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Dossiê p á g i n a | 723

doi: 10.20396/rfe.v10i3.8653649

Números transfinitos e transreais: um diálogo com a


ontologia de Santo Tomás de Aquino

Walter Gomide 1

Resumo
Neste artigo, procuro mostrar como a teoria dos números transfinitos de
Cantor e a teoria dos números transreais admitem ser compreendidas
filosoficamente a partir de alguns conceitos da metafísica tomista. Para que tal
entendimento seja possível, admito a tese de que os conceitos tomistas de
matéria designada, não-designada e prima podem ser relacionados com as
noções cantorianas de número ordinal e cardinal transfinitos e com o número
“nullity”, da teoria dos números transreais, respectivamente. Com tal
correlação, creio estabelecer uma base dialógica entre a ontologia tomista e a
matemática do infinito e do indeterminado.

Palavras-chave: Transfinito – Ordinal – Cardinal – Metafísica Tomista –


Nullity.

Resumen
En este artículo, procuro mostrar cómo la teoría de los números transfinitos de
Cantor y la teoría de los números transreales admite ser comprendidos
filosóficamente desde algunos conceptos de la metafísica tomista. Para que tal
entendimiento sea posible, admito la tesis de que los conceptos tomistas de
materia designada, no designada y prima pueden ser relacionados con las
nociones cantorianas de número ordinal y cardinal transfinitos y con el número
"nullity", de la teoría de los números transreales , respectivamente. Con tal
correlación, creo establecer una base dialógica entre la ontología tomista y la
matemática del infinito y de lo indeterminado.

Palabras clave: Transfinito - Ordinal - Cardinal - Metafísica Tomista - Nullity.

1) O infinito e seu tratamento matemático na teoria cantoriana


de conjuntos.

1
Doutorado em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Pós-
doutor em fundamentos da matemática pela UFRJ-HCTE. Professor de Filosofia do
Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Mato Grosso. (UFMT). E-mail:
[email protected]

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Não há dúvida de que o infinito é um dos conceitos mais instigantes do


pensamento ocidental. Pela sua própria natureza, essa noção dialoga ou
encontra espaço tanto no discurso filosófico quanto no religioso ou
teológico. De Anaximandro, com seu apeiron, às especulações escolásticas,
em especial com Santo Tomás de Aquino, o infinito ocupa um lugar de
destaque nas cosmologias e ontologias que o Ocidente apresentou na busca
por uma compreensão ampla do mundo e de suas determinações causais.
Assim sendo, pode-se afirmar que o infinito é, por excelência, um conceito
estruturante da realidade vista em sua dimensão metafísica.
No entanto, mesmo sendo um dos conceitos filosóficos com mais força
heurística, é na matemática que o Infinito encontrou seu lugar natural e, de
fato, foi na obra de um matemático do século XIX, Georg Cantor – russo de
formação alemã- , que o Infinito foi sistemática e detalhadamente tratado
como uma noção aritmética; e esse tratamento aritmético do Infinito nos
lança algumas luzes sobre as dimensões filosófica e teológica que, bem
antes de Cantor, já eram decantadas pelos filósofos das tradições clássica ou
cristã, isso para não mencionar os pensadores judaico, hindu ou islâmico, ou
mesmo os trabalhos de Galileu Galilei, já na época moderna, sobre as
características paradoxais do Infinito2.
Os estudos de Cantor sobre o infinito, de forma sistemática, começaram
com uma série de artigos em que propriedades de funções contínuas
expandidas em séries de Fourier são analisadas e, com isso, características
topológicas dos números reais são introduzidas. A partir desses estudos
sobre funções expandidas em séries de Fourier, Cantor demonstra que há
mais números reais do que números naturais, além de demonstrar que há a
mesma quantidade de pontos em um segmento unitário de reta quanto em
um espaço euclidiano de dimensões quaisquer3.
Esses artigos de Cantor sobre as funções contínuas expandidas em séries
de Fourier começaram em 1870, e em 1883 foi publicado o artigo intitulado

2
Um interessante livro sobre a temática do Infinito é CLEGG, B (2003): A Brief History
of Infinite. The Quest to Think the Unthinkable. Robinson, London.
3
Sobre os trabalhos de Cantor sobre as funções expandidas em séries de Fourier, ver
GOMIDE, W (2006). pp15-45

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Grundlagen einer allgemeinen Mannigfaltigkeitslehre, considerado o


primeiro trabalho de Cantor inteiramente dedicado a um estudo sistemático
do Infinito a partir de um enfoque na teoria dos conjuntos. Nessa obra,
Cantor apresenta as noções de número ordinal e cardinal (potência) e, a
partir desses conceitos, aborda o infinito sob o prisma de sua estrutura de
ordem e de seu tamanho4.
Primeiramente, antes de abordar o tema do infinito de forma específica,
Cantor apresenta a sua definição de agregado ou de multiplicidade como
sendo uma coleção de objetos distintos entre si situada em nosso
pensamento5. Assim, uma vez considerando um agregado, a inteligência ou
pensamento pode avalia-lo de forma ordinal ou cardinal. Se abstrairmos a
natureza dos objetos constitutivos da coleção em questão, então obteremos a
estrutura ordinal do agregado, o que implica que as interrelações entre os
objetos da coleção, já desconsiderados quanto à sua natureza, são
privilegiadas e nos dão a ordem ou estrutura ordinal do agregado. É sob tal
perspectiva que o agregado, se for um conjunto bem ordenado, pode ser
avaliado como uma sequência em que faz sentido falarmos de um primeiro
elemento do conjunto, um segundo, um terceiro, etc. Assim, dado um
agregado qualquer M, então o número ou tipo ordinal de M é dado por uma
primeira operação de abstração sobre M que denotaremos de M*, isto é:
M* = Ord M

Uma vez de posse da estrutura ordinal de M, o pensamento efetua uma


segunda abstração e chega ao número cardinal de M que nos dá os aspectos
puramente quantitativos do agregado. De certo modo, o número cardinal ou
potência de um agregado apresenta, por assim dizer, o tamanho do
agregado; e esse tamanho nos é dado pela justaposição das puras unidades

4
Ver CANTOR, G. Cantor´s Grundlagen. In: EWALD, W. ed. From Kant to Hilbert.
A Source Book in the Foundations of Mathematics. Volume I, Clarendon Press University,
[1999].
5
Sobre a noção de agregado, ver também a primeira seção de CANTOR, G. ¨Beiträge
zur Begrundung der Transfiniten Lehre”. Contributions to the Founding of Transfinite
Numbers I. Dover Publications, New York, [1941]

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do agregado agora visto como destituído de quaisquer interrelações de


ordem entre os seus elementos. Temos assim:
M** = Card M
A noção de cardinalidade apresenta os conjuntos vistos como entes
matemáticos ao quais se associa uma quantidade – o seu tamanho aritmético
– e, por conta disso, é a partir do conceito de número cardinal que podemos
estabelecer relações de grandeza entre os conjuntos, como “ser maior”, “ser
menor” ou “ser igual”. Em outras palavras, a hierarquização dos conjuntos
quanto aos seus tamanhos se dá por intermédio da noção de número
cardinal.
No âmbito dos conjuntos finitos, a distinção entre números ordinal ou
cardinal tem pouca efetividade. Na realidade, afirmar que o resultado de
uma contagem foi dois, por exemplo, apenas informa que o conjunto
contado é uma dupla, pouco interessando a ordem em que os elementos
dessa dupla apareceram: tanto faz se a dupla é dada como {a,b} ou {b,a}, o
número ordinal ou cardinal dessa dupla é a reunião de duas unidades
abstratas u1 e u2, a saber:
Ord {a, b} = {a, b}* = Card {a, b} = {a,b}** = Ord {b,a} = {b,a}* =
Card {b,a}= {b,a}** = {u1, u2}

As unidades abstratas em questão apenas posicionam os elementos da


dupla quanto ao ato de contar, indicando o primeiro e o segundo elementos
da contagem, independentemente de quais sejam esses. E, dessa forma, a
ordem abstrata de apresentação de um conjunto finito acaba se coincidindo
com seu tamanho. Assim sendo, para fins puramente aritméticos, há uma
equivalência entre números ordinal e cardinal quando tratamos de conjuntos
finitos.
Obviamente, a distinção filosófica de fundo entre ordinalidade e
cardinalidade, e não à aritmética ou operacional, persiste no domínio do
finito, posto que se trata da diferenciação mais básica ou metafísica entre
sequenciar os elementos de um conjunto ou apenas tomar tais elementos
reunidos para se ter uma grandeza, um tamanho, uma quantidade.

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Se no domínio dos conjuntos finitos a distinção entre números ordinal ou


cardinal não se mostra efetiva no âmbito operacional, o caso é
completamente distinto no âmbito dos conjuntos infinitos. E para ilustrar
como a diferença entre ordinalidade e cardinalidade é marcante no infinito,
vamos considerar a análise que Cantor faz do mais básico de todos os
infinitos, o infinito enumerável.
Primeiramente, é digno de nota que a definição que Cantor faz de
conjunto infinito é a mesma utilizada por Bolzano e Dedekind, na segunda
metade do século XIX, e que é a base para a constatação de Galileu Galilei,
no século XVII, de que o infinito é uma grandeza matemática paradoxal. A
saber:

Um conjunto é infinito se, e somente se, existir uma parte própria desse
conjunto que admita uma correspondência bijetiva com o conjunto em
questão

Em termos matemáticos, podemos definir a infinitude de um conjunto X


da forma seguinte:
Inf X  (Y) [ Y  X   f ( Sobf  (1-1)f  f(Y) =
X)].

A expressão acima nos diz que há um subconjunto próprio Y de X


– isto é, um subconjunto Y de X cujos elementos, obviamente, são elementos
de X, mas há elementos de X que não são elementos de Y- e uma função f
que é bijetiva – isto é, é ao mesmo tempo “sobrejetora” e “injetiva”- e que,
portanto, “emparelha” ou “coloca lado a lado” todos os elementos de Y com
os elementos de X. Claramente, a existência dessa bijeção é impossível caso
X seja finito. Entretanto, é a propriedade distintiva dos conjuntos infinitos
em relação aos conjuntos finitos. E é essa propriedade que foi utilizada por
Galileu ao apresentar o caráter paradoxal dos conjuntos infinitos, uma vez
que, com essa caracterização, os conjuntos infinitos deixam de obedecer ao
axioma de Euclides, segundo o qual o todo é sempre maior que as partes.

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De fato, Galileu demonstrou que o conjunto dos números naturais admite


ser emparelhado com seu subconjunto próprio dos números quadrados: para
todo número natural n é possível “emparelha-lo” como o seu quadrado n2.
Mas é óbvio que o conjunto dos números quadrados são um subconjunto
próprio dos números naturais, e mesmo sendo aqueles menores que esses, há
a mesma quantidade de números nos dois conjuntos, como demonstra o
emparelhamento6.
Uma vez que matematicamente o infinito tenha sido definido, cabe
a Cantor analisar o conjunto ℕ dos números naturais em seus aspectos
estruturais. Sob o ponto de vista ordinal, o conjunto ℕ é o arquétipo de uma
sequência, e o número relacionado a essa disposição ordinal dos naturais é
0, o primeiro ordinal transfinito, isto é:
ℕ* = Ord (ℕ) = 0.

Para melhor compreendermos o que é o número ordinal ,


consideremos o seguinte conjunto infinito de relações que nos dá a
configuração de ordem “normal” que se verifica entre os números naturais,
isto é, aquela que se obtêm uma vez que os números naturais sejam
construídos a partir de adições sucessivas da unidade ao primeiro número
natural, o um:
1 < 2. < 3 < ... < m < m +1 < ...

Essa é a ordem “normal” presente nos números naturais. Se


abstrairmos agora a natureza dos elementos de ℕ, obteremos então essa
relação de ordem de maneira “pura”, de tal forma que os números naturais
deixam de ser avaliados como agregados de unidades e passam a ser
considerados como “posições” abstratas no conjunto dos naturais: o um
passa a ser o primeiro; o dois, o segundo; o três, o terceiro; etc. Temos
assim que o número 0 representa o conjunto das puras posições

6
Ver PARKER, M. (2008). Philosophical Method and Galileo´s Paradox.
http://philsci-archive.pitt.edu/4276/

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relacionais entre os números naturais, o que lhe dá o status de forma, de


padrão estrutural, de qualquer sequência. Portanto, podemos afirmar:

ℕ* = Ord (ℕ) = 0  a1 < a2. < a3 < ... < a m < am + 1 <
...

Na expressão acima, os números aj são “puras posições” no


conjunto dos naturais e, como tais, não representam agregados ordinais ou
cardinais. Dessa maneira, ak é a k-ésima posição na sequência dos números
naturais, e não um agregado com k unidades.

Sob o ponto de vista aritmético, o comportamento de 0 é bem


extravagante em relação ao que é esperado no âmbito dos números finitos.
Por exemplo, a comutatividade da adição não vale quando uma das parcelas
a ser adicionadas é 0 , isto é:
0 + m  m + 0,

sendo m um número finito.

Quanto ao seu tamanho considerado em si mesmo, os números


naturais são representados por seu número cardinal ℕ** = Card (ℕ),
denominado por Cantor como 0. De fato, 0 é o número transfinito – o
primeiro deles – associado a qualquer conjunto que tenha o mesmo número
de elementos que têm os números naturais: o cardinal 0, o alef zero, é o
ente matemático que expressa o tamanho dos conjuntos infinitos e
enumeráveis, isto é, conjuntos infinitos que podem ser bijetivamente
relacionados aos números naturais.

Estruturalmente, 0 é um conjunto de “unidades ou posições


abstratas” entre as quais as relações de ordem foram eliminadas ou
abstraídas. Assim sendo, a diferenciação entre as unidades ou posições
abstratas não se faz por meio da relações de ordem, dado que essas

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“desapareceram”, mas sim através de interrelações posicionais: o cardinal


0, portanto, se assemelha a um espaço infinito e discreto, em que seus
pontos são as unidades ou posições abstratas relacionadas entre si por meio
de um “especial tipo de relação espaço”7; chamemos essa de xLy.

Assim, considerado somente sob o ponto de vista da cardinalidade,


o conjunto dos números naturais se reduz às suas configurações espacias
xLy, as quais apontam, idealmente, a todas as configurações posicionais
possíveis entre x e y (ver nota 6). Dessa forma, podemos afirmar o seguinte:

ℕ** = Card (ℕ) = 0  u1 L u2 L u3 … um L um+1 ...

Dessa maneira, podemos considerar o cardinal 0 como um espaço


composto de uma quantidade enumerável de posições, e nesse espaço estão
dadas potencialmente todas as interrelações entre elas: é como se o cardinal
em questão compusesse, em sentido leibniziano, um espaço metafísico de
relações.
As leis que regem o comportamento de 0 também não se coadunam
com o que é esperado no âmbito do finito. De fato, para os cardinais
transfinitos, cujo primeiro termo da sequência 0, a adição de uma unidade
não gera um número diferente, como é o caso da adição com números
finitos. Por exemplo, se adicionarmos a unidade a 0, então o resultado será
0, isto é:

0 + 1 = 1 + 0 = 0.

Fica claro, pelo o que foi expresso acima, que quando tratamos de
conjuntos infinitos há uma diferença aritmética e operacional entre os

7
A concepção de espaço subjacente à noção de número cardinal não é física, mas
metafísica, e se assemelha com a visão de Leibniz de que o espaço é um sistema de relações
que nos dá as possibilidades posicionais dos objetos. Ver ARTHUR R.T.W (2013).
https://www.humanities.mcmaster.ca/~rarthur/papers/Leibniz.Space6.pdf

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infinitos ordinal e cardinal. No caso dos números naturais ℕ, o seu


representante ordinal 0 não obedece à lei da comutatividade, posto que

0 + m  m + 0,

Ao passo que o representante cardinal dos números naturais, 0, satisfaz


a tal lei, dado que:
0 + m = m + 0 = 0.

Assim, a distinção entre ordinalidade e cardinalidade, que na esfera dos


conjuntos finitos não se mostra de forma efetiva, é patente na aritmética dos
conjuntos infinitos.

2) Aspectos filosóficos da teoria cantoriana de conjuntos:


conjuntos bem-ordenados e a metafísica tomista.

O conjunto dos números naturais ℕ são um exemplo de conjunto bem


ordenado, isto é, conjuntos em que todo subconjunto tem um primeiro
elemento. Sendo assim, podemos dizer que tal propriedade dos conjuntos
bem ordenados são a forma desses conjuntos, e podemos dizer que essa
propriedade8, que denominaremos de xDx, é a essência da boa ordenação
ou, conforme a terminologia da Ontologia de Santo Tomás de Aquino,
constitui a forma substancial da boa ordenação9.
Consideremos agora o quadro referencial da Ontologia Tomista e como
ela pode se relacionar com os números naturais entendidos à luz da teoria
cantoriana dos conjuntos.

8
Formalmente, um conjunto S é bem ordenado caso satisfaça à seguinte condição:

(X)[ (X  S  X  )  (!y  S )(y  X  (z  S) (z  X  y  z ))]

A formula acima nos diz, em linguagem lógica, que todo subconjunto não-vazio de S
tem um menor elemento.
9
Sobre a ontologia de Santo Tomás de Aquino, ver HUGHES, P. (1993). Aquina´s
Principle of Individuation. https://digitalcommons.denison.edu/episteme/vol2/iss1/7/

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Em Santo Tomás de Aquino, as formas substanciais são as propriedades


comuns a vários indivíduos da mesma espécie ou tipo. Os indivíduos, por
sua vez, se diferenciem uns dos outros dentro de seus domínios específicos
por força do princípio de individuação que Santo Tomás de Aquino
identifica com a matéria assinalada (materia signata)10. Cabe então agora a
seguinte questão: se admitirmos que a ontologia tomista e suas distinções
conceituais se aplicam à aritmética cantoriana, que conceito dessa teoria fará
o papel de princípio de individuação ou de matéria assinalada?
Primeiramente, para responder a essa questão, assumamos a tese de que
os agregados com suas configurações de ordem, na teoria dos conjuntos de
Cantor, desempenham o papel de indivíduos ou de substâncias primeiras na
metafísica tomista. Sendo assim, um agregado infinito e enumerável K, bem
ordenado, é um indivíduo composto de elementos k, de forma substancial
xDx e de matéria assinalada K,
K = < xDx ; K ; k >

Uma vez que sabemos que K é composto dos elementos k e é bem


ordenado, para que determinemos K como um indivíduo, devemos
determinar que tipo de boa ordem possui K, e a especificação dessa boa
ordem nos dará a matéria assinalada K. De fato, na teoria de Cantor, um
conjunto bem ordenado, infinito e enumerável pode ter números ordinais
dos mais variados tipos, tais como:

0;
0 + n, n  ℕ;
0. 2 ;
0. 2 + n, n  ℕ;
.
0 2;
.etc

10
Ver HUGHES, (1993), p.56

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Portanto, enquanto não especificamos que número ordinal transfinito é


associado ao conjunto K, esse não está individuado, o que é equivalente à
tese de que a matéria assinalada de K é seu número ordinal, isto é:
K = Ord (K).

Por conseguinte, ao realizarmos a primeira abstração sobre K, obteremos


a matéria assinalada de K ou o seu número ordinal K* = Ord (K), princípio
de individuação de K.
Se realizarmos agora sobre K uma segunda abstração, obteremos o
número cardinal K** = Card (K), que na metafísica tomista pode ser
relacionado à matéria não-assinalada de K. Isso porque, segundo a
ontologia tomista, as substâncias primeiras ou os indivíduos possuem a
matéria assinalada que permite a diferenciação ou a individuação dos termos
de uma espécie. Além da matéria assinalada, enquanto partícipes de uma
espécie ou tipo também possuem a matéria não-assinalada (matéria
communis), que é o elemento material comum a todos os membros desse
conjunto específico. Assim, todo conjunto bem ordenado, infinito e
enumerável possui número cardinal igual a 0, a matéria comum a tais
conjuntos. Denominando a matéria não assinalada do conjunto K de k,
temos que:
K** = K * = Card (K) = k, = 0

Entretanto, a ontologia tomista não para nos conceitos de matéria


assinalada e não assinalada: há também a matéria prima (matéria prima),
matéria comum a todos os indivíduos, e que não possui nenhuma
determinação e que só existe em pura potência, mas não em ato. Cabe então
a pergunta: qual número da teoria cantoriana, se é que exista algum, poderia
ser associado a essa matéria prima, a essa pura potência ontológica?
Se partirmos da intuição fundamental de que a operação de abstração
gradativamente aplicada aos conjuntos, entes matemáticos individuados, nos
leva do mais determinado ao menos determinado, do mais individuado ao
menos individuados, então a matéria prima estará relacionada a uma terceira

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operação de abstração aplicada aos conjuntos. Assim, em relação ao


supracitado conjunto K, a matéria prima desse conjunto será obtida pela
operação K***: nesse novo conjunto, nenhuma relação estrutural existe e,
como tal, nenhuma unidade abstrata pode ser identificada em K***.
Denominando K*** de  (K), temos então:
K*** = Card (K) * = Ord (K) ** = 0 * = 0* =
 (K)

Obviamente, K*** =  (K) não é um cardinal transfinito e nem um


ordinal transfinito. Em outras palavras: o número  (K), apesar de ser
definido com os instrumentos da aritmética transfinita de Cantor, não é um
número transfinito. Fato análogo ocorre com a unidade imaginária complexa
i = √−1: a unidade imaginária é definida com operações definidas nos
números reais, mas não é um número real, mas sim um número complexo,
um novo campo numérico aberto pela introdução consistente dessa unidade
imaginária no âmbito dos números reais.

 (K), portanto, transcende o campo dos números transfinitos e, para


encontrarmos qual número admite ser relacionado a  (K), temos de sair da
aritmética transfinita e buscar uma outra aritmética em que haja algo
análogo ou equivalente a  (K). Uma vez que  (K) é caracterizado com
um conjunto não-finito em que não há nenhuma relação estrutural entre seus
elementos, o que implica na não-presença de unidades internas separáveis
por qualquer tipo de relação, o candidato provável a ser o representante
matemático da matéria prima tomista deve ser um número que, vista sob o
ponto de vista conjuntístico, se assemelha a um todo indiferenciado de
elementos; e esse número existe na aritmética transreal, criada pelo cientista
da computação inglês James A.D.W. Anderson, e se chama “nullity”; seu
símbolo é  e é definido de maneira extravagante como 0/0.

3) O número transreal “nullity” como representante


matemático da matéria prima tomista.

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Os números transreais ℝ𝑇 foram criados por James A.D.W. Anderson,


cientista da computação inglês, por volta de 199711. Tais números consistem
em uma extensão dos números reais ℝ na qual é permitida a divisão por
zero. Tal divisão, interditada no âmbito dos números reais, permite a
introdução de três novos números, a saber:
a) 1/0 = ;
b) -1/0 = -;
c) 0/0 = .

Dessa forma, os números transreais


ℝ𝑇 podem ser definido da forma seguinte:

ℝ𝑇 = ℝ  { , −, },

e sua representação pictórica é a seguinte:

Na representação acima, a linha dividida por zero no centro médio


representa os números reais , os quais se estendem à esquerda para - e à
direita para ; por sua vez, “nullity”, 0/0, não está posicionado na reta, o
que indica o tipo de relação de ordem presente nos transreais. De fato, para
qualquer número real r, as relações
(r < ) e (-  < 𝑟)
se verificam.

11
Sobre os números transreais, ver ANDERSON, J, GOMIDE, W. & DOS REIS, T
(2016). "Construction of the Transreal Numbers and Algebraic Transfields" IAENG
International Journal of Applied Mathematics, vol. 46, no. 1, pp. 11-23, 2016.

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Obviamente, a relação -  <  também é verdadeira em ℝ𝑇 .


No caso de “nullity” , como sugerido pela figura acima, valem os
seguintes enunciados:

d) para qualquer número transreal t, temos que (t ≮ ) e (𝑡 ≯ ).

Isto é, “nullity” é um número não comparável quanto à grandeza com


nenhum número transreal. Dito de outro modo, podemos afirmar que
“nullity” não tem tamanho e, por conta disso, não tem também um número
cardinal bem definido.

Alguns resultados da aritmética transreal indicam a similaridade do


infinito positivo com 0 e o comportamento peculiar de “nullity”, um
comportamento que faz com que tal número possa ser identificado com as
situações que a aritmética dos números reais costuma denominar de
indeterminadas. Vejamos:
e)  + n, n  ℕ = ;
f)  +  = ;
g) / = ;
h)  -  = ;
i)  + n, n  ℕ = 
j)  +  = ;
k)  -  = ;
l)  -  = .

De fato, nullity pode ser associado ao indeterminado uma vez que admite
ser compreendido como a superposição indiferenciada de todos os números
reais. Como é sabido, a expressão 0/0 é indeterminada nos números reais.
Isso porque, se admitirmos a existência de um número real  tal que
m)  = 0/0,
então se segue que
n)  . 0 = 0.

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Mas qualquer número real r satisfaz a equação acima, o que implica que
 pode ser qualquer número real, sendo, portanto, um número matemático
indeterminado, o que quebra o esperado comportamento funcional da
divisão em ℝ. Por quebrar o caráter funcional da divisão nos reais, a
hipótese de haver um número real que seja o resultado de 0/0 está
interditada, uma vez que tal hipótese leva a uma contradição com o
comportamento da divisão com os números reais.

Para que a divisão com denominador nulo pudesse ser introduzida sem
contradição nos transreais, o conceito de divisão foi redefinido de tal forma
que, quando aplicada a números reais, um subconjunto de ℝ𝑇 , o seu
significado seja o usual e, com isso, nenhuma inconsistência é obtida. Uma
situação análoga acontece nos números complexos ℂ: o conceito de radiação
é redefinido de tal forma a permitir a existência de raízes quadradas de
números negativos, sem que, com isso, qualquer contradição seja obtida
entre esse novo sentido de radiação e o antigo válido nos reais, um
subconjunto de ℂ, em que é interditado a radiação de números negativos.

Dessa maneira, sem nenhuma contradição nos números transreais,


podemos falar de números perfeitamente bem definidos a partir de frações
com denominadores nulos, e “nullity” é um desses números. Entretanto, o
contexto de origem de “nullity” foi o dos números reais, onde ele representa
o indeterminado, o que tem referência equívoca. De fato, a expressão 0/0
aponta para todos os números reais simultaneamente e, como tal, não existe
como número real bem definido. Entretanto, nos transreais, 0/0 é um
número bem definido, e podemos considerá-lo como a superposição de
todos os números reais, em que a superposição pode ser vista como uma
operação conjuntística que gera conjuntos infinitos cujos elementos não
estão diferenciados uns dos outros12.

12
A operação de superposição é pensada de tal forma que, de conjuntos bem definidos,
geramos agregados em que a relação de discernibilidade entre seus elementos não se

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Denominando a operação de superposição de , então temos:

o)  = 0/0 = ℝ

E, assim, “nullity” não seria um número comum no sentido de sua


grandeza: pelo fato de não possuir unidades separadas, posto que é a
superposição de todos os números reais, “nullity” não pode ser comparado
quanto ao seu tamanho, uma vez que a comparação quanto ao tamanho
pressupõe a operação de bijeção entre os conjuntos comparados, e esse
operação se fundamenta na existência de unidades separadas que possam ser
“emparelhadas”; tal possibilidade de emparelhamento de unidades está
descartada para nullity.

Tomando nullity como superposição de todos os números reais, na


representação pictórica dos números transreais, o ponto em nullity, situado
acima da reta dos reais extendidos ℝ  {-, }, se identifica com o colapso
de todos os números reais: todos os números reais estão indiferenciados e
amalgamados em nullity:
 = ℝ

Cabe agora fazer a pergunta: qual a estrutura interna do conjunto  =


ℝ? Sendo um todo indiferenciado de elementos, de números reais, o
conjunto relacionado a nullity não tem nem um número ordinal e nem um

verifique necessariamente. Uma teoria de conjuntos onde isso é possível é a teoria dos
quase-conjuntos, criada pelos lógicos brasileiros Décio Krause e Newton da Costa. Ver DA
COSTA, N.C.A e KRAUSE, D: Logical and Philosophical Remarks On Quasi Set Theory.
IN: http://philsci-archive.pitt.edu/3274/1/CosKra_LogicQsets.pdf

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número cardinal bem definidos, uma vez considerando que os conceitos de


ordinalidade e de cardinalidade se esgotam na teoria cantoriana dos números
transfinitos. Dito de outro modo: nenhum número ordinal ou cardinal
definido na teoria dos números transfinitos pode ser associado a “nullity”.
Entretanto, a idéia de que uma terceira abstração pode ser introduzida no
âmbito da teoria cantoriana dos conjuntos, a qual foi relacionada com a
matéria prima dos conjuntos enumeráveis e bem ordenados, sugere que
“nullity” possa ser relacionada a uma terceira abstração sobre os números
reais ℝ, isto é:

ℝ * = Ord (ℝ ); ℝ ** = Ord (ℝ)* = c; ℝ *** = c* =  =


ℝ = ℝ

Na expressão acima, Ord (ℝ) é o tipo ordinal do contínuo, denominado


de , e c é o cardinal do contínuo, o qual é igual a 20 .

Considerando agora um conjunto bem ordenado K, com número ordinal


igual a K (a matéria assinalada de K, segundo a metafísica tomista) e
número cardinal igual a 0 (matéria não-assinalada de K), temos o seguinte:

K* = Ord (𝐾); K** = Ord (K)* = 0; K *** = 0* = 1 =


ℕ = ℕ

Assim, a matéria prima de K é igual a 1 = ℕ = ℕ.

Portanto, o conceito tomista de matéria prima encontra eco na


matemática através da noção de conjunto infinito em superposição, cujo
arquétipo matemático é o número transreal “nullity”  = 0/0.

Para uma melhor definição do que seja um conjunto infinito em


superposição, é necessária uma teoria dos conjuntos que lide com conjuntos
infinitos com termos indistinguíveis; e tal teoria, como apontada na nota11,

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pode se identificar com a teoria dos quasi-conjuntos. E uma vez bem


definida a operação de superposição, pode-se então responder a perguntas
tais como se há uma identidade entre  e 1.
Guiando-nos por intuições metafísicas decorrentes da avaliação do que é
a matéria prima tomista, a resposta é sim: a matéria prima infinita é
representada matematicamente por único conjunto; admitir que assim não o
seja é postular que há duas matérias primas distintas, o que soa estranho
ontologicamente.

Mas isso é assunto para uma outra oportunidade. Por enquanto, basta
mostrar como conceitos metafísicos tradicionais, com a matéria na visão
tomista, podem ser mapeados na matemática por meio da teoria dos
números transfinitos e dos números transreais.

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Submetido em: 15/01/2018


Aceito em: 15/02/2018
Publicado em: 04/04/2018

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