica. Cada criança tem seu tempo de desenvolvimento, seja no
desenvolvimento cognitivo, motor ou da linguagem. Quando se trata da linguagem
é necessário observar com cautela para verificar se a criança não está com seu
desenvolvimento de linguagem alterado. “O estudo do pensamento e da linguagem
é uma das áreas da psicologia em que é particularmente importante se ter uma clara
compreensão das relações interfuncionais” (VYGOTS KY, 2007, p. 1).
135
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
DICAS
Nesse sentido, nem sempre é possível afirmar que uma criança que foi
alfabetizada também tenha sido letrada, ou seja, ler e escrever, que é o processo
de alfabetização, nem sempre vem acompanhado da compreensão dessa leitura e
dessa escrita, que vem a ser o processo de letramento.
Aprender a escrita somente tem sentido se implicar a inclusão das
pessoas no mundo da escrita, ampliando sua inserção política e
participação social. Toma-se por base o modo como os processos
de escolarização e de alfabetização são concebidos por Paulo Freire -
como ato político e prática de liberdade. Nosso país, vale lembrar, tem
apresentado muitas dificuldades para efetivar esses processos de forma
a transformar a condição de cidadania da população brasileira como um
todo (GOULART, 2014, p. 37).
DICAS
137
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
138
TÓPICO 2 — LINGUAGEM, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
DICAS
• Pré-silábica
• Silábica
Nesse nível, a criança começa a fazer relação entre o que é escrito e aquilo
que é falado, tem conhecimento de que cada sílaba faz parte de uma letra.
139
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
• Silábico-alfabética
• Alfabética
140
TÓPICO 2 — LINGUAGEM, ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
DICAS
Olá, acadêmico! Para encerrar este tópico, convidamos você a realizar a leitura
do artigo Psicogênese da Língua Escrita: contribuições, equívocos e consequências para a
alfabetização: https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/40138/1/01d16t03.pdf.
141
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você aprendeu que:
• Nem sempre a criança que foi alfabetizada pode ser considerada letrada.
• Emilia Ferreiro se destacou com seus estudos sob orientação de Jean Piaget.
142
AUTOATIVIDADE
143
144
TÓPICO 3 —
UNIDADE 3
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico! Neste tópico, abordaremos de maneira mais prática
as estratégias que auxiliam tanto professores como alunos nas dificuldades de
aprendizagem. Para isso, iniciaremos falando um pouco sobre os distúrbios que
afetam a aprendizagem, causando desordens na leitura e escrita. Posteriormente,
estudaremos os distúrbios de leitura e escrita com estratégias de intervenção
pedagógica. Bons estudos!
145
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
2.1 DISLEXIA
A dislexia é definida como "um transtorno específico de aprendizagem,
de origem neurobiológica, caracterizada por dificuldade no reconhecimento
preciso e/ou fluente da palavra, na habilidade de decodificação e em soletração”
(SIGNOR, 2015, p. 974). Pode-se dizer ainda, de acordo com a Associação Brasileira
de Dislexia – ABD – que não se sabe bem ao certo o motivo pelo qual o cérebro
tem certa dificuldade no momento de formar palavras, não consegue fazer boa
relação entre sons e palavras formadas.
• Desatenção e dispersão.
• Dificuldade em copiar de livros e da lousa.
• Dificuldade na coordenação motora fina (letras, desenhos, pinturas etc.) e/ou
grossa (ginástica, dança etc.).
• Desorganização geral, constantes atrasos na entrega de trabalho escolares e
perda de seus pertences.
• Confusão para nomear entre esquerda e direita.
• Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas etc.
• Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou longas e vagas.
FONTE: <https://www.dislexclub.com/psicopedagogia-pode-ajudar-pessoas-com-dislexia/>.
Acesso em: 31 mar. 2021.
DICAS
147
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
148
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
149
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
150
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
DICAS
2.2 DISGRAFIA
A disgrafia pode ser definida como a dificuldade que o indivíduo tem
de escrever letras e números, a palavra deriva de dois conceitos: “dis” que
significa desvio e “grafia” que significa escrita. “A disgrafia é uma dificuldade de
aprendizagem relacionada à escrita e faz com que a criança tenha dificuldade em
expressar suas ideias e pensamentos através de habilidades básicas de escrita”
(TELLES; LUCIO; ALCANTARA, 2017, p. 66).
FIGURA 17 – DISGRAFIA
FONTE: <https://psicopedagoga-alphaville.webnode.com/disgrafia-ou-disortografia/>.
Acesso em: 31 mar. 2021.
152
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
DICAS
153
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
Telles, Lucio e Alcantara (2017) sugerem algumas técnicas que podem ser
utilizadas em casos de disgrafia:
154
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
FONTE: <https://pequenada.com/artigos/10-atividades-criativas-para-criancas-fazerem-com-tinta>.
Acesso em: 31 mar. 2021.
155
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
Várias atividades podem ser utilizadas com crianças que têm disgrafia,
no entanto é necessário observar e alterar a intervenção sempre que necessário.
2.3 DISORTOGRAFIA
A disortografia é uma desordem da aprendizagem caracterizada pela
dificuldade que a criança tem de escrever sem erros ortográficos, é uma alteração
que compromete a estrutura, organização e produção de textos escritos. De
acordo com Capellini et al. (2010, p. 148):
A disortografia é parte do quadro da dislexia do desenvolvimento.
As crianças que apresentam dislexia do desenvolvimento possuem o
sistema fonológico deficiente, ocasionando alterações na conversão
letra-som. Assim, a correspondência letra-som não consegue ser
armazenada provocando leitura e escrita lenta, confusão entre palavras
similares tanto na leitura como na escrita e alteração na compreensão da
leitura e escrita ineficiente.
FIGURA 21 – DISORTOGRAFIA
156
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
DICAS
157
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
LEITURA COMPLEMENTAR
Marco Ferreira
Inês Vasconcelos Horta
158
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
Fletcher, Lyon, Fuchs e Barnes (2007) referem que a literatura tem apontado
para a existência de, pelo menos, quatro factores que adiam o desenvolvimento
da leitura, independentemente, do nível socioeconómico e etnia do individuo.
Estes factores envolvem défice na consciência fonémica e no desenvolvimento do
princípio alfabético, défice na aquisição de estratégias de compreensão da leitura
e sua aplicação, défice no desenvolvimento e manutenção da motivação para
aprender a ler e a inadequada preparação dos professores.
159
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
160
TÓPICO 3 — DISTÚRBIOS DE LEITURA E ESCRITA: ESTRATÉGIAS PARA A APRENDIZAGEM
161
UNIDADE 3 — O PSICOPEDAGOGO E A INTERVENÇÃO NOS PROCESSOS DE LEITURA E ESCRITA
165
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você aprendeu que:
CHAMADA
166
AUTOATIVIDADE
167
REFERÊNCIAS
ABD – Associação Brasileira de Dislexia. O que é dislexia? 2016. Disponível em:
https://www.dislexia.org.br/o-que-e-dislexia/. Acesso em: 31 mar. 2021.
168
LIBÂNEO, J. C. Pedagogia e pedagogos, para quê? 8. ed. São Paulo: Cortez, 2005.
200 p. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-
15742007000200014#:~:text=A%20pedagogia%2C%20segundo%20o%20autor,em%20
que%20essas%20pr%C3%A1ticas%20ocorrem. Acesso em: 17 dez. 2020.
SIGNOR, R. Dislexia: uma análise histórica e social. RBLA, Belo Horizonte, v. 15, n.
4, p. 971-999, 2015. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/rbla/v15n4/1984-6398-
rbla-15-04- 00971.pdf. Acesso em: 12 fev. 2021.
169