Biologia Celular e Molecular Unidade 2

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Professora Me.

Eloiza Muniz Capparros

II
ENVOLTÓRIOS CELULARES,

UNIDADE
CITOPLASMA E
CITOESQUELETO

Objetivos de Aprendizagem
■ Conhecer a organização e as propriedades da membrana plasmática.
■ Identificar os componentes e as trocas que ocorrem entre o meio
intracelular e extracelular.
■ Reconhecer as principais estruturas e as respectivas funções dos
componentes citoplasmáticos.
■ Compreender a organização e as funções do citoesqueleto e sua
relação com os movimentos celulares.
■ Compreender os aspectos da interação e da comunicação entre as
células por meio de sinais químicos.

Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
■ Membrana plasmática, parede celular e glicocálix
■ Trocas entre a célula e o meio extracelular
■ Citoplasma: estrutura, função e composição
■ Citoesqueleto e movimentos celulares
■ Comunicação celular por meio de sinais químicos
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INTRODUÇÃO

Olá, caro (a) aluno(a)!


Considerando tudo o que você estudou na primeira unidade, a partir de agora,
você terá uma visão mais aprofundada a respeito das células. Começaremos os
estudos sobre a célula “de fora para dentro”, ou seja, nesta unidade, os envoltórios
celulares serão nosso ponto de partida, passando pelo citoplasma e o citoesque-
leto, finalizando com as comunicações celulares.
Inicialmente, já considerando tudo o que você estudou sobre os compo-
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nentes químicos da célula, aprofundaremos o conhecimento da estrutura e da


função da membrana plasmática, que é o envoltório presente em todas as célu-
las e, em seguida, estudaremos dois tipos de envoltórios mais específicos, que
são a parede celular e o glicocálix.
Ao estudar sobre a membrana plasmática, você perceberá a importância de
manter o meio externo à célula diferente de seu interior, pois estas diferenças
garantem a atividade das células, ou seja, seu metabolismo. Para entender como
essas diferenças acontecem, estudaremos as trocas que ocorrem entre a célula e
seu entorno, envolvendo tanto processos passivos (que não consomem energia)
quanto ativos (os que consomem).
Depois de estudar sobre os envoltórios, passaremos para o interior da célula:
o citoplasma. Entenderemos melhor como é a estrutura do citoplasma, quais são
seus componentes e quais funções realiza.
Associado ao citoplasma, e também muito importante na determinação da
consistência do citoplasma, está o citoesqueleto. Esta estrutura, que chamamos
de citoesqueleto, sustenta a célula e é fundamental para a movimentação celu-
lar, a qual estudaremos em seguida.
Encerraremos a segunda unidade com a comunicação celular, que envolve
processos de enviar e receber sinais químicos. Como veremos, a comunicação é
de grande importância para o funcionamento das células em conjunto, quando
formam os tecidos.
Bons estudos!

INTRODUÇÃO
70 UNIDADE II

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MEMBRANA PLASMÁTICA, PAREDE CELULAR E
GLICOCÁLIX

Os envoltórios celulares, como o próprio nome sugere, são estruturas que


envolvem e delimitam as células, separando o meio extracelular do inte-
rior da célula. Existem três tipos de envoltórios: membrana plasmática,
que é universal, ou seja, encontra-se em todos os tipos de célula; parede
celular, que está presente nos vegetais, fungos e bactérias; glicocálix,
presente nas células animais.
O objetivo aqui é estudar a estrutura, a composição e as funções que cada
envoltório realiza, porque, mais adiante, você conhecerá o funcionamento dos
envoltórios no metabolismo celular.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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MEMBRANA PLASMÁTICA

A membrana plasmática, também conhecida como membrana citoplasmática


ou plasmalena, é a parte mais externa do citoplasma, que separa a célula do meio
extracelular. Com espessura entre 7 a 10 nm, só é possível visualizá-la ao micros-
cópio eletrônico. Nas eletromicrografias, aparece como uma estrutura trilaminar:
duas linhas escuras separadas por uma linha clara (Figura 1).
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Membrana celular

Espaço intercelular

Membrana celular

Figura 1 - Eletromicrografia de duas células próximas, em que é possível visualizar a membrana plasmática
de ambas, separadas por um espaço intercelular
Fonte: Chimica ([2018], on-line)¹.

Na estrutura dos eucariontes existem outras membranas além da plasmática,


então, essa organização leva o nome de unidade de membrana. As unida-
des de membrana são bicamadas fosfolipídicas (Figura 2) que separam dois
meios, no caso da membrana plasmática, a separação é entre o meio extrace-
lular e o citoplasma.
Na membrana plasmática, além dos fosfolipídios, há também proteínas,
esteróis e carboidratos (Figura 2).
■ Fosfolipídios: principais componentes da membrana plasmática asso-
ciados às proteínas. São anfipáticos (contêm, nas mesmas moléculas
regiões polares e apolares), pois os lipídios são hidrofóbicos (não se mis-
tura à água), mas o grupamento fosfato é hidrofílico (tem afinidade e se
mistura à água).

Membrana Plasmática, Parede Celular e Glicocálix


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■ Proteínas: estão associadas às extremidades interna e externa da mem-


brana plasmática, e a quantidade de proteínas varia conforme a atividade
funcional de cada célula (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015).
■ Esteróis: ficam anexos à membrana plasmática. Os tipos de esteróis estão
relacionados às funções que a célula executa.
■ Carboidratos: ficam anexos às proteínas receptoras, na face externa da
membrana plasmática.

Cabeça hidrofílica

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Fosfolipídeo Meio extracelular
Cauda hidrofóbica

Cadeia de Proteína
Glicolipídeo carboidratos globular Glicoproteína
Apolar
Polar

Polar

Proteína alfa-hélice Bicamada


Proteína integral hidrofóbica
Colesterol fosfolipídica

Proteína de canal Proteína periférica Meio intracelular


(transportadora) (citoplasma)
Figura 2 - Componentes e estrutura da membrana plasmática

Em relação ao funcionamento, a membrana plasmática tem permeabilidade


seletiva, ou seja, ela tem o controle de tudo o que entra e sai da célula. Alguns
compostos e íons atravessam a bicamada lipídica, mas o controle propriamente
dito é realizado pelas proteínas de membrana, especialmente as receptoras e
as transportadoras.
Existem diversos tipos de proteínas associadas à membrana plasmática,
algumas atravessam toda a membrana (chamadas integrais, intrínsecas ou trans-
membrana) enquanto outras não chegam a atravessar (periféricas ou extrínsecas).
Com relação à função, as proteínas de membrana podem ser:

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■ Transportadoras: são proteínas integrais que auxiliam moléculas a


atravessar a membrana plasmática.
■ Receptoras: recebem sinais (químicos, físicos, hormonais) de fora da
célula.
■ (De) Adesão: realizam conexões entre o lado interno e externo da célula,
aumentando a coesão.
■ (De) Identidade: são glicoproteínas que ficam na superfície externa da
membrana plasmática e auxiliam no reconhecimento de tipos celulares
diferentes.
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■ Enzimas: existem algumas enzimas (catalisadores de reações químicas


do metabolismo) que estão aderidas à membrana plasmática.

PAREDE CELULAR

Todas as células têm membrana plasmática. Algumas células, porém, ainda pos-
suem uma camada adicional, externa à membrana plasmática, como é o caso da
parede celular. Isto confere à célula maior resistência, mas não apresenta fun-
ção seletiva e tampouco delimita o citoplasma. Estas funções são exclusivas da
membrana plasmática.
A parede celular é um envoltório mais espesso do que a membrana plasmá-
tica (Figura 3) e pode ser vista sem dificuldade pelo microscópio óptico.

Figura 3 - Parede celular vegetal: eletromicrografia dos


envoltórios (parede celular e membrana plasmática) de Figura 4 - Parede celular do epitélio de cebola
duas células vizinhas (Allium cepa) sob microscópio óptico, corada
Fonte: Biología Vegetal ([2018], on-line)². com azul de metileno

Membrana Plasmática, Parede Celular e Glicocálix


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A estrutura de uma parede celular pode ser bem diferente. De maneira geral,
ela é formada por uma cadeia de carboidratos ou proteínas envoltas por uma
matriz. Nos vegetais, a celulose é o carboidrato que forma a parede celular. Em
algumas plantas, pode haver lignina na parede celular também, quando há cres-
cimento secundário. Nos fungos, a quitina forma a parede celular. Todos os
vegetais e todos os fungos a apresentam. As bactérias apresentam componentes
variados na estrutura de suas paredes celulares que, inclusive, não estão presen-
tes em todas as bactérias.

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Bactérias Gram Positivas e Gram Negativas
Hans Christian Gram (1853 - 1938), bacteriologista dinamarquês, definiu a téc-
nica para corar bactérias que leva seu nome, em 1884. A coloração gram com-
bina dois corantes diferentes que reagem com a parede celular das bactérias.
Se a estrutura é simples, então a coloração é Gram Positiva, pois as bactérias
coram com violeta de genciana e ficam com a cor roxa. São gram-positivas,
por exemplo, Estreptococos sp. e Estafilococos sp. Se, entretanto, a bactéria
apresentar uma estrutura complexa em sua parede celular, então ela se cora
com safranina e fucsina básica, adquirindo a cor vermelha. Escherichia coli e
Salmonella sp. são exemplos de bactérias gram-negativas.
Fonte: Pelczar et al. (1997).

Além de fornecer resistência e maior proteção às células, a parede celular desem-


penha outras funções, tais como:
■ Impede a mobilidade das células.
■ Participa da aderência celular para a formação de tecidos.
■ Suporta tensão e compressão.
■ Regula a expansão osmótica (mantém a integridade osmótica).
■ Barreira protetora contra agentes patogênicos.
■ Fornece sustentação (vegetais).

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GLICOCÁLIX

Também chamado de glicocálice (Figura 5), é


um envoltório externo à membrana plasmática,
presente nas células animais. Geralmente, é uma
extensão da própria membrana plasmática, pro-
veniente do Complexo de Golgi (JUNQUEIRA;
CARNEIRO, 2015).
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Figura 5 - Eletromicrografia de célula epitelial do intestino,


mostrando as microvilosidades das membranas celulares e
glicocálix (porção mais externa)
Fonte: El Universo Bajo el Microscopio (2017, on-line)³.

Meio extracelular
Fibra de Proteoglicana
colágeno

Grupamento
de carboidrato
Fibronectina

Proteoglicana

Bicamada Filamentos do
fosfolipídica CITOPLASMA
citoesqueleto
Cabeça
hidrofília Carboidrato
Proteína central
Cauda
hidrofília Polissacarídeo

Molécula de
fosfolipídeo Complexo da proteoglicana

Figura 6 - Componentes do glicocálix (matriz extracelular)

Membrana Plasmática, Parede Celular e Glicocálix


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A composição do glicocálix não é estática, varia muito de um tipo de célula para


outra e, na mesma célula, varia conforme a região da membrana e também de
acordo com a atividade funcional da célula em um determinado momento. São
funções do glicocálix:
■ Identificação e reconhecimento celular, tanto para formar tecidos quanto
para rejeitar células diferentes.
■ Proteção contra agentes químicos e físicos.
■ Barreira de difusão, funciona como um “filtro” para moléculas grandes.

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■ Enzimática, existem enzimas aderidas ao glicocálix que facilitam a ação
enzimática.
■ Movimentação celular.
■ Reprodução para a adesão do espermatozoide no óvulo, acontece por rea-
ções do glicocálix dessas células.

TROCAS ENTRE A CÉLULA E O MEIO EXTRACELULAR

Como já comentado, a membrana plasmática possui permeabilidade seletiva,


propriedade que permite a seleção de moléculas que a atravessam, conforme
as necessidades de cada tipo de célula. Dois fatores principais determinam se
a molécula atravessa a membrana plasmática: o tamanho (moléculas menores

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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atravessam mais facilmente do que as maiores) e a afinidade à água (moléculas


hidrofóbicas atravessam a membrana plasmática com mais facilidade do que as
hidrofílicas).
Existem muitas maneiras diferentes de uma molécula, substância ou partícula
entrar e sair de uma célula. Há tipos de transporte que atravessam a membrana,
e há também aqueles em que a membrana engloba uma partícula para transpor-
tá-la para fora ou para dentro da célula (fagocitose e pinocitose). Em relação aos
tipos de transporte por meio da membrana, podemos classificá-los em dois tipos,
conforme o gasto energético: transporte passivo ou transporte ativo.
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TRANSPORTE PASSIVO

Ocorre sem gasto energético, a favor do gradiente de concentração da molé-


cula ou da substância. Difusão (simples e facilitada) e osmose são exemplos de
transporte passivo.

Difusão

A difusão consiste no movimento de moléculas de um meio em que elas estão


mais concentradas para um meio em que elas estão menos concentradas, até
atingir o equilíbrio na concentração. Algumas moléculas conseguem atravessar
a bicamada fosfolipídica da membrana plasmática, porém outras são hidrofíli-
cas demais para que isso aconteça. Então, há dois tipos de difusão: simples e
facilitada.
A difusão simples ocorre por intermédio da bicamada fosfolipídica,
geralmente por moléculas pequenas e hidrofóbicas. Consiste, basicamente,
em atravessar a bicamada fosfolipídica a favor do gradiente de concentração:
do meio mais concentrado para o menos concentrado (Figura 7). Moléculas,
como gás carbônico (CO₂), gás oxigênio (O₂) e água (H₂O), atravessam a bica-
mada por difusão simples. Na Figura 7, as moléculas estão mais concentradas
no meio extracelular e, depois, atravessam a membrana até que as concentra-
ções estejam equilibradas.

Trocas Entre a Célula e o Meio Extracelular


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Meio extracelular

Bicamada lipídica
(membrana
plasmática)

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Meio intracelular
Tempo
Figura 7 - Difusão simples por meio da membrana plasmática
Fonte: Wikimedia Commons (2018, on-line)4.

Algumas moléculas, entretanto, não conseguem atravessar a bicamada fosfolipí-


dica, então precisam da ajuda de proteínas transportadoras, em um processo
chamado difusão facilitada. Há um gradiente de concentração dessas molécu-
las, porém, por serem polares ou possuírem cargas (íons), elas não conseguem
atravessar a bicamada. As proteínas transportadoras as protegem da parte hidro-
fóbica da membrana, formando uma rota por onde podem passar. As duas
principais classes de proteínas facilitadoras de transporte são: os canais e as pro-
teínas carreadoras.
Os canais são proteínas transmembrana que formam verdadeiros túneis
hidrofílicos, quais permitem a passagem de algumas moléculas por difusão. Os
canais proteicos são bastante seletivos e aceitam um ou poucos tipos de moléculas
para transporte. As aquaporinas (Figura 8), por exemplo, permitem a passagem
da água muito rapidamente, o que previne a passagem de íons e outros solutos,
uma vez que a entrada ou a saída de água altera o gradiente de concentração de
íons e de substâncias em geral. As aquaporinas, ou canais de água, são muito
importantes para o funcionamento das hemácias e também para a retenção que
ocorre nos rins, evitando a eliminação excessiva de água na urina.

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Hormônio Dióxido Oxigênio


esteroide de carbono

Aquaporina
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Água
Figura 8 - Aquaporinas, proteínas transmembrana do tipo canal que facilitam a passagem de água

As proteínas carregadoras, por sua vez, não formam túneis, mas podem mudar
sua estrutura para atravessar uma molécula-alvo. As moléculas de glicose, por
exemplo, são transportadas por proteínas carregadoras.

O gradiente de concentração de uma molécula ou substância é sempre


analisado em comparação a dois meios, ignorando a existência de outras
moléculas.
Fonte: a autora.

Trocas Entre a Célula e o Meio Extracelular


80 UNIDADE II

Osmose

A osmose é um tipo especial de difusão, em que a água passa de um meio o


qual há maior concentração de água (e não de solutos) para um meio em que
há menor concentração de água. É um processo passivo, que não demanda
gasto energético.

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Osmose

Como a água é um solvente, é possível também pensar na osmose do ponto de


vista do soluto. Na membrana plasmática das células, a concentração relativa
dos solutos de ambos os lados da membrana determina o sentido da movi-
mentação das moléculas de água. Em relação à quantidade de água e solutos,
os meios (intra ou extracelular) podem ser comparados, de modo que podem
ser (Figura 9):
■ Hipertônico: é o mais concentrado em soluto.
■ Hipotônico: menos concentrado em soluto.
■ Isotônico: os dois meios têm a mesma concentração de soluto.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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Isotônico Hipotônico Hipertônico


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Concentração relativa do soluto Movimento das moléculas de água.


Em meios isotônicos, as concentrações estão equilibradas. Quando o
meio externo está hipotônico em relação à hemácia, a água entra. Se
o meio extracelular está hipertônico, a água sai da célula por osmose.
Figura 9 - Osmose de uma hemácia em comparação com o meio extracelular

Ao levar em consideração a presença de solutos na osmose, podemos dizer que


a água está mais concentrada onde o soluto está mais diluído (meio hipotônico)
e, por outro lado, há menor concentração de água quando o soluto está presente
em maior quantidade (meio hipertônico). Ou seja, do ponto de vista do soluto,
a água passa do meio menos concentrado (em soluto; hipotônico) para o mais
concentrado (hipertônico), como que para diluir o meio mais concentrado e
equilibrar as concentrações (deixar os meios isotônicos).

Não importa o ponto de vista (da água ou do soluto), ao final da osmose, as


moléculas de água ficam distribuídas de maneira mais homogênea.

Trocas Entre a Célula e o Meio Extracelular


82 UNIDADE II

TRANSPORTE ATIVO

Muitas vezes, as células precisam mover moléculas contra seu gradiente de con-
centração. Por este motivo, o transporte demanda gasto energético da célula,
proveniente da molécula de ATP (Adenosina Trifosfato).

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ATP
Adenosina Trifosfato (ATP) representa uma fonte de energia amplamente
utilizada pela célula, por isso é conhecida como moeda energética. O ATP
armazena energia em suas ligações químicas quando perde/ganha um ra-
dical fosfato. Assim, a forma alternativa (ADP) forma um ATP consumindo
energia e, quando o ATP perde o radical fosfato terminal e se torna ADP, essa
energia é liberada para o consumo imediato.
Fonte: Junqueira e Carneiro (2015).

O transporte ativo só ocorre por meio de proteínas, que utilizam o ATP para
transportar uma molécula contra seu gradiente de concentração. As proteí-
nas permeases que realizam o transporte ativo são conhecidas como bombas.
O transporte por meio dessas permeases pode ser do tipo uniporte, simporte e
antiporte (Figura 10) (ROBERTS; HIB, 2001).
■ Uniporte: apenas uma molécula é transportada contra seu gradiente de
concentração.
■ Simporte: duas moléculas atravessam a membrana plasmática simulta-
neamente e contra seus gradientes de concentração e no mesmo sentido.
■ Antiporte: duas moléculas utilizam a bomba para se movimentarem con-
tra seus gradientes de concentração, porém as moléculas são carregadas
para sentidos opostos.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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Simporte Antiporte Uniporte


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Figura 10 - Tipos de transporte ativo: simporte (passagem no mesmo sentido), antiporte (sentidos opostos)
e uniporte (apenas uma molécula)

Um tipo de transporte ativo antiporte, que é fundamental para as células ani-


mais, é a Bomba de Sódio-Potássio (Na+/K+ ATPase). Em etapas, a Bomba Na+/K+
transporta, ao mesmo tempo, sódio e potássio para lados opostos da membrana.
Esse transporte é fundamental para processos celulares, como a transmissão do
impulso nervoso.

FAGOCITOSE E PINOCITOSE

Há casos em que uma molécula ou substância é grande demais para ser trans-
portada por meio da membrana. Fagocitose e pinocitose são transportes em
quantidade e, nestes casos, a membrana plasmática se desloca, alterando sua
morfologia de maneira a englobar a partícula a ser importada.

Fagocitose

Fagocitose (Figura 11) é o processo pelo qual a célula forma prolongamentos


(pseudópodes) que englobam partículas sólidas (visíveis ao microscópio óptico),
a serem introduzidas no citoplasma (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015). Ao envol-
ver a partícula, forma-se uma vesícula no interior da célula, envolta por parte da
membrana plasmática (fagossomo), que será degradada.

Trocas Entre a Célula e o Meio Extracelular


84 UNIDADE II

Proteína
Receptor

Lisossomo

Fagossomo

Figura 11 - Fagocitose

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A célula que realiza fagocitose possui receptores específicos que reconhecem
proteínas nas membranas do organismo ou na partícula a ser fagocitada. Após
o reconhecimento da partícula, o citoplasma da célula fagocitária a engloba por
meio da formação de pseudópodes. No interior da célula, a partícula envolvida
por membrana é reconhecida por um lisossomo, que se une a essa estrutura, for-
mando um fagolisossomo (estrutura digestiva).
Nos protozoários, a fagocitose é o meio de alimentação. Nos animais, é um
mecanismo de defesa, como quando uma célula de defesa (macrófago, por exemplo)
engloba um agente externo (vírus, bactéria) a ser destruído no interior da célula.

Pinocitose

Quando a pinocitose foi descoberta, ela era tratada como o englobamento de gotí-
culas líquidas. Hoje, porém, sabe-se que se trata da captação ativa de moléculas
em solução. O que ocorre na pinocitose é um tipo de endocitose onde pequenas
quantidades de material são envoltas por depressão da membrana plasmática,
que se separa e forma uma vesícula no citoplasma (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2015). Existem dois tipos de pinocitose: seletiva e não seletiva.
■ Pinocitose seletiva: há receptores específicos para a molécula ser incor-
porada ao citoplasma.
■ Pinocitose não seletiva: as vesículas englobam os solutos do meio extra-
celular, sem especificidade.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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CITOPLASMA: ESTRUTURA, COMPOSIÇÃO E FUNÇÃO

Até agora, você conheceu os revestimentos


celulares e também as trocas de substân-
cias que acontecem entre a célula e o meio
externo. A partir de agora, você conhecerá
melhor o interior da célula, que chamamos
de meio intracelular.
No interior de todas as células existe um
citoplasma, que consiste em todo o conteúdo
celular que é envolvido pela membrana plasmá-
tica, porém, se você estiver pensando em uma
célula eucarionte, o citoplasma é o que fica entre
o núcleo e a membrana plasmática (Figura 12).
Figura 12 - Células em corte transversal de um
Nas células eucariontes, ele fica entre o núcleo ducto coletor na região da medula renal

e a membrana plasmática.

Citoplasma: Estrutura, Composição e Função


86 UNIDADE II

Durante muito tempo, o citoplasma era descrito como o fluido de preenchimento


do interior das células e acreditava-se que sua função era exatamente esta: preen-
chimento. Hoje, porém, já se sabe que ele é muito mais complexo e desempenha
funções fundamentais para as células.
O citoplasma é preenchido por moléculas, estruturas celulares (citoesque-
leto e organelas) e também é o local onde acontecem muitas reações químicas
do metabolismo, como a síntese de proteínas (ALBERTS et al., 2017).
Apesar de variável, o citoplasma apresenta, basicamente, três componentes:
matriz citoplasmática (ou citosol), organelas e depósitos diversos.

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MATRIZ CITOPLASMÁTICA

Também conhecida como citosol, a matriz é o fluido que preenche a célula e


envolve as organelas e os depósitos. A matriz citoplasmática, somada às organe-
las, ocupam mais da metade do volume total das células (ALBERTS et al., 2017).
Apesar de apresentar composição variada, a matriz é composta basicamente por:
água, íons, aminoácidos, precursores de DNA e RNA e enzimas.
A matriz costuma ser semelhante em células procariontes e eucariontes:
complexos enzimáticos, RNAm (mensageiro), RNAt (transportador) e RNAr
(ribossômico) estão presentes em ambos os tipos celulares. Nas células euca-
riontes, porém, é comum a presença de mais elementos no citosol devido ao
tamanho, que é muito maior em comparação com as células procariontes e tam-
bém por conta das funções que são executadas.

ORGANELAS

Não há um consenso sobre o conceito de organela, para alguns autores, elas são
estruturas localizadas no interior das células e que são envolvidas por membranas,
como mitocôndria, cloroplasto, retículo endoplasmático e Complexo de Golgi.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


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Outros autores, porém, consideram que organelas são todas as estruturas intra-
celulares presentes em todas as células e que desempenham funções definidas,
mesmo sem serem envolvidas por membranas. Neste segundo caso, ribossomos,
centrossomos e corpúsculos basais (dos cílios) são organelas.
Existem, como você já viu na primeira unidade, diferenças nas organelas
presentes em células procariontes e eucariontes (Figura 13). De maneira geral,
organelas endomembranosas, mitocôndrias, cloroplastos (vegetais e algas) e
peroxissomos (degradam proteínas) são diferenças importantes ao comparar o
citoplasma de células procariontes e eucariontes.
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CÉLULA BACTERIANA CÉLULA ANIMAL

Flagelo
Mitocôndria

Complexo de Golgi
Cápsula Lisossomo
Retículo
Endoplasmático
Ribossomo Citoplasma
Parede celular Rugoso
Grânulo
alimentar Centríolo
Membrana
Núcleo
plasmática
DNA Nucléolo
cromossômico DNA do Plasmídeo
Membrana Retículo
Citoplasma plasmática Endoplasmático
Liso
Fímbria
Ribossomo

Figura 13 - Estruturas e organelas presentes Figura 14 - Estruturas e organelas presentes na


na célula procarionte (bactéria) e nas células célula animal
eucariontes

CÉLULA VEGETAL
Lisossomo

Complexo de Golgi

Cloroplasto
Ribossomo
Vacúolo
Retículo
Endoplasmático
Citoplasma Rugoso

Nucléolo
Parede Celular
Núcleo
Membrana Retículo
plasmática Endoplasmático
Liso

Mitocôndria

Figura 15 - Estruturas e organelas presentes na célula vegetal

Citoplasma: Estrutura, Composição e Função


88 UNIDADE II

DEPÓSITOS CITOPLASMÁTICOS

O citoplasma pode apresentar


depósitos de substâncias diver-
sas, como grânulos de glicogênio,
partículas lipídicas e pigmentos.
Assim, formam-se os depósitos
citoplasmáticos (Figura 16) que,
geralmente, são temporários, for-

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mados por diversas substâncias e
não envolvidos por membrana.
Os grânulos de glicogênio (ou
glicossomos) podem existir iso-
lados ou agrupados. São muito
comuns em hepatócitos (prin- Figura 16 - Eletromicrografia de células da hipófise: cada
cipais células do fígado) e em célula tem grânulos (pontos mais escuros) de diferentes
tipos e tamanhos, com distribuição variada nas células
células musculares estriadas. As
gotículas lipídicas apresentam constituição química e tamanhos variados. Nos
adipócitos (células do tecido adiposo, a camada de gordura abaixo da pele), as
gotículas lipídicas aparecem em grandes quantidades. Nos músculos, elas ficam
próximas às mitocôndrias, onde serão oxidadas. Nas glândulas mamárias, par-
ticipam da produção do leite. Os lipídios, assim como o glicogênio, constituem
importante reserva energética celular.
Os pigmentos são substâncias que dão cor às células. Clorofila (nos vegetais)
e melanina (nos animais) são os pigmentos mais conhecidos. A melanina está
presente nas células da epiderme, a camada mais superficial da pele, e ajuda na
proteção contra os raios UV solares. Os depósitos de pigmento são responsáveis,
em parte, pela cor dos seres vivos, com consequências no mimetismo, na atra-
ção para o acasalamento e na proteção contra raios UV (ROBERTS; HIB, 2001).
Considerando os componentes que formam o citoplasma, é possível afirmar
que as funções que ele desempenha estão diretamente relacionadas aos seus com-
ponentes que, por sua vez, variam conforme cada tipo de célula.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


89
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CITOESQUELETO E MOVIMENTOS CELULARES

Ao pensar em uma célula, é possível que você


a imagine com uma consistência pastosa e
com estrutura indefinida, que varia conforme
o ambiente em que se encontra. Na verdade,
as células são muito bem estruturadas e os
componentes dessa estrutura são chamados
de citoesqueleto (como o próprio nome diz,
o “esqueleto da célula”). Assim, o citoesqueleto
é o alicerce da célula, fornecendo sustentação
e garantindo a organização interna da estru-
tura celular (Figura 17), presente apenas em
células eucariontes.
Além do papel mecânico de suporte, o cito- Figura 17 - Imunofluorescência de uma
esqueleto também é o responsável pelos célula tumoral, evidenciando (em amarelo)
os filamentos que formam o citoesqueleto
movimentos celulares. Existem diversos tipos Fonte: Wikimedia Commons (2018, on-line)5.
de movimentos, tais como a contração (em
células musculares, por exemplo), a formação de pseudópodes (em ameboides
ou em células de defesa, como os macrófagos) e o deslocamento intracelular de
organelas.

Citoesqueleto e Movimentos Celulares


90 UNIDADE II

COMPONENTES DO CITOESQUELETO

A disposição, a distribuição e a quantidade de elementos que compõem o cito-


esqueleto são bastante variáveis para cada tipo de célula e também de acordo
com as necessidades que elas apresentam. O citoesqueleto, porém, é formado
pela combinação de diferentes tipos de filamentos (Figura 18):
■ Microtúbulos: estão em constante reorganização, são importantes para a
movimentação de cílios e flagelos e também participam da divisão celu-
lar, pois formam as fibras do áster que deslocam os cromossomos.

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■ Microfilamentos de actina: são os mais finos, formados por actina, que
se distribuem por toda a célula. Realizam a contração muscular, partici-
pam dos movimentos das partículas intracelulares, reforçam a membrana
plasmática e participam da fagocitose.
■ Filamentos intermediários: são constituídos de diversas proteínas fibro-
sas que se agregam espontaneamente, sem necessidade de energia. São
estáveis, importantes para a sustentação e não participam da movimen-
tação celular. São muito abundantes em células que sofrem atrito, onde
se prendem a especializações da membrana plasmática, os desmossomos
(Figura 19), que unem as células umas às outras.
■ Proteínas motoras: miosina, dineínas e cinesinas são responsáveis pelo
deslocamento intracelular de organelas e outras partículas, associadas a
outros componentes do citoesqueleto.
Citoplasma

Microfilamentos
Filamentos
intermediários

Microtúbulos

Organelas imobilizadas
pelos componentes
do citoesqueleto

Figura 18 - Componentes do citoesqueleto (microtúbulos, microfilamentos e filamentos intermediários) e


sua relação com as organelas celulares
Fonte: The Living World ([2019], on-line)6.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


91

A Figura 19, a seguir, apresenta a estrutura de um desmossomo, que tem o for-


mato de disco e, na membrana de cada célula, existe uma placa na qual se inserem
os filamentos intermediários de queratina

Glicoproteína
ligante
Placa
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Espaço Queratina
intercelular (filamentos
intermediários)

Figura 19 - Estrutura de um desmossomo: uma Figura 20 - Fotomicrografia em microscópio


especialização da superfície de duas células que estão óptico, mostrando o estrato da epiderme corado
lado a lado, com a função de aderência com hematoxilina, evidenciando os filamentos de
queratina e desmossomos entre as células

MOVIMENTOS CELULARES

A maioria dos movimentos celulares é realizada pelos microfilamentos de actina,


microtúbulos e proteínas motoras (miosina, dineína e cinesina). De acordo com
o efeito que eles têm sobre as células, existem dois tipos de movimentos celula-
res (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2015):
■ Movimentos que modificam o formato das células: contração das células
musculares, movimentos nas células mioepiteliais (contráteis, nas glându-
las exócrinas, que auxiliam a expelir a secreção), nas células endoteliais,
nas células mióides (testículos), no movimento ameboide e na citocinese
(final da divisão celular).
■ Movimentos que não modificam o formato das células: transporte intra-
celular (grânulos de pigmento, organelas e vesículas).

Citoesqueleto e Movimentos Celulares


92 UNIDADE II

Aqui, você conhecerá mais profundamente dois tipos específicos de movimen-


tos celulares: a interação actina/miosina (na contração muscular, especialmente)
e os movimentos dos microtúbulos (em cílios e flagelos).

Actina e Miosina

Para compreender como acontece a interação entre os filamentos de actina e


miosina, tomaremos como exemplo a célula muscular estriada, também conhe-
cida como fibra muscular. Estas células têm capacidade de contração, o que gera

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movimento. O músculo esquelético é formado por diversos componentes estru-
turais que se repetem (Figura 21).

Figura 21 - Componentes estruturais de um músculo estriado esquelético: fibras, miofibrilas, actina e miosina

Cada músculo é formado por feixes de fibras musculares, que apresentam faixas
claras e escuras (estrias), consequência do arranjo de filamentos que formam as
miofibrilas. Estas, por sua vez, são formadas por unidades que se repetem, os
sarcômeros. É a estrutura do sarcômero que torna as estrias visíveis ao micros-
cópio óptico. Cada sarcômero é uma unidade contrátil, formada por filamentos
de actina (finos, nas extremidades) e miosina (grossos, ao centro).

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


93

A miosina, na verdade, é uma enzima, uma ATPase que catalisa a reação


química que quebra o ATP e libera o grupamento fosfato, formando um ADP.
Esta quebra libera energia que, no caso da contração muscular, é utilizada para
movimentar os filamentos de actina ao longo dos filamentos de miosina para
dentro do sarcômero, encurtando-o (Figura 22).

Sarcômero
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Miofibrila (organela formada


Sarcômero (unidade
por feixes de miofilamentos).
contrátil da miofibrila).

Sarcômero Sarcômero
(músculo relaxado) (músculo contraído)

Filamento fino Filamento grosso Filamento grosso


(actina). (miosina). (miosina).
Respiração
aeróbica.

Filamento fino
Filamento grosso.

1. cabeça globular do 2. o filamento de actina 3. ATP se liga à miosina que


filamento de miosina se desliza sobre a miosina, se desliga da actina e volta
liga ao sítio no filamento pela mudança na à sua posição original,
de actina. configuração da molécula. pronta para um novo ciclo.
Na morte, não há produção de ATP
e o ciclo para aqui (rigor mortis).

Figura 22 - Estrutura das células musculares e etapas da contração dos músculos por meio da interação
entre as proteínas actina e miosina

Citoesqueleto e Movimentos Celulares


94 UNIDADE II

Quando a contração se inicia, a cabeça globular da miosina se liga ao sítio no


filamento de actina. Esta ligação faz com que o filamento de actina deslize sobre
a miosina, pela mudança na configuração da molécula. A miosina tem atividade
enzimática, então o ATP se liga a ela e, quando a reação é catalisada, há libera-
ção de energia. Essa energia faz com que a miosina se desligue da actina e volte
à sua posição original, pronta para um novo ciclo.
O controle da contração muscular é realizado pelos íons Ca²+. Quando o mús-
culo está em repouso, a actina e a miosina não se ligam porque a tropomiosina
e as troponinas estão ligadas à actina, tapando o sítio de ligação com a miosina.

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Se há um estímulo no músculo (um sinal do sistema nervoso, por exemplo),
abrem-se os canais de Ca²+ da membrana plasmática, fazendo com que gran-
des quantidades desse íon entrem na célula muscular. Os íons Ca²+ deformam
a tropomiosina, liberando, então, o sítio de ligação, dando início à contração
muscular (Figura 23).

Filamento de actina quando o músculo está relaxado, a tropomiosina e as troponinas


cobrem o sítio de ligação com a miosina.

Troponina C Troponina T
Troponina I
Músculo relaxado

Filamento fino
do sarcômero

Tropomiosina

Ca2+ ausente Ca2+ presente


Músculo contraído

Na presença de íons de Ca2+, a tropomiosina muda de formato, arrastando as troponinas


e liberando o sítio de ligação para a miosina, o que dá início à contração muscular.

Figura 23 - Controle da contração muscular por íons de cálcio

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


95

Existem, ainda, outras ações celulares importantes realizadas pelas interações


entre a actina e a miosina. Entre elas, estão:
■ Participação na citocinese, que é a separação das células-filhas ao fim da
divisão celular.
■ Formação de microvilos na superfície de células de alguns epitélios. Nos
microvilos, há apenas actina com função estrutural.
■ Participação no movimento ameboide, realizado pela formação de pseu-
dópodes, importantes para a fagocitose e para a movimentação celular,
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por exemplo. Os filamentos de actina e miosina “puxam” a célula na for-


mação dos pseudópodes.

Cílios e flagelos

Cílios e flagelos são prolongamentos celulares com funções, como o deslocamento


celular (em protozoários ou espermatozoides) ou também a movimentação de
partículas na superfície dos tecidos corporais (como no revestimento das vias
aéreas no sistema respiratório). A diferença entre os cílios e flagelos é externa,
cílios são curtos e muito numerosos, enquanto flagelos são longos e únicos (ou
poucos) (Figura 24).

Flagelo
Vacúolo
alimentar
Citossomo

Núcleo
Sulco oral
Vacúolo
Macronúcleo Película

Vacúolo
Cílios contráctil Axóstilo

Figura 24 - Paramecium sp.: um protozoário de Figura 25 - Trichomonas sp.: protozoário causador da


vida livre, que se movimenta por batimento ciliar tricomoníase (DST), que se locomove utilizando flagelos

Citoesqueleto e Movimentos Celulares


96 UNIDADE II

O movimento de cílios e flagelos acontece porque os pares de microtúbulos


deslizam uns sobre os outros durante a contração. A energia para essa contra-
ção vem da catalisação do ATP feita pela dineína (uma ATPase, assim como a
miosina). O deslizamento provoca envergaduras temporárias na estrutura dos
cílios e flagelos, resultando em um movimento de chicote. Esse deslizamento
para apenas quando as dineínas prendem os pares de protofilamentos uns aos
outros (Figura 26).

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Microtúbulo
duplo Força de
Braço de deslizamento
dineína

ATP

Figura 26 - Movimento ciliar/flagelar por deslizamento de microtúbulos, com auxílio da dineína


Fonte: Slideplayer ([2019] on-line)7.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


97
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

COMUNICAÇÃO CELULAR ATRAVÉS DE SINAIS


QUÍMICOS

Nos organismos multicelulares, incluindo você, as células precisam se comuni-


car. Os mensageiros são muito importantes para as células, pois influenciam e
coordenam o metabolismo, a multiplicação celular, a secreção, a fagocitose, a
produção de anticorpos e a contração muscular. Praticamente todas as funções
celulares e teciduais são reguladas por sinais químicos.
Na comunicação celular ocorre a produção de sinais ou mensageiros quí-
micos por uma determinada célula. Para ser considerado mensageira ou sinal
químico, é preciso que haja uma resposta para sua presença na célula-alvo.
Para que uma célula responda a um sinal químico, ela precisa reconhecê-lo,
para, então, agir. O reconhecimento acontece apenas quando há um receptor para
esse sinal. As moléculas sinalizadoras são chamadas de ligantes, que se prendem
aos locais específicos das moléculas receptoras ou receptores. Um receptor é
capaz de reconhecer especificamente outra molécula (seu ligante) e de desenca-
dear uma resposta celular, quando unida ao ligante (Figura 27).

Comunicação Celular Através de Sinais Químicos


98 UNIDADE II

Célula-alvo
Receptor
Hormônio

Célula incompatível
Célula secretora (sem receptores)

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Figura 27 - Célula secretora liberando hormônios que atuam nas células-alvo, que são aquelas com
receptores específicos para o hormônio

Dependendo do tipo de distância percorrida pela molécula e pelas características


do trajeto, a comunicação celular pode ser classificada em três tipos: comunica-
ção por hormônios, comunicação parácrina e por neurotransmissores.

HORMÔNIOS

Certamente, você já ouviu falar em hormônios. Muitas vezes, eles são associa-
dos aos problemas de saúde, ao crescimento ou mesmo em relação às mudanças
corporais que acontecem na puberdade. Os hormônios são mesmo responsá-
veis por todas estas funções. São moléculas secretadas em órgãos especializados
pelas glândulas endócrinas (Figura 28).
Hormônio na
corrente sanguínea

Capilares
sanguíneos

Células
endócrinas

Figura 28 - Esquema que ilustra as células que Figura 29 - Tecido glandular visto ao microscópio
formam as glândulas, circundadas por capilares óptico, corado com hematoxilina/eosina
sanguíneos, por onde os hormônios são liberados

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


99

Os hormônios são sinais que atravessam grandes distâncias até encontrarem


seu local de atuação. Após a produção, eles são lançados no espaço extracelular,
penetram os capilares sanguíneos e se distribuem por todo o corpo.
A insulina, por exemplo, é um hormônio produzido no pâncreas e que percorre
todo o organismo por meio das células sanguíneas para retirar a glicose do sangue e
enviá-la para os tecidos e que será usada como recurso alimentar. De maneira simi-
lar, as auxinas nos vegetais atuam como hormônios de crescimento nos meristemas.
A comunicação hormonal é relativamente lenta porque a distribuição hormo-
nal é por meio da corrente sanguínea, e isto leva tempo. Os hormônios deixam
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os capilares sanguíneos por difusão, onde são captados por células que contêm
os receptores específicos, ou seja, as células-alvo.
A especificidade hormonal depende da natureza química do hormônio, mas
também da existência de receptores apropriados na célula-alvo. As respostas ao
estímulo de um hormônio dependem do tipo de célula-alvo: o mesmo hormônio
pode ter ação inibitória de secreção em alguns tipos celulares e liberar secreção
em outros. Uma vez que o hormônio encontra sua célula-alvo, a resposta por ela
apresentada pode ser lenta (como os esteroides) ou rápida.
A solubilidade de um hormônio está relacionada ao seu local de recepção
na célula-alvo. A maioria dos hormônios é hidrossolúvel e atua sobre os recep-
tores de membrana externamente, porém alguns são lipossolúveis e, por isso,
atravessam a membrana plasmática com facilidade. No interior da célula, ligam-
-se aos receptores localizados no citoplasma ou no núcleo.

COMUNICAÇÃO PARÁCRINA

A secreção parácrina é realizada por células especializadas por meio de media-


dores químicos de ação local. Os mediadores atuam em células adjacentes; após
a atuação, as moléculas podem ficar retidas na matriz extracelular do local de
produção ou podem ser inativadas logo após exercerem suas funções.
Geralmente, a molécula secretada por um tipo celular atua sobre outro tipo,
porém, em algumas vezes, a produção e a atuação das moléculas sinalizadoras
são feitas pelo mesmo tipo celular, então a secreção é autócrina.

Comunicação Celular Através de Sinais Químicos


100 UNIDADE II

Os mastócitos (Figura 30) são células de defesa que têm por mecanismo de
atuação a secreção parácrina de histamina e heparina no tecido conjuntivo. Ao
receberem um estímulo, tais como os antígenos do sistema imune ou a ação de
agentes químicos, os grânulos de histamina e heparina são expulsos dos mastócitos.

Receptor Antígeno
IgE

Liberação
dos grânulos

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Histamina

Figura 30 - Esquema de um mastócito com o Figura 31 - Mastócito (ao centro) com grânulos de
antígeno e seu receptor, os grânulos saindo do histamina e heparina que são liberados no tecido
citoplasma e a histamina saindo dos grânulos conjuntivo (em azul, ao redor), fotomicrografia óptica

Além da defesa contra patógenos e agentes externos, existem mediadores de


ação local que atuam na inflamação, na proliferação celular, no tubo digestivo,
nos brônquios e na secreção celular.

NEUROTRANSMISSORES

Os neurotransmissores são moléculas responsáveis pela transmissão de


informações nervosas, provenientes, principalmente, de precursores protei-
cos. A comunicação celular por neurotransmissores depende de estruturas
altamente especializadas, as sinapses. Sinapse é o local de comunicação
entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma célula efetora (excretora
ou muscular).
O neurônio é uma célula do sistema nervoso constituída de dendritos, um
corpo celular e o axônio, com seus terminais. Os dendritos constituem a parte
receptora de sinais, eles são o local por onde os neurotransmissores chegam

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


101

a um neurônio. O corpo celu-


Dendrito
lar é responsável pela síntese de
macromoléculas, é o local em que Núcleo
se encontram o núcleo, o retículo
endoplasmático, os ribossomos e Bainha de
Mielina
o Complexo de Golgi. O axônio
forma terminais axônicos, que
são os locais onde se formam as Axônio

sinapses e onde são liberados os


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neurotransmissores (Figura 32).


Os dentrito, o corpo celular e o Terminais axônicos

axônio são os componentes bási- Figura 32 - Estrutura de um neurônio, célula do sistema


nervoso
cos de um neorônio.
Na sinapse, a membrana das duas células que se comunicam é separada por
uma fenda (intervalo sináptico). A membrana do terminal axônico é chamada
de pré-sináptica e é o local de onde saem as vesículas com neurotransmissores.
A membrana da célula que tem os receptores para os neurotransmissores é cha-
mada de terminal pós-sináptico (Figura 33).

Neurônio pré-sináptico
Mitocôndria

Ca2+
Terminal axônico
Canais de Ca2+ Fenda sináptica

Membrana pós-sináptica
Canal iônico ligante

Neurônio pós-sináptico
Neurotransmissores são produzidos em vesículas nos terminais pré-sinápticos.

Impulso nervoso passa pelo neurônio pré-sináptico.

Despolarização da membrana plasmática, que abre os canais de Ca2+.


Neurotransmissores são liberados na fenda sináptica por exocitose.
Neurotransmissores chegam aos receptores na membrana do neurônio pós-sináptico,
abrindo os canais iônicos da membrana.

Figura 33 - Sinapse entre dois neurônios

Comunicação Celular Através de Sinais Químicos


102 UNIDADE II

As sinapses podem ocorrer entre dois neurônios ou entre um neurônio e uma


célula efetora, como as musculares. No caso da comunicação com músculos,
o principal neurotransmissor é a acetilcolina, liberada por exocitose na placa
motora (ou junção neuromuscular) que se forma no ponto de comunicação.
A comunicação por neurotransmissores é rápida e de breve duração. Além
da acetilcolina (nos músculos), GABA (ácido gama-aminobutírico), dopamina,
serotonina e glicina também são exemplos de neurotransmissores.
Algumas moléculas podem atuar como neurotransmissores e também por
outro modo de comunicação. Isto acontece com a epinefrina e a norepinefrina

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(também conhecidas como adrenalina e noradrenalina), que atuam como neu-
rotransmissores e também podem atuar como hormônios produzidos pelas
glândulas adrenais.
Além dos processos que você estudou ao longo deste tópico, que envolvem
ligantes e receptores, algumas células conseguem se comunicar diretamente por
meio de moléculas que passam por canais existentes entre células contíguas, as
junções comunicantes ou gap junctions (Figura 34).

Fechado Aberto

Complexo
conector

Monômero
de conexão
Membrana
plasmática

Espaço intercelular
Espaço de 2-4 nm
Canal hidrofílico

Figura 34 - Junções comunicantes ou gap junctions, presentes entre duas células contíguas que permitem
comunicações diretas entre as células por meio de moléculas que atravessam esses canais
Fonte: Wikimedia Commons (2015, on-line)8.

ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


103

Caro(a) aluno(a), ao longo desta unidade, você pôde conhecer melhor a estrutura
de uma célula. A ideia que orienta seus estudos aqui é conhecer os componentes
celulares, principalmente em células eucariontes, como se você pudesse visualizar
a célula “de fora para dentro”. Os envoltórios celulares delimitam o citoplasma, a
membrana plasmática regula as trocas entre os meios intra e extracelular. No cito-
plasma, entre outros componentes, o citoesqueleto sustenta a estrutura e realiza
movimentos celulares. Em todos os organismos multicelulares existe comuni-
cação entre as células, feita por diferentes vias, por diversos mensageiros. Todos
os conhecimentos desta unidade se integram de forma a estruturar e a diferen-
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ciar as células, esta foi a primeira etapa no estudo aprofundado dos constituintes
e do metabolismo celular, que serão importantes para as próximas unidades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Chegamos ao fim da segunda unidade, em que você conheceu algumas estru-


turas e mecanismos celulares de maneira mais detalhada. Sua jornada teve
início no estudo dos envoltórios celulares, onde foram diferenciadas estrutural-
mente e funcionalmente a membrana plasmática, a parede celular e o glicocálix.
Diferenciamos também os tipos celulares que apresentam cada tipo de envoltó-
rio, com suas respectivas funções.
Além disso, com ênfase maior na permeabilidade seletiva da membrana
plasmática, você conheceu os tipos de trocas realizadas entre os meios intra e
extracelular, tanto por processos passivos quanto por ativos. Algumas substâncias
atravessam a bicamada fosfolipídica sem gasto energético, mas outras dependem
de proteínas integrais para conseguirem entrar no citoplasma.
Ao analisar o meio intracelular, notamos os diferentes componentes do
citoplasma, bem como suas respectivas funções. Além do preenchimento, o cito-
plasma é fundamental para as reações químicas do metabolismo e pode variar
de acordo com cada tipo de célula.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
104 UNIDADE II

Vimos, também, os constituintes do citoesqueleto e seus mecanismos de fun-


cionamento, enfatizando a importância que cada um deles tem para as células.
A unidade foi encerrada com os principais tipos de comunicação celular, tanto
a distância quanto localmente.
A segunda unidade teve por objetivo apresentar as estruturas celulares que
sustentam, compõem e delimitam a célula. Além da estrutura, o funcionamento e
a importância desses componentes serve como base para o desenvolvimento dos
conteúdos nas próximas unidades, em que analisaremos as organelas celulares.

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ENVOLTÓRIOS CELULARES, CITOPLASMA E CITOESQUELETO


105

1. A respeito dos envoltórios celulares, assinale a alternativa correta.


a) A membrana plasmática tem como principal função manter a estrutura da
célula e fornecer resistência, especialmente em tecidos que sofrem atrito.
b) A parede celular tem permeabilidade seletiva, então ela atua mantendo a
diferença entre os meios intra e extracelular.
c) A membrana plasmática é formada por duas camadas de fosfolipídios e pro-
teínas de membrana.
d) A parede celular está presente em células vegetais, animais e de fungos, as
bactérias não apresentam parede celular.
e) O glicocálix auxilia na manutenção da integridade osmótica das células, im-
pedindo que elas se rompam.
2. Para manter a diferença entre os meios intra e extracelular, realizam-se diver-
sos tipos de transporte por meio da membrana. Faça um quadro comparativo
entre os tipos de transporte, separando-os em ativos e passivos, se possível, dê
exemplos.
3. Sobre o citoplasma e seus componentes, analise as afirmativas a seguir.
I. Todas as células possuem citoplasma.
II. O citoplasma de células procariontes é diferente de células eucariontes.
III. A principal função do citoplasma é manter o formato da célula.
IV. Matriz citoplasmática, organelas e depósitos (glicogênio, lipídios ou pig-
mentos) são os principais componentes do citoplasma.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II.
b) Somente as afirmativas II e III.
c) Somente a afirmativa I.
d) Somente as afirmativas I, II e IV.
e) Todas as alternativas estão corretas.
106

4. O citoesqueleto é composto por microtúbulos, microfilamentos, filamentos in-


termediários e proteínas motoras. Sobre este assunto, julgue as afirmativas a
seguir como verdadeiras (V) ou falsas (F).
( ) Os microtúbulos são importantes para a contração muscular.
( ) Microtúbulos são formados por dímeros de tubulina que se polimerizam
ou despolimerizam, aumentando ou diminuindo de tamanho.
( ) Os filamentos intermediários são os únicos tipos de filamentos do citoes-
queleto que não participam dos movimentos celulares.
Assinale a sequência correta:
a) V, V e F.
b) F, F e V.
c) V, F e V.
d) F, F e F.
e) F, V e V.
5. Sobre a comunicação celular por meio de sinais químicos, analise as afirmati-
vas a seguir.
I. Moléculas sinalizadoras são chamadas de ligantes, que se prendem a locais
específicos nas células-alvo, chamadas receptores.
II. Os hormônios são produzidos por células especializadas do sistema endó-
crino que atuam nos tecidos adjacentes de onde se encontram.
III. Hormônios hidrossolúveis atuam em proteínas da superfície da membrana
plasmática, enquanto os lipossolúveis encontram seus receptores apenas
no citoplasma ou no núcleo celular.
IV. Os neurônios são células do sistema nervoso responsáveis pela produção
de hormônios e que são distribuídos pelo corpo por meio da corrente san-
guínea.
Assinale a alternativa correta:
a) Somente as afirmativas I e II.
b) Somente as afirmativas I e III.
c) Somente as afirmativas II, III e IV.
d) Somente a afirmativa II.
e) Todas as afirmativas estão corretas.
107

DIABETES MELLITUS

O Diabetes Mellitus configura-se hoje como complicações, como a doença cardio-


uma epidemia mundial, e é um grande vascular, a diálise por insuficiência renal
desafio para os sistemas de saúde de todo o crônica e as cirurgias para amputações de
mundo. O envelhecimento da população, a membros inferiores. No Brasil, o diabetes
urbanização crescente e a adoção de estilos junto com a hipertensão arterial, é respon-
de vida pouco saudáveis como sedenta- sável pela primeira causa de mortalidade
rismo, dieta inadequada e obesidade são e de hospitalizações, de amputações de
os grandes responsáveis pelo aumento da membros inferiores e representa ainda
incidência e prevalência do diabetes. 62,1% dos diagnósticos primários em
pacientes com insuficiência renal crônica
Segundo estimativas da Organização submetidos à diálise.
Mundial de Saúde, o número de portado-
res da doença em todo o mundo era de O diabetes é um grupo de doenças meta-
177 milhões em 2000, com expectativa de bólicas caracterizadas por hiperglicemia
alcançar 350 milhões de pessoas em 2025. e associadas a complicações, disfunções
No Brasil são cerca de dez milhões de por- e insuficiência de vários órgãos, especial-
tadores, e esse número ainda cresce. As mente olhos, rins, nervos, cérebro, coração
consequências humanas, sociais e eco- e vasos sanguíneos. Pode resultar de defei-
nômicas são devastadoras: são 4 milhões tos de secreção e/ou ação da insulina
de mortes por ano relativas ao diabetes e envolvendo processos patogênicos espe-
suas complicações (com muitas ocorrên- cíficos, por exemplo, destruição das células
cias prematuras), o que representa 9% da beta do pâncreas (produtoras de insulina),
mortalidade mundial total. resistência à ação da insulina, distúrbios da
secreção da insulina, entre outros.
O grande impacto econômico ocorre nota-
damente nos serviços de saúde, como A classificação etiológica da doença a
consequência dos crescentes custos do separa em duas categorias: Diabetes Tipo
tratamento da doença e, sobretudo das I e Tipo II.
108

DIABETES TIPO I

O termo tipo I indica destruição da célula O desenvolvimento do diabetes tipo 1 pode


beta que eventualmente leva ao estágio de ocorrer de forma rapidamente progressiva,
deficiência absoluta de insulina, quando principalmente, em crianças e adolescentes
a administração de insulina é necessária (pico de incidência entre 10 e 14 anos), ou de
para prevenir cetoacidose, coma e morte. forma lentamente progressiva, geralmente
em adultos, (LADA, latent autoimmune dia-
A destruição das células beta é geral- betes in adults; doença auto-imune latente
mente causada por processo auto-imune, em adultos). Esse último tipo de diabetes,
que pode se detectado por auto-anticor- embora assemelhando-se clinicamente ao
pos circulantes como anti-descarboxilase diabetes tipo 1 auto-imune, muitas vezes
do ácido glutâmico (anti-GAD), anti-ilho- é erroneamente classificado como tipo
tas e anti-insulina, e, algumas vezes, está 2 pelo seu aparecimento tardio. Estima-
associado a outras doenças auto-imunes -se que 5-10% dos pacientes inicialmente
como a tireoidite de Hashimoto, a doença considerados como tendo diabetes tipo 2
de Addison e a miastenia gravis. Em menor podem, de fato, ter LADA.
proporção, a causa da destruição das célu-
las beta é desconhecida (tipo 1 idiopático).

DIABETES TIPO II

O termo tipo II é usado para designar uma A maioria dos casos apresenta excesso de
deficiência relativa de insulina. A adminis- peso ou deposição central de gordura. Em
tração de insulina nesses casos, quando geral, mostram evidências de resistência à
efetuada, não visa evitar cetoacidose, ação da insulina e o defeito na secreção de
mas alcançar controle do quadro hiper- insulina manifesta-se pela incapacidade
glicêmico. A cetoacidose é rara e, quando de compensar essa resistência. Em alguns
presente, é acompanhada de infecção ou indivíduos, no entanto, a ação da insulina
estresse muito grave. é normal, e o defeito secretor mais intenso.
Fonte: Brasil (2006).
MATERIAL COMPLEMENTAR

Quebrado
Ano: 2012
Sinopse: após testemunhar um ataque violento, a vida de uma jovem
inglesa é transformada e seu mundo começa a parecer cada vez mais
estranho. Ela enfrenta o desconhecido e o medo, vendo a inocência
da infância ir embora, com o apoio de Rick, um rapaz doce e sofrido. A
comunidade em que vivem é dividida pelo terrível crime e os esforços da
menina vão alterar as opiniões e os sentimentos dos moradores do bairro.
Comentário: o filme retrata de maneira realista o convívio diário com o
diabetes tipo 1 sob a ótica de uma menina de 11 anos.

O vídeo mostra as etapas da contração muscular, envolvendo os filamentos de actina e miosina. O


vídeo está em inglês, mas é possível ativar as legendas.
Web: <https://www.youtube.com/watch?v=j-5959hSHCc>.

Material Complementar
REFERÊNCIAS

ALBERTS, B.; JOHNSON, A.; LEWIS, J.; RAFF, M.; DE ROBERTS, K.; WALTER, P. Biologia
molecular da célula. 6. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
BRASIL. Ministério da Saúde. Diabetes Mellitus. Cadernos de Atenção Básica n. 16.
Brasília: Ministério da Saúde, 2006. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/
publicacoes/diabetes_mellitus.PDF>. Acesso em: 28 jan. 2019.
DE ROBERTS, E. M. F.; HIB, J. Bases da biologia celular e molecular. 3. ed. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan, 2001.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Biologia Celular e Molecular. 9. ed. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2012.
MOYES, C. D.; SCHULTE, P. M. Princípios de fisiologia animal. Porto Alegre: Artmed,
2009.
PELCZAR, M. J.; CHAN, E. C. S.; KRIEG, N. R.; EDWARDS, D. D.; PELCZAR, M. F. Microbio-
logia: conceitos e aplicações. São Paulo: Makron Books, 1997.

Referências On-Line
¹ Em: <https://www.chimica-online.it/biologia/membrana-cellulare.htm>. Acesso
em: 25 jan. 2019.
² Em: <http://biovegetal.es/docencia-asignaturas-impartidas/biolog%C3%ADa-de-
-la-plantas/tema-1/>. Acesso em: 25 jan. 2019.
³ Em: <http://eluniversobajoelmicroscopio.blogspot.com/2017/11/glucocalix.
html>. Acesso em: 25 jan. 2019.
³ Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Scheme_simple_diffusion_in_
cell_membrane-en.svg>. Acesso em: 25 jan. 2019.
⁵ Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Citoesqueleto.gif>. Acesso em: 28
jan. 2019.
⁶ Em: <https://schoolbag.info/biology/living/31.html>. Acesso em: 28 jan. 2019.
⁷ Em: <https://slideplayer.es/slide/134804/2/images/38/Mecanismo+de+curva-
tura+o+movimiento+de+un+microt%C3%BAbulo+en+cilios+y+flagelos.jpg>.
Acesso em: 28 jan. 2019.
⁸ Em: <https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gap_cell_junction-en.
svg>. Acesso em: 28 jan. 2019.
111
GABARITO

1. C.
2. Exemplo de resposta:
Transporte Passivo Transporte Ativo
• Sem gasto energético. • Com gasto energético.
• A favor do gradiente de concentração • Contra o gradiente de con-
da molécula. centração.
Ex.: Osmose; difusão simples e facilitada. Ex.: Bomba de Sódio/Potássio.

3. D
4. E.
5. B.
ANOTAÇÕES

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