Transtornos Do Neurodesenvolvimento - Uniasselvi
Transtornos Do Neurodesenvolvimento - Uniasselvi
Transtornos Do Neurodesenvolvimento - Uniasselvi
Neurodesenvolvimento
Indaial – 2018
1a Edição
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Profª. Ariane Regis
Prof. Kligiel Vatutim Betezek da Rosa
303.44
R337t Regis, Ariane
Transtornos do neurodesenvolvimento / Ariane Regis; Kligiel
Vatutim Betezek da Rosa. Indaial: UNIASSELVI, 2018.
193 p. : il.
ISBN 978-85-515-0156-6
1.Desenvolvimento Social.
I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
Impresso por:
APRESENTAÇÃO
Estamos muito felizes em tê-lo como acadêmicos da disciplina Transtornos do
Neurodesenvolvimento! Preparamos para você um livro de estudos de qualidade e com
diversas orientações práticas, pois somente é possível ver resultados na educação a
partir de ações focadas em obter metas.
Por fim, a Unidade 3 tem como objetivos realizar a reflexão sobre os pontos
importantes envolvendo educação e saúde no atual cenário da infância no Brasil, bem
como refletir sobre pontos fundamentais, como a ética no atendimento/acompanhamento
na educação especial e o aspecto de não rotular; e conhecer como desenvolver vínculo
satisfatório (comunicação) entre educadores especiais e profissionais da saúde.
É necessário que você, acadêmico, esteja pronto e aberto à crescente união entre
ciência e educação, disposto a ser um elo desta união, sempre buscando metodologias
que tragam melhores resultados aos seus alunos. Ensinar sobre a verdadeira igualdade
se constrói com a aquisição de conhecimentos que tornem os alunos capazes de pensar,
escolher e lutar por seus anseios de forma autônoma.
QR CODE
Olá, acadêmico! Para melhorar a qualidade dos materiais ofertados a
você – e dinamizar, ainda mais, os seus estudos –, a UNIASSELVI disponibiliza materiais
que possuem o código QR Code, um código que permite que você acesse um conteúdo
interativo relacionado ao tema que você está estudando. Para utilizar essa ferramenta,
acesse as lojas de aplicativos e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar essa
facilidade para aprimorar os seus estudos.
ENADE
Acadêmico, você sabe o que é o ENADE? O Enade é uma
dos meios avaliativos dos cursos superiores no sistema federal de
educação superior. Todos os estudantes estão habilitados a participar
do ENADE (ingressantes e concluintes das áreas e cursos a serem
avaliados). Diante disso, preparamos um conteúdo simples e objetivo
para complementar a sua compreensão acerca do ENADE. Confira,
acessando o QR Code a seguir. Boa leitura!
LEMBRETE
Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma
disciplina e com ela um novo conhecimento.
MAPA CONCEITUAL
Acadêmico, o mapa conceitual é um meio didático que
subsidia na solidificação e memorização de informações sobre um
determinado tema ou teoria. O mapa conceitual traz significados
pessoais, refletindo o entendimento de quem o construiu. As relações
de significância são extremamente pessoais, por este motivo, não existe
um mapa conceitual “correto” ou “incorreto”. Pensando nisso, adaptamos
este livro didático para incluir uma nova proposta a você. Crie o seu mapa
conceitual! Para mais informações, consulte o conteúdo do QR Code a seguir.
SUMÁRIO
UNIDADE 1 - TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO E O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM..................................................................................................................... 1
TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
E O PROCESSO DE
APRENDIZAGEM
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em cinco tópicos. No decorrer dela, você encontrará autoa-
tividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
1
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 1!
Acesse o
QR Code abaixo:
2
UNIDADE 1 TÓPICO 1 -
TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO,
PATOLOGIAS E COGNIÇÃO
1 INTRODUÇÃO
Na primeira unidade do livro de estudos, aprenderemos sobre as patologias do
neurodesenvolvimento. Mas, afinal, o que são patologias? A palavra patologia significa
estudo da doença e é uma expressão de origem grega.
3
2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Conforme o Manual Estatístico de Diagnóstico dos Transtornos Mentais, a
deficiência intelectual é um transtorno que se inicia no desenvolvimento infantil (idades
iniciais) e inclui déficits funcionais (APA, 2014).
E, por fim, é critério também que os déficits cognitivos e os déficits nas funções
adaptativas tenham início no período do desenvolvimento infantil (idades iniciais).
DICAS
Assista ao filme Uma lição de amor. Trata-se da história de um pai
com deficiência intelectual e sobre todos os desafios e conquistas na
educação da sua filha. Ótima dica de estudo complementar!
5
É importante observarmos que algumas características podem ser similares
entre os tipos de deficiência intelectual, contudo difere-se o nível de dependência
existente em cada tipo.
NOTA
Você sabia que dos dias 21 a 28 de agosto muitos municípios e instituições promovem
Semana da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla? Inclusão e quebra de preconceitos
costumam estar em voga nessas ocasiões.
Fonte: https://itajai.sc.gov.br/noticia/27162/itajai-promove-semana-da-pes-
soa-com-deficiencia-intelectual-e-multipla#.YUqH31VKjIU. Acessos em 21
Set. 2021
6
ATENÇÃO
Os termos portador, portadora e portadores não são mais utilizados na atualidade, no contexto
de inclusão. Nesse livro eles foram mantidos apenas nas citações diretas, literais, para preservar os
textos citados tal qual foram escritos pelos seus respectivos autores.
Disponível em . https://www.fucamp.edu.br/editora/index.php/cadernos/article/
view/2245, acesso em 21 Set. 2021.
DICAS
A UNIASSELVI disponibiliza o acesso à Plataforma de Livros On-line na
Biblioteca Virtual Pearson®. É uma ótima oportunidade para você aprofundar
ainda mais suas pesquisas sobre os temas apresentados neste livro!
7
1. Transtorno da linguagem
2. Transtorno da fala
3. Transtorno da comunicação social – pragmática
4. Transtorno da fluência com início na infância (gagueira)
IMPORTANTE
Podemos considerar somente que o aluno apresenta transtorno da
linguagem quando ele não tem outra dificuldade física, por exemplo, a
surdez (APA, 2014). Assim sendo, o transtorno da linguagem acontece
somente por fatores psíquicos e não por alguma limitação física.
FIGURA 3 – O DRAMA VIVIDO PELO ALUNO QUE APRESENTA O COM TRANSTORNO DA LINGUAGEM
8
Agora vamos aprofundar nossos estudos em outro tipo de transtorno de
comunicação, o transtorno da fala.
Personagem
muito conhecida
por falar
"elado"!!!
IMPORTANTE
O transtorno da fala não deve ser atribuído à paralisia cerebral ou
a outras lesões cerebrais, à fenda palatina ou à surdez e demais
necessidades auditivas. As pessoas que apresentam as dificuldades
anteriormente mencionadas podem de fato ter uma fala “errada”, mas
é devido à alteração física gerada por tais patologias e não tem origem
psicológica ou neurobiológica. Neste caso, não podem ser consideradas
transtorno da fala (APA, 2014).
9
1. Déficits no uso da comunicação com fins sociais, como em saudações
e compartilhamento de informações, de forma adequada ao contexto
social. 2. Prejuízo da capacidade de adaptar a comunicação para se
adequar ao contexto ou às necessidades do ouvinte, tal como falar
de forma diferente em uma sala de aula do que em uma pracinha,
falar de forma diferente a uma criança do que a um adulto e evitar o
uso de linguagem excessivamente formal. 3. Dificuldades de seguir
regras para conversar e contar histórias, tais como aguardar a vez,
reconstituir o que foi dito quando não entendido e saber como usar
sinais verbais e não verbais para regular a interação. 4. Dificuldades
para compreender o que não é dito de forma explícita (p. ex., fazer
inferências) e sentidos não literais ou ambíguos da linguagem (p. ex.,
expressões idiomáticas, humor, metáforas, múltiplos significados
que dependem do contexto para interpretação) (APA, 2014, p. 47-48).
10
FIGURA 5 – GAGUINHO: PERSONAGEM DE HISTÓRIA INFANTIL QUE APRESENTA GAGUEIRA
É importante orientarmos nossos alunos sobre não rir, não julgar e não colocar
apelidos pejorativos nas crianças com transtornos de comunicação ou qualquer outra
patologia e/ou transtornos. Devemos sempre lembrá-los de que somos diferentes e que
as diferenças existem para evoluirmos e cooperarmos!
DICAS
Acesse o site da Associação Brasileira de Gagueira <http://www.
abragagueira.org.br>. Você encontrará informações, agenda de eventos
e grupos de apoio sobre o transtorno.
11
• dificuldades na expressão da comunicação não verbal;
• apresenta dificuldade para desenvolver, manter e compreender relacionamentos;
• apresenta movimentos motores repetidos e estereotipados;
• tendência a sempre querer as mesmas coisas ou que sejam do mesmo jeito;
• demonstram apego excessivo a objetos incomuns.
DICAS
Que tal aprender um pouco mais sobre o Transtorno do Espectro
Autista? A dica é que você assista ao filme Rain Main, de 1998, pois ele
nos faz refletir sobre a importância do respeito ao diferente.
Limitação em
Dificuldade na Nível de
iniciar Interação Comportamentos
Comunicação Dificuldade
Social e Emitir Restritivos e
Verbal e Não em lidar com
Resposta ao Repetitivos
Verbal a Mudança
Outro
Alta
Nível 3 Alta Dificuldade Alta Dificuldade Alta Dificuldade
Dificuldade
Média
Nível 2 Alta Dificuldade Média Dificuldade Média Dificuldade
Dificuldade
Leve
Nível 1 Média Dificuldade Leve Dificuldade Leve Dificuldade
Dificuldade
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• Nível 1 – A pessoa com TEA exige pouco apoio, isto é, requer auxílio de outra pessoa
com menos frequência do que nos outros níveis.
• Nível 2 – A pessoa com TEA necessita de considerável ajuda de outra pessoa, isto é,
precisa ser ajudada com certa frequência.
• Nível 3 – A pessoa com TEA necessita de muita e constante ajuda de outra pessoa,
requerendo suporte substancial. Ou seja, é mais dependente de outrem porque tem
dificuldade para fazer várias coisas sozinha.
Silva e Mulick (2009, p. 118) nos mostram como eram os critérios de diagnóstico
do transtorno autista no DSM-IV-TR. Vamos conhecê-los?
TABELA 1 – LISTA DE SINTOMAS DO TRANSTORNO AUTISTA, POR ÁREA, DE ACORDO COM OS CRITÉRIOS
OFERECIDOS PELO DSM-IV-TR (APA, 2003)
13
Comprometimento qualitativo da comunicação:
Ainda sobre os sinais e sintomas do TEA, podemos conferir alguns dos resultados
obtidos pela pesquisa divulgada em 2019, que averiguou o perfil da população infantil
com suspeita de diagnóstico de transtorno do espectro autista atendida por um Centro
Especializado em Reabilitação de uma cidade do Sul do Brasil. Vamos lá?
14
Por outro lado, algumas pessoas com TEA demonstram ainda outros aspectos,
tais como, dificuldade do sono, e dificuldade de controle dos esfíncteres (ROCHA; et al,
2019).
Ao fazer uma busca pela internet sobre as causas do TEA, é bem provável que
se chegue às duas vertentes: biológica/médica e psicogênica de Kanner. Entretanto,
precisamos compreender que ao longo dos estudos sobre o TEA, muitas teorias e
hipóteses sobre causas do TEA foram sendo levantandas. Algumas delas já se mostram
obsoletas nos dias atuais, mas, continuam sendo mencionadas porque fizeram parte da
história da construção de conhecimentos acerca do TEA.
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Agora vamos conferir algumas das hipóteses levantadas pelas vertentes
associadas à psicogênica de Kanner?
Para tanto, vamos conferir uma parte do artigo intitulado “Autismo, Narrativas
Maternas e Ativismo dos Anos 1970 a 2008”.
16
Ao longo da história do autismo, houve uma superexposição dos familiares,
com destaque para as mães. Cada informação, resposta e comportamento era
utilizado como argumento a favor da compreensão de que as relações familiares eram
a causa do fenômeno. Apesar desta ofensiva que articulou o autismo, maternidade e
culpa6, não tardou a resposta. Seja elaborando trabalhos acadêmicos ou contribuindo
por meio do fornecimento de dados para pesquisa - ou mesmo o seu financiamento
- e divulgação das terapias, cuja base era o saber empírico dos próprios familiares,
mães e pais de autistas foram fundamentais para o questionamento das explicações
psicogênicas sobre o autismo (Silverman & Brosco, 2007). O principal exemplo dessa
resposta familiar foi Bernard Rimland - psicólogo, pai de uma criança autista e que,
por meio do livro intitulado Infantile autism: the syndrome and its implication for a
neural theory of behavior (publicado em 1964), afirmou que a base do autismo era
orgânica e não emocional (Lopes, 2019).
A obra contou com o apoio de Leo Kanner e foi fundamental para a criação
da National Society for Autistic Children (NSAC), uma vez que colaborou para unir
pais de crianças diagnosticadas com autismo e, a partir dessa união, formar uma
associação composta por familiares, profissionais, terapeutas e pesquisadores (Eyal
& Hart, 2010). Dessa forma, se no início o conhecimento de mães e pais de autistas
era considerado com desconfiança, com a NSAC abriu-se caminho para a elevação
do status familiar, reconhecendo-os como sujeitos com expertise.
Em termos de advocacy7, e sua expressão por meio de autobiografia,
vale destacarmos o livro de Clara Claiborne, The Siege, que foi publicado em 1967,
mesmo ano do livro de Bruno Bettelheim. Na obra em questão, Claiborne relatava a
experiência de ser mãe de Jéssica - uma menina diagnosticada com autismo -, sendo
este um dos primeiros trabalhos elaborados nos Estados Unidos tendo como base
exclusivamente o olhar materno sobre o fenômeno (Pollak, 2003; Wing, 2010). Por
meio do livro, Claiborne questionou publicamente a associação entre autismo e culpa
materna, e “abriu caminho para uma forte tradição de pais ativistas que começaram
a combater mitos e equívocos. Seu trabalho encorajou outros pais a rejeitarem tais
teorias e a culpa a elas associada”8 (Wing, 2010, tradução nossa).
Mesmo sendo um importante marco histórico, uma vez que representa uma
das primeiras tentativas de mães de autistas se expressarem - criticando as teorias
da “mãe-geladeira” - sem a mediação de profissionais, na época de sua publicação,
pouco destaque foi dado à obra, principalmente quando comparado à recepção do
trabalho de Bruno Bettelheim (Pollack, 2003).
No que diz respeito ao Brasil, vale salientarmos que, apesar de haver algumas
publicações - principalmente na mídia impressa - sobre a temática desde a década
de 1950 (Lopes, 2019), o autismo como objeto de mobilização política surgiu na
década de 1980, datando desse período o surgimento das primeiras associações
de mães e de pais de autistas em defesa da causa (Cavalcante, 2003; Leandro &
Lopes, 2018; Lopes, 2019). Alguns exemplos são: a Associação de Amigos do Autista
(AMA), criada em 8 de agosto de 1983, em São Paulo; a Associação de Pais de
Autistas do Rio de Janeiro (APARJ), oficialmente fundada em 17 de julho de 1985;
e a Associação Terapêutica e Educacional para Crianças Autistas (ASTECA), aberta
17
por familiares de autistas no Distrito Federal, em 1986 (Cavalcante, 2003; Leandro &
Lopes, 2018; Lopes, 2019). Inspiradas em associações semelhantes de outros países,
tais aparelhos tinham como propostas auxiliar os familiares, divulgar, compartilhar e
produzir informações sobre o tema, além de cobrar ações efetivas do Estado.
É nesse momento que mães e pais de autistas - seja individualmente ou
por meio das associações - usaram a mídia, principalmente a impressa, para
publicizar suas experiências e percepções acerca do autismo e cobrar do Estado
políticas públicas voltadas a esse público, sendo os principais elementos de suas
reivindicações: a capacitação dos profissionais, principalmente os médicos, sobre
o assunto - uma vez que eram raríssimos os que conheciam o tema; e a crítica à
ausência de instituições capacitadas no atendimento das demandas desse público
e ao preconceito vivenciado pelos autistas e por seus familiares (Leandro & Lopes,
2018; Lopes, 2019).
Fonte: LOPES, Bruna Alves. Autismo, Narrativas Maternas e Ativismo dos Anos 1970 a 20081. Revista
Brasileira de Educação Especial [online]. 2020, v. 26, n. 3 [Acessado 16 Setembro 2021] , pp. 511-526.
Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1980-54702020v26e0169>. Epub 21 Ago 2020. ISSN 1980-
5470. https://doi.org/10.1590/1980-54702020v26e0169.
18
a esta e que se apresenta como um ponto estrutural no psiquismo do sujeito. O
sintoma é uma patologia de estrutura, afirma-nos Miller (1998), e ele se apresenta
como um efeito, atestando certa fissura no psiquismo que escapa à decifração. No
entanto, diz-nos Soler (2003/2005), a possibilidade de um equívoco se fez ao imputar
à manifestação do sintoma uma distorção da ordem do individual e à mãe, que, por
sua vez, encarnava o primeiro objeto do gozo impossível. Além do mais, a fala dos
analisandos coloca recorrentemente a mãe como inscrita em suas lembranças mais
marcantes, o que pode ter incorrido em uma distorção da posição da mãe nessa
relação. Atribuir à mãe ou à família algo de uma falha, um erro, no que se refere à
constituição subjetiva do sujeito, não é isso o pressuposto da psicanálise. Soler
(2003/2005) continua
Muitas coisas transitam entre as gerações sem dúvida, mas, com certeza,
não a causa dos sintomas: invocar uma causalidade familiar nesse nível tornaria
ininteligíveis os efeitos terapêuticos da fala sob transferência, que se desenrola
totalmente no espaço do sujeito. Mas isso não impede que cada um traga no mais
íntimo de si a marca do 'Outro primordial' (p. 89).
Compreendemos que o laço que se estabelece entre mãe e filho é permeado
por aspectos inconscientes dos próprios pais da criança e, que, além disso, a
dificuldade existente nessa relação advém de dificuldades que se originaram na
relação primária desses pais com seus próprios pais e que se tornam vivos com o
nascimento da criança. Esta, por sua vez, apresenta um papel de "curador", pois
permite que eles recriem e elaborem relacionamentos mal resolvidos no passado e
construam novo relacionamento entre a tríade (Albornoz, 2006).
Contudo, há de se convir que muitos dos autores estudados revelam que
há um posicionamento que é da própria criança enquanto sujeito, que pode facilitar
ou dificultar o estabelecimento de um laço com seu Outro materno. Como vimos,
esse laço demanda uma construção, sendo ele perpassado pelos próprios cuidados
maternos endereçados ao bebê e revestidos pelo investimento libidinal e pela oferta
de significantes ao bebê, que, paulatinamente, ganham correspondência nele
(Jerusalinsk, 2014).
Assim, podemos situar e concluir que a função materna é uma posição
estrutural que se referencia como primeiro objeto de amor e de troca estabelecida
com a criança, peça fundamental em sua constituição subjetiva, mas não é a única,
visto que há uma posição advinda da própria criança enquanto sujeito a respeito
de sua condição seja ela no autismo ou em outras patologias infantis. Desse modo,
questionamos: a culpa é de quem? Não há culpados aqui. Seja a mãe, seja a criança,
ambas sustentam uma posição singular, enquanto sujeitos, que fazem parte de uma
estrutura e demandam por uma invenção e construção acerca de si mesmas. Não
há culpabilização nessa relação, mas sim responsabilização de como cada sujeito
responde de sua posição subjetiva.
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A expressão proferida pelo pai de uma criança autista à mãe, apontada no
início deste artigo, ratifica o equívoco recorrente em apontarmos a "teoria da mãe
geladeira" como representando a práxis psicanalítica. Isso nos faz pensar que esse é
mais um dos ataques à psicanálise como tentativa de exclusão desta no tratamento
de crianças.
Fonte: CALZAVARA, Maria Gláucia Pires; FERREIRA, Monique Aparecida Vale. A função mater-
na e seu lugar na constituição subjetiva da criança. Estilos clin., São Paulo , v. 24, n. 3, p. 432-
444, dez. 2019 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1415-71282019000300008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 16 set. 2021. http://dx.doi.
org/10.11606/issn.1981-1624.v24i3p432-444.
20
DICAS
Outra dica de estudo é o livro infantil O bebê dragão. O livro foi escrito por uma criança
com TEA, o pequeno Thor Guenther, junto à sua mãe, Claudia Guenther. Para saber
mais informações e ter acesso à entrevista realizada pela Revista Crescer, acesse <http://
revistacrescer.globo.com/Curiosidades/noticia/2016/02/autismo-menino-autista-lanca-
livro-em-parceria-com-mae.html>.
21
ATENÇÃO
É muito comum que o transtorno do movimento estereotipado tenha ou
seja comorbidade (aprenderemos no tópico 5 com mais profundidade sobre
esse item) a outros transtornos, como transtorno de ansiedade e transtorno
do espectro autista.
DICAS
No vídeo Movimentos paroxísticos, esterotipias encontrado no Youtube,
mostra-se o desenvolvimento dos movimentos estereotipados com o
passar do tempo em uma criança. Acesse <https://www.youtube.com/
watch?v=bTLYTDx9wjw> e confira!
22
DICAS
Assista ao vídeo intitulado Quais são os tipos de TDAH – NeuroSaber
(encontrado no Youtube), em que podemos aprender um pouco mais
sobre os tipos do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade.
Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=veLPQE_BQyk> e confira!
FIGURA 10 – O EFEITO NEGATIVO E DEVASTADOR DE ROTULAR UMA CRIANÇA A PARTIR DE SEU TRANS-
TORNO
23
O TDAH tem um forte componente genético, com taxa de
hereditariedade de 0,75 a 0,91. Estudos genéticos têm sido dirigidos
para genes que são envolvidos na transmissão dopaminérgica, uma
vez que os circuitos dopaminérgicos fronto-estriatal estão envolvidos
na fisiopatologia do transtorno (Gill, Daly, Heros, Hawi & Fitzgerald,
1997) (ARGOLLO, 2003, p. 198).
Fonte: ARGOLLO, Nayara. Transtornos do déficit de atenção com hiperatividade: aspectos neurológicos. Psi-
col. esc. educ., Campinas , v. 7, n. 2, p. 197-201, dez. 2003 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/
scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-85572003000200010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 21
set. 2021.
DICAS
Uma excelente dica, a qual você pode compartilhar com pais, outros
educadores e até mesmo seus próprios alunos, é o vídeo TDAH: uma
forma diferente de ver o mundo. Basta acessar https://www.youtube.
com/watch?v=urocmOzveys e se encantar!
24
7 TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIANTE
Dando continuidade aos nossos estudos, vamos aprender neste momento sobre
o transtorno opositor desafiante. A nomenclatura do referido transtorno é encontrada
no CID 10 – Classificação Internacional de Doenças como Distúrbio Desafiador e de
Oposição.
25
8 TRANSTORNO DE CONDUTA
O transtorno de conduta é uma alteração comportamental em que são violados
os direitos básicos de outras pessoas ou normas e regras sociais importantes para a
idade de forma repetitiva e persistente.
Os sintomas devem estar presentes por mais de um ano, sendo que pelo menos
um deles deve ocorrer há menos de seis meses (APA, 2014).
DICAS
O filme Precisamos falar sobre o Kevin aborda o transtorno de conduta.
A mãe apresenta dificuldades de lidar com seu filho que apresenta
um comportamento difícil. O filme é uma excelente dica de vídeo para
aprender através da arte cinematográfica!
NOTA
Já existe a Yoga para crianças, a qual ajuda muito nos sintomas de ansiedade, agitação,
irritabilidade. Além disso, favorece o sentimento de cooperação com os outros, o
autocontrole e a tranquilidade interior.
27
Para diagnosticar o transtorno específico da aprendizagem, outros transtornos
do neurodesenvolvimento devem estar ausentes no diagnóstico da criança ou adulto,
por exemplo, transtorno do espectro autista, esquizofrenia, transtorno de déficit de
atenção/hiperatividade e/ou transtornos da comunicação.
ESTUDOS FUTUROS
Aprenderemos com mais profundidade sobre os distúrbios de
aprendizagem no Tópico 4.
NOTA
Aproveite e realize a leitura complementar. Todos os nossos textos da
seção “Leitura Complementar” são artigos científicos. Lembre-se de
que, ao utilizar textos da internet para fazer paper ou projeto de ensino,
deve-se usar somente artigos científicos e sempre realizando as devidas
citações e referências conforme as normas da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT).
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LEITURA
COMPLEMENTAR
DEFICIÊNCIA INTELECTUAL OU ATRASO COGNITIVO?
As crianças com atraso cognitivo podem precisar de mais tempo para aprender
a falar, a caminhar e a aprender as competências necessárias para cuidar de si, tal como
vestir-se ou comer com autonomia. É natural que enfrentem dificuldades na escola.
No entanto aprenderão, mas necessitarão de mais tempo. É possível que algumas
crianças não consigam aprender algumas coisas como qualquer pessoa que também
não consegue aprender tudo.
• Condições genéticas: por vezes, o atraso mental é causado por genes anormais
herdados dos pais, por erros ou acidentes produzidos na altura em que os genes
se combinam uns com os outros, ou ainda por outras razões de natureza genética.
Alguns exemplos de condições genéticas propiciadoras do desenvolvimento de uma
deficiência intelectual incluem a síndrome de Down ou a fenilcetonúria.
• Problemas durante a gravidez: o atraso cognitivo pode resultar de um desenvolvimento
inapropriado do embrião ou do feto durante a gravidez. Por exemplo, pode acontecer
que, quando da divisão das células, surjam problemas que afetem o desenvolvimento
da criança. Uma mulher alcoólica ou que contraia uma infecção durante a gravidez,
como a rubéola, por exemplo, pode também ter uma criança com problemas de
desenvolvimento mental.
• Problemas ao nascer: se o bebê tem problemas durante o parto, como por exemplo, se
não recebe oxigênio suficiente, pode também acontecer que venha a ter problemas
de desenvolvimento mental.
29
• Problemas de saúde: algumas doenças, como o sarampo ou a meningite, podem
estar na origem de uma deficiência mental, sobretudo se não forem tomados todos
os cuidados de saúde necessários. A má nutrição extrema ou a exposição a venenos,
como o mercúrio ou o chumbo, podem também originar problemas graves para o
desenvolvimento mental das crianças.
ATENÇÃO
Em outras épocas já foram utilizadas as expressões “retardo mental”
e “deficiência mental”. Na atualidade, o termo utilizado é "deficiência
intelectual" (MILIAN; et al, 2013).
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Para obter dados a respeito do comportamento adaptativo deve procurar saber-
se o que a criança consegue fazer em comparação com crianças da mesma idade
cronológica. Certas competências são muito importantes para a organização desse
comportamento adaptativo: as competências de vida diária, como vestir-se, tomar
banho, comer. As competências de comunicação, como compreender o que se diz e
saber responder. As competências sociais com os colegas, com os membros da família
e com outros adultos e crianças.
• Procure saber mais sobre deficiência intelectual: outros pais, professores e técnicos
poderão ajudar.
• Incentive o seu filho a ser independente: por exemplo, ajude-o a aprender competências
de vida diária, tais como: vestir-se, comer sozinho, tomar banho, arrumar-se para sair.
• Atribua-lhe tarefas próprias e de responsabilidade. Tenha sempre em mente a sua
idade real, a sua capacidade para manter-se atento e as suas competências. Divida
as tarefas em passos pequenos. Por exemplo, se a tarefa do seu filho é a de pôr a
mesa, peça-lhe primeiro que escolha o número apropriado de guardanapos; depois,
peça-lhe que coloque cada guardanapo no lugar de cada membro da família. Se for
necessário, ajude-o em cada passo da tarefa. Nunca o abandone numa situação em
que não seja capaz de realizar com sucesso. Se ele não conseguir, demonstre como
deve ser.
• Elogie o seu filho sempre que ele conseguir resolver um problema. Não se esqueça de
elogiar também quando o seu filho se limita a observar a forma como se pode resolver
a tarefa: ele também realizou algo importante, esteve consigo para que as coisas
corram melhor no futuro.
• Procure saber quais são as competências que o seu filho está aprendendo na escola.
Encontre formas de aplicar essas competências em casa. Por exemplo, se o professor
lhe está ensinando a usar o dinheiro, leve o seu filho ao supermercado. Ajude-o a
reconhecer o dinheiro necessário para pagar as compras. Explique e demonstre
31
sempre como se faz, mesmo que a criança pareça não perceber. Não desista, nem
deixe nunca o seu filho numa situação de insucesso, se puder evitar.
• Procure oportunidades na sua comunidade para que ele possa participar em
atividades sociais, por exemplo: escoteiros, os clubes, atividades de desporto. Isso o
ajudará a desenvolver competências sociais e a divertir-se.
• Fale com outros pais que tenham filhos com deficiência intelectual: os pais podem
partilhar conselhos práticos e apoio emocional.
• Não falte às reuniões de escola, em que os professores vão elaborar um plano
para responder melhor às necessidades do seu filho. Se a escola não se lembrar de
convidar os pais, mostre a sua vontade em participar na resolução dos problemas.
Não desista nunca de oferecer ajuda aos professores para que conheçam melhor o
seu filho. Pergunte também aos professores como é que pode apoiar a aprendizagem
escolar do seu filho em casa.
• Aprenda tudo o que puder sobre deficiência intelectual. Procure quem possa
aconselhar na busca de bibliografia adequada ou utilize bibliotecas, internet etc.
• Reconheça que o seu empenho pode fazer uma grande diferença na vida de um
aluno com deficiência ou sem deficiência. Procure saber quais são as potencialidades
e interesses do aluno e concentre todos os seus esforços no seu desenvolvimento.
• Proporcione oportunidades de sucesso.
• Participe ativamente na elaboração do Plano Individual de Ensino do aluno e Plano
Educativo.
• Seja tão concreto quanto possível para tornar a aprendizagem vivenciada. Demonstre
o que pretende dizer. Não se limite a dar instruções verbais. Algumas instruções
verbais devem ser acompanhadas de uma imagem de suporte, desenhos, cartazes.
Mas também não se limite a apoiar as mensagens verbais com imagens. Sempre
que necessário e possível, proporcione ao aluno materiais e experiências práticas e
oportunidade de experimentar as coisas.
• Divida as tarefas novas em passos pequenos. Demonstre como se realiza cada um
desses passos. Proporcione ajuda, na justa medida da necessidade do aluno. Não
deixe que o aluno abandone a tarefa numa situação de insucesso. Se for necessário,
solicite ao aluno que seja ele a ajudar o professor a resolver o problema. Partilhe com
o aluno o prazer de encontrar uma solução.
• Acompanhe a realização de cada passo de uma tarefa com comentários imediatos e
úteis para o prosseguimento da atividade.
• Desenvolva no aluno competências de vida diária, competências sociais e de
exploração e consciência do mundo envolvente. Incentive o aluno a participar em
atividades de grupo e nas organizações da escola.
• Trabalhe com os pais para elaborar e levar a cabo um plano educativo que respeite as
necessidades do aluno. Partilhe regularmente informações sobre a situação do aluno
na escola e em casa.
32
7. Que expectativas de futuro têm as crianças com Deficiência
Intelectual?
Sabemos atualmente que 87% das crianças com deficiência intelectual só serão
um pouco mais lentas do que a maioria das outras crianças na aprendizagem e aquisição
de novas competências. Muitas vezes é mesmo difícil distingui-las de outras crianças
com problemas de aprendizagem sem deficiência intelectual, sobretudo nos primeiros
anos de escola. O que distingue umas das outras é o fato de que a pessoa com deficiência
intelectual não deixa de realizar e consolidar aprendizagens, mesmo quando ainda não
possui as competências adequadas para integrá-las harmoniosamente no conjunto dos
seus conhecimentos. Daqui resulta não um atraso simples que o tempo e a experiência
ajudarão a compensar, mas um processo diferente de compreendero mundo. Essa diferente
compreensão do mundo não deixa, por isso, de ser inteligente e mesmo muito adequada
à resolução de inúmeros problemas do cotidiano. É possível que as suas limitações não
sejam muito visíveis nos primeiros anos da infância. Mais tarde, na vida adulta, pode
também acontecer que consigam levar uma vida bastante independente e responsável.
Na verdade, as limitações serão visíveis em função das tarefas que lhes sejam pedidas.
Os restantes 13% terão muito mais dificuldades na escola, na sua vida familiar
e comunitária. Uma pessoa com atraso mais severo necessitará de um apoio mais
intensivo durante toda a sua vida.
Uma criança com deficiência intelectual pode obter resultados escolares muito
interessantes. Mas nem sempre a adequação do currículo funcional ou individual às
necessidades da criança exige meios adicionais muito distintos dos que devem ser
providenciados a todos os alunos, sem exceção.
33
tudo idêntico ao anterior, só que ajustado à idade da criança e a sua inclusão no meio
escolar. Define as necessidades do aluno e os tipos de apoio escolar e extraescolar.
34
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• Os distúrbios são alterações, de fato, no sistema nervoso central (cérebro) e não são
causados por aspectos psicológicos e/ou psiquiátricos.
• A deficiência intelectual pode ser classificada em: leve, moderada, profunda e grave.
35
AUTOATIVIDADE
1 O transtorno da comunicação social refere-se às dificuldades de comunicação e
expressão da criança oriundas de aspectos psicológicos. Dentro do transtorno da
comunicação social encontramos um conjunto de modalidades de transtornos
similares, os quais são:
36
UNIDADE 1 TÓPICO 2 -
NEUROPATOLOGIAS NA INFÂNCIA
1 INTRODUÇÃO
No tópico anterior, estudamos sobre os principais transtornos do
neurodesenvolvimento. É importante conhecermos as características dos transtornos
e as demais patologias mentais para podermos ajudar nossos educandos ao indicar o
encaminhamento para os profissionais de saúde.
2 EPILEPSIA
Uma boa parcela das pessoas acometidas pelas crises de epilepsia iniciou-se na
infância e, em especial, antes dos cinco anos de idade (RIZZUTTI; MUSZKAT; VILANOVA,
2000).
37
Cabe à família e aos profissionais que acompanham as crianças verificar
certos sinais que podem levar à produção de uma crise epiléptica: atenção a quedas
(traumatismos); intoxicações: investigar, por exemplo, se há desconforto abdominal
com sensação de medo antes de uma crise epiléptica.
Além dos quatro tipos de crises citados, pode ocorrer a crise de epilepsia
febril, ou seja, a criança pode ser acometida por convulsões devido à febre (LOPES et
al., 2012).
Fase Tônica
Fase Clônica
3 LESÕES CEREBRAIS
As lesões cerebrais são anomalias no tecido do sistema nervoso central, em
especial, no órgão denominado cérebro.
38
As lesões cerebrais são consequência de alguma doença, por exemplo: tumores,
acidentes vasculares (derrames), meningites, traumatismos. As consequências das
lesões cerebrais dependerão da região acometida, pois cada região do cérebro refere-
se a alguma função específica.
ATENÇÃO
O princípio de Kennard (1936) [...] nos permite formular em termos
gerais que "se você vai ter uma lesão cerebral, seria melhor fazê-
la logo", uma vez que as possibilidades de recuperação funcional
em indivíduos mais jovens são bem melhores. Este princípio tem
sido questionado (e.g., Kolb e Fantie, 1997), mas mantém-se como
regra geral. Os trabalhos experimentais de Kolb e colaboradores
(vide Kolb e Fantie, 1997), bem como observações clínicas, sugerem
que muitos efeitos das lesões pré-frontais precoces podem passar
desapercebidos nos primeiros anos de vida. Algumas alterações
cognitivas e comportamentais decorrentes de lesões frontais podem
se manifestar apenas a partir da idade escolar ou até mesmo da
adolescência. O prognóstico para as lesões precoces pode não ser
tão bom, quanto anteriormente suposto, mas as casuísticas clínicas
indicam que a idade é um fator decisivo (Stiles, 2000). A idade pode
desempenhar um papel também no tipo de síndrome neuropsicológica
apresentada. A incidência de afasia de Broca é maior em indivíduos
mais jovens, enquanto indivíduos idosos apresentam mais afasia de
Wernicke (Basso e Pizzamiglio, 1999, Pedersen, Jogensen, Nakayama,
Raaschou e Olsen, 1995). A afasia de Wernicke geralmente apresenta
um prognóstico mais reservado, o qual se compõe com outros fatores
de risco, tais como a presença de lesões múltiplas e menor nível de
escolarização (HAASE; LACERDA, , 2004, p. 35, grifo nosso).
39
FIGURA 15 – FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO E SUA ANATOMIA
LOBOS CEREBRAIS
Tato e outras
SULCO CENTRAL
Área motora voluntária áreas sensoriais
LOBO FRONTAL: LOBO PARIETAL
Pensamento, emoções Área de interpretação
ÁREA DE BROCA
Parte motora
da fala LOBO OCCIPTAL
Visão
LOBO TEMPORAL
Você já deve ter ouvido falar sobre meningite, não é mesmo? Mas você sabe
responder o que de fato é meningite?
Veja a seguir uma figura das meninges para facilitar o seu estudo:
40
FIGURA 16 – IMAGEM SOBRE A ANATOMIA DAS MENINGES
Caixa
craniana
Pia-máter
Aracnoide
Dura-máter
Vasos sanguíneos
CÉREBRO
41
FIGURA 18 – PRINCIPAIS SINAIS E SINTOMAS DE MENINGITE INFANTIL
DICAS
O Youtube é um site da internet <www.youtube.com> que contém
vários filmes e vídeos interessantes para pesquisarmos sobre temas
importante e assuntos sobre os quais temos curiosidades.
Confira o vídeo Meningite – Documentário (2000), que explica um pouco
sobre a doença. Cuidado: o documentário pode conter cenas fortes.
Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=HGYVUls4LFY> e confira!
42
FIGURA 19 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DA SÍNDROME ALCOÓLICA FETAL (SAF)
Condições Condições
isoladas associadas
IMPORTANTE
Ramalho e Santos (2015, p. 343) defendem a intervenção educativa
com crianças que apresentam SAF:
43
Cabe a você, acadêmico, futuro educador especial, compreender que tal ato
realizado lá na gestação da criança poderá acarretar prejuízos cognitivos e escolares,
tais como: incapacidade de leitura, baixo desempenho escolar, dificuldade de controlar
impulsos, raciocínio abstrato precário, dificuldades de memória e juízo (FARMACÊUTICOS
DO CERRADO, 2017).
44
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
45
AUTOATIVIDADE
1 Uma crise de epilepsia pode apresentar-se de quatro tipos: focais, tônicas, atônitas
e clônicas (RIZZUTTI; MUSZKAT; VILANOVA, 2000). Escolha um dos quatro tipos e
escreva suas principais características.
FONTE: RIZZUTTI, S.; MUSZKAT, M.; VILANOVA, L. C. P. Epilepsias na Infância. Rev. Neurociências, v. 8, n. 3, p.
108-116, 2000.
2 A meningite é uma neuropatologia que pode ser fatal ou deixar sequelas graves nas
crianças ou adultos. Desta maneira, assinale a alternativa que contém dois exemplos
de sequelas da meningite:
46
UNIDADE 1 TÓPICO 3 -
TRANSTORNOS DA ANSIEDADE NA
INFÂNCIA
1 INTRODUÇÃO
Falar sobre a ansiedade é algo muito comum no nosso dia a dia, correto? Usamos
a expressão ansiedade para designar nosso sentimento/emoção frente às dificuldades
na realização de atividades, na espera de acontecimentos, entre outras situações.
Você sabia que a ansiedade é uma doença que também pode acometer
crianças? No presente tópico, vamos estudar sobre um dos transtornos da ansiedade,
denominado transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).
2 TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO
A característica do transtorno obsessivo-compulsivo são pensamentos
insistentes (perturbadores) e recorrentes que geram grande mal-estar psicológico.
A pessoa tenta esquecer o pensamento perturbador ou tenta trocá-lo por outro
pensamento ou por alguma ação e assim busca “neutralizar” os pensamentos ruins
(APA, 2014).
47
A pessoa acometida pelo TOC só procura ajuda profissional quando o transtorno
está em condição grave. Nas crianças é fundamental a observação dos pais e professores
aos seguintes comportamentos:
Você sabia?
48
FIGURA 22 – A CRIANÇA NÃO CONSEGUE PISAR FORA DOS QUADRADOS DO PISO
ATENÇÃO
É importante verificarmos que, caso a criança seja organizada, sem que
isso traga mal-estar ou angústia, não pode ser considerado TOC.
DICAS
Outra sugestão de vídeo encontrado no Youtube é sobre o TOC
(transtorno obsessivo-compulsivo) em crianças. Acesse <https://www.
youtube.com/watch?v=GEFtD1093TY>. Vale a pena assisti-lo!
49
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
50
AUTOATIVIDADE
1 O transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) é um transtorno que gera muito sofrimento
psíquico, pois trata-se da invasão de pensamentos ruins e/ou a necessidade de
realizar ações (muitas vezes estranhas) para aliviar medos, angústias e tensões.
Sobre o TOC, analise as sentenças a seguir:
51
52
UNIDADE 1 TÓPICO 4 -
DISTÚRBIOS DA APRENDIZAGEM
1 INTRODUÇÃO
No presente tópico, iremos aprender sobre os distúrbios da aprendizagem, em
especial, a dislexia do desenvolvimento e sobre os transtornos de aprendizagem não
verbal.
2 DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO
Conforme Prestes e Feitosa (2016 ), a dislexia do neurodesenvolvimento é um
distúrbio neurobiológico hereditário. Observamos que a principal característica da dislexia
é a enorme dificuldade de aprender e de desenvolver uma leitura padrão.
53
No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM-57,
a dislexia está inserida dentro de uma categoria mais ampla, denominada de
"Transtornos do Neurodesenvolvimento", sendo referida como "Transtorno Específico
de Aprendizagem". Segundo o manual, o seu diagnóstico requer a identificação de
pelo menos um dos seguintes sintomas:
1. Leitura de palavras é feita de forma imprecisa ou lenta, demandando muito
esforço. A criança pode, por exemplo, ler palavras isoladas em voz alta, de forma
incorreta (ou lenta e hesitante); frequentemente, tenta adivinhar as palavras e tem
dificuldade para soletrá-las;
2. Dificuldade para compreender o sentido do que é lido. Pode realizar leitura
com precisão, porém não compreende a sequência, as relações, as inferências ou os
sentidos mais profundos do que é lido;
3. Dificuldade na ortografia, sendo identificado, por exemplo, adição, omissão
ou substituição de vogais e/ou consoantes;
4. Dificuldade com a expressão escrita, podendo ser identificados múltiplos
erros de gramática ou pontuação nas frases; emprego ou organização inadequada de
parágrafos; expressão escrita das ideias sem clareza.
Entretanto, a simples presença de um ou mais sintomas não significa que
a criança tenha dislexia, uma vez que estes podem ser decorrentes de fatores
variados, o que inclui: deficiência (intelectual e sensorial, por exemplo), síndromes
neurológicas diversas, transtornos psiquiátricos, problemas emocionais e fatores de
ordem socioambiental (pedagógico, por exemplo).
Nesse sentido, o manual (DSM-5)7 considera que, além dos sintomas
mencionados, se deve levar em consideração os seguintes critérios:
• Persistência da dificuldade por pelo menos 6 meses (apesar de intervenção
dirigida);
• Habilidades acadêmicas substancial e qualitativamente abaixo do esperado
para a idade cronológica (confirmado por testes individuais e avaliação clínica
abrangente);
• As dificuldades iniciam-se durante os anos escolares, mas podem não
se manifestar completamente até que as exigências acadêmicas excedam a
capacidade limitada do indivíduo, como, por exemplo: baixo desempenho em testes
cronometrados; leitura ou escrita de textos complexos ou mais longos e com prazo
curto; alta sobrecarga de exigências acadêmicas;
• As dificuldades não são explicadas por deficiências, transtornos neurológicos,
adversidade psicossocial, instrução acadêmica inadequada ou falta de proficiência
na língua de instrução acadêmica.
Fonte: RODRIGUES, Sônia das Dores; CIASCA, Sylvia Maria. Dislexia na escola: identificação e possibilidades
de intervenção. Rev. psicopedag., São Paulo , v. 33, n. 100, p. 86-97, 2016 . Disponível em <http://
pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0103-84862016000100010&lng=pt&nrm=iso>.
acessos em 16 set. 2021.
54
FIGURA 23 – DESENHO REALIZADO POR UMA CRIANÇA COM DISLEXIA
DICAS
Aproveite para conhecer a Associação Brasileira de Dislexia (ABD). Acesse o
site <www.dislexia.org.br> e confira!
55
4 TRANSTORNOS ESPECÍFICOS DO DESENVOLVIMENTO
DAS HABILIDADES ESCOLARES
Como já mencionamos anteriormente, os profissionais da saúde mental usam
o DSM-V como base do conhecimento sobre transtornos e demais patologias mentais.
Dessa maneira, para que você tenha uma excelente base e formação acadêmica sobre
os transtornos do neurodesenvolvimento, também utilizamos o DSM-V nesse livro de
estudos.
56
FIGURA 24 – ESCRITA REALIZADA POR UMA CRIANÇA COM TRANSTORNO ESPECÍFICO DE LEITURA
57
Transtorno específico das habilidades aritméticas (discalculia) trata-se da
dificuldade do aluno em não conseguir realizar operações matemáticas (somar, subtrair,
multiplicar, dividir), classificações numéricas, dificuldade em entender conceitos
numéricos (BITENCOURT; SOUZA; ARAÚJO, 2011).
58
especificação. Diferentemente, a Classificação Internacional de Doenças e Problemas
Relacionados à Saúde (CID-10) (Organização Mundial da Saúde, OMS, 2008) utiliza
outra denominação: “Transtornos específicos do desenvolvimento das habilidades
escolares”. Nesse manual são descritos seis tipos de transtornos: transtorno
específico da leitura, transtorno específico da soletração, transtorno específico da
habilidade aritmética, transtorno misto de habilidades escolares, outros transtornos
do desenvolvimento das habilidades escolares e transtorno não especificado do
desenvolvimento das habilidades escolares. Comumente na literatura e nas áreas
aplicadas também se encontram a denominações “distúrbios de aprendizagem”,
“dislexia” (para transtorno de leitura), “discalculia” (para transtorno de matemática) e
“disgrafia” (para transtorno de escrita) (APA, 2002a).
Os principais diagnósticos para esses transtornos, presentes em ambos
os manuais (APA, 2002a; OMS, 2008), são: dificuldades de aprendizagem desde as
primeiras etapas de desenvolvimento; desempenho abaixo do esperado para a idade
em testes padronizados de leitura, matemática ou expressão escrita; não se devem
a fatores como falta de oportunidade de aprendizagem, escolarização, deficiência
intelectual ou déficits sensoriais.
Fonte:
(ALVES; NAKANO, 2015, p. 88).
ALVES, Rauni Jandé Roama; NAKANO, Tatiana de Cássia. Criatividade em indivíduos com transtornos e
dificuldades de aprendizagem: revisão de pesquisas. Psicologia Escolar e Educacional [online]. 2015,
v. 19, n. 1 [Acessado 16 Setembro 2021] , pp. 87-96. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/2175-
3539/2015/0191802>. ISSN 2175-3539. https://doi.org/10.1590/2175-3539/2015/0191802.
59
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
60
AUTOATIVIDADE
1 A dislexia é um distúrbio da aprendizagem que tem como principal sintoma a dificuldade
de realizar leitura, escrita e compreensão. Muitas vezes é possível observar que a
escrita e os desenhos realizados pelas crianças com dislexia são invertidos (ao invés de
desenharem da esquerda para a direita, desenham da direita para a esquerda). Nesse
contexto, assinale a alternativa CORRETA:
61
62
UNIDADE 1 TÓPICO 5 -
COMORBIDADES NOS
TRANSTORNOS DO
NEURODESENVOLVIMENTO
1 INTRODUÇÃO
Neste último tópico da unidade, vamos estudar a comorbidade, um conceito
da terminologia médica. O significado da palavra comorbidade é co – junto e morbidade
– doença, isto é, doenças que ocorrem em consequência uma das outras.
IMPORTANTE
A presença de comorbidades é extremamente comum em casos
de crianças e adolescentes com TAG [transtorno de ansiedade
generalizada] (Layne & cols., 2008). Em um estudo conduzido por
Masi e cols. (2004) 93% dos participantes com TAG tinham alguma
comorbidade; 75% tinham como comorbidade um outro transtorno
de ansiedade, 56% um transtorno depressivo e 21% TDAH ou TC
(Layne & cols., 2008). Estas coocorrências são mais frequentes em
preadolescentes e adolescentes e provocam um grande impacto na
adaptação psicossocial destes jovens (Flannery-Schroeder, 2004).
63
Confira na figura a seguir um esquema constando as possíveis comorbidades
nos transtornos do neurodesenvolvimento:
DSM-V - Classificação
Transtornos do
neurodesenvolvimento
Outros
Transtorno do Transtornos
Deficiências Transtornos de TDAH Transtornos transtornos do
Espectro Específicos da
intelectuais comunicação Motores neurodesen-
Autista Aprendizagem
volvimento
Transtorno do
Prejuízo na
Deficiência Transtorno da desenvolvimento
Leitura
Intelectual Linguagem da coordenação
Prejuízo na Transtorno do
Atraso global do Transtorno escrita Movimento
desenvolvimento da Fala Esteriotipado
Transtorno da
Comunicação
Social
64
DICAS
Esta é uma excelente dica de vídeo sobre comorbidades do transtorno
do espectro autista: Comorbidades Neurológicas em Crianças com TEA
– NeuroSaber. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=brP-
q9YO2cA>.
65
RESUMO DO TÓPICO 5
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
66
AUTOATIVIDADE
1 Escreva o conceito de comorbidade.
67
68
UNIDADE 2 —
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO DOS TRANSTORNOS
DO NEURODESENVOLVIMENTO
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará auto-
atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
69
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 2!
Acesse o
QR Code abaixo:
70
UNIDADE 2 TÓPICO 1 —
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO DA DEFICIÊNCIA
INTELECTUAL E DOS TRANSTORNOS
DA COMUNICAÇÃO SOCIAL
1 INTRODUÇÃO
Na Unidade 1, verificamos as características dos principais transtornos
do neurodesenvolvimento. Nesta unidade, estudaremos sobre as avaliações, os
acompanhamentos terapêuticos dessas patologias e como caracteriza-se cada etapa.
2 DEFICIÊNCIA INTELECTUAL
Como já estudamos em outros momentos no nosso livro de estudos é
fundamental que o aluno seja encaminhado, primeiramente, para o profissional da
medicina ou da psicologia.
71
TABELA 1 – RELAÇÃO DE PROFISISONAIS DA MEDICINA PARA O ENCAMINHAMENTO DE ALUNOS
FONTE: Os autores
b) Dose terapêutica
72
TABELA 2 – EXEMPLOS DE SINTOMAS OCORRIDOS NA DEFICIÊNCIA INTELECTUAL E A CLASSE DE MEDI-
CAMENTOS UTILIZADA (PRESCRIÇÃO DOS REMÉDIOS)
FONTE: Os autores
73
continuum no qual a passagem da Psicologia para a Biologia ou para as ciências
sociais é muitas vezes questão de convencionar-se limites ou de não se preocupar
com eles.
As interações organismo-ambiente têm, historicamente, caracterizado áreas
da Psicologia, dependendo de quais subclasses de interações são consideradas. Há
áreas da Psicologia especializadas em interações organismo-ambiente externo físico
(ergonomia, por exemplo) e outras em interações com o ambiente externo social
(Psicologia Organizacional, por exemplo).
A decomposição do conceito de ambiente em externo, físico ou social e
interno, biológico ou histórico é apenas um recurso de análise útil para entender-se a
fragmentação da Psicologia em diversos campos, e para apontar os diversos fatores
que, indissociáveis, participam das interações estudadas pelo psicólogo. Apesar
dos quatro aspectos terem gerado programas de pesquisa e de linguagens teóricas
independentes, é possível sempre ver a Psicologia como análise de interações.
Pela análise de interações organismo-ambiente, os psicólogos chegaram
aos conceitos de estímulo e resposta. Os conceitos de comportamento e ambiente,
estímulo e resposta, são interdependentes. O comportamento não pode ser entendido
isolado do contexto em que ocorre.
A análise experimental do comportamento utiliza-se de contingências e de
relações funcionais como instrumentos para o estudo de interações organismo-
ambiente. O experimentador manipula contingências em busca de relações funcionais
e das condições (variáveis de contexto) nas quais podem ser observadas. Um sistema
de relações funcionais constituirá uma teoria útil se vier acompanhado de especifi -
cações de onde e quando, no ambiente externo, as variáveis de contexto devem ser
encontradas.
74
Afinal, as práticas científicas em saúde são intensamente testadas, comprovadas,
registradas, argumentadas matematicamente e seguem uma sequência histórica de
investigações e concepções.
CURIOSIDADE
Você já ouviu falar em parapsicologia clínica?
Por outro lado, existem famílias que optam por elas como um tratamento em
paralelo ao tratamento de saúde. Sugere-se para as famílias que deem prioridade para
a avaliação e acompanhamento de profissionais da saúde, e só iniciem o tratamento
complementar depois de iniciarem os atendimentos médicos/ psicológicos.
75
Isso porque, muitas crianças necessitam de atendimento médico/psicológico
com urgência.
IMPORTANTE
O educador especial pode alertar seus alunos e até mesmo os pais
e responsáveis sobre a importância de continuarem usando os
medicamentos conforme a orientação médica.
Como o educador especial deve proceder se ele perceber que a família está
deixando tratamento medicamentoso de lado para seguir apenas com as terapias
alternativas?
• Antes de mais nada, o educador especial precisa demonstrar respeito para com as
crenças e decisões da família.
• Na sequência precisa incentivá-los a darem continuidade ao tratamento médico,
ressaltando que ambos os tratamentos podem ser feitos simultaneamente.
• Além do mais, pode explicar que o fato de interromper o uso de medicamentos por
conta própria pode gerar danos à saúde e a piora do prognóstico.
• Se a família alegar que os remédios não estão gerando o efeito esperado, cabe ao
educador especial sugerir que a família procure o médico para falar sobre isso, já que
ele não é apto para prescrever remédios, nem mudanças nas dosagens, e nenhuma
mudança no uso de fármacos.
Por fim, algumas vezes ouvimos nos filmes ou até mesmo nas consultas
médicas a palavra “prognóstico”. Mas o que ela significa? Prognóstico é um conceito
da medicina referente à evolução da doença, isto é, o quanto e como poderá melhorar
ou agravar a doença com o passar do tempo.
76
FIGURA 1 – A CONSULTA MÉDICA E PSICOLÓGICA SÃO O INÍCIO DA AVALIAÇÃO EM SAÚDE
ESTUDOS FUTUROS
Na Unidade 3, aprenderemos como realizar o pedido de atendimento
(encaminhamento), elementos importantes no diálogo com os pais e
gestores, entre outras ações.
77
IMPORTANTE
Você quer saber mais sobre o inconsciente, sob a perspectiva da psicanálise?
Uma indicação de leitura é “A descoberta do inconsciente e o percurso
histórico de sua elaboração”. Está disponível em https://www.scielo.br/j/
pcp/a/f79DMNx9LYLj5NwQxHTyktf/?lang=pt&format=pdf.
78
na família. Este “lugar” é simbólico e está na organização social da família. Vejamos a
seguir alguns exemplos dos principais itens que serão trabalhados ao ser utilizada a
abordagem (vertente psicológica) da psicanálise:
• possibilitar um lugar psíquico para a criança com deficiência na família, sem que haja
a compensação (“passar a mão na cabeça”) ou a rejeição por causa do transtorno;
• trabalhar a frustração gerada, muitas vezes, por não ter “um filho sadio”.
79
universitários, principalmente nas faculdades de Psicologia, integrando-se aos
currículos acadêmicos.
Na década de 1970, justamente no momento em que proliferavam as
famigeradas ditaduras militares, houve uma verdadeira explosão da Psicanálise na
América do Sul. Nesse período, diversos psicólogos e psicanalistas argentinos e
franceses vieram para o Brasil, trazendo novas formas de trabalhar que extrapolavam
o setting tradicional do divã. Os focos das intervenções passaram a recair nas famílias,
comunidades e instituições. Essa nova orientação incitou uma crítica política em
relação ao elitismo e à neutralidade social da Psicanálise praticada pelas organizações
mais ortodoxas. A prática e teoria psicanalíticas, que até então se concentravam no
indivíduo, na burguesia e nos consultórios privados, tiveram assim seu campo de
atuação ampliado (RUSSO, 2002).
Nesse solo fértil, a Psicanálise ganhou espaço, trazendo consigo elaborações
que não se restringiam à vida interior de cada um. De fato, o inconsciente freudiano
jamais pode ser visto como algo estritamente individual. Suas formações, como
fenômenos de linguagem, são tributárias desse órgão coletivo, público e simbólico
que é a língua em seus diferentes modos de uso.
[...]
A participação da Psicanálise nos movimentos políticos e sociais do Brasil,
a partir da década de 1970, se tornou mais forte. Na Saúde Coletiva, muitas de suas
elaborações estiveram na base do movimento de questionamento do tratamento da
loucura, conhecido como Reforma Psiquiátrica. Desde então, a Psicanálise passou a
orientar o trabalho de alguns serviços e profissionais que atuam na rede pública de saúde,
em instituições judiciárias e organizações não governamentais. Nessas experiências, o
coletivo e o singular coabitam, permitindo soluções inéditas, reintroduzindo, por vezes,
a possibilidade do laço social (VAL; CARVALHO; CAMPOS, 2015).
Fonte: COSTA VAL, Alexandre et al. Psicanálise e Saúde Coletiva: aproximações e possibilidades de contri-
buições. Physis: Revista de Saúde Coletiva [online]. 2017, v. 27, n. 04 [Acessado 17 Setembro 2021] , pp.
1287-1307. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000400022>. ISSN 1809-4481.
https://doi.org/10.1590/S0103-73312017000400022.
ATENÇÃO
Vamos conhecer mais contribuições da psicanálise para a educação
especial? Para tanto sugere-se a leitura complementar:
“A contribuição da psicanálise para a atuação no campo da educação
especial” Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/estic/v12n22/
v12n22a04.pdf
80
FIGURA 2 – O COMPORTAMENTO IDEAL DOS PAIS: NÃO POUPAR E NÃO EXCLUIR OS FILHOS DAS ATIVIDADES
Você sabe o que significa a palavra cognitiva? Ela está diretamente ligada à
construção do conhecimento, já que abrange o pensamento, a percepção, a memória.
O desenvolvimento cognitivo envolve os processos de assimilação e acomodação de
acordo com a perspectiva piagetiana. Portanto, o desenvolvimento cogntivo se relaciona
com a inteligência, com o processamento de informações, com a interpretação acerca
delas, bem como, com o levantamento de hipóteses para solucionar problemas, a
inferência e a dedução (NEVES, 2006).
A terapia cognitiva comportamental (TCC) tem sido uma das mais eficazes
ferramentas em termo de terapia no que diz respeito ao tratamento e controle de
ansiedade, pois apresentam um fundamento teórico e um conjunto de técnicas cuja
eficácia, baseada em evidências, foi demonstrada no tratamento de diversos quadros
mentais e físicos. (KNAPP & BECK, 2008).
81
A TCC é uma forma de psicoterapia que teve início no final da década de 60,
nos Estados Unidos por Aaron Beck e Albert Ellis, pela Universidade da Pensilvânia.
Tratava-se de uma psicoterapia breve e estruturada para o tratamento da depressão,
direcionada a resoluções de problemas atuais, e que foi adaptado para outros
transtornos sem mudar seus pressupostos teóricos. Nessa abordagem,
O terapeuta procura produzir de várias formas uma mudança cognitiva –
modificação no pensamento e no sistema de crenças do paciente – para produzir
uma mudança emocional e comportamental duradoura. (Beck, 2013, p. 22)
Para a TCC, a ansiedade é o modo como a natureza nos prepara para lidar com
situações de perigo (Cordiolli 2008, p. 438). Segundo Oliveira (2011), é uma reação
natural e necessária ao corpo, mas que quando em excesso, traz consequências
comprometedoras para a vida do individuo. O principal objetivo da TCC, no contexto
da ansiedade em mulheres puerpério por cesariana, é ajudar as mães que enfrentam
a apojadura tardia, identificando os principais agentes de ansiedade, neste caso, os
Pensamentos Automáticos, para que uma vez identificados, seja promovido "o alivio
dos sintomas, especialmente redução do nível de sofrimento (...), e a remição do
transtorno." (BECK, 2013, p. 179). Geralmente, os Pensamentos Automáticos não são
percebidos, mas com o auxílio de técnicas, podem ser facilmente identificados.
Entre essas técnicas fundamentais, está a psicoeducação, que além de
ser de eficaz para compreensão e identificação desses pensamentos automáticos,
é também "um importante recurso para a correção das interpretações distorcidas
sobre seus próprios sintomas". (Cordiolli, 2008, p. 437). Na psicoeducação:
O psicoterapeuta explica como é a terapia cognitivo-comportamental,
especialmente no que se refere a influência dos pensamentos na forma como
nos sentimos e nos comportamos, as distorções cognitivas e as possibilidades de
mudanças" (PICCOLOTO, 2008, p. 168).
RODRIGUES, Allison Marcelo Anjolis; HARTWIG, Mayck Djúnior. As técnicas de tcc no contro-
le da ansiedade em mulheres puerpério por cesariana. Psicol. Am. Lat., México , n. 28, p. 119-
130, jun. 2017 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1870-350X2017000100008&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 17 set. 2021.
IMPORTANTE
O trabalho de psicologia nos pacientes com deficiência intelectual não
será realizado conforme o modelo “tradicional”: psicólogo conversando,
sentados; mas através de ações e atividades lúdicas para a compreensão
dos mecanismos psíquicos. Em especial, nessa patologia deverão ser
incluídas intervenções junto à família: verificação de uma rotina com mais
qualidade, reforçamento dos comportamentos corretos, por exemplo.
82
c) Abordagem terapêutica: fenomenologia/humanista
ATENÇÃO
Talvez a expressão “self” tenha chamado a sua atenção! Você sabe do que se trata?
Com base nas elaborações de Perls sobre self e personalidade, compreende-se que
o desenvolvimento e o funcionamento saudável dos referidos sistemas dependem,
essencialmente, da qualidade da relação, do contato que se estabelece com o "outro", desde
os primórdios da existência do indivíduo, uma vez que, para esse teórico, self e personalidade
se constituem na fronteira entre organismo e meio.
Sobre isto, Perls, Hefferline e Goodman (1951/1997) esclarecem que self é o sistema de
contatos e de respostas em qualquer momento, diminuindo com o sono, quando há
menos necessidade de reagir. Sua atividade é formar figuras e fundos e fazer ajustamentos
criativos. Sendo assim, onde há mais conflito, contato e figura/fundo, há mais self; onde há
mais confluência, isolamento ou equilíbrio, há um self diminuído. Desse modo, o self não tem
consciência de si próprio abstratamente, mas quando está em contato com alguma coisa,
uma vez que o mesmo é considerado como sendo a fronteira de
contato organismo-meio em funcionamento.
83
(Husserl, 2014). Na mesma obra, Husserl, então, definiu a fenomenologia como uma
‘psicologia descritiva’ - diferentemente de Franz Brentano - por não poder excluir,
na caracterização do conhecimento, as vivências psíquicas. Cabe lembrar que em
Brentano - mestre e amigo de Husserl - a consciência, por ser caracterizada como
‘intencional’, e por delimitar a relação direta entre o sujeito cognoscente e o objeto
representado, mantinha um tipo de pensar dito ‘psicologista’, porque se estabelecia
a partir de uma fundamentação psicológico-natural das representações, fortemente
alicerçada na vida psíquica (Goto, Holanda, & Costa, 2018).
Assim, na segunda edição das Investigações, Husserl corrige esse seu
posicionamento inicial, diferenciando a fenomenologia da psicologia, mesmo sem
afastá-las totalmente, por considerar os fenômenos psíquicos importantes na
produção do conhecimento (Husserl, 2014). O filósofo comenta que as descrições
fenomenológicas estão em oposição às descrições psicológicas (de Brentano, por
exemplo), porque “[...] não dizem respeito a vivências ou classes de vivências de
pessoas empíricas [...] sobre tais vivências, a fenomenologia não levanta questões,
não procura determinações nem elabora hipóteses” (Husserl, 2014, p. 23). Porta
(2013) acrescenta que, para Husserl, a fenomenologia compartilha com a psicologia o
princípio de imanência, ainda que reformulado pela redução. E que, somente por meio
da psicologia explicita-se aquilo que, afinal, é realmente essencial, a subjetividade
mesma.
[...]
Esses são alguns postulados alcançados por Husserl e que foram
favorecendo a ideia de uma psicologia fenomenológica. Com isso, pode-se dizer que
Husserl, a partir das análises fenomenológicas da consciência intencional, chegou
a uma concepção de psicologia fenomenológica ou, a uma via fenomenológico-
psicológica, frente à necessidade de esclarecer a vida psíquica, suas estruturas
vividas concretamente e os modos de consciência empírico-psíquica (Husserl, 2001).
A psicologia fenomenológica não é uma psicologia empírica (naquilo que marca a
relação com o físico), tal como a psicologia científica e outras formas de psicologia
investigativa contemporâneas, mas constitui-se como uma ‘psicologia pura’, uma
psicologia que investiga as vivências psíquicas e que ultrapassa qualquer relação
psicofísica. “A pura psicologia não conhece justamente senão o subjetivo, e admitir aí
como existente algo de objetivo é já dela ter aberto mão” (Husserl, 2012, p. 209)
Extraído de: ORENGO, Fabiane Villatore, HOLANDA, Adriano Furtado e GOTO,
Tommy AkiraFENOMENOLOGIA E PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA PARA PSICÓLOGOS
BRASILEIROS: UMA COMPREENSÃO EMPÍRICA 1 1 Apoio e financiamento: Coordenação
de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). . Psicologia em Estudo
[online]. 2020, v. 25 [Acessado 17 Setembro 2021] , e45065. Disponível em: <https://
doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.45065>. Epub 16 Mar 2020. ISSN 1807-0329.
https://doi.org/10.4025/psicolestud.v25i0.45065.
84
A Gestalt-Terapia é uma abordagem psicológica que foi desenvolvida por
Frederick (Fritz) Perls e outros colaboradores (como, Laura Perls, Paul Goodman,
Isadore From, Paul Weiz, Sylvester Eastman e Eliot Shapiro) que compartilhavam ideias
sobre os potenciais humanos. Em 1951, a Gestalt-Terapia se consolidou, nos EUA,
como uma perspectiva clínica dotada de teoria e prática, focada em intervenções
psicoterapêuticas em nível de personalidade e crescimento intra e interpessoal
(PERLS; HEFFERLINE; GOODMAN, 1997). Como uma visada experiencial composta
de pressupostos holísticos, fenomenológicos e existenciais, crítica à corrente
psicanalítica freudiana e alternativa as psicologias comportamentais, vigentes nas
décadas de 1950-1960, a Gestalt-Terapia somou-se às contendas da Psicologia
Humanista, tornando-se reconhecida como uma abordagem humanística (MOSS,
2001; HOLANDA, 2014).
Com o desenvolvimento da Gestalt-Terapia, muitas de suas atitudes
e premissas foram utilizadas além do âmbito clínico, nos contextos grupais,
comunitários, educacionais, organizacionais etc. Desse advento, surgiu o
termo Abordagem Gestáltica para referir a um campo maior de implicação das
atitudes gestálticas onde existir relações humanas. Fritz Perls, em momento maduro
de sua carreira, optou por usar o mencionado termo ao considerar seus trabalhos
anteriores (Ego, Fome e Agressão e Gestalt-Terapia) ultrapassados e demasiadamente
eruditos, além de estar interessado em apresentar outra proposta vivencialmente
mais direta e acessível em seu entendimento e prática (SPITZER, 1988).
Com a expansão da Gestalt-Terapia e da Abordagem Gestáltica, nas diversas
localidades do mundo, existiu um movimento de recepção dessa vertente humanista
no Brasil, que foi desde os anos de 1960 até uma intensificação nas décadas seguintes.
Isso aconteceu devido à criação de grupos de estudos, à vinda de alguns psicólogos
humanistas, às defesas das primeiras dissertações e teses sobre a abordagem e as
traduções das obras de Perls e outros expoentes gestálticos. Com efeito, atualmente,
é possível encontrar algumas produções, notoriamente de cunho histórico, que
analisam e refletem o movimento da Gestalt-Terapia no Brasil (GOMES; HOLANDA;
GAUER, 2004; HOLANDA; KARWOSKI, 2004; SUASSUNA; HOLANDA, 2009; HOLANDA,
2009; PRESTELO, 2012; FRAZÃO, 2013).
Ao migrar para o Brasil, a Gestalt-Terapia, destarte, colabora com a assunção
de uma Psicologia Humanista brasileira com alguns expoentes nacionais. Esta
ascensão não seria possível sem algumas operações sociais que visam à propagação
de conhecimentos específicos nos diversos meios de produção científica que
possibilitam a sua circulação, como encontros, simpósios, congressos, anais,
boletins, periódicos acadêmicos, cursos, centros de formação, dissertações e
teses (GRYNZSPAN, 2012). Estes meios de produção e circulação de conhecimento
psicológico são possíveis de ser estudados como objetos que retratam um momento
histórico de desenvolvimento e consolidação de uma abordagem psicológica que
migrou de um local para outro e se atualizou conforme as contendas regionais do
lugar que a recebeu.
85
Extraído de: CASTELO BRANCO, Paulo Coelho; CARPES, Cândida de Oliveira.
Produção Gestáltica nas Bases de dados SCIELO e PEPSIC: Revisão Sistemática. IGT
rede, Rio de Janeiro , v. 14, n. 26, p. 72-86, 2017 . Disponível em <http://pepsic.
bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1807-25262017000100005&lng=pt
&nrm=iso>. acessos em 17 set. 2021.
Com a leitura desse tópico você pôde ter algumas noções acerca do atendimento
e acompanhamento que o psicólogo realiza com pessoas que apresentam deficiência
intelectual.
GIO
Conhecer um pouco a respeito de algumas vertentes da psicologia lhe causou
mais curiosidade sobre elas? Então, o ideal é iniciar suas leituras com esse livro!
“Psicologias. uma Introdução ao Estudo de Psicologia”. Nele você encontra de
modo resumido e acessível informações sobre a psicologia, e parte de suas
vertentes. Boa leitura!
Fonte: https://www.estantevirtual.com.br/livros/ana-bock/psicologias-uma-
-introducao-ao-estudo-de-psicologia/19551688. Acesso em 17 Set. 2021.
86
2.2 ACOMPANHAMENTO MULTIPROFISSIONAL
Nos transtornos do neurodesenvolvimento é muito importante o
acompanhamento multiprofissional. Na deficiência intelectual esse trabalho é
primordial, pois a criança precisa de muito apoio dos pais e de constante estimulação
neuromotora, envolvendo aspectos da fala, audição, movimentos, cognição etc. Confira
a seguir exemplos dos acompanhamentos realizados por profissionais da saúde:
a) Fonoaudiologia
87
• dificuldades na deglutição;
• alterações na tonicidade;
• alterações estruturais e dentárias;
• alterações no sistema estomatognático;
• alterações na postura;
• alterações na mobilidade dos órgãos fonoarticulatórios;
• dificuldades na mastigação;
• alterações respiratórias.
IMPORTANTE
Que tal aprender mais acerca das contribuições da fonoaudiologia
no acompanhamento de pessoas com deficiência intelectual?
Segue uma sugestão de leitura: “Linguagem e comunicação
de pessoas com deficiência intelectual e suas contribuições
para a construção da autonomia”. Você encontra o pdf do
artigo em http://revista.ibict.br/inclusao/article/view/4034.
88
b) Fisioterapia
Como já foi mencionado, não há cura (mudança total do quadro clínico) para a
deficiência intelectual, contudo o diagnóstico precoce e o constante acompanhamento
terapêutico podem melhorar o prognóstico, ou seja, possibilitar mais qualidade de vida
ao paciente e até mesmo aos familiares.
89
IMPORTANTE
A reabilitação das funcionalidades motoras é um dos principais aspectos
desenvolvidos na vida das pessoas com deficiência intelectual e múltipla.
Nesse contexto, o fisioterapeuta é responsável não
apenas pelo desenvolvimento das habilidades físicas, mas
também colabora na conscientização das diferenças, na
diminuição de complicações e no incentivo à independência.
Através da realização de exercícios físicos com auxílio de instrumentos e
materiais, a assistência fisioterapêutica trabalha para a promoção aspectos
como: alongamento e fortalecimento dos músculos dos membros, do
tronco e do sistema respiratório, além da manutenção da postura.
Fonte: http://www.crefito1.org.br/noticias/6418/a-fisioterapia-na-assistencia-
-a-pessoa-com-deficiencia-intelectual-e-multipla. Acesso em 17 Set. 2021.
Outro ponto fundamental é o aluno com deficiência intelectual que tem como
desafio aprender, assim como os demais alunos. Ele não deve ser visto como menos
ou mais, mas como um sujeito digno de educação. A diferença é que seu objeto de
aprendizado é uma demanda diferenciada, sendo desafiante da mesma maneira, então
cabe ao educador o processo da inclusão, pois o aluno ocupa o espaço que é direito
de todos. Mesmo o ensino-aprendizagem do aluno com deficiência intelectual sendo
aparentemente “limitado”, ele não é menos que os demais processos que ocorrem na
sala de aula.
90
FIGURA 6 – ATIVIDADE COM OS ALUNOS REALIZADA NA APAE
DICAS
No site da APAE Brasil, encontramos o Relatório Anual das Atividades da APAE.
Nota-se que a organização é ativa em vários setores sociais, a fim de possibilitar
a inclusão com qualidade e desenvolver todos os aspectos educacionais e de
saúde. Para acompanhar e aprender mais, acesse <https://apaebrasil.org.br/>.
91
3 TRANSTORNOS DA COMUNICAÇÃO
A avaliação médica consiste na identificação do transtorno e na diferenciação de
outras patologias, tal como o transtorno do espectro autista (TEA).
92
Já o trabalho da fonoaudiologia é fundamental na melhora dos sintomas dos
transtornos da comunicação:
DICAS
Acadêmico, acesse o site do Conselho Federal de Fonoaudiologia e conheça
mais sobre os trabalhos, as ações e as legislações dessa profissão tão interes-
sante! Disponível em: <http://www.fonoaudiologia.org.br>.
93
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
94
AUTOATIVIDADE
1 A psicologia é uma ciência e só pode ser exercida por psicólogos, sendo necessário
realizar curso de graduação em Psicologia. Após concluído o curso, solicitar habilitação
junto ao Conselho Regional de Psicologia (ligado ao Conselho Federal). Na psicologia
há três principais vertentes: psicanálise, cognitiva-comportamental, fenomenologia/
humanista. A seguir, correlacione as vertentes metodológicas da psicologia com as
ações que serão tomadas pelo psicólogo:
I- Psicanálise
II- Cognitiva-Comportamental
III- Fenomenologia/Humanista
95
96
UNIDADE 2 TÓPICO 2 -
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO DO TRANSTORNO DO
ESPECTRO AUTISTA/TRANSTORNO
DO MOVIMENTO ESTEREOTIPADO
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, você já aprendeu sobre a avaliação e acompanhamento
terapêutico da deficiência intelectual e do transtorno da comunicação. No presente
tópico, vamos aprender sobre a avaliação e a conduta (acompanhamento) do transtorno
do espectro autista e também do transtorno do movimento estereotipado.
97
• Tomografia.
• Ressonância magnética.
• Eletroencefalograma.
• Exame de pesquisa de erros inatos do metabolismo.
• Exames genéticos.
Você já ouviu falar das dietas sem glúten? De vez em quando encontram-se
depoimentos de familiares de pessoas com TEA alegando que mudanças na alimentação
da criança revelaram mudanças positivas.
Será que os efeitos benéficos das dietas sem glúten para o TEA são comprovados
pelas pesquisas científicas?
99
Melanie Klein O nome da psicanalista consta no artigo “A função
do objeto na clínica do autismo”, de 2018, disponível
em http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S1983-34822018000100007.
Alfredo É o autor do artigo “Considerações preliminares a todo
Jerusalinsky tratamento possível do autismo”, de 2010, disponível em https://
periodicos.pucpr.br/index.php/psicologiaargumento/article/
view/19695/19023.
Fonte: Os autores.
Hoje, uma das linhas mais utilizadas para o acompanhamento psicológico dos
autistas é a terapia cognitiva-comportamental (TCC). Vejamos a seguir uma leitura que
complementa a presente afirmação:
a) Psicopedagogia ou Neuropsicopedagogia
• Observação constante quanto às escolhas dos brinquedos que o aluno com TEA faz,
pois é um instrumento de auxílio na interação.
• O respeito ao tempo em que o aluno é produtivo: se consegue ficar concentrado
cinco minutos, deve-se fazer a atividade em tal tempo.
• Utilização de cantos e músicas para a preparação para a alfabetização.
DICAS
A psicopedagogia é interessante, não é mesmo? Saiba mais informações sobre a
especialização de Psicopedagogia do ensino a distância da UNIASSELVI. Acesse:
<https://portal.uniasselvi.com.br/posgraduacao/sc/cursos/neuropsicopedago-
gia-lato-sensu/ead> e/ou <https://portal.uniasselvi.com.br/posgraduacao/sc/
cursos/psicopedagogia-lato-sensu/ead> e confira!
101
b) Terapia ocupacional
Troque a frase:
“Hoje você irá desenhar algo que goste com as cores mais lindas que existem!”.
Por:
“Hoje você irá desenhar um quadrado com as cores disponíveis”.
102
Não utilize expressões populares que não apontam o sentido correto e objetivo,
ou seja, expressões figuradas. Afinal, muitos dos estudantes com o transtorno do espectro
autista não apresentam a habilidade cognitiva para compreender a utilização figurada.
• Escola cognitiva-comportamental
103
• Educação física
• Nutrição
104
FIGURA 11 – PROFISSIONAL DA NUTRIÇÃO
105
DICAS
Confira o vídeo “Projeto define oito tipos de bullying que devem ser evitados
na escola”, encontrado no Youtube. Inclusive, esse material poderá ser compar-
tilhado com demais professores e alunos. Acesse <https://www.youtube.com/
watch?v=psieH5qBIpk>.
106
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
107
AUTOATIVIDADE
1 Quando a escola ou os pais notam a necessidade de realizar uma investigação sobre
certos sintomas na criança, a primeira indicação é o encaminhamento ao profissional
da medicina ou da psicologia. Desta maneira, assinale a alternativa CORRETA:
108
UNIDADE 2 TÓPICO 3 -
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO DO TRANSTORNO
DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/
HIPERATIVIDADE, TRANSTORNO
ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM
E DOS DISTÚRBIOS DE
APRENDIZAGEM
1 INTRODUÇÃO
Outros elementos que deverão ser investigados pelo médico são: nível de
estresse familiar e socioeconômico cultural, pois já é sabido que as crianças oriundas de
lares conturbados (conflitos parentais, violência doméstica ou necessidades financeiras)
apresentam maior chance de transtornos neuropsiquiátricos. A prematuridade, baixo
peso ao nascer e intercorrências perinatais também são fatores de risco para TDAH.
109
Com relação à conduta, a primeira a ser tomada é garantir, através de orientações
à família e escola, um ambiente ideal para os estudos.
110
DICAS
Sugestão de leitura sobre psicanálise e TDAH:
Estudo psicanalítico sobre Transtorno de Déficit de Atenção e/ou Hiperatividade
(TDAH) na infância, artigo escrito em 2020, disponível em: http://pepsic.bvsalud.
org/pdf/cadpsi/v42n43/v42n43a14.pdf.
• Educação física
111
IMPORTANTE
Você sabia que um programa de intervenção psicomotora pode ser bastante proveitoso para crian-
ças com TDAH?
Este trabalho verificou a eficácia de um programa de intervenção psicomotora para crianças com
TDAH. O estudo comparou o desempenho psicomotor e cognitivo de crianças com TDAH submeti-
das e não submetidas a intervenção psicomotora. Participaram do estudo 26 crianças do sexo mas-
culino, sendo 14 com TDAH, divididas em grupo experimental I e II (GE I / GE II), e 12 com desenvolvi-
mento típico agrupados no grupo controle (GC). As crianças do GE realizaram avaliação psicomotora
e cognitiva nos dois momentos, pré e pós-intervenção e foram comparadas
ao GC na avaliação após a intervenção. Houve diferenças estatisticamente
significativas nos escores de classificação do perfil psicomotor e nos testes
de atenção e funções executivas. Foi observada uma tendência de melhora
indicado pelo aumento das médias das funções de noção de corpo, equili-
bração, estruturação espaço temporal, praxia fina, lateralidade e tonicidade,
respectivamente. Os resultados sugerem que a intervenção psicomotora foi
eficaz para o tratamento das crianças com TDAH deste estudo.
112
FIGURA 13 – CAMPANHA CONTRA O ESTIGMA DO TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO/HIPERATIVI-
DADE
DICAS
Uma excelente dica de filme para ser assistido com pais e professores é “Mommy”.
Trata-se de um filme produzido no Canadá, em 2015, e relata a história de uma mãe que
tem muitas dificuldades de lidar com seu filho. Steve foi expulso do reformatório após
causar severos danos à instituição e acaba voltando para a casa da mãe, contudo ambos
enfrentam muitas diversidades devido à hiperatividade de Steve.
Acesse <http://www.adorocinema.com/filmes/filme-223002/criticas-adorocinema/>.
FIGURA 14 – MOMMY
113
3 TRANSTORNO ESPECÍFICO DA APRENDIZAGEM
A avaliação médica consiste na identificação do transtorno, de fatores causais
que podem invalidar o diagnóstico, na identificação de qual ou quantas áreas de
aprendizagem estariam sendo afetadas (leitura, escrita ou matemática) e se existe a
possibilidade de haver problemas pedagógicos e não inerentes à patologia.
IMPORTANTE
Há um grande equívoco em várias páginas na internet quanto à
terminologia das patologias, porém, tenha cuidado! Há pessoas que
confundem os transtornos de aprendizagem com os distúrbios. Aliás,
ao realizar pesquisas na internet para a construção dos seus trabalhos
acadêmicos (paper, projeto), utilize sempre artigos científicos e jamais
esqueça de realizar as devidas referências.
114
• Realizar a leitura das avaliações para o aluno.
• Realizar provas orais se aluno não conseguir escrever as respostas (cuidado para esta
opção não ser considerada “inferior” pelos demais alunos).
• Conferir se o aluno compreendeu de fato o conteúdo apresentado. É interessante
solicitar para que o aluno repita o que foi ensinado.
• Utilizar metodologia de ensino que priorize o exemplo, a atividade prática e a aplicação
do conteúdo.
• Não descontar erros ocorridos pelo transtorno em provas.
• Não corrigir provas ou trabalhos com caneta vermelha.
DICAS
Sugerimos mais um filme incrível para seu aprendizado. Assista “Como Estrelas na Terra”,
uma obra cinematográfica que relata as dificuldades que um menino enfrenta por ter
dislexia. Acesse <https://theprocrastinadores.wordpress.com/2016/02/15/recomendacao-
de-filme-somos-todos-diferentescomo-estrelas-na-terra/>.
4 DISTÚRBIOS DE APRENDIZAGEM
Nos últimos anos, a discussão sobre diversos transtornos mentais tem aparecido
na mídia (internet, televisão), bem como causas, características e tratamentos. Podemos
perceber que também aumentou a discussão sobre os transtornos e distúrbios
relacionados à criança e ao processo de ensino-aprendizagem. Isso é bom! Nos
assustamos quando paramos para refletir e nos damos conta de que, na verdade, por
tantos anos pessoas e mais pessoas deixaram de estudar, deixaram de se desenvolver
porque não sabiam que padeciam de algum transtorno ou distúrbio de aprendizagem.
Ainda hoje, o motivo que geralmente faz os pais levarem seus filhos à consulta do
neuropediatra ou psiquiatra infantil é o comportamento inadequado (rebeldia, agitação,
irritabilidade, comportamento de oposição). A questão é que muitas crianças padecem
de distúrbios de aprendizagens e não são levadas ao tratamento e acompanhamento
profissional adequado, pois são rotuladas como “preguiçosas”, “burras”, “incompetentes”.
115
Desta maneira, profissionais da saúde e da educação especial sempre devem
realizar suas investigações acerca das contingências da realidade do aluno.
ATENÇÃO
Se realmente queremos melhorar a qualidade da educação brasileira não
basta ficar apontando as falhas, criticando, perpetuando a patologização da
educação. Também se faz necessário buscarmos soluções, possibilitarmos
melhorias.
• Especialização em neuropsicologia
116
Outras duas indicações do trabalho do psicólogo clínico aos pacientes
acometidos pelos distúrbios da aprendizagem referem-se ao que é chamado de “ganho
secundário” (expressão de cunho médico). No “ganho secundário”, os sintomas são
desencadeados devido ao transtorno originário. É o caso do paciente que sempre atribui
seus erros e fracassos ao distúrbio.
• Psicopedagogia/neuropsicopedagogia
117
no processamento, ou ainda, no armazenamento da informação, envolvendo áreas
e circuitos neuronais específicos em determinado momento do desenvolvimento12.
Já a Dislexia é uma neurodisfunção que se caracteriza por um rendimento
inferior ao esperado para a idade mental, nível socioeconômico e instrução escolar, e
afeta os processos de decodificação e compreensão da leitura13,14.
Fonte: GONÇALVES, Thaís dos Santos; CRENITTE, Patrícia Abreu Pinheiro. Concepções de professoras
de ensino fundamental sobre os transtornos de aprendizagem. Revista CEFAC [online]. 2014, v. 16,
n. 3 [Acessado 22 Setembro 2021] , pp. 817-829. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1982-
0216201427312>. ISSN 1982-0216. https://doi.org/10.1590/1982-0216201427312.
118
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
119
AUTOATIVIDADE
1 Conforme estudamos neste tópico, algumas complicações no período pré-natal e
nos primeiros dias de vida (prematuridade, baixo peso) podem ser um dos fatores
relacionados à causa do transtorno de déficit de atenção/hiperatividade. Além disso,
é comum os pacientes possuírem um ambiente familiar conturbado. Referente ao
TDAH, assinale a alternativa CORRETA:
120
UNIDADE 2 TÓPICO 4 -
AVALIAÇÃO E ACOMPANHAMENTO
TERAPÊUTICO DO TRANSTORNO
OPOSITOR DESAFIANTE/
TRANSTORNO DE CONDUTA/
TRANSTORNO EXPLOSIVO
INTERMITENTE
1 INTRODUÇÃO
Vamos estudar com dedicação nosso último tópico da Unidade 2? E aí, quantos
recursos legais existem e que farão a diferença no nosso dia a dia na educação especial,
não é mesmo?
121
• TDAH: o paciente com transtorno de déficit de atenção/hiperatividade geralmente
não aceita orientações dos pais, professores e outros a sua volta. A criança apresenta
falas e comportamentos de oposição nas situações relacionadas a sua falha em
atender às solicitações que demandam esforço ou atenção sustentada.
• Conduta médica
• Os educadores especiais devem orientar os pais para que ambos concordem quanto
às regras e rotinas diárias.
• Realizar as solicitações ao aluno sempre de maneira clara e objetiva (não utilizar
expressões no sentido figurado).
• Após o aluno realizar ações corretas e comportamentos adequados, elogiá-lo
na sequência e referente àquele acerto (reforço positivo). Exemplo: “Parabéns,
Joãozinho! Você fez (indicar o comportamento) corretamente!”
• O educador especial deve perceber quais motivos são eliciadores do comportamento
de oposição do aluno.
• Aguardar a crise de oposição terminar para posteriormente orientar o aluno.
122
3 TRANSTORNO DE CONDUTA
No transtorno de conduta é muito importante a realização do diagnóstico
diferencial e a investigação das comorbidades (como estudamos na Unidade 1, Tópico
5). Trata-se de um transtorno complexo e pode ser confundido com o TDAH quando há
predominância do comportamento hiperativo, devido aos sintomas de agressividade e
impulsividade.
NOTA
Um transtorno de conduta envolve um padrão repetitivo de comportamento que
viola os direitos básicos de terceiros
Crianças com transtorno de conduta são egoístas e insensíveis aos sentimentos dos outros
e podem assediar outras crianças, danificar propriedade, mentir ou furtar sem culpa. Os
médicos baseiam o diagnóstico no histórico do comportamento da criança.
Ainda que algumas crianças se comportem melhor do que outras, crianças que, de modo
repetitivo e constante, violam as regras e os direitos dos demais
de forma inadequada para sua idade, têm um transtorno de
conduta. Transtornos de conduta em geral começam durante o
final da infância ou no início da adolescência e são mais comuns em
meninos do que em meninas.
123
A avaliação e o tratamento psicológico do transtorno de conduta seguirão
o mesmo preceito indicado anteriormente no item “avaliação e acompanhamento
psicológico” no transtorno opositor desafiante.
124
A participação dos pais na escola será muito importante para os alunos com o
transtorno de conduta. O vínculo pais e professores deverá ser estabelecido sob algumas
regras, pois é comum que os pais dos alunos apresentem as seguintes características:
• ansiedade;
• estresse;
• negação: ao falar sobre o filho, os pais negam a existência do problema ou das
dificuldades de relacionamento em casa;
• irritabilidade/agressividade: alguns pais também costumam apresentar tais
características e inclusive serem assim com os professores, educadores sociais,
gestores e profissionais da saúde;
• são “prioridade”: os pais solicitam conversar com os professores a qualquer momento;
• realizam cobranças, mas não “dão exemplo”: são pais que cobram muito dos
educadores especiais, mas muitas vezes não participam das reuniões de pais e
professores, por exemplo.
ESTUDOS FUTUROS
Na última unidade, vamos conversar mais sobre este tema tão
importante, que é o estabelecimento de vínculo sadio e produtivo
entre pais e escola.
125
LEITURA
COMPLEMENTAR
COMO O CRACK E OUTRAS DROGAS PODEM INFLUENCIAR NO
DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS QUE FORAM EXPOSTAS DURANTE O PERÍODO
GESTACIONAL
Introdução
126
em pó, o que faz o sujeito querer mais em poucos minutos, ocasionando na conhecida
“fissura”. A fissura é a necessidade de não sentir desconforto causado pela ausência
do crack (Unidade, 2011, p. 9, apud Camargo; Martins, 2014). A fissura ao crack pode
ser considerada como um dos pilares responsáveis pela dependência da droga, sendo
caracterizada pela sua busca constante a fim de combater o “desconforto” causado
pela falta dela. O crack é uma droga de efeito rápido cujo consumo tem caráter
compulsivo (Reis; Moreira, 2013).
Para Bordin et al. (2010), não existe uma fronteira clara entre uso, abuso e
dependência. Poderíamos definir o uso como qualquer consumo de substâncias, seja
para experimentar, seja esporádico ou episódico; abuso ou uso nocivo como o consumo
de substâncias já associado a algum tipo de prejuízo (biológico, psicológico ou social); e,
por fim, dependência como o consumo sem controle, geralmente associado a problemas
sérios para o usuário.
Conclusão
Os resultados obtidos por meio das pesquisas citadas no atual artigo até o
momento são baseados em poucos estudos concretizados. Dessa forma, observa-se a
necessidade de buscar dados nacionais atualizados, pois no momento os números de
produções bibliográficas são limitados.
127
tratar a questão de drogas no país, e que deve envolver equipes multidisciplinares
em sua abordagem. Tendo em vista as consequências do uso do crack durante
a gestação, poderiam ser colocadas em prática ações que tratem sobre o tema.
Tais ações deveriam ser praticadas dentro de escolas, instituições de reabilitação,
por meio da mídia, entre outros locais, para que desde cedo os jovens percebam a
gravidade do uso da droga e o quão prejudicial pode ser para o seu filho, visando à
conscientização e buscando uma redução de uso e consequentemente um menor
índice de crianças prejudicadas por essa exposição.
128
RESUMO DO TÓPICO 4
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
129
AUTOATIVIDADE
1 A terapêutica farmacológica é uma aliada no tratamento do transtorno opositor
desafiante, em que são utilizados medicamentos como neurolépticos, estimulantes e
antidepressivos. Assim, é importante que:
2 É muito comum os pais dos alunos acometidos por transtorno opositor desafiante,
transtorno de conduta ou transtorno explosivo intermitente apresentarem estresse,
ansiedade e negação. Desta maneira, escreva sobre a importância do diálogo entre pais
e educador social e quais elementos são fundamentais para ambos serem parceiros na
construção educativa e social do aluno.
130
UNIDADE 3 —
DESAFIOS ATUAIS NA
INFÂNCIA BRASILEIRA
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:
PLANO DE ESTUDOS
Esta unidade está dividida em quatro tópicos. No decorrer dela, você encontrará auto-
atividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
CHAMADA
Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure
um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.
131
CONFIRA
A TRILHA DA
UNIDADE 3!
Acesse o
QR Code abaixo:
132
UNIDADE 3 TÓPICO 1 —
TECNOLOGIA, SAÚDE E EDUCAÇÃO:
TRÍPLICE DA MUDANÇA
1 INTRODUÇÃO
Estamos na última unidade do livro de estudos e até aqui aprendemos as
características e definições dos transtornos, as avaliações e condutas de tratamentos e
as orientações ao profissional da educação especial.
Nestes últimos tópicos de estudo, vamos nos possibilitar refletir sobre questões
e práticas na atualidade envolvendo a saúde e a educação na infância. O conhecimento
atualizado e de qualidade acadêmica, a prática sob ética e resultados positivos e
construtivos são fundamentais na formação dos profissionais, contudo, sempre há a
necessidade de expressarmos nossa melhor intenção e criatividade sobre a sociedade e
projetar um futuro melhor para nós. Desta maneira, aproveite os temas abordados para
desenvolver práticas diferenciadas. Bons estudos!
133
Separar a leitura das mensagens em períodos específicos. As mensagens do grupo
da família, deixe para olhar somente à noite, dentro de um prazo de 20 minutos.
Desta maneira, seu corpo consegue entender o início-meio-fim das atividades, não
sobrecarregando sua psique.
• Definir horários para utilizá-lo e mantê-lo desligado quando não estiver usando.
• Organizar dias para verificar as redes sociais, pois são muitas e isso pode sobrecarregar
sua produtividade, atenção e equilíbrio emocional. Assim, deixe algumas redes sociais
para verificar apenas aos finais de semana.
134
DICAS
Confira o vídeo do Youtube denominado Tecnologia na Vida das Crianças e compartilhe
com os demais profissionais da educação especial, pedagogia e professores. Acesse o link
<https://www.youtube.com/watch?v=MWEHbnlaFUQ>.
Fonte: NOBRE, Juliana Nogueira Pontes et al. Fatores determinantes no tempo de tela de crianças na
primeira infância. Ciência & Saúde Coletiva [online]. 2021, v. 26, n. 3 [Acessado 20 Setembro 2021] ,
pp. 1127-1136. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1413-81232021263.00602019>. Epub
15 Mar 2021. ISSN 1678-4561. https://doi.org/10.1590/1413-81232021263.00602019.
135
ATENÇÃO
Não devemos proibir as crianças quanto ao uso do telefone celular, mas ensinar o uso
sadio e consciente a partir do estabelecimento de períodos, posicionamento físico (para
não gerar má postura), aplicativos adequados, cuidados com emissão de radiação. Lembre-
se de que a internet não é uma realidade alternativa, mas um elemento de comunicação
da nossa realidade física que deve ser limitada e disciplinada.
NOTA
10 motivos para proibir os smartphones para crianças menores de 12 anos
Como controlar o uso das novas tecnologias nos bebês e nas crianças
3. Obesidade infantil
O sedentarismo que implica o uso das tecnologias é um problema que
está aumentando entre as crianças. Obesidade leva a problemas de
saúde, como o diabetes, problemas vasculares e cardíacos.
136
5. Doença mental
Alguns estudos comprovam que o uso excessivo das novas tecnologias está aumentando as taxas
de depressão e ansiedade infantil, distúrbios do processo de vinculação entre pais e filhos, déficit de
atenção, transtorno bipolar, psicose e outros problemas de conduta infantil.
8. Vício infantil
Os estudos demonstram que uma em cada onze crianças é viciada nas novas tecnologias. Cada vez
que as crianças usam os dispositivos móveis, elas se distanciam do seu meio, de amigos e familiares.
9. Muita radiação
A Organização Mundial da Saúde (OMS) classifica os celulares como um risco na emissão de radiação.
As crianças são mais sensíveis a esses agentes e existe o risco maior de contrair doenças, como
o câncer.
10. Superexposição
A constante superexposição das crianças à tecnologia as torna vulneráveis, sujeitas a serem
exploradas e expostas a abusos. Além disso, os especialistas concordam que ficar horas conectadas
ao celular ou tablet é prejudicial ao desenvolvimento das crianças. Os estudiosos acreditam que
geram crianças mais passivas e que não sabem interagir ou ter contato físico com outras pessoas.
Ainda que entendam que as novas tecnologias façam parte da sua vida, eles acreditam que não
devem substituir a leitura de um livro ou o tempo de brincadeira com irmãos, pais e amigos.
137
a um prêmio. Desta maneira, já trabalhará o aspecto de autocontrole e organização,
auxiliando na diminuição de desatenção, procrastinação (deixar para depois), formação
de rotina e produtividade.
Conforme Garcia (2000 apud VACCARI; ALMEIDA, 2007), a relação entre animais
e crianças pode trazer resultados nos seguintes aspectos:
Além da ioga ser uma atividade física diferenciada e que também trabalha o lúdico,
138
FIGURA 3 – REALIZAÇÃO DE IOGA COM CRIANÇAS
139
futuro com menos problemas de saúde causados pela inatividade física, estresse,
tensões, respiração incorreta, ausência de valores e exercícios mal prescritos e/ou
inadequados à faixa etária”.
DICAS
Assista ao vídeo do Youtube denominado Conhece a ti mesmo, apresentado por Leandro
Karnal (você também pode acessar por meio deste link <https://www.youtube.com/
watch?v=LRBYmsuyFYI>.
140
AUTOATIVIDADE
Conhecer a si mesmo é uma parte importante para o desenvolvimento pessoal. Nesse
contexto, escreva características positivas e negativas sobre si, afinal, Conheça a ti.
DICAS
O vídeo a seguir, encontrado também no Youtube, apresenta as doenças mentais
encontradas na classe dos educadores, como o Transtorno do Humor Deprimido (depressão)
e a Síndrome de Burnout. Acesse <https://www.youtube.com/watch?v=vxQ9GmXRCkc> e
confira!
• motivação;
• foco e atenção;
• organização do tempo;
• organização financeira;
• qualidade nos relacionamentos afetivos;
• criatividade;
• aplicação da matemática no dia a dia;
• paciência e autocontrole.
141
Ao implementar e ampliar tais habilidades o quanto antes, irá gerar mais
qualidade na vida dos alunos, o que ajudará no desenvolvimento educativo e na melhora
da qualidade socioeconômica do país. É importante sempre respeitar as necessidades
de cada aluno para a implementação dessas atividades.
142
FIGURA 5 – PAINEL DE OBJETIVOS PARA CRIANÇAS
Minhas
Tarefas
S T Q Q S S
Arrumar a
Cama
Guardar os
Brinquedos
Fazer Lição
de Casa
143
Os estudos com crianças já existentes vêm demonstrando resultados
promissores que corroboram a ideia de que as intervenções nessa população
também podem trazer esses benefícios para o desenvolvimento saudável e bem-
estar. O treinamento em mindfulness com crianças tem sido associado a uma
melhora na atenção (Black & Fernando, 2014; Semple et al., 2010), nas funções
executivas (Flook et al., 2010; Schonert-Reichl et al., 2015), na regulação cognitiva
(Black e Fernando, 2014; Mendelson et al., 2010; Schonert-Reichl et al., 2015) e
emocional (Black e Fernando, 2014; Cotton et al., 2016; Mendelson et al., 2010;
Schonert-Reichl et al., 2015), no otimismo e empatia (Schonert-Reichl et al., 2015),
comportamentos pró-sociais (Black e Fernando, 2014; Schonert-Reichl et al., 2015)
e uma diminuição na depressão (Liehr e Diaz, 2010; Schonert-Reichl et al., 2015),
ansiedade (Cotton et al., 2016; Semple et al., 2005) e comportamentos agressivos
(Lee et al., 2008; Schonert-Reichl et al., 2015).
A maior parte das pesquisas com intervenções baseadas em mindfulness para
crianças é desenvolvida em escolas e com população não clínica e apresentam limitações
metodológicas importantes, tais como a escassez de estudos experimentais randomizados
e de grupo controle ativo, além de a utilização de diversos métodos sem detalhar os
programas (Felver et. al., 2016). Dessa forma, acabam sugerindo uma possível aplicação
desse tipo de intervenção, com resultados preliminares e pouco consistentes ainda.
Até o momento, existem poucos estudos que investiguem os efeitos
de intervenções baseadas em mindfulness em crianças com níveis clínicos
de psicopatologia. Em meta análise recente sobre intervenções baseadas
em mindfulness para crianças foram apontados efeitos maiores em população clínica
(Zoogman et. al., 015) embora os estudos com essa população sejam escassos.
Fonte: FORTES, Paula Madeira et al . Mindfulness em crianças com ansiedade e depressão: uma
revisão sistemática de ensaios clínicos. Contextos Clínic, São Leopoldo , v. 12, n. 2, p. 584-
598, ago. 2019 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1983-34822019000200010&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 set. 2021. http://dx.doi.
org/10.4013/ctc.2019.122.09.
NOTA
Exemplos de Exercícios de Mindfulness (auxilia na atenção, foco e relaxamento)
para crianças
RECORDANDO OBJETOS
Leve seu filho para um passeio em um entorno específico: um bosque,
o caminho para o colégio, um trajeto de carro, uma rua, uma visita
a um museu. Explique a ele que desta vez farão Mindfulness. Dessa
forma, deve estar bem atento a tudo o que vê pelo caminho. Ao
finalizar o passeio, peça-lhe que recorde cinco coisas que tenha visto.
Que coisas eram (uma árvore, um animal, um prédio…)? Como era
cada coisa? Motive-o a perceber as qualidades de cada uma dessas
coisas recordadas, sem julgá-las, sem dizer se é bom ou ruim, bonito
ou feio, simplesmente apreciando as características que a formam.
144
VEJO VOCÊ
Vejo você é uma atividade que motiva o desenvolvimento da emoção. É uma ferramenta
maravilhosa para despertar a empatia e criar vínculos afetivos. O jogo deve ser realizado
em duplas, um de frente para o outro. Durante um tempo, temos de olhar-nos nos olhos
sem perder o contato. Manter a mirada atenta é o foco de concentração.
Transtorno
de Humor Educação
Depressão Burnout Sedentarismo
Deprimido Infantil
Professor Professor Professores
Professores Burnout
* Aproveite os dois quadrantes em aberto para preencher com mais sugestões de palavras-chave. Busque o
comportamento de pesquisar e saber pesquisar nos locais corretos da internet. Lembre-se de que, ao utilizar
nosso material pesquisado, você deve utilizar somente sob citações e com as devidas referências (conforme
ABNT).
145
LEITURA
COMPLEMENTAR
AGRESSIVIDADE INFANTIL NO CONTEXTO ESCOLAR: CONTRIBUIÇÕES DO
PSICÓLOGO PARA A FORMAÇÃO DE PROFESSORES
1 INTRODUÇÃO
146
2013). A psicologia escolar traz como necessidade compreender como os educadores,
os alunos e a instituição vivenciam sua implantação e concepção dentro das escolas
(ANTUNES, 2008).
Assim, este trabalho tem como objetivo demonstrar a importância dos saberes
do psicólogo escolar para contribuir na formação dos professores frente à agressividade
infantil, mostrando a importância desse assunto e levando em consideração que
esses profissionais estão trabalhando com a base da escolarização, o primeiro contato
socializador fora da família com que a criança se depara.
Gagliotto, Berté e Vale (2012) falam que, ao nascer, a criança chora e grita,
esse é o primeiro sinal da sua agressividade. Normalmente, as crianças apresentam
comportamento agressivo frente a situações que as rodeiam, são comportamentos que
não necessariamente visem prejudicar ou violentar alguém, podendo simplesmente ser
uma manifestação ou medo por alguma situação e, assim, reagir de forma agressiva,
sem a intenção de machucar.
147
suprir a carência da formação profissional junto à formação continuada do docente, um
trabalho voltado para as situações de agressividade em contexto escolar. Há, inclusive,
neste âmbito, alguns estudos que geraram conhecimento científico sobre práticas
de prevenção e remediação que o docente pode operar diante de comportamentos
agressivos dos alunos. (SILVA et al., 2015)
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
148
Diante das informações aqui apresentadas, conclui-se que, independentemente
de teorias, os autores concordam que os profissionais preparados na educação infantil
são de fundamental importância para a orientação e intervenção nas reações agressivas
dos alunos no cotidiano escolar. Considera-se, assim, que o compromisso da Psicologia
Escolar tem uma perspectiva de humanizar as relações e as práticas nas escolas, sendo
imprescindível que os professores participem como aliados nessa luta desse profissional,
que tem papel importante para sua formação.
149
RESUMO DO TÓPICO 1
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• A utilização de telefone celular por crianças deve ser limitada e também é uma
oportunidade para trabalhar atividades escolares, a interação entre alunos e pais e o
desenvolvimento do autocontrole.
150
AUTOATIVIDADE
1 A leitura do artigo intitulado “A aprendizagem socioemocional pode transformar
a educação infantil no Brasil” escrito em 2017 por Ana Luiza Raggio Colagrossi e
Geórgia Vassimon, nos mostra que a yoga pode ser utilizada com crianças a fim de
auxiliá-las a refletirem acerca das formas pelas quais constroem e processam seus
pensamentos. Desta maneira, assinale a alternativa CORRETA:
2 Estudamos sobre o uso consciente do telefone celular, tanto para nós quanto para
nossos alunos, bem como a possibilidade de integrar o uso do aparelho (quando
possível) no processo de ensino-aprendizagem. Nesse contexto, assinale a alternativa
CORRETA:
151
152
UNIDADE 3 TÓPICO 2 -
RELACIONAMENTO E COMUNICAÇÃO
ENTRE PROFISSIONAIS DA SAÚDE E
DA EDUCAÇÃO
1 INTRODUÇÃO
A educação e a saúde são áreas com práticas diferentes, mas ambas são
essenciais para nossa sociedade.
2 ESPECIALIDADES MÉDICAS
É natural que, em dados momentos da nossa vida, precisemos nos consultar
com um profissional da medicina para a realização de avaliação e tratamento. Sabemos
que o vestibular para o curso de Medicina é concorrido e que o curso é caro. Mas afinal,
temos o conhecimento básico e informativo sobre a formação acadêmica do médico?
153
Como estudamos na Unidade 2, as especialidades da medicina que atenderão
aos alunos com transtornos mentais são: Neuropediatria e/ou Psiquiatria Infantil – no
caso de crianças e adolescentes; Neurologia e/ou Psiquiatria – pacientes adultos. Os
referidos especialistas possuem o conhecimento médico atualizado e com profundidade
técnica e teórica sobre os transtornos do neurodesenvolvimento.
• Evitar falas do tipo: “Nossa, o outro médico indicaria algo mais barato!”
• Evitar comparações de tratamentos, médicos, medicamentos – muitos pais e alunos
buscam qualquer motivo para abandonar o tratamento e continuar com os sintomas
e problemas de saúde.
• Psicologia Clínica;
• Psicologia Organizacional;
• Psicologia Hospitalar;
• Psicologia do Esporte;
• Psicologia do Trânsito;
• Psicologia Jurídica;
• Perícias em Psicologia;
• Psicologia Escolar;
• Psicologia Social.
154
Após a conclusão da graduação em Psicologia será necessária a realização do
requerimento junto ao Conselho Regional de Psicologia para tornar-se um psicólogo
com licença na classe e regulamentado. Além disso, próximo à conclusão da graduação
ou no final dela é possível a realização de curso de especialização nas áreas citadas
anteriormente ou até mesmo em outras áreas. Inclusive, o psicólogo poderá realizar
curso de especialização em Psicopedagogia ou Neuropsicopedagogia.
NOTA
Vamos aproveitar e estudar brevemente sobre os Princípios Fundamentais contidos
no Código de Ética do Psicólogo no Brasil. É importante sabermos cada vez mais sobre
tais princípios éticos dos profissionais da Psicologia e demais profissionais, para juntos
construirmos ações de saúde e educação melhores em nosso país.
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS
155
2.2 COMUNICAÇÃO ESCRITA: DA ESCOLA PARA O
PROFISSIONAL DA SAÚDE
Como já estudamos, muitas vezes haverá a necessidade do encaminhamento
de alunos aos profissionais da saúde. Desta maneira, apresentamos a seguir o modelo
de documento para encaminhamento, o qual você pode utilizar quando necessário:
Atenciosamente
Nome do Educador
Educador Especial
A aluna Ariane Regis, 8 anos, matriculada no terceiro ano da nossa escola, apresenta
no momento as seguintes dificuldades na sala de aula: não completa as atividades, parece
não ouvir as solicitações da professora e apresenta agitação.
Atenciosamente
Monteiro Lobato
Educador Especial
157
QUADRO 3 – MODELO DE RELATÓRIO
Atenciosamente
Monteiro Lobato
Educador Especial
ATENÇÃO
Acadêmico, lembre-se de sempre confeccionar quatro cópias assinadas e
uma você mantém consigo.
158
NOTA
CONCEITO E FINALIDADE DO RELATÓRIO OU LAUDO PSICOLÓGICO
159
RESUMO DO TÓPICO 2
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
160
AUTOATIVIDADE
1 A emissão dos documentos confeccionados pelos psicólogos deve seguir a Resolução
CFP nº 007/2003 do Conselho Federal de Psicologia. Nesse contexto, assinale a
alternativa CORRETA:
Informações: Aluna: Luiza Souza, idade 10 anos, 4ª fase (série), apresenta dificuldade de
leitura e escrita, os pais dizem que ela é desatenta em casa.
Ao Médico Neuropediatra
_________________________________________________
_________________________________________________
_________________________________________________
Além disso, os pais
relataram:________________________________________
Respeitosamente, solicitamos a avaliação e conduta do Dr.
Atenciosamente
Educador Especial
161
162
UNIDADE 3 TÓPICO 3 -
A IMPORTÂNCIA DO NÃO ROTULAR
1 INTRODUÇÃO
Neste tópico, conversaremos sobre alguns cuidados que deverão ser tomados
por nós, profissionais da educação e educação especial: a importância do não rotular.
163
QUADRO 4 – SUGESTÃO PARA TRABALHAR A AFETIVIDADE COM OS ALUNOS
Qualidades
Classe de
Ação a desenvolver comportamentais Dificuldades
“afetividade”
reforçadas
Solicitar para respirar
profundamente.
Atos impulsivos, atos
Raiva. Autocontrole.
Tranquilizar através de agressividade.
de palavras: “Pense
antes de agir!”
Pontuar pontos
positivos ao realizar a
atividade.
Procrastinação (deixar
Desinteresse. Automotivação.
Realizar reforço para depois).
positivo quando
o aluno concluir a
atividade.
FONTE: Os autores
DICAS
Acadêmico, você pode acessar o Portal do Professor no site do
Ministério da Educação. O portal é composto por vários cursos,
materiais, modelos de aulas e fóruns. Nesses espaços, os educadores
e educadores especiais podem trocar ideias e matérias, para juntos
realizarem atualização e formação digital. Que legal, não é mesmo?
Acesse <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/> e confira!
164
3 CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA SOBRE O NÃO
ROTULAR
Segundo Oliveira (2004 apud SAMPAIO, 2013), o educador é o mediador da
relação aluno-conhecimento (conhecimento científico e demais temas trabalhados
nas organizações educacionais). Desta maneira, o DISCURSO, ou seja, as palavras e as
intenções das palavras – e as ATITUDES do professor (expectativas sobre o aluno) são
geradas a partir das concepções que o professor tem dele mesmo.
DICAS
Você notou que nessa citação direta consta a expressão “deficiente
mental”? É válido ressaltar que na atualidade convencionou-se
utilizar a expressão pessoa com deficiência intelectual e não
mais “deficiente mental”.
Por se tratar de uma citação direta deixamos conforme as palavras
literais do autor.
A título de informação, é pertinente mencionar que em outros
períodos históricos outros termos foram sendo usados, tais
como: “[...] inválido, anormal, especial, excepcional, imbecil;
débil, mongoloide, atrasado, treinável, adestrável”[...]” (BRAGA;
SCHUMACHER, 2013, p. 380).
165
Essas expressões não fazem mais parte do contexto de inclusão atual.
Fonte: BRAGA, Mariana Moron Saes; SCHUMACHER, Aluisio AlmeidaDireito e inclusão da pessoa
com deficiência: uma análise orientada pela teoria do reconhecimento social de Axel Honneth. So-
ciedade e Estado [online]. 2013, v. 28, n. 2 [Acessado 21 Setembro 2021] , pp. 375-392. Disponível
em: <https://doi.org/10.1590/S0102-69922013000200010>. Epub 11 Nov 2013. ISSN 1980-
5462. https://doi.org/10.1590/S0102-69922013000200010.
166
As inúmeras manifestações ou sintomas desse mal estar profissional,
expressos por depressão, desilusão, desmotivação (Marinho-Araújo & Almeida, 2005)
e até o abandono da profissão (Lapo & Bueno, 2003) tomam a escola como realidade
indiscutível de intervenção do psicólogo. Assim, pode-se reaproximar o professor de
sua trajetória profissional e de seu vínculo afetivo com o valor de seu trabalho, e fazê-
lo restabelecer o sentido no objeto de seu trabalho. Um trabalho de escuta clínica
auxiliaria o professor a perceber-se nesses conflitos (Marinho-Araújo & Almeida,
2005).
Fonte: PATIAS, Naiana Dapieve; BLANCO, Hartmann Monte; ABAID, Josiane Lieberknecht Wathier.
Psicologia escolar: proposta de intervenção com professores. Cad. psicopedag., São Paulo , v. 7, n.
13, p. 42-60, 2009 . Disponível em <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pi-
d=S1676-10492009000100003&lng=pt&nrm=iso>. acessos em 20 set. 2021.
DICAS
Veja um pouco mais sobre o tema assistindo ao vídeo denominado
Rótulos / Labels / Etiquetar | Conversa com Criança | Psicóloga Infantil
Daniella Freixo de Faria, encontrado no Youtube. Acesse <https://
www.youtube.com/watch?v=EzEwuUK63rU> e confira!
167
RESUMO DO TÓPICO 3
Neste tópico, você adquiriu certos aprendizados, como:
• O professor deve ver além das condições físicas geradas pela deficiência intelectual
do aluno (ou de qualquer outro transtorno), isto é, saber sua história, desejos, inclusive
quais desejos interiores o impulsionam a aprender.
168
AUTOATIVIDADE
1 Conforme estudamos, a afetividade é importante no processo de ensino-
aprendizagem. Com base nessa informação, realize uma breve pesquisa nos artigos
científicos e elabore uma citação indireta sobre o tema (verificar normatização da
ABNT).
2 Uma das dicas citadas neste tópico foi sobre o Portal do Professor. Realize uma breve
pesquisa no Portal e escreva duas ideias criativas e inovadoras para serem utilizadas
como estratégia de ensino (planejamento de aula).
169
170
UNIDADE 3 TÓPICO 4 -
A ÉTICA NA EDUCAÇÃO ESPECIAL
1 INTRODUÇÃO
Caro acadêmico, estamos no último tópico do livro de estudos. Já aprendemos
muito desde o primeiro tópico da Unidade 1 até aqui, e isso é maravilhoso! O presente
livro traz o conhecimento mais atualizado e de qualidade para sua formação acadêmica
e profissional, contudo, o que faz um profissional se destacar dos demais é a disciplina
nos estudos (estudar um pouquinho, mas todos os dias), a fonte das suas pesquisas
– utilizar Base de Dados, a Biblioteca Virtual da UNIASSELVI, o desejo de ser o melhor
educador e compartilhar um mundo melhor com seus alunos e companheiros de
profissão. É possível, sim!
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todos os animais e o animal obedece. O homem experimenta a mesma expressão,
mas reconhece-se livre de concordar ou de resistir; e é sobretudo na consciência
desta liberdade que se mostra a espiritualidade da sua alma; porque a física explica
dalguma maneira o mecanismo dos sentidos e a formação das idéias; mas no poder
de querer ou, antes, de escolher, e no sentimento deste poder só se encontram atos
puramente espirituais, que não se conseguem explicar absolutamente nada pelas leis
da mecânica. (Rousseau, 1976, p. 33)
Depreende-se do trecho acima transcrito que a tônica do pensamento
rousseauniano reside na qualificação do dilema ético como um problema expresso
antes na vontade humana do que na razão; mais do que isso, o homem, como ser
capaz de tomar decisões, como ser capaz de se afastar da regra prescrita, teria nessa
força da vontade seu principal distintivo de humanidade. Tendo na piedade sua virtude
originária, o homem civil distingue o bem do mal: nessa opção estaria dada a escolha
ética. As crianças, assim como o homem no estado de natureza, não conhecem tal
distinção: daí a ausência de virtude na bondade natural; portadora apenas da piedade
originária. O aprendizado da ética virá pelo exemplo, pela revelação, pela imitação.
Parte-se do amor de si para desenvolver o amor pelo outro. O pudor, portanto, nasce
do conhecimento do mal. Nos termos de Rousseau, sendo que a amizade costuma
ser o primeiro sentimento do jovem educado, será a partir da sensibilidade por sua
prática originada que o indivíduo adquirirá "sementes de humanidade" (idem, 1979, p.
242). Sendo a ética, em Rousseau como em Aristóteles, antes uma prática do que um
aprendizado conceitual, recomendará o educador do Emílio:
Em uma palavra, ensinai a vosso aluno a amar todos os homens, inclusive os
que o desdenham; fazei com que ele não se coloque em nenhuma classe, mas que se
encontre em todas; falai diante dele, e com ternura, do gênero humano, com piedade
até, mas nunca com desprezo. Homem, não desonres o homem. (Idem, p. 242).
A liberdade residiria, em Rousseau, no coração do homem. Tal sensibilidade
seria - note-se - passível de educação. Ora, como o homem conteria em si aquele
princípio inato de justiça expresso na idéia de piedade, existe possibilidade e
necessidade de desenvolver tal disposição - de maneira a, para utilizar a expressão
aristotélica, transformar a potência em ato.
Fonte: BOTO, Carlota. Ética e educação clássica: virtude e felicidade no justo meio. Educação & Socie-
dade [online]. 2001, v. 22, n. 76 [Acessado 21 Setembro 2021] , pp. 121-146. Disponível em: <https://
doi.org/10.1590/S0101-73302001000300008>. Epub 25 Out 2001. ISSN 1678-4626. https://doi.
org/10.1590/S0101-73302001000300008.
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FIGURA 6 – FILÓSOFO JEAN-JACQUES ROUSSEAU (1712-1778)
DICAS
Uma ótima dica de leitura para suas horas de folga é o livro Qual é a tua Obra?, do professor Mário
Sérgio Cortella, Editora 7, 2009.
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• Escreva um documento denominado Vínculo Professor e Pais contendo todas as
condutas para o atendimento. É interessante realizar duas cópias, sendo que uma
fica retida com o professor e é assinada pelos pais.
• Limita-se a colocar neste documento a conduta de não atender pais por redes
sociais (Facebook, Whatsapp), pois tal modalidade de comunicação pode gerar falhas
de entendimento e o professor poderá perder sua privacidade e não ter tempo para o
descanso.
• Defina um dia da semana para receber os pais na escola, por exemplo, nas quintas-
feiras, das 13 às 14 horas. Deixe sempre esse dia e esse horário para os atendimentos
e atenda-os somente nesta especificação, salvo reuniões escolares ou entregas
de boletim. Escolha um horário em que os alunos já tenham atividades ou prepare
material específico, mas que estes percebam que a conversa entre pais e o professor é
importante, e que de fato isto é bom para eles.
• Ao conversar com os pais, inicie a conversa elogiando, falando sobre as qualidades do
aluno; depois poderá apresentar as dificuldades, mas sempre sugerindo mudanças
claras e específicas.
• Sempre conclua a conversa com os pais com atitudes e definições práticas.
• Elogie os comportamentos corretos dos pais e ouça suas lamentações, pois muitos
pais são carentes de apoio e incentivo.
FONTE: Os autores
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ATENÇÃO
Caro acadêmico, lembre-se de que é necessário realizar duas cópias, sendo que
uma ficará com o professor e deverá ser assinada pelos pais, bem como colocar
a data. Utilizar o planejamento para guiar os atendimentos e para verificar o
desenvolvimento e a construção de melhores comportamentos e bons resul-
tados.
DICAS
Há diversos autores que, além de oferecerem ótimas leituras, também compar-
tilham falas fabulosas. Sugerimos que você acompanhe a discussão filosófica
sobre ética no vídeo O que é Ética, disponível no link <https://www.youtube.
com/watch?v=Q-CcfQXJJhc>. Vale a pena conferir!
4 ESTUDOS DE CASO
O relato de experiências multiprofissionais, além de possibilitar mais
conhecimento, nos permite refletir sobre os comportamentos adequados a serem
seguidos (conforme condição ética e produções científicas).
175
Caso Clínico 1
Parte 1
A criança S. tem histórico pré e perinatais normais, isto é, não houve nenhum
problema de saúde com a criança durante a gestação e os primeiros dias como
recém-nascido. Inclusive, teve seu desenvolvimento normal, em que falou e andou
dentro do tempo esperado.
Parte 2
Ao realizar atendimento com a mãe (anamnese médica), ela relata que o paciente
apresenta agitação intensa em casa, tem bom relacionamento com a família e amigos da
rua. Assim, o médico aplicou exame de verificação de sintomas (escala para TDAH) e, de
fato, evidenciaram-se sinais compatíveis com a hiperatividade.
Resolução
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Caso Clínico 2
A criança é considerada uma pessoa tímida em casa, pois não gosta de brincar
com muitas pessoas, nem de ir a festas de aniversário ou ao shopping. Tem fascínio
por livros, placas de carros e anúncios de publicidade. Geralmente é impaciente e,
quando contrariado, agride pessoas e não mostra remorso quanto a isso.
As hipóteses diagnósticas do médico para o caso são: Será que é transtorno
de conduta? A partir dos sintomas e comportamentos relatados acima, poderia
ser transtorno do espectro autista? Ou alguma outra variante, como a timidez, por
exemplo?
Conclusão
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LEITURA
COMPLEMENTAR
CÓDIGO DE ÉTICA DO PROFISSIONAL PEDAGOGO
ASSOCIAÇÃO UNIVERSITÁRIA DE PEDAGOGIA DO BRASIL
178
CAPÍTULO II: Dos Deveres Fundamentais
179
Art. 3° Ao profissional pedagogo fica vedado:
a. favorecer, de qualquer forma, pessoa que exerça ilegalmente e, em desacordo a este
Código de Ética, a profissão de pedagogo;
b. usar títulos que não possua;
c. usar de privilégio profissional ou faculdade decorrente de função para fins
discriminatórios ou para auferir vantagens pessoais;
d. desviar, para atendimento particular próprio, os casos da instituição onde trabalha;
e. usar ou permitir tráfico de influência para obtenção de emprego desrespeitando
concursos ou processos seletivos;
f. induzir a convicções políticas, filosóficas, morais ou religiosas, quando do exercício de
suas funções profissionais;
g. adulterar, interferir em resultados e fazer declarações falsas;
h. apresentar publicamente os resultados de desempenho de indivíduos ou de grupos,
que os depreciem;
i. exercer sua autoridade de maneira a limitar ou cercear o direito de participação do
próximo e decidir livremente sobre seus interesses, sem anuência do mesmo;
j. descumprir normas técnicas e princípios teóricos que embasam a ação do profissional
pedagogo, deixando de divulgar os conhecimentos científicos, artísticos e tecnológicos
inerentes à profissão.
Art. 5° Guardar sigilo de tudo que tem conhecimento, como decorrência de sua atividade
profissional, que possa prejudicar o educando.
Parágrafo Único: será admissível a quebra de sigilo quando se tratar de caso que
constitua perigo iminente:
a. para a criança regularmente matriculada na instituição de ensino onde trabalha;
b. para familiares ou responsáveis pela guarda do educando.
180
TÍTULO II – DO TRABALHO CIENTÍFICO
181
Art. 11. As sanções disciplinares consistem em:
a. advertência;
b. multa;
c. suspensão do exercício profissional;
d. exclusão ou cassação do exercício profissional.
Art. 12. A advertência é aplicável pelo Conselho Regional, nos casos:
a. violação a preceito desta norma, revistos, principalmente, nos itens do art. 9º, e sujeita
à advertência escrita, a ser aplicada de forma reservada.
Art. 13. A multa é aplicável pelo Conselho Regional, nos casos de descumprimento,
principalmente, dos itens a, c e d do art. 9º e em casos de reincidência, aplicada em
dobro e encaminhada à apreciação do Conselho Federal. A pena de multa variará entre
o mínimo correspondente ao valor de uma anuidade e o máximo do seu décuplo.
Art. 14. A suspensão é aplicável pelo Conselho Regional, nos casos de violação,
principalmente dos itens do art. 9º quando da reincidência nos casos previstos.
Art. 15. a. em caso de cassação do exercício profissional, além dos editais e das
comunicações feitas às autoridades competentes interessadas no assunto, proceder-
se-á a apreensão da Carteira de Registro do profissional infrator emitida pelo Conselho
Regional. A exclusão é aplicável pelo Conselho Regional, nos casos de falta grave,
previstos, principalmente, nos itens f, g, h: do art. 9º.
Parágrafo Único: a exclusão do profissional pedagogo será ratificada pelo Conselho
Federal e Pedagogia.
Art. 16. Fica garantida ampla defesa ao pedagogo infrator. A punibilidade do pedagogo,
por falta sujeita a processo ético e disciplinar, prescreve em 5 (cinco) anos, contados da
data da verificação do fato respectivo.
Art. 17. As dúvidas na observância deste Código e os casos omissos serão resolvidos
pelos Conselhos Regionais de Pedagogia, ad referendum ao Conselho Federal de
Pedagogia, a quem cabe firmar jurisprudência e fazê-la incorporar a este Código.
Art. 18. As sanções disciplinares previstas neste Código somente poderão ser aplicadas
por profissional pedagogo qualificado e/ou por autoridade judicial pública.
Art. 19. O presente Código poderá ser alterado pelo Conselho Federal de Pedagogia, por
iniciativa própria ou da categoria, ouvidos os Conselhos Regionais de Pedagogia.
Art. 20. Divulgar este Código de Ética é obrigação das entidades de classe.
São Paulo, 28 de março de 2009 e 12 de setembro de 2009.
Responsável pela elaboração: Comissão da Associação Universitária de Pedagogia
do Brasil – AUNIPEDAG.BR com a ratificação dos associados alunos e professores
universitários presentes aos eventos.
Este Código de Ética entrará em vigor após sua publicação em Diário Oficial da União
(DOU).
• Verificamos definições para o atendimento aos pais dos alunos, como estipulação de
horários definidos e entrega de documentos estabelecendo regras claras.
183
AUTOATIVIDADE
1 Observando a imagem a seguir, escreva sua missão (propósito profissional) e valores
(comportamentos) na Educação Especial. Aproveite para relacionar assuntos que
estudamos neste tópico:
FIGURA 8 – CRIANÇAS
2 Após assistir ao vídeo O que é Ética, escreva sobre dois itens apresentados pelos
filósofos Clóvis de Barros Filho e Mário Sergio Cortella, os quais podem ser utilizados
na prática do educador especial.
184
REFERÊNCIAS
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