A Possibilidade de Habeas Corpus para Gestantes No Ambiente
A Possibilidade de Habeas Corpus para Gestantes No Ambiente
A Possibilidade de Habeas Corpus para Gestantes No Ambiente
Penitenciário
Resumo
1 Introdução
A interseção entre o direito penal e os direitos fundamentais da gestante no
ambiente penitenciário revela um terreno complexo e multifacetado que desafia as
bases tradicionais do sistema jurídico. No âmbito dessa confluência, emerge a
questão crucial da aplicabilidade do habeas corpus como um mecanismo de proteção
desses direitos em situações específicas onde a privação de liberdade se entrelaça
com a condição de gravidez. O presente estudo se debruça sobre esse desafio de
equilibrar a justiça punitiva com a salvaguarda dos direitos reprodutivos, da saúde e
da dignidade da gestante encarcerada, explorando as dimensões legais, éticas e
sociais que circundam esse problema.
No contexto atual, onde a abordagem nos direitos humanos e nas garantias
individuais tem se intensificado, a análise do habeas corpus como uma ferramenta de
tutela dos direitos da gestante no ambiente penitenciário se reveste de uma
importância ampliada. À luz das convenções e tratados internacionais que ratificam a
inalienabilidade da dignidade humana e da integridade física, como a Convenção
sobre os Direitos Humanos e a Convenção contra a Tortura, é premente considerado
como o habeas corpus se alinha com tais compromissos e qual papel desempenha
na defesa da gestante em detenção.
Nesse sentido, cabe destacar que o ambiente prisional deve se ter condições
especiais de tratamento para as mulheres em estado gestacional, em período
puerpério e de amamentação, as quais se encontram em momento singular conforme
normas internacionais e internas. Contudo, as violações aos direitos humanos
presentes em nosso sistema prisional brasileiro são grandes, em especial no caso de
mulheres gestantes e logo puérperas, com o recém-nascido que em seus primeiros
meses de vida são expostos a um espaço que não possui salubridade, sem
ventilação, com um odor insuportável e tomado por animais, como redores e insetos
(CAVALCAN e LANGE JR, 2020).
Além disso, a PNAMPE prevê que o tratamento da mulher deve ser o mais
humanizado possível durante todo o período gestacional, parto, puerpério e
aleitamento, de modo que algemas ou qualquer outro meio de contenção são
dispensados (BRASIL, 2014).
Da Prisão
5 Alternativas ao Encarceramento
O conceito jurídico da palavra encarceramento é: Ação ou efeito de prender
alguém (de maneira legal) em local destinado para esse efeito; Ação ou resultado de
prender (alguém) em cárcere privado (DICIO, 2023).
Sabemos que existe uma crise no que diz respeito ao sistema prisional
brasileiro, como a capacidade excedida de pessoas nas celas, o tratamento que os
presos recebem, o que não é diferente com as mulheres em cárcere (JUSBRASIL,
2020).
As leis garantem uma boa qualidade de vida para as gestantes e as crianças,
mesmo no sistema prisional. Segundo a Lei de Execução penal, as penitenciárias
femininas devem ter seção para gestantes e creches que abriguem criança, dos 6
meses aos 7 anos (BRASIL,1994). É também vedado o uso de algemas em mulheres
grávidas durante as consultas médicas, durante o parto e no período puerpério
imediato” (BRASIL, 2017).
Já de acordo com o Estatuto da criança e do adolescente, o poder público, as
instituições e os empregadores propiciarão condições adequadas ao aleitamento
materno, inclusive aos filhos de mães submetidas a medida privativa de liberdade
(BRASIL,1990).
O poder público também deve também garantir, à gestante e à mulher com filho
na primeira infância que se encontrem sob custódia em unidade de privação de
liberdade, um ambiente que atenda às normas sanitárias e assistenciais do SUS
(Sistema Único de Saúde) para o acolhimento do filho, em articulação com o sistema
de ensino competente, visando ao desenvolvimento integral da criança” (BRASIL,
2016).
Mas a verdade é que as leis não são aplicadas corretamente na prática, e a
realidade é bem diferente, com partos desumanos, gestantes algemadas,
alimentação desequilibrada, falta de produtos de higiene para a mulher e para as
crianças, a ausência de celas especiais para a genitora permanecer junto a seu filho
(JUSBRASIL, 2020).
A legislação brasileira ampara a criança e a detenta gestante e lactante, porém
não há uma fiscalização adequada do Sistema Penitenciário, negligenciando assim a
vida e dignidade das mulheres e crianças que vivem no cárcere (BRASIL, 2020). Esse
e outros motivos citados até aqui, nos mostra a importância de a mulher obter a prisão
domiciliar na gestação e nos primeiros anos dos seus filhos (a).
7 Conclusão:
8 Referencias:
BRASIL. Conselho Nacional De Justiça. Recomendação nº 62, DE 17 DE MARÇO DE 2020.
Disponível em: https://www.cnj.jus.br/cnj-lanca-painel-com-dados-sobre-maes-pais-e-
responsaveis-no-sistema-
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