Ciclo de Formação Humana
Ciclo de Formação Humana
Ciclo de Formação Humana
Conhecer, planejar e implementar nas Escolas da Rede Pública Estadual de Mato Grosso
Cuiabá MT | 2016
Apresentação
D iante dos dados apresentados sobre a baixa proficiência dos alunos da educação pública esta-
dual de Mato Grosso e as inúmeras críticas que o Ciclo de Formação Humana, sistema adotado
no ensino fundamental da rede pública estadual, vem recebendo por uma parcela significativa dos
professores, alunos, gestores escolares, familiares e da sociedade em geral, foram requeridas, pelo
Deputado Estadual Professor Wilson Santos – PSDB, a realização de Audiências Públicas em 8 muni-
cípios-polos do Estado, sendo estes: Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Rondonópolis,
São Félix do Araguaia, Sinop e Tangará da Serra .
A realização dessas audiências teve como acerca do Ciclo de Formação Humana . As audiên-
principal objetivo criar um diálogo diretamente cias possibilitaram o confronto de ideias, o direito
com os principais autores do processo ensino- ao contraditório, garantindo que cada participan-
-aprendizagem, educadores e educandos, bem te pudesse defender seu ponto de vista e apontar
como ampliar o debate às famílias, autoridades e caminhos para a melhoria na qualidade da apren-
sociedade em geral, para que ao final pudéssemos dizagem escolar dos nossos alunos .
encontrar respostas a alguns questionamentos: No segundo momento, após a realização das
O Ciclo de Formação Humana é o ideal para as Audiências Públicas, foi constituída uma equipe
nossas escolas? Como foi a implantação e imple- multidisciplinar com representantes de diversos
mentação do Ciclo de Formação Humana na rede segmentos da sociedade: professores e alunos da
pública estadual de ensino? As nossas escolas e os rede pública estadual, gestores escolares, familia-
nossos professores se apropriaram e trabalharam res de alunos da rede pública estadual, professo-
efetivamente o Ciclo de Formação Humana? Por res mestres e doutores, Secretaria de Estado de
que a maioria dos professores não aceita o Ciclo Educação, Conselho Estadual de Educação, uni-
de Formação Humana? A baixa qualidade da pro- versidades públicas e particulares e o Ministério
ficiência dos nossos alunos está relacionada ao Público, para debater, avaliar e sistematizar os re-
Ciclo de Formação Humana? Quais caminhos o Es- sultados obtidos nas Audiências Públicas .
tado deverá construir para alcançar a melhoria na Após a equipe multidisciplinar debater os
proficiência dos nossos alunos? pontos elencados pelos participantes, avaliar os
As Audiências Públicas contaram com a par- questionamentos e as ações propostas, e sistema-
ticipação popular, especialmente de professores tizar os resultados obtidos nas Audiências Públi-
que estão em sala de aula, proporcionando, as- cas, apresento uma proposta de trabalho acerca
sim, um retrato mais próximo da realidade escolar do Ciclo de Formação Humana .
Ciclo de Aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
Escola Integrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Família e escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27
Concursos públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Enturmação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
Sala de Articulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Sala de Superação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
Inovações tecnológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33
Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43
Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6
1 Contextualizando os
Ciclos no Brasil
E m busca de solução para os dois grandes problemas na educação brasileira, a reprovação e a eva-
são, surgem, desde o início do século XX, teorias que visam minimizar esses problemas . Sampaio
Doria, em 1918, publica, em carta, “Contra o analfabetismo”, importante documento/manifestação
defendendo o fim da reprovação escolar, através da promoção automática .
O professor Anísio Teixeira, a partir da década extintas . Na LDB/71, a possibilidade do Ciclo vem
de 1930, foi o grande pensador e crítico da escola como alternativa, desde que existam as “condições
brasileira, caracterizando-a como arcaica, seletiva necessárias”, conjugando idade e aproveitamento .
e classificatória, semelhante às escolas europeias Com o processo de abertura ocorrido a partir
da Idade Média . O grande mestre Teixeira apon- do final da década de 1970, provocando mudan-
tava para um novo sistema público de ensino que ças Político-socioculturais, a Educação também
garantisse acesso e permanência dos alunos como entra nesse clima e a proposta dos Ciclos retorna
um direito, e não como privilégio . à agenda nacional, na década de 1980 . Vários es-
A década de 1950 foi rica em profusão de tados e municípios adotam o regime no sistema
ideias, debates e avanços rumo a uma nova escola . público de ensino . Mas foi a LDB/96, em seu arti-
Anísio Teixeira revolucionou o Ministério da Edu- go 23, que garantiu de forma clara a possibilidade
cação com suas percepções intelectuais, criando real da organização do ensino por Ciclos: “A edu-
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas cação básica poderá organizar-se em séries anuais,
e Ensino Superior (Capes), e dirigindo o Instituto períodos semestrais, Ciclos...” .
Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep); Luís Perei-
ra, em seu artigo intitulado “A promoção automá-
Pedrilan Reinaldo | Secom/ALMT
7
Ciclo de Formação Humana objetivos sejam alcançados ao final de cada Ciclo .
É necessário assumir a cultura do trabalho coletivo
É uma procura, nada fácil, de organizar o trabalho, e colaborativo, em que a avaliação contribui para
os tempos e espaços, os saberes, as experiências a construção de um diagnóstico da aprendizagem
de socialização da maneira mais respeitosa para do aluno, apontando as fragilidades e propondo
com as temporalidades do desenvolvimento huma- ações para superá-las .
no . (ARROYO, 1999) .
A Aprendizagem implica ainda em mudanças na
Para Arroyo (1999), o Ciclo de Formação Hu- organização e gestão da escola, exigindo que os
mana é o ciclo da própria vida, em que se devem objetivos de final de ciclo sejam claramente defi-
respeitar os “tempos” de cada sujeito . A escola, nidos para professores e alunos . Pressupõe o em-
por ser um espaço de aprendizagem, deve propor- prego de dispositivos da pedagogia diferenciada,
cionar meios para que esse sujeito construa, ao da avaliação formativa e o trabalho coletivo de
seu tempo, sua própria autonomia, identificando professores em uma formação contínua dos profes-
suas possibilidades pessoais e profissionais . sores, o apoio institucional e o acompanhamento
Nessa concepção, ainda que o sujeito, num adequado “para construir novas competências” .
período de tempo, não consiga construir os co- (PERRENOUD, 2004, p . 52) .
nhecimentos científicos necessários, mesmo esse
aluno sendo avaliado e assistido pela escola, ele Nessa concepção, o aluno aprende e desen-
não deverá ficar retido, pois isso contraria o ciclo volve competências necessárias para instrumen-
da vida . Sua metodologia requer uma nova mode- talizar sua efetiva inclusão social . Nesse sistema,
lagem nas estruturas físicas e humanas das esco- a progressão não é automática, pode-se reter o
las . Para sua implementação é necessário construir aluno ao final de cada fase ou ciclo . Não se justifi-
uma nova concepção de educação e de professor . ca passar à fase ou ciclo seguinte sem adquirir os
devidos conhecimentos .
Ciclo de Aprendizagem
8
2 Resultados das
Audiências Públicas
D iante dos resultados obtidos, entendemos que o Ciclo de Formação Humana não conseguiu al-
cançar seus objetivos, principalmente devido à negligência dos governos que não trataram o
Ciclo de Formação Humana como política de Estado .
Tiego Poli
Falhas na implantação do Ciclo 5 Carga horária dos docentes que não atende às
de Formação Humana exigências do Ciclo de Formação Humana;
1 Deu-se início a um processo gigantesco de mu- 6 Falta de incentivos para que os docentes pro-
danças, sem preparação prévia dos docentes, movam sua autoformação;
gestores, famílias e ambiente escolar;
7 O número de alunos por turma acima do re-
2 Negligência do Estado na implementação do comendado para atender às especificidades do
Ciclo de Formação Humana; Ciclo de Formação Humana;
9
As universidades públicas e particulares não ▶▶ Questionamento 1/10
contemplam no currículo da formação docente
o Ciclo de Formação Humana; Houve alguma Formação para Docentes, na
perspectiva do Ciclo de Formação Humana,
O Ciclo de Formação Humana só existe na teo- por parte da Seduc/MT nos últimos anos?
ria; na prática, o que temos, é a escola seriada.
10
▶▶ Questionamento 4/10 ▶▶ Questionamento 7/10
Professores Professores
90% 87%
1º | Não 1º | Não
2º | Não opinaram 2º | Sim
3º | Sim 3º | Não opinaram
4% 6% 6% 7%
O professor hoje, com a carga horária de 30 horas Professor, você concorda com a retenção
por semana, tem disponibilidade para elaborar o ao final do...
planejamento de ensino de forma interdisciplinar,
respeitando as especificidades por aluno, como
exige o Ciclo de Formação Humana? Professores
1º | Todos os Ciclos
14% 2º | Prefere o Seriado
49%
3º | Não concordam
Professores 12%
75% 4º | 2º e 3º Ciclos
1º | Não 11% 5º | 3º Ciclo
5% 9%
2º | Sim 6º | Não opinaram
3º | Não opinaram
21%
4%
Atualmente, como você avalia a proficiência dos Professor, como você avalia a infraestrutura
alunos dentro do sistema de ensino organizado da sua escola atualmente?
por Ciclo de Formação Humana?
Professores
Professores 1º | Regular
92% 60%
1º | Inadequada 2º | Boa
3º | Adequada 4º | Ótima
3% 16% 5º | Péssima
5%
1% 2%
11
▶▶ Questionamento 10/10 O elevado nível de aprovação e
o baixo nível da proficiência
Como docente, você gostaria de propor
outros temas na área da Educação a serem O Índice de Desenvolvimento da Educação Bá-
discutidos pela Comissão de Educação, sica - IDEB vem crescendo no Ensino Fundamental
Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da da rede pública estadual de Mato Grosso, confor-
Assembleia Legislativa? me os dados das avaliações realizadas pelo Institu-
to Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira
Para esta pergunta, selecionamos as – INEP.
principais respostas:
▶▶ Formação Continuada;
5,15 x 1,00 = 5,1
▶▶ Reforma Curricular; Quanto maior a nota,
maior o aprendizado.
Quanto maior o valor,
maior a aprovação.
Meta para o Estado
4,7
▶▶ Investimentos e transparência na
aplicação dos recursos públicos para a 3
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Educação;
12
Proficiência por Estado – Anos Iniciais – Ensino Fundamental – Rede Estadual – Língua Portuguesa – 2013
275 275
250
Proficiência Língua Portuguesa – Anos iniciais
250
226,79
225 Nível adequado: 200 225
213,49
(Meta para 2021)
209,02
207,18
206,20
204,88
202,95
201,70
201,13
201,00
197,35
196,64
192,12
192,17
190,65
200 200
186,61
186,23
185,66
180,44
179,43
173,40
172,63
171,70
171,50
166,73
166,14
175 175
163,48
150 150
125 125
PA AP AL RN BA SE PB MA PE MT RR PI TO RJ AM CE ES RO MS SP AC SC RS DF GO MG PR
27º 26º 25º 24º 23º 22º 21º 20º 19º 18º 17º 16º 15º 14º 13º 12º 11º 10º 9º 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º
Fonte: Inep.
vivenciando na prática, pois o que está em jogo lidade é preciso que as escolas estejam bem estru-
é toda uma geração de crianças e adolescentes turadas, que a Secretaria de Estado de Educação
que chegam, ao final do 3º Ciclo, com uma de- possa oferecer as condições necessárias para que
fasagem muito grande de conhecimentos neces- os professores se tornem protagonistas desse pro-
sários para prosseguirem no Ensino Médio . Não cesso . A realidade, porém, apresenta escolas de-
podemos “mascarar” uma realidade triste e preo- ficitárias, professores e alunos resistentes aos ei-
cupante: nossos alunos estão passando de Ciclos xos estruturantes do Ciclo, Secretaria de Educação
sem aprender! Precisamos, sim, garantir o acesso sem efetivo suficiente para atender às demandas
e permanência dos alunos dentro da escola, mas das escolas, material didático em desacordo com
também o direito à aprendizagem . a proposta, e outras inúmeras dificuldades que co-
Para atender às especificidades do Ciclo de locam em dúvida a eficácia do Ciclo de Formação
Formação e promover uma aprendizagem de qua- Humana .
13
Ciclo de Formação Humana: olhares e conceitos
Mato Grosso impôs o sistema de ensino Quatorze anos para reavaliar o Ciclo foi muito
por Ciclo de Formação Humana e não o tempo, e a Seduc ficou muito técnica, não está
implementou. Outro ponto que me chama a estruturada para atender às demandas do Ciclo.
atenção é o abandono da primeira educação José Maria de Souza / Diretor de escola em Cáceres
pelas famílias, obrigando os professores a
irem além das suas atribuições escolares.
Zé Carlos do Pátio / Deputado Estadual – SDD Trinta horas semanais são insuficientes
para o professor atender às especificidades
do Ciclo de Formação Humana.
O Brasil não valoriza seus professores O Ciclo exige mais dos docentes,
e não prioriza a Educação. é preciso aumentar a carga horária.
Dr. Leonardo Albuquerque / Deputado Estadual – PDT Neiva Gomes Coelho / Assessora Pedagógica em Confresa
A implantação do Ciclo foi feita sem a devida O Ciclo foi implantado e deformado ao longo do
preparação, mas é preciso continuar com o processo; falta uma rede de apoio às escolas.
Ciclo e fazer as devidas correções... O Ciclo Mabel Strobel / Coordenadora do curso de
permite mais articulação dos diversos Pedagogia de uma universidade particular de Mato Grosso
conhecimentos... As universidades continuam
formando os professores de forma equivocada.
Antônio Carlos Máximo / Presidente da Fapemat No início, o Ciclo foi bastante rejeitado,
inclusive por mim. Hoje, defendo a
escola ciclada, mas com mudanças.
A rede não está organizada Edna / Professora na rede estadual de ensino
de acordo com o Ciclo.
Carlos Alberto Caetano / Presidente do C.E.E.
A teoria sobre o Ciclo é linda, mas
na prática não funciona.
Sou inimigo número um da escola Carmem Lúcia / Coord. Pedagógica em São Félix do Araguaia
ciclada. Ela não ensina.
Pedro Tercy / Prefeito de Denise
Falta seriedade com a escola ciclada,
15 anos de brincadeira.
Os problemas do Ciclo são conhecidos, Professora da Unemat em Tangará da Serra
faltam soluções.
Vagner Constantino Guimarães / Vereador de Tangará da Serra
O que fazer com o aluno que não
sabe nada no 9º ano?
O foco do Ciclo é a aprendizagem na Professora na rede estadual de ensino em Cuiabá
perspectiva da Formação Humana.
Alvarina de Fátima / Professora na rede estadual de ensino
Todas as pessoas são capazes de aprender.
E o Ciclo de Formação Humana veio para fortalecer
Temos que buscar a qualidade na Educação, mas e garantir o direito de aprendizagem do aluno.
as famílias precisam aproximar-se da escola. Ana Carla Muniz / Secretária Municipal de Educação
Promotor de Justiça da cidade de Cáceres de Rondonópolis
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Progressão Continuada ou A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
Aprovação Automática? ção Nacional (Lei nº 9.394/96) – deixa claro que
o avanço do aluno, no processo formativo, ocorra
Os resultados das Audiências Públicas são cla- mediante a comprovação do seu desenvolvimento
ros, as mesmas dificuldades encontradas no início e aprendizagem, quando se trata, entre as regras
da implantação do ensino por Ciclo de Formação comuns (art. 24), a classificação (inciso II, alínea a),
Humana perduram até hoje. Não podemos dar promovendo o aluno com aproveitamento escolar
continuidade em um sistema de ensino como o Ci- para a série ou fase seguinte, e a verificação do
clo de Formação Humana sem que sejam tomadas rendimento escolar (inciso V), observando, entre
medidas que garantam a qualidade da Educação outros importantes critérios, o desempenho do
ofertada pelo nosso Estado. aluno com qualidade.
Quando a qualidade do ensino e a aprendi-
zagem vão mal, consequentemente não há inclu- Art. 24 - A educação básica, no nível fundamental
são do ponto de vista da aprendizagem, pois os e médio, será organizada de acordo com as seguin-
alunos estão passando de Ciclo, sem adquirir os tes regras comuns:
conhecimentos propostos para cada fase e ciclo, [...]
através da progressão automática, sem apoio pe- II - a classificação em qualquer série ou etapa, ex-
dagógico, sem cobrança e sem avaliação adequa- ceto a primeira do ensino fundamental, pode ser
da. Dessa forma, por omissão, incompetência, ne- feita:
gligência ou imperícia, o Estado nega o direito à a) por promoção, para alunos que cursaram, com
aprendizagem desses alunos, colocando em risco aproveitamento, a série ou fase anterior, na pró-
toda uma geração. pria escola;
O sistema organizacional de ensino por Ci- [...]
clos não consiste em facilitar a aprovação, mas V - a verificação do rendimento escolar observará
sim em respeitar os ritmos e especificidades de os seguintes critérios:
cada um, garantindo, por um período maior (3 a) avaliação contínua e cumulativa do desempe-
anos), diversas oportunidades para que a apren- nho do aluno, com prevalência dos aspectos qua-
dizagem aconteça. Estamos propondo uma fase litativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
transitória de até 9 anos, denominada de Ciclo longo do período sobre os de eventuais provas fi-
de Formação com Aprendizagem, a fim de re- nais. (Lei 9.394/96).
cuperarmos a proposta pedagógica do Ciclo de
Formação Humana nas escolas da rede estadual O documento Escola Ciclada em Mato Grosso
de ensino. (2001, p. 57) faz uma abordagem acerca da reten-
Nesse período, esgotados todos os mecanis- ção, afirmando que:
mos de apoio ao aluno e se, mesmo assim, ele não
conseguiu produzir os conhecimentos propostos, Na passagem de um ciclo para o outro, o aluno po-
é necessário que haja a retenção ao final de cada derá ficar retido ao final do ciclo, por um período
Ciclo como forma de possibilitar ao aluno, com o que não pode ultrapassar 1 (um) ano letivo, po-
apoio de novas técnicas pedagógicas, adquirir os dendo avançar para o ciclo seguinte em qualquer
conhecimentos definidos para aquele Ciclo. época do ano, assim que tiver superado as dificul-
Defendemos que, se nesse período, após a es- dades. (MATO GROSSO, 2001).
cola e o professor utilizarem todas as ferramentas
de apoio e recursos para que o estudante se apro- E acrescenta:
prie dos conhecimentos propostos, naquele Ciclo,
o estudante não produzir os saberes necessários, Essa retenção só poderá ocorrer após analisado
que haja a retenção ao final de cada Ciclo, confor- todo o processo de desenvolvimento do aluno no
me as diretrizes legais da Educação Básica. início da 1ª fase, da 2ª fase até o final do Ciclo pelo
coletivo dos professores e os mesmos concluírem
15
que existem dificuldades na maioria dos componen- A progressão continuada precisa acontecer,
tes curriculares que dificultarão seu ritmo de apren- mas com a devida responsabilidade, sendo acom-
dizagem no Ciclo seguinte. (MATO GROSSO, 2001). panhada por todos da comunidade escolar. Após
esse período de adequação e preparação de todo
A retenção ao final de cada Ciclo por um pe- ambiente escolar, implantaremos em definitivo
ríodo de até um ano não deverá ser punitiva, mas o Ciclo de Formação Humana que, sem dúvida, é
um apoio à superação das fragilidades do aluno, uma evolução no regime organizacional de ensino.
para que o mesmo possa adquirir os conhecimen- Entendemos que tão importante quanto pros-
tos necessários para avançar ao Ciclo seguinte. seguir à fase seguinte é aprender. Avançar o aluno
A retenção aqui possui o mais saudável entendi- para o ciclo seguinte sem os devidos conhecimentos
mento, uma nova oportunidade, para que o alu- estabelecidos para aquele período não é respeitar o
no experimente outra vez aquilo que, na primeira tempo dele, mas sim forçá-lo a “queimar” etapas,
vez, não foi bem assimilado. Acumulando também puni-lo pela ineficiência de um sistema organizacio-
conhecimentos, e não apenas capacidades e habi- nal de ensino que, na prática, não funciona. O que
lidades básicas para prosseguir. ele não aprendeu no Ciclo atual, não irá rever no
De acordo com a Lei 9.394/96, no seu artigo Ciclo seguinte, pois a cada fase ou Ciclo existe uma
32, ao final do ensino fundamental a escola de- proposta de conhecimentos a ser construída.
verá garantir ao aluno pleno domínio da leitura, De acordo com os resultados das Audiências
da escrita e do cálculo. No nosso entendimento, Públicas, é nítido o desejo de mudanças no regi-
a partir dessa perspectiva o aluno que não conse- me por parte dos professores, alunos e sociedade
guiu adquirir tais conhecimentos, tendo a escola em geral. É preciso dar uma resposta à sociedade,
todos os recursos esgotados para ajudá-lo a supe- apontando caminhos e possíveis soluções para as
rar essa fragilidade e não obtendo êxito, o aluno dificuldades elencadas.
não poderá prosseguir ao Ciclo seguinte, sob pena Diante dos fatos, proponho a implementação
de não cumprir o que determina a LDB. nas escolas da rede pública estadual de uma fase
Quanto antes forem detectadas as fragili- transitória de até 9 anos, denominada de Ciclo de
dades dos alunos, maior será a possibilidade de Formação com Aprendizagem, onde o estudante
superá-las. Esperar o final do 3º Ciclo ou o Ensi- que não conseguir produzir os conhecimentos
no Médio para fazer as correções, os problemas propostos em cada ciclo deverá ficar retido, por
tendem a aumentar e dificultar a superação dos no máximo 1 ano, tendo uma nova oportunida-
défices de aprendizagem. Por isso, a proposta da de para se apropriar e produzir os conhecimentos
retenção ao final de cada ciclo. que lhe garantirão prosseguir ao ciclo seguinte.
Proficiência de Língua Portuguesa nos Anos Finais do Ensino Fundamental nas escolas estaduais
Brasil, Região Centro-Oeste e Mato Grosso – 1995 a 2013
325 325
Proficiência Língua Portuguesa – Anos finais
275 275
252,4
250,8
250,4
249,0
243,9
242,4
250
240,2
250
239,7
239,4
239,5
239,6
239,2
235,7
233,6
231,6
231,2
230,0
229,1
229,1
229,7
229,3
229,2
228,6
227,9
226,7
226,5
226,6
224,8
221,2
220,2
225 225
200 200
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013
16
3 Ciclo de Formação
com Aprendizagem
O sistema de ensino ciclado vem sendo desenvolvido em vários municípios de Mato Grosso desde
1989, mas só assumiu uma definição e passou a ser efetivado na rede estadual a partir de 2000,
com a opção pelo Ciclo de Formação Humana . Desde então, estamos enfrentando inúmeras dificul-
dades na sua implantação, como a resistência e a aceitação dos docentes e das famílias em relação
às metodologias e estruturas organizacionais desse novo sistema de ensino, a exemplo do descom-
promisso do governo e de gestores na implantação completa desse novo regime educacional .
As dificuldades mais citadas em todas as au- Entende-se que a aprendizagem garante o de-
diências e reuniões é o fato de o aluno passar senvolvimento do sujeito, o que não é garantido
para a fase seguinte do Ciclo mesmo sem alcan- na progressão automática sem a construção do
çar a aprendizagem esperada, chegando ao final devido conhecimento .
do Ensino Fundamental com uma grande defasa- Nesse sentido, entendemos que, além de con-
gem de conhecimento, o que coloca em dúvida a siderar as etapas da vida nas quais se encontram
eficácia do Ciclo de Formação Humana, sem falar os estudantes, é preciso considerar a realidade so-
na enorme evasão e reprovação no 1º ano do En- cial, as políticas públicas no Brasil, a história da
sino Médio . Educação, a complexidade do contexto educacio-
O Ciclo de Formação com Aprendizagem é um nal brasileiro, que nos mostra, claramente, que
sistema de ensino que valoriza o ser humano, pro- não se deve separar o processo de aprendizagem
movendo a aquisição de competências e habilida- do processo de desenvolvimento e formação hu-
des básicas indispensáveis à mudança na história mana, quando estivermos propondo um trabalho
desse estudante . Ele contribui para o fortaleci- pedagógico . Sabe-se que ambos não podem ser
mento da autoestima e a construção da cidadania, vistos e entendidos separadamente .
possibilitando a sua inclusão social . As duas propostas se completam a tal ponto,
que estamos propondo a garantia da efetiva For-
mação Humana do sujeito com Aprendizagem .
17
Proposta do Ciclo de Formação com
Aprendizagem por até 9 anos
18
4 Função da escola, segundo
a legislação brasileira
Segundo a Carta Magna brasileira de 1988, no ção, fica claro que as ações educativas propostas
seu artigo art . 205, a Educação é definida como devem conduzir a:
um III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
[ . . .] direito de todos e dever do Estado e da família, V - promoção humanística, científica e tecnoló-
será promovida e incentivada com a colaboração gica do País .
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cida- Recorrendo à Lei Federal nº 9 .394/96 (LDB),
dania e sua qualificação para o trabalho . (BRASIL, ainda sobre os princípios e fins da Educação Na-
1988, grifo nosso) . cional, encontramos no seu artigo 2º que,
Quanto aos seus objetivos e os resultados es- [ . . .] a educação, dever da família e do Estado, ins-
perados, segundo a Constituição Federal, art . 206, pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
inciso VII, terá como princípio “a garantia de pa- solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
drão de qualidade” . desenvolvimento do educando, seu preparo para
No artigo 214 da CF, na elaboração de metas o exercício da cidadania e sua qualificação para o
e estratégias para alcançar os objetivos da educa- trabalho . (BRASIL, 1996, grifo nosso) .
Escolas que não Escolas que Escolas que não Escolas que
Disciplina atingiram o nível atingiram o nível atingiram o nível atingiram o nível Total (un .)
adequado (%) adequado (%) adequado (un .) adequado (un .)
Língua Portuguesa – Anos Iniciais 83,0 17,0 279 57 336
Língua Portuguesa – Anos Finais 99,1 0,9 439 4 443
Matemática – Anos Iniciais 92,0 8,0 309 27 336
Matemática – Anos Finais 100,0 0,0 443 0 443
Fonte: Inep / Seduc .
19
Sistemas Educacionais, segundo a Legislação Brasileira
Distribuição dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental Distribuição dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
por nível de proficiência – Português – Rede Estadual por nível de proficiência – Matemática – Rede Estadual
100% 100%
99,39% 99,63% Proficiência adequada 99,71% 99,92% Proficiência adequada
a partir de 200 – nível 7 a partir de 225 – nível 8
75% 75%
50% 50%
25% 25%
Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso
20
5 A opção pelo Ciclo de Formação
com Aprendizagem
D iante dos dados apresentados, o Estado não pode se eximir de realizar algumas transformações
que a Educação requer, conforme a própria legislação federal determina . Sempre que o pro-
cesso de aprendizagem não conseguir resultados satisfatórios, o ente federado deverá buscar uma
organização que atenda aos objetivos e interesses da Educação .
Os princípios que abrangem o Ciclo de For- nos, atualmente, segundo avaliações e pesquisas
mação Humana vão além do ambiente escolar . Da do Ministério da Educação .
mesma forma, a escola não pode se limitar ao de- Segundo os dados das avaliações externas,
senvolvimento humano sem preocupar-se com a estamos bem longe de alcançarmos os 60%, infe-
formação científica, o preparo para a cidadania e lizmente .
o mercado de trabalho . Persistir na execução de um sistema em que os
Nossas escolas não estão preparadas para o professores não têm domínio sobre suas metodolo-
exercício da cidadania, nem para o mundo do tra- gias, onde a escola enfrenta dificuldades desde sua
balho, pois, segundo a LDB, ao término do ensino implantação, as famílias cada vez mais distantes da
fundamental o aluno deverá ter construído pleno escola, e os alunos não se sentindo motivados para
domínio da leitura, da escrita e do cálculo . O que a produção do conhecimento, é colocar em risco o
não ocorre com aproximadamente 60% dos alu- futuro de toda uma geração de crianças e jovens .
Distribuição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental Distribuição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental
por nível de proficiência – Português – Rede Estadual por nível de proficiência – Matemática – Rede Estadual
100% 100%
Proficiência adequada Proficiência adequada
a partir de 200 – nível 4 a partir de 225 – nível 5
75% 75%
68,38%
65,31%
62,4%
60,1%
50% 50%
0% 0%
Abaixo do nível 4 Nível 4 e acima Abaixo do nível 5 Nível 5 e acima
Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso
21
No Ciclo de Formação com Aprendizagem há
22
Propostas de melhorias
6 para as escolas públicas
de Mato Grosso
PROPOSTAS PROPOSTAS
23
3 Que no Projeto Político-Pedagógico estejam quando houve a implantação desse novo regime
claras a missão e a caracterização da escola, na Educação mato-grossense, também não houve
destacando as ações, diagnósticos, cursos e a preparação adequada e suficiente.
outras ferramentas estratégicas para superar É preciso diagnosticar com precisão as falhas
as fragilidades. e deficiências do professorado e investir em qua-
lificação consistente para o aperfeiçoamento dos
nossos profissionais, contribuindo para um me-
Ampliação de políticas de lhor desempenho em sala de aula.
formação continuada
PROPOSTAS
São grandes os desafios enfrentados pelo pro-
fissional docente, mas manter-se atualizado e de- 1 Priorização da didática na nova concepção de
senvolver práticas pedagógicas eficientes faz des- Formação Continuada;
te profissional o diferencial necessário à profissão.
De acordo com Nóvoa (2000), “o aprender contí- 2 Efetivo monitoramento e acompanhamento
nuo é essencial e se concentra em dois pilares: a das atividades desenvolvidas dentro do am-
própria pessoa, como agente, e a escola, como o biente escolar, para a construção de um diag-
lugar de crescimento profissional permanente”. nóstico das dificuldades e fragilidades, direcio-
A Formação Continuada dos nossos profes- nando a formação e capacitação necessárias
sores tem de merecer um destaque e ser tratada para saná-las;
com a devida responsabilidade pela Seduc. É pre-
ciso o entendimento de que os profissionais não 3 Dedicação exclusiva para que os docentes aten-
receberam a formação acadêmica necessária para dam de forma efetiva às demandas do Ciclo de
trabalharem com o Ciclo de Formação Humana e, Formação Humana.
24
Centro de Formação e Atualização dos 7 Garantia dos direitos trabalhistas dos professo-
Profissionais da Educação – Cefapro res/formadores equiparados aos que estão em
sala de aula do ensino básico;
Os Cefapros foram idealizados e implantados
em Mato Grosso com o objetivo claro de cuidar 8 Reestruturação física .
da preparação integral dos professores através da
Formação Continuada . Quinze cidades-polos pos-
suem Cefapros, contando com uma razoável estru- Material de apoio aos alunos e professores
tura física e equipe técnica definida .
Sabemos dos desafios e das dificuldades en-
25
PROPOSTAS Avaliação institucional de
todo Sistema Educacional
1 Garantir aos alunos e aos professores, dentro
das escolas, um espaço agradável, climatizado, A avaliação institucional no contexto demo-
reservado à prática da leitura e pesquisa (Bi- crático visa ao fortalecimento da autonomia e das
blioteca); ações institucionais a serviço da melhoria e qua-
lidade da Educação . Tem caráter qualitativo e for-
2 Incluir, na Plataforma Virtual da Secretaria Es- mativo, compreendendo o sistema educacional e
tadual de Educação, a Biblioteca Virtual, onde escolar como espaço constituído por sujeitos par-
o professor poderá ter acesso ao maior e me- ticipativos em constante busca de transformação
lhor acervo de livros e materiais de apoio pos- de si e do contexto em que se inserem, sinalizando
sível, para o aperfeiçoamento e enriquecimen- caminhos para que os gestores, professores, estu-
to da sua prática pedagógica, uma espécie de dantes e familiares possam promover a melhoria
“Enciclopédia virtual”; contínua do ensino-aprendizagem .
No processo de avaliação institucional é im-
3 Ampliar o projeto da Plataforma de estudos portante considerar os indicadores de qualidade
para o Enem, que já existe no site da Secretaria do ensino e aprendizagem, o financiamento e in-
Estadual de Educação – Seduc/MT, em que o vestimento educacional, a infraestrutura física es-
aluno, através do portal, poderá ter acesso gra- colar, formas de utilização e aproveitamento dos
tuitamente aos conteúdos, exercícios e livros, ambientes, política de gestão, identidade institu-
dentro e fora da escola, ampliando as possibili- cional (perfil, missão, valores, objetivos), Projeto
dades de acesso; Político-Pedagógico (proposta de organização
curricular e prática pedagógica: potencialidades e
4 Buscar apoio de parceiros, através da Secreta- desafios), avaliação do desempenho, formação e
ria Estadual de Educação, para a implantação e profissional, etc .
o desenvolvimento de projetos literários den-
tro das escolas; PROPOSTAS
5 Produzir material didático específico para o 1 Avaliação externa, de âmbito estadual, apli-
Ciclo de Formação Humana, com uma atenção cada aos alunos das escolas públicas da rede
especial a conteúdos como redação, leitura, es- estadual de Ensino, que servirá como fonte de
crita, cálculo e outros que contribuam para a dados para a reformulação da política educa-
melhora da aprendizagem . cional, para estabelecer metas de melhoria da
26
Karen Malagoli | Secom/ALMT
qualidade de aprendizagem e da gestão pelas
escolas, e, também, para o fortalecimento da
formação continuada dos professores;
PROPOSTAS
Escola Integrada
1 Iniciar a implantação gradualmente;
A implantação do tempo integral é uma ne-
cessidade primordial e, de forma gradual, precisa 2 Adaptar a escola em sua estrutura física;
acontecer! Consiste na ampliação do tempo-es-
paço para no mínimo 7 horas diárias, definição 3 Que o contraturno ofereça, além de Esporte,
da proposta a ser efetivada, centrando a ação no Lazer e Cultura, atividades nas áreas da Lingua-
próprio espaço escolar ou em outros espaços so- gem e das Ciências Naturais, que melhorem
cioculturais, esportivos, parceria com instituições nossa proficiência .
públicas ou privadas, articulação com políticas pú-
blicas de assistência social e de preparação para
o trabalho, investimentos financeiros na prepara- Família e escola
ção dos espaços e dos ambientes, considerando a
infraestrutura existente, e no atendimento às ne- Um dos grandes desafios da nova escola é
cessidades de alimentação, saúde, higiene, trans- identificar meios para atrair e estimular a partici-
porte e outras, considerando o aluno em tempo pação da família, para que ela se envolva e se con-
integral na escola . sidere corresponsável, membro ativo nas decisões
Em uma concepção democrática de Educa- do complexo papel da escola .
ção em tempo integral, a ação é emancipatória, Segundo Paro,
27
[ . . .] a escola deve utilizar todas as oportunidades de É preciso criar a cultura de presença permanente
contato com os pais, para passar informações rele- da família na escola, socializar propostas, dividir
vantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e, responsabilidades e socializar as decisões . A fa-
também, sobre as questões pedagógicas . Só assim mília tem de sair do nível da informação das deci-
a família irá se sentir comprometida com a melho- sões tomadas pela escola e passar para o nível de
ria da qualidade escolar e com o desenvolvimento coparticipação .
de seu filho como ser humano . (PARO, 1997, p . 30) .
PROPOSTAS
O professor tem nomeado a indisciplina como
o principal problema na escola . Há vários casos de 1 Abrir o espaço físico escolar para programas
agressões físicas e morais, tentativas de homicí- que incentivem a participação das famílias;
dios e até assassinatos, ameaças de toda natureza
dentro e no entorno da escola . Não dá mais para 2 Assegurar que o Poder Legislativo aprove pro-
continuarmos a assistir à degradação diária do jetos que estimulem e garantam seguridade
ambiente escolar . A família, sozinha, não resolve, jurídica para os pais participarem ativamente
mas ela precisa se integrar à escola, ser um elo im- dos principais momentos da escola;
portante na construção de um ambiente saudável
e harmônico, para que o processo ensino-aprendi- 3 Criação em todas as escolas do Conselho de
zagem transcorra com êxito . Família, coordenado por um pai, mãe ou res-
Trazer as famílias para o convívio escolar está ponsável pelo aluno, e que o coordenador seja
prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescen- remunerado mensalmente;
te – ECA: “É direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como par- 4 Criação de canais de comunicação direta com a
ticipar da definição das propostas educacionais” . família .
Precisamos, então, criar meios para que isso ocor-
ra de forma efetiva e constante . A escola não deve 5 Realizar pesquisas para diagnosticar o perfil
chamar os pais somente para a entrega de rela- das famílias da comunidade escolar;
tórios, ou quando houver reclamação dos filhos .
6 Garantir a participação dos pais e/ou responsá-
veis no planejamento das atividades escolares,
Ronaldo Mazza | Secom/ALMT
28
Concursos públicos 2 Realização de Concursos Públicos periódicos,
sempre que houver a necessidade da contrata-
O concurso público para ingresso na carreira ção de profissionais para a Educação.
de profissionais da Educação é constitucionalmen-
te estabelecido a cada dois anos em Mato Grosso,
e tem seus fundamentos legais regulamentados Enturmação
na Lei Complementar nº 50/98.
Anualmente, o Estado concentra uma deman- A Enturmação é uma das características do
da exagerada de contratos temporários, compa- Ciclo de Formação Humana que causou muita po-
rando-se com o quantitativo de profissionais efe- lêmica, durante as audiências, tendo em vista que
tivos. Os professores com contratos temporários na prática, para esse sistema, o único critério esco-
não têm estabilidade, e possuem menos direitos lhido para a classificação do aluno é a faixa etária,
que os efetivos concursados. De modo geral, esse e não o conhecimento adquirido. De acordo com
fator interfere no processo pedagógico e desem- a Resolução nº 262/2002 - CEE/MT, art. 7º, “para
penho dos estudantes, pois todos os anos, nas efeito de composição das turmas de cada ciclo, to-
unidades escolares, ocorrem rotatividades de mar-se-á por referência, de maneira articulada e
professores, sem possibilidade de permanecer no cumulativamente, os seguintes fatores”:
quadro de profissionais e dar continuidade às prá-
ticas docentes iniciadas. I - A faixa etária;
II - A pluralidade de saberes e a diversidade
cultural, a maturidade intelectual e afe-
Porcentagem de Carga Horária atribuídas aos professores tiva e a multiplicidade de experiências
da Rede Estadual de Mato Grosso no ano de 2015
cognitivas dos grupos de alunos(as);
III - Consideração da vivência e do aproveita-
mento escolar anterior.
57%
1 Que haja critérios justos e legais para a seleção 3 Estabelecer um cronograma para a execução
dos professores temporários; do Plano de Melhoria da Aprendizagem.
29
Avaliação no Ensino Fundamental docentes, avaliar é meramente um ato burocráti-
co de atribuir uma nota ou construir um relatório
Avaliar possui um significado amplo, que ao final de um bimestre, semestre, ano, ciclo ou,
abrange múltiplas dimensões, podendo envolver mesmo, no realizar de uma prova e ponto final .
a análise da aprendizagem dos estudantes, do tra- Quando, na verdade, avaliando somos capazes de
balho docente, das escolas ou, ainda, do sistema trabalhar, retomar, consolidar e introduzir conteú-
de ensino . O ato de avaliar é inerente à atividade dos e práticas necessárias para a aprendizagem do
docente que visa acompanhar sistematicamente aluno, evitando, assim, que o aluno fique retido
o processo de ensino-aprendizagem, monitorar e ou que não aprenda e passe para a fase ou Ciclo
fornecer subsídios para o planejamento . seguinte .
Através da avaliação é possível organizar e
reorganizar a metodologia de ensino, com as múl- PROPOSTAS
tiplas formas de aprender, capaz de atender às
especificidades, realidades e dificuldades de cada 1 Garantir, por meio de acompanhamento e mo-
aluno . nitoramento dos coordenadores pedagógicos,
Assim, o aprendiz consegue desenvolver suas a diversificação dos instrumentos avaliativos e
capacidades e habilidades necessárias gradativa- o início da avaliação diagnóstica, processual e
mente, a partir da utilização fundamental desta gradativa desde o primeiro dia de aula, possi-
ferramenta que é a AVALIAÇÃO . bilitando, assim, a elaboração do plano de me-
No processo avaliativo, o professor pode e lhoria da aprendizagem e encaminhamento,
deve utilizar vários instrumentos, como: provas, no decorrer do ano letivo, dos alunos com difi-
trabalhos, pesquisas, autoavaliação, observação, culdades e fragilidades às salas de articulação
seminários, rodas de conversas, Conselhos por e superação;
Ciclo, Conselhos de Classe, reuniões com pais ou
responsáveis, e outros . 2 Auxílio ao professor na compreensão do pro-
Muitos professores possuem dificuldades cesso de ensino-aprendizagem das capacida-
para avaliar e diferenciar os objetivos da avaliação des e habilidades a serem desenvolvidas pelos
dentro do Ciclo de Formação Humana . Para muitos alunos em cada Ciclo;
Tiego Poli
30
3 Incentivos aos alunos para a melhoria do de- Seduc/MT, 2015), prejudicando, intensamente, o
sempenho e a aquisição de novas aprendiza- aluno no seu processo de ensino-aprendizagem .
gens, por meio de práticas de lazer, intercâm-
bio sociocultural e envolvimento dos estudan- PROPOSTAS
tes com as unidades escolares de ensino, para
o fortalecimento das relações estabelecidas en- 1 Funcionar efetivamente a partir do início do
tre todos os membros da comunidade escolar; ano letivo;
Sala de Articulação
31
PROPOSTAS Atribuição de aulas priorizando
a organização por Ciclos
1 Que o projeto de superação seja um item do
Projeto Político-Pedagógico (PPP), que desta- Nos Ciclos de Formação existe uma lógica de
que os objetivos e metodologias da proposta; organização do tempo e espaço, considerando
três etapas, com duração de 3 anos contínuos, ar-
2 Prioridades claramente definidas, partilhadas, ticulados ao tempo de vida dos alunos. Neste pa-
abertamente formuladas, anunciadas, identi- râmetro, a atribuição ideal da jornada de trabalho
ficáveis na organização dos espaços e classes docente de 40 horas por semana deve considerar
que garantam a promoção da aprendizagem; a permanência do professor no Ciclo, superando a
atribuição anual que remete à descontinuidade do
3 Disponibilização de recursos materiais e hu- trabalho docente. Nessa perspectiva, o professor
manos que permitam aos professores a prática poderá acompanhar o processo de aprendizagem
das atividades necessárias; de seus alunos, conhecer suas potencialidades e
dificuldades, e realizar as intervenções necessárias
4 Que funcione desde o início do ano letivo; que o processo pedagógico requer.
Nesse sentido, devem ocorrer mudanças nos
5 Professores com formação qualificada na área critérios de atribuição, atualmente centrado na
de Pedagogia – alfabetização e do letramento; contagem de pontos, impedindo que o profes-
sor permaneça acompanhando as turmas com as
6 Implantação de uma sala por ciclo, com funcio- quais tenha trabalhado no período letivo anual
namento garantido desde o início do ano leti- anterior. Novos critérios precisam ser estabeleci-
vo, para que o professor-articulador participe dos considerando a identidade e perfil do profes-
da construção da avaliação diagnóstica, junta- sor para cada Ciclo, o desempenho profissional
mente com os professores-regentes. para as atividades inovadoras e interventivas, com
foco na superação dos desafios de aprendizagem
e desenvolvimento global do aluno.
Tiego Poli
32
Antônio Carlos Banavita
PROPOSTAS
Inovações tecnológicas
33
4 Garantir, através do ensino, alternativas de tra- de qualificação dos gestores e a realização de par-
balho, emprego e renda, contribuindo assim cerias com instituições, órgãos e entidades, para a
com autossustentação digna, com evolução e qualificação nas áreas de:
permanência dos povos indígenas na comuni-
dade de origem; ▶ Prestação de contas;
▶ Gastos públicos;
5 Melhorar significativamente a regularização e ▶ Orçamento participativo escolar;
estruturas físicas de escolas inseridas nas co- ▶ Formação Continuada Pedagógica .
munidades indígenas;
34
paço, além de ser um elemento potencialmente
Tiego Poli
mensurável, é o lugar de reconhecimento de si e
dos outros, porque é no espaço que ele se movi-
menta, realiza atividades, estabelece relações so-
ciais . (LIMA, 1995, p . 187) .
35
ção e com a qualidade social da Educação. Dessa ▶▶ Quais saberes são necessários para ensinar?
forma, faz-se necessária a definição das compe- ▶▶ O que sabem os professores?
tências docentes em cada Ciclo, objetivando auxi- ▶▶ O que não sabem?
liar ou qualificar a sua prática pedagógica, consi- ▶▶ Os professores temporários recebem uma
derando-se que cabe ao professor: Formação voltada para a escola ciclada ao
desempenharem suas funções?
1 Alfabetizar e letrar crianças do 1º Ciclo, de ▶▶ Quais saberes são discutidos na formação pro-
modo que possam dominar a leitura, escrita, fissional continuada?
cálculo e medidas; construir noções científicas; ▶▶ Que relação há entre os saberes teóricos e a
compreender a relação tempo-espaço; e de- prática profissional?
senvolver a própria identidade e o sentimento
de pertencimento sociocultural; Essas e outras dúvidas serão respondidas pe-
los diagnósticos.
2 Promover, aos alunos do 2º Ciclo, o desenvol- Segundo Gardner (2002), referindo-se ao sa-
vimento da capacidade interativa, discursiva e ber docente, “é na prática refletida, na (ação-refle-
de sistematização mais elaborada do conhe- xão) que este conhecimento se produz, na insepa-
cimento, o domínio das regras da linguagem rabilidade entre teoria e prática”.
escrita, da leitura e do cálculo; organização do Para esse autor, a experiência docente é um
pensamento lógico-matemático e elaboração espaço de produção de conhecimento, decorren-
de conceitos científicos; análise crítica de fatos do da postura crítica do professor sobre sua práti-
da natureza e da sociedade; construir relações ca profissional, permitindo-nos refletir criticamen-
históricas e econômicas, políticas, culturais e te sobre o que ensinar, como ensinar e para que
noções tecnológicas; ensinar.
A partir do conhecimento preciso das carên-
3 Estimular, no 3º Ciclo, situações desafiadoras cias do nosso corpo docente, será possível, de ma-
para que os adolescentes aprimorem as capa- neira equilibrada e eficiente, definir a formação
cidades de pensar, organizar informações, atri- continuada com carga horária suficiente para a de-
buir significados e ampliar os conhecimentos; vida qualificação, sempre priorizando a didática.
problematizar a realidade observada e vivida;
compreender os fenômenos naturais e sociais, PROPOSTAS
contextualizando a realidade histórica, econô-
mica e cultural; utilizar o conhecimento apren- 1 Que esses diagnósticos sejam realizados pela
dido para pensar e transformar a si próprio e a Fapemat (Fundação de Amparo e Pesquisa);
realidade em seu contexto.
2 Participação de representantes do corpo do-
cente da Rede Pública de Ensino na elaboração
Diagnósticos sobre o saber do professor desses diagnósticos;
Sabemos que os professores não recebem, 3 Realização desses diagnósticos por meio das
nas Universidades, uma formação acadêmica para avaliações de desempenho, questionários, re-
trabalharem com o Ciclo de Formação Humana e, sultados das avaliações externas, e outros, a
também, não receberam o preparo suficiente na critério da Instituição, periodicamente de 3 em
formação continuada ofertada pela Seduc. Tornan- 3 anos, iniciando em 2016;
do-se necessário reforçar seus conhecimentos so-
bre diversos conteúdos programáticos, sugerimos 4 Que os resultados sejam tratados com respon-
a realização periódica de diagnósticos a respeito sabilidade e não exponham individualmente
do saber do professor. os professores.
36
Implantação da Ficha de
7 Comunicação do Aluno
Infrequente e Indisciplinado
37
8 Termo de Ajustamento
de Conduta – TAC
39
Assembleia Legislativa
40
9 Crescimento gradual do
duodécimo para Educação
PROPOSTA
41
42
Considerações finais
N ão se transforma a Educação com um simples relatório ou com uma verve panfletária e disso-
ciada da prática educacional . É absolutamente necessário ter vivido e sentido na pele o ensino .
Esta foi a principal motivação que nos levou a ousar e buscar, intensamente, a direção para os rumos
da Educação mato-grossense . Estou deputado estadual, há 25 anos ocupei esta cadeira por dois
mandatos consecutivos; anteriormente, estive vereador de Cuiabá; posteriormente estive, por seis
anos, deputado federal e, também, com muita honra, estive prefeito da nossa querida Cidade Verde
por quase seis anos . . . Sim, estive vereador, estive e estou deputado estadual, estive deputado fede-
ral e estive prefeito, mas SOU PROFESSOR! Sou professor há 34 anos! Professor interino na rede pú-
blica, professor de cursinho em diversas escolas de Cuiabá, professor concursado do nosso Estado,
e, nesses 34 anos passaram por mim mais de 40 .000 alunos e alunas, que foram e são fundamentais
na construção de Mato Grosso .
Mesmo das tribunas que ocupei ao longo de revolucionar o ensino mato-grossense . Assim,
minha vida pública, não deixei de, com humilda- o ponto de partida foi a consulta, o debate e o
de, ensinar e aprender com meus pares e aqueles diagnóstico da nossa realidade, e fizemos isso de
que se dispuseram a ouvir-me . Estivesse onde es- maneira democrática, indo a todas as regiões de
tivesse, estava em uma sala de aula . Porém, um Mato Grosso, levando, em Audiências Públicas, os
dos privilégios que a vida me reservou foi, estan- nossos anseios, os nossos questionamentos e, aci-
do prefeito, mudar o ensino das nossas crianças ma de tudo, ouvindo os profissionais que estão no
e adolescentes . Na capital, mudanças que podem “chão da escola”, os nossos sonhos de fazermos
ser comprovadas pelos índices do IDHM aferido uma Educação transformadora e cidadã .
pela ONU através do PNUD (Programa das Nações
Marcos Lopes | Secom/ALMT
43
Obviamente, este relatório não se propõe ser do, as suas viabilidades implicam tempo, recursos
a panaceia para a Educação mato-grossense, an- humanos e financeiros. O nosso tempo é ontem,
tes é um diagnóstico da difícil realidade, na qual já que a defasagem do ensino mato-grossense é
convivem duas maneiras distintas e conflitantes notória, portanto é mister uma “Cruzada Educa-
de transmissão do conhecimento, além de propor cional” para criarmos as condições necessárias
possíveis soluções para a grave crise pela qual pas- a uma retomada eficaz do ensino-aprendizagem
sa o nosso ensino. de nossas crianças e de nossa juventude. Quanto
Não partimos apenas dos dados estatísticos, aos recursos financeiros, procuramos garanti-los
nada animadores sobre a nossa Educação; fomos ao aprovarmos uma Emenda Constitucional que
“in loco”. Fizemos um amplo debate com docen- eleva, de 25% para 35% da receita dos impostos e
tes, discentes, pais, gestores, entidades de classe, transferências, a verba destinada à Educação. Essa
enfim, todos os entes envolvidos no processo de elevação será gradativa, aumentando no mínimo
formação de nossas crianças e jovens. Foram oito 0,5% a cada ano. Ao contrário da aparência tími-
Audiências Públicas que debateram o Ciclo de For- da, a proposta tem intrínseco o caráter exequível,
mação Humana, onde a práxis educacional foi in- tão necessário à sua materialização por parte do
tensamente discutida para que pudéssemos, final- poder executivo.
mente, apresentar este relatório que, esperamos, Não podemos pensar em um Mato Grosso
sirva, de algum modo, para melhorar a qualidade grande enquanto ele for permeado por desigual-
do ensino nas unidades escolares de Mato Grosso. dades e por ilhas de prosperidade e desenvolvi-
O sistema ciclado ou o sistema seriado? Eis a mento. E a solução para essas discrepâncias não
questão! É inquestionável, do ponto de vista peda- está na revolução de cunho político, mas na revo-
gógico, a superioridade do sistema ciclado sobre lução educacional, e essa, nós, querendo, pode-
o seriado, desde que observadas algumas condi- mos fazê-la!
ções inerentes ao Ciclo e à realidade socioeconô- Temos profissionais comprometidos com o
mica do nosso Estado. Primeiro, a importância e ensino em todos os rincões do Estado; temos a
o comprometimento dos professores; segundo, a determinação do governo estadual para mudar-
formação continuada; terceiro, o envolvimento da mos essa realidade adversa; temos o domínio de
gestão escolar com o Ciclo; quarto, o planejamen- novas tecnologias que podem facilitar essa impor-
to educacional coletivo; quinto, a construção do tante missão; temos a simpatia dos pais nessa ta-
perfil das turmas; sexto, tempo de permanência refa e, além de tudo, temos crianças e jovens ávi-
do aluno na escola (tempo integral); e, sétimo, de dos para vislumbrarem horizontes mais amplos.
suma importância, a capacidade de investimento A verdadeira transformação começa com o Ciclo
estatal, dentre tantos outros condicionantes para o de Formação com Aprendizagem, uma transição
sucesso do sistema ciclado. Estas e outras propos- para a efetiva implantação do Ciclo de Formação
tas estão contempladas em nosso relatório. Contu- Humana.
44
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45
“Só existirá uma
democracia no Brasil
no dia em que se
montar a máquina que
prepara as democracias .
Essa máquina é
a escola pública .
Não a escola sem
prédios, sem asseio,
sem higiene e sem
mestres devidamente
preparados, e, por
conseguinte, sem
eficiência e sem
resultados . E sim a
escola pública rica e
eficiente, destinada a
preparar o brasileiro
para vencer e servir
com eficiência dentro
do país” .
Teixeira (1936)
Fotos de design
[ capa ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT
[ p. 2 ] Escola Estadual Profª Diva Hugueney de Siqueira Bastos, em Cuiabá / Foto: Mayke Toscano | GCom-MT
[ p. 7 ] Escola Estadual Profª Diva Hugueney de Siqueira Bastos, em Cuiabá / Foto: Mayke Toscano | GCom-MT
[ p. 9 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT
[ p. 19 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT
[ p. 38 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT
[ p. 39 ] Reunião com a equipe multidisciplinar de avaliação do Ciclo de Formação Humana / Foto: Tiego Poli
[ p. 41 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT
Apoio técnico
Produção Editorial
Carrión & Carracedo Ltda.
Designer gráfico
Maike Vanni
Revisão
Henriette Marcey Zanini