Depressao No Modelo Cognitivo

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DEPRESSÃO NO

MODELO COGNITIVO

UniSALESIANO, 2023
DEPRESSÃO – MODELO PSIQUIÁTRICO

 A psiquiatria biológica considera o humor depressivo


e a perda de interesse e prazer característicos da
depressão, como resultado de anormalidades
funcionais em neurotransmissores cerebrais;

 Consequentemente, o tratamento de escolha são os


medicamentos antidepressivos, que regulam os
níveis desses neurotransmissores.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 O modelo cognitivo da depressão ressalta as


mudanças que ocorrem no pensamento da pessoa
deprimida.

 A formulação cognitiva da depressão, sem negar a


evidente importância dos fatores biológicos, entende
os sintomas depressivos como resultado das
distorções cognitivas de conteúdo negativo.

 O conteúdo negativo do pensamento por si só pode


não causar depressão, mas é um aspecto
fundamental na manutenção do transtorno.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 O modelo cognitivo da depressão propõe que os


sintomas cognitivos, motivacionais e vegetativos da
depressão podem ser causados e mantidos por
distorções nos três níveis de cognição: pensamentos
automáticos, crenças subjacentes e crenças nucleares
(esquemas).

 Beck (1967) postulou a denominada tríade cognitiva


da depressão, em que o indivíduo deprimido está em
sofrimento pela visão negativa de si próprio, do seu
ambiente e do futuro.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 Os pacientes deprimidos percebem-se como inferiores,


inadequados, indesejados e incapazes (“Nada que eu
faço dá certo”).

 Percebem também o ambiente em que estão inseridos


como hostil, com obstáculos intransponíveis (“As
pessoas me tratam mal”); a visão do futuro passa a ser
influenciada pelas cognições negativas, pois o paciente
considera ter recursos insuficientes para modificar o
futuro (“Não adianta eu fazer nada, nunca irei sair
disso”); com o consequente desenvolvimento da
desesperança.
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 Na espiral depressogênica, o viés de


interpretação negativa dos eventos gera um
humor depressivo congruente com a distorção;
este humor, por sua vez, aciona ainda mais
percepções negativamente distorcidas, que
geram mais humor deprimido; os pensamentos
se tornam cada vez mais negativos, e o humor,
mais depressivo.
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 Os pensamentos automáticos são as cognições no


nível mais superficial da consciência e refletem a
temática cognitiva específica do transtorno
depressivo (“Não adianta eu me esforçar, nunca
faço nada certo”).

 Por estarem mais acessíveis à consciência, os


pensamentos automáticos geralmente são as
primeiras cognições a serem identificadas e
trabalhadas no tratamento.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 O conteúdo do pensamento do paciente é distorcido


pela perpetuação de diversas distorções cognitivas, entre
elas a catastrofização, a polarização, a emocionalização e
a minimização/maximização.
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 Em um nível intermediário de cognições encontramos


as crenças subjacentes, que são constituídas de
pressupostos e regras que governam a relação do
indivíduo com o mundo.

 Pressupostos são afirmações do tipo “se..., então”. Por


exemplo, um indivíduo com uma crença nuclear acerca
de ser inferior e de não ser amado apresentará
pressupostos subjacentes relacionados com essa
temática (“Se os outros não gostarem de mim,
então serei infeliz”).
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 As regras subjacentes, geralmente afirmações do


tipo “devo” e “tenho que”, são mandamentos rígidos
e inflexíveis, que determinam a forma do
relacionamento interpessoal dos indivíduos
(Necessito da aprovação dos outros para ficar bem, e
devo fazer de tudo para agradar os outros.”)
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 Além dos aspectos biológicos que tornam o indivíduo


mais suscetível à depressão, a teoria cognitiva propõe
que algumas pessoas têm predisposição para a
depressão por causa de um conjunto particulares
específico de ideias e conceitos acerca de si e do
mundo desenvolvidos precocemente, chamadas
crenças nucleares.
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 Tais crenças são o resultado de um processo


contínuo de aprendizado, moldado pelas experiências
existenciais do indivíduo e desenvolvido pela
identificação com outras pessoas importantes em sua
vida, bem como pela percepção das atitudes dessas
pessoas em relação a si.
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 Uma vez que uma crença nuclear específica é


formada, ela pode influenciar a formação de
conceitos subsequentes e, se ela persiste, é
incorporada em uma estrutura cognitiva duradoura,
denominada esquema.
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 Beck sugeriu que essas crenças poderiam ser


formadas relativamente cedo na vida e incorporadas
em estruturas cognitivas, denominadas esquemas
(Beck, 1991).

 Beck acreditava que a ativação de certos esquemas


cognitivos representava o problema central na
depressão e poderiam ser apontados com tendo um
papel primário na produção de vários sintomas
cognitivos, emocionais e comportamentais.
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 Ao definir esquema, Beck (1976) se refere a uma rede


estruturada e inter-relacionada de crenças que
orientam o indivíduo em suas atitudes e posturas nos
mais variados eventos de sua vida.

 “Os esquemas, definidos como estruturas cognitivas


que organizam e processam as informações que
chegam ao indivíduo, são propostos como
representações dos padrões de pensamento
adquiridos no início do desenvolvimento do indivíduo”
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 Na investigação do processamento cognitivo nos


transtornos mentais, o conceito de esquemas tem sido
utilizado para referir estruturas com conteúdos
altamente personalizados, que são ativados na
manifestação da psicopatologia.

 ...“os esquemas são estruturas cognitivas dentro do


pensamento, cujo conteúdo específico são as crenças
centrais” (Beck, 1964, citado por J. Beck, 1997, p. 174).
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 O esquema, constituído de crenças centrais, é


definido por Beck e colaboradores (1979) como uma
estrutura cognitiva usada para filtrar, codificar e
avaliar os estímulos que interagem com o indivíduo.

 Essas estruturas nucleares podem estar relacionadas


a diversas temáticas, como, por exemplo, aprovação,
amor, autonomia, conquistas, perfeccionismo e
assim por diante.
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 Todos temos nossos esquemas, que são reforçados


ao longo da vida pelo processo de associar
importância àquelas experiências que os validam e
desqualificar as experiências que os invalidam.

 A diferença é que, nos distúrbios emocionais, os


esquemas são extremamente distorcidos,
disfuncionais, rígidos e generalizados.
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 Nos indivíduos predispostos a desenvolver
depressão, crenças como “sou um fracasso”, “não
tenho valor” ou “não sou amado” são
predominantes.

 Uma vez que as crenças nucleares negativas são


consideradas um fator crítico de vulnerabilidade
cognitiva para a patogênese da depressão, é objetivo
da Terapia Cognitiva tornar conscientes e corrigir tais
crenças, no sentido de torná-las mais adaptadas.
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 Esquemas que são rígidos e impermeáveis podem ser


particularmente difíceis de modificar. Muitas vezes, o
que é possível é a redução da valência desses esquemas
negativos.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 Os esquemas, as crenças intermediárias e os


pensamentos automáticos do indivíduo moldam
de forma constante e automática as percepções
e interpretações dos eventos.

 Esses três níveis de cognição determinam o


“jeito de ser” do indivíduo no mundo, indicando
formas de lidar com suas experiências de vida.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 Embora muitos eventos de vida possam trazer


sofrimento psíquico, eles podem não produzir
depressão, a não ser que o indivíduo tenha uma
sensibilidade cognitiva específica àqueles eventos, o
que se dá quando a predisposição específica está
incrustada em uma crença subjacente ou em um
esquema.
 Quando tais situações existenciais são encontradas, as
pessoas com predisposição à depressão começam a
ter uma visão negativa de cada aspecto de suas vidas.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 À medida que a depressão se agrava, seu pensar


torna-se progressivamente saturado com temáticas
depressivas típicas, até que gradualmente os
pacientes perdem a habilidade de enxergar seus
pensamentos negativos objetivamente.

 Com o quadro clínico da depressão, esses esquemas


disfuncionais são salientados e reforçados; mesmo
com a resolução do quadro clínico, tais esquemas mal
adaptativos permanecem latentes se não forem
adequadamente trabalhados.
DEPRESSÃO – MODELO COGNITIVO

 A falta de motivação que acompanha os indivíduos


deprimidos resulta em diminuição da atividade,
tendo várias consequências.

 O tempo desocupado aumenta as ruminações


depressogênicas; o indivíduo deprimido passa a se
autocriticar pela redução da produtividade e
diminui também as suas atividades prazerosas. Além
disso, a mudança no comportamento ou na
expressão de afeto de um indivíduo deprimido pode
influenciar suas relações interpessoais, perpetuando,
dessa forma, a depressão.

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