Escrevente - Direito Constitucional 05

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Aula 05

Direito Constitucional p/ TJ-SP (Escrevente Técnico Judiciário) - Com videoaulas

Professores: Nádia Carolina, Ricardo Vale

03469106177 - paulo loiola


Direito Constitucional p/ TJ-SP
! Profa. Nádia Carolina / Prof. Ricardo Vale
!
AULA 05: DIREITO CONSTITUCIONAL

Poder Judiciário............................................................................................. 1
1- Introdução ............................................................................................. 1
2-Estrutura do Poder Judiciário .................................................................. 3
!

Olá, pessoal! Tudo bem?

Chegamos à nossa última aula do curso de Direito Constitucional p/ TJ-SP.

Essa é uma aula bem curta, pois o edital do TJ-SP cobra apenas
conhecimentos sobre o art. 92, CF/88. Então, faremos uma breve introdução,
seguida de comentários detalhados sobre esse dispositivo constitucional.

Abraços,

Nádia e Ricardo

Poder Judiciário

1- Introdução

O Poder Judiciário é o responsável pelo exercício de uma das funções políticas


do Estado: a função judicial ou jurisdicional. É o Poder Judiciário
competente para exercer a jurisdição, solucionando conflitos e “dizendo o
Direito” diante de casos concretos.

A aplicação do Direito não é, todavia, o que distingue o Poder Judiciário


dos demais Poderes. Em certa medida, essa é uma tarefa também realizada
pelo Poder Executivo e pelo Poder Legislativo. Para Konrad Hesse, o que
singulariza o Poder Judiciário é a capacidade de prolatar decisão autônoma,
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de forma autorizada e, por isso, vinculante, em casos de direitos contestados


ou lesados.1

No Brasil, adota-se o sistema inglês de jurisdição. Nesse modelo, apenas o


Poder Judiciário faz coisa julgada material, isto é, decide casos concretos
com definitividade. Vigora o princípio da inafastabilidade de jurisdição,
segundo o qual “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou
ameaça a direito” (art. 5º, XXXV). É diferente do contencioso administrativo
(sistema francês), no qual certas matérias são decididas com definitividade por
órgãos da Administração Pública, não sendo cabível recurso ao Judiciário.


!MENDES, Gilmar Ferreira; BRANCO, Paulo Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional,
6ª edição, 2011. pp. 963-964. !
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Por mais que se possa querer, o Direito positivo é incapaz de abarcar toda e
qualquer conduta humana. Normas genéricas e abstratas não conseguem,
sozinhas, regular a infinidade de casos concretos que ocorrem no dia-a-dia.
“Dizer o Direito” aplicável a uma lide, não é, portanto, tarefa simples. Ao
contrário, é missão complexa, que impõe ao Poder Judiciário a necessidade de
interpretar o Direito.

Exercer a jurisdição é função típica do Poder Judiciário. Segundo Dirley da


Cunha Júnior, a jurisdição é uma atividade que tem as seguintes
características2:

a) secundária: Os conflitos devem ser, primariamente, resolvidos pela


partes em litígio. O Poder Judiciário, ao exercer a jurisdição, estará
realizando uma atividade que deveria, primariamente, ter sido
solucionada pelas partes.

b) instrumental: A jurisdição é o meio (instrumento) do qual se vale o


Direito para impor-se a todos.

c) desinteressada: Ao exercer a atividade de jurisdição, o Poder


Judiciário não cede aos interesses de nenhuma das partes litigantes. Ao
contrário, o Poder Judiciário age segundo o Direito.

d) provocada: O Poder Judiciário não age de ofício. O exercício da


jurisdição depende de provocação, em razão do princípio da inércia.

Em definição mais completa, Fredie Didier Jr. afirma que “a jurisdição é a


função atribuída a um terceiro imparcial de realizar o Direito de modo
imperativo e criativo (reconstrutivo), reconhecendo / efetivando / protegendo
situações jurídicas concretamente deduzidas, em decisão insuscetível de
controle externo e com aptidão para tornar-se indiscutível”. 3

Além da sua função típica de jurisdição, o Poder Judiciário também exerce as


funções atípicas de legislar e de administrar. A atividade de legislar se
manifesta quando os Tribunais editam os seus Regimentos Internos, que são
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consideradas normas primárias. Já o exercício da atividade administrativa


ocorre, por exemplo, quando um Tribunal realiza uma licitação, celebra um
contrato administrativo ou, ainda, faz um concurso público para ingresso de
novos servidores.

&
!CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional, 6ª edição. Ed. Juspodium.
Salvador: 2012, pp. 1107-1108.!

! DIDIER Jr. Fredie. Curso de Direito Processual Civil, Vol. 1, 17a edição. Ed. Juspodium.
Salvador: 2015, pp. 153.
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2-Estrutura do Poder Judiciário


O art. 92, CF/88, relaciona os órgãos integrantes do Poder Judiciário.

Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:


I - o Supremo Tribunal Federal;
I-A o Conselho Nacional de Justiça;
II - o Superior Tribunal de Justiça;
II-A – o Tribunal Superior do Trabalho
III - os Tribunais Regionais Federais e Juízes Federais;
IV - os Tribunais e Juízes do Trabalho;
V - os Tribunais e Juízes Eleitorais;
VI - os Tribunais e Juízes Militares;
VII - os Tribunais e Juízes dos Estados e do Distrito Federal e
Territórios.

O STF é o órgão de cúpula da organização judiciária brasileira, exercendo,


simultaneamente, as funções de Corte Constitucional e de órgão máximo
do Poder Judiciário. É interessante notarmos que trata-se de funções distintas.

Como Corte Constitucional, o STF atua para solucionar conflitos jurídico-


constitucionais, protegendo a incolumidade da Constituição. Como exemplo,
o STF é o responsável por processar e julgar, originariamente, as Ações
Diretas de Inconstitucionalidade. Como órgão máximo do Poder Judiciário, o
STF julga casos concretos em última instância. Exemplificando, o STF é o
responsável por processar e julgar, nos crimes comuns, os Deputados e
Senadores.

Na estrutura hierárquica do Poder Judiciário, logo abaixo do STF, estão os


Tribunais Superiores: Superior Tribunal de Justiça (STJ), Tribunal Superior
do Trabalho (TST), Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Superior Tribunal Militar
(STM).

Enquanto o STF é o guardião da Constituição Federal, o STJ pode ser


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considerado o guardião do direito objetivo federal. Os outros Tribunais


Superiores (TST, TSE e STM), por sua vez, são as instâncias recursais
superiores, respectivamente, da Justiça do Trabalho, Justiça Eleitoral e da
Justiça Militar.

Em 12 de junho de 2016, foi promulgada a Emenda


Constitucional nº 92/2016, que inseriu o TST no rol de
órgãos do Poder Judiciário. Até então, o TST não aparecia no
rol do art. 92.

Para que as funções do Poder Judiciário possam ser desempenhadas com


maior eficiência, a sua jurisdição divide-se em Justiça Comum e Justiça
Especial. Desdobrando ainda mais, temos o seguinte:
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a) Justiça Comum: abrange a Justiça Estadual (composta pelos
Tribunais de Justiça – TJ`s e Juízes de Direito) e a Justiça Federal
(composta pelos Tribunais Regionais Federais – TRF`s e Juízes Federais).

b) Justiça Especial: abrange a Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e


a Justiça Militar.

O STF e os Tribunais Superiores (STJ, TSE, TST e STM) tem sede em


Brasília e jurisdição em todo o território nacional. Isso quer dizer que
suas decisões alcançam pessoas e bens em qualquer ponto do território
brasileiro. São, em razão disso, chamados de órgãos de convergência.

Cabe destacar que o STF e o STJ são denominados órgãos de


superposição. Isso porque, embora eles não pertençam a nenhuma Justiça
(Comum ou Especial), suas decisões se sobrepõem às proferidas pelos
órgãos inferiores das Justiças comum e especial.

Destacamos, a seguir, alguns detalhes que você precisa ter


em mente:

1) Quando falamos em Tribunais Superiores, estamos nos


referindo ao STJ, TST, TSE e STM. O STF não é um Tribunal
Superior, mas sim o Tribunal Supremo.

2) Dentre os Tribunais Superiores, o único que não integra


nenhuma Justiça (Comum ou Especial) é o STJ.

3) O juiz singular é considerado um órgão do Poder


Judiciário.

Falta, ainda, falarmos sobre o Conselho Nacional de Justiça (CNJ). Criado


pela Emenda Constitucional nº 45/2004, o CNJ é o órgão de controle
interno do Poder Judiciário. É responsável pelo controle da atuação
administrativa e financeira do Poder Judiciário e do cumprimento dos deveres
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funcionais dos juízes

O CNJ, assim como o STF e os Tribunais Superiores, tem sede na capital


federal (Brasília). Porém, o CNJ não exerce jurisdição. Apesar disso,
segundo entendimento doutrinário e jurisprudencial, ele integra a estrutura
do Poder Judiciário, na condição de órgão de controle interno desse Poder.

Por último, vale destacar que, embora cada uma das “Justiças” tenha seu
espaço próprio de atuação, a estrutura do Poder Judiciário é considerada
unitária, nacional.4 Referendando esse entendimento, transcrevemos abaixo
trecho de decisão do STF:

(
!TAVARES, André Ramos. Manual do Poder Judiciário Brasileiro, 2012, pp.135
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“O pacto federativo não se desenha nem expressa, em relação ao
Poder Judiciário, de forma normativa idêntica à que atua sobre os
demais Poderes da República. Porque a Jurisdição, enquanto
manifestação da unidade do poder soberano do Estado, tampouco
pode deixar de ser una e indivisível, é doutrina assente que o Poder
Judiciário tem caráter nacional, não existindo senão por metáforas
e metonímias, ‘Judiciários estaduais’ ao lado de um ‘Judiciário
federal’.

A divisão da estrutura judiciária brasileira, sob tradicional, mas


equívoca denominação, em Justiças, é só o resultado da repartição
racional do trabalho da mesma natureza entre distintos órgãos
jurisdicionais”. 5

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!ADI 3367/DF. Rel. Min. Cezar Peluso. Julgamento em 13.04.2005.
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