29467-Texto Do Artigo-127914-1-10-20200226
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NÚMERO ESPECIAL
4 O “desligamento”, evento crítico assim chamado pela UMI enquanto unidade, acontece de
3 em 3 meses, determinado pelo Juiz. Esse dia as mães e seus filhos são separados; a criança
geralmente permanecerá com a guarda provisória e a mãe continuará cumprindo sua
sentença de volta ao regime fechado.
Amamentação
Em 2008 o Brasil criou uma biopolítica que amplia a proteção e
o apoio à prática de amamentação para além dos hospitais: a Estratégia
Amamenta e Alimenta Brasil (EAAB)8, adicionando alimentos sólidos a
partir do sexto mês de vida dos bebês. E em 2010 foi lançada a política
de promover instalações de salas de apoio à amamentação em empresas
públicas e privadas para que as funcionárias que estão amamentando
possam retirar e estocar seu leite durante o trabalho para oferecer a seu
filho ou doá-lo (Hernandez, et. al, 2018).
Além disso, houve um tipo de tecnologia voltada na
aprendizagem das biopolíticas de amamentação, voltados aos
profissionais de saúde que realizam cursos e atividade para a produção
de conhecimento, segundo Hernandez, et. al:
A técnica constitui de dois conjuntos de habilidades necessárias para
praticar o aconselhamento em amamentação. O primeiro diz respeito a
ouvir e aprender o que a mulher relata, buscando compreender a
situação sem fazer julgamentos. O segundo se refere aos meios pelos
quais busca aumentar a confiança e dar apoio à mulher, fornecendo
informações que dialoguem com a situação e sugerindo possíveis
mudanças, a fim de que a mulher tome uma decisão informada sobre a
alimentação de seu filho” (2018, p. 8)
Considerações Finais
Bem como vimos uma breve passagem dos direitos humanos e
sexuais, estes aparecem sempre ligados a políticas de saúde, do controle
e da violência. Com o intuito de garantir direitos, principalmente às
mulheres, esse cenário acabou por tornar o corpo da mulher como alvo
da biopolítica.
A difusão da contracepção aumentou o controle sobre o tamanho
das famílias e sobretudo, configurou as formas familiares e as relações de
gênero. O desejo de ter filhos passou por uma ideia de “maternidade
segura” e demarcou o que seria uma “maternidade bem-vista”,
perpassando pelas relações de poder, desigualdades sociais, raciais/
étnicas e de gênero.
11 Curta metragem com finalização de cumprimento de disciplina. Disponível em: < https://
www.youtube.com/watch?v=zJ5pagemt74>
Referências
AMNB. Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras.
Dossiê sobre a situação das mulheres negras brasileiras. São Paulo:
Comissão de Direitos Humanos da Organização dos Estados
Americanos, 2007.
Letícia SALES
Bacharela e mestra em Ciências Sociais, Letícia Sales atualmente é
doutoranda em Antropologia (PPGA/UFF, bolsista CAPES). Desde 2015 pesquisa
Maternidade no Cárcere e a gestão da díade mãe-bebê, trabalhando com temas
relacionados a moralidades, práticas de justiça, violência de gênero, direitos
humanos e família.