2020 Tese Hrpeixoto
2020 Tese Hrpeixoto
2020 Tese Hrpeixoto
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA QUÍMICA
FORTALEZA
2020
HUGO ROCHA PEIXOTO
FORTALEZA
2020
HUGO ROCHA PEIXOTO
BANCA EXAMINADORA
À minha querida mãe, Aélia, pela paciência em momentos difíceis, por sempre me
ouvir, por todos os cafés feitos para as noites de estudos e por todo amor sempre.
Ao meu pai, Lemos, pelos incentivos e por sempre acreditar na minha capacidade.
Aos meus irmãos, Laerte e Thaís, pelos conselhos, pelo apoio, pelos momentos de
descontração e pelos meus melhores presentes: Lavínia e Isac, meus amados sobrinhos.
Ao meu eterno orientador, professor Mardônio, pela confiança, pelas oportunidades
e pelas infinitas discussões científicas.
Ao amigo Daniel, pela troca de conhecimento e pelas conversas no laboratório.
Ao amigo professor Nathan, pela parceria desde os primeiros semestres de
graduação.
Ao amigo professor Rafael, por todas as conversas sobre adsorção, economia,
política, cerveja...
Aos professores Eurico, Moisés, Diana e Célio pelos ensinamentos desde a
iniciação científica.
O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior – Brasil (CAPES) – Código de Financiamento 001.
“If you do not invest in basic research,
at some stage,
you start losing the basis of applied research.”
(Rolf-Dieter Heuer)
RESUMO
O gás natural, economicamente mais atraente e mais limpo que outros combustíveis fósseis,
tem sido uma alternativa importante à expansão do suprimento global de energia. No entanto,
possui baixa densidade energética, o que significa que os custos de armazenamento e transporte
são elevados. O gás natural adsorvido (GNA) é uma opção para aplicação veicular e pode ser
armazenado a pressões moderadas (~3,5–6,5 MPa). Encontrar o material adsorvente e as
condições de armazenamento que inserem essa alternativa em um cenário comparável ao gás
natural comprimido é fundamental para o desenvolvimento dessa tecnologia. Para economizar
esforços experimentais, um modelo matemático capaz de reproduzir ou prever ciclos sucessivos
de carga/descarga durante a operação de um tanque de GNA a partir de dados de equilíbrio de
adsorção obtidos por simulação molecular está sendo proposto neste estudo. O modelo, baseado
na Teoria da Solução Adsorvida Ideal (IAST) e implementado em gPROMS, é validado por
dados experimentais de tanques recheados de carbonos disponíveis na literatura. É possível
relacionar o desempenho dos materiais carbonáceos com suas estruturas para prever o tamanho
de poro ideal para a aplicação de GNA que maximiza o fornecimento de energia e minimiza a
desativação do leito devido ao acúmulo de alcanos pesados. Visando à redução da desativação
do tanque de armazenamento, é proposto um processo em escala piloto, através de simulações
em Aspen Adsorption, utilizando a tecnologia Pressure Swing Adsorption (PSA), para remover
os hidrocarbonetos pesados do gás natural com carbonos ativados comerciais. Cada coluna
opera em quatro passos: pressurização, adsorção a 40 bar, despressurização e purga a 1 bar. As
condições operacionais do processo (vazões, geometria do leito e tempos das etapas) são
otimizadas buscando maximização dos parâmetros de desempenho: pureza, recuperação e
produtividade, sendo possível a produção do combustível praticamente isento de C3+, ideal para
armazenamento por adsorção. É analisada a influência da composição do gás natural no
desempenho energético da tecnologia GNA.
Natural gas, economically more attractive and cleaner than other fossil fuels, has been an
important alternative to expanding the global energy supply. However, it has low energy
density, which means storage and transportation costs are high. Adsorbed natural gas (ANG) is
an option for vehicular application and can be stored at moderate pressures (~3.5–6.5 MPa).
Finding the adsorbent material and storage conditions that insert this alternative in a scenario
comparable to compressed natural gas is fundamental for the development of this technology.
To save experimental effort, a mathematical model capable of reproducing or predicting
successive charge/discharge cycles during the operation of an ANG tank from adsorption
equilibrium data obtained by molecular simulation is being proposed in this study. The model,
based on the Ideal Adsorbed Solution Theory (IAST) and implemented using gPROMS, is
validated by experimental data from tanks filled with activated carbons available in the
literature. It is possible to relate the performance of carbonaceous materials to their structures
to predict the optimal pore size for ANG application that maximizes power supply and
minimizes bed deactivation due to heavy alkane accumulation. Aiming to reduce storage tank
deactivation, a pilot-scale process is adopted through simulations on Aspen Adsorption using a
Pressure Swing Adsorption (PSA) technology to remove heavy hydrocarbons from natural gas
with industrial active carbons. Each column operates according to four steps: pressurization,
adsorption at 40 bar, depressurization and purge at 1 bar. The operating conditions of the
process (flowrates, bed geometry and step times) are optimized, seeking the maximization of
the performance parameters: purity, recovery and productivity, being possible to produce
virtually C3+ free fuel, ideal for storage by adsorption. The influence of natural gas composition
on the energy performance of GNA technology is analyzed.
Gráfico 3.1 Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H8P9 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir. ......................................................................... 47
Gráfico 3.5 Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H18P5 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir. ......................................................................... 47
Gráfico 3.6 Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H27P9 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir. ......................................................................... 48
Gráfico 3.4 Isotermas simuladas dos componentes puros do gás natural em NORIT R1 a
298 K (0–65 bar) e ajustes Langmuir. .............................................................. 50
Gráfico 3.5 Isotermas simuladas dos componentes puros do gás natural em WV1050 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir. ......................................................................... 51
Gráfico 3.6 Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em MAXSORB a
298 K (0 – 65 bar) e ajustes Langmuir. ............................................................ 52
Gráfico 3.7 Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em NU-125 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir. ......................................................................... 54
Gráfico 3.8 Isotermas simuladas por GCMC (linhas sólidas) e predições IAST (linhas
tracejadas) de C1, C2, C3 e n-C4 (fração molar: 0,884; 0,10; 0,009 e 0,007,
respectivamente) em poros representativos de carbonos a 298 K. ................... 56
Gráfico 4.1 Massa armazenada específica (3,5 MPa e 298 K), massa entregue específica
(0,1 MPa e 298 K) e massa armazenada específica no início de cada ciclo (0,1
MPa e 298 K) – experimento (RIOS et al., 2010): pontos preenchidos;
simulação: pontos vazios. ................................................................................. 64
Gráfico 4.2 Composição molar de equilíbrio da fase gasosa a 298 K e 3,5 MPa ao longo os
ciclos – pontos: dados experimentais (RIOS et al., 2010); linhas: dados
simulados pelo modelo proposto. ..................................................................... 65
Gráfico 4.3 Seletividade de C2, C3, CO2 e N2 em relação ao metano a 298 K. Pontos: dados
experimentais; linhas: dados simulados. ........................................................... 66
Gráfico 4.4 Perfis das eficiências ao longo dos ciclos – pontos: dados experimentais
(PUPIER et al., 2005); linhas: modelo de tanque proposto. ............................. 68
Gráfico 4.5 Fração molar dos três componentes no tanque de gás natural adsorvido a 5,8 bar
em NU-125 – linhas tracejadas: modelo proposto por ZHANG et al. (2015);
linhas contínuas: modelo proposto por este trabalho. ....................................... 70
Gráfico 4.6 Energia entregue por cada ciclo em cada carbono ativado (65–5,8 bar: linhas
contínuas; 35–1,0 bar: linhas tracejadas). ......................................................... 72
Gráfico 4.7 Fração molar adsorvida para os quatro componentes no fim de cada ciclo
(5,8 bar) em MAXSORB, em NORIT R1 e em WV1050. ............................... 73
Gráfico 4.8 Predição da energia entregue entre 65 bar e 5,8 bar para metano puro e para gás
natural no ciclo 1 e no ciclo 200 em três carbonos selecionados...................... 74
Gráfico 4.9 Energia entregue ao longo dos ciclos em carbonos ativados hipotéticos. ........ 75
Gráfico 4.10 Energia entregue por cada ciclo em carbono ativado (CA) MAXSORB, em
carbono ativado hipotético com poros de 18,5 Å e em MOF NU-125. ............ 77
Gráfico 5.1 Curvas de ruptura do gás natural em MAXSORB a 40 bar e 298 K. ............. 101
Gráfico 5.2 Curvas de ruptura do gás natural em NORIT R1 a 40 bar e 298 K. ............... 101
Gráfico 5.3 Curvas de ruptura do gás natural em WV1050 a 40 bar e 298 K. .................. 102
Gráfico 5.4 Histórico de pressão da coluna com MAXSORB operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K. ......................................................................................... 104
Gráfico 5.5 Histórico de pressão da coluna com NORIT R1 operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K. ......................................................................................... 104
Gráfico 5.6 Histórico de pressão da coluna com WV1050 operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K. ......................................................................................... 105
LISTA DE TABELAS
CA Carbono Ativado
DE Deliverable Energy
GN Gás Natural
LJ Lennard-Jones
PR Peng-Robinson
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 18
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA........................................................................... 21
1 INTRODUÇÃO
1.1 Relevância
Peixoto, H. R.
Capítulo 1 – Introdução 19
Peixoto, H. R.
Capítulo 1 – Introdução 20
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 21
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1.1 Fundamentos
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 22
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 23
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 24
diferenciar as duas quantidades. Uma abordagem mais detalhada pode ser encontrada em
BASTOS-NETO (2005) e em ROUQUEROL et al. (2014).
SUPERFÍCIE
SÓLIDA
VOLUME
DA FASE
ADSORBATO
DENSIDADE
ADSORVIDA
TOTAL DO
DE GIBBS
INTERFACE DE GIBBS
ρ
VOLUME REAL
DA FASE
ADSORVIDA
COMPONENTE
Y1
MOLAR DO
FRAÇÃO
Y2
FASE FLUIDA
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 25
microporos em ultramicroporos (tamanho < 0,7 nm) e supermicroporos (tamanho entre 0,7 e
2 nm). A adsorção ocorre efetivamente em microporos, desde que sejam compatíveis com o
tamanho da molécula de adsorbato. Os mesoporos contribuem secundariamente e praticamente
nenhuma contribuição vem dos macroporos. Na adsorção de macromoléculas, como proteínas,
os microporos são inacessíveis e os mesoporos ganham importância (BASTOS-NETO et al.,
2020).
A Figura 2.2 ilustra o fenômeno de adsorção em um sólido poroso em contato com
uma mistura fluida composta por dois componentes.
Esta tese estuda materiais porosos com alta capacidade de armazenamento de gás
natural. Nesse cenário, carbonos ativados (CA) e estruturas metalorgânicas (MOF) são
considerados os materiais mais promissores, pois exibem propriedades como grandes áreas de
superfície e volumes de microporos, que favorecem a alta capacidade de adsorção de gás natural
(KUMAR et al., 2017). Os carbonos ativados podem ter poros com tamanhos em uma ampla
distribuição, variando de 5 a 100 Å, enquanto e as estruturas metalorgânicas geralmente
apresentam apenas um ou dois tamanhos de poros bem definidos (BASTOS-NETO et al.,
2020).
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 26
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 27
𝑏𝑃
𝑞 ∗ = 𝑞𝑚á𝑥 1+𝑏𝑃 (2.1)
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 28
𝜕𝑐
𝐽 = −𝐷(𝑐) 𝜕𝑧 (2.2)
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 29
diâmetro dos microporos intracristalinos seja bem menor que o menor macroporo intercristalino
(RUTHVEN, 1984).
Este mecanismo de transporte ocorre quando o caminho livre médio é maior do que
o diâmetro dos poros, consequentemente, as colisões entre as moléculas e a parede dos poros
representam a principal resistência à difusão.
1 1 1
=𝐷 +𝐷 (2.3)
𝐷 𝑚 𝐾
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 30
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 31
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 32
O gás natural extraído dos reservatórios ainda não possui a qualidade necessária
para ser utilizado. Por esta razão, antes de chegar ao mercado consumidor o gás deve ser
especificado, visando à sua adequação a padrões de qualidade, que incluem aspectos
energéticos e de composição, buscando não comprometer as instalações do produto pela
presença de componentes corrosivos ou tóxicos e a adequação ao mercado. A Tabela 2.2
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 33
apresenta os limites determinados pela ANP, no caso do Brasil, e pelo GPSA (Gas Processing
Suppliers Association) para padrões internacionais.
A cadeia produtiva do gás natural inicia com a exploração em busca de reservatórios
e termina na distribuição dos produtos. As etapas de condicionamento e processamento são as
responsáveis por adequar o gás aos padrões de qualidade. O condicionamento do gás é um
tratamento primário, ocorrendo no mesmo local em que o gás é produzido para remover
componentes que comprometam o processo de transporte até uma unidade de processamento.
Dentre os componentes que são removidos estão compostos sulfurados e gás carbônico, além
de líquidos, como água e condensados de gás (VAZ; MAIA; DOS SANTOS, 2008).
Tabela 2.2 – Especificação do Gás Natural nacional (Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul) e
internacional.
Nacional Internacional
Componente NE CO/SE/S Unidade Unidade
C1, mín. 85,0 %mol. 75 %mol.
C2, máx. 12,0 %mol. 10 %mol.
C3, máx. 6,0 %mol. 5 %mol.
C4+, máx. 3,0 %mol. 2,5 %mol.
O2, máx. 0,5 %mol. 1,0 %mol.
Inertes (CO2 + N2), máx. 8,0 6,0 %mol. 5–6 %mol.
H2S, máx. 13 10 mg m-³ 88-100 mg m-³
Fonte: adaptada de ANP, 2008; GPSA, 2004.
O gás, então, é transportado para seu processamento em uma planta industrial que
garante sua caracterização de acordo com as normas de comercialização. O principal objetivo
desta etapa é separar a corrente de gás natural já condicionada em produtos de aplicação
específica, visando a um maior valor agregado de cada fração. As tecnologias mais utilizadas
são:
• Expansão Joule-Thomson;
• Refrigeração simples;
• Absorção refrigerada;
• Turbo-expansão;
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 34
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 35
teve um fator de utilização de apenas 51%. Localizada no estado de São Paulo, com capacidade
de processamento de 20 milhões de m³ d-1 e fator de utilização de 71% em 2017, a maior UPGN
do Brasil é a de Caraguatatuba, processando principalmente gases dos campos offshore da Bacia
de Santos. Ainda segundo o artigo, existem projetos para a construção de novas UPGNs no
litoral do estado de São Paulo para aproveitar o gás natural dos campos confrontantes em
desenvolvimento do Pré-sal da Bacia de Santos.
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 36
um veículo funcionando com gás natural teria um alcance de condução de cerca de 300 km com
as atuais tecnologias de armazenamento de gás natural, o que é consideravelmente menor em
comparação ao da gasolina, com um alcance de condução de 650 km (KUMAR et al., 2017).
Um balão de gás natural em temperatura e pressão ambiente teria que ser quase
1000 vezes maior que o tanque necessário para fornecer a mesma quantidade de energia
fornecida pelo diesel, o que certamente não é uma solução prática para uso veicular. A
combustão de 1 L de gás natural na condição padrão de temperatura e de pressão produz
0,033 MJ, enquanto a combustão de 1 L de gasolina rende 34,2 MJ. A enorme diferença de
densidade energética e a disponibilidade limitada de espaço para armazenamento nos veículos
reduz o alcance de condução de um veículo movido a gás natural quando comparado a um
veículo movido a gasolina ou diesel. Tanques de armazenamento extras podem aumentar o
alcance, mas o peso adicional deslocaria a capacidade de carga útil. Assim, para tornar o gás
natural um combustível alternativo viável, uma grande quantidade de energia deve ser
armazenada em um recipiente de volume aceitável a pressão razoável (QUINN et al., 1992)
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 37
válvulas complexas são necessários para garantir a segurança, devido às pressões operacionais
muito elevadas (KUMAR et al., 2017).
Alternativamente, o gás natural pode ser armazenado como gás natural liquefeito
(GNL), resfriando-o abaixo da temperatura de ebulição (110 K), aumentando sua densidade
energética a pressões moderadas de 0,2−0,6 MPa. De acordo com o reportado por KUMAR et
al. (2017) , para comparação, a densidade energética do GNL (22,2 MJ L-1) é 2,4 vezes maior
que o do GNC (9,2 MJ L-1 a 250 bar), 59,5% do diesel (37,3 MJ L-1) e 65% de gasolina
(34,2 MJ L-1). Apesar de sua maior densidade de energia, o GNL exige tanques de
armazenamento grandes, pesados e altamente isolados para manter o combustível frio, o que
aumenta o custo do veículo significativamente. Essas condições operacionais severas tornam
mais difícil implementar essa tecnologia para o armazenamento a bordo de gás natural em
carros ou mesmo em alguns veículos pesados. O GNL também tem a desvantagem da
evaporação do combustível induzida pela transferência de energia na forma de calor, que altera
a composição do gás natural dentro do tanque (WEGRZYN et al., 1996). Entre as tecnologias
atualmente disponíveis, o GNL não é viável para veículos de passageiros, e sua aplicação é
limitada a apenas veículos pesados, onde o combustível é completamente explorado em corridas
diárias. O GNL também parece ser uma opção promissora de combustível para a indústria da
aviação. Um relatório de 2012 da Boeing afirmou que o GNL poderia abastecer aeronaves no
futuro e, assim, reduzir a queima de combustível em 62% em relação às aeronaves atuais, com
menores emissões de poluentes (BRADLEY et al., 2012).
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 38
Como o GNA opera a pressões mais baixas, alivia a necessidade de vasos espessos
para suportar as elevadas pressões de armazenamento e a necessidade de compressores de
vários estágios necessários para encher tanques de GNC. Além disso, a pressão operacional
reduzida aumenta a segurança em caso de colisão. Outras vantagens importantes incluem a
estética do espaço, porque o GNA é compatível com um tanque plano. Assim, é possível instalar
vários tanques de armazenamento para acomodar o espaço disponível em um veículo com
eficiência, sem sacrificar o espaço de passageiros ou carga, o que acabaria por aumentar
autonomia da viagem (KUMAR et al., 2017).
Ainda de acordo com estudo de KUMAR et al. (2017), a maioria dos estudos sobre
os sistemas GNA descritos na literatura focam principalmente no desenvolvimento de novos
materiais porosos que poderiam exibir capacidades de armazenamento muito altas para metano
puro. Entre outros problemas operacionais, um dos principais que dificulta o sucesso da
tecnologia GNA é a deterioração da última capacidade de armazenamento de adsorventes para
gás natural como resultado da natureza complexa da composição do gás (NAJIBI et al., 2008).
Em sistemas reais, o gás natural será armazenado como combustível e conterá
outros componentes de elevado peso molecular que provavelmente serão adsorvidos mais
fortemente que o metano, especialmente na região de baixa pressão (MOTA et al., 1999; NING
et al., 2012). O preenchimento gradual dos microporos do adsorvente por hidrocarbonetos de
maior peso molecular reduz a quantidade de sítios disponíveis para o metano e, assim, diminui
a capacidade de armazenamento, especialmente durante o uso cíclico. Essas moléculas mais
pesadas continuam adsorvidas à pressão de descarga, reduzindo assim a capacidade de entrega.
A adsorção desses compostos de alto peso molecular é geralmente associada a elevados calores
isostéricos (WALTON et al., 2006; RIDHA et al., 2007) e tais compostos podem ser removidos
apenas por meios especiais, como aquecimento ou aplicação de vácuo.
Peixoto, H. R.
Capítulo 2 – Fundamentação Teórica 39
estudos (WAHBY et al., 2010; SILVESTRE-ALBERO et al., 2011) sobre peneiras moleculares
de carbono mostrando que sua seletividade a adsorção de contaminantes do gás natural pode
ser alta, facilitando seu uso para tal fim. Para comercializar a tecnologia GNA, o gás natural
deve ser purificado para eliminar hidrocarbonetos pesados e componentes polares antes que o
gás seja fornecido ao tanque de combustível recheado com adsorvente, pois a presença de tais
compostos dificulta a capacidade de armazenamento do processo. Este trabalho propõe um
processo de purificação do gás natural através da modulação de pressão utilizando carbonos
ativados.
Outro problema técnico associado à tecnologia GNA decorre da própria natureza
do processo de adsorção. Como é um fenômeno exotérmico, a adsorção está associada a um
aumento da temperatura do leito, que influencia diretamente a taxa de adsorção e a capacidade
de armazenamento. Como o processo de dessorção é endotérmico, o fornecimento completo do
GNA será um processo mais longo a menos que uma fonte externa de energia térmica aja para
compensar a diminuição de temperatura do leito. Essas desvantagens exigem mais pesquisas,
que devem se concentrar em possíveis maneiras de aumentar a transferência de calor no leito
para mitigar alguns dos problemas encontrados durante a operação de tanques de GNA,
especialmente para aplicações veiculares. Acessórios, como aletas externas, vasos com vários
tubos compactados com adsorvente, tubos de distribuição de gás, tubos perfurados no tanque
centrais e gabinetes de refrigeração externos foram propostos durante projeto de tanque de GNA
para resolver esse problema (VASILIEV et al., 2000; SANTOS et al., 2009; RAHMAN et al.,
2011).
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 40
3.1 Introdução
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 41
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 42
𝑄𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 = ∑𝑚
𝑚=1 𝑉𝑝𝑚 𝑞𝑝𝑚 (3.1)
Figura 3.1 – (a) modelo de placas paralelas de grafeno e (b) estrutura NU-125. Cu em
amarelo, H em branco, C em cinza, N em azul e O em vermelho.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 43
Alcanos (C1, C2, C3, n-C4, n-C5) foram modelados utilizando o modelo de átomo
unitário proposto pelo campo de força TraPPE (MARTIN & SIEPMANN, 1998). N2 e CO2
também foram representados como átomos unitários e os parâmetros de campo de força foram
retirados de RAVIKOVITCH et al. (2000) e de VISHNYAKOV et al. (1999), respectivamente.
Todos os parâmetros fluido-fluido são representados na Tabela 3.2.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 44
𝑓 2𝑃
ln 𝑦 𝑖𝑃 = 𝑍 ∑𝑗 𝑦𝑗 𝐵𝑖𝑗 − ln 𝑍𝑚𝑖𝑥 (3.3)
𝑖 𝑚𝑖𝑥 𝑅𝑔 𝑇
1 4𝐵𝑚𝑖𝑥 𝑃
𝑍𝑚𝑖𝑥 = 2 (1 + √1 + ) (3.4)
𝑅𝑔 𝑇
∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖 = 1 (3.6)
∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 = 1 (3.7)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 45
𝜋𝑖 𝐴 𝑓 𝑜 𝑞𝑖 (𝑓𝑖 )
= ∫0 𝑖 𝑑𝑓𝑖 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (3.8)
𝑅𝑔 𝑇 𝑓𝑖
𝑞𝑚.𝑖 𝑏𝑖 𝑓𝑖𝑜
𝑞𝑖𝑜 = (3.9)
1+𝑏𝑖 𝑓𝑖𝑜
1 𝑥
= ∑𝑛𝑖=1 𝑞𝑜𝑖 (3.11)
𝑞𝑇 𝑖
𝑞𝑖 = 𝑞𝑇 𝑥𝑖 (3.12)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 46
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 47
Gráfico 3.1 – Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H8P9 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir.
5
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
C2 - GCMC (exc)
4 C3 - GCMC (exc)
n-C4 - GCMC (exc)
Langmuir
3
2
H8P9
1
298 K
0
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Gráfico 3.2 – Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H18P5 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir.
10
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
C2 - GCMC (exc)
8 C3 - GCMC (exc)
n-C4 - GCMC (exc)
Langmuir
6
4
H18P5
298 K
2
0
1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 48
Gráfico 3.3 – Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em H27P9 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir.
7
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
6 C2 - GCMC (exc)
C3 - GCMC (exc)
n-C4 - GCMC (exc)
5
Langmuir
2
H27P9
298 K
1
0
1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Fonte: elaborado pelo próprio autor.
Tabela 3.4 – Parâmetros de Langmuir para metano, etano, propano e n-butano nos três
carbonos hipotéticos a 298 K.
Adsorvente Parâmetro C1 C2 C3 n-C4
H8P9 𝒒𝒎 (mol kg-1) 4,290 4,254 3,467 2,713
𝒃 (Pa-1) 2,72×10-6 4,91×10-5 9,65×10-4 2,37×10-2
H18P5 𝒒𝒎 (mol kg-1) 9,148 15,142 13,612 15,335
𝒃 (Pa-1) 2,84×10-7 8,68×10-7 4,27×10-6 1,60×10-5
H27P9 𝒒𝒎 (mol kg-1) 8,288 11,129 8,415 6,268
𝒃 (Pa-1) 3,16×10-7 1,20×10-6 6,86×10-6 4,88×10-5
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 49
Tabela 3.5 – Volumes específicos (cm3 g-1) em cada poro e total dos carbonos ativados.
Poro (Å) MAXSORB NORIT R1 WV1050
8,9 0,25 0,25 0,12
18,5 0,72 0,27 0,28
27,9 0,69 0,09 0,74
Total 1,66 0,61 1,14
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 50
consegue ser representada pelo modelo de Langmuir, que considera a superfície do adsorvente
homogênea, explicando, portanto, os desvios entre os dados simulados e a predição deste
modelo. O mesmo raciocínio pode ser aplicado ao propano para explicar os desvios observados,
em menor proporção em relação ao n-butano, entre os dados do modelo de Langmuir e os da
isoterma simulada do C3 (Gráfico 3.4).
Gráfico 3.4 – Isotermas simuladas dos componentes puros do gás natural em NORIT R1 a
298 K (0–65 bar) e ajustes Langmuir.
6
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
C2 - GCMC (exc)
5 C3 - GCMC (exc)
n-C4 - GCMC (exc)
n-C5 - GCMC (exc)
4 CO2 - GCMC (exc)
N2 - GCMC (exc)
3 Langmuir
2
NORIT R1
298 K
1
0
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 51
Gráfico 3.5 – Isotermas simuladas dos componentes puros do gás natural em WV1050 a
298 K (0–65 bar) e ajustes Langmuir.
8
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
7 C2 - GCMC (exc)
C3 - GCMC (exc)
6 n-C4 - GCMC (exc)
CO2 - GCMC (exc)
5
N2 - GCMC (exc)
4 Langmuir
2 WV1050
298 K
1
0
1E-5 1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 52
14
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
12 C2 - GCMC (exc)
C3 - GCMC (exc)
n-C4 - GCMC (exc)
10
Langmuir
6
MAXSORB
4 298 K
2
0
1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 53
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 54
Gráfico 3.7 – Isotermas simuladas de metano, etano, propano e n-butano em NU-125 a 298 K
(0–65 bar) e ajustes Langmuir.
18
Quantidade adsorvida em excesso (mol kg )
-1
C1 - GCMC (exc)
16 C2 - GCMC (exc)
C3 - GCMC (exc)
14
n-C4 - GCMC (exc)
12 Langmuir
10
6 NU-125
4 298 K
2
0
1E-4 1E-3 0,01 0,1 1 10
Pressão (bar)
Tabela 3.9 – Parâmetros de Langmuir para metano, etano, propano e n-butano em NU-125 a
298 K.
Parâmetro C1 C2 C3 n-C4
𝒒𝒎 (mol kg-1) 18,901 21,880 16,876 13,315
𝒃 (Pa-1) 4,98×10-7 3,69×10-6 3,25×10-5 3,33×10-5
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 55
volumétrica de C1, C2, C3 e n-C4 puros a 298 K nos três tamanhos de poros representativos de
carbonos, uma vez que todos os carbonos comerciais são representados a partir desse modelo.
Foram obtidos parâmetros do modelo de Langmuir capazes de descrever o comportamento
dessas isotermas monocomponentes, fornecidos pela Tabela 3.10, que foram aplicados nas
equações de IAST a fim de obter dados de equilíbrio de adsorção da mistura com razão de
fugacidade de 88,4:10:0,9:0,7, respectivamente, para metano, etano, propano e n-butano
(LUCENA et al., 2013). Essa foi a composição média do gás natural considerada para
representar os hidrocarbonetos mais pesados, desprezando as influências de N2 e de CO2. O
intervalo de pressão analisado foi de 1 a 65 bar, uma vez que esta tese visa à análise energética
de tanque de carga e descarga de gás natural nestas condições.
Tabela 3.10 – Parâmetros de Langmuir em base volumétrica para metano, etano, propano e n-
butano nos três poros representativos a 298 K.
O Gráfico 3.8 compara o comportamento da predição por IAST aos cálculos por
GCMC para as isotermas de mistura dos componentes em questão.
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 56
Gráfico 3.8 – Isotermas simuladas por GCMC (linhas sólidas) e predições IAST (linhas
tracejadas) de C1, C2, C3 e n-C4 (fração molar: 0,884; 0,10; 0,009 e 0,007, respectivamente)
em poros representativos de carbonos a 298 K.
5 C1 (IAST)
C2 (IAST)
27,9 Å
4 C3 (IAST)
C4 (IAST)
3 C1 (GCMC)
C2 (GCMC)
2 C3 (GCMC)
Quantidade Adsorvida (mmol cm )
-3
C4 (GCMC)
1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
7
6
5 18,5 Å
4
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
6
5
4 8,9 Å
3
2
1
0
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 3 – Predição do Equilíbrio de Adsorção do Gás Natural 57
na predição por IAST. O mesmo autor afirma que a teoria pode fornecer desvios atribuídos à
não-idealidade da fase adsorvida no sistema considerado, que não é levada em consideração
nos cálculos. O modelo de estimativa de fugacidade pode influenciar na qualidade da predição
desta teoria, mas não faz parte do escopo deste trabalho analisar diferentes modelos além do
proposto na seção 3.2.2.
Este trabalho não analisou a aplicabilidade da IAST em MOF, mas, de acordo com
o reportado em ZHANG et al. (2015) e em WU et al. (2017), a predição da mistura de gás
natural por esta teoria nestes materiais é satisfatória.
3.4 Conclusões
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 58
4.1 Introdução
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 59
4.1.1 Objetivos
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 60
1 4𝐵𝑚𝑖𝑥 𝑃
𝑍𝑚𝑖𝑥 = 2 (1 + √1 + ) (4.2)
𝑅𝑔 𝑇
𝐵𝑚𝑖𝑥 (m3 mol-1), equação 4.3, é o segundo coeficiente do tipo virial para a mistura,
responsável por representar as interações entre duas partículas (mais comuns a pressões e
temperaturas moderadas), calculado pela regra de mistura apresentada na equação abaixo, onde
𝑦 é a fração molar da fase fluida e 𝐵𝑖𝑗 são o segundo coeficiente do tipo virial para as interações
entre o componente 𝑖 e 𝑗. Os coeficientes relacionados a esta equação de estado foram retirados
de Dymond et al. (2005), sabendo que 𝐵𝑖𝑗 = 𝐵𝑗𝑖 .
𝑓 2𝑃
ln 𝑦 𝑖𝑃 = 𝑍 ∑𝑗 𝑦𝑗 𝐵𝑖𝑗 − ln 𝑍𝑚𝑖𝑥 (4.4)
𝑖 𝑚𝑖𝑥 𝑅𝑔 𝑇
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 61
∑𝑛𝑖=1 𝑥𝑖 = 1 (4.6)
∑𝑛𝑖=1 𝑦𝑖 = 1 (4.7)
𝜋𝑖 𝐴 𝑓 𝑜 𝑞𝑖 (𝑓𝑖 )
= ∫0 𝑖 𝑑𝑓𝑖 = 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 (4.8)
𝑅𝑔 𝑇 𝑓𝑖
𝑞𝑚.𝑖 𝑏𝑖 𝑓𝑖𝑜
𝑞𝑖𝑜 = (4.9)
1+𝑏𝑖 𝑓𝑖𝑜
A equação 4.11 calcula a quantidade adsorvida total 𝑞𝑇 (mol kg-1), onde 𝑞𝑖𝑜 é
quantidade adsorvida do componente puro 𝑖 (mol kg-1) na pressão de espalhamento. A
quantidade adsorvida cada componente 𝑖 é calculada pela equação 4.12 a partir da fração da
fase adsorvida e da quantidade adsorvida total.
1 𝑥
= ∑𝑛𝑖=1 𝑞𝑜𝑖 (4.11)
𝑞𝑇 𝑖
𝑞𝑖 = 𝑞𝑇 𝑥𝑖 (4.12)
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 62
𝜀𝑇 = 𝜀𝐵 + 𝜀𝑝 (1 − 𝜀𝑏 ) (4.14)
𝑉𝑝
𝜀𝑝 = 𝑉 (4.15)
𝑝 +𝑉𝑠
𝜀𝐵 = 1 − 𝜌𝐵 (𝑉𝑝 + 𝑉𝑠 ) (4.16)
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 63
Tabela 4.1 – Composição do gás natural analisado nos experimentos reportados em RIOS et
al. (2010) em WV1050.
Componente Fração molar (%)
C1 90,5
C2 6,72
C3 0,38
CO2 0,75
N2 1,82
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 64
Gráfico 4.1 – Massa armazenada específica (3,5 MPa e 298 K), massa entregue específica
(0,1 MPa e 298 K) e massa armazenada específica no início de cada ciclo (0,1 MPa e
298 K) – experimento (RIOS et al., 2010): pontos preenchidos; simulação: pontos vazios.
180
160
140
Massa Específica (g kg )
-1
120
100
20
0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclo
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 65
Com o modelo do tanque, foi possível calcular a massa retida de gás dentro do
tanque no início de cada ciclo; esse dado não foi reportado pelo trabalho experimental.
Analisando o comportamento do gráfico acima, percebemos que a desativação máxima
(aproximadamente 30 g kg-1) do tanque é atingida em torno do 6º ciclo. Este regime é
classificado como estado estacionário cíclico, pois as condições de alta e de baixa pressão não
mudam mais ao longo dos ciclos.
O modelo é capaz também de reproduzir os dados experimentais referentes à fração
molar dos componentes da mistura gasosa (Gráfico 4.2) na condição de carga dos 10 primeiros
ciclos. Vemos que os dados experimentais apresentam grandes oscilações, principalmente para
os dados referentes ao metano e ao etano (componentes em maior quantidade), em virtude de
imprecisões e oscilações nos valores gerados durante a análise cromatográfica e da falta de
controle de temperatura do sistema experimental, que interfere significativamente no equilíbrio
de adsorção do robusto sistema (~10 kg de carbono ativado).
Gráfico 4.2 – Composição molar de equilíbrio da fase gasosa a 298 K e 3,5 MPa ao longo os
ciclos – pontos: dados experimentais (RIOS et al., 2010); linhas: dados simulados pelo
modelo proposto.
100 10
9
Composição molar da fase gasosa (%)
95
8
90 C2 - Experimental
C3 - Experimental 7
C1 - Experimental CO2 - Experimental
85 C1 - Modelo de tanque N2 - Experimental
6
C2 - Modelo de tanque
C3 - Modelo de tanque
80 CO2 - Modelo de tanque 5
N2 - Modelo de tanque
4
75
3
70
2
65 1
60 0
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Ciclo
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 66
As oscilações das frações molares ao longo dos ciclos justificam a diferença entre
os dados experimentais e simulados do Gráfico 4.1. O modelo de tanque apresenta, como
esperado, comportamento sem oscilações. Perceba que as frações de metano e de nitrogênio na
fase fluida diminuem ao longo dos ciclos, enquanto as de etano, propano e dióxido de carbono
aumentam.
O estudo experimental calcula a seletividade dos componentes em relação ao
metano no intervalo de pressão de 1 a 35 bar a 298 K pela equação 4.18, onde 𝑥 e 𝑦 são as
frações, respectivamente, na fase adsorvida e na fase gasosa do componente 𝑖. De acordo com
o Gráfico 4.3, o modelo de tanque é capaz de prever o comportamento experimental da
seletividade dos componentes da mistura analisada.
𝑥𝑖 𝑦𝑖
𝑆𝑖,𝐶1 = ⁄ (4.18)
𝑥𝐶 1 𝑦 𝐶 1
Gráfico 4.3 – Seletividade de C2, C3, CO2 e N2 em relação ao metano a 298 K. Pontos: dados
experimentais; linhas: dados simulados.
35
C2 - Modelo de tanque
C3 - Modelo de tanque
Seletividade em relação ao metano
15
10
0
0 5 10 15 20 25 30 35
Pressão (bar)
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 67
Tabela 4.2 – Composição do gás natural considerada nas simulações para reproduzir o sistema
experimental reportado por PUPIER et al. (2005).
Componente Fração molar (%)
C1 92,2
C2 4,21
C3 0,78
n-C4 0,22
n-C5 0,02
CO2 0,75
N2 1,82
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
O Gráfico 4.4 mostra a queda da eficiência (η) em termos de volume ao longo dos
ciclos. De acordo com o trabalho experimental, a eficiência é definida como razão entre a
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 68
𝑄𝑛
𝜂= (4.19)
𝑄1
Gráfico 4.4 – Perfis das eficiências ao longo dos ciclos – pontos: dados experimentais
(PUPIER et al., 2005); linhas: modelo de tanque proposto.
1,0
0,9
0,8
Eficiência volumétrica ()
0,7
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Experimental
0,1 Modelo de tanque
0,0
0 100 200 300 400 500 600 700
Ciclo
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 69
Não foi avaliada a influência da forma do composto no equilíbrio de adsorção. Vale ressaltar
que o leito do experimento possui ligante para formar o monólito, o que não é considerado nas
simulações, dificultando a representação fiel do sistema experimental.
Uma vez que o nosso modelo foi devidamente validado com dados experimentais,
é possível compará-lo a outros modelos teóricos, como o de ZHANG et al. (2015), que não foi
validado por nenhum experimento. Foi selecionada a MOF NU-125 para fazer a comparação
de carga e descarga de gás natural a 298 K entre 6,5 MPa e 0,58 MPa ao longo de 200 ciclos.
A mistura é composta por C1, C2 e C3 (razão molar de 96:3,3:0,7). Cada sistema deve ter
porosidade do leito de 25%. Os dados de equilíbrio de adsorção destes componentes neste
material foram descritos no capítulo anterior.
O Gráfico 4.5 compara os perfis das frações molares adsorvidas calculadas nos dois
trabalhos. É possível perceber a concordância existente entre os dois modelos.
As energias entregues por litro de tanque (DE) são calculadas multiplicando a
quantidade molar entregue de cada componente pelos respectivos calores de combustão a uma
taxa de consumo energético equivalente a 0,0009 L de gasolina por segundo. Os calores de
combustão (kJ mol-1) do metano, do etano e do propano são, respectivamente, 890, 1560 e 2220
(ZHANG et al., 2015).
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 70
Gráfico 4.5 – Fração molar dos três componentes no tanque de gás natural adsorvido a 5,8 bar
em NU-125 – linhas tracejadas: modelo proposto por ZHANG et al. (2015); linhas contínuas:
modelo proposto por este trabalho.
1,0
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Ciclo
A Tabela 4.4 compara as DE (MJ L-1) nos ciclos 1 e 200. Pequenas diferenças
podem ser explicadas pelas diferentes equações de estado utilizadas em cada modelo. O
trabalho da literatura modela a fase gás de acordo com Peng-Robinson, enquanto este propõe
modelagem por Equação do Virial truncada no segundo termo.
Ainda sobre os dados da Tabela 4.3, outra possível explicação para a diferença
observada é o fato de cada trabalho ter realizado a sua própria simulação molecular para calcular
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 71
Tabela 4.4 – Calores de combustão (kJ mol-1) a 298 K dos componentes do sistema.
C1 C2 C3 n-C4
890,0 1560 2220 2878
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 72
Gráfico 4.6 – Energia entregue por cada ciclo em cada carbono ativado (65–5,8 bar: linhas
contínuas; 35–1,0 bar: linhas tracejadas).
4,5
4,0
3,5
Energia entregue (MJ L )
-1
3,0
2,5
2,0
A diminuição da energia entregue ao longo dos ciclos é explicada pelo acúmulo dos
hidrocarbonatos pesados na fase adsorvida, mais evidente para o carbono NORIT R1, o que
diminui a eficiência do tanque. O Gráfico 4.7 mostra o perfil da fase adsorvida a 5,8 bar (fim
de cada um dos 200 ciclos) nos três carbonos analisados. Perceba que a fração de n-C4 na fase
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 73
adsorvida vai aumentando ao longo dos ciclos, sendo este componente o principal responsável
pela desativação do leito.
Gráfico 4.7 – Fração molar adsorvida para os quatro componentes no fim de cada ciclo
(5,8 bar) em MAXSORB, em NORIT R1 e em WV1050.
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2 MAXSORB
Fração molar adsorvida
0,0
1,0 0 25 50 75 100 125 150 175 200
n-C4
0,8 C3
C2
0,6
C1
0,4
0,2 NORIT R1
0,0
1,0 0 25 50 75 100 125 150 175 200
0,8
0,6
0,4
0,2 WV1050
0,0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Ciclo
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 74
Gráfico 4.8 – Predição da energia entregue entre 65 bar e 5,8 bar para metano puro e para gás
natural no ciclo 1 e no ciclo 200 em três carbonos selecionados.
10
9
-1
GNC (250–5,8 bar): 9,0 MJ L
8
Energia entregue (MJ L )
-1
7 GNA (ciclo 1)
GNA (ciclo 200)
6 Metano puro adsorvido
5
0
MAXSORB NORIT R1 WV1050
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 75
Gráfico 4.9 – Energia entregue ao longo dos ciclos em carbonos ativados hipotéticos.
4,5
4,0
3,5
Energia entregue (MJ L )
-1
3,0
2,5
2,0
1,5
1,0
8,9 Å
0,5 18,5 Å
27,9 Å
0,0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Ciclo
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 76
Analisando o gráfico acima, percebe-se que o tamanho de poro ideal para aplicação
em GNA é o de 18,5 Å em termos energéticos, pois é o que fornece maior energia entregue por
volume de tanque, mantendo esse valor aproximadamente constante ao longo dos ciclos. Este
mesmo tamanho de poro foi o indicado como ideal por análise em base molar para esta
aplicação no nosso trabalho anterior (LUCENA et al., 2013). Isso é explicado pelo fato de esse
tamanho de poro apresentar elevada capacidade de adsorção e maior densidade de
empacotamento, em virtude do reduzido volume de poro (ver Equação 4.16), quando
comparado ao poro de 27,9 Å. O aumento energético nos primeiros ciclos para os dois poros
maiores é explicado pela presença de componentes com maior calor de combustão
(principalmente propano) na fase fluida durante a descarga do tanque. A quantidade de energia
passa a diminuir por conta do acúmulo de hidrocarbonetos pesados (principalmente n-butano)
na fase adsorvida.
O trabalho de WU et al. (2017) propõe o cálculo de seletividade considerando todos
os componentes da mistura através da equação 4.20, onde 𝑥 e 𝑦 são, respectivamente a fração
na fase adsorvida e a fração na fase gasosa. A Tabela 4.5 fornece os valores das seletividades
para os quatro componentes nos três poros representativos na condição de descarga (5,8 bar e
298 K). O poro de 8,9 Å é o que apresenta maiores seletividades para os alcanos pesados C3 e
n-C4.
𝑥𝑖 𝑦𝑖
𝑆𝑖 = ∑ ⁄∑ (4.20)
𝑗≠𝑖 𝑥𝑗 𝑗≠𝑖 𝑦𝑗
Tabela 4.5 – Seletividade de metano, etano, propano e n-butano em relação à mistura nos três
carbonos hipotéticos a 298 K e 5,8 bar no 1º ciclo.
Adsorvente C1 C2 C3 n-C4
H8P9 0,0279 13,214 149,483 2513,97
H18P5 0,1600 4,5219 15,0151 62,5144
H27P9 0,1578 4,3972 13,8850 69,9369
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 77
Gráfico 4.10 – Energia entregue por cada ciclo em carbono ativado (CA) MAXSORB, em
carbono ativado hipotético com poros de 18,5 Å e em MOF NU-125.
10
9
-1
CNG (250–5,8 bar): 9,0 MJ L
8
Energia entregue (MJ L )
-1
2 MAXSORB (CA)
18,5 Å (CA)
1
NU-125 (MOF)
0
0 25 50 75 100 125 150 175 200
Ciclo
A NU-125 é o material analisado que mais desativa ao longo dos ciclos (em torno
de 25%), pois apresenta uma maior seletividade para propano e n-butano quando comparada ao
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 78
MAXSORB e ao carbono hipotético com poros de 18,5 Å (ver Tabela 4.6). De acordo com
PENG et al. (2014), a NU-125 possui quatro cavidades com tamanhos distintos de 25, 16, 15 e
11 Å. Se for feita uma analogia ao carbono hipotético H8P9, que é muito seletivo para n-butano,
o menor poro da MOF pode ser o responsável pela desativação do leito.
4.4 Conclusões
Peixoto, H. R.
Capítulo 4 – Armazenamento de Gás Natural Adsorvido 79
descarga. O poro que reúne essas características ideais é o de 18,5 Å. Durante a síntese, é difícil
produzir carbono ativado com apenas um tamanho de poro. Este material é caracterizado por
apresentar uma ampla distribuição de poros. Pelo discutido neste capítulo, é interessante evitar
produção de adsorventes carbonáceos com poros na ordem de 8,9 Å para evitar a desativação
em termos energéticos do leito, e na ordem de 27,9 Å para maximizar a energia entregue por
litro de tanque.
Dos carbonos comerciais analisados, o que apresentou a melhor performance foi o
MAXSORB, fornecendo, para os últimos ciclos, energia comparável à da MOF NU-125,
material que apresenta grande desativação. Tanques recheados com carbonos ativados, além de
mais baratos, podem fornecer energia aproximadamente constante ao longo das cargas e
descargas, sendo este comportamento refletido na autonomia de viagem do veículo. Como
nenhum material analisado alcança o target de 9,0 MJ L-1, para manter uma capacidade
comparável à da tecnologia GNC, é necessário utilizar volumes de tanques maiores, sendo
possível, por conta da baixa pressão de armazenamento, utilizar diferentes formatos de leito
para evitar ocupar espaços úteis do veículo.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 80
5.1 Introdução
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 81
5.1.1 Objetivos
O processo proposto para purificar o gás natural por adsorção através de modulação
de pressão (Pressure Swing Adsorption — PSA) objetivando armazenamento na forma
adsorvida foi implementado em Aspen Adsorption versão 10. O gás natural foi simplificado
como uma mistura de metano, etano, propano e n-butano, sendo as duas últimas substâncias
responsáveis pela desativação do leito de GNA. Os componentes da mistura gasosa são
adicionados à simulação a partir da ferramenta Aspen Properties, que possui as propriedades
de cada elemento, como peso molecular, viscosidade, densidade etc. Para análise do processo,
é necessário primeiro dimensionar a coluna de adsorvente; em seguida, é realizada análise da
dinâmica da separação em leito; por fim, é analisada a operação da coluna em quatro passos:
pressurização, adsorção, despressurização e purga.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 82
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 83
Figura 5.2 – Fluxograma simples com três blocos: alimentação, leito e produto.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 84
𝑃 = 𝑍𝑅𝑇𝜌𝑔 (5.1)
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 85
𝑣𝑔 𝑟𝑝
𝐸𝑧,𝑖 = 0,73𝐷𝑚,𝑖 + 𝜀 𝐷 (5.3)
𝜀𝑖 (1+9,49 𝐵 𝑚𝑖 )
2𝑣𝑔 𝑟𝑝
A equação de Ergun (BIRD et al., 2006), dada pela equação 5.4 foi escolhida para
representar o balanço de momento, pois combina a equação de Blake-Kozeny, geralmente
válida para fluxo laminar, com a equação de Burke-Plummer, válida para fluxos altamente
turbulentos, sendo, portanto, aplicada para os dois regimes de escoamento.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 86
𝜕𝑤𝑖
= 𝑘𝑀𝑇𝐶,𝑖 (𝑤𝑖∗ − 𝑤𝑖 ) (5.5)
𝜕𝑡
𝐼𝑃 𝑓𝑖
𝑤𝑖∗ = 1+𝐼𝑃1,𝑖 (5.6)
2,𝑖 𝑓𝑖
1 ̅𝐾,𝑖
𝑟𝑝 𝐾 𝑟𝑝 2 𝐾
̅𝐾𝑖
= + 15𝜀 (5.7)
𝑘𝑀𝑇𝐶,𝑖 3𝑘𝑓,𝑖 𝑝 𝐷𝑝,𝑖
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 87
∗
̅𝐾,𝑖 = 𝑅𝑇 𝜌𝐵 𝜕𝑤𝑖
𝐾 (5.8)
𝜀 𝜕𝑃𝐵 𝑖
dada pela equação 5.9, onde o número de Sherwood 𝑆ℎ𝑖 = 2 + 1,1𝑆𝑐𝑖 1/3 𝑅𝑒 0,6 .
𝐷𝑚,𝑖
𝑘𝑓,𝑖 = 𝑆ℎ𝑖 (5.9)
2𝑟𝑝
1 1
𝐷𝑃,𝑖 = 𝜏𝑝 (𝐷 +𝐷 ) (5.10)
𝐾,𝑖 𝑚,𝑖
𝑇 0,5
𝐷𝐾,𝑖 = 97𝑟𝑝𝑜𝑟𝑒 (𝑀 ) (5.11)
𝑖
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 88
𝜕𝑐𝑖
𝐸𝑧,𝑖 | = −𝑣𝑔 |𝑧=0 (𝑐𝑖 |𝑧=0− − 𝑐𝑖 |𝑧=0 ) (5.12)
𝜕𝑧 𝑧=0
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.13)
𝜕𝑧 𝑧=𝐿
A primeira patente contendo aplicação de uma tecnologia PSA foi apresentada por
Charles Skarstrom para o enriquecimento de oxigênio (SKARSTROM, 1960), através da
operação cíclica de duas colunas de adsorção descrita por quatro passos. A soma desses passos
é denominada Ciclo Skarstrom, indicado quando o produto é composto pelas substâncias menos
retidas pelo leito, que é o caso deste trabalho, uma vez que se deseja produzir uma corrente de
hidrocarbonetos leves (C1 + C2), livre de alcanos pesados.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 89
Para simplificar a análise, foi considerada apenas uma coluna durante a simulação,
cujo fluxograma é representado pela Figura 5.4. O esquema é composto por correntes de
alimentação (F1), de produto (P1), de efluente de adsorção (W1) e de purga (PURG), e por um
leito (B1) e inicialmente saturado com metano, componente menos adsorvido, como sugestão
do próprio manual do software. São introduzidas quatro válvulas: alimentação (VF1), produto
(VP1), efluente de adsorção (VW1) e de purga (VPURG). O sistema contém ainda dois tanques,
necessário para especificações das condições, sendo o de alimentação (TD1) e o de saída da
coluna (TD2), ambos definidos com volume mínimo de 1×10-5 m3, desprezível em relação ao
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 90
volume das colunas dimensionadas. As conexões S1 a S10 são utilizadas entre os blocos para
fornecer informações sobre vazão material, composição, temperatura e pressão.
A coluna opera entre um nível de pressão alta (𝑃𝐻 ) e um nível de pressão baixa (𝑃𝐿 ).
A Figura 5.5 mostra o histórico de pressão do leito esperado durante a operação de um ciclo
completo.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 91
𝜕𝑐𝑖
𝐸𝑧,𝑖 | = −𝑣𝑔 |𝑧=0 (𝑐𝑖 |𝑧=0− − 𝑐𝑖 |𝑧=0 ) (5.15)
𝜕𝑧 𝑧=0
𝑣𝑔 |𝑧=𝐿 = 0 (5.16)
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 92
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.17)
𝜕𝑧 𝑧=𝐿
𝜕𝑐𝑖
𝐸𝑧,𝑖 | = −𝑣𝑔 |𝑧=0 (𝑐𝑖 |𝑧=0− − 𝑐𝑖 |𝑧=0 ) (5.19)
𝜕𝑧 𝑧=0
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.21)
𝜕𝑧 𝑧=𝐿
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.23)
𝜕𝑧 𝑧=0
𝑣𝑔 | =0 (5.24)
𝑧=𝐿
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.25)
𝜕𝑧 𝑧=𝐿
𝜕𝑐𝑖
| =0 (5.27)
𝜕𝑧 𝑧=0
𝜕𝑐𝑖
𝐸𝑧,𝑖 | = −𝑣𝑔 |𝑧=𝐿 (𝑐𝑖 |𝑧=𝐿+ − 𝑐𝑖 |𝑧=𝐿 ) (5.29)
𝜕𝑧 𝑧=𝐿
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 93
A vazão molar através da válvula é aproximada por uma função linear da queda de
pressão através da válvula:
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 94
onde 𝐹 é a vazão molar através da válvula (kmol s-1), 𝑃𝑈𝑃 é a pressão a montante e
𝑃𝐷𝑂𝑊𝑁 é a pressão a jusante da válvula (bar) e 𝐶𝑉 é o coeficiente linear da válvula (kmol s-1
bar-1), que pode ser estimado, aproximando o comportamento da fase gasosa para gás ideal de
acordo com as equações abaixo.
Pressurização:
𝑖
𝑉𝐵 𝑃𝐷𝑂𝑊𝑁 −𝑃𝑈𝑃
𝐶𝑉 = ln ( 𝑓 ) (5.31)
𝑅𝑇𝑡𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠 𝑃𝐷𝑂𝑊𝑁 −𝑃𝑈𝑃
Despressurização:
𝑖
𝑉𝐵 𝑃𝑈𝑃 −𝑃𝐷𝑂𝑊𝑁
𝐶𝑉 = ln ( 𝑓 ) (5.32)
𝑅𝑇𝑡𝑑𝑒𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠 𝑃𝑈𝑃 −𝑃𝐷𝑂𝑊𝑁
onde 𝑉𝐵 é o volume do leito efetivamente disponível para a fase gasosa (m3), 𝑡𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠
é o tempo da etapa de pressurização (s) e 𝑡𝑑𝑒𝑝𝑟𝑒𝑠𝑠 é o tempo da etapa de despressurização (s).
O índice 𝑖 e o índice 𝑓 correspondem, respectivamente, ao início e ao fim de cada etapa. Há
uma planilha disponibilizada pela AspenTech® para o cálculo do volume efetivo, que é a
diferença entre o volume da coluna e o volume ocupado por sólidos.
Para processos a alta pressão, este modelo de válvula fornece apenas uma estimativa
inicial do coeficiente da válvula, sendo necessário um ajuste do valor para conseguir a variação
de pressão desejada, pois as equações de estimativa consideram o comportamento ideal da fase
fluida.
A vazão de purga (kmol s-1) é definida a partir de uma razão entre seu valor e o
valor da vazão de alimentação (kmol s-1), definida como 𝐹𝑃 ⁄𝐹𝐹 (equação 5.33). O valor desse
parâmetro influencia na pureza e na produtividade do processo. Quanto maior for razão, maior
é a pureza do produto, pois a etapa de regeneração é mais satisfatória. Entretanto, alta vazão de
purga implica em menor produtividade, pois uma parte do produto volta ao processo para a
etapa de regeneração. Portanto, há um valor ótimo que deve ser analisado.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 95
(5.35)
𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜 𝐴𝑑𝑠𝑜𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 =
𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑜(𝑠)𝑐𝑜𝑚𝑝𝑜𝑛𝑒𝑛𝑡𝑒(𝑠) 𝑑𝑒 𝑖𝑛𝑡𝑒𝑟𝑒𝑠𝑠𝑒 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑧𝑖𝑑𝑜(𝑠) 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜
(𝑞𝑢𝑎𝑛𝑡𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑎𝑑𝑠𝑜𝑟𝑣𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑢𝑡𝑖𝑙𝑖𝑧𝑎𝑑𝑜).(𝑡𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑑𝑜 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑃𝑆𝐴)
(5.36)
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 96
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 97
𝜕Γ𝑘 Γ𝑘 −Γ𝑘−1
= (5.38)
𝜕𝑧 Δ𝑧
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 98
Tabela 5.1 – Sumário dos resultados de dimensionamento das colunas para purificação de gás
natural em carbonos comerciais.
Parâmetro MAXSORB NORIT R1 WV1050
𝒗𝒈,𝒎𝒂𝒙 (m s-1) 0,030 0,046 0,036
𝐷 (m) 0,38 0,31 0,35
𝒒𝒘 (mol kg-1) 3,62 1,25 2,00
𝒎 (kg) 21,0 60,8 38,0
𝝆𝑩 (kg m-3) 289 583 385
𝑽 (m3) 0,073 0,104 0,099
𝑳 (m) 0,64 1,38 1,03
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 99
custos de compra de material e de instalação, considerando que todos os carbonos têm o mesmo
valor comercial. É válido ressaltar que todas as geometrias são apenas estimativas, pois foram
calculadas de acordo com metodologia desenvolvida para especificação do componente mais
adsorvido como produto. Neste trabalho, o produto de interesse é um gás livre de
hidrocarbonetos pesados, que são os componentes mais adsorvidos do gás natural nos materiais
adsorventes analisados nesta tese.
Tabela 5.2 – Parâmetros de Langmuir para carbonos comerciais a 298 K (Aspen Adsorption).
Adsorvente Parâmetro C1 C2 C3 n-C4
𝑰𝑷𝟏 (kmol kg-1 bar-1) 7,60 4,37×10-3 0,0162 0,1024
MAXSORB
𝑰𝑷𝟐 (bar-1) 0,0612 0,2978 1,102 9,289
𝑰𝑷𝟏 (kmol kg-1 bar-1) 6,58×10-4 5,15×10-3 0,0398 1,067
NORIT R1
𝑰𝑷𝟐 (bar-1) 0,1221 0,9093 7,860 328,4
𝑰𝑷𝟏 (kmol kg-1 bar-1) 4,13×10-4 2,32×10-3 0,0090 0,0557
WV1050
𝑰𝑷𝟐 (bar-1) 0,0545 0,2577 1,057 8,834
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 100
Tabela 5.3 – Difusividade molecular (m2 s-1) de cada componente do gás natural.
C1 C2 C3 n-C4
𝑫𝒎,𝒊 (m2 s-1) 1,47×10-5 1,51×10-5 1,15×10-5 1,01×10-5
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Tabela 5.4 – Coeficiente de transferência de massa (m2 s-1) de cada componente do gás
natural em carbono ativado.
C1 C2 C3 n-C4
𝒌𝑴𝑻𝑪,𝒊 (s-1) 0,60 0,20 0,10 0,05
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 101
Para simular as curvas de ruptura da mistura nos carbonos ativados a 40 bar e 298 K,
foi considerado que a fase gasosa do leito é inicialmente composta apenas por metano,
componente menos adsorvido. Na condição inicial, não há moléculas na fase adsorvida. Foi
considerado um raio de partícula (𝑟𝑝 ) arbitrário de 4×10-4 m. A dinâmica de adsorção em cada
adsorvente sob as condições descritas pode ser visualizada nos Gráficos 5.1 (MAXSORB), 5.2
(NORIT R1) e 5.3 (WV1050).
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 102
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 103
Para simular o processo de purificação de gás natural por modulação pressão nos
carbonos comerciais, é necessário definir o tempo da etapa de adsorção, que deve ser igual ao
de purga, para cada material adsorvente. Como não é desejada a presença de hidrocarbonetos
pesados na corrente de saída da coluna, o tempo dessas etapas não deve ser superior ao tempo
de ruptura do propano, evitando a contaminação do produto. Portanto, estas etapas não devem
durar mais que 200 s para MAXSORB e WV1050 e que 500 s para NORIT R1. Tempos maiores
prejudicam a pureza do produto e tempos menores diminuem a produtividade e a recuperação.
A análise dos tempos não é reportada neste trabalho. Foi analisada uma razão 𝐹𝑃 ⁄𝐹𝐹 de 30%,
ou seja, vazão de purga de 6,15 kmol h-1, composta por 95% de metano e 5% de etano. Esse
valor de vazão foi otimizado considerando solução de compromisso entre pureza do produto e
produtividade e recuperação. Os dois primeiros carbonos atingem o Estado Estacionário Cíclico
(CSS), respectivamente, em 17 e 16 ciclos, enquanto o NORIT atinge em 10.
Os Gráficos (5.4, 5.5 e 5.6) a seguir mostram o histórico de pressão ao longo de um
ciclo Skarstrom para os carbonos analisados de acordo com as especificações descritas
anteriormente. A pressão de adsorção é de 40 bar e a de regeneração é de 1 bar. A operação da
coluna é isotérmica a 298 K.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 104
Gráfico 5.4 – Histórico de pressão da coluna com MAXSORB operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K.
Gráfico 5.5 – Histórico de pressão da coluna com NORIT R1 operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 105
Gráfico 5.6 – Histórico de pressão da coluna com WV1050 operando de acordo com ciclo
Skarstrom a 298 K.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 106
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 107
Tabela 5.9 – Energia entregue (MJ L-1) por componente e total e desativação nos três
carbonos hipotéticos e na MOF NU-125 a 298 K com gás natural sem tratamento.
Adsorvente Ciclo C1 C2 C3 n-C4 Total Desativação
H8P9 1 2,265 0,056 0,001 0,001 2,332 16%
200 1,569 0,311 0,040 0,039 1,959
H18P5 1 3,742 0,342 0,014 0,004 4,102 -1,2%
200 3,322 0,659 0,084 0,085 4,150
H27P9 1 3,201 0,336 0,016 0,005 3,558 -1,2%
200 2,867 0,569 0,073 0,073 3,582
NU-125 1 5,476 0,272 0,007 0,001 5,757 25%
200 3,440 0,682 0,088 0,086 4,296
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 108
Tabela 5.10 – Energia entregue (MJ L-1) por componente e total e desativação nos três
carbonos hipotéticos e na MOF NU-125 a 298 K com gás natural tratado.
Adsorvente Ciclo C1 C2 C3 n-C4 Total Desativação
H8P9 1 2,568 0,033 ~0 ~0 2,601 11%
200 2,080 0,236 0,002 ~0 2,297
H18P5 1 3,843 0,199 ~0 ~0 4,042 -2,7%
200 3,724 0,423 0,005 ~0 4,288
H27P9 1 3,305 0,195 0,001 ~0 3,501 -2,4%
200 3,215 0,365 0,004 ~0 3,682
NU-125 1 5,710 0,160 ~0 ~0 5,870 2,3%
200 5,143 0,584 0,007 ~0 5,734
Fonte: elaborada pelo próprio autor.
5.4 Conclusões
Para uma vazão de alimentação de 500 Nm3 h-1, foram dimensionadas através de
adaptação da metodologia proposta por RIBEIRO et al. (2015) colunas para os três carbonos
comerciais, sendo a recheada com MAXSORB a que apresenta menores dimensões. Este
também é o material que apresenta o melhor desempenho de purificação do gás natural,
fornecendo produto com 93,87% de pureza de C1 e 6,080% de C2, totalizando 99,95% de
alcanos leves. A recuperação dos componentes em relação à alimentação é de 86,06% para
metano e de 49,82% para etano. A produtividade é de 5,79 kg C1 kg-1 h-1 e 0,703 kg C2 kg-1 h- 1,
totalizando quase 6,50 kg de desses hidrocarbonetos por kg de adsorvente por hora de produção.
O NORIT R1 não é adequado para esta operação, pois fornece produto com 1,25% de impureza
nas condições analisadas.
Os resultados obtidos são um indício de que a purificação do gás natural é possível
através da tecnologia PSA. No entanto, a corrente de regeneração apresenta baixa pureza de
propano (1,985%) e de n-butano (1,506%,), indicando a necessidade de estudo futuro de outro
ciclo de processo PSA para melhorar a corrente de regeneração, como a adição de uma etapa
de despressurização cocorrente para diminuir a quantidade de metano e de etano na corrente de
regeneração. É necessário ainda analisar os efeitos térmicos do processo, desprezados nesta
primeira análise e outros materiais adsorventes, como zeólitas ou estruturas metalorgânicas.
Alimentando um tanque de carga e descarga com uma mistura gasosa obtida na
simulação da PSA com MAXSORB, é possível obter desempenho de 5,7 MJ L-1 em NU-125
Peixoto, H. R.
Capítulo 5 – Tratamento de Gás Natural para Armazenamento na Forma Adsorvida 109
com apenas 2,3% de desativação do leito em 200 ciclos. Em termos de carbonos hipotéticos, o
melhor desempenho para esta mistura seria do H18P5, com 4,0 MJ L-1 no primeiro ciclo e 4,3
MJ L-1 no último. Poros carbonos de 8,9 Å apresentam desativação de 11% mesmo com gás
natural tratado. Os valores ainda não atingem o target de 9,0 MJ L-1, mas a melhoria dos
resultados de carga e descarga de gás natural tratado mantem a tecnologia GNA como
promissora.
Peixoto, H. R.
Considerações Finais 110
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Peixoto, H. R.
Considerações Finais 111
um processo de tratamento de gás natural para remoção desses componentes. Foram analisados
carbonos comerciais, sendo o MAXSORB o que apresenta melhor desempenho. Um estudo
mais completo da viabilidade, inclusive econômica, da purificação do gás natural para aplicação
veicular na forma adsorvida deve ser realizado futuramente. Os efeitos térmicos devem ser
considerados e a adsorção deve ser comparada a outras operações de tratamento de gás natural,
como absorção refrigerada e turbo-expansão. Com o gás natural tratado, os adsorventes
analisados para a tecnologia GNA passam a apresentar desativação desprezível, com exceção
de carbonos hipotéticos contendo apenas poros de 8,9 Å. Mesmo após o tratamento, não foi
possível alcançar o target de 9,0 MJ L-1 com os materiais analisados, mas a redução da
desativação do tanque mantém a tecnologia GNA como promissora para aplicação veicular,
sendo necessário continuar a analisar materiais adsorventes, principalmente outras estruturas
metalorgânicas, que apresentam desempenho energético superior ao dos carbonos comerciais.
Peixoto, H. R.
Referências 112
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