Manual Zoologia Sistematica

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Zoologia Sistemática

Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros


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deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos seus Autores.

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Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na
produção

dos Módulos.

Ao Instituto Nacional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado


em todo o processo.
Ficha Técnica
Autor: Ana Bela & Cristiano Pires

Desenho instrucional:

Revisão Linguística:

Maquetização : Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros i

Índice
Visão geral 9
Bem-vindo a Zoologia Sistemática I Estudo dos Invertebrados: dos Protozoários aos
Artrópodes ........................................................................................................................ 9
Objectivos do curso ........................................................................................................ 10
Quem deveria estudar este módulo................................................................................. 11
Como está estruturado este módulo ................................................................................ 11
Ícones de actividade........................................................................................................ 12
Acerca dos ícones ........................................................................................ 12
Habilidades de estudo ..................................................................................................... 13
Precisa de apoio? ............................................................................................................ 13
Avaliação ........................................................................................................................ 13

Unidade I 14
Introdução ao estudo da Zoologia Sistemática ............................................................... 14

Lição nº 1 17
A Zoologia Sistemática: uma subdisciplina da Biologia ................................................ 17
Sistemas de Classificação dos Seres Vivos ................................................. 18
História de Classificação de seres vivos................................................................ 19
Exercícios........................................................................................................................ 20

Lição nº 2 21
História da Zoologia Sistemática.................................................................................... 21
No fim desta lição você será capaz de:.................................................................. 21
Sistemática e Taxonomia Zoológica............................................................ 21

Lição nº 3 26
Noções básicas de Sistemática, Classificação ou Taxonomia ........................................ 26
Exercícios........................................................................................................................ 30

Lição nº 4 31
Noções básicas da Nomenclatura ................................................................................... 31
Estrutura e Hierarquia Taxonómica ............................................................. 31
Exercícios........................................................................................................................ 40

Lição nº 5 42
Noções básicas ................................................................................................................ 42
Regras da Nomenclatura biológica ................................................................................. 42
Princípios Básicos do Código Internacional de Nomenclatura.................... 43
ii Índice

Como pronunciar os nomes científicos ................................................................. 53


Exercícios........................................................................................................................ 54

Lição nº 6 55
Prefixação latina e seu emprego na Nomenclatura ......................................................... 55
Alguns métodos de trabalho da Nomenclatura...................................................... 57
métod ..................................................................................................................... 60
Sumário........................................................................................................................... 61

Unidade II 62
Regnum Animalia ........................................................................................................... 62
Introdução.............................................................................................................. 62

Lição nº 1 63
Características Gerais do Regnum Animalia gerais ....................................................... 63
Exercícios........................................................................................................................ 64

Lição nº 2 65
Subregnum Protozoa....................................................................................................... 65
Prokaryota e Eukaryota: eliminação dos Monera ........................................ 65
Protozoa: Aspectos gerais ..................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 67

Lição nº 3 68
Origem, Filogenia e Reprodução dos Protozoários ........................................................ 68
Características gerais dos Protozoários ................................................................. 69
Arquitectura celular ..................................................................................... 69
Modo de vida dos Protozoários.................................................................... 71
Reprodução .................................................................................................. 72
Sistema dos Protozoários ............................................................................. 73
Exercícios........................................................................................................................ 74

Lição nº 4 75
Classificação dos Protozoários ....................................................................................... 75
Sistema dos Protozoários ............................................................................. 75
Classe dos Flagelados (Flagellata ou Mastigophofora)......................................... 75
Ordem Choanoflagellata .............................................................................. 77
Ordem Trichomonadida ............................................................................... 78

Ordem Diplomonadida (Diplomonadina) 79


Ordem Kinestoplastida................................................................................. 80
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros iii

Exercícios........................................................................................................................ 84

Lição nº 5 85
Classificação dos Protozoários ....................................................................................... 85
Classe dos Rizopodes ou Sarcodinos (Rhizopoda, Sarcodina) ............................. 85
Ordem Testacea, Testacida, Arcellinida ...................................................... 88
Ordem Foraminifera..................................................................................... 89
Ordem Heliozoa ........................................................................................... 90
Ordem Radiolaria......................................................................................... 90
Exercícios........................................................................................................................ 91

Lição nº 6 92
Classificação dos Protozoários ....................................................................................... 92
Classe dos Esporozoários (Sporozoa) ................................................................... 92
Ordem Coccidia ........................................................................................... 95
Subclasse Telosporidia .......................................................................................... 98
Gregarinida............................................................................................................ 98
Ordem 2. Coccidia ....................................................................................... 99
Ordem Haemosporidia ............................................................................... 100
Subclasse Acnidosporidia.................................................................................... 100
Ordem Haplosporidia........................................................................ 101
Ordem Sarcosporidia ........................................................................ 101
Subclasse Cnidosporidia ............................................................................ 101
Ordem Myxosporidia......................................................................... 101
Ordem Actinomyxidia ........................................................................ 102
Ordem Microsporidia ........................................................................ 102
Ordem Helicosporidia ....................................................................... 102
Exercícios...................................................................................................................... 103

Lição nº 7 104
Classificação dos Protozoários ..................................................................................... 104
Classe dos Ciliados (Ciliata, Ciliophora) ............................................................ 104
Actividades ................................................................................................................... 111
Proposta de uma aula prática............................................................................... 111
Auto-avaliação .............................................................................................................. 112

Unidade III 118


Estudo do Subreino Metazoa ........................................................................................ 118

Lição nº 1 119
Caracteristicas, Sistemática e origem dos Metazoarios. ............................................... 119
características dos metazoários:................................................................. 119
Sistemática dos Metazoários...................................................................... 122
Fig.39. Tricoplax adhaerens., único representante do grupo Placozoa ............. 124
Origem dos Metazoários ............................................................................ 124
iv Índice

Exercicíos...................................................................................................................... 126

Lição nº 2 127
Estudo dos Porifera....................................................................................................... 127
Características morfológicas, ecológicas e modo de vida e reprodução dos
Poríferos .............................................................................................................. 127
Ecologia e modo de vida............................................................................ 128
Morfologia e anatomia............................................................................... 129
Reprodução e embriogenia ........................................................................ 131
Filogenia e Sistemática .............................................................................. 132
Exercícios...................................................................................................................... 133

Lição nº 3 135
Estudo dos Cnidaria ...................................................................................................... 135
Características morfológicas, ecológicas, modo de vida e reprodução dos
Cnidários .................................................................................................... 136
Curiosidade ................................................................................................ 137
Morfologia e anatomia, reprodução e ciclo de vida................................... 138
Reprodução e embriogenia.................................................................................. 141
Em resumo dos ciclos representados acima podemos dizer que................ 141
Filogenia e Sistemática dos Cnidários ....................................................... 142
Filo Ctenophora................................................................................................... 144
Exercícios...................................................................................................................... 146
Actividades: Uma aula de prática ................................................................................. 147

Lição nº 4 148
Introdução geral aos Bilateria ....................................................................................... 148
Exercícios...................................................................................................................... 151

Lição nº 5 152
Estudo dos Platyhelminthes .......................................................................................... 152
Introdução aos Platelmintes ....................................................................... 152
Ecologia e modo de vida............................................................................ 152
Morfologia e anatomia............................................................................... 153
Sistemática e Filogenia dos Platyhelminthes............................................. 154
Classe Turbellaria (Turbelários em português).......................................... 154
Classe Trematoda (Os Tremátodos em português).................................... 155
Classe Cestoda (Céstodes Cestóides em português).................................. 157
Exercícios...................................................................................................................... 161

Lição nº 6 162
Estudo dos Nemertini e Nemathelminthes.................................................................... 162
Ecologia e modo de vida dos Nemathelminthes (Aschelminthes)............. 163
Sistemática e Filogenia dos Nemathelminthes .......................................... 166
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros v

Exercícios...................................................................................................................... 167

Lição nº 7 170
Estudo dos Moluscos .................................................................................................... 170
Características gerais dos Moluscos .......................................................... 170
Ecologia e modo de vida dos Moluscos (Mollusca) .................................. 173
Sistemática e Filogenia dos Moluscos................................................................. 174
Exerícios ....................................................................................................................... 176

Lição nº 8 177
Estudo da classe Gastropoda......................................................................................... 177
Classe Gastropoda...................................................................................... 177
Sistemática dos Gastrópodes...................................................................... 180
Exercícios...................................................................................................................... 183

Lição nº 9 184
Estudo da classe Bivalvia (Lamellibranchia)................................................................ 184
Características gerais dos Bivalvia...................................................................... 184
Exercícios...................................................................................................................... 192

Lição nº 10 193
Estudo da classe Cephalopoda...................................................................................... 193
Características gerais dos Cefalópodes ............................................................... 193
Anatomia dos cefalópodes ......................................................................... 197
Exercícios...................................................................................................................... 202

Lição nº 11 205
Estudo dos Articulata.................................................................................................... 205
Estudo dos Articulata .......................................................................................... 205
Características comuns dos Anelídeos e Artrópodes ................................. 206
Estudo do Filo Annelida ............................................................................ 206
Características morfológicas, ecológicas e modo de vida e reprodução dos
Anelídeos ................................................................................................... 207
Sistemática dos Anelídeos ......................................................................... 208
Classe Hirudinea ........................................................................................ 211
Exercícios...................................................................................................................... 212

Lição no 12 214
Estudo dos Artropodes / Arthropoda ............................................................................ 214
Características morfológicas e fisiológicas dos Artrópodes................................ 216
Sistemática e Filogenia dos Artrópodes .............................................................. 221
vi Índice

Exercícios...................................................................................................................... 222

Lição nº 13 223
Estudo do Subfilo Chelicerata ...................................................................................... 223
Exercícios...................................................................................................................... 229

Lição nº 14 233
Estudo do Subfilo Crustacea......................................................................................... 233
Caracteristicas gerais ........................................................................................... 235
Classe Cirripedia (Lepas e Cracas) ............................................................ 239
Extrutura externa........................................................................................ 239
Classe Malacostraca................................................................................... 240
Extrutura externa........................................................................................ 241
Exercícios...................................................................................................................... 244

Lição nº 15 249
Estudo do Subfilo Tracheata, (Antennata).................................................................... 249
Exercícios...................................................................................................................... 261

Lição nº 16 263
Estudo do Filo Echinodermata...................................................................................... 263
Exercícios...................................................................................................................... 271
Chave de correção ............................................................................................... 273
Sumário ............................................................................................................... 274
Filo Artrhopoda/Artrópodes ................................................................................ 279
Filo Echinodermata/Equinodermes ..................................................................... 280
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros vii

Unidade IV 282
Estudo do Filo Chordata ............................................................................................... 282

Lição nº 1 285
Definição dos principais conceitos, Evolução, sistemática dos Chordata .................... 285
Exercícios...................................................................................................................... 291

Lição nº 2 293
Estudo do Subfilo Vertebrata e Agnatha ...................................................................... 293
Exercícios...................................................................................................................... 298

Lição nº 3 299
Estudo do Subfilo dos Gnatostomata............................................................................ 299
Exercícios...................................................................................................................... 311

Lição nº 4 314
Superfamilia Tetrapoda (Tetrápodes) –Classe Amphibia............................................. 314
Exercícios...................................................................................................................... 318

Lição nº 5 320
Classe Reptilia .............................................................................................................. 320
Sabia que após mordeduras por serpentes ................................................. 330
Alimentação ............................................................................................... 332
Tegumento........................................................................................................... 332
Reprodução ................................................................................................ 333
Classificação .............................................................................................. 334
Superfamília Typhlopoidea (Scolecophidia) ............................................. 334
Superfamília Henophidia (Boidea) ............................................................ 334
Serpentes venenosas (alguns exemplos de Moçambique) ......................... 335
Exercícios...................................................................................................................... 338

Lição nº 6 341
Classe Aves................................................................................................................... 341

Lição nº 7 355
Classe Mammalia.......................................................................................................... 355
Exercícios...................................................................................................................... 365

Lição nº 8 366
Subclasse Theria ........................................................................................................... 366
Hiena malhada, Crocuta crocuta ................................................................ 373
Família: Canidae ........................................................................................ 373
viii Índice

Exercícios...................................................................................................................... 456
Sumário......................................................................................................................... 459
Quadro resumo dos equinodermes: ..................................................................... 459
Bibliografia básica: ....................................................................................................... 467
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 9

Visão geral
Bem-vindo a Zoologia Sistemática I Estudo dos
Invertebrados: dos Protozoários aos Artrópodes

Caro estudante!

O módulo que você tem nas mãos, trata do conhecimento sobre a vida
dos organismos em geral e em particular dos animais que tem o seu
verdadeiro lugar “biótopo” na natureza, onde você faz parte como
Homem.

O Homem primitivo para viver precisava caçar e durante esta actividade


conheceu diversos organismos de animais e plantas, das quais ele se
alimentava. Por meio da observação chegou a conhecer cada organismo
com o seu próprio nome, o seu comportamento (maneira de ser), as
características morfológicas (forma externa), anatómicas (forma interna),
fisiológicas (modo do funcionamento), os sistemas de classificação
(formas como eles se encontravam agrupados) na natureza. Este é um dos
principais campos de actividade e domínio do conhecimento humano
sobre os organismos que constituem preocupação do Homem no presente.
Preocupação porque a grande biodiversidade hoje existente nela
“natureza” é ameaçada por diversos factores sobretudo feitos pela espécie
humana. Daí, os Zoólogos - cientistas que se dedicam no estudo dos
animais, vem desde os tempos remotos até aos nossos “presente”
desvendando este mistério. Sendo o conhecimento arte de saber e
existe um provérbio que dita o seguinte: “o saber não ocupa lugar é
para todos”, trouxemos para você neste modulo conhecimentos
relacionados com objecto de estudo da zoologia Sistemática, os
nomes dos cientistas que se preocuparam com os sistemas de
classificação dos organismos, as noções básicas para o estudo dos
animais, os grandes grupos de animais, as suas características
gerais e classificação que iram servir de suporte decisivo para que
vocês jovens estudantes coheçam, apreciem de modo curioso e
amável belo mundo que vos rodeia. Para tornar o seu estudo mais
10

proveitoso, procuramos neste módulo além dos textos, apresentar


imagens, figuras elucidativas que se assemelham ao objecto real,
aumentando o grau de percepção do conteúdo. Também
apresentamos actividades práticas, experiências propostas no fim
de cada lição/unidade servindo de ponte entre a teoria – prática e
ajudando numa melhor aprendizagem.

Estudante! Mais uma vez o módulo que você tem nas mãos em
termos organizacionais, possui quatro unidades distribuídas em
lições onde se encontram os textos de leitura e análise profunda dos
conteúdos, acompanhando assim as matérias.

No fim tens a Bibliografia básica para cunsulta obrigatória, que


ira ajudar a compreender e assimilar a matéria de Zoologia
Sistematica.

Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Zoologia Sistemática I, Estudo dos
Invertebrados: dos Protozoários aos Artrópodes será capaz de:

 Identificar o objecto de estudo da Zoologia Sistemática;

 Descrever as características gerais que permitem a identificação dos


animais;

 Indicar os conceitos associados a Zoologia Sistemática;


Objectivos
 Explicar a sistematica animal;

 Descrever a Filogenia, as adaptações constitucionais e


comportamentais dos animais aos diferentes modos de vida;

 Desenvolver capacidade de análise de processos biológicos


relacionados com a vida, evolução, desenvolvimento dos animais;

 Explicar as relações ecológicas Homem – Animal.

 Desenvolver habilidades de trabalho com técnicas zoológicas como de


captura, de preparação e conservação museológica de animais.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 11

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que concluíram o ensino
secundário geral, ensino técnico profissional com habilitações
literárias da 12ª classe do novo sistema de ensino ou 11ª classe do
antigo sistema de ensino.

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Pedagógica
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


licção. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver
as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes elementos
encontram-se no final do modulo.
12

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste módulo irá encontrar uma série de ícones nas margens das
páginas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones

Neste módulo encontrará ícones que identificam as actividades, dicas,


sumários e actividades de auto-avaliação.

Pode ver o conjunto completo de ícones deste módulo já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”

(excelência/
autenticidade)

Actividade Auto-avaliação Avaliação / Exemplo /


Teste Estudo de caso
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 13

Confirmação / Horas / Vigilância / “Eu mudo ou


Correcção programação preocupação transformo a minha
vida”
Resultados Tempo Tome Nota!
Objectivos

“[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(força / preparação)
Leitura Terminologia Dica
Resumo

Habilidades de estudo
Inclua aqui alguns parágrafos curtos para aconselhar os alunos a planear o
seu tempo, dê dicas sobre tomada de notas, como estudar à distância, etc.

Precisa de apoio?
Apresente aqui pormenores do sistemas de apoio ao aluno: quem devem
contactar em caso de precisarem de apoio em relação a vários tipos de
problemas.

Avaliação
4 Avaliações Parciais teóricas sendo uma por unidade

Relatórios de Aulas práticas propostas no módulo


14

Unidade I

Introdução ao estudo da Zoologia


Sistemática
Introdução
O conhecimento sobre a vida dos organismos, em geral, e das
plantas e dos animais, em particular, fascinou sempre e continua a
fascinar o Homem, no passado e no presente. O fascínio do
Homem pelos organismos reflecte-se nos vários domínios do
conhecimento empírico e científico, assim como no das actividades
práticas desenvolvidas por ele, com destaque para a Anatomia, a
Morfologia, a Fisiologia, a Biologia Celular, os Sistemas de
Classificação, o Estudo do Comportamento (Etologia), apenas para
mencionarmos alguns dos principais campos de actividade e
domínios do conhecimento humano sobre os organismos.

O sistema de Linné de nomenclatura, categorização e classificação


de organismos permanece, hoje, em uso. Historicamente, o estudo
de plantas e animais conheceu diferentes etapas e remota de há
mais de 4 000 anos a.C., na China do Imperador Shen Nung, e
3.000, no Egipto Faraónico, do tempo dos papiros e mumificações.

Alguns cientistas proeminentes foram Hippokrates (460 -377 a.c.),


Aristóteles (384-322 a.C.), Alberto Magno (1200-1280), Andrés de
Laguna (1464-1534), Carl Von Linné (Linneu ou Linnaeus, 1707-
1778), Jean Baptist de Monet (1744-1829), Charles Darwin (1809-
1882) e outros. Muitos deles partiam de estudos filosóficos
medicinais. Veja a Fig.1. abaixo do grande Homem da Biologia
conhecido como o pai da Taxonomia, ao lado, o seu famoso livro
Systema naturae.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 15

Fig.1: Carl Linnaeus (Carl von Linné ou Carolus


Linnaeus, 1707-1778).

Esta unidade possui seis lições com o texto informativo e exercícios de auto-
avaliação.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Indicar o objecto de estudo da ZS;

 Descrever a história da ZS;


Objectivos
 Mencionar os cientistas envolvidos na história;

 Descrever as obras feitas pelos cientistas;

 Estruturar os sistemas de classificação dos animais;

 Explicar as noções básicas da sistemática, Taxonomia e


Nomenclatura dos animais;

 Ordenar a hierarquia da taxa;

 Identificar o nome de espécie dentro da taxa;

 Descrever os princípios básicos de Nomenclatura;

 Aprender o latim como língua universal para a nomeação


16

dos animais;

 Mencionar os objectivos do código Internacional de


Nomenclatura;

 Treinar a pronúncia dos nomes científicos;

 Identificar os prefixos latinos usados na Nomenclatura.

Taxa significa unidade taxonómica no plural

Taxon significa unidade taxonómica no singular

Taxonomia do grego he táxis, a posição, lugar hierárquico, grupo.


Terminologia
Nomenclatura= do latim nomen, nome em português.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 17

Lição nº 1

A Zoologia Sistemática: uma


subdisciplina da Biologia

No fim desta lição você será capaz de:

 Explicar a tarefa da Zoologia Sistemática;

 Identificar o objecto de estudo da Zoologia Sistemática;


Objectivos
 Descrever os Sistemas de classificação dos seres vivos;

 Descrever a evolução histórica de classificação dos seres


vivos.

Uma das primeiras tarefas da Biologia consistiu em fazer


generalizações muito amplas em significado sobre os organismos
viventes, para que os conhecimentos mais importantes pudessem
ser transmitidos de pessoa a pessoa e de geração a geração e, assim,
traduzirem-se em comportamentos importantes para o Homem
perante a natureza. Por exemplo, muito cedo, na história do
Homem tornou-se muito importante conhecer que animais e plantas
eram perigosos, quais eram venenosos, mas também questionava-
se, quais eram bons e úteis para o Homem e seus animais e plantas.
Assim, constatou-se que plantas e animais possuem determinadas
características e propriedades consistentes que podem ser usadas
para os distinguir uns dos outros, o que, por sua vez, possibilitou o
seu agrupamento em determinadas categorias.

O refinamento deste processo de reconhecimento e agrupamento no


contexto de estudos científicos da diversidade dos organismos
vivos (actuais e extintos) deu origem a um novo ramo da Biologia
18

conhecido como Zoologia Sistemática, ou simplesmente


Sistemática.

Sistemas de Classificação dos Seres Vivos


A tarefa da Sistemática, como ciência empírica (baseada na
experimentação) é produzir sistemas de classificação que possuem
um poder máximo de explanação em relação aos padrões
observados de distribuição das características exibidas pelos
organismos vivos e fósseis (extintos). Os sistemas de classificação
são baseados em análises de distribuição do maior número possível
de características dos organismos vivos e têm como finalidade
estabelecer grupos, cujos membros possuem uma ou mais
características em comum, o que, finalmente, os distinguirá dos
membros de outros grupos. Estes grupos chamam-se categorias
taxonómicas, ou taxa (singular, taxon, do Grego).

Como podem ver a fig.2 onde estão representados os vários grupos


de animais que em sistematica são designados de taxa.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 19

Fig. 2 Árvore filogenética que monstra as categorias do Reino Animal

História de Classificação de seres vivos

Woese et
Chatton
Linnaeus Haeckel Copeland Whittaker Woese et al. al.
1937
1735 1866 1956 1969 1977 1990
2
2 reinos 3 reinos 4 reinos 5 reinos 6 reinos 3
impérios
domínios

Eubacteria Bacteria
Prokaryota Monera Monera
(não
Protista Archaebacteria Archaea
tratado)

Protista Protista
Protista
Fungi Fungi
Vegetabilia Plantae Eukaryota Eukarya
Plantae Plantae Plantae

Animalia Animalia Animalia Animalia Animalia

Tabela 1. Monstra o resumo da História de Classificação de seres vivos

O quadro acima indica-nos a evolução histórica da classificação


dos organismos vivos. Como pode se ver, nem sempre existiram os
cinco reinos actualmente aceites, nomeadamente os Monera,
Protista, Fungi, Plantae, Animalia. Em cada época, os respectivos
cientistas defenderam posições diferentes e isto deveu-se ao nível
de metodologias científicas de classificação de acordo com os
avanços da ciência e tecnologia. Embora reivindicado ultimamente
por certos cientistas, a classificação em cinco reinos deveu-se a
Whittaker (1969).
20

Exercícios
1. Os estudos científicos da diversidade dos organismos vivos
deram origem a um novo ramo da Biologia.

a) Indique o nome deste novo ramo da biologia;


Auto-avaliação
b) Qual será a tarefa principal da Sistemática;

2. Onde pode aplicar estes conceitos (taxa e taxon);

Chave de correção

a) Zoologia Sistemática ou simplesmente Sistemática.

b) Produzir sistemas de classificação dos organismos


(animais e plantas).

2 Na sistematica dos organismos neste caso especifico dos


animais.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 21

Lição nº 2

História da Zoologia Sistemática

No fim desta lição você será capaz de:

 Descrever a história da Zoologia Sistemática;


Objectivos  Mencionar os cientistas zoólogos que colaboram na
elaboração da história de zoologia;

 Descrever etapas históricas da Zoologia sistemática.

A busca do conhecimento sobre o mundo animal esteve sempre


relacionada com questões práticas da vida, por exemplo, a
exploração dos recursos alimentares, de construção, de saúde, etc.
Sobretudo este último aspecto constata-se através dos vários
documentos arqueológicos encontrados em diferentes arquivos da
antiguidade (China há cerca de 4.600 anos a.C., Egipto dos papiros
de Nahun e de Ebers com cerca de 3.500 anos. Contudo, o acesso a
um número cada vez maior de informações sobre animais e devido
a diversidade de espécimes, tornou necessário organizar esse
conhecimento. Isso impulsionou o surgimento dos primeiros
sistemas: desde o agrupamento de animais segundo a aparência e
uso até o critério referente a origem genética.

Sistemática e Taxonomia Zoológica


As bases para a investigação científica na Sistemática Zoológica
relacionam-se obrigatoriamente com as obras de proeminentes
cientistas em Medicina e Filosofia da Antiguidade Clássica,
sobretudo com Hippokrates (460-377 a.C), Aristoteles (384-322
a.C.), Theophrastos (372-282), Dioskorides (morto em 64 a.C.),
22

Gaius Plinus Secundus (23-79. d.C), Claudius Galenus (129-


201).

Tab. 2 Algumas etapas históricas da Biologia Sistemática (Zoologia)

Representante/Autor Obras importantes

Aristoteles Diferenciou dois grupos de animais:


Animais com sangue e animais sem
(384-322 a.C)
sangue; dividiu os Evertebrata em
diferentes secções.

Vários autores (época pré Linneana Muitas obras sobre fauna, no sec. 17
Foram identificados muitas espécies de
animais

Linneaus “Systema naturae sive regna tria


naturae systematice proposita” (1734)
(1707-1778)
Nomenclatura binominal

Divisão da fauna em Mammalia, Aves


Amphibia, Pisces, Insecta, Vermes

Estudou e classificou 4 236 espécies


animais

Lammarck Primeiro a reconhecer a diversidade


dos planos de construcão dos
(1744-1829)
Evertebrata, que agrupou em 10
classes, distinguindo os invertebrados
dos vertebrados

Diferenciou as Infusórias, os Pólipos,


os Radiados, Vermes, Anelídeos,
Aracnídeos, Crustâceos, Insectos,
Cirripedos e Moluscos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 23

Cuvier Retomou obras de Lammarck, mas


agrupou os animais em 4 classes:
(1769-1832)
Vertebrata, Articulata, Mollusca e
Radiata

von Siebold Desenvolveu o círculo dos Protozoa,


retirando dos Infusoria todos os
(1804)
pluricelulares

Criou os Arthropoda

Leuckart Desfez os radiata em Coelenterata e


Echinodermata
(1922-1898)

Milne-Edwards Descobriu o círculo Tentaculata

(1800-1885)

Claus No seu livro reconhece 9 círculos de


animais: Protozoa, Coelenterata,
(1835-1899)
Echinodermata, Vermes, Arthropoda,
Mollusca, Mooluscoidea, Tunicata e
Vertebrata

Vários investigaoresde diferentes nações Desenvolveram diferentes grupos de


animais a partir de bases de cientistas
anteriores: Porifera, Enteropneusta, etc.

Kowalewsky, A. O. Juntou os Tunicata aos Vertebrata e


criou os Chordata; o círculo Vermes
(1840-1901)
foi diferenciado em Plathelminthes,
Nemertini, Nemathelminthes e
Annelida.

Kaestner Refez o sistema do reino animal e


desenvolveu os 28 filos que mais ou
24

menos são aceites actualmente.


(1901-1971)

Na tabela acima estão indicados os nomes dos representantes de


zoólogos que fizeram a história da zoologia e abaixo estamos a
mostrar as respectivas figuras destes para você se inspirar neles.

Fig. 3 Alguns representantes de zoólogos que fizeram a história da


Zoologia
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 25

1. Depois de ter lido o texto descreva de modo resumido a história


da Zoologia Sistemática.

2. Usando os dados da tabela 1, indique o zoólogo que agrupou os


Auto-avaliação animais em 4 classes.

3. Escolha a alternativa correcta que identifica a obra do Linneaus:

a) Pai da sistemática que desenvolveu o sistema do reino animal;

b) Diferenciou os dois grupos de animais: animais com sangue e


animais sem sangue;

c) Pai da nomenclatura binominal;

d) Zoólogo que criou os Artrópodes.

Chave de correção

1. A Zoologia Sistemática surge durante as actividades praticadas


pelo Homem onde ele procurava entender o mundo animal
buscando o conhecimento relacionado com questões
práticas da vida, como por exemplo, a exploração dos
recursos alimentares, de construção de saúde, isso
impulsionou o surgimento dos primeiros sistemas: desde
o agrupamento de animais segundo a aparência e uso até
o critério referente a origem genética. Estes aspectos
foram suportados pelas obras de proeminentes dos
cientistas em Medicina e Filosofia da Antiguidade
Clássica.

2. Cuvier (1769-1832).

3. c).
26

Lição nº 3

Noções básicas de Sistemática,


Classificação ou Taxonomia

Objectivos

No fim desta lição você será capaz de:

 Definir a taxonomia;

 Diferenciar os tipos de taxonomia.


Objectivos

Entende-se por Classificação o processo de estabelecimento e


definição de grupos sistemáticos ou categorias sistemáticas. Os
grupos sistemáticos assim produzidos são designados por taxa
(plural). No singular cada grupo chama-se taxon. Em termos de
delimitação de conceitos, é preciso dizer que, em princípio, a
Classificação corresponde à Taxonomia (o mesmo que
Taxionomia)

Caixa 1

Definição de Taxonomia

Numa definição mais clássica:

Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da descrição e


nomeação dos organismos, ordenando-os em grupos naturais para
formarem um sistema de acordo com o seu grau de parentesco.
Trata-se de uma definição clássica que em nada contraria a actual
divisão em Taxonomia e Nomenclatura
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 27

O termo Taxonomia (do Grego he taxis, a posição, lugar


hierárquico, grupo; to noma, o nome, a designação, a palavra) foi
proposto por DE CANDOLLE em 1813, no herbário de Gênova
(taxonomie), em referência à teoria da classificação das plantas.

Como foi descrito na tabela 1, no breve historial, a classificação de


animais conheceu várias etapas históricas, onde cada uma delas
corresponde à visão e à base científica e tecnológica em que os
cientistas vivem. São os critérios taxonómicos que evoluíram. O
princípio que rege toda a Classificação é o mesmo: os carácteres
que compartilham as unidades (taxa) a serem classificadas. Em
princípio podem ser referidos os seguintes tipos de Taxonomias ou
Classificações:

1. Taxonomia popular: a primeira aplicada aos organismos


atendendo a determinados princípios baseados na utilidade
destes: alimento, medicina, veneno, construção, entre
outros.

2. Taxonomia científica: devido a grande quantidade de


organismos existentes, houve necessidade de precisão na
nomeação e classificação destes, levando a uma intervenção
científica baseada em metodologias mais adequadas. Ao
mesmo tempo que se melhoravam a identificação, a
classificação e a nomeação, melhorava-se também a
comunicação e troca dos conhecimentos sobre os
organismos entre os cientistas. Com a Taxonomia científica
surgiram diferentes sistemas de classificação.

Em breve resumo, eis os mais importantes, desenvolvidos na


sua sequência histórica:
28

a) Sistemas artificiais: elegiam arbitrariamente


determinados caracteres como principais. Por
exemplo, a forma de desenvolvimento, o número de
peças florais (nas plantas) e outros. A sua vantagem
era a de possuir um alto valor predictivo.

O sistema artificial mais conhecido foi o criado por


LINNEU em 1735, Systema Natura, que separou 23
classes de plantas com flores (Phanerogamia) de
acordo com: (1) a disposição dos sexos das flores,
(2) o número, concrescência, (3) a inserção e a
relação do comprimento dos estames. LINNEU
criou também a vigésima quarta classe de plantas
sem flores (Cryptogamia), incluindo os fetos,
musgos, algas, fungos e plantas com flores de difícil
visualização (Ficus, Lemna) e erroneamente incluiu
as esponjas e os corais que, como sabemos, são
animais metazoários pertencentes aos Porifera e
Cnidaria.

b) Sistemas naturais ou formais: seguiam os mesmos


princípios anteriores. Mas, considerava-se um maior
número de caracteres. Houve melhorias, mas os
grupos obtidos correspondiam mais em níveis de
organização que a grupos de descendência
(hierarquia). Os sistemas mais importantes são os de
A. L. DE JUSSIEU (1718), A. P. DE CANDOLLE
(1819), ST. ENDLICHER (1836), G. BENTHAM &
I. D. HOOKER (1862-1883), entre outros. Esses
sistemas obtinham classificações fenéticas:
classificações empíricas que expressam relações
entre os organismos em termos de similaridade de
propriedades ou caracteres. Não importava qual a
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 29

metodologia adotada para chegar-se a determinado


taxon, pois, qualquer tipo de dado era útil, excepto
os evolutivos.

c) Sistemas filogenéticos: apareceram mais


relacionados aos trabalhos de DARWIN (1859): A
Origem das Espécies (a Teoria da Evolução). Os
organismos podem ser ordenados segundo vários
princípios, mas o parentesco filogenético aparece
como um princípio de ordenação hierárquica
independente do observador. São sistemas naturais
que apresentam o máximo possível de informação.
As classificações (aproximações) mais importantes
foram as de: A. EICHLER (1883), A. ENGLER, R.
von WETTSTEIN (1901-1908), o sistema deste
último é tido como sendo o primeiro sistema
realmente filogenético.

d) Sistemas sintéticos: este tipo de sistema é adotado


actualmente e procura abarcar várias disciplinas para
validar suas classificações e suas descobertas
(Citogenética, Microanatomia, Fitoquímica,
Etologia, etc.), contudo, ainda detém um certo grau
de subjectivismo. A grandeza de dados,
proporcionados pelas novas técnicas de
investigação, não facilita a organização da
informação, como acontece com a chamada a
Taxonomia Numérica.

.
30

Exercícios

1. Define o conceito de Taxonomia;

2. Mencione os tipos de taxonomias ou classificações aprendidas


nesta lição;
Auto-avaliação
3. Descreva em que consiste a taxonomia popular usando exemplos
concretos da sua vida quotidiana.

Chave de correção

1. Taxonomia é o ramo da Biologia que se ocupa da


descrição e nomeação dos organismos, ordenando-os em
grupos naturais para formarem um sistema de acordo com
o seu grau de parentesco.

2. Taxonomia popular: e Taxonomia científica.

3. Taxonomia popular: a primeira aplicada aos organismos


atendendo a determinados princípios baseados na
utilidade destes: alimento, medicina, veneno, construção,
entre outros. Ex.Formiga leão em português , nome de
um isecto e no nome popular é “wbuthuthu” em
changana.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 31

Lição nº 4

Noções básicas da Nomenclatura

No fim desta lição você será capaz de:

− Definir a nomenclatura;

Objectivos − Explicar a tarefa da nomenclatura

− Descrever a estrutura e hierarquia da taxonomia;

− Mencionar as principais categorias taxonómicas;

− Descrever as categorias taxonómicas usando o latim;

− Distinguir as terminações dos diferentes taxa.

Nomeclatura (do Latim nomen, nome, (plural nomina);


nomenclatio, a nomeaçao, nominar) nomeia os taxa produzidos
pela Taxonomia. Ao desenvolverem o seu trabalho de Sistemática,
os cientistas, primeiro, completam o seu trabalho classificatório dos
organismos. Depois, e penas quando estão seguros de terem
alcançado os melhores arranjos possíveis com base nas
informações disponíveis, iniciam as concertações relativas aos
nomes desses grupos criados. Assim, pode-se dizer que a
Classificação precede a Nomenclatura e esta última é independente
da primeira. Mesmo assim, é preciso considerar alguns aspectos da
Classificação que são essenciais para entender a forma como se
nomeiam os grupos: Hierarquia taxonómica.

Estrutura e Hierarquia Taxonómica


Quando observamos organismos vivos existentes num certo areal,
verificamos que eles ocorrem, num determinado tempo, como
séries de indivíduos similares, demonstrando determinadas
32

particularidades, isto é partilhando entre eles certas propriedades


que os fazem diferir de outros organismos do mesmo areal. Isto é o
que vulgarmente é chamado de espécie. Na base de qualquer
classificação de organismos encontra-se a espécie.

Além de ser uma unidade taxonómica fundamental, a espécie deve


possuir certos atributos. Quando dois ou mais indivíduos estiverem
reunidos como sendo da mesma espécie, torna-se necessário:

1. Possuírem um número de caracteres em comum (o que


traduz que possuem o mesmo património genético);

2. Serem interférteis (formarem populações, cruzarem entre si


e os seus descendes serem férteis) e

3. em condições naturais não trocarem esses caracteres com


outras espécies (isolamento reprodutivo).

As espécies, por sua vez, possuem caracteres comuns que


possibilitam classificá-las ou agrupá-las em géneros. Estes,
por sua vez, são agrupados em famílias, estas em ordens e
assim sucessivamente, até chegar-se no taxon de hierarquia
suprema, o Reino (Regnum vegetabile, Regnum Animalia,
Regnum Monera, etc). Em sumário temos a seguinte
ordenação hierárquica da taxa.

 Espécie,

o Género,

 Família,

• Classe,

o Filo ou Divisão
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 33

 Reino.

Os diferentes níveis da hierarquia mostram a posição em que o


indivíduo se encontra. Como já foi referido, essa estrutura
taxonómica possui teoricamente a unidade chamada espécie e trata-
se do nível mais elementar da estrutura (unidade taxonômica básica
ou fundamental). Porém, independentemente da posição dos níveis
cada uma das unidades é designada taxon.

Tab. 2 Sínopse das principais Categorias Taxonómicas dos diferentes grupos de


organismos

Sistmática Botânica Sistemática Sistemática Equivalente em


Bacteriológica Zoológica português

Regnum Regnum Regnum Reino

Divisio Divisio Phylum Divisão/Filo

(Subdivisio) (Subdivisio) (Subphylum) (Subdivisão/Subfilo)

Classis Classis Classis Classe

(Subclassis) (Subclassis) (Subclassis) (Subclasse)

(Superordo) (Superordo) (Superordo) (Superordem)

Ordo Ordo Ordo Ordem

(Subordo) (Subordo) (Subordo) (Subordem)

(Superfamilia) (Superfamilia) (Superfamilia) (Superfamilía)

Familia Familia Familia Família

(Subfamilia) (Subfamilia) (Subfamilia) (Subfamília)


34

Tribus Tribus Tribus Tribo

Subtribus Subtribus Subtribus Subtribo

Genus Genus Genus Género

Subgenus Subgenus Subgenus Subgénero

Sectio Sectio Sectio Secção

Subsectio Subsectio Subsectio Subsecção

Series Series Series Série

Subseries Subseries Subseries Subsérie

Species Species Species Espécie

(Subspecies) (Subspecies) (Subspecies) (Subespécie)

(Infraspecies) (Infraespécie)

Tab. 3 Exemplo de Classificação Botânica (STACE, 1989; MOLINA, 1999) e


Zoológica (JEFFREY, 1973).

CATEGOR ABREVIAÇ EXEMP


CATEGORIA – IA – ÃO (Bot. & LI
Latim Português Zool.) GRATI
A (e.g.)

Reino Plantae
Regnum
Vegetal (Bot.)
Vegetabile ou
Plantarum Reino Animalia
Animal ou Zoa
Regnum Animalia
(Zool.)
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 35

Subreino Embryobi
onta

Subregnum (Bot.)

Metazoa
(Zool.)

Divisão, filo Tracheop


hyta
(Bot.)
Divisio, Phylum

Arthropo
da (Zool.)

Subdivisão, Spermato
subfilo phytina
Subdivisio, (Bot.)
Subphylum
Tracheata
(Zool.)

Classe Angiospe
rmopsida
(Bot.)
Classis

Hexapod
a (Zool.)

Subclasse Dicotyled
onidae
(Bot.)
Subclassis

Pterygota
(Zool.)

Superordem Rosanae
Superordo
(Bot.)
36

------------
-

Ordem Rosales (Bot.)


Ordo
Hymenoptera (Zool.)

Subordem Rosineae
(Bot.)
Subordo
Aculeata
(Zool.)

Família Rosaceae
(Bot.)
Familia
Apidae
(Zool.)

Subfamília Rosoidea
e (Bot.)
Subfamilia
Apinae
(Zool.)

Tribo Roseae
(Bot.)
Tribus

----------

Subtribo Rosinae
(Bot.)
Subtribus

-----------

Género Rosa
Genus gen. (Bot.)

Apis
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 37

(Zool.)

Subgénero Rosa
Subgenus subgen.
(Bot.)

Secção Caninae
Sectio sec.
(Bot.)

Subsecção Caninae
Subsectio subsec.
(Bot.)

Series Série ser.

Subseries Subsérie subser.

Espécie canina
(Bot.)
Species sp.
Mellifera
(Zool.)

Subespécie linguetic
Subspecies ssp. a Spinola
(Zool.)

Variedade Lutetina
Varieta var.
(Bot.)

Subvariedad
Subvarieta subvar.
e

Forma Lasiostyli
Forma f.
s (Bot.)

Subforma Subforma subf.

Tab. 4 Terminações padronizadas para nomes dos taxa


38

Categoria Botanicos Bacteriológicos Zoológicos


Divisio (-phyta/-mycota)

Subdivisio (-phytina/-mycotina)

Classis (-phyceae/-mycetes/-
opsida)

Subclassis (phycidae/-mycitidae/-
idae)

Ordo -ales -ales

Subordo -ineae -ineae

Superfamilia (-oidea)

Familia -aceae -aceae -idae

Subfamilia -oideae -oideae -inae

Tribus -eae -eae (-ini)

Subtribus -inae -inae

A hierarquia taxonómica deve reflectir a divergência filogenética


dos organismos, isto é, seria de esperar em casos naturais teóricos
que todos grupos taxonómicos exibissem sempre diferenças nos
seus caracteres, mas existem dificuldades quanto a isto:

1. Fenômenos de convergência ocasionados por adaptações


aos modos de vida e habitats produzem semelhanças
externas nos organismos (caso das plantas parasitas), ou um
tipo de reprodução (a polinização em algumas famílias,
como as Asclepiadaceae e Orchidaceae). Nos animais
conhece-se, por exemplo, barbatanas dos peixes e das
baleias.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 39

2. Constância hereditária dos caracteres diferenciais são


comprováveis apenas em cultivos experimentais. Isto torna
o trabalho dos biólogos oneroso em tempo e meios.

3. Diferenças morfológicas somente são reconhecíveis


quando se dispõe de material suficiente.

4. Relações filogenéticas em rede não são representativas


para um sistema hierárquico, por exemplo, as que se
originam por hibridação.
40

Exercícios
1. Defina o conceito nomenclatura.

2. Qual é a terminação de uma familia e de uma ordem nos


animais?

3. Assinale a opção correcta. As categorias sistemáticas ou taxas,


Auto-avaliação colocadas ordenadamente em graus hierárquicos são:

a) Reino, divisão, classe, família, ordem, género, espécie.

b) Reino, classe, divisão, ordem, família, género, espécie.

c) Reino, divisão, classe, ordem, família, género, espécie.

d) Reino, classe, divisão, família, ordem, género, espécie.

e) Reino, filo, classe, família, ordem, espécie, género.

4. Coloque por ordem as palavras abaixo e identifique os


respectivos grupos taxonómicos.

Apis, Apidae, Hexapoda, Animalia, Apis mellifera, Arthropoda

5. . O que entendes por taxa e taxon;

6. Marque a afirmação certa:

Todos os nomes dos animais que terminam com o sufixo (-idae),


pertence a categoria de:

a) Filo,

b) Classe,

c) Família

d) Género

e) Espécie.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 41

Chave de correção

1. Nomenclatura é o ramo da sistemática que consiste em atribuir


nomes aos organismos segundo as regras da
nomenclaturaBiologica.

2. idae para familia e ordem sem terminação fixa.

3. . c) Reino, divisão, classe, ordem, família, género, espécie

4. Reino Animalia:

Filo:Arthropoda

Classe: Hexapoda

Familia: Apidae,

Género:Apis,

Espécie: Apis mellifera

5. Taxa é a designação de um conjunto de categorias


taxonomicas e taxon é a designação de uma categoria
taxonomica.

6. Família
42

Lição nº 5

Noções básicas

Regras da Nomenclatura biológica

No fim desta lição você será capaz de:

− Descrever as regras da nomenclatura biológica;

Objectivos − Mencionar os princípios básicos do código internacional da


nomenclatura;

− Descrever os objectivos do código internacional da


nomenclatura;

− Explicar o Princípio de Nomenclatura binominal;

− Treinar a pronúncia dos nomes científicos.

Como vimos, a Nomenclatura detém-se a criar nomes para designar


as plantas, os animais e outros seres vivos ou grupos destes. A
criação dos nomes está regulada por um conjunto de normas ou
princípios reunidos num código internacional que, de acordo com o
ramo da Biologia Sistemática, pode ser (1) Código Internacional
de Nomenclatura Botânica (CINB) e (2) Código Internacional
de Nomenclatura Zoológica (CINZ). Os códigos são geralmente
reeditados a cada 5 ou 6 anos em decorrência de um Congresso
Internacional de Botânica e Zoologia. O CINB considera também o
Reino dos Fungos (Regnum Fungi) como parte do seu domínio.
Mas, existe também o (3) Código Internacional de Nomenclatura
Bacteriológica (CINB, ICNB em Inglês). Os três códigos diferem
nos formatos e em determinados aspectos específicos, mas todos
eles consistem em uma série de regras ou artigos numerados,
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 43

alguns dos quais são suplementados por recomendações


posteriores.

Caixa 2

Definição do Código Internacional de Nomenclatura

O Código Internacional de Nomenclatura é o sitema de regras e


recomendações adoptadas pelos Congressos Internacionais da
Botânica e da Zoologia, respectivamente, a partir de 1973, pelas
respectivas Divisões da Botânica e da Zoologia da União
Internacional das Ciências Biológicas (UICB, IUBS abreviatura
Inglesa). A partir de 1982 esta tarefa passou a cargo das
Assembleias Gerais desta União.

Princípios Básicos do Código Internacional de


Nomenclatura
1. As diferentes Nomenclaturas Biológicas são independentes
umas das outras.

2. A aplicação de nomes aos grupos taxonómicos (taxa) de


categoria de família ou inferior é determinada por meio dos
tipos nomenclaturais.

3. A nomenclatura de um grupo taxonómico fundamenta-se na


prioridade de publicação.

4. Cada grupo taxonómico não pode ter mais do que um nome


correcto, deverá ser o mais antigo em conformidade com as
regras, salvo excepções especificadas.

5. Os nomes científicos dos grupos taxonómicos se expressam em


latim, qualquer que seja seu taxon (categoria ou grupo). Para o
caso de uso de línguas não latinas, as palavras deverão ser
latinizadas.
44

6. As regras de nomenclatura possuem efeito retroactivo, salvo


indicações contrárias.

Caixa 3

Notas historicas

• Na antiguidade (época pré-linneana) cada planta ou animal


era conhecido nos círculos eruditos (dos sábios) por uma
larga frase descritiva em latim, o sistema polinomial ou
polinominal, que crescia à medida que se encontravam
novas espécies semelhantes. Assim, por exemplo, a "carlina
sem caule" (Carlina acaulis L.) se mencionava como:
Carlina acule unifloro florae breviore.

• O primeiro sistema que sugeriu adoptar somente duas


palavras (sistema binomial) foi GASPAR BAUHIN. Mas
não foi adotada até a publicação de Species Plantarum por
LINNEU, em 1753, que estabeleceu definitivamente o
sistema binomial, descrevendo e nomeando todo o mundo
vivo conhecido até então. Assim, cada nome de espécie é
composto por dois nomes.

Objectivos do Código Internacional de Nomenclatura

Os primeiros nomes de plantas e animais foram vernaculos (do


Latim vernaculus, local, nacional, popular) ou nomes comuns, mas
esses nomes têm os seguintes inconvenientes:

• Não são universais, são aplicados somente a determinada


língua e região; somente algumas plantas e animais têm
nome vernáculo fixo. Em muitos casos ele flutua, noutros
ele designa apenas partes do organismo;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 45

• duas ou mais plantas não relacionadas podem ter o mesmo


nome comum ou uma mesma planta tem diferentes nomes
comuns;

• Aplicam-se indistintamente a géneros, espécies ou


variedades.

 Foi com intuito de se evitarem esses problemas que


se instituíram as Regras do Código Internacional da
Nomenclatura.

Assim, qualquer Código Internacional da Nomenclatura visa:

1. Promover estabilidade e universalidade nos nomes


científicos e assegurar que o nome de cada taxon é único e
distinto;

2. Estabelecer a prioridade como princípio básico da


nomenclatura. Isto visa assegurar que os nomes antigos não
venham a ser substituídos arbitrariamente por outros novos;

3. Criar precisão e consistência no uso de termos é igualmente


essencial para o Código;

4. Padronizar o sistema de nomenclatura a nível mundial,


facilitando a troca de informações e o acesso a diversos
sítes sem que haja confusões entre os nomes populares de
cada país e o científico. Então, dessa forma cada organismo
terá apenas um nome válido e sómente esse poderá ser
aplicado. O nome científico é o símbolo nominal da planta e
do animal ou grupo de plantas e animais, indica a sua
posição no sistema ou a sua categoria taxonómica.

É preciso notar que os Códigos regulam os nomes dos taxa nos


grupos de família, género e espécie de organismos tanto extintos
como recentes, incluindo nomes baseados em fósseis (ictiotaxa).
46

Exclusões dos Códigos

Os Códigos excluem do seu âmbito de trabalho nomes propostos:

 Para conceitos hipotéticos;

 Para espécimes teratológicos (com malformações


congénitas) como tais;

 Para híbridos como tais;

 Para taxa acima do grupo de família;

 Para entidades infraespecíficas como tais;

 Como meio de referência temporária e não para uso


taxonómico formal como nomes científicos na
Nomenclatura Zoológica;

Principais Regras da Nomenclatura Biologica

Para simplificar a apresentação e facilitar a compreensão os dois


códigos são unificados e só distinguidos no que for bastante
particular a cada um deles.

Alfabeto e língua

Os Códigos da Nomenclatura diferem em detalhes, mas algumas


caraterísticas básicas são comuns. Para serem universais, os nomes
científicos são escritos no mesmo alfabeto e na mesma língua. Os
Códigos requerem que:

• Todos os nomes científicos sejam Latinos na forma,

• Escritos no alfabeto Latino,

• Sujeitos à regras da Gramática Latina.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 47

• Caso provenham de outras línguas que não seja o Latim, ou


que não possua alfabeto, ou que represente um som natural,
ou seja uma combinação arbitrária de letras, estas palavras
serão sujeitas à Latinização.

A latinização de nomes não clássicos realiza-se assim:

• Para terminação vogal: se adiciona -a.

o Por exemplo: Boutelou (Bouteloua),

o Excepto quando acaba em a, então se adiciona -ea,

 Por exemplo: Colla (Collaea).

• Para terminação consoante: se adiciona -ia.

o Exemplos:

 Klein - Kleinia,

 Knaut - Knautia,

 Koelpin – Kolepinia.

Nomes de taxa acima do grupo da espécie

• Nomes uninominais – o nome científico de um taxon


acima de espécie consiste numa palavra e deve começar em
letra maiúscula. Também são chamados de nomes
uninominais ou solitários.

• Nomes dos géneros - O nome genérico (Lat. genus,


singular e genera. plural) é um substantivo no singular ou
uma palavra tratada como tal (nome uninomial), exemplo
Rosa, Homo, Felis, Panthera. Tal como acontece com o
nome da espécie, a palavra deve ser escrita a itálico.
48

Quando for nome de uma pessoa, no caso de uma


comemoração, deverá ser latinizado.

• Uso de nomes uninominais dos subgéneros – o nome


científico de um subgénero, se bem que uninominal, não
deve ser usado como primeiro num binómio ou trinómio, a
não ser que esteja a ser usado como nome genérico.

• Em alguns casos, especialmente na literatura zoológica, o


nome do subgénero ao qual a espécie pertence pode ser
escrito em parênteses entre o nome genérico e o segundo
termo, exemplo Anopheles (Myzomyia) gambiae. Contudo
este termo não é designativo à espécie Anopheles gambiae.

Nomes de taxa dentro do grupo da espécie

Princípio de Nomenclatura binominal – o nome científico de


uma espécie, e não de um taxon de qualquer outro nível, é a
combinação de dois nomes (um binómio), sendo o primeiro o nome
genérico e o segundo o nome específico; o nome específico deve
sempre iniciar em minúsculas; todo ele é escrito a itálico (cursivo).
Nomes de híbridos, precedem o símbolo x, exemplo,

Mentha x piperita.

Exemplo de nome de espécie

Trichomonas Vaginalis

Nome genérico Nome específico


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 49

Fig. 4 Tricomónade,
Trichomonas vaginalis, um
protozoário parasita

Caixa 4

Sabia que

Tricomónade provoca a doença tricomoniase, a mais


propagada DTS humana. Trichomonas vaginalis tem a
vagina da mulher o seu habitat principal. Numa fase mais
avançada a doença resulta em vaginitis caracterizada por um
prurido acentuado, uma comichão intensa e ardente e no
homem aparecimento de uretrites quando ataca instala-se na
próstata e no trato genital. A principal forma de transmissão
é geralmente o contacto sexual, por vezes a utilização de
toalhas molhadas também leva ao contágio. A maior
complexidade clínica observa-se na mulher, chegando a
causar infertilidade.

Também existe Tricomonas fecalis.

• Nomes de subespécies – o nome científico da


subespécie é uma combinação de três nomes (um
trinómio), isto é um binómio seguido de um nome
de subespécie. O nome de subespécie começa
igualmente com letra minúscula: Homo sapiens
sapiens (Homem recente).

Nome específico e o epiteto


50

Note-se que o nome específico vaginalis do nosso exemplo


anterior, jamais poderá designar sozinho a espécie, daí também que
nunca apareça dissociado do nome genérico. É o epiteto.

O epíteto específico pode formar-se como:

• Um adjectivo, no caso mais geral, exemplo, Adansonia


digitata, o que significa possuir folhas digitadas, ou em
forma de dedos de uma mão; Trichomonas vaginalis,
relativo à vagina; Canis sylvestris, relativo à mata.

• Um substantivo em aposição (ou justaposição), como no


género, exemplo., Pyrus malus L., malus = maçã em latim;
Panthera leo¸ relativo ao leão; Panthera onca, relativo à
onça.

• Um nome em comemoração a uma pessoa, exemplo,


Centaurea boissieri DC., Callistoleon manselli (Mansell,
cientista contemporrâneo Sul Africano que se ocupa do
estudo dos Myrmeleontidae).

• Um nome geográfico - refere-se ao local de descorta do


primeiro espécime, à sua geografia, exemplo, Naja
mosambica, Naja de Moçambique; Vulpes bengalensis,
Raposa de Bengali. Atenção que isto não limita a
zoogeografia do grupo, pois existem espécies cosmopolitas.

• Combinação de epitetos - quando o epíteto implica várias


palavras, essas combinam-se numa só ou ligam-se por meio
de hífen, e.g., Capsella bursa-pastoris, Hibiscus rosa-
sinensis.

• Epítetos comemorativos - nomes de pessoas latinizados:

o terminação em vogal (excepto -a), adiciona-se-lhe o


-i, exemplo, Asa Gray (Lilium grayi), Joseh Blake
(Aster blakei). Nestes dois exemplos, nota-se
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 51

claramente que são os apelidos os nomes que


formam epitetos. Mas também podem ser os
primeiros nomes.

o terminação em vogal -a, adiciona-se-lhe o -e,


exemplo, Mr. Balansa (balansae), Lagasca
(lagascae), Bonga (bongae), Zandamela
(zandamelae).

o terminação em consoante diferente de -er, adiciona-


se-lhe o -ii, exemplo,Tuttin (tuttinii); Pires
(pirensii). Caso trate-se de uma mulher, deve-se
adicionar -iae.

o terminação em -er, adicionar -i, exemplo, Boissier


(boisieri).

o se o nome é usado como um adjectivo, a terminação


deve coincidir com o género, e.g., F. Wallace Card
(Rubus cardianus), Augustin Bosc (Chenopodium
boscianum).

• Epítetos descritivos – são os:

o relacionados à cor: albus (branco), aureus


(ouro), luteus (amarelo), niger (preto, negro),
virens (verde), viridis (verde), rubrus
(vermelho), etc.

o relacionados à orientação: australis, borealis,


meridionalis, orientalis, equatotialis.

o relacionados à geografia: africanus, alpinus,


alpestris (Alpes), hispanicus (Espanhol),
ibericus (Ibérico, Península Ibérica),
cordubensis (relativo à Nicarágua), capenis (do
52

Cabo), maputensis (de Maputo), natalensis (do


Natal).

o relacionados ao hábito: arborescens (das


árvores).

o relacionados ao habitat: arvensis, campestris


(campo), lacustris (campo).

o relacionados ao tamanho: exiguus (muito


pequeno, exíguo), minor (menor), major
(maior), robustus (robusto).

Especificidades de emprego de epitetos

• Frequência de epitetos dentro do mesmo reino - Para


formação de epítetos específicos em latim, deve-se
considerar sua combinação ao nome genérico. Um mesmo
epíteto pode estar associado a diferentes nomes genéricos,
exemplos:

o Anthemis arvensis, Anagallis arvensis.

o Panthera tigris, Cypraea tigris

Notas:

1. É preciso notar que as espécies com epitetos idênticos não


precisam estar no mesmo grupo taxonómico, como é o caso
dos exemplos dados acima. A Pantera, por exemplo, refere-
se a um felino, o tigre, enquanto que Ciprea é um
gastrópode marinho.

2. Cada epíteto deve estar no mesmo modo gramatical


(singular, plural, neutro) que o nome genérico. Por
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 53

exemplo: Lathyrus hirsutus, Lactuca hirsuta, Vaccinium


hirsutum.

• Existem outras terminações que servem para qualquer nome


específico: eleg-ans, rep-ens, bicol-or, simple-x, vulgar-is.
Por exemplo: Ranunculus repens, Ludwigia repens,
Trifolium repens, Aquiligia vulgaris.

• Nos epítetos, por aposição, o género gramatical do epíteto


não que coincidir obrigatoriamente com o nome genérico.

Como pronunciar os nomes científicos


Considerando que em diferentes idiomas a acentuação tanto pode
ocorrer em forma de tons elevados ou em forma de intensidade de
tom, no Latim ela ocorre geralmente como intensidade (ex
respiratório). Servem as seguintes regras:

1. Nunca se acentua a última sílaba. A acentuação, no caso de


palavras de duas sílabas, recai na primeira sílaba (Cánis,
Félis, Léo, Hómo, etc.).

2. Numa palavra formada por muitas sílabas, o acento nunca


se coloca da terceira sílaba para trás.

a. O mais comum é colocá-lo na penúltima, quando


esta for quantitativamente mais prolongada:
gambiénsis, rhodesiénsis, rudolfénsis, abdómen;

b. Ou então acentua-se à terceira, quando a penúltima é


muito curta, exemplo, glándula, Spécies.

c. Atenção que em nenhum dos casos se coloca o


acento como tal.
54

Exercícios
1. Quais eram os objectivos da criação do código Internacional de
Nomenclatura?

2. Mencione as regras básicas do código Internacional de


Auto-avaliação Nomenclatura Biologica.

3. Naja mosabimca representa o nome:

a) Genérico.

b) Especifico e epíteto.

c) Da família.

d) De espécie.

4. Como pronunciar os nomes científicos?

Chave de correção

1. Para uniformizar os nomes dos organismos.

2. Promover estabilidade e universalidade nos nomes


científicos e assegurar que o nome de cada taxon é único e
distinto;

Estabelecer a prioridade como princípio básico da


nomenclatura. Isto visa assegurar que os nomes antigos não
venham a ser substituídos arbitrariamente por outros novos;
Criar precisão e consistência no uso de termos é igualmente
essencial para o Código; Padronizar o sistema de
nomenclatura a nível mundial.

Naja mosabimca representa o nome de uma espécie.(D)

3. no caso de duas sílabas acentuação, recai na primeira sílaba

4. Numa palavra formada por muitas sílabas, o acento colocá-


se na penúltima sílaba Ou então acentua-se à terceira,
quando a penúltima é muito curta, o cento nunca se coloca
na palavra escrita.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 55

Lição nº 6

Prefixação latina e seu emprego


na Nomenclatura

No fim desta lição você será capaz de:

− Identificar os significados dos prefixos latinos usados na


nomenclatura dos organismos.
Objectivos
− Explicar os métodos de conservação dos nomes.

Tab.5:Preposições latinas como prefixos e seus significados

Prefixo Significado

a- ab- Afastamento, negação

ad- Perto, próximo

ante- Frente,

circum- Aproximadamente, cerca

e-, ex- Fora, anterior

extra- Fora de, extra

in- Dentro, sobre

infra- De baixo

inter- Entre, do meio

meta- Meio, a meio

ob- Contra
56

per- Através

post- Depois, a seguir

prae- Antes, anterior

pro- Para, a favor, antes

sub- De baixo

supra, super- Acima, sobre

trans- Do outro lado, por cima

Conservação de nomes

Cada grupo taxonómico só pode ter um nome correcto (associado a


um tipo nomenclatural), excepto alguns casos considerados como
nomina conservanda:

Palmae (Arecaceae tipo Areca L.)


Gramineae (Poaceae tipo Poa L.)
Cruciferae (Brassicaceae tipo Brassica L.)
Leguminosae (Fabaceae tipo Faba Mill.)
Guttiferae (Clusiaceae tipo Clusia L.)
Umbelliferae (Apiaceae tipo Apium L.)
Labiatae (Lamiaceae tipo Lamium L.)
Compositae (Asteraceae tipo Aster L.)

Mudança de género

Quando uma espécie muda de género, o autor do primeiro nome


dado à espécie deverá ficar entre parênteses (autor do basiónimo),
seguido do novo autor, fora de parênteses. exemplo.: Tabebuia alba
(Cham.)Sadw. Basiônimo: Tecoma alba Cham.; Albizia
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 57

polycephala (Benth.)Killip. Basiônimo: Pithecellobium


polycephalum Benth. Samanea polycephala (Benth.)Pittier

Dois ou mais autores responsáveis pelo nome

Faz-se uso da designação et ou &. Nesses casos, os autores devem


ter identificado, classificado e publicado juntos sobre o espécime.
e.g.: Senna multijuga (Rich.) Irwing et Bam. (aleluia, canafístula,
pau-cigarra).

Quando dois autores aparecem no nome, mas apenas um


publicou

Faz-se uso da designação ex. Nesses casos o primeiro autor citado


foi responsável pela publicação, seguido do segundo autor que
pode ter escrito o espécime em uma etiqueta de herbário ou museu,
perdeu as informações, não teve tempo de publicar, entre outros
problemas, exemplo: Persea pyrifolia Nees et Mart. ex Nees
(canea-rosa, abacateiro-do-mato)

Alguns métodos de trabalho da Nomenclatura


Tipificação

Com vista a determinação exacta dos nomes de organismos, evitar


erros e ter a possibilidade de recurso orientador e controlador, os
taxonomistas servem-se do método de tipificação. O tipo (do
Latim typus) serve como medida de direcção que fixa o uso de um
nome científico. O tipo, como ponto nuclear e portador do nome de
um taxon é objectivo e imutável, enquanto que a delimitação de um
taxon é subjectiva e pode ser modificado. O tipo de uma espécie ou
subespécie é um exemplar único.

Na tipificação existe o seguinte a ter em conta.

Eis algumas normas a seguir:


58

• O exemplar, no qual a descrição e a nomeação de uma


espécie (ou subespécie) baseiam-se é designado por
holotipo.

• Os outros exemplares que servem em acções seguintes da


primeira descrição e nomeação chamam-se paratipos;

• Caso não existam holotipos fixados, por vários motivos,


então todos os exemplares utilizados devem ser
considerados como sintipos;

• Um dos sintipos deverá ser escolhido por futuros autores


como lectotipo, tornando os outros sintipos de
paralectotipos;

• No caso de, por algum motivo, não existirem mais


exemplares das categorias anteriores (holotipos, letotipos e
paratipos), pode-se escolher um neotipo, sempre que
determinadas condições de trabalho sejam observadas;

• Uma subespécie ou espécie só pode ser objectivamente


definida com base nos holo-, lecto- ou neotipos;

• O tipo do subgénero ou de um género é a espécie, que é


designado como espécie nominal ou espécie tipo. Este é
que define objectivamente o (sub) género; Assim se repete
o procedimento e as designações até a da família.

• Um tipo é simplesmente um espécime que aleatoriamente


foi escolhido para a descrição, validando a publicação de
outros nomes baseados nele;

• Quando os espécimes são classificados em espécies, um


espécime tipo é tratado como qualquer outro.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 59

Caixa 5

Outras disposições dos Códigos Internacionais de


Nomenclatura

Para além de tudo o que se disse atrás, os Códigos Internacionais


de Nomenclatura orientam-se pelos seguintes princípios e critérios:

• Critérios de publicação, o que constitui uma publicação,


que critérios deve reunir?

• Critérios de disponibilidade, a partir de quando e em que


condicões é que uma obra (nome) é considerada disponível
para ser usada? Que requisitos deve satisfazer?

• Critérios de data de publicação, determinação e adopção


da data considerada correcta para a publicação da obra,
depois de consideradas todas outras disposicões de cada um
dos Códigos.

• Critérios de validação dos nomes, que congrega o famoso


Princípio de prioridade, segundo o qual apenas o nome
mais antigo disponível é que deve ser considerado, o que
cria estabilidade nos nomes taxonómicos; ou ainda o
Princípio de revisor mais antigo, como aternativa para
validação de um nome taxonómico.
60

1. Quais são os prefixos latinos usados na nomenclatura dos


organismos?

2. Usando o significado dos prefixos latinos faça a tradução


Auto-avaliação dos significados das palavras abaixo.

-Extra celular,

-ectoparasita

-endoparasita

-intercelular

-metafase

3. O que entendes por método de tipificação.

Chave de correção

1. veja a tabela 8

2. Extra celular-fora da celula

Ectoparasita –parasita externo

Endoparasita-parasita interno

Intercelular-entre as celulas

Metafase-fase media

métod
3. Tipificação é um de trabalho da Nomenclatura que consiste
na determinação exacta dos nomes de organismos, com vista a
evitar erros , servindo como medida de direcção que fixa o uso
de um nome científico.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 61

Sumário
Sistemática, taxonomia e classificação

A Sistemática – é a parte da Biologia, cujo objectivo é criar


sistemas de classificação que expressem da melhor forma possível
os diversos graus de semelhança entre os organismos, reflectindo a
sa evolução natural.

A História da Sistemática – é muito antiga e remota dos tempos


mais idos da existência das ciências biológicas, médicas e
filosóficas, onde as civilizações asiáticas, arábicas, africanas,
gregas e, mais tarde, ocidentais desempenharam um papel
fundamental.

Ramos da Sistemática – Classificação e Nomenclatura.

Classificação – é a ordenação ou o acto de classificar os


organismos em grupos de tamanho crescente, dispostos de maneira
hierárquica. A classificação é também designada por Taxonomia. A
taxonomia orienta-se pelo princípio de hierarquia (hierarquia
taxonómica).

Categorias Taxonómicas – ou simplesmente taxa, é cada um dos


níveis em que se agrupam os organismos: espécie, género, família,
ordem, filo, divisão e reino, assim como os grupos intercalares.

Nomenclatura – parte da Sistemática que trata de nomear os taxa


formados pela Taxonomia ou Classificação.

Código Internacional de Nomenclatura – são três os CIN:


Bacteriológico, Botânico (inclui Fungos) e Zoológico. Possuem
princípios comuns e equiparáveis, mas têm igualmente
particularidades e são independentes uns dos outros. Sua principal
62

função é regulamentar a forma de dar nomes aos organismos e


grupos de organismos.

Unidade II

Regnum Animalia

Introdução
Nesta unidade pretende-se fornecer aos cursantes as bases do
conhecimento dos animais referentes as características gerais
(morfologia, fisiologia em parte anatomia), a ecologia, a distribuição
geográfica, modo de vida e também dar a conhecer que os animais
encontram-se divididos em grupos maiores designados por Subregnum e
grupos menores por Filo. Para cada filo, para além dos aspectos referidos
acima fala-se também das relações filogenéticas entre e dentro dos
grupos, da sistemática, com detalhe exemplos de espécies mais
conhecidas existentes em cada filo.

No fim destaunidades você será capaz de:


− Descrever as características gerais de cada Filo;
− Estabelecer as relações filogenéticas existentes entre os animais;
Objectivos
− Identificar os principais representantes de animais em cada
Filo;
− Descrever a Sistemática dos animais em cada filo;
− Diferenciar os Protozoa (protozoários) dos Metazoa
(Metazoários);
− Aplicar o conhecimento teórico nas práticas propostas;
− Identificar os animais parasitas do Homem e de outros seres
vivos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 63

Lição nº 1

Características Gerais do Regnum


Animalia gerais

No fim desta lição você será capaz de:

− Identificar as características gerais dos animais;

Objectivos − Explicar as características gerais dos animais.

Caracteristicas gerais dos animais

Animais são todos eles sem excepção heterotróficos e isto justifica


claramente a eliminação do Reino Protista, o qual, para além de
seres heterotróficos, inclui as algas unicelulares eucarióticas.

As características gerais dos animais são:

• Heterotrofia – obtêm alimento elaborado pelos organismos


autotróficos, a matéria orgânica maioritariamente proveniente
das plantas.

• Irritabilidade – que é a capacidade que os animais têm de


responder a determinados estímulos externos. Em animais
superiores ela culmina com funções psíquica e de memória.
Não se devem confundir as reacções das plantas a estímulos por
via de fitormonas. Aqui, trata-se do Sistema Nervoso Sensorial
e Central-Periférico.

• Sistemas de controlo – tudo o que se passa com e no


organismo tem seu sistema de controlo por forma a que o
64

organismo atinja um equilíbrio (equilíbrio homeostásico, isto é


relativo). Participam vários sistemas: senso-neural, hormonal,
psico-motor, etc.

• Locomoção – embora se saiba que existem plantas dotadas de


capacidade de locomoção e, vice-versa, animais sem
locomoção, ela é erroneamente atribuída aos animais.

Exercícios
1. Mencione as características gerais dos animais;

2. Explique a heterotrofia dos animais.

Auto-avaliação

Chave de correção

1. Os animais são hetertroficos, tem a capacidade de locomoção,


responder extimulos do meio externo.etc

2. heterotrofia é explicado pela capacidade dos animais


obterem alimentos proveniente do organismos
autotróficos,.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 65

Lição nº 2

Subregnum Protozoa

No fim desta lição você será capaz de:

− Explicar a complexidade estrutural dos protozoários;

Objectivos − Descrever a razão da eliminação do Reino Protista dentro dos


Protozoários;

Estabelecer as relações filogenéticas entre os Prokaryota e os Eukaryota.

Prokaryota e Eukaryota: eliminação dos Monera

As células de todos fungos, algas verdadeiras, plantas e animais


demonstram uma construção eucarionte. Isto quer dizer que elas
possuem núcleo com membrana nuclear, nucléolo, cromossomas.
Assim, opõem-se filogeneticamente a eles os Prokaryota,
descritos atrás. O outro termo que substitui Eukaryota é
Karyobionta (organismos com núcleo).

Os organismos unicelulares eucariontes, representados pelos


protozoários e certas algas unicelulares, constituem o Reino
Protista. Sendo eucariontes, os protistas possuem um núcleo
individualizado por uma membrana (carioteca), além de organelos
membranosos. Apesar de posições diferentes, os cientistas não
aceitam, na sua maioria, a classificação que cria o Reino Protista;
pois, embora os organismos nele congregados sejam, de facto,
unicelulares eucariontes, a sua diversidade é tal que os leva a não
aceitarem tratar-se de um grupo monofilético.
66

A grande razão para esta posição é a existência, no mesmo reino,


de organismos autotróficos e heterotróficos, assim como a
ocorrência de formas transitórias destas duas. Assim, os cientistas

preferem incluir os unicelulares eucariontes autotróficos no Reino


Plantae e, por outro lado, considerar os unicelulares eucariontes
heterotróficos no Reino Animalia. Elimina-se, deste modo, o Reino
Protista.

Quanto aos indivíduos com hábitos alimentares que se situam entre


seres heterotróficos e autotróficos, os cientistas tanto os estudam no
reino vegetal, como também no reino animal, embora a tendência
geral seja a de os botânicos os incluirem nas plantas. A Zoologia
Sistemática moderna considera como animais apenas os seres
claramente heterotróficos.

Protozoa: Aspectos gerais

Caixa 7

O que nos familiariza com os Protozoários?

Nós familiarizamo-nos com os protozoários de várias formas; Mas,


a forma mais comum relaciona-se com as doenças que eles causam
ao Homem de modo directo ou indirecto. Na sua grande maioria, os
protozoários são parasitas do Homem, dos animais, assim como de
plantas. Pense apenas no plasmódio e na malária dentro da
família!

No estudo dos organismos vivos dá-se muito enfoque aos


Flagelados, um dos grupos basais, por estes estarem relacionados
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 67

com a evolução dos animais (Zooflagelados) e das plantas


(Fitoflagelados).

O termo Protozoa provém da combinação de duas palavras Gregas


(Protos, primeiro, primitivo + to Zoon, ta zoa, o animal, os
animais) e designa, assim, os animais mais primitivos.

Exercícios
1. Quem são os protozoários?

2. Qual é o significado do termo latino Protozoa?

Auto-avaliação 3. Explique a razão da eliminação do reino Protista dentro dos


protozoários.

Chave de correção

1. Protozoários são animais os unicelulares eucariontes


primitivos com caracteristicas diversificadas.

2. O significado do termo protozoa do lat. Protos=primitivo,


primeiro, antigo + zoon=animal, animais.

3. A razão da eliminação dos protozoários é a existência, no


mesmo reino, de organismos autotróficos e heterotróficos.
68

Lição nº 3

Origem, Filogenia e Reprodução


dos Protozoários

No fim desta lição você será capaz de:

− Explicar a origem dos protozoários;

Objectivos − Indicar as características gerais dos protozoários;

− Descrever os aspectos filogenéticos dos protozoários;

− Descrever o modo de vida e reprodução dos protozoários.

Origem dos Protozoários

Os protozoários constituem um grupo de animais de organização


unicelulares simples, mas eucariótica (do Grego eu, verdadeiro e
ho karyon, o núcleo). Sendo assim, eles ultrapassam o nível
organizacional procariota (do Grego pro, antes, anterior, primeiro
ou promitivo e ho karyon, o núcleo), típico dos Monera e das
bactérias e algas azuis. Como categoria taxonómica, os
Protozoários não podem constituir um grupo com única origem.
Isto é, não são um grupo monofilético (única origem filogenética),
mas sim polifilético (múltipla origem filogenética).

São aproximadamente 50 000 organismos muito heterogêneos. Na


base da sua origem estão os Fagelados (Flagellata, o mesmo que
Mastigophora). Aliás, este grupo é também o ponto de partida das
plantas. Os flagelados que se relacionam com os animais chamam-
se Zooflagelados, os que se relacionam com as plantas chamam-se
Fitoflagelados. Como categoria taxonómica, os Protozoários não
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 69

podem constituir um grupo com única origem. Isto é, não são um


grupo monofilético (única origem filogenética), mas sim
polifilético (múltipla origem filogenética).

São aproximadamente 50 000 organismos muito heterogêneos. Na


base da sua origem estão os Fagelados (Flagellata, o mesmo que
Mastigophora). Aliás, este grupo é também o ponto de partida das
plantas. Os flagelados que se relacionam com os animais chamam-
se Zooflagelados, os que se relacionam com as plantas chamam-se
Fitoflagelados.

Apesar de serem animais, os Protozoários não atingem o nível de


complexidade estrutural e funcional dos animais pluricelulares:
possuem apenas uma única célula (unicelulares) e os restantes
animais possuem um agregado estrutural e funcional de celulas
(pluricelulares), que pelo menos a partir dos Cnidários são animais
que apresentam estruturas de defesa cnidas o que esta na origem do
nome “cnidario”, formam tecidos verdadeiros (são Histozoários,
Histozoa). Assim, o Reino Animal encontra-se dividido em dois
Sub-reinos, a saber: o Subreino Protozoa e o Subreino Metazoa.

Características gerais dos Protozoários

Arquitectura celular

A única célula que constitui o organismo Protozoário evoluiu no


sentido de ser capaz de resolver os problemas relacionados com:

o Aquisição de alimentos;

o Locomoção;

o Coordenação da relação com o ambiente (recepção,


condução, percepção dos estímulos, assim como a
reacção a estes);
70

o Reprodução;

o Defesa, etc.

Nos organismos pluricelulares (fungos vegetais e animais) estas


funções são desempenhadas por grupos de células bem
diferenciadas e especializadas em tecidos, órgãos, aparelhos e
sistemas. Mesmo no nível evolutivo mais elementar, como é o caso
das esponjas (Poríferos, Porífera), existem tecidos diferenciados
(não se discute, aqui, a sua complexidade e natureza).

Na sua maioria os Protozoários são microscópicos (µm a um).


Apenas muito poucos chegam a atingir alguns centímetros
(Foraminíferos com 10 cm). As seguintes estruturas são as mais
importantes para dominar.

Plasmalema - Externamente o corpo dos protozoários é geralmente


delimitado por uma membrana celular chamada plasmalema.

Citoplasma – Compreende duas fases/partes:

o Ectoplasma – mais gelatinosa, claro e não granular;


é ele que dá forma ao corpo celular.

o Endoplasma – granular, considerado como


citoplasma interno, mais fluido e não estático.
Dentro dele encontram-se os organelos como o
núcleo (podem ser vários) que controla os processos
vitais do organismo; o vacúolo contrátil que regula
a quantidade de água no interior da célula e este
processo chama se osmoregulação

o Vacúolo digestivo que responde pela digestão.

Pseudópodes (os) – são estruturas que surgem como projecções


temporárias da membrana celular.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 71

Além destas, as outras estruturas importantes encontradas nos


Protozoários são os cílios e flagelos que possuem funções vitais
diversificadas (captura do alimento, locomoção, etc).

Modo de vida dos Protozoários

o Habitat - Os Protozoários ocuparam praticamente todos


habitats, bastando tratar-se de lugares húmidos (águas
doces, mar, solo, sistemas límnicos (lagoas, lagos, pantanos,
águas paradas, etc.). Ocorrem solitários ou em vida
colonial.

o Alimentação – Os Protozoários são, como se disse,


heterotróficos. Alimentam-se de matéria viva e morta (são
saprofílicos, saprozóicos; do Grego sapros, podre, ta zoon,
ta zoa, os animais). Podem ser de vida livre, simbiótica (do
Grego he symbiosis, a vida colectiva) ou parasítica (do
Grego ho parasitos, que come “contigo” sem gastar nada
dele). Dentro dos parasitas, podemos destacar:

 Parasitas facultativos, tanto vivem livres,


como dependem do hospedeiro;

 Parasitas obrigatórios, não vivem sem


hospedeiro;

 exoparasitas, parasitas externos;

 Endoparasitas, parasitas internos.

No meio destas categorias encontram-se formas transitórias.

Também existem formas comensais, isto é, vida colectiva de


diferentes organismos com a finalidade de alimentação sem
prejuízo mútuo.
72

Indivíduos de vida livre alimentam-se geralmente de detritos


orgânicos, bactérias e outros microrganismos incorporados em
vacúolos digestivo. Em todos os casos, a digestão é
intracelular. Neste caso de indivíduos livres, as adaptações
mais importantes para a alimentação são as seguintes:

 Fagocitose, mais ou menos abraçar os alimentos por


meio de braços ou pés falsos (pseudópodes). O corpo
celular evagina-se.

 Pinocitose, incorporação de alimentos desintegrados


pela superfície do corpo celular.

 Estrudulação, consiste nos batimentos rápidos e


rítmicos dos cílios da boca primitiva, o citóstoma (do
Grego to kytos, a célula, to stoma, a boca). Os alimentos
são geralmente bactérias.

As espécies parasitas aproveitam substâncias orgânicas solúveis


absorvidas a partir dos tecidos do hospedeiro, daí resulta a
ausência de estruturas digestivas.

Reprodução

Existem basicamente duas formas de reprodução nos


protozoários, que são:

• Reprodução assexuada por divisões mitóticas, ocorre


praticamente em todos protozoários. O corpo-mãe
divide-se e forma novos indivíduos idênticos.

• Reprodução sexuada por conjugação, que foi mais


estudada nos Ciliados (Ciliata), ou mesmo copulação.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 73

Fig.6

Microfotografia e esquemas de Paramecium caudatum em conjugação

Sistema dos Protozoários


Aspectos gerais sobre a Filogenese

Disse-se antes que trata-se de um grupo polifilético (sem origem


comum). De facto, falar da filogénese deste grupo é algo difícil. As
evidências que existem encontram-se ao nível celular e relacionam-
se com os organelos (núcleo, mitocôndrias, ribosomas, membranas
e DNA). A alimentação heterotrófica pode não ser um aspecto
importante para a filogênese, uma vez que ela pode ter surgido de
novo, isto é pode ter sido primária antes da heterotrófica, assim
postulam muitos autores.

Mesmo assim, os cientistas são unânimes em afirmar que eles


surgem dos Flagelados e estes, certamente, de outros vários
ancestrais de indivíduos protistas móveis.

Na evolução dos Flagelados diferenciaram-se os:


74

o Fitoflagelados (Fitoflagellata) e os

o Zooflagelados (Zooflagellata). É destes que se originaram


os restantes animais unicelulares e pluricelulares.

Se considerarmos os Protozoários como um sub-reino, então é justo


criarmos filos como subcategorias lógicas. Porém, há dificuldades e
discórdias sérias entre os taxonomistas e todos preferem criar
classes do grupo.

Exercícios
1. Mencione as estruturas vitais do corpo dos protozoários.

2. Um protozoário pode morrer mas não devia morrer.


Argumente a afirmação.
Auto-avaliação
3. Descreva o fenómeno da conjugação nos protozoários.

Chave de correção

1. As estruturas vitais do corpo dos protozoários são: Plasmalema , Citoplasma (


Ectoplasma , Endoplasma) ,vacúolo contrátil , Vacúolo digestivo ,
Pseudópodes, cílios e flagelos.

2. Um protozoário pode morrer mas não devia porque todas as actividades vitais
para existencia de um protozoário estão centradas numa unica célula.

3. O fenómeno da conjugação dos protozoário ciliados implica a recombinação


genética entre células iguais que se unem duas a duas. Elas troucam o material
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 75

nuclear dos micronúcleos e depois separam-se. Os ciliados recombinados


resultantes voltam as atividades normais e podem novamente se reproduzir.

Lição nº 4

Classificação dos Protozoários

No fim desta lição você será capaz de:

− Identificar as características específicas de cada classe dos


protozoários;
Objectivos
− Descrever a sistemática dos Protozoários;

− Diferenciar as classes dos Protozoários;

− Explicar o ciclo de vida dos protozoários parasitas.

Sistema dos Protozoários

Classe dos Flagelados (Flagellata ou Mastigophofora)


Como o nome indica, a característica básica desta classe é a
presença de flagelos (do Latim flagellum, flagelo; go Grego
mastophorus, portador de flagelo). O flagelo é órgão fundamental
do grupo. Ele serve para locomoção, propulsão da água e
direcionamento de partículas alimentares.
76

Fig. 7 Princípio de locomoção através de flagelos

Em princípio, os zoólogos consideram apenas


organismos autotróficos dentro desta classe. Porém,
encontramos também formas transitórias com
alimentação autotrófica facultativa, o que quer
dizer que podem também ser heterotróficos em
determinadas condições ambientais. Por exemplo:

- Cryptomonadida,

- Dinoflagellata,

- Euglenida,

- Chrysomonadida,

- Pyremnesiida,

- Phytomonadida.

Por seu turno, os flagelados meramente autotróficos


(Zooflagelados) compreendem:
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 77

Ordem Choanoflagellata

O termo Choanoflagellata provém do Grego ho choanos, o funil e


alude ao facto de organismos deste grupo terem formato de taça,
dentro da qual se localiza centralmente um flagelo. A classe é
também tida como Choanoflagellida. Na base da taça e do flagelo
a estrutura celular assemelha-se a um colarinho. São organismos
marinhos e de água doce, vivem geralmente em colónias e são
maioritariamente sésseis, animais fixos a um substrato; o contrário
de indivíduos livres.

Fig. 8: A colónia de Coanoflagelados, B e C estruturas principais de um


Coanoflagelado, incluindo movimentos dos flagelos.

Os Coanoflagelados podem ter originado as esponjas ou Poríferos,


metazoários mais primitivos.
78

Ordem Trichomonadida

Para o Homem, a importância desta ordem reside no facto de ela


ser constituída por parasitas. Trichomonas vaginalis é um parasita
da vagina humana e do trato genital masculino. O termo
Trichomonas deriva do Grego he thrix, trichos, o cabelo.
Invertebrados são hóspedes de um parasita da mesma ordem,
Trichonympha sp.

Caixa 8

Diagnóstico de Vaginite por Tricomonas vaginalis

Acontece por contacto venéreo essencialmente, por vezes pela água


(banhos de mar). é favorecida por um pH vaginal alcalino.
Corrimento muito abundante, líquido, branco e arejado, com cheiro
especial, acompanhado de prurido intenso. Trata-se, portanto, de
uma DTS. SE VOCÊ APANHA ESTA, TAMBÉM PODE
APANHAR OUTRAS E SIDA, POR ISSO, PROTEJA-SE
SEMPRE, USANDO CONDOM.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 79

Ordem Diplomonadida (Diplomonadina)

Aqui, importa referir a Giardia lamblia, uma forma parasítica


propagada na população humana que causa diarreias. A doença
designa-se giardiase, mais frequente em crianças que a contraem
através de contacto directo entre o indivíduo e o infectado. São
disseminados sob forma de quistos. Podem parasitar o intestino
delgado (o duodeno, jejuno), onde chegam a causar inflamações
intestinais sérias. Também existem outras formas não parasitas.

Fig 9 Plano de construção de um flagelado Diplomonadina, Hexamita salmonis

A característica mais notável é a sua simetria bilateral. Onde se


destacam: 2 núcleos, 2 flagelos terminais, e vários outros na região

dos núcleos. São parasitas do intestino de animais vertebrados e


alguns invertebrados.
80

Fig. 10 Ciclo de vida de Giardia sp.

Ordem Kinestoplastida
Este grupo é de interesse especial para o Homem, sobretudo em
África e noutras regiões tropicais e subtropicais. Ele contém alguns
dos principais causadores de doenças tropicais. Kinetoplastida
refere-se à presença de um organelo especial, o cinetoplasto (parte
mitocondrial localizada no flagelo). Trata-se de um complexo de
DNA mitocondrial.

Para além de formas parasíticas também existem indivíduos livres.


Nesta ordem encontram-se os seguintes parasitas de interesse para
a saúde pública e para a socioeconomia de Moçambique, de África
e dos trópicos no geral.

Diferentes formas de Trypanosoma


Todas elas causam a chamada
doença-do-sono ou
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 81

tripanosomíase. Na sua maioria o vector é o mesmo, a mosca


tsé-tsé.

Fig. 11 Mosca tsé-tsé, Glossina sp., exibindo as asas tipicamente


transparentes

Fig. 12 Trypanosom cruzi

Eis, na tabela seguinte, algumas formas do agente infeccioso,


Trypanosoma sp.

Tab. 5 Tipos de Tripanossomas, Glossinas, hospedeiros e doenças

Tipo de
Doença Hospedeiros Distribuição Tipo de Glossina
Tripanossoma

G. palpalis
Doença de sono T. brucei África G. tachinoides
Homem
– forma crónica gambiense oriental G. fuscipes
G. morsitans

G. morsitans
Doença de sono
T. brucei África G. swynnertoni
– forma crónica Homem
rhodesiense ocidental G. pallidipes
- forma aguda
G. fuscipes

G. morsitans
Antílopes, G. swynnertoni
Nagana –forma gado bovino, T. brucei G. pallidipes
África
aguda camelos e brucei G. palpalis
equídeos G. tachinoides
G. fuscipes

Nagana –forma Gado bovino, G. palpalis


T. congolense África
crónica camelos e G. morsitans
82

equídeos G. austeni
G. swynnertoni
G. pallidipes
G. longipalpis
G. tachinoides
G. brevipalpis

G. palpalis
G. fuscipes
G. morsitans
Suinos
G. tachinoides
domésticos
Nagana –forma G. longipalpis
gado bovino, T. simiae África
aguda G. fusca
camelos e
G. tabaniformis
equídeos
G. brevipalpis
G. vanhoofi
G. austeni

G. morsitans
G. palpalis
G. tachinoides
Bovídeos,
Nagana –forma G. swynnertoni
camelos e T. vivax África
aguda G. pallidipes
equídeos
G. austeni
G. vanhoofi
G. longipalpis

G. palpalis
G. fuscipes
Suinos
G. morsitans
domésticos,
G. tachinoides
suinos
Surra – forma G. longipalpis
selvagens T. suis África
crónica G. fusca
(Phacochoerus
G. tabaniformis
aethiopicus)
G. brevipalpis
G. vanhoofi
G. austeni

Barbeiro
Doença de (Triatona)
T. cruzi
Chagas Homem
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 83

Fig. 13 Ciclo de vida de T. cruzi

Além destas formas, temos ainda a leishmaniose ou leishmaníase,


calazar ou úlcera de Bauru, outra enfermidade causada por
Leishmania sp., cujo vector são mosquitos dos géneros
Phlebotomus).

Fig. 14 Mosquito do género Phlebotomus transmissor de Leishmania

Fig. 15 Duas formas de Leishmaniase cutânea


84

Outras ordens dos Zooflagellata:

 Opalina,

 Hypermastida,

 Bicosoecida,

 Rhizomastigida,

 Retortamonadida,

 Oxymonadida,

 Hypermastigida.

Exercícios
1. Indica a característica que estará na origem do nome da classe
Flagellata.

2. Como é que você pode estar infestado por Trichomonas vaginalis.


Auto-avaliação
3. Faça a sistemática do protozoário que causa a giardiase em
crianças.

4. Qual é o vector que transmite o protozoário causador de doença de


sono em África?

Chave de correção

1. A caracteristica que estaram na origem do nome flagellata


é apresença de um filamento que se projecta apartir da
membrana celuluar chamado de flagelo, estrutura para a
locomoção.

2. Posso estar infestado por Trichomonas vaginalis quando


manter relações sexuais sem proteção, uso de toalhas
humidas contaminadas.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 85

3. Giardia lamblia

Reino: Animalia

Filo: Protozoa

Classe Flagellata

Ordem: Diplomonadida

Género:Giardia

Espécie: Giardia lamblia

4. é um mosquito do género Glossina.

Lição nº 5

Classificação dos Protozoários

Classe dos Rizopodes ou Sarcodinos (Rhizopoda, Sarcodina)

No fim desta lição você será capaz de:

− Descrever as características gerais dos rizopodes;

Objectivos − Mencionar as principais ordens dos rizopodes;

− Diferenciar os rizopodes dos flagelados;

− Explicar importância dos foraminiferos.

Características gerais:

Os Rizópodes (os) (do Grego he rhiza, a raiz, ho pus, podos, o


pé) também são também conhecidos por Sarcodíneos,
86

Sarcodinos (Sarcodina, do Grego sarx, carne, referindo-se ao


aspecto carnudo das amebas).

De modo geral trata-se das amibas (amebas), cuja característica


principal é a formação de pés falsos, os pseudópodes (os).
Tanto servem para a locomoção, como também para a captura
de alimentos.

São evaginações celular de forma não fixa que podem ser dos
tipos:

• Lobópodes ou lobópodios das amebas,

• Filópodes ou filópodios (em amibas providos de


carapaça que são os Testáceos (Testacea),

• Axópodes ou Axopodios, estruturas radiais


encontrados nos Heliozoários (Heliozoa) e Radiolários
(Radiolaria),

• Reticulópodes ou Rizópodes característicos para os


Foraminíferos (Foraminifera).

As principais ordens dos Rizópodes são:

Ordem Amoebina (Amoebida)

São tipicamente as amibas comuns (Amoeba proteus), nuas, sem


exoesqueleto.

Fig. 16 Amiba comum Amoeba proteu


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 87

As amibas vivem geralmente em ambientes húmidos, águas


salgadas e doce, e algumas espécies encontram-se na terra.

Fig. 17 Trofozóito de Entamoeda histolytica

Algumas amibas são comensais no intestino dos invertebrados e


vertebrados, podendo ainda serem encontradas formas parasiticas
(Entamoeba histolytica, Entamoeba gengivalis, Entamoeba coli).
Outras formas podem atacar o SNC, os pulmões, a vista e a pele.

Fig.18 Ciclo de vida de Entamoeba histolytica

Formas mais dominadas de amebas são nuas, i.e. desprovidas de


envólucro endurecido ou reforçado por impregnação de diferentes
88

materiais, como a sílica. Também podem ser encontradas formas


que exibem carapaças.

Fig. 19 Amibas com carapaça. A e B: Arcella vulgaris; C: Euglypha


strigosa e D: Difflugia oblonga

Ordem Testacea, Testacida, Arcellinida


Esta ordem é aracterizada pela formação de esqueleto externo
(exoesqueleto), um envólucro constituído por materiais orgânicos
com
impre
gnaçã
o de

Fig. 20 Difflugia oblongata e D. amphora

Material inorgânico. Numa das extremidades da carapaça abre-se um


orifício através do qual se projectam os pseudópodes. Na sua maioria
vivem em águas doces, mas também em solos húmidos (exemplo Arcella
vulgaris., Difflugia oblonga). Testacea deriva do Latim testa, a casca,
sufixo aceum, com a forma de ou parecido com).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 89

Ordem Foraminifera
Foramen, ou forare significa em Latim abertura, abrir, ferre
portador. De facto, os membros desta ordem possuem abertura no
seu exoesqueleto. Eles encontram-se no mar, propensamente no
fundo do mar (são bentônicos), onde servem como indicadores de
jazidas de petróleo e possuem uma importância na indicação de
climas de eras geológica passadas. Podem ou não possuir vacúolos
contrácteis. Os pseudópodes são filiformes e reticulópodes. O
corpo está revestido de uma carapaça.

Os foraminiferos são na Biostratigrafia (Micropaleontologia,


prospecção de petróleo)

Fig. 21 Rhizopoda. a: Foraminifera (a1: Rotalia beccarii; a2: Textularia


agglutinans e a3: Nummulitis commingii cantion); b: Radiolaria (b1: vista
tridimensional, b2: corte longitudinal); c: Heliozoa, Actinophrys sol

A classificação do grupo tem sido difícil e muito controversa por


estar baseada em características secundárias. Mesmo assim, muitos
biólogos aceitam classificá-los segundo Carpenter, Parker, and
Rupert Jones (1862) em:
90

• Subordem Imperforata, testa ou carapaça membranosa,


calcárea ou arenáca, não perfurada por fóramens – foramina
– pseudopodiais.

• Subordem Perforata, testa ou carapaça perfurada por por


fóramens – foramina – pseudopodiais, geralmente calcáreas.

Ordem Heliozoa
Os Heliozoa, assim chamados por supostamente se parecerem com
o sol (animáculos solares) são esféricos e podem ser encontrados
primariamente nas águas doces como oranismos flutuantes ou
bentônicos. Tal como nos outros membros dos Rizópodes, eles
podem ser sésseis (geralmente pedunculados) ou livres.

Os Heliozoários são geralmente nus, muito embora algumas formas


apresentem carapaça. Os seus pseudópodes são do tipo axópode,
naturalmente sempre radiais.

Ecologicamente os Heliozoarios são úteis, uma vez que constituem


parte do plâncton zooplâncton

Fig. 22 Helozoário Actinophrys sol

Ordem Radiolaria
Os individuos desta ordem apresentam um esqueleto geralmente
silicoso. Possuem pseudópodes do tipo axópodos que saem de
modo radial para todas as direcções.

Sao protozoários relativamente grandes e sem importância


reconhecida para o homem.

São caracteristicamente animáculos de uma beleza indiscutível.


Animais planctónicos, marinhos, chegando a habitar profundidades
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 91

consideráveis (acima de 4000m). Organismos esféricos,


plurinucleares e exibem numerosos vacúolos. Possuem uma
membrana perfurada. Vêm do Carbonífero e o número de fósseis
achados é significativo quando comparado com outros grupos de
prptozoários.

Fig. 23 Formas dos Radiolários do Cenozóico: Auxoprunum stauraxonium


Haeckel e Pterocanium praetaxum (Ehrenberg) e do Mesozóico: Halesium
triacanthum (Squinabol)

Exercícios

1. Indica as características que estarão na origem dos nomes


Sarcodina e Rhizopoda
Auto-avaliação
2. Faça a sistemática da Amiba.

3. Indique os diferentes tipos de eveginações celulares dos rizópodes


e exemplifique.

4. Qual é o papel dos foraminiferos?

Chave de correção

1. O que estara na orige do nome Rhizopoda é por ter estruturas


locomotoras em forma de raizes, o termo sacordina tem haver
com a forma do corpo carnuda.

2. Amoeba proteus
92

Reino : Animalia

Filo: Protozoa

Classe: Rhizopoda

Ordem: Amoebina /Amoebida

Genero:Amoeba

Espécie: Amoeba proteus.

3. Lobópodes ou lobópodios presente nas amebas,

• Filópodes ou filópodios presente em amibas providos


de carapaça ; Axópodes ou Axopodios, encontrados
nos Heliozoários e Radiolários .

• Reticulópodes ou Rizópodes nos Foraminíferos

4. Servem como indicadores de jazidas de petróleo e possuem


uma importância na indicação de climas de eras geológica
passadas.

Lição nº 6

Classificação dos Protozoários

Classe dos Esporozoários (Sporozoa)

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais dos esporozoários;

Objectivos • Indicar os principais parasitas do Homem encontrados nesta a


classe Sporozoa

• Mencionar as principais ordens dos esporozoários;

• Identificar os principais estágios infectantes do ciclo de vida dos


protozoários;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 93

• Descrever o ciclo de vida do Plasmodium no (Homem e no


mosquito).

Os Esporozoários contêm a grande parte de parasitas dos


protozoários que mais doenças têm causado em África e no mundo
em geral. É neles que se encontra o plasmódio causador da malária
ou paludismo. O seu nome (Sporozoa) deve-se à presença de
estágios infectantes identificados como esporos, células protegidas
por um invólucro capazes de infectar o hospedeiro. Porém, o ciclo
de vida deste grupo é muito complexto e envolve diferentes
estágios, geralmente um estágio sexuado e outro assexuado. Cada
estágio tem seu(s) hospedeiro(s) específico(s), como é o caso do
Plasmódio da malária que envolve estágios que vivem no mosquito
e estágios que hospedam o Homem e outros Primatas.
Simplificadamente descrevem-se os seguintes estágios:

1. Infecção por esporozóito (a);

2. Desenvolvimento do esporozóito dentro do hospedeiro


primeiro; forma-se um trofozóito (b); este é móvel;

3. O trofozóito sofre uma divisão ou fissão múltipla


denominada esquizogonia; o resultado são células-filhas
chamadas merozóitos (c); estes continuam a infectar o
hospedeiro, podendo atacar outros órgãos;

4. Por maturação, os merozóitos originam gamontes (d). O


processo chama-se gamogonia.

5. Os gamontes amadurecem e originam gâmetas (e). Os


gâmetas são masculino e feminino, sendo o primeiro
flagelado (para locomoção);

6. Os gâmetas copulam, unem-se e formam o zigoto (f). Esta


união denomina-se zigose.
94

7. O zigoto sofre esporogonia, na qual os indivíduos daí


resultantes são envolvidos numa membrana. Na
esporogonia ocorre uma divisão meiótica. O resultado são
esporozóitos, de novo, que podem ser aos milhares.

Visto isto, podemos afirmar que o cilclo de vida mais conhecido


dos Esporozoarios envolve três fases, a saber:

1. Esquizogonia – multiplicação assexuada do parasita,


depois da infecção;

2. Gamogonia – desenvolvimento e formação de gâmetas;

3. Esporogonia – outro estágio de multiplicação

Analisemos o que se disse atrás a partir do


plasmódio da malária.

Fig. 24 Ciclo de vida do Plasmodium no mosquito e no Homem

Nos diferentes estágios do seu ciclo de vida, o plasmódio afecta os


seguintes órgãos: (1) tecido hepático, logo a seguir à infecção; (2)
glóbulos vermelhos, já como merozóito e gametócito.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 95

Os esporozoários exibem também uma divisão celular quando se


reproduzem assexuadamente, numa bipartição longitudinal ou
múltipla.

Fig.25 Multiplicação de Tripanossoma (vários modelos)

Ordem Coccidia
É nesta ordem onde está inserido o Plasmódium. São parasitas
intracelulares por excelência e têm hospedeiros em vários grupos
de animais.

Para além do género Plasmodium existem outros, por exemplo,


Eimeria.

As diferentes espécies de Plasmodium e os respectivos tipos de


malária estão representadas na tabela seguinte.

Tab. 6 Formas de Plasmodium, tipos de malárias, duração e ciclos febrís

Plasmódium Tipo de malária Ciclo febril Ciclo febril

P. maláriae Malária quartana 72h Trópicos e


96

Subtrópicos

P. vivax e P. ovale M. tertiana ou 48h Tropicos e


terciana Subtropicos

P. falciparum M. tropica irregular Tropicos e


Subtropicos,
em
Moçambique
responsável
pela malária
resistente e
cerebral e causa
mais mortes.

Caixa 9

Sabias que

A malária infecta o Homem há mais de 50 000 anos e pode ter sido


um patógeno humano ao longo da existência da história do
Homem. Os outros naimais infectados são os macacos
(chimpanzéns). Relatos sobre febres palúdicas cíclicas remotam de
2700 anos a.C., na China. O termo
malária deriva do Italiano Medieval
mala aria, que significa mau ar. LOUIS
ALPHONSE LAVERAN, médico militar Francês
em serviço em Constantina e Argélia,
foi o primeiro a observar e descrever o
ciclo de vida do parasita e, por volta de 1907,
recebeu o Prémio Nóbel da Medicina. O termo Plasmodium foi
classificado por cientistas Italianos ETTPRE MARCHIAFAVA e
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 97

ANGELO CELLI. O médico Cubano, CARLOS FINLAY, tratando


pacientes com febre amarela, em Havana, deu provas não
definitivas de que o mosquito seria o provável transmissor.
Definitivamente, foi o Britânico Sir ROLAND ROSS em serviço
no Hospital Presidencial Geral, em Calcutá, quem providenciou
evidencias de que a malária era transmitida por mosquitos.

Malária causa perto de 250 milhões da casos de febre por ano e um


milhão de mortes. A vasta maioria de casos ocorre em crianças
abaixo de 5 anos de idade. A sua associação com HIV complica
mais o quadro clínico diagnóstico e curativo. Malária já é endémica
em volta do Equador nas Américas, na ásia e muito mais em África
Malária não é apenas associada à pobreza, ela deve ser considerada
também como causa da pobreza e entrave ao desenvolvimento
económico. O rendimento per capita nos países com malária é
muito baixo.Ao lado de espécies humanas, existem também outras
encontradas em animais e que podem ser transmitidas ao Homem:
Plasmodium knowlesi, P. cynomolgi, P. simiovale, P. brazilianum,
P. schwetzi e P. simium.

Sistemática dos Sporozoa

• Subclasse 1. Telosporidia

o Ordem 1. Gregarinida

o Ordem 2. Coccidia

o Ordem 3. Haemosporidia

• Subclasse 2. Acnidosporidia

o Ordem 1. Haplosporidia

o Ordem 2. Sarcosporidia

• Subclasse 3. Cnidosporidia

o Ordem 1. Myxosporidia
o Ordem 2. Actinomyxidia

o Ordem 3. Microsporidia

o Ordem 4. Helicosporidia
98

Subclasse Telosporidia
São os que possuem esporozoítos alongados e sem cápsulas polares
nos esporos.

Gregarinida
Trofozóito maduro vermiforme, medindo de 10 µm até 16
milímetros de comprimento. O zigoto produz esporos com uma
parede contendo oito esporozoítos, parasitam a cavidade digestiva
celomática e outras cavidades dos invertebrados, os principais
representantes são:

• Ophryocystis parasita dos túbulos de Malphighi de


besouros.

• Monocystis aparece em bolas de espermatozóides de


minhocas.

• Gregarina parasita gafanhotos e besouros.

Fig. 26 Gregarina
Corycella armata.
parasita de besouros
aquáticos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 99

Fig. 27 Ciclo de vida de Gregarina sp.

Ordem 2. Coccidia
Parasitas intracelulares, atacam principalmente os tecidos epiteliais
de moluscos, anelídeos, artrópodos e até em alguns vertebrados.
Zigoto imóvel, esporos com uma ou muitas paredes. A reprodução
ocorre por uma alternância de fases de esquizogonia assexual,
seguida de esporogonia. Os principais representantes são:

• Hepatozoon, parasita, ataca o fígado e da medúla óssea de


vários mamíferos.

• Haemogregarina, parasita, ataca os glóbulos vermelhos do


sangue de tartarugas, rãs e peixes.

• Eimeria (Coccidium), parasita que ataca o epitélio digestivo


de artrópodos e vertebrados, principalmente aves e
mamíferos domésticos. A espécie Eimeria stiedae causa a
coccidiose em coelhos domésticos.
100

Ordem Haemosporidia

Fig. 28 Plasmodium vivax no sangue

Possuem zigoto móvel que produz esporozoítos nús. A reprodução


é alternada, ocorre por esquizogonia dentro de glóbulos vermelhos
do sangue dos vertebrados hospedeiros definitivos e reprodução por
esporogonia no corpo dos hospedeiros intermediários, geralmente
artrópodos como moscas e mosquitos sugadores de sangue.
Principais representantes:

• Plasmodium, Plasmodium vivax em mosquitos Anopheles e


Culex, causa a malária no homem, em outros mamíferos e
até em aves.

• Haemoproteus, parasita de moscas sugadoras de sangue


(Hippoboscidae) transmitido a aves e répteis.

• Leucocytozoon, parasita mosquitos borrachudos e causa


(Simulium) doença em patos.

Subclasse Acnidosporidia

Protozoários com esporos simples, sem filamentos polares.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 101

Ordem Haplosporidia

Poucos esporos em cistos pequenos. Principal representante:

• Haplosporidium, parasitas principalmente em minhocas.

Ordem Sarcosporidia

Muitos esporos causam cistos de até 50 milímetros de diâmetro que


se formam nos músculos de mamíferos e aves. Principal
representante: Sarcocystis.

Subclasse Cnidosporidia

Esporo com 1 a 4 filamentos polares que são usados para se


afixarem melhor nos hospedeiros.

Ordem Myxosporidia

Esporos grandes, bivalves, um a quatro filmentos polares. São


parasitas especialmente de peixes e atacam também as cavidades e
tecidos de diversos vertebrados inferiores. Causam grande
mortalidade de peixes. Principais representantes:

• Sphaeromyxa;

• Myxidium.
102

Fig. 29 Phlebotomy sp. no sangue de peixe

Ordem Actinomyxidia

Esporos com três valvas; aparecem três filamentos polares. São


parasitas de minhocas aquáticas e causam grande mortalidade,
atacando os intestinos ou os celomas dos seus hospedeiros.
Principal representante Triactinomyxon.

Ordem Microsporidia

Esporos pequenos, um ou dois filamentos protoplasmáticos polares.


São parasitas intracelulares que atacam os tecidos de artrópodes e
peixes, causando-lhes doenças parasitárias. Principais
representantes:

• Nosema bombycis causa a pebrina em bichos-da-seda.

• Nosema apis causa a nosena em abelhas.

Ordem Helicosporidia

Esporo em forma de barril, um filamento enrolado. Parasita que


ataca nas cavidades dos ácaros e das moscas, ataca principalmente
as larvas de moscas.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 103

Exercícios
1. Caracterize os esporozaoários.

2. Descreve as três fases do ciclo de vida dos esporozoários .

Auto-avaliação 3. Indique o estágio infectante dos esporozoários.

4. Faça a sistemática do esporozoário causador da Malária


“Paludismo” assim como era chamada a doença no passado.

5. Como se chama o protozoário causador da malária cerebral.

Chave de correção

1. Os esporozoários são protozoários sem orgão de


locomoção na sua maioria parasitas do Homem possuem
esporos como estágios infectantes.

2. As três fases do ciclo de vida dos esporozoários são:


Esquizogonia , Gamogonia e Esporogonia.

3. O estágio infectante dos esporozoários são os merozóitos.

4. Plasmodium vivax

Reino: Animalia

Classe: Sporozoa

Ordem: Coccidia

Género: Plasmodium

Espécie:Plasmodium vivax

5. Chama se Plasmodium falciparum.


104

Lição nº 7

Classificação dos Protozoários

Classe dos Ciliados (Ciliata, Ciliophora)

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais dos Ciliados;

Objectivos • Indicar os principais ciliados encontrados numa infusão -


Mencionar as principais ordens dos Ciliados;

• Descrever os ciliados observados numa infusão;

• Descrever a conjugação como de reprodução sexuada dos Ciliata;

• Preparar uma infusão a partir de gramíneas “capim” para uma


prática de observação dos protozoários ciliados.

Os membros desta classe caracterizam-se por possuirem cílios em


volta do corpo celular e da boca primitiva, o citóstomo. O
representante mais conhecido deste grupo é a Paramécia
(Paramecium caudatum), habitante da água doce e muito comum
em infusões de grama.

Fig. 30 Diferentes formas de Paramécias


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 105

Para além dos cílios, o corpo dos ciliados é coberto uma película
que contém muitas organelos. Para melhor compreensão veja a
figura que se segue.

Fig. 31 Diferentes esquemas representando o batimentro dos cílios da


paramécia na locomoção e estridulação, no processo de alimentação

Quanto à nutrição, os ciliados são geralmente holozóicos, ou seja,


têm alimentação animal típica que consiste em digerir matéria
orgânica elaborada. Para o efeito, possuem:

• Uma boca primitiva (citóstomo ou citóstoma);

• Um canal que sucede a boca, citofarínge;

• Vacúolos digestivos;

• Um ânus primitivo, citopígio.


106

Para sua alimentação, os ciliados desenvolveram diferentes hábitos


aos quais correspondem também diferentes mecanismos de
alimentação:

• Os predadores – alimentam-se de rotíferos, gastrotríquios,


protozoários e outros ciliados;

• Os herbívoros – consomem algas e diatomáceas;

• Outros ciliados comem suspensões.

Existem ciliados que vivem fixos a substratos duros. Normalmente


têm estruturas tentaculares com os quais capturam a presa.

Quanto à reprodução os ciliados exibem duas particularidades.


Por um lado, possuem sempre dois núcleo, o chamado dualismo
nuclear. Um dos núcleos é menor, o micronúcleo (estes podem ser
muitos). O outro núcleo é maior, o macronúcleo. Por outro lado, é
o único grupo de animais que desenvolveu a chamada conjugação.
Conjugação é uma forma de reproduão sexuada que se particulariza
pelo facto de que a partir dela não ocorre a multiplicação dos
indivíduos. A conjugação é uma forma de repordução sexuada, que
consiste na troca de informações nucleares onde dois indivíduos
funcionam como células sexuais: os dois unem-se para a troca do
material genético. Eles juntam-se pela região oral e depois
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 107

Fig. 32 Fenómeno da conjugação da Paramécia

Este fenómeno da conjugação voce pode compriender melhor


atraves da explicação abaixo.

1. Na conjugação dois indivíduos funcionam como células


sexuais: os dois unem-se para a troca do material genético.
Eles juntam-se pela região oral.

2. . Segue-se à adesão a fusão dos protoplasmas.

3. Nesta fusão dos protoplasmas ocorre uma reorganização e


intercâmbio do material nuclear. São os micronúcleos os
responsáveis pela conjugação. Nesta acção o macronúcleo
degenera-se.

4. Ocorrem várias divisões mitóticas. Os núcleos resultantes


degeneram e apenas um fica.

5. O núcleo que fica divide-se e origina dois micronúcleos


gaméticos geneticamente idênticos.
108

6. Um desses núcleos é estacionário o outro é móvel ou


migratório. É o núcleo migratório que emigra e vai juntar-se
ao núcleo conjugante oposto (vamos chamar de
masculino). Note-se que é uma deslocação mútua entre os
núcleos de ambos indivíduos.

7. Os núcleos emigrantes vão copular (conjugar) com o


estacionário do outro indivíduo (outra célula).

8. O resultado desta fusão nucler é o zigoto, também


conhecido por sincário (do Grego syn, junto, to karyon, o
núcleo, o centro).

9. A seguir a esta fusão, os indivíduos copulantes separam-se.


os indivíduos chamam-se então exconjugantes.

10. Nos exconjugantes, ocorre em número variável divisões


nucleares, o que vai originar uma reconstrução da estrutura
nuclear normal da espécie.

Os ciliados podem também reproduzir-se assexuadamente por meio


de uma fissão binária. A divisão é sempre transversal. Embora o
modelo assexuado seja descrito como invariável, é possível
encontrar certas modificações que nos sugerem um brotamento.

Os famosos vacúolos contrácteis (contraem-se) são típicos dos


ciliados. Eles também podem ser chamados de vacúolos pulsáteis
(pulsam). São estruturas-chave no equilíbrio hídrico dos indivíduos
da água doce, mesmo assim ocorrem em formas marinhas
(pequenos). Quanto ao número, eles podem ser singulares ou
ocorrerem vários num organismo. O vacúolo pode apresentar um
sistema de canais radiais em seu redor. A complexidade destes
canais é igualmente variável.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 109

Filogenia e Sistemática dos Ciliados

Diz-se que o grupo é muito homogêneo. Isto significa que a sua


origem é comum e não deixa prever outras origens. As mais de 8
000 espécies descritas possuem um ancestral comum. O seu
sistema actual comporta as seguintes ordens, que não serão
descritas em detalhe neste livro.

Ordem Peritricha

O exemplo mais vulgar e mais comum em praticamente todas


preparações microscópicas do tipo infusões é a Paramécia. Ela
serve para definir as características mais comuns de todos os
ciliados.

Fig.33 Esquema organizacional geral de Paramecium caudatum


110

Ordem Chonotricha

Outro grupo de ciliados muito representativo em infusões.

Fig. 34 Ciliados, A: Vorticella e B: Stentor

Ordem Spirotricha, Ordem Holotricha e a Ordem


Suctoria não têm interesse para o estudo visto que nele não são
encontrados espécies infusorios características da classe.

Esta sistemática dos Ciliata, aqui apresentada, está muito


simplificada. Alguns autores colocam já os Ciliados como um filo,
dentro do qual se encontram as classes:

1. Classe Kinetofragminophora

1.1. Subclasse Gymnostomata

1.2. Subclasse Vestibulifera

1.3. Subclasse Hypostomata

2. Classe Oligohymenophora

2.1. Subclasse Hymenostomata

2.2. Subclasse Peritricha


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 111

3. Classe Polyhymenophora

3.1. Subclasse Spirotricha (com ordens bem definida)

Actividades
Proposta de uma aula prática

Não é possivel conservar protozoários definitivamente. Eles devem


ser obtidos 1-3 semanas de antecedência através de infusões.

As infusões consistem na introdução de folhas de capim numa


garrafa, na qual devem se desenvolver os microrganismos.

Material a ser usado:

1 Infusão de gramineas em água estagnada (água doce)

1 Microscópio óptico

4 Lâminas e lamelas

1 Pipeta de Pasteur

Algodão.

Procedimento experimental

1. Com auxílio de uma pipeta ou um conta-gota recolha uma


gota da parte superficial da infusão.

2. Coloque-a numa lâmina e cubra com lamela de tal modo


que não se formem bolhas de ar na preparação.

3. Se os microrganismos que observares apresentarem


movimentos rápidos podem tornar-se difíceis de observar,
mas podes reduzir esta dificuldade adicionando à gota da
preparação algumas fibras de algodão ou alcool.

4. Observa a preparação ao microscópio com ampliações


sucessivas.

Desenhe, legende e anote tudo o que observares.


112

Auto-avaliação
1.Escolhe a alternativa correcta que concorda com a afirmação: “a doença de sono,
forma crónica é causada …” por:

a) Um Trichomonadida, da espécie Tripanossoma brucei;

b) Um Kinestoplastida, da espécie Tripanossoma brucei

c) Um Kinestoplastida, da espécie Tripanossoma cruzi

d) Um Kinestoplastida, da espécie Tripanossoma vivax

e) Um Trichomonadida, da espécie Tripanossoma vivax.

2. Mencione as principais espécies de ciliados observados numa infusão.

3.Descreva o fenómeno da conjugação dos ciliados.

Chave correção

1. b) Um Kinestoplastida, da espécie Tripanossoma brucei.

2. As espécies infusorios são : Vorticella , Stentor e a Paramêcia

3. Na conjugação dois indivíduos geneticamente idênticos


unem-se pela região oral para a troca do material genético,
seguida pela fusão dos protoplasmas. Nesta fusão dos
protoplasmas ocorre uma reorganização e intercâmbio do
material nuclear. Os micronúcleos os responsáveis pela
conjugação. Enquanto que o macronúcleo degenera-se.
Durante o processo ocorrem várias divisões mitóticas. Os
núcleos resultantes degeneram e apenas um fica. O núcleo
que fica divide-se e origina dois micronúcleos gaméticos
geneticamente idênticos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 113

Sumário dos protozoários

Protozoários são organismos pequenos, geralmente unicelulares,


alguns em colonias de poucos a muitos individuos semelhantes,
simetria ausente, bilateral, radial ou esférica.

A forma da célula e geralmente constante, oval, alongada, esférica,


ou outra, variada em algumas espécies e mudando com ambiente
ou idade em muitas.

O núcleo é distinto, único, ou múltiplo, sem orgãos ou tecidos.

A locomoção é por flagelos, cilios, pseudopodes ou movimentos da


própria célula.

Algumas espécies com envoltórios protectores ou tecas. Muitas


espécies produzem cistos ou esporos resistentes para sobreviver a
condições desfavoráveis e para dispersão.

Podem ser de vida livre, comensais, mutualísticos ou parasitas.

A nutricão é variada:

Holozóica, subsistindo de outros organismos (bactérias, fermentos,


algas, vários protozoários, etc).

Saprofítica, vivendo de substâncias dissolvidas nos seus arredores

Saprozóica, subsistindo de matéria animal morta;

Holofítica ou autotrófica, produzindo alimento pela fototossíntese


como as plantas. Alguns combinam dois metodos.

A reprodução assexuada por divisão binária, divisão multipla ou


brotamento, alguns com reprodução sexual pela fusão de gametas
ou por conjugação.
114

Principais organelos celulares dos protozoários e suas


funções
Tab. 7 Organelos celulares dos protozoários e suas funções

Funções Organela Observações


1. Organelos de 1. Pseudópodes Vários tipos (Filó-,
Movimento e Lobó-, Axó-, e
Locomoção Rizópodes
2. Flagelos
3. Membrana Fusão de Cilios com
Ondulante Membrana
4. Cirros Fusão de Cilios
5. Mionemas Estruturas
endoplasmáticas
altamente
contracteis
2. Organelos de 6. Citóstomo Invaginação
Alimentação pelicular para
ingestão de
alimentos, em
Ciliados
7. Citofaringeo Practicamente
prolongamento do
citóstomo
8. Vacúolo digestivo Formação
espontânea em
muitos protozoários
9. Citopígio Corresponde ao
ânus primitivo
10. Cilios Movimentos ciliares
estrudulantes levam à
incorporação do
alimento
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 115

3. Organemas de 11. Vacúolos pulsáteis Formação


Osmorregulação (= contrácteis) ocasionais de bolhas
contrácteis para
expulsão da água em
espécies de água
doce
4. Organelos de 12. Pelicula Semipermeável
defesa 13. Tricocistos Organelos ancoradas
no ectoplasma e
reactivos ao toque
14. Cistos Encistamento
temporário em
períodos
desfavoráveis
(Quitina, celulose,
cílica)
5. Organelos 15. Conóides Formações cônicas
penetrantes em esporozoários
para penetrar o
corpo da vitima
6. Organelos 16. Cilios Ciliados
sensoriais 17. Estigmas e Flagelados
ocelóides
18. Neuromotorium Fagelados e Ciliados
7. Formações 19. Cascas, Cascas
aloplasmáticas Esqueletos,
mortas espículas
esqueléticas,
cápsulas, etc.
116

Protozoários de interesse para a saúde pública


Tab. 8 Alguns protozoários de interesse para a saúde pública em
Moçambique
Espécie Nome da doença Vector Zoogeografia
T. gambiense Doença-de-sono Glossina África
palpalis Tropical
T. rhodesiense Doença-de-sono Glossina África
morsitans Tropical >
Zimbabwe e
Tanzania
T. cruzi Doença de Chagas Triatoma America
(barbeiros, Central e do
insectos) Sul
Leishmania Leismanioses Phlebotomus China, Africa,
spec. (tipo de América do
mosquito) Sul,
T. vaginalis Tricomonoses Infecção 10% toda
vaginais sexual = população
DTS humana
infectada
anualmente
G. lamblia Doenças intestinais Alimentos e Todo mundo
água
infectadas
(Quistos)
E. histolytica Amebiases Alimentos Todo mundo,
(Quistos) sobretudo
Regiões
quentes
P. maláriae Malária quartana Anopheles Tropicos e
Subtropicos
P. vivax M. terciana
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 117

P. falciparum M. tropica Idem, em


Moçambique
mais
respon’savel
pela malária
resistente e
cerebral

Parasitas Principais de animais


Especie Doença e Vitima Vector
Geografia
Trypanosoma Nagana/Africa Todos Glossinas
brucei Tropical animais
domésticos
T. equiperdum Abortos/Africa Equideos Idem
Eimeria Coccidioses/mundo Cunículos
stiedae
E. tenella Coccidioses/mundo Galinhas
118

Unidade III

Estudo do Subreino Metazoa

Introdução

O estudo dos animais começou na unidade II quando introduzimos


os protozoários, tendo, na altura, nos referido que estes formavam
juntamente com os metazoários o grande reino dos animais. Na
mesma ocasião colocou-se bem claro que o reino Monera era
desajustado com os conhecimentos biológicos actuais.

Nesta unidade você ira conpreender a complexidade dos animais,


observar que os animais encontram-se divididos em grupos
taxonómicos e a organização das lições segue a mesma
metodologia das unidades anteriores.

No fim desta unidade você será capaz de:

• Explicar a complexidade estrutural dos animais;

Objectivos • Descrever as características gerais dos metazoários ;

• Descrever a sistematica dos metazoários;

• Enquadrar cada animail no seu grupo específico;

• Identificar os representantes (espécies da região) de cada grupo


de animais.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 119

Lição nº 1

Caracteristicas, Sistemática e
origem dos Metazoarios.

No fim desta lição você será capaz de:

• Indicar as características gerais dos metazoários;

Objectivos • Descrever a sistemática dos metazoários;

• Descrever a origem dos metazoarios;

Os Metazoários (go Grego meta: depois, no espaço e no tempo; ta


zoa: os seres vivos ou animais pluricelulares) são animais mais
evoluidos com células organizadas em pelo menos duas camadas
celulares ou tecidos. Tais tecidos não são idênticos entre si, tanto
na estrutura, como na função. Nos casos de organização mais
simples, as camadas celulares representam as camadas somática e
reprodutiva. A primeira relaciona-se com o corpo (go Grego to
soma: o corpo) e a segunda com a reprodução.

características dos metazoários:


1) Oa Metazoários são heterotróficos por excelência.
2) Geralmente possuem uma locomoção activa, salvo formas
ou estágios sésseis de determinados animais (Poríferos, pólipos,
por exemplo).
3) Todos são pluricelulare, mesmo que isso não signifique
formação de tecidos verdadeiros (ex. esponjas).
4) Diploidia dos indivíduos durante toda a vida: as células do
indivíduo são diplóides. Haplóides são apenas os gâmetas.
5) Gâmetas são produzidos dentro de gónadas.
120

6) Metazoários desenvolvem-se a partir de embriões, num


processo chamado embriogênese. Durante a embriogénese
ocorrem várias divisões mitóticas do zigoto e depois das células
daí resultantes, osblastómeros. Estas divisões são também
designadas por clivagens. Basicamente nós distinguimos dois
tipos de clivagens (ou segmentações) do zigoto. São elas:
• Clivagem radial: encontrada nos Equinodermes e
Cordados;
Clivagem espiral: exibida pela grande maioria dos
organismos da linha evolutiva dos Protostômios.

Na clivagem radial os blastômeros (células resultantes das


divisões) ordenam-se radialmente em torno de um eixo central
e, digamos, sobrepõe-se às anteriores. Neste padrão de
clivagem as células ou blastômeros não têm destino
predeterminado: clivagem indeterminada. Isto quer dizer que
não se sabe a que cada célula vai dar (resultado) no futuro do
desenvolvimento do indivíduo. Enquanto isto, na clivagem
espiral os blastômeros mostram um arranjo espiral, em que
cada um se situa praticamente entre duas outras anteriores.
Neste padrão de clivagem as células ou blastômeros têm desde
cedo um destino predeterminado: clivagem determinada. Isto
quer dizer que se sabe desde cedo a que cada célula vai dar
(resultado) no futuro do desenvolvimento do indivíduo.

7) Os metazoários, de uma forma geral, exibem simetria do seu


corpo. Os casos não simétricos encontram nos Placozoa.
Geralmente os metazoários exibem uma simetria radial
(radiossimétricos), ou bilateral (bilaterossimétricos). A
simetria radial encontra-se nos Cnidários (medusa e pólipo) e
nos Ctenóforos. Animais bilaterossimétricos são praticamente
todos os que se situam acima dos cnidários e ctenóforos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 121

Fig. 35 Planos de simetria radial e bilateral nos animais.

8) Na sua arquitectura interna, os metazoários podem ou não


exibir uma cavidade situada entre a parede do corpo e os órgãos
internos, o celoma. Na linguagem científica diz-se que ela é
uma cavidade secundária geral. Esta cavidade está preenchida
por um líquido. Este líquido tem primariamente a função de um
esqueleto (hidrostático), conferindo consistência ao corpo. O
líquido é igualmente um meio circulatório, mas pode
desempenhar outras funções. Distinguem-se metazoários sem
celoma (acelomados: medusa), metazoários com celoma falso
(Pseudocelomados: platelmintes) e os que têm celoma
verdadeiro (eucelomados: anelídeos).

Fig.36: Divisão dos Metazoários em função do celoma


122

Fig. 37 Relações celômicas no reino Animal

Sistemática dos Metazoários


Os Metazoários representam um subreino do Reino Animal –
Subregnum Metazoa, contrapondo-se assim ao Subregnum
Protozoa. Neste sentido eles podem ser considerados como
organismos mais evoluídos comparativamente aos protozoários,
que apenas comportam uma única célula.

Quando analisamos a evolução dos metazoários observamos que


eles, por sua vez, subdividem-se em dois grandes grupos (taxa),
nomeadamente nas divisões dos Parazoários (Divisio Parazoa, go
Grego, para, ao lado de; ta zoa, animais) e Eumetazoários, ou
metazoários verdadeiros (Divisio Eumetazoa, do Grego, eu,
verdadeiro, correcto; ta zoa, animais). Os Parazoários são também
erradamente designados por Poríferos em certa literatura, mas tal
deve-se ao facto de a divisão dos Parazoários comportar sobretudo
os Poríferos ou Espongiários, muito embora se inclua no mesmo
grupo os Placozoários (Placozoa).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 123

Esta sistematica descrita acima é visualizada de forma esquemática


na figura abaixo.

Fig.38. Divisão esquemática do Reino Animal


124

Os placozoários não fazem parte do nosso estudo visto que


existe atualmente único representante deste grupo que esta
ilustrado na figura abaixo.

Fig.39. Tricoplax adhaerens., único representante do grupo Placozoa

Origem dos Metazoários

Os cientistas são unânimes em afirmar que os Metazoários tiveram


sua origem nos Protozoários. Porém, eles colocam hipóteses
diferentes quanto aos organismos unicelulares que terão dado
origem aos Metazoários. A falta de unanimidade deve-se à falta de
provas fósseis. Assim, a reconstrução dessa transição só pode ser
feita com base na análise dos organismos recentes.

As teorias mais recentes e aceites por vários cientistas são três:

– Teoria sincicial de HADZI e HANSON (1950-1960


– Hadzi) Protista multinucleado, bilateralmente
simétrico e ciliado, com estilo de vida bentônico
(rastejando pelo fundo);
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 125

– Este protista foi dar origem a um platelminteo,


tendo este sofrido o processo de celularização.

2. Teoria blastea ou colonial: supõe-se que uma colónias de


Flagelados poderá ter originado os Metazoários. As
colónias podem ter sofrido um processo pelo qual se
tornaram esferas ôcas semelhante a uma blástula. O autor
principal desta teoria foi Ernst HAECKEL, em 1834, e,
mais tarde, ela foi sustentada por METSCHNIKOFF, em
1887;

Fig.40 Ernst HEACKEL, biólogo Alemão (1834–1919); viveu


muito tempo em Jena, Alemanha.

3. A outra grande teoria – a Teoria polifilética - sustenta uma


origem a partir de vários grupos de organismos
unicelulares, em que cada grupo deu origem a
determinado(s) metazoário(s).
Hoje, acredita-se que existam perto de 30 filos dos
Metazoários, contendo no total perto de 1.049.000 espécies
diferentes. Cada dia que passa, cientistas vão descobrindo
novas espécies e taxa, o que torna estes números imprecisos.
126

Exercicíos

1. Escolhe a alternativa que não vai de concorda com a


afirmação: “Os animais metazoários possuem”

a. Muitas células aglomeradas.


Auto-avaliação

b. Células com divisão de trabalho.

c. Uma célula capaz de executar todas as funções vitais


de um organismo.

d. Células que se unem para formar tecidos.

2. O que é um celoma?

3. Descreva a teoria aceite por muitos zoologos, na


explicação da origem dos metazoários

Chave de correção

1. c) Uma célula capaz de executar todas as funções vitais de um


organismo.

2.Celoma é uma cavidade situada entre a parede do corpo e os


órgãos internos.

3. É a Teoria blastea ou colonial que sugere a possível origem dos


metazoários a partir de um protozoário colónial flagelado.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 127

Lição nº 2

Estudo dos Porifera

Fig. 41. Mostra umas Esponjas.

No fim desta lição você será capaz de:

• Identificar as características específicas dos Poríferos;

Objectivos • Identificar características morfológicas, ecológicas e modo de


vida e reprodução dos Poríferos;

• Indicar os representantes dos Poríferos;

• Descrever a a sistemática dos Poríferos.

Características morfológicas, ecológicas e modo de


vida e reprodução dos Poríferos
O seu nome deve-se à presença de poros que se abrem na superfície
externa do corpo e terminam no seu interior ( do Latim.: porus,
poro, abertura; Greg. phorein, transportar, conter, possuir).
Vulgarmente são conhecidos como esponjas em alusão à presença
128

de espongina ou – popularmente - à sua função como esponja para


higiene.

Fig. 42 Estrutura e organização interna e externa das esponjas

Ecologia e modo de vida


Eles fizeram parte da primeira fauna da água, a chamada fauna
ediacara (período Vendiano, 600 a 540 milhões de anos). Foram
descobertos no sul da Austrália onde foram identificadas 27

espécies. Os poríferos são geralmente marinhos e muito poucas


formas podem ser encontradas em ambientes de água doce.

Eles vivem geralmente coloniais fixos em rochedos e em outros


substrados duros; outras formas são epizoárias (vivem sobre
animais) e servem de camunflagem de muitos moluscos.

Fig. 43 Esponja colorida Grantessa sp


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 129

As esponjas limentam-se de detritos presentes na água que penetra


através dos poros. A digestão é feita nas células coanócitas
(coanócitos). As esponjas comem também protozoários e bactérias.

Morfologia e anatomia
Os Poríferos são extremamente parecidos com as plantas, podendo
ser ramificados ou simples. Esta semelhança com as plantas
conduziu Aristóteles ao erro de as classificar como plantas. Pondo
de lado os Placozoa e os Mezozoa, os poríferos demonstram a
mais simples organização estrutural do seu corpo, com apenas duas
camadas celulares: epiderme (pinacoderme) e gastroderme
(coanoderme), no meio destas o mesênquima com diferentes
células (arqueócitos, células totipotentes que originam muitas e
diferentes células; tesócitos que actuam na digestão; colêncitos,
células contrácteis; escleroblastos, participam na construção do
esqueleto, formam as espículas; céluas sexuais de origem
coanócita).

As espículas são espinhos endurecidos que constroem a


arquitectura típica do esqueleto das esponjas.

Fig. 44 As espículas das esponjas


130

Nenhuma das camadas celulares do grupo pode ser considerada


homóloga dos tecidos dos outros metazoários superiores, os
Eumetazoa (Eumetazoários: triploblásticos). É preciso reter que as
esponjas não ultrapassam o nível de organização diploblástico
(duas camadas).

Fig. 45 Formas de esponjas

Isto justifica o nome Parazoa (mais ou menos antes dos animais).

No caso mais simples, o corpo da esponja assemelha-se a uma


botija onde se acham as duas camadas celulares antes descritas. A
esponja apresenta ainda uma abertura para escoamento e circulação
da água (ósculo), uma cavidade central que atravessa todo o corpo
(átrio). Este tipo mais simples da organização das esponjas
denomina-se ascon (tipo asconóide).

Na evolução dos Poríferos a estrutura interna foi-se complicando


mais, adquirindo formas mais complexas em adaptação ao modo de
vida e às necessidades do organismo na busca do alimento e na
facilitação da circulação das águas. Assim, surgem os outros dois
tipos: siconóide e leuconóide.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 131

Fig. 46 Os três níveis de evolução das esponjas: asconóide, siconóide e


leuconóide

Fig. 47 Coanócito, uma das principais células das esponjas; pode ter origem nos
protozoários Choanoflagellata.

Reprodução e embriogenia
As esponjas reproduzem-se assexuadamente por meio de brotos e
gêmulas (gemulação) ou sexuadamente por meio de células
sexuais. Descreve-se ainda uma grande capacidaded e regeneração.
Quanto à clivagem, esta é do tipo igual ou desigual. O
desenvolvimento das esponjas passa por um estágio larval. A larva
chama-se parenquímula ou anfiblástula.
132

Fig. 48 Reprodução nas esponjas

Filogenia e Sistemática
A relação filogenética do grupo é de particular interesse científico;
Pois, pensa-se que o grupo estabelece uma ponte entre os
protozoários (Choanoflagellata) e os metazoários. A principal razão
para esta teoria é a presença dos coanócitos (figura acima). Seja
como for, as esponjas podem ser divididas em três classes:

• Classe Calcarea ou Calcispongiae: esponjas calcáreas de


organização asconóide, siconóide e leuconóide;

• Classe Hexactinellida ou Hyalospongiae: esponjas-de-


vido, organização siconóide;

Fig. 49. Esponja Hexactinellida


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 133

• Classe Demospongiae: contém a maior parte doas


esponjas, todas do tipo leuconóide;
• Classe Sclerospongiae: pouco numerosa, formada por
esponjas leuconóide.

Fig. 50 Esponja do grupo Desmospongiae

Utilidade das esponjas

As esponjas, para além da utilidade que tem no contexto ambiental,


por exemplo, fazem parte do recife-do-coral, eles são comestíveis
em algumas partes do mundo e são usadas na medicina pelo seu
elevado teor de iodo e muitas outas substâncias. Lembre-se que, em
Moçambique, o Ministério de Saúde introduziu a obrigatoriedade
de consumo de sal iodado.

Exercícios
1. Porifera é o outro nome dado ao taxon dos/das:

a) Platelmintes, b) Cnidários, c) Esponjas,


Auto-avaliação d) Medusas.

2. Justifique os nomes Porifera e Esponjários.

3. Onde podemos encontrar os poríferos?

4. Diferencie os três níveis evolutivos das esponjas.


134

5. Faça a legenda a legenda da figura abaixo.

Fig. 51 Tipo de esponja e estruturas internas, incluindo o amebócito

Chave de correção

1.c.Esponjas.

2. São chamados de Porifera por possuirem poros a nível da


superficie do corpo e espongiarios por possuirem uma substância
chamada de espongina que esta na origem do corpo esponjoso.

3. A maioria dos poriféros são marinhos, alguns são encontrados


em água doce não existindo espécies terrestres.

4. os três níveis evolutivos das esponjas são. Ascon / asconóide é


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 135

mais simples da organização interna, Sycon/ siconóide e


leucon/leuconóide formas mais complexas em adaptação ao modo
de vida e às necessidades do organismo na busca do alimento e na
facilitação da circulação das águas.

5. Apoio ao texto acima.

Lição nº 3

Estudo dos Cnidaria

No fim desta lição você será capaz de:

• Identificar as características específicas dos cnidádrios;

Objectivos • Identificar características morfológicas, ecológicas e modo de


vida e reprodução dos cnidarios;

• Indicar os representantes dos cnidarios;

• Descrever a a sistemática dos cnidarios;

• Explicar a razão da separacao dos cnidarios com os ctenoforos.

O nome Cnidaria provém do Grego he knide, a úrtica, cnida,


cápsula urticante ou nematocisto.
136

Fig. 52 Diferentes formas e estágios (pólipos e medusas) do ciclo de vida dos


Cnidários, ciclo metagenético

Cnidários foram sempre classificados juntamente com os


Ctenóforos como celenterados (filo Coelenterata) em alusão à sua
cavidade gástrica. Contudo, a Sistemática actual já separou estes
grupos para cada um deles formar filo independente: Filo Cnidaria
e Filo Ctenophora. O filo compreende as hidas, medusas, as
anêmonas-do-mar e os corais.

Características morfológicas, ecológicas, modo de vida e


reprodução dos Cnidários
Ecologia e modo de vida

Embora se encontrem na água doce, os Cnidários são


maioritariamente de água salgada, com preferência para águas
pouco profundas (rasas), na costa dos trópicos e do Indo-Pacífico,
mas também de outros mares.

Cnidários são maioritriamente sésseis, sobretudo no estágio de


pólipo, a forma assexuada do ciclo de vida da maioria das espécies.
Fixam-se em rochas, cascos, conchas de animais, ou em outros
substratos, onde esperam o seu alimento muito diversificado. Mas
existem também formas de vida livre e natantes. Tanto as medusas
como os pólipos podem ser coloniais ou solitários. Algumas classes
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 137

são quase obrigatoriamente coloniais, com uma divisão de trabalho


bem desenvolvida.

Cnidários (também os Ctenóforos) são maioritariamente


predadores. Aprisionam com ajuda dos tentáculos pequenos
animais, incluindo peixes, que em muitos casos imobilizam com o
veneno dos seus cnidócitos (células tóxicas). Em alguns casos as
toxinas podem ser fatais também para o Homem. O parasitismo é

raro. Ocorre a simbiose de cnidários com algas Zooclorelas (água


doce) e Zooxantelas (água marinha).

Os Cnidários mais notórios são naturalmente os que formam os


bancos-do-coral, ou recifes que geralmente pertencem à Classe dos
Antozoários (Anthozoa), embora participem na formação deste
ecossistema muitos outros organismos vegetais e animais. A
estrutura básica, porém, sobre a qual se desenvolvem outros
organismos é feita pela classe dos Antozoários: Anêmonas-do-mar,
corais pétreos ou escleractínios e octocorais. A estrutura dura com
forma de pedra que nós encontramos nos recifes deve-se ao
endurecimento do carbonato de cálcio, segregado pelo pé do pólipo
séssil.

Os corais exigem do ambiente condições especiais para que eles


possam desenvolver-se:

1) Não deve haver grandes variações térmicas (são


estenotérmicos); as temperaturam devem estar sempre
próximas dos 20ºC;
2) Não deve haver grandes variações de concentração do sal (são
estenohalinos, halino refere-se ao sal);
3) Não deve haver grandes correntes de água.

Curiosidade
Sabia
138

• que o turismo é a actividade humana que fez


desaparecer grande parte dos recifes do nosso país? A
actividade turística compreende mais os barcos de
recreio e a exploração comercial;

• Os recifes representam um dos maiores sistemas


aquáticos de produção da biomassa e que são detentores
da maior biodiversidade aquática

Fig. 53 Recife-do-coral
Morfologia e anatomia, reprodução e ciclo de vida
Como se disse antes, os cnidários (maioria) possuem um ciclo de
vida com alternância de gerações do tipo metagenético, no qual se
alternam as fases medusóide (sexuada) e a polipóide (assexuada).

Fig. 54 Comparação de estruturas e da organização interna e externa de


pólipo e medusa
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 139

Em consequência deste fenómeno peculiar no reino animal,


desenvolveram-se modos de vida, comportamentos, estratégias,
formas de alimentação e estruturas especiais correspondentes. O
pólipo, por exemplo, é séssil e para tal desenvolveu um disco
pedálico de fixação. A mesuda, por seu turno, é livre e natante,
passando o tempo todo a locomover-se nas diferentes zonas da
água. Para tal, ela desenvolveu órgãos de natação e em alguns
casos trata-se de estruturas muito especializadas para auxiliarem
nesta deslocação.

Fig.55 Medusa hidróide Aequora sp. em natação

Comparando as estruturas de uma medusa com as de um pólipo,


vemos que ambos possuem:

• Uma simetria radial, onde todas estruturas e órgãos principais


se encontram radialmente ordenados;
• Boca central localizada no prolongamento da cavidade gástrica
para o exterior;
• Antes da boca encontra-se o manúbrio, uma espécie de
prolongamento da cavidade gástrica;
• Cavidade gstrovascular, ou simplesmente cavidade gástrica;
• Vários tentáculos para captura do alimento (medusas e
pólipos) e para locomoção (medusas);
• Duas camadas celulares: a gastroderme, no interior, e a
epiderme, no exterior, e ambas limitam uma camada
intermediária, a mesogléia. Esta última desempenha a função
de um hidrosqueleto.
140

• A gastroderme das medusas ramifica-se em canais radiais;


• Várias células e estrtuturas sensoriais, como os olhos

Fig.56 Parede celular de uma hidra

Fig. 57 A. Pólipo (fase polipóide) e B. Medusa (fase medusóide);


duas fases do ciclo de vida do mesmo indivíduo; esquemas para
comparação das estruturas das duas fases

As principais célualas que nós encontramos nas na parede do corpo


da hidra, por exemplo, são várias e desempenhas diferentes
funções. Mas os cnidócitos são os mais destacáveis pela sua
particularidade.

Fig.58 Cnidócitos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 141

O sistema nervoso dos Cnidários é descrito como difuso,


consistindo de células nervosas multipolares. Trata-se de um
sistema nervoso muito primitivo

Reprodução e embriogenia

A reprodução e a embriogenia (desenvolvimento embrionário ) dos


cnidários é explicado pelos ciclos abaixo.

Fig. 59 Ciclo de vida metagenético da c;lasse Hidrozoa.

Fig. 60 Reprodução e ciclo de vida de um cifozoário

Em resumo dos ciclos representados acima podemos dizer


que:
142

a. A medusa possui gônadas masculinas e femininas, a


fecundação é interna;
b. O zigoto (ovo) abandona o corpo-mãe, desenvolve-se numa
larva plánula que nada errante até fixar-se no substrato;
c. A plánuna desenvolve-se em um pólipo jovem que depois vai
dar no adulto com capacidade de multiplicação assexuada
(brotamento, estrobilação, etc.);
d. Do pólipo desenvolve-se as medusas também por vias bem
diferentes em cada grupo
e. Os Antozoários não apresentam a fase de medusa, por tanto
são só pólipos que asseguram as duas formas de reprodução,
podendo como não ser hermafrodicas.
f. O pólipo reprouz-se assexuadamente (multiplição vegetativa)
por meio de brotamento.

Filogenia e Sistemática dos Cnidários


Apesar da aparente complexidade dos Cnidários comparativamente
às esponjas, o grupo faz parte dos mais primitivos do reino animal
e permaneceu ao nível diploblástico. Portanto a mesogléia não deve

ser confundida com a mesoderme dos organismos triploblásticos. O


filo pode, hoje, ser dividido em três classes:

1. Classe dos Hidrozoários (Hydrozoa)


Representante: Hidra vulgar, caravela-portuguesa (Physalia)
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 143

Fig. 61 caravela-portuguesa

Fig.62: Hydra

2. Classe dos Cifozoários (Scyphozoa);

Representante: Aurelia aurita

Fig.63 Aurelia aurita


144

Fig. 64 Ciclo de vida de A. aurita

1. Classe dos Antozoários (Anthozoa)


Trata-se de formas polipóides apenas, i.e. sem medusas.
São as anómonas do mar e os corais. Esta classe é
responsável pelos bancos-do-coral.

Na literatura encontramos também os Classe dos


Cubozoários (Cubozoa), embora estes se enquadrem
nos Cifozoários.

Filo Ctenophora

Fig. 65 Um ctenóforo

Embora este grupo não faça parte do programa escolar, importa


referirmos alguns aspectos filogenéticos que ajudarão a entender a
evolução dos outros. Os ctenóforos são:

• designados de Acnidaria, um nome infeliz baseado na


ausências dos cnidócitos encontrados nos Cnidários;
• chamados em certas literaturas como Collaria;
• Seu nome (Ctenophora) refere-se às placas ciliadas
transversais chamadas pentes (do Grego: ho kteis, o
pente+phorein, estar provido de, possuir, transportar);
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 145

• O grupo é muito pequeno e comporta cerca de 50 espécies


habitantes de águas costeiras e oceânicas. O grupo foi separado
dos Cnidários devido às suas particularidades: ausência de
cnidas, presença de planta ciliada sob forma de pente, ausência
do ciclo de vida metagenêtico, etc.
146

Exercícios
1) Descreva as caracteristicas gerais dos cnidários.

2) Quais são as formas de desenvolvimento dos cnidários?

3) Procure na literatura e internet mais representantes para cada


Auto-avaliação
classe dos antozoários.

4) Procure junto das instituições de investigação marinha e do


MICOA identificar as principais localizações dos corais de
Moçambique.

5) Que medidas poderiam ser tomadas para a protecção dos corais?

6) Qual foi a razão da separação dos ctenofóros dos cnidarios?

7) Faça a legenda das estruturas dos esquemas seguintes.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 147

Chave de correção

1. Os Cnidários são maioritariamente de água salgada com preferência para águas pouco
profundas, existendo algumas espécies de água doce, são sésseis (locomoção passiva)
sobretudo na forma polipóide. As medusas assim como os pólipos podem ser coloniais ou
solitários. A maoria das espécies reproduzem-se assexuadamente.

Nos cnidários o parasitismo é raro com ferquência ocorre a simbiose com algas
Zooclorelas (água doce) e Zooxantelas (água marinha).

2. As formas de desenvolvimento dos cnidários são : a forma de Polipo


normalmente séssil (encontrado fixo ao substrato) e medusa livre natante.

3. As questões 3 , 4 e 5 são de reflexão e aplicação.

1. A razão da separação dos cnidarios dos ctenoforos é que eles durante o


desenvolvimento separaram se muito cedo e cada grupo foi desenvolvendo
caracteristicas divergentes.

2. Legenda: 1 mesogelia, 2. Gastroderme, 3 cavidade gastrovascular, 4 exumbrela, 5


tentáculo, 6 subuembrela, 7 boca, 8 epiderme.

Actividades: Uma aula de prática


 Voce deve saber que os pólipos de água doce são recolhidos
em águas limpas paradas ou de corrente lenta.
 Por outro lado, existe a possibilidade de se fazer uma
preparação microscopica definitiva.
 As medusas dos mares devem ser evitadas devido ao perigo de
envenenamento. Contudo, no caso de necessidade de
conservação em líquido, utiliza-se a solução de metanal 4%.
Voce recolhe as medusas com ajuda de uma garrafa e luvas no
mar.
148

Lição nº 4

Introdução geral aos Bilateria

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar as características gerais dos bilaterias (animais com


simetria bilateral);
Objectivos
 Identificar os animais que apresentam a simetria bilateral;

 Descrever uma simetria bilateral,

Os metazoários até aqui estudados têm sido considerados como


sendo de simetria radial (Radiata). Todos outros a partir dos
Platelmintes até os Primatas possuem simetria bilateral (Bilateria).

Fig. 66 Relações de simetria no reino animal

Qualquer simetria diferente da simetria bilateral dentro dos animais


bilaterais deve ser considerada não típica e é filogeneticamente
secundária. Este é o caso da simetria radial das estrelas-do-mar que
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 149

só se verifica nos indivíduos adultos, enquanto que seus embiões


são bilaterais.

Pensa-se, por exemplo, que esta simetria veio responder às


exigências de uma locomoção mais eficiente. No corpo de simetria
bilateral é possível distinguir os planos dorsal (em cima), ventral
(em baixo), lateral (direito e esquerdo), a frente (anterior) e atrás
(posterior). Nos casos mais avançados da evolução dos animais
bilaterais ocorre uma concentração de células e sensoriais e centros
nervosos (cerebralização). Todas estas modifucações vieram
favorecer uma melhor orientação no espaço e no tempo. Os animais
com simetria bilateral podem ser ainda divididos em duas linhas
evolutivas, nomeadamente em Protostômios (Protostomia) e
Deuterostômios (Deuterostomia).

Fig. 67 Relações filogenéticas baseadas no surgimento da boca


150

Fazem parte dos Protostomios animais como os platelmintes, os


moluscos, oas anelídeos e os artrópodes. Os deuterostomios são os
equinodermes, hemicordados e os cordados. Esta divisão pode ser
vista neste esquema abaixo.

Fig. 68 Árvore filogenética do Reino animal, indicando


alguns filos e tendências ou linhas evolutivas
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 151

Exercícios

1. O que entendes por simetria Bilateral.

2. Qual é o grupo oposto aos bilateria.


Auto-avaliaçãosz
3. Quais são as duas linhas evolutivas que surgiram nos bilateria.

4. O caracol pertence a linha evolutiva dos protostomios.


Justifique a afirmação.

Chave de correção

1. Simetria bilateria é um plano topografico de divisão do


corpo dos animais em duas partes equivalentes, cujo o grupo é
chamado de bilateria.

2. O grupo oposto aos bilaterias é radiata, os que apresentam


simetria radial.

3. As duas linhas evolutivas que surgiram nos bilaterias são: A


linha evolutiva dos protostomios e a linha evolutiva dos
deuterostomios.

4. O caracol pertence a linha evolutiva dos protostomios


porque ao longo da ontogenese ( desenvolvimento do individuo
desde a nascencia até a fase adulta) a boca primitiva permanece
definitiva.
152

Lição nº 5
Estudo dos Platyhelminthes

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar as características específicas dos platelmintes;

Objectivos  Indicar os animais que fazem parte dos platelmintesl;

 Descrever a sistematica dos platelminhes;

 Descrever as características das características morfológicas,


ecológicas e modo de vida e reprodução dos Platelmintes;

 Mencionar os principais parasitas do homem.

Introdução aos Platelmintes


O filo dos Platelmintes congrega organismos vermiformes (vermes)
muito familiares ao Homem, quer de modo directo porque lhe
transmitem doenças, quer de modo indirecto porque agem como
agentes patógenos (causadores de doenças) em animais
relacionados com o Homem.

Dos Platelmintes mais vulgares (e importantes) fazem parte a


Planária, a Fascíola, o Equistosoma, a Ténia. São parasitas que têm
afectado a saúde pública de modo considerável

Ecologia e modo de vida


Platelmintes são habitantes do mar, das águas doces, ondem
ocupam superfícies do solo aquático ou de outros substratos como
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 153

pedras e plantas. Algumas formas encontram-se em biótopos


terrestres húmidos. Um grande grupo de Platelmintes vive como
comensais ou parasitas. Dentro do parasitismo encontramos
parasitas obrigatórios e parasitas facultativos. Também
classificamos dentro dos parasitas os que vivem no interior
(endoparasitas) e no exterior (ectoparasitas) dos seus
hospedeiros. Também ha Platelmintes de vida livre.

Em adaptação ano parasitismo, muitos Platelmintes desenvolveram


órgãos especializados de fixação ao hospedeiro, as ventosas e os
ganchos

Morfologia e anatomia
Os Platelmintes não possuem uma cavidade interna ou celoma (são
acelomados) e estão desprovidos de ânus. A mesma abertura bucal
(faríngea) serve tanto para a entrada de alimentos, como para a
expulsar dejectos intestinais. Porém, as várias classes do filo
diferem entre si. A forma geral do corpo é plana ou achatada
(Platyhelminthes, do Grego platys, plano, achatado; helmins,
verme).

O sistema nervoso dos Platelmintes consiste gânglios cerebrais dos


quais partem cordões nervosos para a região posterior do corpo,
ligados entre sí por cordões transversais (comissuras). As formas
não parasíticas exibem olhos simples pigmentares..

Os órgãos excretores dos Platelmintes são formados pelos


protonrfrídios. O movimento dos cílios é que auxilia o fluxo e a
eliminação de excretas e água através de um poro excretor.

Platelmintes, no seu todo, não desenvolveram órgãos respiratórios


e vasos sanguíneos.
154

Platelmintes são, com poucas excepções, hermafroditas. Os


testículos e ovários podem ser vários no mesmo indivíduo.
Possuem órgãos copulatórios e a copulação é mútua e simultânea,
ou como em muitos parasitas ocorre uma auto- copulação. O
desenvolvimento do indivíduo pode ser directo, ou passa por vários
estágios larvares, maioritariamente ligados à troca de hospedeiros e
à alternância de gerações.

Sistemática e Filogenia dos Platyhelminthes


Os Platelminthes compreendem três classes. Filogeneticamente os
Turbelários são os mais antigos e a vida livre é uma característica
primária do grupo. O parasitismo foi evoluindo dentro dos
Platelmintes, passando de formas livres para formas com
parasitismo facultativo e mais tarde obrigatório.

Também passou de ectoparasitismo para endoparasitismo.

Fig. 69 Os taxa actuais dos Platyheminthes

Classe Turbellaria (Turbelários em português)


O nome deriva do Latim turbelle, e e refere-se aos movimentos de
partículas microscópicas que se originam no polo oral do animal
junto à pele devido à actividade dos cílios. Vermes de pequenas
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 155

dimensões entre 1 e 600 mm, de vida livre, com poucas espéies


parasitam.

Fig. 70 Planária: desenho esquemático e ilustrativo da sua organização

São aquáticos, sobretudo marinhos. Os exemplos mais


conhecidos vivem na água doce: Planaria, Dendrocoelium.

Classe Trematoda (Os Tremátodos em português)

 Do Grego to tremá, o furo, buraco, a abertura, referente à


boca e intestino geralmente bifurcados; vermes sugadores.

Representa um dos principais grupos de vermes parasitas dos


invertebados; são totalmente parasitas, não havendo formas de vida
livre. Tanto existem parasitas externos (ectoparasitas), como
parasitas internos (endoparasitas

Tremátodes são também conhecidos como Fascíolas, devido à


representatividade destas no grupo. Para facilitar a sua fixação no
corpo do hospedeiro, eles desenvolveram órgãos adesivos
chamados de ventosas que conforme sua localização podem ser
ventrais ou orais. O seu tegumento protege-os contra a acção das
enzimas intestinais do hospedeiro.
156

Sistemática dos Trematoda

Hoje, os Tremátodes podem ser agrupados nas seguintes ordens:

1. Monogenea
• Com um único hospedeiro (Monogeneia= única
geração no ciclo de vida).
2. Digenea
• É o maior grupo dos Tremátodes (6 000 espécies). São
parasitas que preocupam o Homem e constituem um
problema para a saúde pública (Homem e animais
domésticos). O ciclo de vida compreende dois ou mais
hospedeiros. A Fascíola hepática faz parte desta
ordem.

Fig.71 Fasciola hepatica


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 157

Fig. 72 Ciclo de vida da Fasciola hepática

3. Aspidobothrii (Aspidobothrea): um grupo muito pouco


representativo, mas com impacto incalculável na saúde
pública. A doença que faz uriniar sangue, a bilharziose
vesical, ou esquistossomose é provocada por Schistosoma
mansoni. O vector é igualmente constituido por caracóis.
Saneamento básico (esgoto e tratamento das águas), além
de combate ao molusco hospedeiro intermediário são
medidas importantes.

Classe Cestoda (Céstodes Cestóides em português)

 Os Cestóides causam as cisticercoses. Eles alcançaram o


maior desenvolvimento do parasitismo do grupo dos
Platelmintes. Todas as cerca de 3.500 espécies descritas são
endoparasitas, altamente especializados. Pois, para além
do corpo protegido por um tegumento, das estruturas de
fixação, o seu trato digestivo desapareceu na totalidade e
em seu lugar desenvolveram-se órgãos reprodutores
(muitos testículos e ovários). O tegumento é que absorve os
alimentos provenientes do hospedeiro. Nesta classe
classificam-se as ténias: Taenia saginata, Taenia solium.
Duas espécies muito familiares ao Homem.
158

 O corpo da ténia é alongado e dividido em pequenos


segmentos, proglótides; possui o excólex (cabeça)
geralmente com ganchos e ventosas que permitem a fixação
à parede intestinal do hoepedeiro. Proglótides constituem
uma especialização do grupo para um parasitismo intensivo.
Cada segmento separado tem uma capacidade
extraordinária de multiplicação.

Fig.73 Fotografiasde estágios e regiões de Taenia solium

As ténias são endoparasitas no intestino de muitos vertebrados;


seus ciclos de vida requerem um a dois (ou mais) hospedeiros
intermediários, dentre artrópodes e vertebrados; não existe
alternância de gerações.

A cisticercose (parasita na fase larvar) humana ocorre por ingestão


de ovos ou proglote grávido de ténia ou por auto-infecção interna,
ocorrida em indivíduos que possuem teníase determinada por essa
espécie do parasita. No intestino as larvas liberadas dos ovos
penetram na mucosa intestinal e atingem a corrente circulatória,
podendo ser carregadas para o cérebro, olhos, músculos, etc., locais
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 159

onde o cisticerco pode se instalar, determinando patologias


características a esses locais de instalação.

O homem adquire a teníase (parasita na fase adulta), ao


ingerir carne de porco ou bovina crua ou mal cozida.

Principais parasitas:

1) Taenia solium: hospedeiro principal é o Homem,


hospedeiro intermediário é o porco, onde as finas se alojam
na musculatura.

2) Taenia saginata: hospedeiro principal é o Homem,


hospedeiro intermediário é o bovídeo, onde as finas se
alojam na musculatura.

3) Echinococcus granulosus: hospedeiro principal é o cão,


hospedeiros intermediários é o Homem e animais
domésticos, onde as finas se alojam no cérebro, no fígado e
na medula espinal.

 O Homem pode adquirir cisticercose ao ingerir ovos


da Ténia, comportando-se como hospedeiro
intermediario e como definitivo pelo consumo de
carne com cisticercose adquirindo a teníase;

Principais sintomatologia de infecção com Ténia


1) Falta de aptite, vertinges, indisposição, fome, vómitos;
2) Quando ocorrem vómitos há perigo de auto-infecção, o que
leva à invasão por um estágio de oncosfera libertada da sua
cápsula, através de enzimas digestivas;
3) Neste caso a oncosfera ( 0,5 cm) pode atingir todos orgãos,
inclusive o sistema nervoso, os olhos, etc.;
160

4) Neste caso a oncosfera ( 0,5 cm) pode atingir todos orgãos,


inclusive o sistema nervoso, os olhos, etc.;
5) Existem cerca de 40 milhões de infectados com Ténia
solium em todo mundo.

Fig. 74 Ciclo de vida de T. solium; partindo do Homem: tenia adulta,


cirticerco, porco, ovos, infecção do Homem por ingerir carne
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 161

Exercícios
1. Que consequências evolutivas teve a simetria bilateral?

2. Encontre a única resposta verdadeira:


Auto-avaliação
a. Todos Platelmintes são parasitas do Homem e dos animais.

b. Apenas os turbelários é que não são parasitas.

c. Para facilitar o parasitismo, os Platelmintes desenvolveram


estruturas de fixação.

d. O parasitismo evoluiu dentro dos Platelmintes, sendo que


algumas formas não são parasitas e dentro dos parasitas
encontramos os ecto- e endoparasitas, assim como os
parasitas obrigatórios e os facultativos.

3. Como se designa a doença provocada por Platelmintes e se


caracteriza por urinar sangue? Qual é o seu causador? Como se
adquire?

Chave de correção

1. A simetria bilateral trouxe uma nova organicazao interna


bem definida, localizacao especifica das estruturas
corporias dos animais, onde por exemplo os orgão dos
sentidos localizam-se na região anterior e não na posterior.
162

2. B. Apenas os turbelários é que não são parasitas.

3. A doença chama-se bilharziose, é causado por um verme


trematoide da espécie Schistosoma mansoni cujo vector é
é um gastópode. E adquire-se por andar descalço e urinar ao
céu aberto.

Lição nº 6

Estudo dos Nemertini e


Nemathelminthes

No fim desta lição você será capaz de:

Identificar as características específicas dos Nemathelminthes;

Objectivos Indicar os animais que fazem parte dosNemathelminthes;

Descrever a sistematica dos Nemathelminthes;

Descrever as características morfológicas, ecológicas e modo de vida e


reprodução dos Nemertini e os Nemathelminthes

Mencionar os principais parasitas do homem;

Diferenciar os Nemathelminthes dos Platyhelminthes.

Do ponto de vista de evolução, seguem-se aos Platyhelminthes os


Nemertini. Trata-se de um pequeno grupo de vermes, cuja vida é
propensamente parasítica. É muito discutida a sua posição
taxonómica. Mesmo assim, tem-se a percepção de que o grupo
pode situar-se entre os Platelmintes e os Nematelmintes. Tal. como
os Platelmintes, estes são também pseudocelomados.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 163

Fig.75
Lombrigas, Ascaris lumbricoides, em caixa de Petri e no intestino.

Ecologia e modo de vida dos Nemathelminthes


(Aschelminthes)

Nemathelmintes é um termo que deriva do Grego to nema, o fio,


corda, cilindro; Refere-se a vermes alongados cilíndricos também
chamados de Aschelminthes em alusão ao seu corpo tubular (ho
askos, o tubo). O grupo é dominado pela classe Nematoda.

Os Nematelmintes são:

• Animais saprófagos, alimentam-se de bactérias, ou são


parasitas de determinados animais e plantas; também existem
predadores.
164

• Organismos com uma distribuição geográfica muito diversa,


tendo conquistado a terras agrícolas, lugares húmidos, as águas
doce e salgada.
• Animais que também vivem em excrementos de animais e são
ainda encontrados em habitats com temperaturas extremas
(positiva e negativas).

Tab. 9. Principais Nemátodos parasitas

Hospedeiro
Nome Significado
Principal Intermediário

Ascaris lumbricoides Homem, porco Infecção oral, causa nervosidade,


- perturbações estomacais e
intestinais

Pascaris equorum Cavalo, burro Como descrito acima; causa


-
obstipação intestinal.

Entarobius vermicularis Homem No intestino grosso do Homem;


-
infecção oral e por inalação

Ancylostoma duodenale Homem Larvas perfuram a pele; Adultos


no intestino delgado; causam
perda aguda de sangue e
eosinofilia.
-

Trichinella spiralis Rato, raposa, porco, Helmintoses gerais com curvas de


Os mesmos
febre características.
hospedeiros
Homem e outros animais

Wuchereria bancrofti Homem Em conjugação com bactérias


Mosquitos
causam elefantíase
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 165

Drancuculus medinensis Homem Pequenos Edemas e cancro da pele.


crustáceos

Medida profilática para muitas das doenças parasíticas é o


saneamento do meio, higiene pessoal e colectiva, desparasitar
periodicamente e visitar a unidade clínica, assim que os principais
sintomas ocorram.

Fig. 76 Infecção por


Drancuculus medinensis
166

Fig.77 Ciclo de vida de Wuchereria bancrofti

Sistemática e Filogenia dos Nemathelminthes


No seu todo, Nematelmintes são pseudocelomados. Na sua base
evolutiva estão os Gastrótricos. Hoje, adopta-se a seguinte
classificação:

1. Classe Gastrotricha (do Grego, he gaster, o estômago,


intestino; he thrix, trichos, o pêlo, fio): Gastrotríquios ou
Gastrótricos
2. Classe Rotifera ou Rotatoria (do Latim, rota, roda; rotare,
rodar; ferein, transportar, levar ou trazer consigo): Rotíferos ou
Rotatórios
3. Filo Kinorhyncha (do Grego, kinein, mover; to rhynchos, a
trompa, o nariz, devido à sua forma de se moverem):
Quinirrincos
4. Classe Nematoda: Nemátodos, a maior e mais importante
classe dos Nematelmintes (10 000 espécies).
• Habitat: animais de vida livre encontrados na água
doce, no mar e na terra, nos mais varidas
ecossistemas.
• Também existem formas parasíticas de plantas,
fungos e animais.
• Dentre Nemátodos predadores, muitos são os que se
alimentam de fungos, leveduras, algas e plantas.
• Os ascarídeos são os principais parasitas do grupo.
São eles os responsáveis pela elefantíase: Wuchereria
bancrofti.
• Nemátodos são maioritariamente dióicos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 167

• Nos Nemátodos destacam-se parasitas ascarídeos


(Ascaris sp.), as triquinas (Trichinella sp., Wuchereria
sp.), vermes africanos especiais como a Loa loa.

Como foi referido, os Nematoda são os que mais nos interessam.


Porém, para além deles encontramos ainda:

• Filo Nematomorpha,
• Filo Acanthocephala,
• Filo Gnathostomulida.

Exercícios

Preencha o seguinte quadro de doenças parasitárias dos Nematelmintes.

Nome Hospedeiro Significado


Auto-avaliação
Principal Intermediário

Ancylostoma
duodenale

Drancuculus
medinensis

Enterobius
vermicularis

Pascaris equorum

Trichinella spiralis

Wuchereria bancrofti
168
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 169

Chave de correção
Nome Hospedeiro Significado

Principal Intermediário

Ancylostoma Homem Larvas perfuram a pele;


Adultos no intestino
duodenale
- delgado; causam perda
aguda de sangue e
eosinofilia.

Drancuculus Homem Pequenos Edemas e cancro da


crustáceos pele.
medinensis

Enterobius Homem No intestino grosso do


- Homem; infecção oral e
vermicularis
por inalação

Pascaris Cavalo, burro Como descrito acima;


- causa obstipação
equorum
intestinal.

Trichinella Rato, raposa, Helmintoses gerais com


porco, curvas de febre
spiralis Os mesmos
características.
hospedeiros
Homem e
outros animais

Wuchereria Homem Em conjugação com


Mosquitos bactérias causam
bancrofti
elefantíase
170

Lição nº 7

Estudo dos Moluscos

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar as características específicas dos Moluscos;

Objectivos  Indicar os animais que fazem parte Moluscos;

 Descrever a sistematica dos Moluscos;

 Descrever as características morfológicas, ecológicas e modo de


vida Moluscos;

 Explicar as modificações estruturais do corpo dos Moluscos;

 Descrever o plano de construcao dos Moluscos.

Características gerais dos Moluscos

Moluscos (Mollusca) compreendem animais com uma variedade


morfológica bem clara. O filo dos Moluscos é, ao lado dos
Artrópodes, o maior filo dos invertebrados, compreendendo mais
de 130 mil espécies descritas recentemente e outras 35 000 espécies
fósseis.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 171

Fig. 78 Desenho esquemático de um molusco ancestral hipotético com corpo


ovóide

Tendo evoluído dos seus ancestrais, oa quais possuiam


características mais primitivas do filo, os representantes recentes
demonstram as seguintes características gerais:

• Corpo mole (termo molusca, molis);

• Sistema nervoso ventral, pertencem aos Gastroneuralia;

• Segmentação espiral, pertencem aos Spiralia;

• A boca primitiva (embrionária) é mantida no adulto,


pertencem aos Protostomia;

• Simetria bilateral, mas o corpo não está segmentado;

• Corpo dividido claramente em três regiões: 1. cabeça (com


a boca, os olhos, as antenas, os tentáculos), 2. Pé ou sola
rastejante (bastante musculoso e rico em glândulas) e 3.
Saco visceral dorsal, de parede fina que congrega a grande
parte dos órgãos internos;

• Uma epiderme subjacente à concha chamada de manto ou


pálio: reponsável pela secreção do material de construção
da concha.

• Na cavidade bucal, localiza-se a rádula, que é responsável


pela raspagem dos alimentos através de numerosos dentes
de formatos diferentes.
172

Fig.79 Estruturas esquemáticas do complexo de rádula do molusco;


destaque para posição do odonróforo

Fig. 80 Peça dentária da rádula: dentes inseridos no odontóforo

• Locomoção baseada na sola rastejante. Os cefalópodes


desenvolveram os tentáculos para locomoção.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 173

Características fisiológicas dos moluscos:

1. Sistema vascular e sanguíneo aberto.


2. Sistema nervoso formado por um anel nervoso ao redor do
esôfago. A partir daí partem cordões que inervam diferentes
órgãos. Como foi dito é ventral.
3. Quanto à reprodução, os moluscos são dióicos com
fertilização interna, resultando dela uma larva planctónica
(faz parte do pláncton).
4. O padrão de clivagem é do tipo espiral. A primeira larva
que resulta da embriogénese é a larva trocófora. Mais tarde
ela transforma-se ou melhor, desenvolve-se para a larva
véliger. Estas são as características dos Spiralia (Mollusa,
Annelida e Arthropoda).

Ecologia e modo de vida dos Moluscos (Mollusca)


Moluscos conquistaram os mais variados habitats, podendo ser
encontrados no mar, na água doce (poucos) e na terra. Na terra são
encontrados apenas os membros da classe Gastropoda que
desenvolveram uma espécie de pulmão, além de outras adaptações
morfológicas e comportamentais para suportarem a vida na terra
seca. Moluscos jogam na história do Homem um papel muito
importante: medicina, alimentação, cultura, adorno.
174

Fig.81 Desenho esquemático da larva trocófora

Sistemática e Filogenia dos Moluscos

O esquema seguinte sumariza o sistema natural dos moluscos.

Fig. 82 Sistemática do filo dos Moluscos

São os Gastrópodes ou, no senso comum, os caracóis (Classe


Gastropoda), os Bivalves (Bivalvia) e os Cefalópodes
(Cephalopoda). Os mais representativos da última classe são as
lulas e os polvos. Bivalves conhecemos dos mexilhões, das ostras e
das amêjoas. Os gastrópodes referem-se aos caracóis terrestres e
aquáticos bem vulgares, mas também os caramujos (sem concha)
fazem parte deste grupo de moluscos. Os outros grupos dos
Moluscos são pouco conhecidos, são eles:

• Classe Aplacophora: Aplacóforos ou Solenogásteres


(Solenogastres), Moluscos vermiformes.
• Classe Polyplacophora: Poliplacóforos, Moluscos cobertos de
várias placas.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 175

• Classe Monoplacophora: Monoplacóforos, moluscos com uma


única placa.

Aplacóforo
Poliplacóforo

Fig.83 Classes de Moluscos primitivos


176

Exerícios

1. 1.Quais são as caracteristicas típicas de um molusco?

2. qual o aparelho que permitiu a maior conquista dos moluscos a


Auto-avaliação vários habitates (lugares)?

3. desenhe e descreva a larva trocófora.

4. 4. Indique as classes onde podes encontrar a lula, lesma e


amêijoa.

Chave de correção

1. As caracteristicas típicas de um molusco são: presença de um


corpo mole, concha calcaria que é um revestimento externo
do animal, corpo dividido em três partes cabeça, pé e saco
visceral .

2. O aparelho chama-se a rádula de dentes quitinosos


resistente tipico para raspar alimentos.

3. Questão livre

4. A classe Cephalopoda ex. Lula, classe Gastropoda ex.


Lesma e a classe Bivalvia ex. Amêijoa.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 177

Lição nº 8

Estudo da classe Gastropoda

No fim desta lição você será capaz de:

 Caracterizar um gastrópode;

Objectivos  Identificar as estruturas especificas de um gastrópode;

 Articular as estruturas observadas na figura do texto com objecto real;

 Classificar os gastrópodes.

Classe Gastropoda
• Os caracóis constituem o maior grupo dos Moluscos (perto de
80 000 espécies);

• Possuem uma cabeça bem destacável do resto do corpo, na qual se


localizam a boca e dois pares de antenas e tentáculos e os olhos;
178

Fig.84 Estruturas externas da concha e internas do corpo mole do


caracol

Fig.85 Estruturas externas e internas de um caracol


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 179

Fig.86: Outras estruturas morfológicas de Gastrópodes: brânquias,


coração, sifões (inalação e exalação da água), pénis, ânus.

Fig.87 Anatomia do caracol

• A concha encontra-se espiralada (forma espiral) em consequência


da rotação do saco visceral;

• Uma das características do grupo é a torção que o corpo sofreu na


evolução filogenética;
180

• O pé rastejante é muito vasto. Sobre ele desenvolve-se uma


estrutura que serve para fechar a abertura da concha, o opérculo,
que tem a função de regulação das águas. O opérculo pode estar
ausente, sendo esta uma característica utilizada na classificação.


Fig.88 A esquerda, dois tipos de gastrópodes; a meio: movimento locomotor do
pé rastejante, indicando a posição do opérculo; a direita: diferentes tipos de
opérculos.

• Reprodução: Tanto existem organismos dióicos, como


monóicos. Gastrópodes marinhos passam por uma larva
véliger;

Nos gastrópodes encontramos todos hábitos alimentares


nomeadamente, herbivoria, carnivoria, saprofagia, como também
existem os comedores de detritos e alguns parasitas. Para
ancorarem no solo marinho e para capturarem o alimento
desenvolveram várias estruturas

Sistemática dos Gastrópodes


Os Gastrópodes podem ser divididos em 3 subclasses,
nomeadamente:
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 181

• Subclasse Prosobranchia: Brânquias anteriores, i.e. cavidade


do manto está localizada anteriormente e antes do coração. São
as cipreas e as patelas.

• Subclasse Opisthobranchia: Contrariamente ao grupo


anterior, estes têm o manto localizado lateralmente e atrás do
coração. A concha encontra-se maioritariamente reduzida. São
sempre hermafroditas, habitam o mar e na sua maioria vivem
nas regiões costeiras. O exemplo mais comum é Aplysia.

Fig 89: Alguns representantes dos Prosobrânquios(esquerda) e


Opistobrânquios, Aplysia (direita)

• Subclasse Pulmonata: Os Pulmonados, como o próprio nome


indica, são caracóis providos de pulmões. Trata-se da superfície
interna do manto que se modificou para uma espécie de
pulmão, razão porque geralmente habitam a terra seca ( ex.
182

Acathina sp., o maior caracol encontrado em terra, em


Moçambique).

Classificação dos Pulmonata: Critério é a posição dos olhos.


Podem ser divididos em Basommatophora (olhos na base) e
Stylommatophora (no ápice). Todos eles são hermafroditas.

Fig.90 Pulmonata: caracol comum (basomatóforo) e lesma (estilomatóforo)


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 183

Exercícios

1. Faça a sistemática do caracol terrestre, e desenhe indicando


as estruturas principais.

Auto-avaliação 2. Porque é que os gastropodes desenvolveram o opérculo?

3. Mencione as estruturas morfologicas dos gastrópodes.

Chave de correção
1. Sistemática do caracól terrestre
Reino: Animalia
Filo: Mollusca
Classe: Gastropoda
Subclasse: Pulmonata
Ordem: Basommatophora
Genéro: Acathina
Espécie: Acathina zebra.
Para o desenho é uma resposta livre.

2. Os Gastópodes desenvolveram o opérculo, para a regulação


das águas.
3. As estruturas morfologicas dos gastropodes são: ápice ou
vertice, costelas axiais, espiras ou sinturas, columela, canal
sifonal e a ultima volta com a abertura externa, pé rastejante
e uma unica peça que forma a conha.
184

Lição nº 9

Estudo da classe Bivalvia


(Lamellibranchia)

No fim desta lição você será capaz de:

 Caracterizar um bivalve ;

Objectivos  Descrever as estruturas especificas de um bivalve;

 Diferenciar um bivalve de um gastrópode;

 Classificar os bivalves;

 Indicar os bivalves mais conhecidos.

Na literatura estão disponíveis três diferentes nomenclaturas para


designer esta Classe: (i) Bivalvia que alude à presença de uma
concha (valva) dupla, duas valvas; (ii) Lamellibranchia que, mais
ou menos, significa brânquias lamelares; (iii) por fim, Acephala,
em alusão à ausência de cabeça. Também a rádula foi reduzida.

Características gerais dos Bivalvia


Morfologia da concha

• As duas valvas une-se dorsalmente através de uma estrutura


chamada ligamento e articulam entre si por meio de elementos
protuberantes da concha, os dentes, cujo desenvolvimento é
diferenciado mesmo dento do mesmo género;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 185

• Para o fechamento e abertura da concha desenvolveram-se


músculos poderosos (adutores e retratores). Este sistema
muscular dos bivalves demonstra uma certa complexidade.

• As duas valvas demonstram geralmente uma simetria bilateral.


Há formas que perderam esta clara estrutura bivalve: as ostras,
por exemplo.

Fig. 91 Principais estruturas da morfologia geral de um bivalve

Fig. 92 Morfologia externa da valva de um bivalve; mostra ainda as regiões


dorsal e ventral e os músculos adutores, linha e sulco palial
186

Fig. 93 Vistas anterior, posterior e lateral de um bivalve com destaque para


sifões e pé

As principais estruturas usadas para a identificação e classificação


dos bivalves são:

• Presença de duas valvas,


• Simetria da concha,
• Formato da concha,
• Padrões da superfície da concha,
• Estruturas externas da concha (lúnula, escudo,
ligamento, umbo, dentes, etc.),
• Estruturas internas da concha (sinus palial, linha palial,
músculos adutores e retratores, etc.),
• Sifões.

Anatomia (estrutura interna)

• região dorsal da concha é a do umbo, a oposta é ventral e é


desta que emerge a massa visceral, incluindo o pé
rastejante;

• Moluscos já não possuem cabeça distinguida das outras


partes; o seu pé pode estar bem desenvolvido para
desempenhar diferentes tarefas (escavar, por exemplo);
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 187

• Devido à sessilidade, eles desenvolveram um sistema


nervoso muito simples comparativamente aos outros
moluscos. Não possuem cérebro. Contudo, desenvolveram
diferentes gânglios (esofágicos, sifonais, cerebropleurais);

• Também não possuem um sistema sensorial muito


desenvolvido. Possuem, mesmo assim, órgãos
quimioceptores e mecanoceptores; olhos ocorrem em
grupos restritos.

Fig. 94 Estruturas anatómicas de um bivalve


188

Fig. 95 A e B: estruturas da concha (ligamento, dentes) e sismenta muscular que


participam do mecanismo de abrir e fechar a concha; C. Detalhamento sobre a
composição interna e externa da concha e tipo de musculatura

Sistema circulatório

• Sistema circulatório aberto, com hemolinfa. Possuem um


coração dividido em três câmaras (2 aurículas e 1
ventrículo); uma aorta está presente.

Sistema excretor
• Sistema excretor é constituido, tal como em quase todos os
moluscos, por nefrídios em número de 2, cada um com um
tubo glandular que se abre na cavidade do corpo e bexiga e
um par de aberturas próximo do manto.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 189

Reprodução e desenvolvimento

• Bivalves são na sua maioria dióicos e desenvolvem-se


passando, pelo menos, pela larva trocófora. Mais tarde
passam à larva véliger. Também é encontrado outro tipo de
larvas, o gloquídio (nos Unioidea).

Ecologia, hábitos alimentares e sistema digestivo

• Bivalves são organismos aquáticos, do mar e de água doce


(poucas formas); nestes sistemas vivem como epifauna, ou
infauna. Escavam o solo aquático com ajuda de um pé mais
desenvlvido.

• Moluscos são maioritariamente filtradores e retiram o


alimento da água. Indivíduos cavadores desevolveram
sifões, pelos quais admitem a água contendo nutrientes
(sifão inalante) e exalam água com produtos da digestão
(sifão exalante). Os indivíduos enterram-se e deixam à
vista apenas os sifões. Poucos bivalves parasitas podem ser
encontrados.

• Para sua alimentação e transporte de água com alimentos


desenvolveram sifões, sendo um para entrada e o outro para
saida de água e outros produtos da digestão.

Sistemática dos Bivalves

A sistemática dos Bivalves tem sido algo controversa por basear-se


em características singulares tais como:
190

(i) Dentes do ligamento: Toxodonta, Schizodonta,


Heterodonta,
(ii) Brânquias: Protobranchia, Filibranchia, Eulamellibranchia,
Septibranchia,
(iii) Ou musculatura de ligamento: Dimyaria, Anisomyaria,
Monomyaria.

Estas características são tomadas individualmente para a


classificação dos diferentes taxa do grupo.

Zoólogos actuais preferem uma classificaão baseada nas diferentes


linhas evolutivas, também classificadas como subclasses:

1) Palaeotaxodonta (Nucula),
2) Cryptodonta (Solemia)
3) Pteriomorpha (Mytiloidea: ostras e mexilhões)
4) Palaeoheteromorpha (Unionoidea: bivalves de água
doce, Anodonta)
5) Heterodonta (Veneroida, com Tridactinidae:
bivalves gigantes)

Fig. 96 Nucula ovata, bivalve


de água doce até estuários

Fig. 97 Tridacna gigas, de


água salgada, Chega a 12 m e
200 kg
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 191

Fig. 98 Mytilus sp., mexilhão


comercializado e cultivado em
tanques

Fig. 99 Ostrea sp., ostras


comercializadas em
Moçambique; vivem no mar,
fixas a substratos endurecidos
como rochas e corais
petrificados.

Fig. 100 Amêijoas e prato


típico local, designação comum
dada a vários moluscos
bivalves da ordem Veneroidea,
incluindo as famílias
Lucinidae, Cardiidae e
Veneridae. Em Moçambique
fonte protéica básica das
populações costeiras.
192

Exercícios

1. Faça uma visita á praia mais proxima de onde vives e


procure observar as amêijoas

Auto-avaliação 2. Descreve as estruturas morfologicas observadas na amêijoa

3. Eu acho que voce ja ouviu falar das perúlas, elas são


produzidas apartir dos bivalves. Qual sera a importância de
ter as perúlas.

4. Porque é dificil abrir as valvas da concha de um bivalve.

5. Diferencie os gastropodes dos bivalves

Chave de correção
1. Resposta livres de aplicação
2. As as estruturas morfologicas observadas na amêijoa são:
Espiras concêntricas, umbo, ligamentos, linha paleial, pé
em forma de machado, musculos adutores, as valvas que
forma a concha.
3. Reposta livre de aplicação
4. Porcausa da contração dos musculos aductores.
5. Os gastropodes tem pé rastejante, uma única peça que
forma a conha, existem espécies terrestres, rádula bem
desenvolvido, tem óperculo e a cabeça bem desenvolvida
enquanto que os bivalves tem o pé em forma de machado,
duas peças formam a concha, não esxiste espécies terrestres,
há redução da rádula, possuem cabeça rudimentar.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 193

Lição nº 10

Estudo da classe Cephalopoda

No fim desta lição você será capaz de:

 Caracterizar os cefalópodes;

Objectivos  Descrever as estruturas especificas dos cefalópodes;

 Diferenciar os cefalópode dos bivalves e dos gastrópode;

 Classificar os cefalópodes;

 Indicar os cefalópodes mais conhecidos;

 Descerver a origem dos cefalópodes;

 Descrever as estruturas anatómicas dos bivalves.

Características gerais dos Cefalópodes


Cephalopoda, (do Grego he kephale, a cabeça, ho pús, podós, o
pé), possuem literalmente pés “cefálicos”, na cabeça. Na literatura
é usual encontrar a designação Cefalópodos. Nesta classe dos
Moluscos inclui-se a lula, o loligo, o calamar, a sépia, o náutilos, o
polvo, etc. Apresentam o pé transformado em tentáculos, oito ou
dez, providos de ventosas e que rodeiam a boca. Nos chocos, além
dos oito tentáculos vulgares, como nos polvos, existem dois com
que capturam as presas, que podem ser projectados com grande
rapidez. Nas lulas também existem dois tentáculos especializados
na captura de presas mas estes não são retrácteis.

Muitos deles possuem um dos braços orais transformado em órgão


de transmissão gamética (ectocótilo).
194

A cabeça destes animais é distinta e apresenta olhos muito


eficientes, semelhantes aos dos vertebrados, bem como órgãos dos
sentidos químicos e tácteis muito desenvolvidos. Todos são
predadores eficientes, possuindo fortes mandíbulas córneas em
forma de bico de papagaio e rádula.

Fig. 101 Bico e rádula de um cefalópode

São todos eles animais com hábitos predadores e com uma


adaptação extraordinária para a predação: olhos bem desenvolvidos
comparáveis aos dos vetebrados, com musculos e ventosas
preênseis. No acto de predação, os cefalópodes podem mudar de
cor. O mesmo fazem para sua protecção. Esta mudança de cor
deve-se aos cromatóforos, células pigmentares carregadas de cor
existentes à superfície do corpo.

Entre os cefalópodes encontram-se os animais maiores, mais


rápidos e mais inteligentes de todos os invertebrados.
Acompanham esta evolução do grupo o elevado grau de
cerebralização. O sistema nervoso é desenvolvido, com maior
tendência para a cefalização que os restantes grupos do filo dos
moluscos. Experiências têm revelado um elevado grau de
inteligência nestes animais, considerados os mais evoluídos nesse
aspecto nos invertebrados. Os cefalópodes já revelaram ser capazes
de resolver problemas e são, inclusivé, capazes de brincar, um
comportamento geralmente associado aos mamíferos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 195

Quanto ao seu tamanho, os cefalópodes podem apresentar tamanho


relativamente reduzido, cerca de 2 a 3 cm de comprimento, ou
atingir os 16 metros (dos quais 10 correspondem aos tentáculos) ou
mesmo mais, das lulas gigantes.

O sitema circulatório é fechado ocorrendo toda a circulação


sanguínea no interior de vasos. Além do coração normal, possuem
um segundo conjunto de pequenos corações junto das brânquias, o
que aumenta grandemente a velocidade de circulação sanguínea
nos órgãos respiratórios e, consequentemente, a taxa
metabólica.estes factores evolutivos que podem ser associados à
perda ou redução da concha externa, aliados à alta velocidade na
deslocação.

Os cefalópodes têm os sexos separados, a fecundação é interna e


produzem ovos ricos em vitelo, dos quais emergem jovens por
desenvolvimento directo.

O acasalamento é procedido de rituais complexos, geralmente


envolvendo brilhantes demonstrações de cor e luz (algumas
espécies são bioluminescentes).

Fig. 102 Fenómenos de reprodução; esquerda: eclosão de filhotes; direita mesmo


fenómeno em ovos pouco férteis
196

Como se disse, um dos braços está especializado – o hectocótilo – e


serve para a transferência de um saco de espermatóforo – um saco
de esperma - para o corpo da fêmea.

Fig. 103 Embrião de Octopus (Octopus) macropus; material retinal embrional


bem colorido a vermelho

O hectocótilo é facilmente identificado pois não tem ventosas na


extremidade.

Após a transferência de esperma o casal separa-se e a fêmea irá,


então, fecundar os seus óvulos quando mais lhe convier. Em polvos
a fêmea pode armazenar o espermatóforo no interior da cavidade
paleal durante dois meses, até encontrar um local adequado para
depositar os ovos.

Fig. 104 Cenas de cópula: cópula verdadeira e transmissão de espermatóforo por


meio de hectocótilo
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 197

Anatomia dos cefalópodes

Fig. 105 Estruturas utiizadas no estudo classificativo dos cefalópodes

Na figura acima notam-se:

• À esquerda: a pena da lula, uma concha interna carregada


de poros gasosos; serve para equilíbrio na natação e eleva o
indivíduo durante a nata,cão;
• À direita: braço modificado de um macho que lhe serve
para a transmissão de gâmetas para o corpo da fêmea, é o
ectocótilo;
• No centro, esquema do corpo com as seguintes partes:
o Região anterior, a cabeça na qual se sobrepõem os
braços e tentáculos; localizam-se os olhos. Note-se a
presença de estruturas de captura e fixação (ganchos
e ventosas);
198

o A entre o manto e a cabeça está o funil, órgão


auxiliar na natação, propulsiona a locomoção pela
expulsão a jactos de água do interior do corpo;
o A seguir ao manto está a cauda com lobos laterais de
natação, as barbatanas.

Evolução Filogenética e Sistemática dos Cefalópodes

Os cefalópodes primitivos apresentavam concha externa mas


actualmente apenas um género a conserva. Os restantes apresentam
apenas um vestígio interno, ou perderam-na totalmente.

Muitos, como o polvo, não apresentam concha, enquanto outros


apresentam concha interna, pouco desenvolvida e achatada (chocos
e lulas).

Os únicos cefalópodes actuais que apresentam concha externa


pertencem ao género Nautilus.

Neste género, a concha é enrolada em espiral e formada por


câmaras contíguas, vivendo o animal apenas na última, que é a
maior.

Fig. 106. A Fotografia de Nautitus sp., um cefalópode com concha externa


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 199

Fig. 107b Fotografia de Nautitus sp., demonstrando estruturas da concha


externa

As amonites eram cefalópodes fósseis que também apresentavam


concha externa.

Fig. 108 Ammonites, fóssil de cefalópodes


que exibiam conchas

Cerca de 700 espécies recentes e mais de 10.000 fósseis. As


características novas do grupo Cephalopoda são:

• 2 pares de brânquias,
• 2 pares de átrios (no sistemas vascular e circular),
• Coroa de tentáculos,
200

• Tentáculos ou braços modificados para cópula (macho) e


depósito de espermatóforos (armazem de espermatozóides
colocado nas fêmeas).

O actual sistema filogenético contempla as subclasses:

1) Palcephalopoda (= Tetrabranchiata): Orthoceratoida,


Nautiloida e Ammonoida. Estes possuem 4 brânquias.
Exemplos: Nautilus.
2) Coleoida (= Dibranchiata): Belemnoidea, Decabrachia
(Spiruloidea, Sepioidea, Loliginoidea, Architeuthoidea =
Oegopsida). Possuem 2 brânquias. Exemplos: Loligo,
Octopus, Sepia.

Fig. 109 Diferentes tipos de cefalópodes coleóides


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 201

Fig. 110 Argonauta argonauta, cefalópode cuja fêmea produz concha, pertence
aos Octopoda.

Outros grupos dos Cefalópodes

Sabemos que para além destas classes, existem ainda os


Escafópodes, grupo de moluscos marinhos escavadores, com uma
concha cilíndrica à cônica..

Fig. 111 Scaphopoda Antalis vulgaris, enterrado no solo, as estruturas do corpo e


a concha
202

O nome deriva do comportamento de escavar o solo com o seu pé.


Vivem enterrados no lodo e poucas vezes encontram-se na zona
tidal do mar. Perto de 500 espécies viventes, num total de 900
descritas.

A sua característica básica é a conha alongada. Reproduzem-se


sexuadamente.

Exercícios

1. Na sua evolução filogenética, os Moluscos relacionam-se mais com:

a. Platelmintes

Auto-avaliação b. Anelídeos

c. Gastritríquios

d. Cefalópodes

2. Qual é a classe dos Moluscos que conquistou a terra seca?

3. Preencha os espachos! De uma maneira geral, o corpo dos Moluscos


divide-se em três regiões que são:

........................

........................

........................

4. Quais são as características particulares de cada uma das seguintes


classes dos Moluscos:

Gastrópodes
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 203

Bivalves

Cefalópodes

5. A larva trocófora e o padrão de segmentação espiral definem uma linha


evolutiva dos Metazoários. Como se chama esta linha evolutiva?

6. Como se chama o organismo representado pela figura abaixo?

7. Faça a respectiva legenda

Chave de correção

1. d. Cefálopodes.

2. Classe dos Gastrópodes

3. Preencha os espachos! De uma maneira geral, o corpo dos


Moluscos divide-se em três regiões que são:

cadeça

Massa ou saco visceral


204

4. As características particulares de cada uma das classes


dos Moluscos abaixos são:

Os gastrópodes tem o pé rastejante ligado ao estomago


com uma única valva que forma a conha externa,
presença da rádula.

Os bivalves tem duas valvas que forma a concha


externa, pé em forma de machado localizado na região
ventral;

Cefalópodes com uma interna em algumas espécies e


ausente noutras, pés ligado a cabeça, rádula
transformada em duas mandíbulas que se assemelham
a um bico de uma ave,.

5. Linha evolutiva dos protostomia com o parão de


clivagem espiral determinada.

6. Larva trochophora.

7. Lengenda
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 205

Lição nº 11

Estudo dos Articulata

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar os animais que fazem parte do gupo dos


articulata;
Objectivos
 Descrever as estruturas comuns dos Articulata;

 Caracterizar os Anelideos como grupo dos articulata;

 Classificar os Anelideos;

 Descrever as estruturas morfólogicas e anatómicas dos


Anelideos.

Estudo dos Articulata


Do grupo dos Articulata (Articulados) fazem parte organismos que
têm o corpo dividido em segmentos, ou metâmeros. Esta metameria
ou segmentação divide o corpo interna e externamente e coloca as
mesmas estruturas internas em todos os metâmeros (segmentos).
Fazem parte Anelídeos, Artrópodes, Onicóforos, Tardígrados,
Pentastomídeos.

Fig. 112 Onychophora: Peripatus e Aysheaia


206

Fig..113Tardigrada

A metameria está relacionada com a actividade do terceiro tecido


germinativo, a mesoderme. Assim, estes animais (até os cordados)
são de organização triploblástica (ectoderme, mesoderme e
endoderme);

Através da mesoderme origina-se uma cavidade interna


secundária, o celoma, que diferentemente do que acontece ns
grupos anteriores é verdadeiro, revestido pelo epitélio
mesodérmico. Os sacos celómicos estão divididos por septos. No
celoma estão alojados todos órgãos internos.

Características comuns dos Anelídeos e Artrópodes


• Presença de metameria;
• Extremidades ordenadas em série de metâmeros, cuja
primeira função é auxiliar a locomoção;
• Nefrídeos como órgãos excretores;
• Sistema nervoso do tipo escada de corda.

Estudo do Filo Annelida


O filo Annelida (do Latim, annellus, pequeno anel) é composto por
organismos vermiformes cilíndricos que, como se afirmou,
possuem metâmeros em todo o comprimento do corpo. O corpo
divide-se em três regiões: prostômio (anterior), tronco e pigídio
(posterior).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 207

Os metâmeros dos Anelídeos caracterizam-se por serem


homónomos ou iguais, nas classes inferiores, e heterónomos ou
diferentes, nas classes superiores.

Características morfológicas, ecológicas e modo de vida e


reprodução dos Anelídeos

Fig.114 Visão sobre os metâmeros e as principais estruturas do corpo de um


Anelídeo

Internamente, localizam-se em cada metâmero os sistemas nervoso,


sanguíneo e excretor e, por vezes, também os órgãos reprodutores.
Externamente, estão os parapódios como órgãos escavadores,
nadadores ou de auxílio à locomoção.

A superfície do corpo dos Anelídeos é muito rica em glândulas e o


seu epitélio está provido de células sensitivas.

• Sistema nervoso com anel nervoso anterior, gânglios e


cordão nervoso ventral;

• Sistema circulatório fechado;

• Sem órgãos respiratórios verdadeiros;


208

• Hermafroditas, reprodução normalmente sexuada; larva


trocófora;

• Habitam diferentes ambientes e a alimentação é


extremamente diversificada.

Sistemática dos Anelídeos

1. Classe Polychaeta, poliquetos; mutios parapódios e cirros


nas divisões metâmeras; larva trocófora; metameria
homónoma; dióicos. São as minhocas marinhas: Arenicola
sp., Nereis sp. e outras

Fig. 115 Secção trasversal a indicar os parapódios e outras


estruturas dos poliquetos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 209

Fig. 116.I- Variação de formas de Poliquetos errantes (não sedentários): a)


Nereidae, b) Glyceridae, c) Euracidae, d) Phyllodocidae, e) Aphroditidae, f)
Tomopteridae, g) Polynicidae; II- Nereis diversicolor

2. Oligochaeta, como o nome diz, possuem poucas cerdas e


cirros. É ocaso de minhoca comum terrestre (Lumbricus
terrestres), muito útil para a actividade agrícola pois
humifica a terra. A sua metameria não é totalmente
homónoma. São hermafroditas e para se reproduzirem
segregam uma substância que se transforma em uma
espécie de membrana (clitelo) que envolve os copulantes.
210

Fig. 117 Esquerda: a) Morfologia externa da minhoca


terrestre comum Lumbricus terrestris em vista ventral,
observe-se a zona do clitelo; b) Secção transversal; Direita:
minhoca, Lumbricus terrestris, exibindo a região clitelar de
união
entre
dois

copulantes

Fig. 118 Anatomia interna


de uma minhoca terrestre
Lumbricus sp.

Fig. 119 Esquema de acasalamento na minhoca terrestre


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 211

Classe Hirudinea

Nesta classe de sanguessugas, a estrutura interna e externa não são


mais concordantes. A metameria é extremamente diferenciada. O
celoma transformou-se num canal.

Sanguessugas têm muita função medicinal devido à hirudina, uma


substância protéica anticoagulante.

Vivem em charcos, rios e são ectoparasitas, sugando intensamente


o sangue de mamíferos. Para sua fixação no hospedeiro
desenvolveram ventosas nas duas extremidades do corpo.

Fig.120. Acima: A, B e C Anatomia de Hirudo medicinalis, sanguessuga; ao


lado fixiação da sanguessuga por ventosas
212

Exercícios

1. Mencione as caractericticas que une os Anelideos e os


Artrópodes no grupo articulata.

2. O que é clitelo.
Auto-avaliação
3. Faça a sistematica da minhoca (Lumbricus terrestris)

4. Fale da importância das minhocas da tua zona.

5. Descreva a reproduçãao das minhocas.

6. Difencie as minhocas das sanguessugas

Chave de correção

1. As caractericticas que une os Anelideos e os Artrópodes no


grupo articulata são a presenças de apendices articulados anivel de
corpo, a metamerização.

2. Clitelo é uma membrana que surge pela dilataçaão de um


metâmero ou segmento na fase adulta na época reprodução
responsável pela produção dos casulos para proteger os ovos.

3. Sistemática da minhoca
Reino . Animali
Filo: Annelida
Classe: Oligochaeta
Genéro: Lumbricus
Espécie: Lumbricus terrestris

4.Resposta livre de aplicação


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 213

5. As minhocas são animais monóicos, hermafroditas.


Embora hermafroditas, as minhocas não são auto-fecundantes, mas
acasalam-se. Acópula ocorre com os parceiros posicionando-se em
direções opostas em constando-se pelo lado ventral , Alinhados de
modo que os poros genitais masculinos fiquem à altura dos poros

genitais femeninos do parceiro .

6. As minhocas tem o corpo mais alongado, na região ventral tem


extremidades curtas denominadas de credas, aneis não salientes,
alimentam-se de vegetais em decomposição.
Enquanto que as sanguessugas tem o corpo cilindrico curto, com
com duas extremidades delimitadas por ventosas de fixação, são
parasitas, alimentam-se de sangue.
214

Lição no 12

Estudo dos Artropodes /


Arthropoda

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar os animais que fazem parte do gupo dos artrópodes;

Objectivos  Descrever as estruturas morfológicas dos artrópodes

 Caracterizar os artrópodes típicos da sua região;

 Classificar os artópodes.

Os Artrópodes não só são os mais ricos em organismos dentro do


reino animal, como também são os mais evoluídos dentro dos
Articulados (Articulata).

Apesar de se originarem de Anelídeos, os Artrópodes perderam a


sergmentação homónoma (igual) ancestral, embora em alguns
casos ela pareça ser persistente. Internamente, o filo Arthropoda é
quantitativamente dominado pelos insectos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 215

Fig.124 Diagrama do número de animais por filo

Ecologia, hábitos e importância dos Artrópodes


Como grupo, eles têm uma enorme abundância, vasta distribuição
ecológica, o que faz com que a sua diversidade não seja
ultrapassada por nenhum outro grupo de animais. São encontrados
em todos os tipos de ambiente (oceano, sistemas de água doce,
terra e ar). Outras vivem ainda sobre ou no interior de plantas ou de
outros animais (carraças, pulgas, etc.). é o grupo de animais que
suporta as mais adversas condições ambientais.

Apesar dos artrópodes competirem com o Homem por alimento e


provocarem doenças, são essenciais para a polinização de muitas
plantas e são também utilizados como alimento e para a produção
de produtos como a seda, o mel e a cera. Outros são até medicinais.

Na sua maioria, estes animais são (1) herbívoros, mas existem


também artrópodes carnívoros, omnívoros e uma grande parte de
parasitas (facultativos, obrigatórios, ectoparasitas e endoparasitas)
de plantas e animais e do Homem.
216

Características morfológicas e fisiológicas dos


Artrópodes

Tab. Quadro comparativo das características morfológicas das principais


classes dos Artrópodes

Classes
Características
Quelicerados Crustáceos Quilópodes Insectos
Regiões do corpo Prosoma e Maioria Cabeça e corpo Caput, tórax e
opistosoma cefalotórax e com segmentação adbómen (muitas
abdómen igual vezes cefalotórax)
Antenas Nehuma 2 pares 1 par 1 par
Peças bucais • 1 par de • 1 par de • 1 par de • 1 par de
quelíceras mandíbulas mandíbulas mandíbulas
• 1 par de • 2 pares de • 1-2 pares de • 2 pares de maxilas
pedipalpos maxilas maxilas
• Sem • Até 3 pares
mandíbulas de
maxilípedes
Extremidades • 4 pares no • 1 par por • 1 a 2 pares por • 3 pares no tórax
cefalotórax segmento ou cada segmento (maioria com
menos (até acima de pares de asas)
160)
Órgãos • Traqueias em • Brânquias • Traqueias • Traqueias
respiratórios leque ou
tubulares
Aberturas sexuais • 1 a 2 no • 2 no tórax • 1 no 3º. • 1 na terminal do
segmento segmento ou na abdómen
abdominal terminal do
abdómen
Desenvolvimento • Directo com • Geralmente • Directo • Hemi- ou
poucas com formas (ametabola) holometabola
excepções larvares

Cobertura do corpo

O corpo está coberto por uma cutícula impermeável à água e


praticamente também ao gás. A cutícula é rígida devido à quitina.
A cutícula é constituída por placas isoladas, escleritos, ligadas
entre si por membranas bastante flexíveis.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 217

Cada placa divide-se (primitivamente) em quatro placas: um tergo


dorsal, duas pleuras laterais e um esterno.

O exosqueleto dos Artrópodes é secretado pela hipoderme. Ele


compreende uma epicutícula (de proteínas e cera, externa e
protectora) e uma procutícula (complexo glicopretíco = quitina +
proteínas). A procutícula compreende exo- e endocutícula.

Fig. 126 Corte através de um exoesqueleto de um Artrópode, mostrando as


camadas, os apódemas e a inserção da musculatura

Em algumas classes (crustáceos) hà impregnação de carbonato de


cálcio, o que torna o esqueleto um autêntico blindado.

Muda ou ecdise

A pobreza em elasticidade e o facto de que a cutícula não cresce


com o resto do corpo, levou à evolução das mudas, trocas
periódicas de cutícula por acção combinada de muitas hormonas. O
218

resto da cutícula despida chama-se exúvia. As hormonas mais


importantes para muda são a hormona juvenil e a ecdisona. Os
estágios entre as mudas chamam-se instars. As mudas são também
chamadas de ecdises. Fenómenos da muda:

(i) Cutícula madura


(ii) (ii) Divisão da epiderme + espaço subcuticular
(iii)Produção de nova epicutícula
(iv) Endocutícula digerida + procutícula
(v) Fluido da muda absorvido

(vi) Cutícula antiga removida

Padrão das extremidades

O padrão básico deas partes de uma extremidade é representado


pela extremidade de um Crustáceo.

Fig. 121 Padrão das patas de um artrópode

Sistema nervoso e órgãos sensoriais

O Sistema nervoso dos Artrópodes assemelha-se ao dos Anelídeos,


mas o cérebro é mais complexo. Em muitos casos desenvolveram-
se 3 centros nervosos: (i) centro de associação, protocérebro (ii)
centro óptico, deutocérebro e (iii) centro motor, tritocérebro.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 219

Os órgãos sensoriais dos Artrópodes são altamente desenvolvidos.


O tacto e o olfato ocorrem nas antenas. Muitos deles possuem os
olhos complexos ou facetados. Cada olho é constituído por
pequenas unidades ópticas cilíndricas e longas, os omatídios. Cada
omatídio possui estruturas dióptricas próprias: córnea, cone

cristalino, células pigmentares (que recebem os raios luninosos) e


células receptoras de estímulos luminosos. Cada omatídio capta um
ponto de uma imagem global: é um pequeno olho e só o conjunto
das pequenas imagens é que formam a imagem útil.

Fig. 122 Esquemas dos olhos facetados dos Artrópodes com descriminação
das estruturas principais (direita)

Outros órgãos sensoriais


Estruturas quimioreceptoras e mecanorreceptoras localizam-se
geralmente nas antenas, nas peças bucais e nas extremidades
locomotoras. Em determinados Insectos desenvolveram-se órgãos
acústicos.

Respiração dos Artrópodes

A respiração nos Artrópodes, de acordo com o seu habitat, dá-se


basicamente por meio de traqueias (organismos terrestres) e
220

brânquias (organismos aquáticos). Para o exterior as traqueias


terminam em estigmas (espiráculos).

Sistema vascular e sanguíneo

O sistema vascular e sanguíneo dos Artrópodes é aberto e


relativamente simples. O coração dorsal está dentro de um saco
pericardial (pericárdio), onde recolhe o líquido corpóreo através
de aberturas laterais, ostíolos, e lança-o para uma curta aorta.
Trata-se de um líquido único, no qual não se destingue o sangue
verdadeiro: hemolinfa.

Sistema reprodutor e desenvlvimento

A reprodução dos Artrópodes dá-se por via de sexo e, na maior


parte dos casos, pode ocorrer cópula, mas também conhecem-se
casos de partenogénese.

Os sexos são geralmente separados, sendo a fecundação


maioritariamente interna. Podem ser ovíparos ou ovovivíparos.

O desenvolvimento, nos Crustáceos inferiores, passa por uma larva


náuplius, nos superiores acontece a chamada larva zoéa. Nos
quelicerados o desenvolvimento é directo.

Nos insectos ocorre uma grande variedade de tipos de


desenvolvimento, quando relacionado com as metamorfoses. Assim
temos:

• Hemimetabolia: metamorfose não completa; gradualismo


de desenvolvimento e maturidade; a libertação das asas é
marco determinante; os juvenis são designadas de pupas,
mosca doméstica.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 221

• Holometabolia: metamorfolse completa – ovo, larva, pupa,


adulto, borboleta, besouro.

• Ametabolia: desenvolvimento sem metamorfose, os juvenis


não diferem dos adultos, a não ser na maturidade dos órgãos
sexuais e no tamanho, gafanhoto.

Nos organismos com metamorfoses, os adultos diferem dos outros


estágios tanto na morfologia e anatomia, como nos hábitos enichos.

Sistemática e Filogenia dos Artrópodes

Evolutivamente, os Artrópodes colam-se imediatamente depois dos


Anelídeos. Os Artrópodes superiores são designados Euartrópodes,
os inferiores, como os Onicóforos, Proartrópodes. Os Euartrópodes
compreendem o seguinte sistema:

Subfilo Trilobita (Trilobitomorpha, fósseis)

Fig. 123 Trilobito, vistas dorsal e ventral; achados fósseis; animais do


Ordoviciano

Trilobitos ou Trilobitomorfos (Trilobitomorpha) devem o seu


nome aocorpo dividido longitudinalmente em três lóbos dorsais.
São Artrópodes marinhos extintos e bastante áureos no Paleozóico.
222

A divisão do corpo compreende: 1) a cabeça, tronco (tórax) e o


pigídio (terminal),

Exercícios

1. Observe os artrópodes da sua zona e descreve as


caracteristicas morfológicas;

2. Identifique os animais que fazem parte do gupo dos


Auto-avaliação
artrópodes;

3. Quem serão os Trilobita dentro dos artrópodes?


4. Indique as estruturas morfologicas dos artrópodes.

Chave de correção

1. Questão livre de aplicação

2. Fazem parte dos artrópodes os: escorpiões, as aranhas, o


caranguejo, camarão, barratas, moscas, mosquitos,
gafanhotos , formigas, abelhas, lagostas, vespas, piolhos,
pulgas, ácaros, carrapatos, etc.

3. Os trilobitas são artrópodes fósseis (restos de animais), com


algumas caracteristicas de artrópodes viventes.

4. Os artrópodes de um um modo geral apresentam o corpo


dividido em cabeça, torax e abdomem., tem um exosqueleto
resistente, patas articuladas e corpo dividido em pequenas e
grandes porcões iguais designados de metâmeros.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 223

Lição nº 13

Estudo do Subfilo Chelicerata

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar as características específicas dos Chelicertata;

Objectivos  Indicar os animais que fazem parte dos Chelicerata;

 Descrever as estruturas morfológicas dos Chelicerata;

 Explicar o modo de vida dos Chelicerata;

 Classificar os Chelicerata.

Os Quelicerados em português e Chelicerata do latim,


compreendem um vasto grupo de organismos muito diferenciados.
Seu nome deve-se às quelíceras, órgãos especializados da região
bucal que servem para prender e cortar. Os Quelicerados são
principalmente terrestres, livres, maioritariamente predadores não
especializados. Além das quelíceras eles possuem outras estruturas
e mecanismos de captura: as glândulas de veneno, mandíbulas e
ferrões.

Sao organismos de hábitos nocturnos e crepusculares, terrestres


com preferência para locais protegidos por pedras e outro tipo de
substratos sólidos. Propensamente carnívoros, com digestão fora
do corpo (extra intestinal).
224

Plano de construção do corpo


O corpo de um Quelicerado é dividido em cefalotórax (prossomo)
e um abdómen (epissomo). Nenhum quelicerado possui antenas,
sendo o único subfilo dos Artrópodes no qual elas se encontram
ausentes.

Ademais, nos Quelicerados o primeiro par de apêndices são


estruturas alimentares, chamadas quelíceras (1 par). O segundo par
são os pedipalpos e encontram-se modificados para realizar
diferentes funções nas diversas classes. Os pedipalpos são
geralmente seguidos de 4 pares de pernas.

Fig. 124 Especializações de apêndices e partes metamêricas do corpo de


diferentes representantes

Novidades evolutivas e adaptações especiais


• Órgãos de trocas gasosas na terra: pulmão foliáceo e
traquéias,
• Epicutícula cérea para evitar a perda de água e
• Glândula de veneno e sêda.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 225

As principais classes dos Quelicerados

Classe Merostomata

Eurypterida (escorpiões marinhos extintos) e Xiphosura (recentes),


sendo a última representada pelos límulos.

Fig. 125 Vista ventral e dorsal de um Xiphosura, límulos

Classe Arachnida
São as aranhas, os ácaros, os carrapatos, os escorpiões, os opiliões
e outros pequenos grupos.

Ecologia e modos de vida dos Aracnídeos

• São primeiramente aquáticos, mas muitos são actualmente


totalmente terrestres.
• As brânquias foliáceas modificaram-se em pulmões
foliáceos e traquéias.
• Particularmente as aranhas especializaram-se num modo de
captura de presa interessante baseada em armas de
diferentes naturezas (teias, armas, venenos, etc).
226

Anatomia e fisiologia geral dos Aracnídeos

Anatomia do corpo está dividido em:


• Prossomo: não segmentado, coberto por carapaça sólida;
• Abdómen: segmentado, dividido em (i) pré e (ii) pós-
abdómen.
Na maioria dos aracnídeos, essa divisão desapareceu em virtude da
fusão dos segmentos

Fig. 126a Os apêndices tem origem no prossômo e compreendem um (i) par de


quelíceras, (ii) um par de pedipalpos e (iii) quatro pares de pernas

Resumo dos Arachnida

• Nutrição
A maioria dos aracnídeos é carnívora e a digestão ocorre
parcialmente fora do corpo.
• Excreção
Os órgãos excretores são as glândulas coxais (no prossomo) e
os túbulos de Malpighi.
• Sistema Nervoso
O cérebro contêm os centros ópticos e os destinados às
quelíceras. O restante do sistema nervoso consta de nervos e
gânglios localizados no abdómen e no tórax.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 227

Os órgãos sensoriais são freqüentemente os pêlos sensoriais,


olho e órgãos sensoriais em fenda para a detecção de vibrações
sonoras.
• Trocas Gasosas
Os aracnídeos possuem pulmões foliáceos, traquéias ou ambos.
• Sistema Circulatório
O coração está no abdómen, de onde sai a aorta anterior que
irriga o prossomo e a aorta posterior que se dirige à metade
posterior do abdómen.
• Reprodução
São dióicos, com fecundação interna e desenvolvimento direto
nas aranhas e escorpiões, e indireto nos carrapatos.

Sistema dos Arachnídeos


As principais ordens da Classe Aracnida são:
1. Scorpiones (escorpiões),
2. Pseudoescorpiones (pseudoescorpies),
3. Opiliones (opiliões),
4. Araneae (aranhas),
5. Acarina (ácaros) e
Outras menos representativas

Pseudoscorpiones Opiliones Aranae

Acari Scorpiones
228

Fig. 127 Alguns representantes dos Arachnida

Venenos dos Aracnídeos


Escorpiões e aranhas são bem conhecidos e temidos pelos seus
venenos que chegam a ser fatais e equiparáveis aos das serpentes.
Alguns desses venenos são neurotóxicos (SNC), citotóxicos
(tecidos) e hemotóxicos, conforme o local e o seu modo de actuar.

Medidas de emergência no caso de mordedura por


Aracnídeos
• Lavar muito bem a área afectada;

• Aplicar uma flanela gelada ou pedra de gelo envolta em


um pedaço de tecido;

• Administrar paracetamol para aliviar ad dores;

• Basta sentir sintomas específicos procurar ajuda médica.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 229

Exercícios

1. O que são os Articulata?

a) Animais com extremidades locomotoras articuladas.


Auto-avaliação b) Animais com o corpo dividido em segmentos.

c) Animais que têm o corpo dividido em cabeça, tórax e


abdómen.

d) Todas respostas estão correctas

2. Quais sãos os taxa que fazem parte desta linha evolutiva?

3. Marque com X as características não comuns dos Anelídeos


e Artrópodes.

• Metameria;

• Extremidades ordenadas em série de metâmeros,


cuja primeira função é auxiliar a locomoção;

• Nefrídeos como órgãos excretores

• São dióicos e conquistaram todos habitats

• Sistema nervoso do tipo escada de corda

• Reprodução sexuada sempre com metamorfoses

4. Identifique o organismo ilustrado pela figura abaixo.


230

5. Indique as classes a que pertencem respectivamente os


seguintes organismos: minhoca da terra, sanguessuga e
minhoca da pesca (isca).

6. Diferencie entre ametabola, hemimetabola e holometabola.

7. Porquê evoluiu o fenómeno chamado muda ou ecdise?

8. A figura abaixo representa o padrão das patas de um


artrópode. Faça a legenda das estruturas enumeradas.

9. Nomeia os subfilos do sistema dos Artrópodes.

Chave de correção
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 231

1. a.Animais com extremidades locomotoras articuladas


2. os taxa que fazem parte desta linha evolutiva são os
Anelídeos e os Artrópodes.

3. Marque com X as características não comuns dos Anelídeos


e Artrópodes.

• Metameria;

• Extremidades ordenadas em série de metâmeros,


cuja primeira função é auxiliar a locomoção;

• Nefrídeos como órgãos excretores

• São dióicos e conquistaram todos habitats(X)

• Sistema nervoso do tipo escada de corda

• Reprodução sexuada sempre com metamorfoses(X)

4. O organismo ilustrado pela figura acima é uma vista da


principais estruturas do corpo de um Anelídeo, visão dos
metâmeros.

5. Minhoca da terra pertence a classe oligochaeta,


sanguessuga classe Hirudinea e minhoca da pesca (isca)
classe polichaeta.

6. Ametabola é um desenvolvimento sem metamorfoses


ocorre normalmente nos gafanhotos

Hemimetabola é desenvolvimento com metamorfoses


imcompleta ocorre normalmente em mosca e holometabola
desenvolvimento com metamorfose completa aquilo que
ocorre nas brobletas.

7. O chamado muda ou ecdise evoluiu no sentido de permitir


a elastecidade e o crescimento da cuticula com o resto do
corpo permitindo a renovação a renovação periódica do
232

revestimento externo.
8.

9. Os subfilos do sistema dos Artrópodes são: Subfilo


Trilobita, subfilo Chelincerata, Subfilo Crustacea, subfilo
tracheata, Antennata
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 233

Lição nº 14

Estudo do Subfilo Crustacea

No fim desta lição você será capaz de:

 Descrever as características específicas dos crustáceos;

Objectivos  Identificar os animais que fazem parte dos crustáceos;

 Explicar a ecologia , fisiologia e o modode vida dos crustáceos;

 Classificar os crustáceos;

 Mencionar os crustáceos de importância económica ao Homem.

Os outros nomes que designam os Crustáceos são Diantennata, em


referência à presença de dois pares de antenas, e Branchiata
devido às brânquias que possuem nas patas. A carapaça (crosta)
quitinosa que cobre o seu corpo é que justifica o nome Crustacea
(Latim crusta, Grego krusta). É o grupo a que pertencem o
caranguejo, o camarão, o lagostim e a lagosta, as lepas e cracas.

Plano de construção do corpo


Nos Crustáceos a cabeça funde-se com alguns segmentos do
tronco, os toracómeros, e forma-se o cefalotórax. Em muitos
casos este cefalotórax encontra-se coberto por uma carapaça, uma
estrutura em forma de escudo.

Nem todos teracómeros fundem-se com a cabeça. Estes, ainda


livres, formam o chamado peraeon.

O abdómen (pléon) segue o cefalotórax. Assim, o plano de


construção do corpo compreende basicamente estas duas regiões e
234

os resto da parte livre do tórax. O cefalotórax e o abdómen


possuem apêncices com diferentes funções.

Apêndices do corpo por região


Cefalotórax
Cabeça:
• 5 pares de apêndices
o 1º. Par de antenas ou antênulas
o 2º. Par de antenas (maiores)
o 1 par de mandíbulas
o 1ª. e 2ª. maxila
• Um pouco salientes em frente e atrás da boca
localizam-se o lábio e o labro.Tórax
• 5 Pares de apêndices locomotores, birremes,
compostos por vários artículos. Estes apêndices são
conhecidos como pereópodes Abdómen
• Os pleópodes constituem os apêndices do abdómen,
existem em número de 4 pares.
Região terminal
• A região terminal que não faz parte da segmentação
(metameria) é constituida pelo telson. Este tem função de
remo na natação.

Este padrão básico do plano e das estruturas típicas dos Crustáceos


pode variar.

Fig. 128 Plano do corpo e estruturas de um camarão


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 235

Fig.129 Modificações no plano do


corpo dos Crustáceos: de cima para baico: camarão, lagosta e caranguejo

Ecologia, modo de vida e Fisiologia dos Crustáceos


Os Crustáceos são predominantes no mar e na água doce, algumas
formas encontram-se em ecossistemas mistos entre a terra e a água.
O seu tamanho varia de alguns milímetros a vários centímetros.

Caracteristicas gerais
• Tegumento: calcificado, endurecido e protector do corpo.
• Locomoção: formas epibentônicas nadam. As bentônicas rastejam
sobre o solo das águas. Outros vivem fixos a um substrato (lepas e
cracas).
• Nutrição: aprtesentam hábitos alimentares diversificados. Existem
filtradores, predadores, etc. Os predadores geralmente estão
providos de pinças fortes que usam para prender, morder, rasgar.
• Sistema vascular e e sanguíneo: É constituido por um coração
tubular ou vesicular localizado dorsalmente, na região do tórax. O
sangue arterial sai das brânquias para o coração, daí passa para uma
estrutura que o bombeia para o resto do corpo. Também podem
existir artérias laterais.
236

• Sistema respiratório: São as brânquias que respondem pela


respiração em todo o grupo. Auxiliam as brânquias apêndices que
provocam circulação da água. As brânquias demonstram
modificações dentro do grupo.
• Excreção e osmorregulação: um par de sacos terminais e túbulos
excretores na região da cabeça e que se abrem na base do segundo
par de antenas (glândulas antenais), ou no segundo par de maxilas
(glândulas maxilares)..
• Sistema nervoso e órgãos sensoriais: trata-se de gânglios
concentrados ventralmente, onde se fundem. Nos vários grupos
ocorrem diferentes órgãos sensoriais, destes os olhos facetados
geralmente pedunculados são os mais importantes. Também
encontramos ocelos, órgãos de equilíbrio (estatocistos) na base das
antênulas, órgãos tácteis e olfáticos. A sua maior concentração
observa-se na região rostral.
• Reprodução: embora haja Crustáceos monóicos, eles são
primariamente dióicos com transmissão gamética via de cópula. Há
incubação dos ovos e o seu desenvolvimento pós natal é indirecto e
comporta, em princípio, a larva náuplio.
• Um estágio posterior no desenvolvimento dos Malacostraca
superiores é o da larva zoea.

Fig.130 Larva nauplius de um camarão


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 237

Evolução Filogenética e Sistemática (principais classes


dos Crustáceos)

Os Crustáceos dividem-se em: Entomóstracos (Entomostraca) e


Malacóstracos (Malacostraca). Os primeiros são formas de
pequenas dimensões sem grande valor para o Homem: cladóceros,
cracas, por exemplo. Os Malacóstracos são maiores e representam
os Crustáceos – digamos – verdadeiros (Eumalacostraca).

Em sumário, o seu sistema actual compreende perto de 33 000


espécies distribuídas em 8 classes:
1. Classe Cephalocarida
2. Classe Branchiopoda (ex. Dáfnias)
3. Classe Ostracoda (crustáceos com valvas em parte
parecidas às dos moluscos)
4. Classe Mystacocarida
5. Classe Copepoda
6. Classe Branchiura
7. Classe Cirripedia (Lepas e Cracas)
Todas classes anteriores agrupam-se dentro dos
Entomostraca.
8. Classe Malacostraca: Crustáceos superiores (Caranguelos e
Camarões)
Geralmente ganham mais interesse os Malacostraca devido a sua
importância económica e alimentar.

Classe Branchiopoda (Dáfnias)

Pequenos crustáceos da água doce. O grupo é dominado pelos


pulgões-da-água, Dáftnias. Do ponto de vista de sistemática, os
Braquiópodes compreendem:
1. Ordem Anostraca: desprovidos de carapaça;
2. Ordem Notostraca: cabeça e a metade anterior do corpo
encontram-se envoltas numa grande carapaça;
3. Ordem Diplostraca: lateralmente comprimidos; com corpo
envolto em uma carapaça bivalve; característica peculiar é
a presença de dois longos processos caudais chamados de
furca(s);
o Subordem Conchostraca;
o Subordem Cladocera (pulgões-da-água ou pulgas-
da água): Dafnias, Daphnia pulex, D. magna.
Extremidades com forma de folha; 2ª. antena
transformada em órgão de natação (remar); maioria
238

habita água doce. Os seus hábitos alimentares de


filtradoras, aliás todos os Braquiópodes são assim,
alimentando-se de algas unicelulares e vários tipos
de detritos orgânicos e bactérias.

Dáfnias podem ser usadas como indicadores


biológicos em certos testes ambientais.

Fig. 131. 1) segunda antena; 2) cêco do intestino; 3) coração;


4) ovário; 5) câmara incubadora; 6) .....7) furca; 8) margem da
carapaça; 9) glândula maxilar; 10) anténula; 11) cérebro; 12)
olho de náuplio; 13) olho composto.

A reprodução sexuada das dáfnias passa pela cópula. Também


ocorre o fenómeno chamado partenegénese. Em Cladóceros os
ovos permanecem no interior da fêmea até que o ambiente
influencie o surgimento de machos, só então são fecundados.
Depois de fecundados os ovos são envolvidos por uma cápsula
membranosa, efípio, uma estrutura natante que após algum tempo
fixa-se no substrato e desenvolve-se para adulto.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 239

Classe Cirripedia (Lepas e Cracas)


Cirripédios compreendem as Cracas e Lepas, animais comuns nas
águas do mar confundidos com moluscos devido à sua cobertura
impregnada por placas de carbonato de cálcio. Vivem fixos em
substratos.

Extrutura externa

A característica externa que mais sobressai na maioria dos


Cirripédios é a cobertura do corpo por placas calcárias.

Fig. 132 Esquerda: Cracas sobre um substrato de recife-do-coral morto; Centro e


direita: Lepa pedunculada e craca não pedunculada

As placas que cobrem externamente o corpo da Lepa e da Craca


são equiparáveis:
• Centralmente: tergo e escudo; no seu centro a abertura para
o corpo;
• Externamente:
a. rostro fundido com rostro-lateral,
b. latero-carena,
c. carena
240

Fig. 133 Lepa (acima) e craca (abaixo)

Sistemática dos Cirripédios compreendem:

1. Ordem Thoracica: comensais, livres e sésseis.


a. Lepamorpha (Lepas) e
b. Balanomorpha (Cracas).

Classe Malacostraca

Aqui agrupam-se todos crustáceos que mais identificam o grupo, os


caranguejos, camarões e lagostas que também são os mais
importantes do ponto de vista económico e de alimentação humana.
Também os tatuzinhos-de-jardim fazem parte da classe. Eles
contribuem muito para a balança de pagamentos de Moçambique.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 241

Com cerca de 23 000 espécies, a classe representa ¾ de todos


crustáceos.

Extrutura externa

O tronco de um crustáceo é segmentado e apresenta no total 14


segmentos: 8 no tórax e 6 no abdómen. Na terminal do tronco
encontra-se o telson, que não é parte da segmentação metamérica e
detém as funções de remo e leme na natação. Cada segmento tem
apêndices. Estes apêndices podem servir para manipular alimentos
e outros para locomoção.

Fig. 134 Estrutura externa de um Malacóstraco

Sistemática dos Malacóstracos

1. Subclasse Phyllocarida (ordem Leptostraca)


2. Subclasse Eumalacostraca:
o Ordem Anaspidacea
o Ordem Bathynellacea
o Ordem Stomatopoda
o Ordem Euphausiacea
o Ordem Decapoda: camarões, caranguejos e lagostas
242

Ordem Decapoda
Esta ordem contém crustáceos mais vulgares na óptica popular e
para a economia e alimentação os mais importantes. Esta é a maior
ordem do grupo, perto de 1/3 dos crustáceos.

Ecologia, hábitos de vida, morfologia e fisiologia dos


Decapoda

Os Decápodes (do Grego deka, dez; ho pus, podos, pés) vivem


mais no mar do que na água doce. Outros toleram variação da
salinidade, daí que migram de um para o outro habitat. Também
existem formas anfíbias e terrestres. Na água, eles podem ser
pelágicos, bentónicos. As formas minúsculas fazem parte do
pláncton e jogam assim um papel muito importante no ecossistema
aquático.
Quanto à locomoção, os Decápodes podem nadar livremente com
ajuda dos apêndices locomotores, exemplo o camarão. Mas
também podem rastejar, movendo à superfície do solo. Muitas
esp’ecies vivem no corpo da água, mas outras habitam o lodo,
constrói ou utiliza esconderijos ambientais.

A sua morfologia é basicamente a mesma. Mas olhando para o


camarão, o caranguejo e a lagosta, pode-se ver que o corpo sofre
muitas modificações adaptativas. O padrão de divisão em
cefalotórax, abdómen e telson mantem-se. Nos caranguejos o
abdómen modifica-se bastante e sofre uma flexão. O cefalotórax
ocupa a maior parte do corpo.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 243

Fig. 135 Quadro comparativo de estruturas externasdos Malacostraca


244

Exercícios

1. A qual dos seguintes taxa é aplicável o termo Acéfalo?


a. Aos Artrópodes

Auto-avaliação
b. Aos Insectos
c. Aos Crustáceos
d. A nenhum desta taxa
2. Qual é o plano genérico de construção do corpo de um
Crustáceo?
3. Mencione os apêndices de um Crustáceo por região do
corpo.
4. O que nos ilustra a seguinte figura (B9 abaixo)? Comente-a
no contexto de evolução do filo.
5. Mencione as principais larvas dos Crustáceos.
6. Quais são as duas grandes subdivisões dos Crustáceos?
7. Preencha o quadro a seguir. Basta um exemplo.
Classe Representante
Branchiopoda
Lepas
Cracas
Malacostraca
Lagostim

8. Faça as respectivas legendas.

A) B)
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 245

9. Com relação ao filo dos Artrópodes, pode-se afirmar que:


a. São animais que apresentam apêndices articulados,
exoesqueleto rígido e sistema circulatório fechado.
b. Nos crustáceos, o exoesqueleto pode sofrer
impregnação de sais de cálcio.
c. Os insetos são mandibulados e caracterizam-se pela
presença de três pares de apêndices locomotores.
d. Os aracnídeos são mandibulados e caracterizamse
pela presença de quatro pares de apêndices
locomotores.
e. A principal característica dos crustáceos é apresentar
um par de antenas e dois pares de mandíbulas.
10. Assinale a opção que associa corretamente as Classes do
Filo Arthropoda apresentadas na coluna adiante, em
algarismos arábicos, com as características morfológicas
apresentadas a seguir, em algarismos romanos:
a. 1 - Insetos
b. 2 - Crustáceos
c. 3 - Aracnídeos
d. 4 - Quilópodes
e. 5 – Diplópodes

I. corpo dividido em cabeça, tórax e


abdome,hexápodes.

II. corpo dividido em cabeça e tronco: um par de


patas por segmento do corpo.

III. corpo dividido em cefalotórax e abdome:


aparelho bucal mandibulado.

IV. corpo dividido em cefalotórax e


abdome:quelicerados.

V. corpo dividido em cabeça e tronco: dois pares de


patas por segmento do corpo.
246

11. Em uma aula prática de Biologia, o professor entregou


aos alunos os seguintes artrópodes para que fossem
agrupados em suas respectivas classes taxonômicas:
aranha, borboleta, pulga, camarão, lacraia e escorpião.
Quantas Classes estão representadas nesta lista?
a) 1
b) 2
c) 4
d) 3
e) 5

Chave de correção

1. C. A nenhum desta taxa


2. O plano genérico de construção do corpo de um Crustáceo é
possuir cefalotorax e abdómem e estremidades locomotoras na
região ventral.
3. Na região do cefalotorax na parte ventral possuem pleópodes para
a locomoção e na região do abdómem os pleópodes são birremes
para a filtração e a parte terminal do adbómem possuem o telson
e urópodes que funciona como uma nadadeira caudal.
4. No contexto de evolução do filo representado pela figura (B9
abaixo, eles apresentam uma carapaça protetora na parte dorsal na
região anterior do animal, junto apresentam uma projeccção distal
denominada de rostro que auxilia na filtração da ca corrente de
água que entra no interior do corpo do animal.
Presença de dois pares de antenas que funcionam como orgãos
sensoriais.
5. As principais larvas dos Crustáceos são: larva Nauplius, zoea e
esquizopoda.
6. São os Entomostraca e os Malacostraca.
7. Preencha o quadro a seguir. Basta um exemplo.
Classe Representante
Branchiopoda Daphinia pulex
cirripedia Lepas
cirripedia Cracas
Malacostraca Camarão, caranguejos e lagostas
Malacostraca Lagostim
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 247

8. Legenda
248

9.Com relação ao filo dos Artrópodes, pode-se afirmar que:


a. São animais que apresentam apêndices articulados,
exoesqueleto rígido e sistema circulatório fechado.
10. Associação correta das Classes do Filo Arthropoda coluna adiante,
em com as características morfológicas representadas pela enumeração
arabe.
f. 1 – Insetos (I)
g. 2 – Crustáceos (III)
h. 3 – Aracnídeos (IV)
i. 4 – Quilópodes (II)
j. 5 – Diplópodes (V)
11. Aranha, borboleta, pulga, camarão, Classes lacraia e escorpião,
estão representadas nesta lista 4 classes.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 249

Lição nº 15

Estudo do Subfilo Tracheata,


(Antennata)

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar os animais do subfilo Antennata;


Objectivos  Indicar as características específicas do subfilo;

 Difernciar os Antennata dos crustácea;

 Mencionar as estruturas morfológicas dos antennata;

 Observar os antennata no seu meio natural;

 Descrever as características observadas no caderno de


campo;

 Classificar os tracheata.

Tracheata (traqueados) é o nome dado aos Artrópodes que respiram


por traqueias (Quilópodos, Miriápodos, Insectos, etc.),
invaginações tubulares recobertas por cutícula, ramificados no
interior do corpo e que terminam em umas aberturas chamadas
espiráculos ou estigmas. Animais traqueados são os Myriapoda e
Hexapoda (= Insecta), todos terrestres.

Tubos de Malpighi, é outra característica comum dos Traqueados.


São divertículos de terminação cega derivados do tubo digestivo,
servem para excretar nitrogênio.
250

Sistemática dos Tracheata ou Antennata

1. Filo Onychophora: onicóforos, dificil


inserção no sistema natural.

Os taxa seguintes não pertencem a este


filo.

Fig.136 Um onicóforo

2. Superclasse Myriapoda (Miriápodos)


a. Classe Chilopoda (Quilópodos,
centopeias)

Fig. 137 Escolopenra

b. Classe Diplopoda (Diplópodos:


piolho-de-cobra, figura; maria-
café); 2 pares de pés po cada
segmento fundido no torax

Fig. 144 piolho-de-cobra e maria-café

c. Classe Pauropoda
(Paurópodos, similares aos
Diplópodos)

Fig. 138 Paurópodos


3. Superclasse Hexapoda
Classe Insecta (Subclasse Apterygota): Insectos
não alados;
Subclasses: Diplura, Protura, Collembola,
Thysanura

Fig. 139 Archaeognatha: Machilidae, maquilidos

Classe Insecta (subclasse Pterygota): Insectos


alados, a maioria dos insectos;
26 ordens, 1000 famílias, 25 000 espécies
descritas

Fig. 140 Ordem Odonata, Libélulas na cópula


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 251

i. Hemimetabola Ordens incluem:


• Odonata (libélulas)
• Mantodea (louva-a-Deus)
• Blattodea (baratas)
• Isoptera (térmitas)
• Saltatoria (gafanhotos)
• Phtiraptera (piolhos)
• Etc.
ii. Holometabola Ordens incluem:
• Planipennia (formiga-leão)
• Coleoptera (besouros)
• Hymenoptera (abelhas, vespas)
• Lepidoptera (borboletas)
• Diptera (moscas)
• Aphaniptera (pulgas)

Diferenças entre Miriápodos e Insectos


Miriápodos Insectos
• Segmentos postcefálicos numerosos • Tórax con 3 segmentos
• Sem diferença entre tórax e abdómen • Abdómen com 11 segmentos
• Um par de patas locomotoras em cada segmento • 3 pares de patas locomotoras no
do tronco tronco
• Não alados • Com dois pares de asas; asas
reduzidas ou modificadas
• Mandíbula com êndito articular • Mandíbula sem êndito articular
• Peças bucais funcionam umas contra as outras à • Peças bucais modificadas segundo
maneira de tenaz os hábitos alimentares: sugadores,
mastigadores, picadores ou
libadores
• Sem olhos compostos • Com olhos compostos
• Sem cecos digestivos • Com cecos digestivos

Comparação das divisões do corpo e das estruturas


apendiculares dos Miriápodos (Quilópodos,
Diplópodos) e Insectos.
252

Fig. 141 Construção do corpo de insectos, padrões básicos

Alguns exemplos de metamorfoses nos insectos

Fig. 142 Ilustração dos ciclos de vida de insectos com metamorfoses

Plano de construção do Insecto


As regiões do corpo são:
• Cabeça, tórax e abdómen
• Cabeça: portadora de antenas, olhos compostos,
mandíbulas, maxilas, e outras peças rostro-bucais, de
acordo com o grupo de Insectos;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 253

Classificação das peças bucais

Fig. 143 Principais peças


bucais típicas de insectos e
suas adaptações ao modo de
alimentação

Entre os animais, sejam eles invertebrados ou vertebrados, a


anatomia bucal está diretamente relacionada ao hábito alimentar.
As peças bucais podem ser do tipo mastigadoras, sugadoras,
picadoras e mais.

Fig. 144 Exemplos de adaptação de peças bucais: esquerdo, picador (acima), sugador
254

(abaixo); direita: lambedor, abelha

Formatos de antenas
Na cabeça também se encontram as antenas, cujos padrões diferem
entre si.

Fig. 145 Padrões de antenas dos Insectos

• Tórax - compreende três segmentos: protórax, mesotórax,


metatórax. Cada um destes segmentos com um par de
pernas; também no tórax localizam-se as asas; piolhos,
pulgas e outros insectos perderam na totalidade as asas em
consequência do modo de vida; elas são evaginações
epidérmicas; em certos grupos as asas podem transformar-
se em élitros (em besouros como protectores), halteres ou
balanceiros (em Dípteros como órgãos de equilíbrio; é o
segundo par).

Fig. 146 Élitros de besouro, antes e durante o voo; São órgãos protectores
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 255

Fig.147 Ilustra os halteres e a asa

• Locomoção: Dentre os insectos, existem os que voam


com auxílio das asas, os que nadam porque
desenvolveram nadadeiras (remos), os escavadores, os
trepadores, saltadores, etc. A extremidade locomotora
obedece, em princípio, ao mesmo padrão:

Fig. 148 Padrão de pata locomotora de insectos


256

Fig. 149 Modificações das patas locomotoras de insectos

• Abdómen: possui entre 9 – 11 segmentos. O telso dos


Articulata já é apenas um reduto; não é portador de pernas
locomotoras.

Fig. 150 Desenho esquemático de abdómen; destaque para espiráculos e


ovopositor
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 257

Classificação dos Insectos segundo a posição da


cabeça

A posição dos apêndices bucais em relação ao eixo do seu corpo é


marcante para a diferenciação dos insectos alados.
1) Se os apêndices estiverem direcionados para frente, diz-se
que a cabeça é do tipo prognata;

2) Se os apêndices estiverem direcionados para baixo e o


crânio estiver alinhado com o tronco, diz-se que a cabeça é
do tipo hipognata;

3) Se os apêndices estiverem em uma posição ventral voltada


para a região posterior do corpo, diz-se que a cabeça é
opistognata.

Fig.151 padrões básicos do tipo da cabeça de insectos

Ecologia, modo de vida e Fisiologia dos Insectos


Na verdade, não existem habitats livres de insectos. Muitas
espécies desta classe são cosmopolitas. Nisto, eles adaptaram-se a
todos os tipos de dietas, sobretudo ao mecanismo de obtenção do
alimento. Existe uma diferença enorme em habitats e hábitos
alimentares entre adultos e larvas.
258

Caracteristicas gerais

Sistema vascular e e sanguíneo: É constituido por um coração


tubular localizados nos nove primeiros segmentos abdominais. O
sangue é hemolinfa.
• Sistema respiratório: São as traquéias que respondem pela
respiração em todo o grupo. Elas abrem-se para o exterior através
de espiráculos ou estigmas. Trata-se de ramificações tubulares que
preenchem todo o corpo do indivíduo distribuindo, assim, o
oxigêncio da
atmosfera.

Fig. 152 Sistema traqueal dos Tracheata, principais estruturas respiratórias

• Excreção: os mais propagados órgãoa excretores dos insectos são


os tubos de Malpighi. As excretas incluem o ácido úrico.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 259

Fig. 153 Tubos de Malpighi de um insecto Blatta sp.

• Sistema nervoso – tendência à cerebralização com a


formação de um cérebro dividido em protocérebro,
deutocérebro e tritocérebro, além do cordão nervoso ventral
e do gânglio subesofágico.

Fig. 154 Sistema nervoso dos insectos

O protocérebro inerva os lobos ópticos, o deutocérebro as antenas e


o tritocérebro, por sua vez, o labrum e integra as informações dos
260

outros dois centros. O gânglio subesofágico responde pelas


mandíbulas, maxilas e lábio. O sistema nervoso inclui ainga vários
tipos de gânglios. Para além dos olhos compostos e ocelos, os
insectos possuem vários outros órgãos sensoriais distribuídos pelo
corpo. As antenas são órgãos sensoriais de tacto. Muitos insectos
possuem pêlos sensoriais que respondem às vibrações.

Fig. 155 pêlos receptores de vibrações do substrato e da presa e


olho facetado com 7omatídios e um pêlo sensorial dos
Neurópteros (formiga-leão); fotos de microscopia electrónica
do autor PIRES (1999)

• Reprodução: dióicos, fertilização interna; fêmea com dois ovários


e dois oviductos; macho com par de testículos. Desenvovleram-se
espermatóforos. Depósito de ovos na terra, ou formam-se galhas
nas árvores; desenvolvimento directo e indirecto. Ocorre a
partenogênese (abelhas).

Relação dos insectos com o Homem


Enquanto muitos deles são benéficos para o Homem e a natureza,
no geral, outros insectos são a principal causa de doenças do
Homem, sobretudo nos trópicos e subtrópicos por causa das
condições climáticas a ambentais favoráveis, mas também por
causa das condições de vida do Homem associadas à pobreza
absoluta.

Exemplos de insectos maléficos:


• O barbeiro pode causar doença-de-Chagas;
• A mosca-negra é portadora do patógeno da cegueira do rio;
• Os mosquitos alojam patógenos da malária, da dengue e da
febre amarela;
• Os Piolhos podem transmitir tifo;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 261

• As pulgas podem causar encefalite e outras moléstias;


• A mosca tsé-tsé pode transmitir a doença-do-sono.

Exemplos de insectos benéficos:


• Produção de substâncias de valor comercial (cera, seda,
corantes);
• Eliminação de desperdícios orgânicos, imediatamente
reutilizadas pelas plantas (xilófagos, coprófagos);
• Melhoramento de ventilação dos solos (formigas, abelhas,
vespas, colêmbolos);
• Alimento para peixes, anfíbios e o próprio Homem
(matomana.

Exercícios

1. O grupo a que os insectos pertencem recebe os nomes


taxonómicos de Tracheata e Antennata . O que justifica
cada uma destas designações?
Auto-avaliação
2. Faça a legenda da figura.
3. De que se trata no órgão em destaque? Qual é a sua função?
262

4. Que outros organismos exibem o mesmo órgão?


5. Encontre a afirmação correcta. O cérebro dos insectos
compõe-se de:
a. Deterotritocérebro, triruracérebro, cérebro motor
b. Protocérebro, deutocérebro e tritocérebro
c. Deutocérebro, neurocérebro e cérebro sensorial
d. Todas respostas podem ser aplicadas

Chave de correção
1. Tracheata o nome dado aos artrópodes que respiram por
traqueias e Antennata por possuirem um par de antenas.
2. Legenda
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 263

3. Trata –se de tubos de Malpighi orgão usado para a excresão.


4. São os insectos e aranhas.
5. a. Protocérebro, deutocérebro e tritocérebro

Lição nº 16
Estudo do Filo Echinodermata

No fim desta lição você será capaz de:

Identificar os animais do filo Echinodermata;

Objectivos Indicar as características específicas do filo;

Difernciar os animais pertecentes a este filo;

Mencionar as estruturas morfológicas dos Equinodermes

Descrever o modo de vida , ecologia e reprodução dos Equinodermes


264

Classificar os membros ou animais pertencentes a este fiolo

Introdução

O filo Echinodermata marca o início da linha evolutiva


Deuterostomia que, como se afirmou atrás, a boca surge como
nova formação e não mais a partir da boca primitiva. Nesta linha
estão os Equinodermes, Hemicordados e Cordados.

Fig. 163 Diversidade de formas dos equinodermes - comparar com a figura


seguinte

Equinodermes caracterizam-se pela presença de espinhos à


superfície do corpo (do Grego echinos, espinho, ouriço). Assim,
o nome está relacionado em primeiro lugar com o ouriço-do-
mar. Além do ouriço- do-mar existem as estrelas-do-mar, os
ofiúros, as bolachas-do-mar, os crinóides e as holotúrias.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 265

Fig. 164 Diversidade de habitats e modos de vida dos equinodermes

Echinodermes são organismos apenas marinhos, livres, solitários


ou coloniais. Nenhuma forma é pelágica, movendo-se todas sobre o
substrado aquático, como ilustra a figura anterior. São ainda
peculiares pela ausência de cabeça bem delimitada.

Plano de construção do corpo


A simetria radial secundária dos adultos é outra característica
particular. É, por assim dizer, simetria radial falsa, já que a fase
embrionária apresenta simetria bilateral. A simetria é pentâmera,
cinco raios, a partir dos quais se organizam todas estruturas do
corpo.

Não têm claramente um lado dorsal e ventral, mas sim oral


(relativo à boca) e aboral (fora da boca ou a ela oposto).

Revestimento do corpo
O corpo dos Equinodermes encontra-se revestida de uma simples
epiderme e, em certos casos, de espinhos protectores. Os espinhos
podem estar providos de veneno.

Sistema vascular e sanguíneo


Equinodermes não possuem coração e vasos sanguíneos
característicos mesmo nos Artrópodes. Possuem os chamados
canais hemais radiais, nos quais circula um líquido incolor
contendo amebócitos. O sistema ambulacrário é responsável pela
respiração que é por difusão. No ouriço-do-mar possui uma
esp’ecie de pequenas brânquias. As holotúrias (pepino-do-mar ou
magadjodjo em Moçambique), por sua vez, possui um sistema de
túbulos ramificados – árvores respiratórias. A água circula nestes
túbulos propulsionada a partir da cloaca.
Equinodermes possuem um esqueleto interno mesodérmico e um
sistema hidrovascular interessante.
266

Fig. 164 Secções esquemáticas de cinco classes de Equinodermes,


esquematizando as relações entre a boca (M), o ânus (A), os pés
ampulacrários (T) e o espinho (S).

Locomoção
A locomoção é feita pelos pés ampulacrários e pelos espinhos. É
lenta e rastejante.

Hábitos alimentares
Equinodermes são animais que vivem na superfície do solo
aquático, onde encontram o seu alimento constituido por algas,
moluscos e outros invertebrados. As estrelas-do-mar são
predadoras e carnívoras (preferem ostras). Abrem-nas e introduzem
o seu estômago provido de enzimas para realizarem a digestão
extra intestinal. O ouriço-do-mar que se alimenta de algas possui
dentes calcários. Algumas formas enterram-se e são sésseis, outras
deslocam-se livremente.

Excreção
Equinodermes não possuem um írgão excretor propriamente dito.
Os amebócitos transportam as excretas até aos pés ampulacrários,
ou qualque órgão que esteja em contacto com a água para os
eliminar.

Sistema nervoso e órgãos sensoriais


Na região oral, existe um anel nervoso, a partir do qual se
ramificam nervos radiais. Existem células que respondem pelo
tacto e fotorreceptores.

Reprodução e desenvolvimento
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 267

Equinodermes são dióicos e a fecundação dá-se externamente. O


desenvolvimento é indirecto e passa por larvas que são
características para cada classe:
• Larva bipinária: estrelas-do-mar,
• Larva pluteus: ofiúros e ouriços,
• Larva dolidária: crinóides e
• Larva auriculária: pepino-do-mar.

Fig.165 Larva pluteus dos ofiuróides e


ouricos-do-mar

Descreve-se ao grupo uma grande capacidade de regeneração.


Regeneração é a capacidade que certos organismos têm de poderem
recuperar partes ou órgãos perdidos, tal como a conhecemos da
lagartixa ou do caranguejo

Evolução e sistemática dos Equinodermes


Animais do Cambriano, únicos sem representantes terrestres ou da
água doce. A divisão básica compreende os Eleutherozoa e os
Pelmatazoa.

Pelmatozoa Eleutherozoa
Classes: Classes:
• Crinoidea (Crinóides) • Asteroidea (Asteróides)
• Paracrinoidea (paracrinóides, • Ophiuroidea (Ofiuróides)
extintos)
268

• Echinoidea (Equinóides)
• Holothuroidea (Holotúrias)

Os Paracrinoidea são organismos extintos. Os Crinóides são


organismos parecidos com flores. Geralmente fixam-se ao substrato
por meio de um pendúnculo.

Os Echinoidea compreendem um grupo de Equinodermes com


forma de disco, ovóide ou semi-esfera. O ouriço-do-mar é ovóide, a
bolacha marinha, discóide. Seus braços são curtos, com espinhos.
As vísceras do ouriço-do-mar encontram-se envoltas numa
carapaça (testa). Observando o corpo a partir do centro, nota-se que
dele projectam-se cinco áreas ambúlacros homólogos aos braços da
estrela-do-mar, são perfuradas para os pés ambulacrários. Apesar
de ser discóide, a bolacha marinha nota-se nela o plano radial do
adulto. Boca e ânus são centrais e estão localizados em pôlos
diferentes (oral e aboral). O ouriço-do-mar come plantas marinhas,
matéria orgânica animal morta e outros pequenos organismos. A
bolacha marinha vive de partícular orgânicas.
Os Asteróides são talvés os mais populares para a identificação dos
Equinodermes. O corpo tem a forma de estrela e apresenta cinco
braços (pentaradial). Muitas formas apresentam mais do que cinco
braços (raios).

Fig.166 Vista aboral (dorsal) e oral (ventral) da estrela-do-mar, mostrando as


estruturas do corpo.

Morfologia dos Asteróides


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 269

O corpo em forma de estrela possui um disco central, do qual


partem os raios ou braços. No centro do disco localiza-se a boca.
Cada braço está provido de um sulco, sulco ambulacrário. Nos
sulcos notam-se duas ou quatro fileiras de pés ambulacrários, que
são os órgãos locomotores e fazem parte do sistema hidrovascular,
como foi dito atrás. A superfície do corpo possui na zona aboral
espinhos obtusos (não afilados). O ânus abre-se próximo do centro
da superfície aboral.

Ecologia e hábitos dos Asteróides


Os Asteróides distribuem-se por todas costas marinhas. São mais
encontrados em praias onde predominam rochas, mas também
podem penetrar até zonais mais profundas. A sua alimentação
consiste em moluscos, crustáceos, vermes e assite-se também o
canibalismo. Outros animais, como pequenos peixes, podem entrar
na dieta. Os pés ambulacrários são responsáveis pela captura. As
estrelas-do-mar podem soltar voluntariamente um braço e recuperá-
lo posteriormente. É uma estratégia de defesa conhecida por
autotomia: o organismo solta o braço para se defender.

Possuem brânquias dérmicas moles e pequenas, as pápulas,


projectados entre os espinhos e que servem a respiração e excreção

Reprodução
Os Asteróides são dióicos (todo filo) com fertilização externa, na
água. O desenvolvimento passa por uma larva bipinária de
simetria bilateral.

Ofiuróides
Os ofiúros ou serpentes-do-mar possuem um disco central, do
qual partem cinco longos tentáculos, delgados, articulados. Em
cada braço localiza-se o sistema ambulacrário típico de todo o
grupo dos Equinodermes. Os pés ambulacrários auxiliam na
270

respiração e levam o alimento à boca. Diferentemente ao grupo


anterior, eles não possuem brânquias dérmicas. A boca está no
disco central e não existe uma abertura anal.

Ecologia e hábitos de vida


Indivíduos da classe Ophiuroidea vive em águas rasas a profundas
e podem ser achados nas rochas. Alimentam-se de pequenos
crustáceos, moluscos e detritos. Mas eles mesmos são um alimento
preferido dos peixes.

Fig. 167 Diferentes formas de Ofiuróides

Holotúrias
Magadjodjos, são assim chamadas as Holotúrias em Moçambique.
Animais de corpo delgado, alongado em um eixo oral-aboral. A
parede do corpo é de natureza coriácea, cheia de ossículos calcários
microscópicos. Possuem inúmeros e variáveis tentáculos a
circundarem a boca.

As Holotúrias correm o risco de extinção devido à elevada


predação pelo Homem que as usa para diferentes fins, incluindo
alimentação e fabrico de artigos artesanais como calçado.

Tal como todos membros do filo, apresentam zonas (2)


longitudinais de pés ambulacrários na região dorsal que funcionam
como órgãos tácteis e respiratórios.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 271

As Holotúrias têm uma locomoção semelhante à das lesmas. Vivem


no solo aquático, escavam o lodo ou areia da superfície, deixando
apenas as extremidades do corpo expostas. À pequena perturba,cão
contraem-se.

O seu alimento é constituído por material orgânico dos detritos do


fundo. Também alimentam-se de pláncton.

Fig.168 Holotúria Cuaonaria frondosa

Exercícios

1. Compare os Protostomia com os Deuterostomia.


2. Que organismos fazem parte desta divisão?
3. Como se justifica a simetria radial da estrela-do-mar?
Auto-avaliação
4. Mencione duas características distintivas dos equinodemres.
5. Descreva o habitat e os hábitos alimentares dos equinodermes.
6. Mencione as principais formas larvares dos equinodermes.
272

7. Identifique o organismo desta figura seguinte.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 273

Chave de correção

1. Tanto os protostomia como os deuterostomia são duas


linhas evolutivas que os organismos animais seguiram. Os
animais que seguiram a linha evolutiva dos
protostomios/protostomia são caracterizados pela presença
da boca primitiva como a definitiva ao longo da sua vida de
existênncia. Enquanto que os deuterostomios/deuterostomia
são caracterizados pela presença da boca primitiva e a
definitiva é uma nova formação.

2. Fazem parte dos protostomios os platelmintes, nematelmintes,


moluscos, anelídeos e artrópodes. E na divisão deuterostomia são
os equinodermes, hemicordados e os cordados.

3. A simetria radial dos equinodermes justifica-se como uma


adaptação do animal (estrela –do- mar) a vida séssil na fase
adulta, visto que a estrela -do -mar na fase de larva apresenta a
simetria Bilateral e é livre natante.

4. Os equinodermes apresentam na superfície do corpo espinhos


calcários e um sistema locomotor complexo , chamado de
sistema ambulacrário.

5. Equinodermes em termos de habitat são animais que vivem


na superfície do solo aquático,. algumas formas enterram-se
e são sésseis, outras deslocam-se livremente.
Tem como hábitos alimentares outros animais aquqticos
como: algas, moluscos e outros invertebrados. As estrelas-
do-mar são predadoras e carnívoras.
6. As principais formas larvares dos equinodermes são:
Larva bipinária, pluteus, dolidária, uriculária.
7. A figura representa a Larva pluteus dos ofiuróides e
ouricos-do-mar
274

Sumário
• O Reino animal compreende dois subreinos: Protozoa e
Metazoa, uma posição ainda discutível.
• Os protozoários são sempre unicelulares, embora possam
vivem em colónias.
• Os metazoários são sempre pluricelulares e exibem
diferentes níveis de evolução dos tecidos, havendo os que
não formam tecidos verdadeiros (parazoa) e os que os
formam.
• Existem três teorias sobre a origem e evolução dos
metazoários, sendo a teoria blastea de Heackel a mais
aceite.
• Uma das características básicas dos metazoários é a
heterotrofia.
• Na sua arquitectura interna, os metazoários podem ou não
exibir uma cavidade interna secundária denominada por
celoma.

• Tracheata refere-se a um subfilo dos Arthropoda e o seu nome


justifica-se pelo desenvolvimento de o sistema de respiração
por traquéias.
• Fazem parte do grupo os Myriapoda e Hexapoda.
• Tubos de Malpighi são os únicos órgãos excretores do grupo.
• Os indivíduos pertencentes a este grande grupo diferem entre
si quanto a divisão do corpo, às extremidades de locomoção,
aos vários apêndices do corpo (incluindo as peças bucais), aos
hábitos alimentares e aos habitats ocupados.
• Muitos insectos desenvolvem-se por metamorfoses, podendo
estas serem do tipo hemimetabólico e holometabólico, mas
também existem os que têm um desenvolvimento totalmente
directo.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 275

• As extremidades locomotoras dos insectos podem diferir entre


os diferentes grupos em consequência da sua adaptação ao tipo
de locomoção no seu meio específico.
• O mesmo se diz relativamente ao número, formato e posição
das peças bucais.
• O padrões anatómico e fisiológico dos principais sistemas
(repiratório, digestivo, circulatório, e excretor) não sofrem
grandes alterações dentro dos Tracheata.
• O seu sistema nervoso é o mais complexo de todos os
invertebrados, excluindo o caso dos cefalópodes.
• Os insectos subdivide-se basicamente em alados (Pterygota) e
não alados (Apterygota), sendo os alados os que apresentam
maior diversidade.
• O outro sistema de classificação dos insectos é quanto à sua
importância para o Homem e a natureza.
• Em princípio, todos insectos alados possuem dois pares de
asas; Mas, estas podem estar transformadas ou reduzidas, ou
desenvolverem-se numa determinada fase do ciclo de vida. As
grandes transformações são relativas ao surgimento de élitros
e halteres.

Filo Porifera/poríferos
• Porifera é o nome científico das esponjas, cuja característica
básica é a presença de poros na superfície do corpo.
• Os poríferos constituem uma das faunas mais antigas na
evolução dos animais.
• Ecologicamente as esponjas são úteis porque desempenham
diferentes funções nos ecossistemas, sobretudo nos recifes-
do-coral.
• O Homem faz uso das esponjas desde os promórdios da
humanidade, que para a higiente, quer para a medicina e
alimentação.
Do ponto de vista evolutivo as esponjas relacionam-se com
os protozoários e internamente o grupo compreende três
276

nívei evolutivos. Nesta evolução a estrutura interna e a


complexidade das camadas foi-se modificando em benefício
da melhor captura do alimento e da circulação da água.

Filo Cnidaria/ Cnidários


Cnidários são os primeiros metazoários verdadeiros
(eumetazoários) e superam na sua evolução os poríferos.
Mesmo assim, eles estão ao nível de duas camadas celulares
(diploblastia). Antes foram classificados como celenterados
juntamente com os ctenóforos.
• Uma das principais características do grupo é a presença de
cnidas (daí o nome).
• A outra característica peculiar do grupo é o ciclo de vida com
alternância de gerações do tipo metagenético, onde se
alternam a fase de medusa com a de pólipo. A medusa é
sexuada e o pólipo assexuado. Esta alternância de gerações
desaparece em certos grupos, com maior destaque para os
antozoários.
• Os cnidários habitam mais o mar, mas também existem
formas de águas doces.
• As medusas e os pólipos têm estruturas semelhantes, mas
outras são típicas para cada estágio e correspondem aos
diferentes hábitos de vida.
• Os pólipos são quase sempre sésseis, embora possam
locomover-se. As medusas são livres natantes.
• Os hábitos alimentares são muito diversificados. Também
encontramos simbiontes, comensais, parasitas, além de
predadores clássicos.

Existem actualmente as seguintes classes: Hydrozoa, Scyphozoa e


Anthozoa. Os Anthozoa são os responsáveis pelos bancos-do-coral.
Trata-se de um ecossistema rico em biodiversidade e produção de
biomassa que, hoje, está a ser ameaçado à extinção devido às
actividades humanas diversas
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 277

Filo Plathelminthes/ Platelmintes


Para além da simetria radial, existe nos animais a simetria bilateral.
São duas linhas evolutivas diferentes. Os Bilateria incluem todos os
animais a partir dos Platelmintes. Animais bilaterais têm outro
plano de construção do corpo.
O filo Platelmintes é o primeiro a exibir a triblastia.
O filo Platihelminthes congrega vermes dorsoventralmente
achatados muito familiares ao Homem e que constituem perigo
para a saúde pública, por exemplo, a Fascíola, o Equistosoma e a
Ténia.
Os Platelmintes, juntamente com os Nemertinos, são considerados
pseudocelomados. Platelmintes são, na sua maioria, parasitas
obrigatórios, ou facultativos, endoparasitas, ou ectoparasitas. Para a
sua vida parasítica desenvolveram adaptações sob a forma de
estruturas de fixação, os ganchos e as ventosas. Os endoparasitas
obrigatórios reduziram o trato intestinal e em seu lugar
desenvolveram órgãos reprodutores. Actualmente aceita-se a
divisão dos Platelmintes em Turbelaria, Trematoda e Cestoda.

Filo Nemertini e Nemathelminthes/ Nemertinoe e


Nematelmintes.

• Oa Nemertini situam-se entre Platyhelminthes e


Nematyhelminthes e são pseudocelomados.
• Nematelmintes são animais vermiformes cilíndricos que
comportam formas livres e parasíticas.
• Os principais parasitas são:
o Ascaris lumbricoides, Pascaris equorum,
Entamobius vermicularis, Ancylostoma duodenale,
Trichinella spiralis e Wuchereria bancrofti.
• O sistema actual dos Nematelmintes compreende as classes:
o Classe Gastrotricha
278

o Classe Rotifera ou Rotatoria


o Classe Nematoda

Filo Mollusca/Moluscos

1. O Nome do filo Molusca refere-se ao seu corpo mole.

2. Moluscos fazem parte da linha evolutiva dos Spiralia que


inclui ainda aos Anelídeos e os Artrópodes. Tal se deve ao
padrão de clivagem espiral do zigoto e à larva trocófora.
3. Os Moluscos conquistaram diferentes habitats, vivendo uns
na água e outros na terra. Para o efeito, eles desenvolveram
mecanismos específicos de respiração.
4. Moluscos joram e continuam a jogar um papel muito
importante para o homem, quer na sua alimentação, no
comércio e na sua cultura.
5. O filo compreende as classes Gastropoda, Bivalvia e
Cephalopoda. Estas classes demonstram características
comuns, mas também sofreram uma evolução interna, o que
torna a sua comparação actualmente difícil. Por exemplo, a
presença ou não da concha que cobre o corpo, a presença ou
não de uma rádula ou do pé rastejante.
6. De uma maneira geral, o corpo dos Moluscos divide-se em
três regiões que são:

 Cabeça

 pé rastejante

 Saco visceral.
7. Sistema vascular e sanguíneo aberto.
8. Sistema nervoso formado por um anel nervoso ao redor do
esôfago. A partir daí partem cordões que inervam diferentes
órgãos.
9. Os outros grupos dos Moluscos são pouco conhecidos, são
eles:
• Classe Aplacophora: Aplacóforos ou Solenogásteres
(Solenogastres), Moluscos vermiformes.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 279

• Classe Polyplacophora: Poliplacóforos, Moluscos


cobertos de várias placas.
• Classe Monoplacophora: Monoplacóforos.
• Classe Scaphopoda, Escafópodes.
10. Das particularidades mais destacáveis das diferentes
classes, mencione-se a grande evolução sensorial e cerebral
que terá levado ao desenvolvimento de comportamentos
predatórios muito peculiares.

Filo Artrhopoda/Artrópodes
 Os Articulados (Articulata) constituem uma linha evolutiva
caracterizada por ter o corpo dividido em segmentos ou
metâmeros. Fazem parte os Anelídeos, Artrópodes, os
Onicóforos, Tardígrados, Pentastomídeos.

• O filo dos Anelídeos (annelida) está na base de evolução


dos Articulata.
• Em cada metâmero localizam-se os sistemas nervoso,
sanguíneo e excretor e, por vezes, também os órgãos
reprodutores.
• Dentro dos Articulata e em todo o reino animal, os
Artrópodes são os mais numerosos e com maior
biodiversidade.
• Dos Artrópodes fazem parte os Quelicerados, Crustáceos,
Quilópodes e Insectos. Estes grupos partilham
características comuns, mas demonstram uma dgande
diversidade de formas. Também há formas mais primitivas,
algumas das quais fósseis (Trilobitos, por exemplo).
• O corpo dos Artrópodes está coberto por uma cutícula
quitinosa, riga e endurecida que periodicamente sofre
mudas ou ecdise em consequência do crescimento do corpo.
• No processo das mudas jogam papel diferentes hormonas.
280

• O padrão básico das partes de uma extremidade


compreende protopodito, endopodito, epipodito e
exopodito.
• O Sistema nervoso compõe-se de um cérebro mais
complexo do que todos filos dos invertebrados anteriores.
Os órgãos sensoriais compreendem olhos complexos ou
facetados, constituídos basicamente por omatídeos. Para
além dos olhos, diferentes órgãos sensoriais quimioceptores
e mecanoceptores estão presentes em muitos Artrópodes
como é o caso das antenas.
• Artrópodes conquistaram diferentes habitats, ocorrendo na
água, na terra e no ar. Para o efeito, eles desenvolveram
diferentes formas de adaptações anatómicas, morfológicas e
comportamentais. A respiração pode ser por meio de
brânquias ou traqueias. As traqueias terminam em aberturas
chamadas de estigmas.
• A alimentação dos Artrópodes é muito variada. Muitos
deles alimentam-se de vegetais, mas também existem
predadores e parasitas e muito mais.
• O sistema vascular e sanguíneo de todos os Artrópodes é
aberto e o líquido que nele circulam chama-se hemolinfa.

Filo Echinodermata/Equinodermes
• Com o grupo dos Equinodermes inicia-se uma nova linha
evolutiva dos organismos de simetria bilateral, os
Deuterostomia.
• Os equinodermes recuperaram falsamente a simetria radial
dos Radiata, uma vez que ela aparece apenas no adulto.
• O plano básico do corpo pode ser dividido em região oral e
boral.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 281

• O sistema circulatório e sangíneo e respiratório dos


equinodermes é bastante simplificado, não exibindo coração
e vasos sanguíneos.
• Equinodermes são apenas marinhos.
• Equinodermes são dióicos e a fecundação é externa. De
acordo com a classe, existem diferentes tipos de larvas.
• A divisão básica compreende os Eleutherozoa e os
Pelmatazoa.

Quadro resumo dos equinodermes:


CLASSE EM PORTUGUÊS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS

Crinoidea Crinóides Alguns fixos no fundo Lírios-do-mar


do mar, outros
flutuantes livres

Ophiuroidea Ofiuróides Livres, corpo com Serpentes-do-


forma de estrela mar
aberrante devido aos
braços exageradamente
longos

Asteroidea Asteróides Livres, com forma de Estrelas-do-


estrela, número de mar
braços variável

Echinoidea Equinóides Livres, semi-esf’ericos, Ouriços-do-


cobertos de espinhos mar,
obtusos bolachas-do-
mar

Holothuroidea Holotúrias Corpo alongado, região


oral circundada por
braços, muito presos ao
fundo do mar e às
rochas
282

Unidade IV

Estudo do Filo Chordata

Fig. 169 Árvore filogenética dos Chordata

No fim desta lição você será capaz de:

 Identificar os animais do filo Chortada;

Objectivos da unidade  Indicar as características gerais do filo;

 Descrever os conceitos basicos do filo;

 Mencionar as estruturas morfológicas e fisiológicas dos


cordados/chordata.

 Descrever a ecologia e o modo de vida dos cordados

 Descrever a Evolução, sistemática e principais classes dos


Cordados
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 283

Características gerais dos Chordata

O filo CHORDATA (gr. chorda, cordão) é o maior filo e o


ecologicamente mais significante da linha de evolução dos
Deuterostomia. Compreende alguns grupos invertebrados, bem
como todos os animais vertebrados. Ocorre em todos os habitats,
marinho, de água doce e terrestre.

O último filo dos Deuterostomia, consequentemente do reino


animal, é o filo dos Cordados (Chordata: do Grego chorda, cordão,
corda). A presença de uma corda dorsal é a principal característica
do filo. Nos Deuterostômios é o maior e compreende animais
invertebrados e vertebrados. As características gerais que definem
o filo e o separam dos outros são as que se seguem.

Em determinados momentos do ciclo vital, os Cordados


apresentam:
• Uma notocorda dorsal, ou uma estrutura dela derivada, a
coluna vertebral. A corda assemelha-se a um bastonete, é
elástica, ímpar e percorre dorsalmente todo o corpo. A
corda é a estrutura de suporte do esqueleto axial.
• Um tubo nervoso dorsal oco,
• Fendas faríngeas durante algum estágio do ciclo vital.
• Cauda projetando-se atrás do ânus, persistente ou não no
adulto.
• O esqueleto, quando presente, é um endoesqueleto formado
no mesoderma.
• Sistema circulatório fechado com um coração ventral
(exceto em Urochordata).
284

• Sexos geralmente separados (alguns hermafroditos ou


protândricos); ovíparos, vivíparos ou ovovivíparos.
As primeiras quatro características formam-se no embrião jovem de
todos os cordados. Elas persistem, podem ser alterados ou podem
desaparecer no adulto.
Para além destas características, os Cordados partilham com os
outros deuterostômios:
Simetria bilateral, com três folhetos germinativos e um corpo
segmentado.
• Tubo digestivo completo.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 285

Lição nº 1
Definição dos principais conceitos,
Evolução, sistemática dos Chordata

No fim desta lição você será capaz de:

 Descrever os conceitos basicos do filo;

Objectivos  Mencionar as estruturas morfológicas e fisiológicas dos


cordados/chordata

 Descrever a ecologia e o modo de vida dos cordados

 Descrever a Evolução, sistemática e principais classes dos


Cordados

Definição dos principais conceitos


• A notocorda, notocórdio é a primeira estrutura de sustentação
do corpo de um cordado. No embrião jovem forma-se acima do
intestino primitivo como um delgado bastonete de células
contendo uma matriz gelatinosa e é envolvida por tecido
conjuntivo fibroso. Constitui um bastonete flexível, todavia
rígido, sobre o qual agem os músculos para efetivar a
locomoção.
• O tubo nervoso forma-se na superfície dorsal do embrião
jovem, logo após a gástrula. Uma invaginação da ectoderme
produz o cordão tubular oco que se situa acima da notocorda. A
extremidade anterior dilata-se e diferencia-se no encéfalo.
• As fendas faríngeas (às vezes referidas como fendas
branquiais), pares, desenvolvem-se nos lados da faringe
embrionária. Cada uma é formada por uma evaginação da
endoderme da faringe e uma invaginação da ectoderme da
parede do corpo; a parede intermediária rompe-se para formar a
286

fenda branquial nos representantes aquáticos. Em vertebrados


superiores, que respiram por pulmões, as brânquias
desenvolvem-se somente no embrião e desaparecem antes do
nascimento.

Evolução, sistemática e principais classes dos


Cordados

Tab. : Grandes divisões do Filo Chordata e suas particularidades


Subfilos Classes e suas principais características

UROCHORDATA ou TUNICATA APPENDICULARIA: diminutos,


Notocorda e tubo nervoso apenas na larva; semelhantes a girinos; túnica temporária; 2
fendas branquiais
ASCIDIACEA: Ascídias. Túnica com
músculos dispersos; muitas fendas
branquiais
THALIACEA: Salpas. Túnica com faixas
musculares circulares
CEPHALOCHORDATA ou ACRANIA peixes, segmentados; epiderme
Notocorda e tubo nervoso ao longo de todo o uniestratificada, sem escamas; muitas fendas
corpo e persistentes; fendas branquiais branquiais
persistentes.
OSTRACODERMI: Peixes primitivos
encouraçados. Escamas grandes,
VERTEBRATA ou
freqüentemente fundidas formando escudo
CRANIOTA
Superclasse cefalotorácico
Com crânio, arcos viscerais
PISCES CYCLOSTOMATA: Ciclóstomos. Pele
e encéfalo.
Nadadeiras pares, sem escamas; boca sugadora; 5 a 16 pares de
brânquias, pele brânquias
com escamas Mandíbulas primitivas; fendas branquiais
completas na frente do hióide
CHONDRICHTHYES: Tubarões e raias.
Pele com escamas placóides; esqueleto
cartilaginoso; 5 a 7 pares de brânquias em
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 287

fendas separadas
OSTEICHTHYES: Peixes ósseos. Pele com
escamas ciclóides ou ctenóides; 4 pares de
brânquias em uma cavidade comum coberta
por opérculo
Superclasse AMPHIBIA: Anfíbios. Pele úmida, mole,
TETRAPODA sem escamas externas
Extremidades REPTILIA: Répteis. Pele seca, com
pares, pulmões, escamas ou escudos
pele cornificada, AVES: Aves. Pele com penas; extremidades
esqueleto ósseo. anteriores transformadas em asas;
homeotermos
MAMMALIA: Mamíferos. Pele com pêlos;
homeotermos; amamentam os filhotes

Característcicas dos Urochordata


O subfilo dos Urocordados ou Tunicados é constituído pelas
classes Ascidia e Appendicularia. Comporta aproximadamente
170 espécies.

Fig.170 Esquema de organização de uma Ascidia.

Ecologia
Todos urocordados são marinhos. Depois de umas horas ou dias de
vida livre a larva prende-se verticalmente por suas glândulas
288

adesivas a uma rocha ou superfície dura, onde permanece a vida


inteira. Tunicados são habitantes de águas razas, mas algumas
formas encontram-se em águas profundas. Em alguns adultos
desenvolveu-se a vida colonial. São filtradores. As partículas são
empuradas pelos cílios com a corrente de água.

Características morfológicas e fisiológicas


• Tegumento: o corpo é coberto por um manto cuticular celulósico
segregado pelo epitélio..
• Sistema vascular e e sanguíneo: Há um aparelho circulatório com
vasos sanguíneos.
• O trato digestivo é completo, com boca, um átrio e fendas
branquiais (ou faríngeas). Estas abrem-se no átrio e são
responsáveis pela filtração das partículas alimentares.
• Sistema nervoso-

sensitivo: há um cérebro, gânglios,olho mediano e otólitos.


Fig. 171 Colónia e larva típica de ascídias – Ciona intestinalis

Sistemática dos Urochordata


Os Urocordados compreendem as seguintes classes:
1. Ascidiacea: Ciona
2. Larvacea, Appendicularia: Salpa
3. Thaliacea: Oikopleura
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 289

Característcicas dos Cephalochordata

Fig. 172 Branchiostoma lanceolatum

Características gerais
O subfilo dos Cefalocordados (Cephalochordata ou Acrania) é
constituído basicamente pelo género Branchiostoma. Este grupo já
foi chamado de Anfioxos, nome já em desuso. Estes animais
possuem todas as características de base dos cordados. Estima-se
em cerca de 20 a 30 o número de espécies que o compõem este filo
de dimensões não superiores a 10 cm.

Fig. 173 Esquema de organização interna de Branchiostoma lanceolatum

• Possuem uma nadadeira dorsal e a nadadeira pré-anal do


atrióporo ao ânus, sendo constituídas por câmaras contendo curtos
raios de tecido conjuntivo. Na região caudal nota-se uma
nadadeira membranosa.
• O tegumento é uma epiderme mole.
• Sistema vascular e e sanguíneo: aproxima-se ao dos cordados
superiores, mas falta-lhe o coração. Além dos vasos sangüíneos
290

definitivos, há espaços abertos de onde o sangue incolor escapa


para os tecidos. A água, contendo oxigênio, passa da faringe pelas
fendas faríngeas. É um sistema fechado mas sem coração
diferenciado, devendo-se a circulação sanguínea as contracções da
aorta ventral.
• O trato digestivo: Trata-se de um trato digestivo muito simples,
com um capuz oral (vestíbulo) que apresenta cirros bucais. A boca,
localiza-se a seguir ao vestíbulo.

Fig. 174 Corte transversal pelo corpo de Branchiostoma mostrando os


metâmeros

Atrás desta localiza-se a faringe que exibe fendas faríngeas. Depois


destas eestá o intestino que vai dar no ânus.
• O aparelho excretor compreende aproximadamente 100 pares de
pequenos nefrídios ciliados nos vestígios dorsais do celoma acima
da faringe.
• O sistema nervoso situa-se acima da notocorda e é constituído por
um tubo nervoso simples com um pequeno canal central. A parte
anterior, ligeiramente maior, forma uma vesícula cerebral mediana,
com uma fosseta olfativa, uma pequena mancha ocelar não-
sensitiva.Além disso, encontram-se dois pares de nervos centrais.
• Reprodução: possuem sexos são separados, sendo a fecundação
externa.

Ao contrário dos urocordados, os cefalocordados conservam no


adulto as características típicas dos cordados, com notocorda
dorsal estendendo-se até a ponta dea cauda.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 291

• O cordão nervoso acompanha dorsalmente a notocorda e a faringe


é ampla e com inúmeras fendas branquiais diagonais.
• A metamerização é evidente nos músculos e forma miómeros.
• O celoma no adulto é reduzido e complicado, excepto em volta do
intestino.
• A excreção é feita por cerca de 100 pares de nefrídeos.

Ecologia e modo de vida


Demonstram uma vida semi-séssil, enterram-se na areia a pouca
profundidade da superfície das águas costas marinhas sobretudo
tropicais. Locomovem-se por movimentos típicos de virar várias
vezes o corpo auxiliado pelas nadadeiras.

Exercícios

1. Mencione as principais características gerais dos Chordata

2. Faça descrição sumária dos grupos:


Auto-avaliação
a. Urochordata

b. Cephalochordata

3. Define o conceito notocorda dos Chortada

4. Mencione as principais características gerais dos Chordata

5. Faça descrição sumária dos grupos:

a. Urochordata
292

b. Cephalochordata

6. Define o conceito notocorda dos Chortada

Chave de correção

1. Nos Chordata encontram se características como: A presença


da notocorda dorsal, de um tubo nervoso dorsal oco, fendas
faríngeas, cauda projetando-se atrás do ânus, esqueleto(
endoesqueleto) , Sistema circulatório fechado , Sexos
geralmente separados e.t.c..
2. a. Os Urochordata apresentam a notocorda e tubo nervoso
apenas na larva. Todos urocordados são marinhos, são
filtradores, tem o corpo é coberto por um manto cuticular
celulósico que envolve todo animal chamado de túnica,
possuem um aparelho circulatório com vasos sanguíneos, o
trato digestivo é completo e Sistema nervoso com cérebro.
2. b. Cephalochordata tem a notocorda e tubo nervoso ao longo de
todo o corpo e persistentes; fendas branquiais persistentes ao longo
da vida do animal, possuem uma nadadeira dorsal e a nadadeira
pré-anal , ao contrário dos urocordados, os cefalocordados
conservam no adulto as características típicas dos cordados,
com notocorda dorsal estendendo-se até a ponta dea cauda.
Estes animais possuem todas as características de base dos
cordados.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 293

Lição nº 2
Estudo do Subfilo Vertebrata e Agnatha

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais destes subfilos


Objectivos • Mencionar as estruturas morfológicas dos subfilos

• Descrever a sistemática dos Agnatha e dos Vertebrata

Característcicas dos Vertebrata


− Com inclusão dos organismos extintos (fósseis), o subfilo dos
Vertebrados torna-se o maior e mais diversificado dentro dos
Cordados e congrega 9 classes.

− Divisão sistemática dos Vertebrados


Divisão segundo
Superclasses Classes desenvolvimento
embrionário
+ Ostracodermi Ostracodermes
Cyclostomata Ciclóstomos
Anamnia
Pisces (Peixes)

Agnatha (sem + Placodermi Placodermes


maxilas) Chondrichthyes Peixes
cartilagíneos
Osteisthyes Peixes ósseos
Amphibia Anfíbios
(Tetrápodes)
Tetrapoda

Tetrapoda

Gnathostomata Reptilia Répteis


Amniota

(com maxilas) Aves Aves


Mammalia Mamíferos

− +: extinto
294

Relação filogenética dos Vertebrados


A árvore filogenética dos Vertebrados pode ser apresentada da
seguinte forma:

Fig. 175 Árvore filogenética dos Vertebrados

Características morfológicas dos Vertebrados

Para além das características que o subfilo partilha com todos


outros Cordados, são-lhes tipicamente distintivos:
1. Um encéfalo grande encerrado numa caixa craniana;
2. Uma coluna vetebral segmentada, de vértebras, que é o
suporte axial do corpo e protege os ógãos internos. Surge
pela primeira vez um endoesqueleto ósseo (grupos
superiores) ou cartilagíneo (vertebrados inferiores). Em
todos os casos ele é articulado;

3. Dois pares de extremidades, as nadadeiras dos peixes e as


pernas dos tetrápodos, com suportes esqueléticos;
articulam-se com a coluna vertebral através de cinturas
escapular e pélvica. É ainda como característica diagnóstica
a divisão do corpo em cabeça (assente no pescoço) tronco
e cauda.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 295

Outras características dos Vertebrados


• O tegumento é um epitélio estratificado de epiderme e derme;
• Em muitos Vertebrados o corpo é coberto por escamas (peixes
e répteis) penas (aves) e pêlos (mamíferos);
• O trato digestivo é completo e ventral em relação a coluna
vertebral, começando da boca e terminando no ânus ou cloaca.
Os Vertebrados possuem tipicamente o fígado e o pâncreas
como duas grandes glândulas digestivas;
• Uma série de outras glândulas endócrinas (ex. tireóide,
hipófise) produz secreções internas ou hormônios transportados
pelo sangue, que regulam processos do corpo, crescimento e
reprodução;

O aparelho circulatório fechado inclui um coração muscular


bem desenvolvido com 2, 3 ou 4 câmaras. As contrações do
coração bombeiam o sangue para as restantes partes do corpo,
incluindo os pulmões e brânquias para o seu enriquecimento

• com oxigênio. O plasma sanguíneo contém tanto glóbulos


brancos como vermelhos, estes últimos com hemoglobina como
pigmento respiratório;
• Ao lado do sistema sanguíneo, os Vertebrados desenvolveram
um sistema linfáticos;
• A respiração das formas aquáticas é feita por brânquias pares.
Nas formas terrestres entram os pulmões;
• Os órgãos excretores são os rins. Os rins compõe-se em geral
de uma massa de celomoductos que se abrem num ducto
colector. A excreção é líquida, excepto nos répteis e aves, que
têm excretas semi-sólidas (ácido úrico), eliminadas juntamente
com as fezes;
• Sistema Nervoso. Em todos os vertebrados, o sistema nervoso
origina-se na fase embrionária. É sempre tubular e dorsal ao
tubo digestivo. O encéfalo diferencia-se estrutural e
funcionalmente em regiões. Os dois hemisférios
296

desenvolveram-se de modo diferenciado nas diferentes classes.


Há 10 ou 12 pares de nervos cranianos na cabeça, que servem
para funções motoras e sensitivas, incluindo os órgãos de
sentidos especiais (olfato, visão, audição e equilíbrio);
• Os Vertebrados são primariamente de cada um tem um par de
gônadas que produzem as células sexuais masculinas e
femininas. Ductos especializados transportam estas células para
a fertilização;
• Um celoma perivisceral bem desenvolvido está sempre
presente.

Estudo do subfilo Agnatha

1. Classe Ostracodermi
Nesta classe trata-se de organismos fósseis, com corpo protegido
por uma espécie de escudo blindado; desprovidos de maxilas e
ocuparam Siluriano e Devónico.

2. Classe Cyclostomata (Ciclóstomos)


Na fauna atual os Ciclóstomos estão representados por apenas dois
grupos: Myxinoidea (o das lampreias, com 30 espécies) e
Petromyzonta (o das feiticeiras, com 20 espécies).

Fig. 176 Exemplos dos Ciclóstomos;


A. Eptatretus stouti (Peixe-bruxa) e B. Petromyzon marinus (lampreia
marinha)

Algumas características dos Ciclóstomos


Sem distinguirmos muito entre os dois grupos, podemos afirmas
que:
• As lampréias são interessantes pelo seu ectoparasitismo
em peixes e baleias. Ocorrem tanto no mar como na água
doce de regiões temperadas;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 297

• Possuem uma boca ampla, com numerosos dentes córneos


que elas usam para sua fixar na pele dos outros animais. A
língua também apresenta minúsculos dentes córneos,
usados para cortar a pele da vítima;
• São dióicos e a fecundação é externa e sofrem
metamorfose;
• As feiticeiras são exclusivamente marinhas e vivem a mais
de 25 metros de profundidade nos oceanos. São carnívoras,
alimentando-se principalmente de pequenos poliquetos e
peixes. Sua boca, rodeada por 6 tentáculos, é reduzida, com
dentes pequenos usados para arrancar pedaços do corpo da
presa. Esses animais são hermafroditas. O seu
desenvolvimento é direto.

Para toda a classe pode-se afirmar ainda:


• Que possuem fendas branquiais que se abrem diretamente
para fora do corpo e não se relacionam com a função de
alimentação, i.e. o seu papel é meramente o respiratório;
• O corpo é alongado, delgado e cilíndrico, com a região da
cauda comprimida; nadadeiras medianas sustentadas por
raios cartilaginosos; pele mole e lisa, com muitas glândulas
mucosas unicelulares; escamas, mandíbulas e nadadeiras
pares estão ausentes;

Fig.177 Estrutura interna de uma lampreia marinha

• Não possuem uma divisão clara da cabeça com o resto do


corpo.
298

• Têm órgãos olfativos pares;


• Crânio e arcos viscerais cartilaginosos;
• Notocorda persistente; vértebras representadas por
pequenos arcos neurais imperfeitos sobre a notocorda;
• Coração com 2 câmaras, aurícula e ventrículo;
• Temperatura do corpo variável (poiquilo-, ou
ectotérmicos).

Exercícios
Actividade
Procure informar-se sobre o modo de vida e reprodução da
Auto-avaliação lampreia e desenvolva um ensaioou seja um trabalhoescritoa de
não mais do que página e meia.

Chave de correção

Busque na literatura indicada no módulo.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 299

Lição nº 3

Estudo do Subfilo dos


Gnatostomata

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais do subfilo

Objectivos • Mencionar as estruturas morfológicas do subfilo

• Descrever a sistemática do Subfilo Gnatostomata

• Mencionar os animais pertencente a este subfilo

Caracteristicas do Subfilo gnatostomata


Esta linha evolutiva engloba os cordados mais conhecidos
popularmente: anfíbios, peixes, répteis, aves e mamíferos. A
característica principal que partilham entre si é a presença de
mandíbulas na boca. Desenvolveram um arco maxilar no
esqueleto visceral.

Grupo dos Peixes (Pisces)


A Zoologia Sistemática moderna já não considera os peixes como
uma classe única, tendo-a, para o efeito, reclassificado em
diferentes classes (quadro acima).

Classe Placoderme
Tipos de peixes extintos (fósseis) do Silúrico e Devónico. O seu
corpo era também coberto por uma placa córnea endurecida. O
passo mais importante na sua evolução, quando comparados com
300

os Ostracodermi, foi o desenvolvimento de mandíbulas. A maioria


vivia primariamente na água doce e, talvés mais tarde nos mares.

Fig. 178 Alguns representantes dos Placodermi do devoniano

Classe Chondrichthyes

São os peixes com esqueleto interno de cartilagem, i.e. não


ossificado, composto por uma cápsula craniana portadora de
mandíbulas, arcos branquial, coluna vertebral com grandes restos
da corda e as cinturas dos pares de barbatanas.

Fig.179 Escamas placóides


ampliadas; A. vista
superficial; B. Secção
mediana de uma escama

Em relação aos seus ancestrais, os peixes cartilagíneos mantêm


restos da placa externa da cobertura do corpo, mas apenas sob
forma de escamas placóides, existentes.
Os peixes cartilagíneos não dispõem de uma cobertura (opercular)
das brânquias, o que torna as 5 fendas branquiais visíveis por fora.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 301

Fig.180 Estrutura interna de Cação.

Principais características dos Peixes cartilagíneos/


Chondrichthyes

• Tamanho do corpo:
O tamanho é muito variável, indo de 90 cm até 12 metros.
Existem diferenças notaveis entre cações (Squalus, até 90
cm), tubarões (entre 2,5 e 18 metros);
• Anatomia externa e interna:
• O Tegumento de todo o grupo consiste em uma pele rija,
coberta de pequenas escamas placóides, com muitas
glândulas mucosas;
• Para natação possuem diferentes tipos de nadadeiras,
sustentadas por raios. A nadadeira caudal é heterocerca
(lobo superior é maior que o inferior);
• A sua boca é ventral, com dentes cobertos de esmalte.
• 2 narinas sem comunicação com a cavidade bucal; O ânus fica
entre as nadadeiras pélvicas;
o A maioria dos tubarões assemelha-se ao cação
quanto à anatomia geral. As raias têm o corpo muito
achatado, com nadadeiras peitorais grandes,
largamente unidas à cabeça e ao tronco;
o As quimeras distinguem-se taxonomicamente dos
cações e das raias. São peixes grotescos do fundo
302

dos oceanos (baixas latitudes) ou de águas rasas


(altas latitudes).

Fisiologia

o Notocorda persistente; muitas vértebras, completas e


separadas, cinturas peitoral e pélvica presentes.
o Coração apresenta com 2 câmaras (1 aurícula e 1 ventrículo),
com seio venoso e cone arterial, contém apenas sangue
venoso;
o Glóbulos vermelhos são nucleados e ovais;
o Respiração por brânquias presas às paredes opostas de cinco
a sete pares de bolsas branquiais, tendo cada bolsa uma
abertura independente em forma de fenda; sem bexiga
natatória;
o Exibem dez pares de nervos cranianos;
o Excreção dá-se por meio de um tipo de rins mesonéfricos e o
principal produto de excreção (nitrogenada) das larvas é a
amônia, da maioria dos adultos é a uréia;
o Temperatura do corpo é variável;
o Sexos são separados e a fecundação é interna, podendo ser
quanto ao nascimento ovíparos ou ovovivíparos, sem
metamorfoses.

Ecologia e hábitos alimentares

Os dentes dos elasmobrânquios refletem seus hábitos alimentares.


Os dos tubarões são triangulares e com bordas serrilhadas usadas
para cortar, rasgar ou talhar;
A maioria das raias habitam o fundo e seus dentes geralmente são
pequenos, obtusos e em forma de um ladrilho; são usados para
quebrar e triturar. Alimentam-se de algas marinhas, invertebrados e
peixes. As grandes nadadeiras peitorais são usadas para a natação.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 303

Sistemática dos Chondrichthyes

Na figura seguinte encontram-se representados os difrentes tipos de


peixes cartilagíneos.

Fig.181 Representantes das diferentes formas dos Chondrichthyes: A.


Cação (Squalis acanthias); B. Raia (Raja sp.); C. Quimera (Chimaera
colliei)

Os tubarões (Selachii, Seláceos) e as raias (Rajiformes) fazem parte


dos Elasmobranchii. As quimeras pertencem aos Holocephala. O
torpedo (Rajiformes) estão providos de órgãos eléctricos. Para a
sua orientação os Seláceos desenvolveram um sistema de linhas
laterais e as ampolas de Lorenzini.

Fig.182 Disposição da ampolas de Lorenzini na cabeça de um tubarão


304

Terminologia técnica para classificação dos


Elasmobranchii

Fig. 183 Elementos classificativos dos elasmobrânquios

Fig. 184 Seccão longitudinal pelo corpo de um Cação


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 305

Classe Osteichthyes
Trata-se, aqui, dos peixes ósseos que congregam a maior parte das
espécies de peixes. O esqueleto ósseo não constitui nova conquista
do grupo; pois, eles herdaram dos ancestrais Placodermes e
Ostracodermes.

O seu corpo, constituído por cabeça, tronco e cauda, está coberto


de escamas ósseas dérmicas.

Principais características dos Peixes ósseos


• Tamanho do corpo:
Nos peixes ósseos assiste-se praticamente a ocorrência de
todos os tamanhos imaginários.

Anatomia externa
• O corpo dos peixes ósseos é geralmente fusiforme. Os
esturjões preservaram a cartilagem. Para além das escamas,
encontramos na superfície as nadadeiras, órgãos de natação.
As nadadeiras, quanto ao tipo (ósseo ou cartilagíneo) e
forma, podem variar. Estas possibilitam ocupar e explorar a
água na sua total dimenção vertical e horizontal. A cauda é
geralmente hocerca (lobos simétricos)
• A pele dos peixes ósseos possui muitas glândulas mucosas.
As escamas descritas são dos tipos ciclóide, ctenóide, mas
também podem ser ganóide.
• A boca é terminal e a localização varia e acompanha os
hábitos alimentares. Os dentes e as mandíbulas estão
presentes e também variam no seu desenvolvimento de
acordo com a alimentação.
• Os olhos são grandes e desprovidos de pálpebras.
• Os restos da notocorda persistem em muitos casos.
Nos peixes ósseos assiste-se praticamente a ocorrência de
todos os tamanhos imaginários.
306

Fig. 185 Tipos de escamas dos peixes ósseos; A. ctenóide, B. Ciclóide, C e D.


Ganóide

Fisiologia dos peixes ósseos


• Sistema sanguineo e vascular: possuem um coração com 2
câmaras (ventriculo e aurícula) com seio venoso e cone
arterial, contendo só o sangue venoso; 4 pares de arcos
aórticos; glóbulos vermelhos nucleados. Peixes ósseos são
poiquilotérmicos.
• Respiração: na maioria das espécies é branquial (pares de
brânquias implantadas em arcos branquiais ósseos), dentro
de uma câmara que disposta em cada lado da cabeça,
coberta por uma estrutura óssea chamada opérculo;
geralmente está presente uma bexiga natatória. Em outras
formas ocorreram modificação para se formar uma espécie
de pulmão (nos Dipnoi);
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 307

Fig. 186 Estruturas respiratórias de um peixe de respiração branquial

Sistema nervoso e sensorial: com lobos ópticos e um cerebelo


muito desenvolvido;os órgãos sensoriais.
• equiparáveis aos cartilagíneos; com linha lateral, estatolitos
para orientação e equilíbrio, etc.
• Excreção: rins mesonéfricos para excreção de amônia e
ureia.
• Reprodução: dióicos, geralmente ovíparos (ou
ovovivíparos), de fecundação externa, algumas vezes com
incorporação de larvas bem distintas dos adultos.

Fig. 187 Meia secção ilustrando as principais estruturas internas


308

Sistemática dos Peixes ósseos


A classificação geral actual basea-se nas características das
nadadeiras: os que possuem nadadeiras, digamos, carnudas
(Sarcopterygii) e os que apresentam raios em suas nadadeiras

(Actinopterygii). Por sua vez estas grandes divisões podem ser


subclassificadas.
1. Sarcopterygii:
a. Crossopterygii, tidos como extintos; em 1938 foram
descobertos representantes actuais;
b. Dipnoi, peixes de respiração pulmonar (Latimeria);
2. Actinopterygii: mais diversificado e com maior número de
espécies. No desenvolvimento passam por um estágio
juvenil (alevino): salmão, truta, garoupa, sardinha,
magunba, cherewa, enguia, etc.

Terminologia técnica para classificação dos Peixes osseos

Fig. 188 Terminologia classificativa dos peixes ósseos


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 309

Alguns exemplos de peixes que ocorrem nas águas


Moçambicanas

Haemulidae: Plectorhinchus
gaterinus

Himiramphidae: Hemiramphus
far

Leiognathidae: Leiognathus
fasciatus

Balastidae: Abalistes stellatus

Botidae: Bothus pantherinus

Lutjanidae: Pristipomoides
typus

Lutjanidae: Megalops
cyprinoides
310

Carangidae: Carangoides
ferdau

Clupeidae: Hilsa kelee


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 311

Exercícios

1. A presença de escamas ctenóides é característico dos:


1.1. Chondrichthyes
1.2. Osteichthyes
Auto-avaliação
1.3. Elasmobranchii
1.4. Falso

2. Faça a legenda e diga de que animais se trata e A, B e C.

3. De que estruturas se trata na figura que se segue? Que função


desempenham?
312

4. Descreva a composição do sistema sanguíneo e vascular dos


peixes.
5. As brânquias (ilustradas na figura abaixo) servem para:
5.1. Filtração de partículas alimentares.
5.2. Trocas gasosas.
5.3. Excreção.
5.4. Regulação da temperatura.

6. Quando nos referimos aos Actinopterygii e Sacopterygii,


queremos diferenciar que tipo de estruturas, de que tipo de
organismos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 313

Chave de correção

1. Osteichthyes

2. Cação (Squalis acanthias); B. Raia (Raja sp.); C. Quimera


(Chimaera colliei). Alegenda pode ver ao longo do texto
acima.

3. São tipos de escamas encontrados nos peixes ósseos e tem


como função primaria diminuição do atrito corrente da água
durante a natação, determinação da idade do peixe durante o
crescimento.

4. Sistema sanguíneo e vascular dos peixes é composto por um


coração com 2 câmaras (ventriculo e aurícula) com seio
venoso e cone arterial, contendo só o sangue venoso; 4 pares
de arcos aórticos; glóbulos vermelhos nucleados.

5. Trocas gasosas.

6. Quando nos referimos aos Actinopterygii e Sacopterygii,


queremos diferenciar os tipos de nadadeiras raidas e lobadas,
dos peixes viventes e extintos repectivamente.
314

Lição nº 4

Superfamilia Tetrapoda
(Tetrápodes) –Classe Amphibia

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais da Superfamila dos tetrápodes

Objectivos • Mencionar as as classes pertencentes a esta superfamilia

• Descrever a sistemática dos tetrápodes

• Identificar as carcteristicas gerais da classe Amphibia

• Descrever a fisiologia, reproducao e a sistemática da classe


Amphibia

Introdução
Este grupo dos Vertebrados compreende animais com 4
extremidades (patas) locomotoras, independentemente das
transformações que estas tenham sofrido em adaptação ao tipo de
locomoção nos diferentes meios. Os Anfíbios que são os únicos
Tetrápodes anamniotas ou anamniados (Anamniota), isto é o
embrião não apresenta âmnio; todos outros Tetrápodes são
amniados.

Classe Amphibia

Anfíbios (do grego amphi - ambos, dos dois modos e bios - vida)
são animais poiquilotérmicos. São os Tetrápodes mais antigos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 315

aparecidos na Terra; foram descritas mais de 4000 espécies. Eles


dominam a vida nos ambientes de terra seca e aquática.

Sumário das principais características dos Anfíbios

Tegumento: Pele lisa, fina, húmida e glandular, coberta de


muco, bastante vascularizada, sem escamas ou placas, apta

• para a respiração cutânea, que nesses animais chega a ser


mais importante que a respiração pulmonar;
• Esqueleto: os anfíbios têm o crânio largo e achatado, se
comparado a maioria dos peixes. Como não existe palato
secundário, as coanas se abrem na região anterior do tecto
da boca. Em alguns pode não haver nenhum dente,
enquanto em outros podem estar ausentes apenas na
mandíbula. O número de vértebras é bastante variável (10 a
200).

Fisiologia dos anfíbios

• Respiração: para a vida anfíbia desenvolveram brânquias e


respiração cutânea. Há diferenças entre as três ordens.
• Sistema sanguineo e vascular: Coração com três
cavidades: duas aurículas e um ventrículo. O sangue
arterial, que entra na aurícula ou átrio esquerdo, e o sangue
venoso, que chega à aurícula ou átrio direito, vão se juntar
no nível do ventrículo único. Por isso, diz-se que a
circulação desses animais é fechada, dupla, porém
incompleta (há mistura de sangue arterial com sangue
venoso);
• Sistema nervoso e sensorial: A maioria dos Anfíbios
desenvolveu um ouvido médio e membrana timpânica.
• Atividades estacionais: Anfíbios precisam evitar
temperaturas extremas e a seca porque não têm regulação
da temperatura do corpo. Durante o inverno rãs e
316

salamandras aquáticas hibernam no fundo de lagos e rios


que não congelam; sapos e salamandras terrestres enterram-
se ou vão até abaixo da linha de congelamento. Durante a
hibernação todos os processos vitais são reduzidos.
• Reprodução: é a variedade de modos de reprodução e de
cuidado parental exibida. A maioria das espécies de
anfíbios deposita ovos: na água, na terra ou podem eclodir
em larvas aquáticas ou em miniaturas dos adultos terrestres.
Desenvolvimento por metamorfoses: larva chama-se girino,
com brânquias (inicialmente externas e depois internas) e
com nadadeira caudal. Adultos com pernas e pulmões. A
fecundação é externa, na água, onde se dá a fertilização.
Não há cópula verdadeira. Possuem capacidade de
regeneração.

Fig.189 Desenvolvimento embrionário de Salamandra

Sistemática dos Amphibia


Derivam de um ancestral semelhante a um peixe. Estão descritas
três ordens:
1. Ordem Urodela ou Caudata: são as salamandras; com
cauda bem desenvolvida; mebros sempre presentes, mas
podem estar reduzidos; corpo é alongado; quase todas elas
são aquáticas; cerca de 350 espécies, praticamente do
Hemisfério Norte. As salamandas são conhecidas por
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 317

manterem as características larvares no adulto


(pedomorfose): linha lateral funcional, ausência de
pálpebras e presença de brânquias externas.
2. Ordem Anura: os Anuros compreendem os sapos, as rãs e
as pererecas. Uma característica principal é a locomoção
por salto. A outra é o desaparecimento da cauda larval no
adulto, daí o nome anura, sem causa. Anuros são
cosmopolitas (estão praticamente em todo globo terrestre),
com cerca de 3500 espécie. Muitas espécies de anuros são
comestíveis e entram na gastronomia internacional (Rana
esculenta).
3. Ordem Gymnophiona ou Apoda: parecidos com as cobras,
sem patas locomotoras (apoda significa desprovido de
pernas, patas). Fazem parte as cobras-cegas ou cecílias.

Fig.1
90 Formas de Anfíbios: A. Urodela, B. Anura e C. Apoda

Sabia que...

• Os anfíbios possuem uma capacidade extraordinária de


vocalização e de percepção de sons. Os sons emitidos
servem os diferentes fins: procura de parceiro sexual,
demarcar território, vida social, núpcias. As fêmeas
conseguem identificar o o tamanho, a idade e outras
características do macho e assim fazerm a escolha certa à
enormes distâncias de muitos quilómetros.
318

• Anfíbios são empregues nas pesquisas científicas de


medicina.

Exercícios

1. Porquê incluimos as aves no grupo Tetrapoda?


2. Descreva o modo de respiração e respectivos órgãos nos
anfíbios.
Auto-avaliação 3. Encontre justificação ao termo anfíbio.
4. Descreva a ontogénese de um anfíbio, usando a figura que se
segue.

5. Identifique os organismos A, B e C da figura seguinte.

6. Que importância tem o grupo Amphibia para o Homem?


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 319

Chave de correção
1. Incluimos as aves no grupo Tetrapoda porque são animais
com 4 extremidades (patas) locomotoras apesar destas das
anteriores terem sofrido transformações.

2. Os anfíbios tem respiração branquial das brânquias e


cutânea através através da pele.

3. A justificação do termo anfíbio tem a ver com a vida


ambivalente deste animais sendo encontrados em certas
épocas na terra firme ou no ambiente aquático. Partindo da
traducção latina da palavra Amphibia que (do grego amphi -
ambos, dos dois modos e bios - vida) .

4. Pela figura pode se afirmar que depois da fecundacao surge


o ovo representrado pela letra a e do b ate a letra i ocorre o
desenvolvimento embrionário onde culmina com a letra j
que e k que representa a larva (girino), deste desenvolve se
ate a fase adulta do amfibio.

5. A. Urodela- Salamandra, B. Anura-sapo e C. Apoda-


cecília.

6. Alguns anfíbios ajudam o Homem na agricultura


aliminando pragas das culturas, e outros são usados nas
pesquisas cientificas de medicina. Exemplos de
aplicaplicade , você pode acressiscentar. Também e
resposta livre.
320

Lição nº 5

Classe Reptilia

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais da classe dosRepteis

Objectivos da unidade • Mencionar os animais pertencentes a esta classe

• Descrever a sistemática, reproducção dos repteis.

Introdução
Os Répteis têm sua origem nos Anfíbios labiritodontes e vêm desde
o Carbónico. Com os Répteis começa a evolução dos Amniota
totalmente relacionados com a vida na terra seca. O seu nome
relaciona-se com o modo de locomoção, rastejante, embora não se
possa generalizar. Além do âmnio, eles possuem o corion (protege
o amnio) e o alantóide (trocas gasosas e excreção de excretas
embrionárias). O desenvolvimento ocorre sem estágios larvares.

Fig.191 Representantes dos Reptilia


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 321

Principais características dos Répteis

• O Tegumento:consiste em uma pele seca, com pequenas


escamas e placas epidérmicas córneas; pobre glândulas. Ela
protege contra a perda de água e facilita a vida na terra
firme.
• Esqueleto: bem desenvolvido, com extremidades
igualmente bem desenvolvidas exceptuando alguns taxa.
Geralmente têm 5 dígitos (lagartos, crocodilos, quelónios)
ou são ápodos (serpentes). Exceptuando os quelónios com
boca parecida com o das aves, a cabeça e a boca dos
restantes membros estão bem desenvolvidas.

• Locomoção: possuem dois pares de extremidades providas


de 5 dedos com garras córneas. Podem correr, rastejar,
trepar e nadar.

• Esqueleto: completamente ossificado; crânio com um


côndilo.

• Sistema sangíneo e vascular: Coração dividido em


quatroâmaras: duas aurículas e um ventrículo parcialmente
dividido; com glóbulos vermelhos nucleados.

• Respiração: pulmonar, mas tartarugas, crocodilos, algumas


serpentes podem permanecer algumas horas de baixo da
água, prendendo a respiração, um fenômeno chamado
bradicardia.

• A temperatura corporal: é variável (poiquilotérmico, ou


pecilotérmico), de acordo com o ambiente;

• Reprodução: geralmente com órgãos copuladores bem


desenvolvidos e praticam a cópula; fecundação interna e
desenvolvimento directo. Ovos envoltos em uma casca
córnea ou clacárea.
322

• Quanto à sua ecologia, os répteis encontram-se em todos


ecossistema e desenvolveram vários hábitos alimentares.

Sistemática dos Répteis


A sistemática actual não inclui formas extintas. Durante o
Mesozóico foram os vertebrados mais dominantes e ocuparam a
maioria dos habitats. Existem em registos fósseis os Dinossauros e
os Pterodáctilos. Não há uma explicação plausível acerca da sua
extinção. Outros répteis do pré-histórico são Pterosauria,
Plesiosauria eIchthyosauria.

Fig.192 Algumas formas de Répteis extintos do Mesozóico

Presentemente temos:

1. Ordem Chelonia ou Testudines: englobando todas as


tartarugas, cágados e jabutis; 300 espécies

Fig.193 Tartaruga marinha


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 323

• O casco dos Quelónios é a característica mais distintiva.


• As tartarugas são desprovidas de dentes, possuem no
entanto uma estrutura córnea formada pelas maxilas inferior
e superior, bem parecido com o bico das aves.
• A fusão das costelas ao casco impede que esses animais
utilizem-se de movimentos da caixa torácica para
inspirar/expirar, como ocorre nos lagartos durante a
respiração.
• Todas as tartarugas são ovíparas.
• Durante a embriogénese, o sexo em algumas espécies é
determinado pela temperatura a que este é exposto no
ninho.

Terminologia técnica para classificação Quelonia


(Testudines)

Fig. 194 Terminologia classificativa dos quelónios


324

2. Ordem Crocodilia – que contem jacarés, crocodilos, caimões e


gaviais; apenas 21 espécies sobreviveram até à actualidade.

Possuem narinas na extremidade do focinho e desenvolveram um


palato secundário que desloca as passagens de ar para a porção
posterior da boca. Uma
• aba de tecido, que se origina da base da língua, pode formar
um selo à prova da água entre a boca e a garganta. desse
modo, um Crocodilo pode respirar somente com as narinas
expostas, sem inalar água. Eles são animais semi-aquáticos.
• Além disso eles desenvolveram as maxilas fortes, nos quais
se acham ancorados poderosos dentes e apresentam
igualmente patas bem desenvolvidas
• Crocodilos possuem tipicamente uma armadura corporal
dérmica e a cauda, pesada e lateralmente achatada,
impulsiona seu corpo na água, enquanto as patas são
mantidas contra suas laterais. A força muscular da cauda,
aliada a da massa da água, tornaram num mecanismo eficaz
de captura de presa.
• Animais excelentemente predadores, os Crocodilos são
animais terrestres adaptados à viver na água, ocupando
sobretudo águas doces. A maioria é encontrada em regiões
tropicais e subtropicais, embora existam três espécies que
penetram na zona temperada.
• Tal como as tartarugas, os Crocodilos depositam os ovos na
zona da praia (rios e costas marinhas); são ovíparos, mas
também existem os ovovivíparos (raramente vivíparos). O
seu desenvolvimento é directo.

Quanto à sua estrutura estexna e hábitos, os Crocodilidae diferem


pouco entre si.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 325

A maior variação entre os Crocodilia actuais reside no formato da


cabeça:

• Jacarés e os caimães são formas de focinho largo;


• Os crocodilos incluem uma variedade de larguras de
focinho;
• Há ainda crocodilos que possuem focinhos muito estreitos:
crocodilo cubano, jacaré chinês, crocodilo americano e o
gavial.

Fig. 195 Ilustração das principais diferenças entre os Crocodilia: (a)


crocodilo cubano; (b) jacaré chinês; (c) crocodilo americano; (d) gavial.

Sistemática actual dos Crocodilia

A ordem Crocodilia compreende as seguintes famílias:

• Alligatoridae: Aligator (Alligator mississippiensis), jacaré


e caimão (Caiman crocodilus); são formas de água doce;
ocorrem na América Central, no Mexico, América do Sul,
China;
326

Fig. 196 Caiman crocodilus

O Aligator é o maior em comprimento de todos os Crocodilia e


dentro dos Reptilia é superado pelo Pitão e Anaconda.
• Crocodylidae: crocodilo de água salgada (dos estuários,
pântanos de mangais, baixas de rios), atingem mais de 7
metros; Crocodilus niloticus.

Fig. 197 Crocodilus sp.

É um predador excelente. Esbeira-se nos rios a espera de suas


presas, constituidas por todo tipo de mamíferos; também come aves
e peixes.

• Gavialidae: com o gavial dos rios do Norte da Índia.


3. Ordem Lepidosauria - tuatara, lagartos, serpentes, cobras-de-
duas-cabeças, iguanas. Varanos, camaleões e gecos.

Trata-se de um grupo bem distinguível das outras duas ordens já


estudadas. O seu esqueleto está muito modificado; a sua anatomia
de partes moles é igualmente diferente. O órgão de Jacobson tem
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 327

seu ápice de desenvolvimento em serpentes e lagartos e é ligado ao


tecto da boca e não ao canal nasal.

Características gerais
• O ouvido do grupo sofre consideráveis alterações. Nas
serpentes desaparecem o tímpano, o ouvido médio e a
trompa de Eustáquio. As vibrações recebidas são
transmitidas por meio do quadrado à columela e então ao
ouvido interno. Nos lagartos desenvolveu-se bastante um
ouvido médio.
• O Tecto do crânio é arqueado e não mais achatado como
nos anfíbios.
• 2 pares de membros locomotores situam-se no mesmo plano
do corpo (ventral), o que justifica a locomoção por
rastejamento do ventre no solo. Não só, as cobras
dispensaram por completo os membros e rastejam com
ajuda da contração muscular.
• Os membros estão providos de 5 dedos terminando em
garras córneas e adaptadas para correr, rastejar ou trepar.
Em alguns casos as pernas assemelham-se a remos
(tartarugas marinhas), ficaram reduzidos (alguns lagartos),
ou como se disse estão ausentes (alguns lagartos e todas as
serpentes).
• A pele é tipicamente seca e frequentemente encoberta ou
por escamas (cobras e lagartos), placas dérmicas e
carapaças (tartarugas).
• O crescimento é feito através de mudas periódicas sob a
indução hormonal. R
• Todo o grupo realiza espiração pulmonar, mas respiração
cloacal em tartarugas marinhas;
328

• O seu sistema digestivo é completo, com glândulas bem


desenvolvidas, como fígado e pâncreas, terminando em
cloaca;
• Exibem pálpebras mais moveis que as dos anfíbios, excepto
os organismos cavadores.

Sistemática dos Lepidosaurira

Na classificação actual, o taxon Lepidosauria pode ser considerado


como superordem, ao qual se subordinam as ordens

• Sphenodontia (com a tuatara, único vivente, que ocorre em


ilhas da Nova Zelândia) e
• Squamata (lagartos, serpentes, cobra-de-duas-cabeças,
iguanas, varanos, camaleões e gecos).

Aqui, interessam-nos os Squamata.

3.1. Ordem Squamata


• Mostram numerosos caracteres derivados no crânio,
esqueleto pós-craniano e tecidos moles.
• O mais evidente destes é a perda da barra temporal inferior
e do osso quadrado-jugal , que formava parte dessa barra.
Essa modificação faz parte de uma série de mudanças
estruturais do crânio, que contribuem para o
desenvolvimento de uma complexidade de movimentos.
Nas serpentes, a flexibilidade do crânio foi aumentada ainda
mais, através da perda da segunda barra temporal.
• O órgão de Jacobson tem seu ápice de desenvolvimento nas
serpentes e nos lagartos e é ligado ao tecto da boca e não ao
canal nasal.
• Para sua defesa e predação muitas espécies desenvolveram
venenos que variam na sua constituição química e, em
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 329

consequência, na forma de acção. A Naja mossambica é


sem dúvida uma das serpentes mais venenosas em
Moçambique. Venenos desta e de outras serpentes matam a
presa de 40 kg de massa em apenas 10 minutos. Mas, os
venenos são também muito úteis na indústria farmacêutica.

Sistemática da ordem Squamata


Tradicionalmente reconhecem-se as seguintes subordens:
3.1.1. Subordem Lacertilia (Sauria): lagartos

• Diferenças com as serpentes:

o Salvo excepções, exibem quatro patas, pálpebras nos


olhos, e ouvidos externos.

• Com mais de 5000 espécies conhecidas actualmente, os


lagartos ocorrem em todos os continentes, excepto na
Antártida e existem em diversos tamanhos, desde alguns
centímetros, como alguns geckos, até 3 metros, como o
dragão-de-komodo.

• São geralmente carnívoros, alimentando-se de insetos ou


pequenos mamíferos, mas também há lagartos omnívoros
ou herbívoros, como as iguanas.

• Algumas formas são venenosas, ex. o monstro-de-gila


Sistemática da subordem Lacertilia:
A lista de famílias dos lagartos é enorme. Aqui, eis algumas
delas.

• Família Corytophanidae - basiliscos

• Família Iguanidae - iguanas

• Família Agamidae - agâmidas

• Família Chamaeleonidae - camaleões


330

• Família Gekkonidae - geckos ou lagartixas

• Família Varanidae - lagartos varanos e monitores

• Família Helodermatidae - Monstro-de-gila

Fig.198 Camaleão (esquerda) e iguana (direita)

Fig. 199 Lagarto marau

3.1.2. Subordem Serpentes: serpentes

Sabia que após mordeduras por serpentes

• Os principais sintomas/sinais são:

o Pulso acelerado e respiração dificultosa;

o Problemas de visão;

o Marca dos dentes na pele;

o Náuseas e vômitos;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 331

o Dor local e inflamação;Debilidade física;

o hemorragias.

• O tratamento imediato consiste em:

o Manter a pessoa calma e deitada, removendo-a do


local;

o Lavar com água e sabão o local da picada;

o Retirar anéis e outros materiais que atrapalhem a


circulação na extremidade afetada;

o Manter o membro afetado elevado ao mesmo nivel do


coração;

o Transportar imediatamente a pessoa para um hospital;

o Estando no campo, consultar imediatamente pessoas


locais idosas.

• Normalmente, as serpentes não costumam atacar seres


humanos, a não ser quando perturbanas no seu maio
natural.

• Aspectos gerais:

• As Serpentes (do Grego he herpéton, aquilo que rasteja). O


nome condiz com o tipo de locomoção do tipo serpentear.
Também são conhecidas por ofídios (Ophidea, do Grego ho
ophis, a cobra, serpente). É a designação geral para todas as
serpentes, independentemente do género. Estima-se em
mais de 3 000 espécies de serpentes distribuídos por todo o
mundo, habitando a terra seca e a água. A ciência que
estuda os répteis e anfíbios chama-se herpetologia.
332

• Fig. 200 Rasto deixado pela serpente duante aa locomoção Jararacuçu-


do-brejo

Alimentação

Todas as serpentes são carnívoras. A sua alimentação abrange


pequenos animais (incluindo lagartos, outras cobras e mamíferos de
pequeno porte), aves, ovos ou insetos. Venenos e constrição (pela
contração muscular) são as duas armas mais poderosas que elas
desenvolveram para encontrar a presa. A estrutura das articulações
do esqueleto permite o aumento da abertura da boca para poderem
ingerir presas maiores. As cobras não mastigam quando comem. As
cobras ficam enfraquecidas depois de engolirem a presa, enquanto
ocorre a digestão.

Tegumento
A pele das cobras é coberta por escamas. As escamas do corpo
podem ser lisas ou granulares. As suas pálpebras são escamas
transparentes que estão sempre fechadas. Elas mudam a sua pele
periodicamente, a chamada ecdise.

Sistema nervoso e sensorial

• As serpentes têm um cérebro bem desenvolvido. A visão


não está muito desenvolvida, mas elas detectam
moveimentos. Elas dispõem também de receptores
infravermelhos localizados em sulcos profundos chamados
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 333

de fossetas. Tais órgãos permitem-lhes sentir o calor


emitido pelos corpos (funciona como radar térmico),
mesmo numa variação inferior a 0.05ºC.

• As serpentes não têm orelhas externas e usam vibrações


para detectar objectos. A maioria das serpente usa a língua
bifurcada para captar partículas de odor no ar e enviá-las ao
chamado órgão de Jacobson, situado na sua boca, para
examiná-las, sendo que a bifurcação da língua dá ao
indivíduo a direcção do cheiro.

• O pulmão esquerdo é muito pequeno ou mesmo ausente, i.e.


só um pulmão funciona. Além disso muitos dos órgãos que
são pares, como os rins ou órgãos reprodutivos.

Locomoção

• As cobras usam diferentes movimentos para a sua


locomoção: ondulação lateral, movimento de concertina
(para trepar árvores), locomoção retilínea, etc. Na areia
solta e na lama elas movem-se em zig-zag. Praticamente
todas serpentes são lentas, quando comparadas a outros
vertebrados (mamba-negra até 20km/h).

Reprodução
Todas serpentes são de fertilização interna, depois de uma cópula
verdadeira, conseguida por meio de um hemipénis bifurcados.
Serpentes podem ser ovíparos, comom ovovivíparos. Não praticam
cuidados com a prôle.

Sabe-se também que várias espécies de cobras desenvolvem os


seus descendentes completamente dentro de si, alimentando-os
através de uma placenta e um saco amniótico.
334

Evolução filogenética e classificação das serpentes

As serpentes estão mais profundamente relacionadas a lagartos


varanóides, muito embora não haja uma identificação mais clara
sobre qual seria o grupo de varanóide mais relacionado
evolutivamente. Os grupos de lagartos varanóides mais
provavelmente relacionados com serpentes são provavelmente os
das famílias Lantanotidae e Mossassauridae.

Classificação
Superfamília Typhlopoidea (Scolecophidia)

• Família Anomalepididae

• Família Typhlopidae (Cobras cegas)

• Família Leptotyphlopidae /Glauconiidae

Superfamília Henophidia (Boidea)

• Família AnomochilidaeFamília Boidae: jibóias

• Família Pythonidae: pítons

• Família Loxocemidae: jibóia mexicana

• Família Elapidae: cobra-do-coral

• Família Hydrophiidae: cobra-do-mar

• Família Viperidae: víboras


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 335

Serpentes venenosas (alguns exemplos de Moçambique)

As cobras venenosas são classificadas em quatro famílias


taxonómicas:

Fig. 201 uma espécie da cobra mamba

• Elapidae - najas, mambas, cobras-coral, cobra-real,etc.


(Naja mossambica):

o Dendroaspis polylepis (mamba negra)

o Dendroaspis angusticeps (mamba-verde)

o Naja mossambica (cobra-cuspideira)

• Viperidae - cascavel, jararaca, surucucu, víbora-cornuda,


víbora-de-seoane, etc.

o Proatheris superciliaris (víbora-dos-pântanos)

• Colubridae - cobra-rateira, nem todas venenosas.


336

• Hydrophiidae – cobra-do-mar

Classificação dos tipos de dentes das serpentes

DENTIÇÃO O mais eficiente dos dentes das


SOLENOGLIFA serpentes venenosas. O dente
inoculador possui um canal
interno por onde o veneno
passa, sendo introduzido como
uma injecao intra-muscular. Ex.
Jararaca, cascavel.

DENTIÇÃO Denticao nao muito eficiente, o


PROTEROGLIFA dente inoculador nao possui um
orificio bem definido e
assemelha-se a uma agulha
hipodermica. Esta localizado na
parte anterior do maxilar
superior sendo pequeno e fixo.
ex. corais verdadeiras, as Najas,
Mambas e serpentes marinhas.

DENTIÇÃO Tipo de denticao que apresenta


OPISTOGLIFA o dente inoculador posicionado
na região posterior do maxilar
superior. O dente nao possui um
canal interno, mas sim uma
parte escavada, como uma calha
por onde o veneno escorre
penetrando na vitima ou presa.

ex: Cobra verde, Coral falsa,


etc.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 337

DENTIÇÃO Denticao que apresente os


AGLIFA dentes iguais, nao apresenta
nenhum sulco ou canal para
inoculacao de veneno. Nao
apresentam perigo algum.
Serpentes com esse tipo de
denticao nao sao peconhentas e
matam suas presas por meio de
constriccao. Esses dentes sao
especializados para segurar a
presa para que nao escape na
hora qua vai se alimentar. EX:
Jiboia, etc..

• 3.1.3. Subordem Amphisbaenia: anfisbênias, lagartos


vermifirmes

• Os Amphisbaenia constituem uma subordem sem grande


significado dentro dos Squamata; evolucionarmente são
muitas vezes relacionados aos répteis e lagartos. Muitas
espécies deste grupo são coloridas e raras, encontrados
geralmente em África e na América do Norte. Não
ultrapassam os 150 mm.

Fig.202 Um espécime de Amphisbaenia


338

Exercícios

1. Qual é a origem e como são as escamas que cobrem a


superfície do corpo dos répteis? Para quê tiveram que ser
assim na evolução do grupo?
Auto-avaliação
2. Em alusão ao nome do grupo – Reptilia – o que era de
esperar dos seus membros? Que modificações encontra, em
que grupos?

3. Os venenos foram desenvolvidos várias vezes pelos


organismos. Classifique os diferentes tipos de venenos
segundo a sua forma de acção.

4. Que cobras venenosas conhece de Moçambique? Faça a sua


sistemática com auxílio da literatura.

5. Como se chama o órgão de que as serpentes se servem para


detectar a presa, ou inimigo?

Escreva os nomes dos organismos, os respectivos taxa no quadro


que se segue e diga em sumário o que sabe sobre eles:

Fotografia Nome Sistemática/classificação Modo


vernáculo de
vida
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 339

6. Classifique as serpentes quanto à dentição.

b………………….

c………………….

d…………………
340

Chave de correção

1. A origem das escamas que cobrem a superfície do corpo dos


répteis epidérmicas córneas pobre em glândulas, e tiveram que
evoluir deste modo para evitar a perda de água e facilitar aos
repteis a conquista da vida na terra firme.

2. Tendo em conta o nome Reptilia era de esperar que todos os


animais pertencentes a esta classe tivessem o modo de
locomoção rastejante, mas olhando os membros da ordem
Squamata, Chelonia, desenvolveram patas membranosas para
a locomoção.

3. Segundo a sua forma de acção os venenos são classificados


em: Neurotóxicos (tem a sua acção no SN), miotóxicos
(acção no músculo) e hemotóxicos (accao no sangue).

4. Resposta livre do cursante.

5. O órgão que as serpentes usam para detectar a presa ou inimigos


chama-se órgão de Jacobson.

6. Resposta livre ao cursante

7. b) Dentição proteroglifa, c) dentição opistoglifa, d) dentição


aglinfa.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 341

Lição nº 6

Classe Aves

No fim desta lição você será capaz de:


• Descrever as características gerais da classe das Aves

• Identificar os tipos de penas e bicos das aves


Objectivos
• Descrever a a evolucção, sistemática, das aves

• Diferenciar os tipos de bicos consoante os hábitos alimentares

• Mencionar as aves encontradas em Moçanbique.

Introdução
Existem outros animais com a capacidade de voo (ex. insectos,
morcegos, etc. ). Mas o grande distintivo deste grupo é a
capacidade primária de voo, graças à existência de penas,
formações epidérmicas queratinosas que desempenham várias
funções: voo, isolamento, protecção do corpo, regulação
térmica,etc. Nenhuma outra classe animal possui penas. A
capacidade de voar possibilita às aves a ocupação de muitos
habitats jamais ocupados por outros animais. Com uma dimensão
na ordem de 9 000 espécies, as Aves ocupam todos os continentes,
a terra e as águas salgadas e doces. Elas ocuparam, por assim dizer,
também o ar.
342

Características gerais das aves


• Corpo coberto de penas: só crescem em certas áreas da pele
chamadas ptérilas, entre as quais há espaços vazios,
aptérios;

Fig.203 Esquerda: 4 tipos de penas;

Direita: áreas providas de penas, na galinha doméstica

Tipo de penas:
o Penas de contorno: revestimento externo e contorno do
corpo da ave;
o Plumas: penas macias de isolamento;
o Filoplumas: minúsculas penas filiformes com poucas
barbas e bárbulas;
o Cerdas: penas modificadas em forma de pêlo, perto das
narinas e em torno da boca;
o Plumas pulverulentas: que impermeabilizam as penas
(em garças, gaviões, papagaios etc.)
• Presença de dois pares de extremidades, o primeiro
transformado em asas e o segundo em patas para
locomoção terrestre, ou mesmo para preensão de objectos.
Os pés possuem geralmente 4 dedos;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 343

• Esqueleto especializado para o voo: forte e totalmente


ossificado; muitos ossos fundidos, dando rigidez; ossos
porosos ou pneumáticos (facilitam a aerodinâmica);

Fig.204 Esqueleto
de um galo doméstico

• A boca é um bico prognato (que se projeta) rodeado de uma


bainha córnea e desprovida de dentes (pelo menos nas aves
viventes). Os bicos estão adaptados a diferentes hábitos de
alimentação, não só, eles desempenham várias outras
tarefas.

Fig.203 Diferentes tipos de bicos


• O coração das aves possui 4 câmaras (2 aurículas, 2
ventrículos separados); o arco aórtico (sistêmico) direito
persistente; glóbulos vermelhos nucleados, ovais e
biconvexos.
344

Fig. 204 Pulmão e sistema de sacos aéreos de um periquito; 1. Seio infra-orbital,


2. Saco clavicular, 2ª. divertículo axilar do úmero, 2b. Divertículo esternal, 3.
Saco cervical, 4. Saco torácico cranial, 5. Saco torácico caudal, 6. Saco
abdominal, 7. Pulmão

• A respiração é por pulmões compactos, muito eficientes,


presos às costelas e ligados a sacos aéreos de paredes finas.
Com a sua respiração evoluiu uma caixa vocal (siringe) na
base da traquéia.
• Excreção por meio de rins metanéfricos e o ácido úrico é o
principal produto;
• Temperatura do corpo essencialmente constante
(homeotermia);
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 345

Fig. 205 Estrutura interna do galo doméstico

Fig. 206 Trato intestinal do galo doméstico

• Fecundação interna; ovos com muito vitelo, envolvidos por


uma casca calcária dura e depositados externamente para a
incubação; desenvolvimento directo com cuidados-com-a-
prôle por um ou por ambos os progenitores. Os filhotes de
galinhas, codornizes, patos, aves litorâneas e outras são
nidífugos, i.e. aptos para abandorarem o ninho logo após a
eclosão. É o contrário das aves que precisam de ser
alimentadas e receberem cuidados no ninho (nidícolas).
• O habitat primário das aves foi a terra, mas conquistaram
mais tarde a água (ex. Pinguins). Elas encontram-se
espalhadas por todos os continentes. Muitas aves realizam
346

migrações até intercontinentais, graças ao seu sistema de


orientação bastante desenvolvido, que os ajuda a
encontrarem os locais onde passam os periodos adversos e
regressarem à origem sem erros.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 347

Evolução e sistemática das Aves


As aves originaram-se de répteis, com os quais formam o grupo
Sauropsida. Estes animais provavelmente corriam rapidamente
com suas pernas posteriores. No sistema actual das aves
reconhecem-se duas subclasses:
1. Archaeornithes: fósseis com características de répteis,
Archaeopteryx;
2. Neornihes: todas aves actuais agrupadas nas seguintes
superordens:
a. Odontognathae: aves dentadas com o género
Herperornis
b. Impennes: Pinguins, na ordem Sphenisciformes
c. Neognathae: aves típicas agrupadas em perto de 30
ordens

Algumas ordens de aves de Moçambique


o Struitiformes: Avestruzes,
o Procellariiformes: Albatrozes
o Sphenisciformes: Pinguins
o Pelecaniformes: Pelicanos
o Ciconiiformes: Cegonhas
o Anseriformes: Patos
o Falconiformes: Falcões e outras aves de
rapina
o Galliformes: Galinhas, faisões, etc.
o Columbiformes: Pombos e rolas
o Psittaciformes: Papagaios
o Strigiformes: Mochos, corujas
o Passeriformes: Pássaros (maior grupo de aves
actuais)
348

Struthio camelus Spheniscus demersus Diomedea exulans

Avestruz (Struthionidae, Pinguim do cabo Albatroz-viageiro


Struthioniformes) (Spheniscidae, (Diomedeidae,
Sphenisciformes) Procellariiformes)

Apus horus Nectarinia Bycanistes brevis


Andorinha-das- kilimensis
(Bucerotidae,
barreiras (Apodidae,
Beija-flor Coraciiformes)
Apodiformes)
(Nectariniidae,
Passeriformes)
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 349
350

Ciconia nigra Asio capensis Numida meleagris Sagittarius


serpentarius
Cegonha-preta Coruja-dos-pântanos Galinha-do-mato
(Ciconiidae, (Strigidae, Strigiformes) (Numididae, Secretário
Ciconiiforme) Galliformes) (Sagittariidae,
Falconiformes)

Exercicios

1. Observa a figura seguinte, diga de que órgão se trata e faça a


respectiva legenda.

Auto-avaliação

2. Caracterise os seguintes tipos de penas:

1. Penas plumas

2. Penas cerdas

3. Penas filoplumas
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 351

4. Penas de contorno

5. Penas pulverulentas

3. Observa abaixo a figura ilustrando o esqueleto de uma ave e faça a

respectiva legenda.

4. Copie o desenho e faz a legenda na ordem que preferir.

5. Na coluna à direita inclua os representantes mais vulgares.


352

Struitiformes:
Procellariiformes
Sphenisciformes
Pelecaniformes
Ciconiiformes ``
Anseriformes
Falconiformes
Galliformes
Columbiformes
Psittaciformes
Strigiformes
Passeriformes

6. Identifique até duas das seguintes aves, as que são mais comuns
na sua região e conte uma estória sobre elas

.............................. ............................. ...............................

................................ ......................... ..................................


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 353

................... ............................ ............................. .........................

Chave de correcao
1. Trata ser de pena das aves, e a sua legenda faca com auxilio do texto.

2. a. Penas plumas são penas macias de isolamento térmico.

b. Penas cerdas são penas modificadas em forma de pêlo ficam perto das narinas
e em torno perto daboca;

c. Penas filoplumas são minúsculas penas filiformes com poucas barbas e


bárbulas

d. Penas de contorno são penas que fazem revestimento externo e contorno do


corpo da aves

e. Penas pulverulentas são as que impermeabilizam as penas.

3. A legenda do esqueleto das aves você pode fazer com a inspiracao da sua
galinha e com ajuda do texto acima.

4. Resposta livre com auxilio do texto acima.

5. os representantes mais vulgares incluidos a directa são:


Struitiformes: Avestruz
Procellariiformes Albatrozes
Sphenisciformes pinguis
Pelecaniformes
Pelicanos
Ciconiiformes Cegonhas
Anseriformes
Patos
354

Falconiformes Falcoes
Galliformes galinhas
Columbiformes pombos
Psittaciformes papagaios
Strigiformes mochos
Passeriformes Passaaaaaros

6. Resposta livre.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 355

Lição nº 7

Classe Mammalia

No fim desta lição você será capaz de:

• Descrever as características gerais da classe Mammalia


Objectivos • Mencionar os mamíferos existentes em Mocambique

• Descrever a evolucção, sistemática, dos mamíferos

• Descrever a fisiologia dos mamíferos (alimentacao, reproducao)

• Identificar as características novas da classe Mammalia que


difere das outras anteriores.

Aspectos gerais da classe Mammalia


Como vertebrados mais evoluídos, oa mamíferos são certamente
caracterizados pela presença de revestimento de pêlos (pelo menos
numa fase do desenvolvimento), glândulas mamárias (nome
mamíferos) nas fêmeas e um cérebro altamemente desenvolvido
que controla todas funções do corpo, incluindo a temperatura e os
diferentes sistemas.

A maxila inferior (mandíbula) é constituída por apenas uma peça


óssea (dentale), o que é diferente dos outros vertebrados. Ele
elemento mandibular articula directamente com o osso esquamoso.
No ouvido intermédio localizam-se três ossículos auditivos.caixa
torácica e o abdómen estão separados por meio de um músculo, o
diafragma.
356

Mamíferos são amniotas homeotérmicos que, à excepção dos


Monotremata (Monotrématos), são vivíparos.

Mamíferos são propensamente terrestres; contudo, existem várias


formas de adaptação à vida aquática (cetáceos) e aérea (morcegos).

Quanto aos hábitos alimentares, os mamíferos podem ser


carnívoros, herbívoros e omnívoros.

Características gerais
• Presença de mamas em número par, com localização
variável;
• Presença de pêlos em algum estágio da vida, os quais
contribuem para a manutenção da temperatura corpórea, já
que são chamados homeotérmicos. Os pêlos podem ser
reduzidos ou completamente ausentes em alguns mamíferos
adultos;
• São endotérmicos;
• Presença de glândulas cutâneas em certas regiões do corpo:
o Sudoríparas - eliminam resíduos e ajudam na
termorregulação;
o Sebáceas - lubrificam os pêlos e a pele;
o Odoríferas - têm papel de defesa, atração sexual,
reconhecimento.
• Respiração pulmonar, presença de diafragma separando a
cavidade torácica da cavidade abdominal;
• Circulação dupla e completa. Coração com quatro
cavidades distintas. São os únicos animais com eritrócitos
bicôncavos e anucleados;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 357

Sistema Esquelético
• Maior ossificação em relação aos outros vertebrados;
• Crânio relativamente grande para acomodar o encéfalo; O
crânio articula-se com a primeira vértebra cervical através de 2
côndilos occiptais;
• Coluna vertebral com 5 regiões bem diferenciadas: cervical,
torácica, lombar, sacral e caudal; As vértebras cervicais são em
número de 7 em todos os mamíferos, mas existem excepções;
• Mamíferos são tetrápodes e seus membros pentadáctilos; Mas
ocorreram muitas modificações em formas aquáticas e mesmo
nas terrestres para nadar, andar, correr, trepar, cavar, ou voar;
dígitos terminam em unhas, garras ou cascos. Divergem quanto
à forma de apoiarem os membros na marcha: 1) plantígrados:
apoiam toda planta do pé (homem, urso); 2) digitígrado: apoiam
apenas os dedos (gato, cão); 3) ungulígrados: apoiam o casco
(cavalo, zebra, os Ungulata);
• Crânio com dois côndilos occipitais, o que não permite uma
rotação tão ampla da cabeça sobre o pescoço, como sucede com
as aves.
358

Fig. 207 Sistema esquelético de um gato e comparação dosmembros de alguns


mamíferos comparados
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 359

Fig. 208 Comparação de crânios de alguns mamíferos


360

Sistema vascular e sanguíneo

• Coração com 4 câmaras (2 átrios e 2 ventriculos); revestimento


pelo pericárpio.
• Circulação dupla e completa e fechada;
• Completa separação do sangue venoso e arterial como nas aves.
• Eritrócitos bicôncavos e anucleados.

Sistema respiratório

• Menos complicado que o das aves.


• Desenvolvimento de abas e válvulas para fechar as narinas
externas.
• Os mamíferos aquáticos apresentam adaptações para mergulhar
a grandes profundidades, sem sofrer deprivação de oxigênio,
para tal pode concorrem:
o Redução da pulsação e da frequência cardíaca;
o Maior tolerância ao CO ;
2

o Grande quantidade de mioglobina no tecido muscular para


“armazenar” oxigênio.
• Muitos mamíferos respiram rapidamente com a boca aberta,
para ajudar a regular a temperatura do corpo. Este fenómeno
chama-se arfar.

Sistema urogenital e reprodutor


As fêmeas têm geralmente dois ovários ligados a dois oviductos
(Trompas de Falópio); os machos, dois testículos envoltos em uma
bolsa protectora chamada escroto. Os Monotremados põem ovos e
os oviductos abrem-se na cloaca. Nos Marsupiais e placentários, o
oviducto expande-se num útero, onde ocorre o desenvolvimento
embrionário;
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 361

Fig. 209 Tractos reprodutivos de fêmeas de mamíferos: a) ancestrais, b)


monotrémado ovíparo, c) marsupial e d) mamífero placentário

• Nos Marsupiais a gestação é curta e o desenvolvimento


termina no marsúpio (bolsa que deu nome ao grupo). Após
o nascimento, os embriões emigram para o marsúpio, onde
se fixam a um mamilo da mãe para alimentação;
• Nos placentários, a placenta possibilita o desenvolvimento
embrionário intra-uterino, já que o suprimento energético
dá-se por via da placenta;
• A fecundação é sempre interna. As fêmeas passam por um
ciclo estral periódico, marcado por modificações celulares
no útero e na vagina e por diferenças no comportamento.
• Adultos apresentam um rim metanefridial, uma bexiga
urinária. A uréia é a a excreta.
• Além da formação do âmnio e do alantóide, durante o
desenvolvimento embrionário, também ocorre a formação
da placenta, um anexo que permite as trocas respiratórias e
nutritivas entre o feto e a mãe, contribuindo para que aquele
passe todo o seu período de desenvolvimento no interior do
útero materno, livre dos perigos do meio exterior;
362

Sistema Nervoso e Sensorial


• O cérebro é mais desenvolvido do que em todo o reino
animal. Em muitas espécies, os hemisférios cerebrais
possuem circunvoluções na superfície, de forma que há
giros e sulcos. O córtex (camada externa do cérebro) é
composto de matéria cinzenta;
• Nos mamíferos, os lobos olfativos são pequenos, se
comparados aos vertebrados inferiores.
• O hipotálamo é muito importante e controlam muitas
funções, incluindo a pressão sanguínea, o sono, o equilíbrio
térmico e hídrico, o metabolismo de gorduras e
carbohidratos, relógios internos;
• O cerebelo formou-se como centro de controle dos
movimentos do corpo;
• Órgãos dos Sentidos
o Olfato bem desenvolvido;
o No ouvido ocorreram modificações: o ouvido médio
tem 3 ossículos (estribo, bigorna e martelo) que
transmitem vibrações da membrana timpânica ao
ouvido interno; existe um canal auditivo externo e,
na maioria, um pavilhão auditivo externo (orelha),
que pode participar na termorregulação;
o O aparelho auditivo de alguns mamíferos mostra
uma grande especialização: nos morcegos e cetáceos
ele é receptor de sons especiais de comunicação por
meio de ecos;
o olhos com pálpebras móveis;
o ouvidos com pavilhões externos carnosos (orelhas);
o A língua é também um órgão sensorial, além de
participar na preparação do bolo alimentar. Possui
inúmeras papilas gustativas espalhadas em
determinados padrões na sua superfície superior.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 363

Sistema Digestivo
• Boca com dentes nas mandíbulas e maxilas e uma língua
usualmente móvel. Os dentes estão especializados de
acordo com os hábitos alimentares. Muitos deles servem de
armas e instrumentos;
• A maioria dos mamíferos possui duas dentições ao longo da
vida: uma decídua ou láctea e outra permanente.
Vertebrados inferiores podem substituir os dentes ao longo
da vida;
• A dentição permanente compõe-se de quatro grupos de
dentes, da parte anterior para a posterior da maxila:
INCISIVOS, CANINOS, PRÉ-MOLARES e
MOLARES. O número de dentes em cada um desses
grupos varia. Os zoólogos desenvolveram o que se chama
de fórmula dentária para auxiliar na identificação dos
grupos de vertebrados.
Carnívoros
I C P M 3 1 3 1
I C P M 3 1 3 1

Ruminantes

I C P M 0 0 3 3
I C P M 3 1 3 3

Roedores

I C P M 1 0 0 3
I C P M 1 0 0 3

Omnívoros (porcos)

I C P M 2 1 2 3
I C P M 2 1 2 3

Homem (adulto)

I C P M 2 1 2 3
I C P M 2 1 2 3

Fig. 210 Fórmulas dentárias de alguns grupos de Mamíferos

• A maioria dos mamíferos tem a língua muito desenvolvida


(com excepção das baleias) e capaz de muitos movimentos.
• O estômago tem formas e padrões variados, relacionados
com os hábitos alimentares, podendo ser simples estruturas
em forma de saco, até estruturas compostas por uma série
de câmaras, como nos ruminantes, estômago tipo
364

poligástrico. O alimento segue o trajecto: Boca, esôfago,


rúmen ou pança (1ª. câmara), retículo ou barreto (2ª.
câmara), regurgitação, omaso ou folhoso (absorção da
água), abomaso ou coagulador (semelhante ao de outros
mamíferos); são ruminantes: bovídeos, girafas, camelo,
lama, veado, etc.
• Todos possuem ânus, a cloaca aparece somente nos
monotremados.

Evolução Filogenética e Sistemática dos Mamíferos


Os mamíferos surgiram na Terra a partir dos répteis Synapsida.
Existem 4.500 espécies actuais, agrupadas em 20 ordens. Estas,
apresentam uma grande diversidade morfológica devido às
adaptações ecológicas, sobretudo à alimentação, defesa,
reprodução, etc.

Os mamíferos modernos são divididos em dois grupos (subclasses)


principais, separados com base em seus modos de reprodução:
1. Subclasse Prototheria, ou Adelphia: Aplacentados
ovíparos, sem útero e sem vagina. A fêmea sem tetas.
a. Ordem Monotremata (Monotrémados): 6 espécies
na Austrália e Nova Guiné. Os Prototheri
caracterizam-se por depositar ovos que são
incubados e eclodem fora do trato reprodutivo da
fêmea.

Fig.211 Monotremata: esquerda, Ornithorhynchus anatinus; direita,


Tachyglossus aculeatus
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 365

Exercícios

1. Defina os mamíferos, apresentando apenas três


características fundamentais.
2. Caracterize o sistema esquelético dos mamíferos
Auto-avaliação
3. Qual é a função da placenta no grupo dos mamíferos
placentarios?

Chave de correção
1. Os mamíferos são animais que apresentam
glândulas mamarias o que esta na origem do
nome mamíferos, apresentam pelos para a
regulacao da temperatura corporia e presença de
glândulas sudoripras.
2. O sistema esquelético dos mamíferos e
caracterizado pela grande ossificacao.
3. O placenta permite as troucas respiratórias e
nutritivas entre a o feto e a mãe.
366

Lição nº 8

Subclasse Theria

No fim desta lição você será capaz de:

• Identificar as ordens que fazem parte desta subclasse

Objectivos • Mencionar os mamíferos existentes na subclasse Theria

• Descrever as características gerais de cada ordem da subclasse.

• Diferenciar os mamíferos Marsupiais dos mamíferos Placentarios

Infraclasse Metatheria (Dideplphia)

Ordem Marsupialia: cerca de 250 espécies, caracterizam-se pelo


curto período de gestação, pela prematuridade dos filhotes e, em
muitos, por possuírem uma bolsa de proteção (o marsúpio), onde se
desenvolvem os recém-nascidos. Os marsupiais só ocorrem na
Austrália e no Novo Mundo. Ex. gambás, coalas, cangurús, cuícas.

Fig. 212 Marsupiais, Coala, Phascolarctos cinereus, e Cangurú, Macropus sp.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 367

Infraclasse Eutheria, ou Placentalia, ou Monodelphia


(Placentários): verdadeiros placentários, com um útero e vagina
única; cerca de 3800 espécies. Nascem num estágio de
desenvolvimento muito mais avançado que os marsupiais. Muitos
estão prontos para correr ou nadar ao lado das mães minutos após o
nascimento.

As principais ordens são:

Ordem Chiroptera (quirópteros) mamíferos voadores: morcegos.

Fig. 213 Morcego vampito Desmodus rotundus

Edentata (edentados) dentes reduzidos aos molares ou ausentes:


tamanduás, preguiças, tatus.

Fig.214 Edentata, alguns representantes


368

Ordem Lagomorpha (lagomorfos) 3 pares de dentes incisivos que


crescem continuamente: lebres e coelhos.

Fig.215 Lagomorpha: Lebre, Lepus nigricollis e coelho doméstico, Oryctolagus


cuniculus

Ordem Rodentia (roedores) 2 pares de dentes incisivos que


crescem continuamente: ratos, camundongos, esquilos, castores.

Fig. 216 Um roedor indiano

Ordem Cetacea (cetáceos) - mamíferos aquáticos: baleias,


golfinhos e botos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 369

Fig. 217 Baleias-francas, Eubaena australis; Golfinho


comum, Tursiops truncatus

Ordem Carnivora (carnívoros) - dentes caninos muito


desenvolvidos. Subordens:

1. Fissipedia (Canidae, Mustelidae, Herpestidae, Viverridae,


Hyaenidae, Felidae), todos carnívoros terrestres, e

2. Pinnipedia (Phocidae, Ottaridae, Odobenidae), estes últimos


aquáticos marinhos; suas patas modificadas para remos.

Chacal do dorso preto e Cão do mato (Mabeco)

Família: Canidae

Características gerais de Canis mesomelas

 Comprimento total: 71-130 cm; cauda: 26-40 cm; altura:


30-48 cm; pêso 6-12 kg.
370

 Parecido ao cão doméstico, com manchas brancas ou


esbranquiçadas.
 Com pêlos dorsais desenvolvidos em forma de sela do
cavalo.
 Cauda negra tufóide na região terminal.
 Som de chamamento (ladrar) muito distintivo.

Características gerais de Lycaon pictus (Fig. 41)

 Comprimento total: 1,05-1,5 cm; cauda: 30-40 cm; altura:


68-80 cm; pêso 17-36 kg (animais da África Oriental
menores em relação aos do Ocidente, existem diferenças
genéticas significativas).
 Coloração variada nas diferentes partes do corpo, desde
preto a amarelho e castanho.
 Orelhas loboformes (lobóides).

Distribuição:

 As duas espécies partilham as mesmas áreas geográficas:


ocupam praticamente toda a região subsahariana.
 Lycaon pictus não ocorre nos desertos e nas florestas do
Congo.
 Canis mesomelas ocupa grande parte da África Austral,
Tanzania e Etiópia.

Status:

 Canis mesomelas é muito comum, embora extinções locais


estejam a ser cada vez mais reportadas na África do Sul
como resultado da pressão da caça.
 Lycaon pictus tem populações mais concentradas em seis
paises (Botswana, Kenya, Tanzania, África do Sul, Zâmbia
e Zimbábwè). Em Moçambique é igualmente abundante, o
que contraria Chris & Stuart (2000).

Habitat:

 Savanas, florestas, pradarias e desertos (excepto Lycaon


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 371

sp.).

Comportamento:

 Canis mesomelas:
o Actividade nocturna em farmas, o que causa
conflictos com o Homem. na natureza os indivíduos
preferem horas frescas do dia; Solitários ou aos
pares.
o Os pares formados são duradoiros.
o Os machos e suas fêmeas defendem seus territórios,
os quais variam no tamanho.
o Tornam-se mais vocais no invesno, altura de
acasalamento. Cada par forma territórios de mais de
30 km2.
o Tais territórios podem variar de acordo com certos
factores, por exemplo, a disponibilidade do alimento
e competição com outros indivíduos da espécie ou
de outras espécies.
 Lycaon pictus:
o Muito social, vivendo em grupos (matilhas) que
variam numericamente entre 10 e 15 animais.
o Cada matilha é composta por adultos e sub-adultos
com grau parentesco fechado, fêmeas podem provir
de outras matilhas.
o Apenas a fêmea dominante tem maior sucesso
reprodutivo, o que ocasiona rivalidade entre as
fêmeas na concorrência pelo posto de dominância.
o A fêmea dominante e seus filhores são alimentados
pelas outras subordinadas por via de regurgetação de
alimentos.
o A caça é feita pela matilha que se move de vagar em
direcção à presa, incrementando, depois, o tempo.
o Seus territórios variam de 400 a >1.500 km2. Trata-
se de territórios não defendidos, o que é raro em
372

animais territoriais, sobretudo carnívoros.

Alimentação:

 Canis mesomelas:largo espectro de espécies e tamanhos de


presa, incluindo jovens antílopes, roedores, cunículos, aves,
répteis, invertebrados, assim como frutos. Animais
domésticos, especialmente carneiros, são também alvos
preferidos.
 Lycaon pictus: a presa varia no tamanho e na espécie.
Trata-se maioritariamente de mamíferos (cabrito até
búfalo). Ungulados1 de tamanho médio são os mais
preferidos.

Reprodução:

 Canis mesomelas: reprodução sazonais. Nascem 1 a 8


filhotes entre Julho e outubro, na nossa região. A gestação
fixa-se em 60 dias. Machos e fêmeas do parto anterior
ajudam na alimentação da ninhada.
 Lycaon pictus: os filhotes nascem durante o inverno sêco,
entre Março e Julho, na nossa região. É a altura de pasto
curto e de boas condições de predação. Podem nascer até 19
filhotes, depois de uma gestação de 73 dias. Os filhotes
nascem em tocas abandonadas por outros animais.

Outras informações:

 O investigador ou o gestor da fauna deve capacitar-se no


sentido de saber distinguir estes carnívoros. Existem muitas
semelhanças entre eles. Veja-se o caso de Canis mesomelas e
Canis adustus.
 Canis adustus ocorre igualmente em Moçambique, existe ainda
de modo denso entre o Corno de África e África do Sul (neste
país pouco presente). É espécie rara mas não ameaçada.

1
Ungulata (do Grego ungula, casco; animais cujos dígitos estão providos de
cascos como protecção).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 373

Fig. 218 Cánidas: Chacal do dorso preto e Cão do mato

Fig. 219 Hiena malhada, Crocuta crocuta

Hiena malhada, Crocuta crocuta


Família: Canidae

A família Hyaenidae tem sido sempre colocada ao lado da


Protelidae. Certamente, as semelhanças anátomo-morfológicas
levam a esta atitude. Observando bem, parece não existirem
diferenças significativas entre ambas as espécies representantes.

Crocuta crocuta, mais conhecida por Hiena malhada (Nyunguè e


Ci Cewa: Thika) é, ao lado de Hyaena hyaena, a mais propagada
em África.
374

 Comprimento total: 1,2-1,8 cm; cauda: 25 cm; altura: 85 cm;


pêso 60-80 kg.
 Parecida com outras hienas e com o Ptroteles cristatos, outro
animal lrgamente confundida com hiena.
 Uma das características das hienas é a diferença de alturas do
região anterior e posterio, as pernas são desproporcionais.
 No fundo de cor amarela notam-se manchas negras distribuídas
por todo o corpo.

Distribuição:

 Bastante comum no Sub-Sahara, mas eliminada ou ausente


noutras regiões do sub-continente.

Status:

 Muito propagada pela África, mas em declínio e extinta em


determinadas áreas.
 Em Moçambique bem presente e mitológica.
 Merece protecção máxima.

Habitat:

 Savana ligeiramente arbórea aberta, pradarias densas.

Comportamento:

 Animais solitários podem ser observados, mas esta é uma


espécie que forma grupos sociais baseados na família ou clã
liderados por uma fêmea adulta.
 O clã vai de 3 a 15 indivíduos.
 Cada clã defende seu território demarcado por meio de
feromônios expelidos com a urina, secreções de glândulas
anais.
 Possuem zona de “latrina” dentro do território.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 375

 Realizam banhos de sol como comportamento de conforto.


 Contrariamente à opinião popular, eles não são cavadores
de cadáveres, mas predadores extremamente agressivos.
 Confrontam-se com leões quando necessário e disputam
presa com estes.
 Popularmente diz-se que atacam mais crianças e que estas
podem escapar se colocarem um objecto sobre a cabeça
como forma de “aumentar” a sua altura.

Alimentação:

 Alimentam-se de ungulados, incluindo antílopes, búfalos e


zebras.

Reprodução:

 Nasce um a dois cachorros por parto, mas acima disso


também tem sido reportado.
 Podem partilhar o local e momento de parto, o que deixa a
impressão de uma fêmea ter dado luz à muitos filhotes.
 A gestação ocorre em 110 dias. A cria pesa ao nascer 1,5
kg.
 Reprodução sazonal pode ocorrer, mas eles não estão
ligados a ciclos ambientais para reprodução. Facto curioso e
discutível.

Outras informações:

 Como disse atrás, as hienas são, de modo geral, parecidas.


 Elas confundem-se com indivíduos da familia irmã
(adelfotaxon), os Protelidae.
 No país existem ainda: Hyaena brunea (Hiena acastanhada),
Proteles cristatus.

Na África: Hyaena hyaena preenche densamente todo o Norte de


África acima do Equador.
376

Proteles cristatus, Lobo da terra

Fig. 220 Proteles cristatus, Lobo da terra

A população descreve dois tipos de hienas. Uma é biológica.


A outra é mítica, supostamente de feitiço. Em todos os casos
ambos são temidos.

Propensamente de savanas e florestas densas, a hiena tem


um status populacional aceitável em Moçambique. Também
pode ocorrer em regiões secas. Hienas penetram até zonas
habitacionais humanas. São territoriais e competem seus
territórios e presa com outros carnívoros, tais como os
grandes gatos.

Os seus hábitos são nocturnos e crepusculares, podendo seu


comportamento predador e a sua actividade locomotora ser
seriamente afectada pelas infrastruturas humanas
localizadas dentro dos seus habitats.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 377

Cão do mato (Mabeco), Chacal de dorso preto

Fig. 221 Canis mesomelas (Chacal de dorso preto).

Chacal do dorso preto e Cão do mato (Mabeco)

Mphumpe em Nyungwé e M´binze em Ci Cewa, nomes igualmente

atribuidos ao Cão do mato ou Mabeco (Lycaon pictus)

Família Canidae

Características gerais de Canis mesomelas

 Comprimento total: 71-130 cm; cauda: 26-40 cm; altura:


30-48 cm; pêso 6-12 kg.
 Parecido ao cão doméstico, com manchas brancas ou
esbranquiçadas.
 Com pêlos dorsais desenvolvidos em forma de sela do
cavalo.
 Cauda negra tufóide na região terminal.
378

 Som de chamamento (ladrar) muito distintivo.

Características gerais de Lycaon pictus

 Comprimento total: 1,05-1,5 cm; cauda: 30-40 cm; altura:


68-80 cm; pêso 17-36 kg (animais da África Oriental
menores em relação aos do Ocidente, existem diferenças
genéticas significativas).
 Coloração variada nas diferentes partes do corpo, desde
preto a amarelho e castanho.
 Orelhas loboformes (lobóides).

Distribuição:

As duas espécies partilham as mesmas áreas geográficas:

 ocupam praticamente toda a região subsahariana.


 Lycaon pictus não ocorre nos desertos e nas florestas do
Congo.
 Canis mesomelas ocupa grande parte da África Austral,
Tanzania e Etiópia.

Status:

 Canis mesomelas é muito comum, embora extinções locais


estejam a ser cada vez mais reportadas na África do Sul
como resultado da pressão da caça.
 Lycaon pictus tem populações mais concentradas em seis
paises (Botswana, Kenya, Tanzania, África do Sul, Zâmbia
e Zimbábwè). Em Moçambique é igualmente abundante, o
que contraria Chris & Stuart (2000).

Habitat:

 Savanas, florestas, pradarias e desertos (excepto Lycaon


sp.).

Comportamento:

 Canis mesomelas:
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 379

o Actividade nocturna em farmas, o que causa


conflictos com o Homem. na natureza os indivíduos
preferem horas frescas do dia; Solitários ou aos
pares.
o Os pares formados são duradoiros.
o Os machos e suas fêmeas defendem seus territórios,
os quais variam no tamanho.
o Tornam-se mais vocais no invesno, altura de
acasalamento. Cada par forma territórios de mais
de 30 km2.
o Tais territórios podem variar de acordo com certos
factores, por exemplo, a disponibilidade do alimento
e competição com outros indivíduos da espécie ou
de outras espécies.
 Lycaon pictus:
o Muito social, vivendo em grupos (matilhas) que
variam numericamente entre 10 e 15 animais.
o Cada matilha é composta por adultos e sub-adultos
com grau parentesco fechado, fêmeas podem provir
de outras matilhas.
o Apenas a fêmea dominante tem maior sucesso
reprodutivo, o que ocasiona rivalidade entre as
fêmeas na concorrência pelo posto de dominância.
o A fêmea dominante e seus filhores são alimentados
pelas outras subordinadas por via de regurgetação
de alimentos.
o A caça é feita pela matilha que se move de vagar em
direcção à presa, incrementando, depois, o tempo.
o Seus territórios variam de 400 a >1.500 km2. Trata-
se de territórios não defendidos, o que é raro em
animais territoriais, sobretudo carnívoros.

Alimentação:
380

 Canis mesomelas:largo espectro de espécies e tamanhos de


presa, incluindo jovens antílopes, roedores, cunículos, aves,
répteis, invertebrados, assim como frutos. Animais
domésticos, especialmente carneiros, são também alvos
preferidos.
 Lycaon pictus: a presa varia no tamanho e na espécie.
Trata-se maioritariamente de mamíferos (cabrito até
búfalo). Ungulados2 de tamanho médio são os mais
preferidos.

Reprodução:

 Canis mesomelas: reprodução sazonais. Nascem 1 a 8


filhotes entre Julho e outubro, na nossa região. A gestação
fixa-se em 60 dias. Machos e fêmeas do parto anterior
ajudam na alimentação da ninhada.

Lycaon pictus: os filhotes nascem durante o inverno sêco, entre


Março e Julho, na nossa região. É a altura de pasto curto e de
boas condições de predação. Podem nascer até

 19 filhotes, depois de uma gestação de 73 dias. Os filhotes


nascem em tocas abandonadas por outros animais.

Outras informações:

 O investigador ou o gestor da fauna deve capacitar-se no


sentido de saber distinguir estes carnívoros. Existem muitas
semelhanças entre eles. Veja-se o caso de Canis mesomelas e
Canis adustus.

2
Ungulata (do Grego ungula, casco; animais cujos dígitos estão providos de
cascos como protecção).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 381

Canis adustus ocorre igualmente em Moçambique, existe ainda de


modo denso entre o Corno de África e África do Sul (neste país
pouco presente). É espécie rara mas não ameaçada.

Civeta africana, Civettictis civetta

Civeta africana, Civettictis civetta

Nyunguè e Ci Cewa: Sandawana

Família: Viverridae

Características gerais:

 Comprimento total: 1,2-1,4 m; cauda: 40-50 cm; altura: 40


cm; pêso 9-15 kg.
382

 Manchas negras faciais, da nuca e do corpo.


 Similar com Geneta.

Distribuição:

 Extremamente distribuído e abundante na África tropical,


excepto o deserto.

Status:

 Muito comum e sem necessidade de cuidados especiais.

Habitat:

 Larga tolerância para os diferentes habitats, mas com


preferência para florestas e zonas com arbustros e perto da
água.

Comportamento:

 Geralmente nocturnos, mas encontrados no crepúsculo


 Geralmente solitários com possibilidade de ocorrerem aos
pares.
 No seu território possuem áreas para “latrina”.
 Territórios demarcados por meio de secrecções glandulares.
 São puramente terrestres.

Alimentação:

 Alimentam-se de invertebrados, particularmente insectos.


 Predadores de pequenos roedores, coelhos, lebres, aves,
réptei e comem frutos..

Reprodução:

 2 a 4 filhotes por cada gestação de 60 a 65 dias.


 Reprodução sazonal pode ocorrer, mas eles não estão
ligados a ciclos ambientais para reprodução. Facto curioso e
discutível.

Outras informações:

 O género Geneta inclui também G. pardina


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 383

Fig.223 Civettictis civetta, Civeta Africana

As revisões de 1991 (Cobert & Hill, 1991) e a reclassificação de


Chris & Stuart (2000) referem-se a este grupo de carnívoros de
modo contraditório. Os primeiros incluem os manguços na família
Herpestidae. Enquanto isto, os últimos referem-se apenas à família
Viviperidae, que é a mesma das Civetas.

 Nandinia binotata, Civeta das árvores ou Sandawana em


Nyunguè e Ci Cewa): Restrita à zona equatorial e
extendendo-se até o Zimbábwè. Espécie muito comum e
sem necessidade de medidas faunísticas adicionais. Vive em
florestas que se situam nos 1.000 mm de precipitação por
ano. Nocturno e solitário.
 Genetta tigrina3, Geneta ou Simba de malhas grandes.

Fig. 224 Genetta tigrina, Geneta ou Simba de malhas grandes

3
Existem 8 espécies e provavelmente subspécies na África Austral, exceptuando
a Namíbia e grande parte da RSA.
384

As Genetas são várias:

 G. servalina, região do Congo;


 G. abyssinica, população muito reduzida na Etiópia;
 G. angolensis, no Centro de África, do Índico ao Atlântico;
 G. maculata, florestas da Guiné, penetrando até região do
Congo;
 G. cristata, no Sul da Nigéria e Camarões;
 G. johnstoni, da Guine, Costa do Marfim e Libéria;
 G. pardina, Gâmbia, Camarões, nas florestas;
 G. servalina, Camarões, Kenya, nas florestas;
 G. thierryi, Senegal, Chad, Guiné, nas savanas;
 G. victoriae, Uganda, Noroeste do Zaire.

Família Herpestidae

Quanto aos manguços, há que referir que eles compreendem vários


géneros. Em Moçambique ocorrem as espécies descritas a seguir.

Suricata suricatta - embora não possa ser imediatamente


subordinada aos manguços, a espécie compreende indivíduos
semelhantes à estes. Como se disse, os manguços compreendem
diferentes géneros.

Os Suricata, são indivíduos altamente sociais, com


comportamentos altruistas muito desenvovlidos. À aproximação de
predadores o indivíduo vigilante emite sons de alarme para o
grupo, sob risco de ele próprio ser predado. A figura seguinte,
abaixo, ilustra um movimento sincrónico típico da cabeça.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 385

Fig. 225 Acima, Liberiictis kuhni (Manguço da Libéria); abaixo, Suricata


suricatta (Manguço de zonas áridas da África Austral

Liberiictis kuhni - O Manguço

da Libéria foi visto e registado apenas uma única vez por um


cientista, sendo considerada espécie em alto risco de extinção.
Distribui-se entre Libéria, Costa do Marfim, Guiné.

Paracynictis selousi - Manguço de Selous, reporta-se que ocorre


raramente em Moçambique, talvez proveniente do Norte da África
do Sul, ou da África Central.
Cynictis penicellata - Manguço amarelo, endémico no Sul de
África. Pode ser encontrado parcamente em Maputo.
Bdeogale crassicauda - Manguço de cauda tufada, muito
abundante entre o Save e Tanzania.
Galerella pulverulenta - Manguço pequeno cinzento, limitado à
África do Sul, Angola e Namíbia.
Herpestes ichneumon sabiensis - Manguço gigante cinzento, muita
representada em diferentes partes de África, excepto nos desertos.
386

Fig. 226 Herpes ichneumon sambiensis, Manguço grande cinzento, no seu meio
natural

O manguço cinzento gigante encontra-se muito distribuído pela


África, incluindo o Norte. Também ocorre na Europa Oriental e do
Sul. Mesmo assim, trata-se de um animal pouco comum de hábitos
nocturnos e diurnos. Ocorre solitário ou em pequenos grupos
destinados a reprodução. Quando se agrupam vários indivíduos,
movem-se ligados “nariz-ânus”, formando uma fila serpenteante de
mais de 100 indivíduos. A razão para este padrão de agregação,
digamos, rostro-anal, é desconhecida.

A sua alimentação é baseada em uma grande variedade de


invertebrados, particularmente roedores. Ocasionalmente juntam
frutos à dieta alimentar.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 387

O Manguço é designado de Sandawana em Nyungwè e Ci Cewa. A


figura seguinte ilustra uma conglobação típica do manguço
(Helogale hirtula).

Fig. 227 Diferentes espécies de Manguços

O quadro geral de espécies da família Herpestidae mostra que, no


total, existem 39 espécies na África, Sul de Ásia, vivendo em
estepes, florestas e vegetação intermediária. Na sua maioria são
carnívoros e omnívoros. Em muita literatura eles são tidos como
Viveridae.

Fig. 227 Diferentes espécies de Manguços

O quadro geral de espécies da família Herpestidae mostra que, no


total, existem 39 espécies na África, Sul de Ásia, vivendo em
estepes, florestas e vegetação intermediária. Na sua maioria são
carnívoros e omnívoros. Em muita literatura eles são tidos como
Viveridae.
388

Eis as espécies actuais:

Género Herpestes
 Herpestes sanguinea (Manguço esguio ou Manguço
vermelho de cauda preta), com densidade populacional
extraordinária em toda África Sub-Sahariana.
 H. naso, Manguço de nariz comprido, Nigéria, Zaire e
outras partes da África Central.
 H. auropunctatus (javanicus, palustris), Manguço pequeno
da India (Arábia Oriental até Malaya.
 H. brachyurus, Malaya, Sumatra, Borneo, Palawan.
 H. fuscus, Manguço Castanho da India, Sul de India, Sri
Lanka.
 H. eduardisii, manguço cinzento da India, Arábia até Assan,
Sri Lanka.
 H. hosei, Manguço de Hose, Borneo.
 H. javanicus, Manguço de Java, Indochina, Malaya, Java.
 H. semitorcatus, Manguço de colarinho, Sumatra, Borneo.
 H. smithii, Manguço corado ou avermelhado, India, Sri
Lanka.
 H. urva, Manguço comedor de camarão, Nepal, Sul da
China.
 H. vitticolis, India, Sri Lanka.
Género Galidea
 G. elegans, Manguço de manchas circulares, Madagascar;
florestas.
Género Galidictis
 G. fasciata (striata), Este de Madagascar; florestas.
 G. grandidiensis, Sudoeste de Madagascar.
Género Mungotictis
 M. decemlineata (lineata), Madagascar.
Género Salonia
 S. concolor, Noroeste de Madagascar; florestas.
Género Helogale
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 389

 H. parvula (Manguço anão), em todo Moçambique,


Tanzania, Zâmbia e partes de Kenya.
 H. hirtula, Etiópia, Somália, Kenya.
Género Dologale
 D. dybowskii, República da África Central até Uganda.
Género Galerella (Herpestes)
 G. nigrita, Centro e Norte da Namíbia;
 G. pulverulenta, África do Sul até Sul de Angola;
 G. sanguinea, África ao Sul de Sahara;
Género Atilax
 Atilax paludinosus (Manguço d´agua), muito comum em
África.

Fig. 228 Atilax paludinosus (Manguço aquático)

Género Mungos
 Mungos mungo (Manguço listrado), muito comum em
África.
 Mungos gambianos, apenas nas savanas da África
Ocidental.
Género Rhynchogale
 Rhynchogale mellerei mellerei (Manguço de Meller), ocorre
parcamente e
Género Bdeogale
390

 B. crassicauda, Kenya até Moçambique;


 B. jacksoni, Kenya, Uganda;
 B. nigripes, Sudoeste da Nigéria até Zaire e Norte de
Angola.
Género Cynictis

o C. penicillata, Manguço amarela, África do Sul até Angola;


Género Paracynictis
 P. selousi, Moçambique até Angola.

Família Felidae

Chita

Felídeos são os gatos, dento dos quais enquadram-se os grandes


gatos, tais como o leão, o tigre, o leopardo, a chita, o puma, etc. o
gato doméstico faz igualmente parte do grupo.

Fig. 229 Acinonyx jubatus (Chita) no meio natural, posição de controle


óptico no ambiente proximal em relação à presa

Uma das características principais deste grupo é a locomoção


extremamente veloz, sobretudo no momento de captura de presa.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 391

Chita: Acinonyx jubatus

Família: Felidae

Características gerais:

 Comprimento total: 1,2-1,4 m; cauda: 40-50 cm; altura: 40 cm;


pêso 9-15 kg.
 Manchas negras faciais, da nuca e do corpo.
 Similar com Geneta.

Distribuição:

 Extremamente distribuído e abundante na África tropical,


excepto o deserto.

Status:

 Muito comum e sem necessidade de cuidados especiais.

Habitat:

 Larga tolerância para os diferentes habitats, mas com


preferência para florestas e zonas com arbustros e perto da
água.

Comportamento:

 Geralmente nocturnos, mas encontrados no crepúsculo.


 Geralmente solitários com possibilidade de ocorrerem aos
pares.
 No seu território possuem áreas para “latrina”.
 Territórios demarcados por meio de secrecções glandulares.
 São puramente terrestres.

Alimentação:

 Alimentam-se mamíferos de pequeno e médio tamanhos,


chegando mesmo a caçar antílopes de mais de 60 kg.
 A Gazela de Thomson constitui, na África Oriental, a presa
prefererida. Enquanto isto, a Impala, o Cabrito saltador ou
392

das montanhas, são mais importantes na sua dieta ao Sul e


no Centro de África.

Reprodução:

 1 a 5 filhotes em cada nascimento, depois de uma gestação


de 92 dias.
 Os filhotes chegam a pesar 300g ao nascerem.
 Nos primeiros seis meses, os filhotes são escondidos dentro
de uma vegetação densa.
 Reprodução tem coincidido com o periodo chuvoso, embora
ela possa ocorrer a qualquer altura do ano.

Outras informações:

 As espécies similares são o serval (distinto no tamanho) e o


leopardo (distinto na aparência).

Leopardo

Fig. 230 Panthera pardus (Leopardo) no comportamento típico de empoleira-se

Leopardo: Panthera pardus

Família Felidae

Características gerais:

 Comprimento total: 1,6-2,1 m; cauda: 68-110 cm; altura:


70-80 cm; pêso max. 90 kg.
 Animal de grande porte, mas parecido com o gato
doméstico.
 Manchas, mais ou menos, agrupadas em diferentes pontos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 393

da superfície da pele, criando imagem de concêntricas em


diferentes pequenas áreas (eu chamo quadri-
multipunctacta).
 Similar com Serval, Chita, mas distinto pelo tamanho e
aparência.

Distribuição:

 Largamente distribuído na África Sub-sahariana. Algumas


populações em Marroco (Montanhas do Atlas) e zonas
costeiras da África do Sul.
 Também ocorre Médio Oriente, na Ásia, extendendo-se
para China.

Status:

 Apesar desta larga distribuição, o Leopardo já desapareceu


e/ou reduziu-se em determinadas áreas. Não está ameaçado
na África Austral, incluindo Moçambique.

Habitat:

 Larga tolerância para os diferentes habitats, desde a costa


até altas altitudes das montanhas e nas zonas florestais
tropicais húmidas.
 A procura de água provoca reencontros desagradáveis com
bovídeos e mesmo com outros grandes gatos.

Comportamento:

 O Leopardo é solitário, excepto quando vai ao acasalamento


para reprodução.
 Geralmente activos a noite, mas em áreas não perturbadas
podem ser vistos a moverem-se nas horas frescas do dia.
 O Leopardo é bom trepador, mas também activo na terra, o
que torna suas presas impotentes. Ademais, o Leopardo é
bom corredor.
 Bastante territorial, o Leopardo marca seus territórios com
urina, substâncias cutâneas e defende-os fortemente.
394

 Os territórios normais são de 10km2.

Alimentação:

 Em parte, o sucesso de sobrevivência do Leopardo deve-se


à sua habilidade de utilizar uma variada gama de presa
(insectos, répteis, peixes, aves e, maioritariamente,
antílopes e outros ungulados.

Reprodução:

 Ninhadas de 2 ou 3 surgem de cada gestação de aprox. 100


dias. Cada filhote chega a pesar 500 g.

Outras informações:

 Panthera deriva do Grego, pan, todo, na totalidade, to


therion, o animal. Fazem parte do género Panthera: P.
leo (leão), P. tigris (tigre), P. pardus (leopardo4), P.
nebulosa, P. onca (Jaguar), P. (= Uncia) uncia
(Leopardo da neve, Irbis).

Leão

4
Na verdade a Pantera no senso restricto.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 395

Fig. 231 Panthera leo; Leoa, acima e Leão, abaixo

Quadro de características do Leão

Características gerais:

Comprimento total: 2,5-3,3 m; cauda: 100 cm; altura: 1,2

 m; pêso max. 225 kg.


 Animal de grande porte que supera todos os grandes gatos.
 Possui uma cor uniforme, próxima do castanho.
 Machos possuem, quando adultos, uma juba bem
desenvolvida.
 Nenhuma espécie é lhe similar.

Distribuição:

 Possuia uma grande presença em África, mas, ultimamente,


está confinado a determinadas zonas sub-saharianas. A
razão principal é a conquista de seus habitats pelo Homem.
 As populações mais notáveis referem-se às savanas de
reservas do sul.
 Uma pequena população pode ser encontrada na India.
396

Status:

 Há variação numérica na composição de cada população


de leões de África. Contam-se aprox. 50.000 animais de
todas as populações registadas.
 Na África do Sul devem existir perto de 2.000 animais, no
Sistema Serengueti/Mara 3.000.

Habitat:

 Larga tolerância para os diferentes habitats, mas ausente


da verdadeira floresta..
 A procura de água provoca reencontros desagradáveis com
bovídeos.

Comportamento:

 O leão é o gato mais social, vivendo em grupos de 3 a 30


indivíduos, liderados por um macho dominante.
 A caça é feita geralmente pela fêmea, mas o macho toma-
lhes dianteira no momento da refeição.
 A caça ocorre a noite e durante periodos frescos do dia.
 Há possibilidade coligações de dois machos dominantes
que juntam seus grupos sem agonismos.
 Os territórios normais chegam a atingir 2.000km2.

Alimentação:

 Alimenta-se de mamíferos de diferentes portes. Pode caçar


avestruzes e outras aves.

Reprodução:

 Depois de uma gestação de 60dias nascem de 1 a 5


gatinhos de pêso médio de 50 g.

Outras informações:

Existem muitas histórias mitológicas acerca do leão. Várias


histórias referem-se ao seu rosnar que supostamente basea-se num
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 397

órgão que quando implantado no Homem confere-lhe poderes e


respeito que o leão possui.

Outros gatos presentes em Moçambique

Fig. 232 Leptailurus serval num substrato típico do seu habitat

Fig. 233 Caracal caracal (Caracal), adaptação impressionante da cor do


indivíduo com o substrato

Família Equidae

Equídae (Equídeos, do Latim Equus, cavalo) é o nome da família


de mamíferos, de que fazem parte o asno (burro), cavalos e as
zebras. Equídeos pertencem à ordem Perissodactyla (do Grego,
398

perissos, ímpar, anisos, desigual, diferente, ho daktylos, o dedo),


que significa animais providos de dedos ímpares, reduzidos na sua
evolução filogenética. A mesma ordem é chamada ainda por
Anisodactyla (do animais com dedos diferentes). Todos equídeos
são herbívoros das estepes e savanas, onde se locomovem com
facilidade para fugirem dos seus maiores predadores, os grandes
gatos.

Zebra

Fig. 235 Zebra grevyi, direita e Z. burchellii,


esquerda. Chris & Stuart (2000); diferenças nos

Zebra: Zebra sp.

Características gerais:

 Comprimento total: 3,2-3,5 m; cauda: 75 cm; altura: 1,5 m;


pêso: 350-430 kg;
 Listras pretas num fundo branco, com sobreposição de
outras cores
 Esta é a espécie mais abundante em África.

Distribuição:

 Largamente distribuída no oriente e na África Austral


,excedendo mais de meio milhão de indivíduos,
concentrados em Kenya, Tanzania, reservas privadas de
Namíbia, África do Sul e Zimbábwè, Angola e Zâmbiq.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 399

Em Moçambique ocorre no Norte de Moçambique, com


territórios que alcançam o Sul. A distribuição depende
bastante da subspécie em causa.

Status:

 A população total de todas raças atinge 700.0005, mas são


números em declínio nos últimos anos. São caçados para
alimentação e uso da pêle.

Habitat:

 Maioritariamente em florestas abertas de arbustos,


gramíneas e savanas, atingindo altitudes de 4.000m.Vide a
vegetação típica na figura 2.

Comportamento:

 Hordas de pequenas famílias, com um macho e muitas


fêmeas com filhotes. Ocorre ajuda materna de cuidados
com os filhotes no caso de morte da mãe.

Reprodução:

 Nasce um filhote com 30 kg, depois de uma gestação de


375 dias;
 Nascimento coincide com o periodo chuvoso, quando há
abundância de pastos.

Outras informações:

 As zebras comunicam-se bastante a partir das listras.Estas


servem como principal sinal (estrutura-sinal) de
biocomunicação com os filhotes numa horda numerosa.
 Para além desta espécie existem também: Equus asinus
(Burro selvagem), encontrado no Corno de África,
restringido entre Eritreia e Etiópia; Equus zebra zebra
(Zebra das montanhas do Cabo) e Equus zebra hartmannae

5
Número refere-se a todas subspécies.
400

(Zebra das montanhas de Hartman). As duas subspécies


distribuídas de modo desigual entre África do Sul, Angola
Namíbia. Equus grevyi (Zebra de Grevy), bastante
restringida à Kenya, com relatos de pouca ocorrência na
Etiópia.

Os Equídeos compreendem apenas um género Equus. O quadro


acima dá uma ideia geral de algumas espécies africanas. Pela
África e pelo mundo fora existem ainda:

Nome científico Nome vernacular Zoogeografia


(trivial)

 E. africanus
Burro africano Nordeste de África;
ancestral do Burro
doméstico (E. asinus)

 E. ferus
Cavalo selvagem Mongólia, Sinkiang
 E. f. (caballus)
 E. f. Extinto na Europa do
przewalskii) Este, ancestral do
cavalo doméstico

 E. hemionus
Burro asiático Irão, Paquistão, Tibet,
selvagem Mongólia e extinto em
muitas zonas

 E. quagga
Quagga Extinto da África
Austral

Família Rhinocerotidae

Text Box

Ceratotherium, gr. To therion, o animal; género de


Rhinocerotidae; em Moçambique temos presente C. simum
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 401

(Rinoceronte de lábio direito ou rinoceronte branco); em 1970 foi


reportado por Smithers e Tello como extinto; é maior do que o
Diceros bicornis; a subespécie da África Austral ocorria no início
do século apenas no Umfolozi Game Reserve no KwaZulu Natal,
hoje, encontra-se distribuído por várias reservas e farmas;
indivíduo reintroduzidas no Botswana extinguiram-se; os
introduzidos no Zimbabwe estão sob forte pressão; a raça do norte
(cottoni) está apenas presente na reserva de Garamba (Garamba
National Park), nas savanas do Zaire (30, ano 2000); habita áreas
de capim curto”. In: Pires, C. (2003): Dicionário de Zoologia
Sistemática.

Ceratomorpha, subordem dos Perissodactyla; compreende


Tapiri-dae com 4 espécies da Améria Central e do Sul e Sudoeste
de Ásia (Tapirus, tapirete), todas espécies do mesmo género;
Rhinocerotidae com 5 espécies distribuídas em 4 géneros: entre
outras, Diceros bicornis, a Sul do Sahara, Ceratotherium simum,
rinoceronte branco, da nossa regia; Indricotheriidae que contém
formas extintas de rinocrontes gigantes. In: Pires, C. (2003):
Dicionário de Zoologia Sistemática.

Fig. 236 Ceratotherium simum e Diceros bicornis


402

Diceros bicornis

Rinoceronte

Família Rhinocerotidae

Características gerais:

 Comprimento total: 3,5-4,3 m; cauda: 70 cm; altura: 1,6 m;


pêso: 800-1.100 kg;

 Corno frontal: chega a 1,2 m;


 Possui dois cornos frontais, um dos quais é maior;
1. Ceratotherium simum
 Comprimento total: 4,5-4,8 m; cauda: 1,0 m; altura: 1,8;
pêso: chega a 2.300 kg;
 Focinho quadrado, achatado;
 Dois cornos frontais de dimensões bem diferentes.

Distribuição:

 Virtualmente através da África Subsahariana, central e


ocidental. Desde a década 1960, os seus territórios
diminuiram bastante, sendo hoje bastante estreitos. Noutras
zonas totalmente desaparecido.

Status:

 Severamente aneaçado, o rino merece medidas adicionais


de repovoamento e protecção..

Habitat:

 Requer áreas com arbustos e árvores até m de altura para


alimentação e protecção.

Comportamento:

 Solitário,, ou em pequenos grupos familiares.

Alimentação:
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 403

 Muito diversificada entre erva e folhas de árvores.

Reprodução:

Depois de gestação de cerca de 450 dias os filhores são nascidos a


qualquer periodo do ano. Filhotes pesam 40 kg ao nascer.

Ordem Artiodactyla - mamíferos ungulados de dedos pares: boi,


porco, camelo, girafa, hipopótamo, búfalo, alce, cabra, antílopes.

Família Suidae

Text Box

“Suidae, família da subordem Suiformes dentro dos Artiodactyla;


compreende todas formas suínas (antes incluia-se o hipopótamo)
agrupadas em 5 géneros: Potamochoerus (P. porcus, porco bravo
(presente em Moçambique), das florestas e savanas de África ao
Sul de Sahara); Sus (Sus scofra, porco do mato); Phacochoerus
(javalís); Hylochoerus”. In: Pires, C. Dicionário de Zoologia
Sistemática”.

“Suiformes, subordem dos Artiodactyla, da qual fazem parte todas


formas suínas; trata-se de um grupo primitivo dentro da ordem;
praticamente omnívoros; com caninos desenvolvidos para armas;
compreende as famílias Hippopotamidae, Suidae, Tayassuida. In:
Pires, C. Dicionário de Zoologia Sistemática”.

Facoceiro, javali (Phacochoerus africanus)


404

Fig. 236 Phacochoerus africanus, esquerda, Potamochoerus larvatus, direita.


Diferença nítica da cobertura do corpo com pêlos. Facoceiro com dentes caninos
salientes.

Como se sabe, os suideos não efectuam migrações . O seu raio de


acção é bastante reduzido, limitando-se às suas tocas subterráneas
com dupla função: protecção e termoregulação, pelo menos são
estas as mais relevantes. Os seus principais predadores incluem
gatos grandes (leões , leopardos e chitas). Habitam pradarias e
florestas abertas, onde com maior probabilidade há sempre
reencontros com aqueles gatos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 405

Facoceiro

Família Suidae

Características gerais:

 Comprimento total: 1,3-1,8 m; cauda: 45 cm; altura: 60-70


cm; pêso: 60-105 kg;
 Aparência de porco, parca pelugem, sobretudo o macho
possui pelugem dorsal;
 Com muitas (sub)espécies.

Distribuição:

 Bem distribuído pelas savanas e áreas semi-áridas da África


Sub-saharinana e no Oeste da África do Sul e na zona
tropical das florestas do Congo-Guiné.

Status:

 Abundantes nas savanas e zonas semiáridas. Diminuiram


bastante no vale do Níger.a caça ao seu dente e abate
indiscriminados para obtenção da carne (magra) devem ser
vigorosamente proibidos e regulados institucionalmente
com colaboração das comunidades.Potamochoerus é ainda
muito abundante.

Habitat:

 Maioritariamente em florestas abertas de arbustos,


gramíneas e savanas, atingindo altitudes de
3.000m.Potamochoerus chega aos 4.000m.

Comportamento:

 Animais predominantemente diurnos, por vezes alimentam-


se a noite. Vivem em buracos feitos por eles
406

mesmos.Potamochoerus é diurno e prefere áreas com pouca


densidade humana.

Alimentação:

 Facoceiro prefere ervas, raizes e bolbos. Ocasionalmente


come frutos.Enquanto que o Potamochoerus é um omnívoro
verdadeiro.

Reprodução:

 Durante todo o ano, com certa tendência para determinadas


épocas.
 1-8 porquinhos (leitões) cada nascimento, atingindo pêso
máximo de 850 g.

Outras informações:

 Como já disse em muitas ocasiões, existe também


Potamochoerus larvatus com distribuição mais restrita, mas
muito abundante entre Angola e África do Sul, incluindo
Moçambique. Esta espécie possui uma pelugem mais
expessa e abundante com distribuição igual em todo o
corpo. Quanto ao tamanho, não há diferenças significativas
entre ambas as espécies.
 Em África encontramos ainda P. porcus, Sus scofra algira,
Hylochoerus meinertzhegeni.
 As diferentes espécies e os diferentes géneros possuem
comportamentos ora semelhantes, ora diferentes. Em um
aspecto eles são semelhantes: gostam de terras húmidas.

Da mesma família conhecem-se ainda as espécies alistadas abaixo.

Nome científico Nome vernacular Zoogeografia


(trivial)

 Sus barbatus
Porco barbudo Malaya, Sumatra,
Borneo, Filipinas
(florestas e
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 407

savanas)

 S.salvanius
? Nepal, Sudoeste
Africano, Europa
Oriental, Sri
Lanka; ancestral do
porco doméstico.

 S. scofra
Porco doméstico Praticamente em
todos continentes

 S. verrucosus
Porco de Java Java, Sulawesi,
(celebensis)
Filipinas

 Phacochoerus
? África
aethiopicus
Subsahariana
(estepes e savanas)

 Babyrousa babyrussa
Babirusa Sulawesi
(florestas)

Família Hippopotamidae

Text Box

“Hippo, do Grego ho hippos6, o cavalo; no tempo de Aristóteles


designava-se a a uma espécie de escavação rápida; género da
família Hippidae (caranguejos da praia); dos Anomura, Decapoda;
Hippos eremita”. In: Pires, C. Dicionário de Zoologia
Sistemática”.

Hippopotamidae, v. Hippa, do Grego ho potamos, o rio, o mesmo


que Cavalo aquático; família dos Artiodactyla, mamíferos com

6
Lembremo-nos das palavras hípico e hipismo.
408

hábitos anfíbios, que vivem nos rios, de que faz parte o


hipopótamo; é um paquiderme (do Grego, pachys, grosso,
espesso; to derma, a pele, o tegumento); um herbívoro enorme que
também pode estrangular outros animais, incluindo o Homem e o
crocodilo em casos de pressão territorial; chega a cortar o crocodilo
a meio; em Moçambique existe um grande conflito entre o
hipopótamo e o Homem, devido a devastação das culturas; o
número actual de indivíduos na África é estimado em 150.000 e o
hipopótamo não está ameaçado, embora a curva mostre declínio
nos últimos 50 anos; a caça do hipopótamo é regulada pelas
autoridades florestais e da fauna bravia; no seu habitat o
hipopótamo exige muita água para uma submersão completa; H.
amphibius atinge 4 m de comprimento e 2000 kg de peso. In: Pires,
C. Dicionário de Zoologia Sistemática”.

Fig. 237 Adultos de Hippopotamus amphibius (Hipopótamo) no seu meio,


vendo-se crias.
Hippopotamus amphibius

Hipopôtamo

Família Hippopotamidae

Características gerais:
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 409

 Comprimento total: 3,4-4,2 m; cauda: 35-50 cm; altura: 1,5


m; pêso: 1.000-2000 kg;
 Paquidermes de pobre em pêlos, com pernas muito curtas,
cabeça massiva com focinho achatado.
 Hipopótamo é, passe a expressão, cabeçudo.

Distribuição:

 É a pedra angualr das águas dos rios africanos; existe em


lagos e outros sistemas límnicos, chegando a invadir outros
territórios, sobretudo em regiões de conservação do Sahel.
No Corno de África não ocorre. Nas florestas tropicais não
encontra possibilidades largas de pastagem, daí a redução
demográfica da população.

Status:

 Últimas estimativas indicam cerca de 150.000 indivíduos, o


que deve ser considerado como dclínio nos últimos 50 anos.
Em muitas áreas os hipopótamos são caçados para
alimentação, ou para extracção do dente de marfim.
 A maior população deve existir na Zâmbia, no Zaire e no
Uganda.

Habitat:

 Água suficiente que permite submersão do corpo é requisito


número um.
 Preferência para águas permanentes com substrato arenoso.
 Vagueam muitos quilómetros à busca de melhores pastos,
incluindo culturas do Homem.

Comportamento:

 Semi-aquáticos durante a maior parte do dia.


Ocasionalmente saiem para banho do sol e do lodo
(comportamentos de limpeza e de conforto).
410

 Na água não permanecem submersos por mais de 6 min (os


adultos). Lembremo-nos que apesar de vida aquática eles
são de respiração pulmonar.
 Saiem à noite e emigram para mais de 100 m (até 30 ou
mais quilómetros) para exploração de alimentos.
 Vivem em grupos de 10 a 15 indivíduos.

Alimentação:

 Comem selectivamente perto de 40 kg por noite.


 Preferem erva curta, mas a longa pode ser igualmente
consumida.
 Os seus hábitos alimentares invasivos conduzem, muitas
vezes, à errosão.

Reprodução:

 O acasamento ocorre, maioritariamente, na água e coincide


com a época seca.
 Gestação entre 225 e 257 dias.
 Partos singulares de filhotes com 30 até 55kg.
 O parto dá-se na terra seca.
 Na África Austral observa-se o fenómeno de dois “picks”
reprodutivos por ano, sendo um no periodo seco e o outro
no chuvoso.

Outras informações:

 Para além desta, existe uma outra espécie que apenas é


encontrada na Costa do Marfim, Serra Leoa e Guiné. Esta
chama-se Hexoprotodom liberiensis. O género
Hexoprotodon tem sido descrito como Choeropsis (C.
liberiensis e C. amphibius).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 411

Girafa

Text Box

Giraffa camelopardalis

“Giraffidae, família de ruminantes; ordem Artiodactyla; animais


de pernas extremamente altas de todos os animais mamíferos; com
pescoço comprido que lhes possibilita a exploração de ramagens
altas das árvores; chegam a atingir 6 m de altura; fazem parte as
girafas (Giraffa), ocápias (Okapia); apesar de possuirem pescoço
longo, as girafas possuem apenas 7 vértebras cervicais; elas
habitantes de savanas a Sul do Sahara; fósseis do Tersiário Eurásio
Helladotherium e Sivatherium”. In: Pires, C. Dicionário de
Zoologia Sistemática.

“Okapia, género da família Giraffidae; O. johnstoni, apenas na


floresta chuvosa de Zaire”. In: Pires, C. Dicionário de Zoologia
Sistemática.
412

Fig. 238 Giraffa camelopardalis (Girafa)

Família Bovidae

Text Box

“Bovidae (do Latim, bos, bovis, o boi, pertencente aos bovídeos)¸


família de mamífero de que fazem parte os bois (Fig. 5) e bisontes;
pertencem à ordem Artiodactyla; actualmente os bivídeos
constituem os rumanantes mais ricos em formas; caracterizados por
habitarem paisagens abertas e possuirem uma dentição do tipo
hipsodonte, hipsodontia (do Grego, hypis, alto, ho odus, odontos, o
dente; dentes longos e cilíndricos de certos mamíferos, com coroa
alta, aradiculares ou a raíz surge al longo do desenvolvimento, o
ocontrário de braquiodonte, braquiodontia), caninos e incisivos
superiores ausentes; canino inferior com forma de incisivo;
possuem cornos ocos e persistentes que empregam com destreza
para defesa; também o casco das extremidades posteriores é
empregue com habilidade na defesa; cobertura de pêlo muito
especializado, muitas vezes com padrões de decorações específicas
ou ainda com variações dentro da mesma espécie, o que facilita
reconhecimento mãe-filho; muitas glândulas de cheiro na cabeça e
nas extremidades; exitem em África, na América e na Eurasia; o
sistema dos bovídeos é complexo e controverso; existem ca. 100
espécies; os seguintes géneros ocorrem mais frequentemente em
África: Tragelaphus (inhala), Alcelaphus (vaca-do-mato),
Cephalophus, Philantomba, Sylvicapra, Kobus, Redunca (Chango,
Fig. 6), Synceros (Búfalo, Fig. 7), Pelea, Hippotragus (pala-pala),
Oryx, Addax, Connochaetes (ongonhe ou hongony, cocone, gnu)
Alcelaphus, Sigmocerus, Damaliscus, Oreotra-gus (cabrito-
saltador), Madoqua, Dorcatragus, Raphiceros (xipene), Neotragus,
Ourebia (oribi), Aepyceros, Antilope (antílope), Antidorcas,
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 413

Litocranius, Ammodorcas, Gazella (gazela), Ammotragus, Ovis


(carneiro), Capra (cabras), Bos (boi), Biso (bosonte).

In: Pires, C. Dicionário de Zoologia Sistemática.

Búfalo

Syncerus caffer

Búfalo

Família Bovidae

Características gerais

1. Búfalo das savanas:


o Comprimento total: 3,2-4,4 m; cauda: 70 cm; altura:
1,4 m; pêso: 700 kg;
o Aparência de porco, parca pelugem, sobretudo o
macho possui pelugem dorsal;
o Com muitas (sub)espécies.
2. Búfalo das florestas:
o Comprimento total: 2,9 m; cauda: 70 cm; altura: 1,2
m; pêso: 320 kg;
o Aparência de porco, parca pelugem, sobretudo o
macho possui pelugem dorsal;
o Com muitas (sub)espécies.
3. Cornos massissos e poderosos, diferindo entre a sub-espécie
da savana com a da floresta.

Distribuição:

 Bem distribuído na região sub-sahariana; ocorre em


savanas, e terras baixas do território. Em Moçambique
414

ocorre a subspécie S. c. caffer.

Status:

 Ambas as raças ocorrem em número considerável, mas


decresceram em muitas áreas. Doenças e caça furtiva são os
principais inimigos do gado de búfalos e de bovídeos no
geral.

Habitat:

 Habitam savanas (raça de savanas) com vegetação aberta,


com bastante pasto de gramíneas e água. Ocasionalmente
ocupam áreas florestais montanhosas (em Aberdas e Monte
Kenya) no Este Africano. A raça florestal ocupa habitats
fechados em terras baixas e altas.

Comportamento:

 São animais gregários7, vivendo em manadas de orientação


multivectorial, enquanto pastam, mas orientação
univectorial na migração. Neste último caso os filhotes
ficam ladeados pelos adultos em acto de defesa. As
manadas chegam a milhares de indivíduos que, depois,
subdividem-se em pequenos grupos. Indivíduos machos
solteiros afastam-se do grupo quando atingem a maturidade
sexual.

Alimentação:

 Plantas gramíneas perenes e outras. Pelo seu


comportamento trófico o búfalo é conhecido como “buffalo
pasteure”.durante as migrações alimentam-se também de
plantas aquáticas.

Reprodução:

7
Gregário é todo o indivíduo que vive solitário.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 415

 A reprodução do Búfalo é sazonal, mas menos proeminete


no habitat com contância alimentar.
 Gestação de cerca de 340 dias, do que resulta um vitelo de
40 kg..

Outras informações:

 O Bisonte Americano[Bison bison (Fig....) e B. bonasus8],


Boi doméstico (Bos taurus) e outros tipos de bois (Bos) são
as espécies mais próximas do búfalo.
 Exemplos de bois:
o B. gaurus, Gauro ou Bisonte Indiano (India, Malaya,
em florestas, ancestral do boi doméstico mithan
(gayal);
o B. javanicus (beteng), Beteng (Burmania, Java,
Bormeo, em florestas;
o B. mutus (grunniesns), Yak (Tibet, em montanhas de
vegetação gramínea, ancestral do boi doméstico Yak
daquela região;
o B. primigenius, tido como ancestral do Boi
doméstico.

Fig. 239 Synceros caffer (Búfalo africano)

Outros Bovídeos:

8
Talvés como subspécie.
416

 Boselaphus,
 Tetracerus,
 Bubalus,
 Bison,
 Philantomba(ou Cephalophus?),
 Sylvicapra,

Fig..240 Bos taurus, Boi doméstico durante a pastangem


 Pantholops,
 Saiga,
 Nemorhaedus,
 Capricornis,
 Oreamnos,
 Rupicapra,
 Ovibos,
 Budorcas,
 Ammotragus,

Pseudois

Fig. 241 Redunca redunca (Chango)


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 417

Fig. 242 Bison bison (Bisonte Americano).

Bovídeos, no geral, são animais de hábitos diurnos até


crepusculares, podendo movimentar-se também a noite, sobretudo
quando estão no movimento migratório. O seu comportamento
nocturno pode ser visto como estratégia de evitação de predadores.

O comportamento de formação de manadas de numerosos


indivíduos impede, ou melhor, reduz a predação pelos grandes
gatos e canídeos. Búfalos são grandes pastadores, o seu habitat só
pode ser ameaçado pelo processo de urbanização, electrificação e
desenvolvimento de rodo-ferrovias. A presença permanete de luz
na fase nocturna afasta-os do local das sub-estações e coloca-os
em habitats com um fotoperiodismo optimal.

Búfalos possuem grande capacidade de orientação ideotética9,


sendo capazes de determinar o curso, a distância e o tempo da
migração (momento e duração), servindo-se para o efeito de
diferentes marcos naturais, tais como os cursos de água, a

9
Orientação espacial de animais com uso de marcos naturais durante as
migrações a longa distância. Comportamento inato e aprendizado.
418

vegetação, os compassos astronómicos e o sol. A corrente de água


e do ar também servem para a orientação dos animais. A colocação
de linha de energia com postes iluminados pode vir a afectar o seu
sentido de orientação no momento das migrações .

Doenças e parasitas dos Bovídeos

A Zoogeografia dos Bovídeos selvagens, e mesmo os domésticos, é


substancialmente determinada por zoonoses, onde as
Tripanosomíases ganham maior relevância. Aliás, a própria rota
migratória dos Bantu provenientes do Niger e do Vale do Nilo foi
profundamente determinada pelas doenças do gado doméstico e
selvagem. Devo lembrar que os Bantu foram povos pastorícios.
Sobre doenças dos animais (zoonoses) encontro-me a preparar um
capítulo especial.

Subfamília Tragilaphinae

Elande(comum)

Fig. 243 Tragelaphus (Taurotragus) oryx, Elande; acima, um macho juvenil;


abaixo, vários machos e fêmeas juvenis
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 419

Elande

Tragelaphus (Taurotragus) oryx

Família Bovidae

Características gerais:

 Comprimento total: 3,0-4,2 m; cauda: 60 cm; altura: 1,7 m;


pêso: 700-900 kg.
 Chifre: em média 60 cm.
 Aparência de boi, com coloração homogénea.

Distribuição:

 Antigamente bem distribuidos nas savanas e savanas


arbóreas da África Austral, Central e Oriental.

Status:

 Trata-se de uma espécie extinta e/ou reduzida em


determinadas áreas da África. As áreas de conservação
jogam um papel preponderante para esta espécie de
bovídeos.
 Com 150.000 indivíduos recentemente registados.
 Medidas adiccionais são urgentes para sua protecção.
 Na Rússia tenta-se uma domesticação de Elande com fins
comerciais,uma solução de problemas sócio-económicas
das comunidades que poderia ser adoptada, não pelo
Estado, mas pelos privados.

Habitat:

 Maioritariamente ocupam savanas e bosques arbóreos.


Estendem-se desde o semi-deserto até regio~es chuvosas.
 No kilimanjaro superam os 5.000 m de altitude.

Comportamento:
420

 Andam em manadas de 25 a 50 animais. Ocasionalmente


atingem 1.000 indivíduos.
 Podem ser nómadas ou sedentários, dependendo das
condições ambientais.
 Seus territórios podem alcançar 1.500 km2.

Alimentação:

 Plantas verdes.

Reprodução:

 Gestação de cerca de 270 dias, do que resulta um vitelo de


22-36 kg.
 Parto de apenas um filhote.
 A literatura não é exacta quanto à época do ano de
reprodução.

Outras informações:

 Em Moçambique existe também Tragelaphus strepsiceros


(Kudu, Ngoma em Nyungwè), T. angasi (Nyala), T. scriptus
(Imbambala).
 Na África existem ainda as seguintes espécies:
• Tragelaphus (Taurotragus) derbianos , África Ocidental
e Norte de África Central, em savanas e bosques;
• T. spekei (Statunga);
• T. (Boocerus) eurycerus, florestas Zairotas;
• T. imberbis, Centro-Sul de Tanzania e Norte-Este de
Uganda;
• T. buxtoni, Nyala das montanhas, Etiópia, floresta
montanhosa.
 Para além de diferenças baseadas no tamanho, côr e listras,
as espécies possuem diferenças significativas no padrão do
casco e de chifres. Os padões dos chifres determinam a espécie,
a idade e o sexo, nos casos em que ambos os sexos possuem
chifres. Tais padrões tocam: 1) o tamanho, a grossura, a
curvatura, espiralização, a dureza, etc. Ao longo da ontogénese
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 421

eles vão sofrendo modificações significativas e passam a forma


(quase) final na fase de maturidade sexual. A Fig. ilustra
alguns padrões de desenvolvimento dos chifres.
 O nome genérico varia bastante e foi descrito várias vezes
de novo como: Limnotragus, Boocercus, Strepsiceros,
Taurotragus).
 A Zoogeografia do género aponta apenas África como zona de
concentração, naturalmente com densidades zonais bem
diferentes.

Fig.244 Tragelaphus strepsiceros (Kudo)


Kudo (Cudo, Cudu).

Não ultrapassa os 3,0 m de comprimento e 1,5 m de altura. O pêso


máximo atinge os 250 kg, tornando-o, assim, numa presa preferível
de predadores e caçadores.

Um dos maiores antílopes de África, aumentou ultimamente a sua


distribuição territorial em África Austral. No Chade, na África
422

Central e zonas fronteiriças, há populações isoladas. Vive em


savanas arbóreas, mas extende-se para outros tipos de vegetação.

Reproduz-se num periodo de gestação de 270 dias, dando origem a


um vitelo de 16 kg.

Quanto ao seu status é relativamente abundante na África Austral e


Central, mas extremamente escasso na África Oriental.

Fig. 245 Tragelaphus angasi (Nyala), numa vegetação preenchida

O outro antílope do grupo de interesse para a Faunística é


Tragelaphus angasi (Nyala), limitado à Moçambique e certas
regiões da África do Sul. Nyala é sobejamente conhecida entre nós.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 423

Imbambala

Fig. 246 Tragelaphus scriptos (Imbambala)

Imbalambala (sing. Tsonga) é um antílope largamente distribuido


pela África, com destaque para África Central e Austral

Tragelaphus sp.

Fig. 247 Tragelaphus (Taurotragus) derbianos. Chris & Sttuart, 2000.


424

Fig. 248 Tragelaphus spekei (Sitatunga)

Bongo

Fig. 249 Tragelaphus (Boocercus) euryceros (Bongo)


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 425

Fig. 250 Aepyceros melampus (Impala)

Fig. 251 Galeria de chifres de alguns bovídeos

Subfamília Hippotraginae

Esta subfamília não é descrita com pormenores. As espécies de


relevo para a nossa região são as seguintes:

1. Addax nasomaculatus
Limitado ao Sahel, mas estendendo-se até ao Sahara.
426

2. Oryx dammah
Centro de Chade com possível ocorrência no Níger.
3. Oryx gazella
Noroeste da África Austral e zona de Kenya e Tanzania.
Totalmente ausente em Moçambique.
4. Hippotragus equinus (Matagaiça ou Pala Pala cinzenta)
Predominante nas savanas das florestas tropicais
baixas, do Centro de África até Moçambique.

Pala Pala cinzenta

Quadro de características de Pala Pala cinzenta

Características gerais

 Comprimento total: 2,6-2,89 m; cauda: 54 cm; altura: 1,5


m; pêso220-300 kg.
 Chifre: em média 75 cm.
 Aparência de boi, com coloração mais ou menos
homogénea, mas distintiva na face (rostral), tipo listras
preto-brancas.

Distribuição:

 Predominantemente em savanas no Norte e Oeste Africano,


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 427

região tropical e a faixa que compreende Zaire, Kenia,


Zâmbia, Malawi e Moçambique. Pouco predominante em
Moçambique.

Status:

 O número reduziu, mas a população é ainda abundante em


Moçambique e na região, com cerca de 150.000 animais
em 30 paises.

Habitat:

 Encontram-se em vegetação aberta ou bosques pouco


arbóreos com acesso à água.

Comportamento:

 Formam grupos sociais abertos10de cerca de 10 indivíduos,


onde cada unidade é dirigida por um macho adulto.
Ocasionalmente observam-se manadas de 80 ou mais
animais dirigidos à exploração de recursos alimentares e
água.
 Com cerca de 2 anos de idade os jovens machos são
expulsos da manada pelo macho adulto dominante e
passam a formar seus próprios núcleos sociais. Este
comportamento que, de resto, é comum nos mamíferos, é
tido por muitos sociobiólogos como comportamento de
evitação de incesto11.

Alimentação:

 Comem erva de tamanho médio ou mais alta.

Reprodução:

 Gestação de cerca de 280 dias, do que resulta um vitelo de


16-18 kg.

10
Característica de quase todos bovídeos
428

 A literatura não é exacta quanto à época do ano de


reprodução.

Outras informações:

 Hippotragus leucophaeus é a espécie já extinta do mesmo


género.Localizava-s e no Ocidente de África Subsahariana.

Pala-Pala

Fig. 253 Hippotragus niger (Pala-Pala); em Shimba Hill, Kenya. Seta indica a
fêmea.

Com o nome de Pala Pala foram baptizadas várias espécies e


subspécies de Hippotragus. H. niger tem mais de 200 kg de peso e
é objecto preferido de caçadores. Encontra-se sempre associado a
terras secas e florestas abertas. Em África ocorre entre
Moçambique, Tanzania e Zaire, numa população de 30.000
indivíduos, maioritariamente registados em Tanzania.

Quadro de características de Pala Pala

Características gerais:

 Comprimento total: 2,3-2,56 m; cauda: 50 cm; altura: 1,35


m; pêso: 180-270 kg.
 Chifre: em média 102 cm.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 429

 Aparência de boi, com coloração homogénea..

Distribuição:

 Grande parte da população concentrada no Zimbábwè,


Zâmbia e Tanzania.
 Pequena população encontra-se em Shimba (Kenya).
 Na África Austral as populações encontram-se sob custódia
de reservas e parques. Mesmo assim, em Moçambique,
encontram-se alguns exemplares em número não estimado.

Status:

 Cerca de 30.000 animais na Tanzania e muito reduzidos


noutras partes de África.
 A espécie está ameaçada de extinção.

Habitat:

 Geralmente encontram-se associados a terras secas,


pradarias abertas com capim de média altura.
 São animais que evitam pradarias ou florestas fechadas e
densas.
 Água é essencial para o povoamento por esta espécie.

Comportamento:

 Andam em manadas de 10 a 30 animais. Ocasionalmente


formam grandes grupos.
 Machos jovens lutam pela sua independência, formando
grupos próprios.

Alimentação:

 Plantas verdes.

Reprodução:

 Gestação de cerca de 270 dias, do que resulta um vitelo de


13-18 kg.
 Parto de apenas um filhote.
 A literatura não é exacta quanto à época do ano de
430

reprodução.
 Acasalamentos sazonais entre Janeiro e Março.

Outras informações:

 Após o nascimento, a fêmea distancia-se como forma de


evitar que os predadores se aproximem dela.

Subfamília Reduncinae

Inhacoso

Fig. 254 Kobus ellipsiprymnus (Piva, Inhacoso ou Namedouro),


na pradaria, macho com chifres

Kobus ellipsiprymnus (Piva, Inhacoso ou Namedouro), quer do


ponto de vista sócio-económico, quer no concernente ao seu papel
ecológico, é uma espécie que não necessita de muitos comentários
em sua volta. K. ellipsiprymnus é a espécie que ocorre largamente
em Moçambique e o seus status é considerado óptimo. Em
Moçambique ocorre a subspécie K. e. ellipsiprymnus, uma variante
bastante limitada à região compreendida entre Tanzania e Centro
de Moçambique. A sua população é ainda abundante na região de
sua distribuição. Preferencialmente, esta espécie é encontrada em
zonas de água abundante.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 431

O seu status ecológico actual não é alarmante, existindo na região


perto de 150.000 animais de todas as raças. Mesmo assim, a sua
caça deve ser limitada às leis da fauna bravia.

Outras espécies da subfamília são:

1. Kobus kob, trata-se de uma espécie que ocorre apenas no


equador, até Uganda.
2. K. vardoni, muito limitada a África Central, região sul.
3. K. leche, existe na Zâmbia.
4. K. megaceros, existe no Sudão.
5. K. redunca, limitada ao Equador, até Tanzania.
6. R. fulvorufula (Chango da montanha).
7. Redunca arundinum (Chango).
8. R. fulvorufula (Chango da montanha), as últimas três
espécies ocorrem em Moçambique.
9. Pelea capreolus, existente apenas na África do Sul, região
do Cabo. Redunca é o género de bovídeos chamados
Chango(s) com Redunca arundinum (Chango) e R.
fulvorufula (Chango da montanha). As duas espécies e suas
subspécies ocorrem em diferentes partes de Moçambique. O
seu status não é alarmante. Mesmo assim, o seu abate deve
ser a priori proibido, até que se esclareça melhor a actual
zoogeografia e densidade populacional. Aliás, este aspecto
deve ser abrangente para todos os mamíferos, já que a
guerra e as últimas catástrofes naturais ocasionaram
432

movimentações e migrações de muitos animais.


Fig.: Redunca arundinum (Chango, a & b)
e R. fulvorufula (Chango da montanha, c & d).
Subfamília Alcelaphinae

Text Box

Alcelaphus, gènero da família Bovidae; Artiodactyla; em


Moçambique o género é representado pela Gondonga (o.m.q.
Nameriga ou Ecoce), com Sigmoceros (Alcelaphus) lichtenstein,
existe no país como subspécie de A. lichtenstein; a espécie foi
descrita para toda a região da África Central, indo até Tanzania e
Moçambique, embora de modo bastante fragmentado; o seu status
actual aponta para 50.000 indivíduos; habitantes de savanas e de
florestas abertas; alimentam-se quase exclusivamente de
gramíneas; a reprodução é sazonal, em Setembro, ao Sul.

1. Alcelaphus buselaphus (Tsessebe, Topi), existem 6


subspécies distribuídas pelo Equador e Região dos Grandes
Lagos, incluindo Tanzania. Na África Subsahariana existe a
subspécie Alcelaphus buselaphus cokei, mais concretamente
entre Namíbia e África do Sul.
2. e no Equador, entre Guiné e região dos grandes lagos;
apesar de existirem ainda em grandes números, algumas
subspécies decresceram substancialmente; nesta
consideração, convém que se tomem medidas adiccionais.
Este declínio quantitativo observa-se nas últimas décadas.
3. As subspécies swaynei e cockei são as mais ameaçadas,
actualmente, com cerca de 2 000 indivíduos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 433

Quanto ao habitat, julgo ser de generalizar que esta


subfamília é habitante de savanas e de pradarias, incluindo
florestas abertas pouco densas, onde reproduz-se antes ou
depois da época chuvosa. A gestação ocupa 240 dias.

Em distinção com outras espécies do mesmo género, esta


possui cornos em forma de “Z”.

4. Connochaetes taurinus (Gnu), o Gnu confunde-se com o


búfalo devido ao padrão da forma dos cornos. A massa,
porém, é bem diferente (apenas 250 kg contra 550 kg do
búfalo).

Connochaetes taurinus é o Gnu mais conhecido em


Moçambique, sobretudo no Sul de Moçambique e na África do
Sul, onde a densidade populacional é mais notável. No
Zimbábwè há também registos consideráveis de Gnu.

Quadro de características do Gnu

Características gerais:

 Comprimento total: 2,4-3,3 m; cauda: 40-100 cm; altura:


1,5 m; pêso250 kg.
 Chifre: em média 60 cm.
 Aparência de boi, com coloração mais ou menos de um
preto-cinzento homogéneo. Algumas vezes com cor
castanha. Não existem diferenças significativas entre o
macho e a fêmea, a não ser a partir de outras
434

características como o tamanho dos chifres.


 A aparência geral do Gnu é a do Búfalo, embora com
cabeça mais alongada e estreita do que a do Búfalo

Distribuição:

 Existem três populações bem reconhecíveis. A forma de


barba preta da África Austral, Central e Ocidental, a forma
totalmente isolada de Luangwa Valley, na Zâmbia e,
finalmente, a forma de barba branca da África Oriental,
encontrada basicamente no Sul do Kenya..

Status:

 A raça de barba branca é, provavelmente, a mais


abundante com um número aproximado de 1.5 milhões de
animais concentrados no Sistema
Serengueti/Maasai/Ngorongoro.
 As outras raças experimentam momentos de declínio e se os
serviços competentes não melhorarem a situaão pode
piorar. Este facto deve merecer maior atenção dos
legisladores sobre a fauna nacional e regional.

Habitat:

 O Gnu prefere savanas e pradarias e o acesso à água é


essencial.

Comportamento:

 Formam grupos sociais abertos12de cerca de 30 indivíduos,


Ocasionalmente observam-se manadas de centenas de
milhares de indivíduos, sobretudo na altura de migrações
sazonais, onde também são bastante dizimados pelos
grandes gatos, hienas e crocodilos
 As grandes migrações ocorrem em obediência estrita à
estação do ano e geralmente são efectuadas entre a zona de

12
Característica de quase todos bovídeos
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 435

pasto e de toma de água..


 Mesmo na junção de milhares de indivíduos, os grupos
sociais mais fechados permanecem intactos, sendo
defendidos pelos respectivos machos. A defesa refere-se ao
território, aos recursos sexuais e aos filhotes. Para o efeito,
cada manada fechada mantém um sistema de comunicação
específico. Isto acontece mais na altura de acasalamento.

Alimentação:

 Comem capim verde de médio tamanho..

Reprodução:

 Gestação de cerca de 250 dias, do que resulta um vitelo de


22 kg.
 A literatura indica Fevereiro e Março como época do ano
para reprodução.

Outras informações:

 C. gnou (Gnu de manchas brancas) ocorre apenas no Sul da


RSA e está limitado às reservas e farmas de caça (Foto...25).
436

Fig. 256 Diferentes formas (populações) de Gnu.

1. C. gnou (Gnu de barbas brancas), uma forma menor (180


kg) de Gnu que ocorre na África do Sul. Hoje, sobrevivem
apenas 4.000 indivíduos.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 437

Fig.257 Connochaetes gnou (Gnu de barba branca), Sul-africano

As figuras que se seguem ilustram, de modo comparativo, aspectos


que servem para diferenciar as duas formas de Gnu apresentadas
com mais detalhes neste texto.
438

Fig.255 Alcelaphus buselaphus (Tsessebe, Topi).

Alcephalus lichtensteini, espécie de bovídeos conhecidos em


Moçambique por Gondonga, Nameriga, Ecoce; o macho chega a
atingir 150 kg de peso; são várias subspécies com distribuição
curiosa: na África Austral entre Namíbia e RSA

Fig. 258 Ilustração de algumas diferenças entre os gnus.


Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 439

Outras espécies dos Alcelaphinae:

1. Damaliscus hunteri, no Kenya e na Somália.


2. D.lunatus, com quatro subspécies parcamente distribuídas
entre Camarõe, Chade, Etiópia.
3. D. dorcas, limitado à África do Sul.

Subfamília Aepycerotinae

Aepyceros melampus (Impala) é um bovídeo largamente conhecido


entre nós. Existem motivos comerciais baseados nela e na Pala
Pala. Impala é um dos objectos de caça mais vulneráveis devido ao
seu porte. Cai facilmente em armadilhas.

Fig. 259 Aepyceros melampus (Impala) macho com chifres

Quadro de características da Impala

Características gerais:

 Comprimento total: 1,6-1,72 m; cauda: 28 cm; altura: 90


cm; pêso 50 kg.
 Chifre(macho): em média 50 cm.Os chifres demarcam o
dimorfismo sexual.
 Região anal colorida a preto, rosto medino preto.
440

 Não existe espécie similar.

Distribuição:

 Possui uma larga distribuição no Norte e Este de África. O


limite norte é Kenya.
 Existe uma população isolada na Namíbia.

Status:

 Trata-se de uma espécie geralmente abundante com cerca


de 500.000 animais.

Habitat:

 A Impala habita savanas e pradarias abertas, evitando


vegetação totalmente aberta.

Comportamento:

 Impalas são sociais durante o periodo de acasalamento,


demonstrando um repertório de sons variado que difere de
macho para a fêmea.
 Apenas durante o acasalamento é que são territoriais,
chegando a demarcar territórios de alguns kms de
distância.

Alimentação:

 Alimentação mista dependente da área.

Reprodução:

 Gestação de cerca de 190 dias, do que resulta um vitelo de


5 kg.

Outras informações:

 Nenhuma

Subfamília Antilopinae
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 441

Antilopinae congrega Antílopes e Gazelas. Antílope é um termo


que deriva do Grego anthilops, o olho de flor, (anthos, flor e ops, a
forma, aparência), mais ou menos em alusão à beleza dos olhos do
animal, sobretudo do género Gazella. Antílopes e Gazelas
confundem-se bastante na sabedoria popular. Gazela, por sua vez,
provém do Árabe Gàzal, antílope no geral. Como pode depreender-

se, mesmo na origem de ambos os termos não existem diferenças


quanto ao objecto nomeado. Na verdade Gazela é Antílope. As
espécies presentes em África estão alistadas abaixo. Comentários
só são feitos para as que ocorrem em Moçambique. É preciso saber
que Gazela não existe em Moçambique.

A subfamília Antilopinae subdividiu-se em dois grupos


(Tribus), nomeadamente os Antilopini e Neotragini. Os Antilopini
compreendem 11 espécies de Gazelas. Vide listagem abaixo.

1. Litocranius walleri, limitada à Etiópia e ocorrência


ocasional no Kenya.

Fig. 260 Litocranius waleri, espécie de Gazella.

2. Ammodocrcas clarkei, limitada à Somália Central e Região


de Ogaden na Etiópia.
442

3. Gazella dama, ocorre no Sahel, extendendo-se do deserto


de Sahara até Marrocos e Sudão. Reporta-se ocorrência de
magras populações no Mali, Níer e Chad.
4. G: soemmeringi, população muito restita ao Corno de
África, Etiópia e Sudão.

5. G. spekei, totalmente restringida ao Cordo de África (Fig.).


6. G. granti, ocorre na zona de Tanzania e Kenya, com
7. registos na Etiópia, Sudão, Uganda e Somália (Fig.).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 443

Fig. 261a. Gazella spekei e b. G. granti; caracterizando as espécies

8. G. leptoceros, população extremamente reduzida de menos


de 5.000 animais confinados à região da Depressão de
Quattar, no Egipto. Uma outra pequena população parece
resistir à extinção no Norte de Sahara.
9. G. ruffifrons, espécie restringida ao Sahel com uma
população pequena e separada que se localiza no Togo.
Outra população pode ser encontrada no Sudão e Etiópia.

10. G. cuvieri, existe apenas no Norte da Argélia e Sul de


Marrocos.
11. G. dorcas, massivamente presente no Norte de África,
ocupando inclusivamente o deserto de Sahara. Trata-se de
uma espécie adaptada à extremas condições climáticas, mas
que também pode suportar variações climáticas. Uma das
adaptações primárias é a tolerância à escassês de água. É de
notar que todos os Antilopini são eurihídricos.
444

12. G. thompson, uma espécie também presente de modo parco


em algumas regiões de África, mais concretamente no
Kenya e Tanzania.
13. Antidorcas marsupialis, presente na África do Sul e em
Angola.

A Tribo Neotragini13, por sua vez, abrange as espécies seguintes.

1. Neotragus pygmaeus, habitante de florestas da Guiné.


2. N. moschatus, (Changane, Hlengane, Chengane), com
maior distribuição no Sul, mas com boa presença no Centro
de Moçambique.

Fig.262 Neotragus moschatus (Changane, Hlengane, Chengane).

13
Espécies desta subfamília que ocorrem em Moçambique são confundidas com
as Gazelas.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 445

Quadro de características de Changane, Hlengane, Chengane

Características gerais:

 Comprimento total: 68-75 cm; cauda: 12 cm; altura: 90


cm; pêso 5 kg.
 Chifre(macho): em média 8 cm.
 Trata-se do ungulado com os menores chifres.
 Corpo acastanhado.
 A coloração do pescoço dá-lhe aspecto de um colar.

Distribuição:

 Possui uma larga na costa e terras adjacentes do longíquo


oriente Sul Africano até Kenya. Penetra bastante dentro do
vale do Zambeze.
 Pode habitar montanhas de cerca de 2.700 m de altitude.

Status:

 Possui uma situação ecológica-ambiental segura, apesar


da caça intensiva a que o Homem submeteu esta espécie.

Habitat:

 É uma espécie ribeirinha, habitanto também locais de


machambas e recuperação. O pressuposto é a
disponibilidade de fonte de água..

Comportamento:

 Geralmente ocorre aos pares ou em pequenos grupos de um


macho adulto e mais quatro fêmeas e juvenis associados.
 Machos são territoriais com deposições glandulares,
podendo chegar a 3 ha.quando perturbados, correm num
movimento zig-zag.

Alimentação:

 Alimentação mista de plantas.


446

Reprodução:

 São sazonais e coincidem com a época das chuvas.


 A gestação dura 180 dias.

Outras informações:

 As diferentes espécies do género confundem-se bastante devido


as coincidentes características anátomo-morfológicas e
comportamentais.

1. N. batesi, forma populações parcas e em declínio no rio


Congo (Zaire), nas florestas de Uganda e provavelmente no
Gabão, Camarões e Nigéria.
2. Ourebia ourebi (Oribi), é um pequeno antílope do tipo
gazela, alvo preferido de caçadores furtivos. Possui uma
distribuição irregular mas ampla em África. Em
Moçambique ocorre do centro ao sul. A espécie abunda em
determinadas regiões da África Austral, mas seriamente
rara noutras. Relatos do Tchuma Tchatu indicam que
indivíduos desta espécie são vistos muitas vezes ao longo
da estrada, supostamente sem nenhuma fixação territorial,
embora se reportem pequenos territórios que não passam de
1 km2. Os indivíduos desta espécie não dependem de fontes
de água e isto deve ser visto como um mecanismo de
evitação de predadores (grandes gatos e cánidas).

Fig. 263 Ourebia ourebi (Oribi) numa vegetação pastorícia


na região do Lago Mburo, Uganda
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 447

Oribi atinge 1 m de comprimento e 60 cm de altura. Sua


cauda não ultrapassa 15 cm. A cor da pelugem vai de
amarelo a laranja. Outras cores podem ser encontradas em
diferentes raças de Oribi. Até 2000 reportavam-se 100.000
indivíduos, o que nos sugere ser abundante, a despeito da
destruição de seus habitats.

3. Raphicerus campestris (Chipene) e (6) R. sharpei

O que trivialmente designa-se por Chipene compreende


várias espécies, subspécies e raças do género Raphicerus.
Para além de R. campestris temos R. sharpei (Chipene
grisalho) e (7) R. melanotis (Chipene grisalho do Cabo). As
duas espécies anteriores estão bem representadas em
Moçambique, enquanto que a última encontramos num
pequena faixa do Sudoeste e Sul da Costa do Cabo. Todas
elas não estão em perigo (Fig.). R. sharpei ocorre, em
Moçambique, abaixo do Zambeze. Tem sido pouco vista e,
talvés, por causa disso é tida como ameaçada. A população
incerta.gistada é para re todas elas
448

Fig. 264 Esquerda: Raphicerus campestris (acima) e R. sharpei (abaixo); Direita:


comparação zoogeográfica e da marca do casco

8. Dorcatragus megalotis, confinada à Etiópia.


9. Oreotragus oreotragus (Cabrito das pedras ou Cabrito
saltador), pequena espécie das montanhas.

Quadro de características de Cabrito das pedras ou Cabrito


saltador

Características gerais:

 Comprimento total: 80-100 cm; cauda: 8 cm; altura: 60


cm; pêso: 10 kg.
 Chifre: em média 8 cm (apenas o macho).
 Cor cinzenta..
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 449

Distribuição:

 Distribuídos extensivamente na África Austral e Oriental.


 Com duas populações bem distribuídas entre África Asutral
e Nigéria.

Status:

 Ainda comum nas diferentes zonas de África, mas com


reservas em relação a outras zonas, onde medidas de
protecção são necessárias.no país, não existem informações
concisas.

Habitat:

 Rochas, embora possam mover-se para distâncias bem


longas.

Alimentação:

 Grama e, ocasionalmente, plantas verdes.

Reprodução:

 Gestação de cerca de 210 dias, do que resulta um vitelo de


1kg.
 A reprodução pode ocorrer a qualquer altura do ano.

Outras informações:

 Nenhuma adiccional.
450

Fig. 265 Dorcatragus megalotis (Beira)


e Oreotragus oreotragus (Cabrito saltador,

das montanhas)

10. Madoqua saltiana, existe no Corno de África.


11. M. kirki, na África Oriental e parcialmente entre Angola e
Namíbia.
12. M. piacentinii, muito limitados a uma região minúscula de
Somália.
13. M. guentheri, ocorre entre o Corno de África, Etiópia, Uganda
e Kenya.

Gazelas

Na verdade, não existem Gazelas em Moçambique. Introduzi o


género apenas para despertar a atenção dos estudantes para o facto
de que a boca popular tem designado muitos antílopes e cabritos do
mato de gazelas. Em África conhecem-se algumas espécies de
gazelas, por exemplo, da Somália, Marrocos, Argélia, Etiópia,
Tanzania e Norte do Sahara. A seguir apresento uma lista exaustiva
de espécies de Gazelas e a respectiva ocorrência.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 451

Tab. Lista de espécies de Gazelas (Gazella) e sua ocorrência geográfica.

G. arabica Farsan I, Mar Vermelho

G. bennettii Irão, China Central

G. bilkis Yemen

G. cuvieri Marrocos, Norte da Argélia, Tunísia

G. dama Ocidente e Oriente do Sahara

G. dorcas Sahara, Arábia

G. gazella Arábia, Israel

G. granti Etiópia, Tanzania

G. leptoceros Norte de Sahara

G. rufifrons Senegal, Etiópia

G. rufina Argélia (extinta)

G. soemmerringii Sudão, Etiópia, Somália

G. spekei Somália, Etiópia Oriental

G. subgutturosa Arabia, Paquistão, Mongólia

G. thomsonii Sudão, Tanzania

Subfamília Cephalophinae

1. Cabrito cinzento

Sylvicapra grimmia (Cabrito cinzento) é uma espécie


muito abundante em Moçambique e a sua caça não requer
medidas adiccionais. A espécie ocorre de modo abundante
em todo o Equador e toda África Subsahariana.
452

Fig. 266 Sylvicapra grimmia (Cabrito cinzento)

2. Cephalophus spadix, espécie muito rara encontrada apenas


no Monte Kilimanjaro, Tanzania.
3. C. ogilbyi, espécie muito rara encontrada apenas no Rio
Níver e no Golfo da Guiné.
4. C. leucogaster, existe entre Kenya e Zaire.
5. C. sivicultor, em toda a floresta tropical.
6. C. zebra, apenas na Libéria.
7. C. natalensis ou C. harveyi (cabrito vermelho ou mangul), a
espécie está parcamente presente em Moçambique e
Tanzania. Reporta-se sua presença na África do Sul e Kenya.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 453

Fig. 267 Cephalophus natalensis (C. harveyi), cabrito


vermelho ou Mangul. Repare-se na mancha na região sub-ocular.

O seu status é provavelmente seguro, não existindo, mesmo


assim, relatos certos sobre Moçambique. A espécie ocorre
geralmente em populações isoladas bem delimitadas e com
raios de acção claros. Vive em diferentes tipos de
vegetação.

8. C. monticola existe entre Manica e Tete, assim como no vale


do Rio Rovuma. É provável que seja observado em Cabo
Delgado (Norte).

Fig.: Cephalophus monticola,


evidencia-se a marca corpórea
rostral característica.
454

Outras espécies africanas da subfamília Cephalophinae:

9. C. rufilatus,
10. C. jentinki
11. C. maxwellii
12. C. callipygus ou C. weynsi
13. C. niger
14. C. nigrifrons
15. C. adersi
16. C. dorsalis

Subfamília Caprinae

1. Capra ibex walie, Norte de Etiópia, no Parque nacional


Simien.
2. Capra ibex nubiana, Norte de Etiópia, no Parque nacional
Simien.

Capra ibex walie é encontrada apenas dentro e nas


proximidades do Simien National Park no Norte de Etiópia;
contudo, registos actuais dão mostra de ela praticamente já não
existe neste parque, o que preocupa as autoridades
ambientalistas locais. A outra espécie (nubiana) encontra-se
numa faixa estreita das montanhas áridas do Mar Vermelho,
entre Eritreia e Sudão e, possivelmente, dentro do Egipto
(Montes Sinai). O seu status é bastante crítico.

Uma das particularidades interessantes destes cabritos é o


padrão dos cornos, com uma curvatura quase circular (semi-
lunar no caso da subespécie walie).
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 455

Fig.: Capra ibex nubiana (acima) e C. i. walie (abaixo). Veja-


se forma dos cornos.

3. C. aegagrus, Paquistão, Ásia Menor, Creta (ancestral do


cabrito doméstico, C. hirtus).
4. Ammotragus lervia, em zonas restritas do Sahara.
5. Hemitragus jemlahicus (introuzido na região da África do
Sul, originário de Himalayas, Nova Zelândia, Sibéria, das
tundras.), extremamente restrito à Montanha da Cidade do
Cabo.
456

Exercícios

1. Desenvolva a classificação actual dos mamíferos até as ordens - se


possível - com base nos taxa alistados a seguir.
Auto-avaliação
 Marsupialia
 Monotremata
 Theria
 Eutheria
 Prototheria
 Metatheria

2. Diga os nomes triviais das seguintes ordens e indique um representante


para cada uma delas.
Taxon Português Exemplo Taxon Português Exemplo
Chiroptera Carnivora
Edentata Perissodactyla
Lagomorpha Artiodactyla
Rodentia Proboscidea
Cetacea Sirenia
Carnivora Primata

3. Faça a sistemática do morcego, da baleia.

4. Os Placentalia referem-se a:
o Plancenta
o Animais com desenvolvimento placentário
o Animais providos de placenta
o Animais que se alimentam de placenta
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 457

Chave de correcao

1. Na classificação actual dos mamíferos:


− Marsupialia é uma ordem
− Monotremata é uma ordem
− Theria é uma subclase
− Eutheria é uma Infraclasse
− Prototheria é uma subclasse
− Metatheria é uma Infraclasse (STORER, 1984)
2.
Taxon Português Exemplo Taxon Português Exemplo

Chiroptera quiropteros Morcegos Carnivora carnivoros raposa

Edentata edentados Perguiças Perissodactyla perissodactilos cavalos

Lagomorpha lagomorfos coelhos Artiodactyla ariodactiolos porcos

Rodentia roedores rato Proboscidea proboscideos elefantes

Cetacea cetaceos baleias Sirenia sireneos dugongos

Carnivora canivoros raposa Primata Primatas Macacos

3. Sistemática do morcego, e da baleia.


Sistemática do morcego
Reino : Animalia
Filo : Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Chiropteta
Género: Desmodus
Especie: Desmodus rotundus
Sistemática do Baleia
Reino : Animalia
Filo : Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Cetacea
Género: Eubaena
Especie: Eubaena australis
4. Animais providos de placenta
458
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 459

Sumário
Filo Echinodermata

• Com o grupo dos Equinodermes inicia-se uma nova linha


evolutiva dos organismos de simetria bilateral, os
Deuterostomia.
• Os equinodermes recuperaram falsamente a simetria radial
dos Radiata, uma vez que ela aparece apenas no adulto.
• O plano básico do corpo pode ser dividido em região oral e
boral.
• O sistema circulatório e sangíneo e respiratório dos
equinodermes é bastante simplificado, não exibindo coração
e vasos sanguíneos.
• Equinodermes são apenas marinhos.
• Equinodermes são dióicos e a fecundação é externa. De
acordo com a classe, existem diferentes tipos de larvas.
• A divisão básica compreende os Eleutherozoa e os
Pelmatazoa.

Quadro resumo dos equinodermes:

CLASSE EM PORTUGUÊS CARACTERÍSTICAS EXEMPLOS

Crinoidea Crinóides Alguns fixos no fundo Lírios-do-mar


do mar, outros
flutuantes livres

Ophiuroidea Ofiuróides Livres, corpo com Serpentes-do-


forma de estrela mar
aberrante devido aos
braços exageradamente
460

longos

Asteroidea Asteróides Livres, com forma de Estrelas-do-


estrela, número de mar
braços variável

Echinoidea Equinóides Livres, semi-esf’ericos, Ouriços-do-


cobertos de espinhos mar,
obtusos bolachas-do-
mar

Holothuroidea Holotúrias Corpo alongado, região


oral circundada por
braços, muito presos ao
fundo do mar e às
rochas

Filo Chordata

 Com os cordados entra no reino animal um novo plano de


construção totalmente novo, assente na corda dorsal, que pode
existir por toda vida ou num determinado momento da
ontogénese;

 A corda dorsal é elástica e percorre todo o corpo de uma


extremidade e é a base do esqueleto axial;

 Sobre a corda encontra-se dorsalmente a medula espinal;

 Fazem parte dos cordados: Tunicata ou Urochordata,


Cephalochordata ou Acrania e os Vertebrata;

 Os Urochordata são as Ascídias, as Larváceas e as taliáceas

Subfilo Agnata
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 461

• O termo Agnatha refere-se à ausência de maxilas e opõe-se


ao termo Gnathostomata que refere a sua presença.
• O sistema actual dos ágnatos compreende as classes
Ostracodermi – fósseis - e Cyclostomata, das lampreias e
feiticeiras.
• Os ciclóstomos vivem como parasitas de baleias.
• Corpo alongado com presença de fendas branquiais. A
região da cabeça não é claramente bem distinguível.

• Temperatura do corpo variável de acordo com o ambiente.

Subfilo Gnatostomata

Classe Chondrichthyes (peixes cartilagíneos) e Osteichthyes


(peixes ósseos).

− Um taxon que designe todos peixes é negado hoje em dia


pelos zoólogos, tendo estes sido reclassificados em novas
classes: Placodermi (fósseis que tinham o corpo coberto por
uma placa córnea endurecida), Chondrichthyes (peixes
cartilagíneos) e Osteichthyes (peixes ósseos).
− Todos eles sempre foram aquáticos e com respiração por
brânquias, embora outras modificações no sistema
respiratório possam ocorrer. Nos vários habitats aquáticos
os peixes desenvolveram diferentes hábitos alimentares.
− Em princípio o corpo é coberto por escamas, sendo esta
construções epidérmicas com padrões de formas diferentes.
Os tipos de escamas são elementos classificatórios.
− A superfície do corpo possui muitas glândulas mucosas.
− A outra característica básica é a presença de barbatanas e
uma bexixa natatória – em muitos casos - para natação.
− O esqueleto dos peixes pode ser cartilaginoso ou ósseo.
462

− Os peixes cartilagíneos compreendem os tubarões (Selachii,


Seláceos) e as raias (Rajiformes). Os torpedos (Rajiformes)
estão providos de órgãos eléctricos. Para a sua orientação os
Seláceos desenvolveram um sistema de linhas laterais e as
ampolas de Lorenzini.
− Também os peixes ósseos desenvolveram diferentes órgãos
de equilíbrio e de orientação, incluindo a linha lateral e os
estatolitos.
− Rins mesonéfricos para excreção de amônia e ureia
constituem o seu sistema escretor..
− Com fendução externa, dióica, os peixes são geralmente
ovíparos (ou ovovivíparos).
− O sistema de classificação dos peixes ósseos baseaou-se nos
tipos de nadadeiras.

Classe Amphibia

− Com os anfíbios começa a linha evolutiva dos Tetrapoda,


animais que se locomovem com apoio das quatro patas.
Tetrapoda é superfamília que inclui anfíbios, répteis, aves e
mamíferos.

− Todos tetrápodes são amniados, à excepção dos anfíbios.

− O termo anfíbio alude ao duplo modo de vida aquático e


terrestre. Em sua adaptação os anfíbios desenvolveram
estruturas respiratórias e de locomoção adequados: pele húmida
e glandular e muito vacularizada.

− Anfíbios nascem e desenvolvem-se passando por um estági


larvar, o girino, que apresenta guelras e cauda, modificados em
adulto.

− A fecundação é externa, na água, onde se dá a fertilização. Não


há cópula verdadeira. Possuem capacidade de regeneração.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 463

− A sistemática dos Amphibia compreende: Urodela ou Caudata,


Anura, Gymnophiona ou Apoda.

Classe Reptilia

− Répteis vêm do Carbónico e são considerados os mais


sucedidos na evolução dos vertebrados porque muitos dos
seus grupos persistiram no tempo. A sua principal
característica é a locomoção rastejante, daí também o seu
nome.
− Os Répteis são também Amniota e adaptaram-se aos
diferentes habitats, com propensão para a terra seca.
− Pela primeira vez nos vertebrados, desenvolvem-se o corion
e o alantóide.
− São dióicos e o desenvolvimento ocorre sem estágios
larvares.
− O Tegumento é uma pele seca, com pequenas escamas e
placas epidérmicas córneas, muito pobre glândulas. Ela
protege contra a perda de água e facilita a vida na terra
firme.
− A sua respiração é totalmente pulmonar, mas com
adaptações para a vida, digamos, anfíbia que tartarugas,
crocodilos e certas serpentes demonstram, a bradicardia.
− A sistemática actual não inclui formas extintas, mas sim os
grupos/ordens Chelonia ou Testudines, Crocodilia,
Lepidosauria.
− Os épteis desenvolveram um novo órgão, órgão de
Jacobson que tem encontra seu seu ápice de
desenvolvimento em serpentes e lagartos.
− Um dos aspectos que torna o grupo temível nas diferentes
culturas humanas é o seu elevado comportamento de
464

predador e, com este, o desenvolvimento de estruturas e


substâncias eficazes para a captura, por exemplo, as
glândulas de veneno e a musculatura estranguladora de
serpentes e crocodilos.

Classe das Aves

− A característica inconfundível do grupo é o voo com auxílio


das asas. Mas ocorrem modificações, de tal modo que
encontramos aves como pinguíns que não voam.
− O voo das aves é facilitado pelas penas, estruturas
epidérmicas queratinosas com formas diferentes, que
também actuam na termorregulação. A estrutura dos ossos
esqueléticos demonstra adaptações também facilitadoras do
voo, a porosidade de que estão providos.
− Aves são homeotérmicos.
− Apesar de serem tetrápodes, as aves libertaram um par de
extremidades para o voo.
− A boca é um bico prognato adaptado aos diferentes tipos de
alimentos e tarefas.
− O coração das aves possui 4 câmaras (2 aurículas, 2
ventrículos separados).
− A respiração é apenas por pulmões compactos. A excreção
é por meio de rins metanéfricos.
− Fecundação das aves é interna. O desenvolvimento é directo
com cuidados-com-a-prôle por um ou por ambos os
progenitores. Os filhotes de galinhas, codornizes, patos,
aves litorâneas e outras são nidífugos, i.e. aptos para
abandorarem o ninho logo após a eclosão. É o contrário das
aves que precisam de ser alimentadas e receberem cuidados
no ninho (nidícolas).
− No grupo Passeriformes encontramos aves canotras que
constituem o maior das aves.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 465

− Aves são sobejamente conhecidas e admiradas pela sua


capacidade orientação, chegando a efectuar migrações
intercontinentais.
− No sistema actual das aves reconhecem-se duas subclasses:
os fósseis Archaeornithes e os actuais Neornihes.

Classe Mammalia

• São os animais mais evoluídos do reino animal, cuja


característica principal é a presença de grândulas mamárias
produtoras de leite nas suas fêmeas, com que alimentam os
filhotes nos primeiros dias depois do nascimento.
• Presença de glândulas cutâneas em certas regiões do corpo,
é uma das principais características dos mamíferos.
• Mamíferos são amniotas homeotérmicos que, à excepção
dos Monotremata (Monotrématos), são vivíparos.
• Os mamíferos exibem diferentes modos de vida e
adaptações específicas sobretudo para a sua motilidade na
terra, na água e no ar. Também demonstram morfologia e
anatomia especializadas para cada tipo de respiração no
ambiente em que vivem, apesar de todos eles possuirem
respiração pulmonar.
• Quanto aos hábitos alimentares, os mamíferos podem ser
carnívoros, herbívoros e omnívoros.
• A circulação sangínea dos mamíferos é dupla e completa.
• A sua coluna vertebral está dividida em 5 regiões: cervical,
torácica, lombar, sacral e caudal.
• As fêmeas têm geralmente dois ovários ligados a dois
oviductos (Trompas de Falópio); Os Monotremados põem
ovos; Nos Marsupiais e Placentários, o oviducto expande-se
num útero, onde ocorre o desenvolvimento embrionário.
466

Uma das grandes adaptações reprodutivas foi o


desenvolvimento de âmnio, alantóide e placenta.
• Nos mamíferos a fecundação é sempre interna. Nos
Marsupiais a gestação termina no marsúpio.
• Os cuidados com os filhotes são muito intensivos nos
mamíferos.
• Os órgãos dos sentidos mais desenvolvidos é o olfato, a
visão e a audição. Eles desenvolveram-se em graus
diferentes nos diferentes grupos de acordo com seus
hábitos.
• A maioria dos mamíferos possui duas dentições ao longo da
vida: uma decídua ou láctea e outra permanente.
• A sistemática actual dos mamíferos compreende duas
subclasses: Subclasse Prototheria, ou Adelphia e Subclasse
Theria.
Zoologia Sistemática Estudo dos Animais: Dos Protozoários aos Mamiféros 467

Bibliografia básica:

1. PIRES, Zoologia Sistemática, 2010


2. BARNES, Zoologia dos Vertebrados e Invertebrados 7ª Edição
2005.
3. STORER, Zoologia geral, São Paulo, Editora Nacional, 1984.

4 ROBERT T. Orr, Biologia dos Vertebrados, Editora Roca Lda,


1986.

5 ENCICLOPEDIA DO CONHECIMENTO, Ciência e


Tecnologia, os animais, Resomnia editores.

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