Ciclo de Formação Humana

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CICLO DE FORMAÇÃO HUMANA

Conhecer, planejar e implementar nas Escolas da Rede Pública Estadual de Mato Grosso

“Se a Educação sozinha não


transformar a sociedade, sem ela
tampouco a sociedade muda”.
Paulo Freire (2000, p. 67)

Cuiabá MT | 2016
Apresentação

D iante dos dados apresentados sobre a baixa proficiência dos alunos da educação pública esta-
dual de Mato Grosso e as inúmeras críticas que o Ciclo de Formação Humana, sistema adotado
no ensino fundamental da rede pública estadual, vem recebendo por uma parcela significativa dos
professores, alunos, gestores escolares, familiares e da sociedade em geral, foram requeridas, pelo
Deputado Estadual Professor Wilson Santos – PSDB, a realização de Audiências Públicas em 8 muni-
cípios-polos do Estado, sendo estes: Alta Floresta, Barra do Garças, Cáceres, Cuiabá, Rondonópolis,
São Félix do Araguaia, Sinop e Tangará da Serra .

A realização dessas audiências teve como acerca do Ciclo de Formação Humana . As audiên-
principal objetivo criar um diálogo diretamente cias possibilitaram o confronto de ideias, o direito
com os principais autores do processo ensino- ao contraditório, garantindo que cada participan-
-aprendizagem, educadores e educandos, bem te pudesse defender seu ponto de vista e apontar
como ampliar o debate às famílias, autoridades e caminhos para a melhoria na qualidade da apren-
sociedade em geral, para que ao final pudéssemos dizagem escolar dos nossos alunos .
encontrar respostas a alguns questionamentos: No segundo momento, após a realização das
O Ciclo de Formação Humana é o ideal para as Audiências Públicas, foi constituída uma equipe
nossas escolas? Como foi a implantação e imple- multidisciplinar com representantes de diversos
mentação do Ciclo de Formação Humana na rede segmentos da sociedade: professores e alunos da
pública estadual de ensino? As nossas escolas e os rede pública estadual, gestores escolares, familia-
nossos professores se apropriaram e trabalharam res de alunos da rede pública estadual, professo-
efetivamente o Ciclo de Formação Humana? Por res mestres e doutores, Secretaria de Estado de
que a maioria dos professores não aceita o Ciclo Educação, Conselho Estadual de Educação, uni-
de Formação Humana? A baixa qualidade da pro- versidades públicas e particulares e o Ministério
ficiência dos nossos alunos está relacionada ao Público, para debater, avaliar e sistematizar os re-
Ciclo de Formação Humana? Quais caminhos o Es- sultados obtidos nas Audiências Públicas .
tado deverá construir para alcançar a melhoria na Após a equipe multidisciplinar debater os
proficiência dos nossos alunos? pontos elencados pelos participantes, avaliar os
As Audiências Públicas contaram com a par- questionamentos e as ações propostas, e sistema-
ticipação popular, especialmente de professores tizar os resultados obtidos nas Audiências Públi-
que estão em sala de aula, proporcionando, as- cas, apresento uma proposta de trabalho acerca
sim, um retrato mais próximo da realidade escolar do Ciclo de Formação Humana .

Mato Grosso, 2016


1 Contextualizando os Ciclos no Brasil. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

Ciclo de Formação Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

Ciclo de Aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8

2 Resultados das Audiências Públicas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Falhas na implantação do Ciclo de Formação Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Resultados da pesquisa para o acompanhamento


da implementação do Ciclo de Formação Humana. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

O elevado nível de aprovação e o baixo nível da proficiência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Ciclo de Formação Humana: olhares e conceitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Progressão Continuada ou Aprovação Automática?. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

3 Ciclo de Formação com Aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Proposta do Ciclo de Formação com


Aprendizagem por até 9 anos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

4 Função da escola, segundo a legislação brasileira. . . . . . . . . . . 19

Sistemas educacionais, segundo a Legislação Brasileira. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

5 A opção pelo Ciclo de Formação com Aprendizagem. . . . . . . . . 21

Propostas de melhorias para as


6 escolas públicas de Mato Grosso. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Ciclo como política de Estado. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Projeto Político-Pedagógico (PPP) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Ampliação de políticas de Formação Continuada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Centro de Formação e Atualização


dos Profissionais da Educação – Cefapro. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Material de apoio aos alunos e professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25


Avaliação institucional de todo Sistema Educacional. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

Escola Integrada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Família e escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Concursos públicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Enturmação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Avaliação no Ensino Fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Plano de melhoria da aprendizagem. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Sala de Articulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Sala de Superação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Atribuição de aulas priorizando a organização por Ciclos. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Inovações tecnológicas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Respeito e adequação do Ciclo às Culturas Indígenas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Qualificação dos gestores escolares. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Reestruturação e manutenção física das escolas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Metas de desempenho por escola . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Definir com clareza quais são as competências


do professor em cada Ciclo. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Diagnósticos sobre o saber do professor. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Implantação da Ficha de Comunicação


7 do Aluno Infrequente e Indisciplinado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

8 Termo de Ajustamento de Conduta – TAC. . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

9 Crescimento gradual do duodécimo para Educação. . . . . . . . . . 41

Considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Referências. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
6
1 Contextualizando os
Ciclos no Brasil

E m busca de solução para os dois grandes problemas na educação brasileira, a reprovação e a eva-
são, surgem, desde o início do século XX, teorias que visam minimizar esses problemas . Sampaio
Doria, em 1918, publica, em carta, “Contra o analfabetismo”, importante documento/manifestação
defendendo o fim da reprovação escolar, através da promoção automática .

O professor Anísio Teixeira, a partir da década extintas . Na LDB/71, a possibilidade do Ciclo vem
de 1930, foi o grande pensador e crítico da escola como alternativa, desde que existam as “condições
brasileira, caracterizando-a como arcaica, seletiva necessárias”, conjugando idade e aproveitamento .
e classificatória, semelhante às escolas europeias Com o processo de abertura ocorrido a partir
da Idade Média . O grande mestre Teixeira apon- do final da década de 1970, provocando mudan-
tava para um novo sistema público de ensino que ças Político-socioculturais, a Educação também
garantisse acesso e permanência dos alunos como entra nesse clima e a proposta dos Ciclos retorna
um direito, e não como privilégio . à agenda nacional, na década de 1980 . Vários es-
A década de 1950 foi rica em profusão de tados e municípios adotam o regime no sistema
ideias, debates e avanços rumo a uma nova escola . público de ensino . Mas foi a LDB/96, em seu arti-
Anísio Teixeira revolucionou o Ministério da Edu- go 23, que garantiu de forma clara a possibilidade
cação com suas percepções intelectuais, criando real da organização do ensino por Ciclos: “A edu-
a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoas cação básica poderá organizar-se em séries anuais,
e Ensino Superior (Capes), e dirigindo o Instituto períodos semestrais, Ciclos...” .
Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep); Luís Perei-
ra, em seu artigo intitulado “A promoção automá-
Pedrilan Reinaldo | Secom/ALMT

tica na escola primária”; Dante Moreira Leite, com


o ensaio “Promoção automática e adequação do
currículo ao desenvolvimento do aluno”; Almeida
Júnior, criticando a reprovação, e até o Presidente
Juscelino Kubitschek (PSD), em pronunciamento,
deram substâncias para as discussões sobre a Edu-
cação no Brasil, culminando com o surgimento da
Lei de Diretrizes e Bases/1961, que garante, pela
primeira vez, a possibilidade de organização não
seriada do ensino, em caráter experimental .
O regime ciclado chegou a ser implantado ex-
perimentalmente em algumas escolas dos estados
de São Paulo e do Rio Grande do Sul, na década de
1960 . Houve muita polêmica, professores e gesto-
res não estavam preparados para essa nova mo-
Audiência Pública em Alta Floresta
dalidade de ensino, e as experiências acabaram

7
Ciclo de Formação Humana objetivos sejam alcançados ao final de cada Ciclo .
É necessário assumir a cultura do trabalho coletivo
É uma procura, nada fácil, de organizar o trabalho, e colaborativo, em que a avaliação contribui para
os tempos e espaços, os saberes, as experiências a construção de um diagnóstico da aprendizagem
de socialização da maneira mais respeitosa para do aluno, apontando as fragilidades e propondo
com as temporalidades do desenvolvimento huma- ações para superá-las .
no . (ARROYO, 1999) .
A Aprendizagem implica ainda em mudanças na
Para Arroyo (1999), o Ciclo de Formação Hu- organização e gestão da escola, exigindo que os
mana é o ciclo da própria vida, em que se devem objetivos de final de ciclo sejam claramente defi-
respeitar os “tempos” de cada sujeito . A escola, nidos para professores e alunos . Pressupõe o em-
por ser um espaço de aprendizagem, deve propor- prego de dispositivos da pedagogia diferenciada,
cionar meios para que esse sujeito construa, ao da avaliação formativa e o trabalho coletivo de
seu tempo, sua própria autonomia, identificando professores em uma formação contínua dos profes-
suas possibilidades pessoais e profissionais . sores, o apoio institucional e o acompanhamento
Nessa concepção, ainda que o sujeito, num adequado “para construir novas competências” .
período de tempo, não consiga construir os co- (PERRENOUD, 2004, p . 52) .
nhecimentos científicos necessários, mesmo esse
aluno sendo avaliado e assistido pela escola, ele Nessa concepção, o aluno aprende e desen-
não deverá ficar retido, pois isso contraria o ciclo volve competências necessárias para instrumen-
da vida . Sua metodologia requer uma nova mode- talizar sua efetiva inclusão social . Nesse sistema,
lagem nas estruturas físicas e humanas das esco- a progressão não é automática, pode-se reter o
las . Para sua implementação é necessário construir aluno ao final de cada fase ou ciclo . Não se justifi-
uma nova concepção de educação e de professor . ca passar à fase ou ciclo seguinte sem adquirir os
devidos conhecimentos .

Ciclo de Aprendizagem

Mayke Toscano | Gcom-MT


O Ciclo de Aprendizagem constitui-se em uma
oportunidade de construir um novo tipo de escola,
baseada na lógica da aprendizagem e não da mera
classificação e reprovação de alunos . A proposta do
Ciclo de Aprendizagem tem como ponto de partida
o princípio da aprendizagem e do desenvolvimen-
to de competências necessárias para direcionar ao
sujeito sua efetiva inclusão social, que potenciali-
zará seu processo de formação humana, de desen-
volvimento emocional, cultural, cognitivo e social,
desse modo garantindo um dos propósitos do Ciclo
de Aprendizagem que é combater o fracasso esco-
lar . (PERRENOUD, 2004, p . 52) .

Segundo Perrenoud (2004), para que o Ciclo


de Aprendizagem tenha êxito, é preciso uma mu-
dança no comportamento dos professores e da
escola, definindo objetivos claros, com o foco na
aprendizagem . A escola precisa definir o perfil de
Escola Estadual Profª Diva Hugueney de Siqueira Bastos, em Cuiabá
entrada e saída dos alunos de cada fase, e que os

8
2 Resultados das
Audiências Públicas

D iante dos resultados obtidos, entendemos que o Ciclo de Formação Humana não conseguiu al-
cançar seus objetivos, principalmente devido à negligência dos governos que não trataram o
Ciclo de Formação Humana como política de Estado .
Tiego Poli

Audiência Pública em Cuiabá

Falhas na implantação do Ciclo 5 Carga horária dos docentes que não atende às
de Formação Humana exigências do Ciclo de Formação Humana;

1 Deu-se início a um processo gigantesco de mu- 6 Falta de incentivos para que os docentes pro-
danças, sem preparação prévia dos docentes, movam sua autoformação;
gestores, famílias e ambiente escolar;
7 O número de alunos por turma acima do re-
2 Negligência do Estado na implementação do comendado para atender às especificidades do
Ciclo de Formação Humana; Ciclo de Formação Humana;

3 Os professores não se apropriaram da propos- 8 Ausência de planejamento e preparo adequa-


ta e não se sentem sujeitos atuantes no Ciclo do das aulas para atender à realidade e à espe-
de Formação Humana; cificidade de cada aluno;

4 Falta de qualificação específica aos profissio- 9 Inexistência de material didático apropriado


nais da Educação para trabalharem com o Ciclo para o Ciclo de Formação Humana;
de Formação Humana;
� Famílias cada vez mais distantes da escola;

9
 As universidades públicas e particulares não ▶▶ Questionamento 1/10
contemplam no currículo da formação docente
o Ciclo de Formação Humana; Houve alguma Formação para Docentes, na
perspectiva do Ciclo de Formação Humana,
 O Ciclo de Formação Humana só existe na teo- por parte da Seduc/MT nos últimos anos?
ria; na prática, o que temos, é a escola seriada.

Resultados da pesquisa para o 69% Professores


1º | Não
acompanhamento da implementação
2º | Sim
do Ciclo de Formação Humana 25% 3º | Não opinaram
6%
Durante a realização das Audiências Públicas
em 2015, assumimos um compromisso, com todos
os profissionais da Educação, pais e sociedade,
de retornar em 2016 para apresentar os resulta-
dos e as propostas de melhorias à qualidade da ▶▶ Questionamento 2/10
educação pública, no Ensino Fundamental em
Mato Grosso. Nesse retorno, diante da resistência Nos últimos anos, funcionaram com êxito
do professor ao Ciclo de Formação Humana, rea- dentro da sua escola as salas de Articulação
lizamos uma pesquisa em cinco cidades-polos de e Superação?
Mato Grosso (Cáceres, Tangará da Serra, Rondonó-
polis, Barra do Graças e Alta Floresta), com o ob-
jetivo de buscar informações, ampliar, detalhar e
atualizar tudo o que nos foi apresentado durante Professores
80%
1º | Não
as Audiências Públicas, realizadas em 2015, sobre
2º | Sim
o sistema de ensino por Ciclo de Formação Huma-
3º | Não opinaram
na. Participaram da pesquisa de acompanhamen- 8% 12%
to da implementação 234 professores da Educação
Básica.
Trata-se de uma pesquisa participativa, com
abordagem qualitativa, com questões descritivas e
conceituais, para a qual o professor foi convidado ▶▶ Questionamento 3/10
a participar respondendo a um questionário con-
tendo dez perguntas. Buscamos, nessa pesquisa, Na escola em que você lecionou nos
investigar e entender os fatores que impediram a últimos anos, os alunos com defasagem ou
totalidade da implantação do Ciclo de Formação dificuldades de aprendizagem receberam
Humana. o apoio pedagógico necessário para
Além do questionário, os professores partici- prosseguirem à fase ou ciclo seguinte?
param oralmente, expondo os fatores que dificul-
tam a implantação exitosa do Ciclo de Formação
Humana, ofertando coerência, consistência e obje-
tivação aos resultados finais. Percebemos, durante Professores
71%
os relatos dos profissionais de Educação e com os 1º | Não
2º | Sim
dados da pesquisa de acompanhamento, que ain-
21% 3º | Não opinaram
da estamos distantes da real proposta de ensino 8%
organizada por Ciclos de Formação Humana.
A seguir, os resultados da pesquisa. ▶

10
▶▶ Questionamento 4/10 ▶▶ Questionamento 7/10

Em sua opinião, a escola está conseguindo Os professores se sentem motivados para


implantar o Ciclo de Formação Humana com atuarem no Ciclo de Formação Humana?
êxito?

Professores Professores
90% 87%
1º | Não 1º | Não
2º | Não opinaram 2º | Sim
3º | Sim 3º | Não opinaram
4% 6% 6% 7%

▶▶ Questionamento 5/10 ▶▶ Questionamento 8/10

O professor hoje, com a carga horária de 30 horas Professor, você concorda com a retenção
por semana, tem disponibilidade para elaborar o ao final do...
planejamento de ensino de forma interdisciplinar,
respeitando as especificidades por aluno, como
exige o Ciclo de Formação Humana? Professores
1º | Todos os Ciclos
14% 2º | Prefere o Seriado
49%
3º | Não concordam
Professores 12%
75% 4º | 2º e 3º Ciclos
1º | Não 11% 5º | 3º Ciclo
5% 9%
2º | Sim 6º | Não opinaram
3º | Não opinaram
21%
4%

▶▶ Questionamento 6/10 ▶▶ Questionamento 9/10

Atualmente, como você avalia a proficiência dos Professor, como você avalia a infraestrutura
alunos dentro do sistema de ensino organizado da sua escola atualmente?
por Ciclo de Formação Humana?

Professores

Professores 1º | Regular
92% 60%
1º | Inadequada 2º | Boa

2º | Não opinaram 21% 3º | Não opinaram

3º | Adequada 4º | Ótima
3% 16% 5º | Péssima
5%
1% 2%

11
▶▶ Questionamento 10/10 O elevado nível de aprovação e
o baixo nível da proficiência
Como docente, você gostaria de propor
outros temas na área da Educação a serem O Índice de Desenvolvimento da Educação Bá-
discutidos pela Comissão de Educação, sica - IDEB vem crescendo no Ensino Fundamental
Ciência, Tecnologia, Cultura e Desporto da da rede pública estadual de Mato Grosso, confor-
Assembleia Legislativa? me os dados das avaliações realizadas pelo Institu-
to Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira
Para esta pergunta, selecionamos as – INEP.
principais respostas:

▶▶ Participação da família na escola; IDEB – Rede Estadual – Anos Iniciais

▶▶ Pilares da Educação no século XXI; Aprendizado Fluxo Ideb

▶▶ Formação Continuada;
5,15 x 1,00 = 5,1
▶▶ Reforma Curricular; Quanto maior a nota,
maior o aprendizado.
Quanto maior o valor,
maior a aprovação.
Meta para o Estado
4,7

▶▶ Educação Indígena e do Campo;


Evolução do IDEB
▶▶ Educação Integral;
6
▶▶ Violência e Indisciplina Escolar;
5
▶▶ Ensino Médio e Educação Profissional;

▶▶ Educação Infantil e Políticas Públicas; 4

▶▶ Investimentos e transparência na
aplicação dos recursos públicos para a 3
2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
Educação;

▶▶ Desafios do transporte escolar;


Estado Meta do Estado País

Fonte: QEdu.org.br / Dados do Ideb/Inep (2013). Organizado por Meritt (2014).


▶▶ Planejamento e Avaliação;

▶▶ Proposta curricular unificada;

▶▶ Valorização e carreira dos profissionais da O IDEB resume-se em dois componentes:


Educação Básica; Aprovação X Proficiência. Porém, nossa Proficiên-
cia continua baixa, o que significa que o aprendi-
▶▶ Avaliação da gestão democrática;
zado dos nossos alunos está bem abaixo do espe-
▶▶ Limites e responsabilidades – Pais X rado.
Professores Existem muitos desafios acerca da fórmula
para calcular os indicadores que compõem o IDEB,
▶▶ Unificação da Proposta Curricular;
dentre eles o fato da aprovação (Fluxo) correspon-
▶▶ Dedicação Exclusiva; der a um peso significativo e importante para uma
melhora no IDEB.
▶▶ Educação Especial – Inclusiva;
O IDEB é uma ferramenta importante para a
▶▶ Concepção de Ensino e Aprendizagem; inclusão e monitoramento da qualidade da Edu-
▶▶ Educação para as diversidades; cação ofertada. Seus dados possibilitam a elabora-
ção de ações necessárias para alcançarmos metas
▶▶ Inserção da escola no contexto de melhorias em âmbito nacional. Além de dados
tecnológico. estatísticos, o IDEB precisa traduzir o que estamos

12
Proficiência por Estado – Anos Iniciais – Ensino Fundamental – Rede Estadual – Língua Portuguesa – 2013

275 275

250
Proficiência Língua Portuguesa – Anos iniciais

250

226,79
225 Nível adequado: 200 225

213,49
(Meta para 2021)

209,02
207,18
206,20
204,88
202,95
201,70
201,13
201,00
197,35
196,64
192,12

192,17
190,65
200 200

186,61
186,23
185,66
180,44
179,43
173,40
172,63
171,70
171,50
166,73
166,14

175 175
163,48

150 150

125 125
PA AP AL RN BA SE PB MA PE MT RR PI TO RJ AM CE ES RO MS SP AC SC RS DF GO MG PR
27º 26º 25º 24º 23º 22º 21º 20º 19º 18º 17º 16º 15º 14º 13º 12º 11º 10º 9º 8º 7º 6º 5º 4º 3º 2º 1º

Fonte: Inep.

vivenciando na prática, pois o que está em jogo lidade é preciso que as escolas estejam bem estru-
é toda uma geração de crianças e adolescentes turadas, que a Secretaria de Estado de Educação
que chegam, ao final do 3º Ciclo, com uma de- possa oferecer as condições necessárias para que
fasagem muito grande de conhecimentos neces- os professores se tornem protagonistas desse pro-
sários para prosseguirem no Ensino Médio . Não cesso . A realidade, porém, apresenta escolas de-
podemos “mascarar” uma realidade triste e preo- ficitárias, professores e alunos resistentes aos ei-
cupante: nossos alunos estão passando de Ciclos xos estruturantes do Ciclo, Secretaria de Educação
sem aprender! Precisamos, sim, garantir o acesso sem efetivo suficiente para atender às demandas
e permanência dos alunos dentro da escola, mas das escolas, material didático em desacordo com
também o direito à aprendizagem . a proposta, e outras inúmeras dificuldades que co-
Para atender às especificidades do Ciclo de locam em dúvida a eficácia do Ciclo de Formação
Formação e promover uma aprendizagem de qua- Humana .

Angelo Varela | Secom/ALMT

Audiência Pública em Barra do Garças

13
Ciclo de Formação Humana: olhares e conceitos

Mato Grosso impôs o sistema de ensino Quatorze anos para reavaliar o Ciclo foi muito
por Ciclo de Formação Humana e não o tempo, e a Seduc ficou muito técnica, não está
implementou. Outro ponto que me chama a estruturada para atender às demandas do Ciclo.
atenção é o abandono da primeira educação José Maria de Souza / Diretor de escola em Cáceres
pelas famílias, obrigando os professores a
irem além das suas atribuições escolares.
Zé Carlos do Pátio / Deputado Estadual – SDD Trinta horas semanais são insuficientes
para o professor atender às especificidades
do Ciclo de Formação Humana.
O Brasil não valoriza seus professores O Ciclo exige mais dos docentes,
e não prioriza a Educação. é preciso aumentar a carga horária.
Dr. Leonardo Albuquerque / Deputado Estadual – PDT Neiva Gomes Coelho / Assessora Pedagógica em Confresa

A implantação do Ciclo foi feita sem a devida O Ciclo foi implantado e deformado ao longo do
preparação, mas é preciso continuar com o processo; falta uma rede de apoio às escolas.
Ciclo e fazer as devidas correções... O Ciclo Mabel Strobel / Coordenadora do curso de
permite mais articulação dos diversos Pedagogia de uma universidade particular de Mato Grosso
conhecimentos... As universidades continuam
formando os professores de forma equivocada.
Antônio Carlos Máximo / Presidente da Fapemat No início, o Ciclo foi bastante rejeitado,
inclusive por mim. Hoje, defendo a
escola ciclada, mas com mudanças.
A rede não está organizada  Edna / Professora na rede estadual de ensino
de acordo com o Ciclo.
Carlos Alberto Caetano / Presidente do C.E.E.
A teoria sobre o Ciclo é linda, mas
na prática não funciona.
Sou inimigo número um da escola Carmem Lúcia / Coord. Pedagógica em São Félix do Araguaia
ciclada. Ela não ensina.
Pedro Tercy / Prefeito de Denise
Falta seriedade com a escola ciclada,
15 anos de brincadeira.
Os problemas do Ciclo são conhecidos, Professora da Unemat em Tangará da Serra
faltam soluções.
Vagner Constantino Guimarães / Vereador de Tangará da Serra
O que fazer com o aluno que não
sabe nada no 9º ano?
O foco do Ciclo é a aprendizagem na Professora na rede estadual de ensino em Cuiabá
perspectiva da Formação Humana.
Alvarina de Fátima / Professora na rede estadual de ensino
Todas as pessoas são capazes de aprender.
E o Ciclo de Formação Humana veio para fortalecer
Temos que buscar a qualidade na Educação, mas e garantir o direito de aprendizagem do aluno.
as famílias precisam aproximar-se da escola. Ana Carla Muniz / Secretária Municipal de Educação
Promotor de Justiça da cidade de Cáceres de Rondonópolis

14
Progressão Continuada ou A LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educa-
Aprovação Automática? ção Nacional (Lei nº 9.394/96) – deixa claro que
o avanço do aluno, no processo formativo, ocorra
Os resultados das Audiências Públicas são cla- mediante a comprovação do seu desenvolvimento
ros, as mesmas dificuldades encontradas no início e aprendizagem, quando se trata, entre as regras
da implantação do ensino por Ciclo de Formação comuns (art. 24), a classificação (inciso II, alínea a),
Humana perduram até hoje. Não podemos dar promovendo o aluno com aproveitamento escolar
continuidade em um sistema de ensino como o Ci- para a série ou fase seguinte, e a verificação do
clo de Formação Humana sem que sejam tomadas rendimento escolar (inciso V), observando, entre
medidas que garantam a qualidade da Educação outros importantes critérios, o desempenho do
ofertada pelo nosso Estado. aluno com qualidade.
Quando a qualidade do ensino e a aprendi-
zagem vão mal, consequentemente não há inclu- Art. 24 - A educação básica, no nível fundamental
são do ponto de vista da aprendizagem, pois os e médio, será organizada de acordo com as seguin-
alunos estão passando de Ciclo, sem adquirir os tes regras comuns:
conhecimentos propostos para cada fase e ciclo, [...]
através da progressão automática, sem apoio pe- II - a classificação em qualquer série ou etapa, ex-
dagógico, sem cobrança e sem avaliação adequa- ceto a primeira do ensino fundamental, pode ser
da. Dessa forma, por omissão, incompetência, ne- feita:
gligência ou imperícia, o Estado nega o direito à a)  por promoção, para alunos que cursaram, com
aprendizagem desses alunos, colocando em risco aproveitamento, a série ou fase anterior, na pró-
toda uma geração. pria escola;
O sistema organizacional de ensino por Ci- [...]
clos não consiste em facilitar a aprovação, mas V - a verificação do rendimento escolar observará
sim em respeitar os ritmos e especificidades de os seguintes critérios:
cada um, garantindo, por um período maior (3 a) avaliação contínua e cumulativa do desempe-
anos), diversas oportunidades para que a apren- nho do aluno, com prevalência dos aspectos qua-
dizagem aconteça. Estamos propondo uma fase litativos sobre os quantitativos e dos resultados ao
transitória de até 9 anos, denominada de Ciclo longo do período sobre os de eventuais provas fi-
de Formação com Aprendizagem, a fim de re- nais. (Lei 9.394/96).
cuperarmos a proposta pedagógica do Ciclo de
Formação Humana nas escolas da rede estadual O documento Escola Ciclada em Mato Grosso
de ensino. (2001, p. 57) faz uma abordagem acerca da reten-
Nesse período, esgotados todos os mecanis- ção, afirmando que:
mos de apoio ao aluno e se, mesmo assim, ele não
conseguiu produzir os conhecimentos propostos, Na passagem de um ciclo para o outro, o aluno po-
é necessário que haja a retenção ao final de cada derá ficar retido ao final do ciclo, por um período
Ciclo como forma de possibilitar ao aluno, com o que não pode ultrapassar 1 (um) ano letivo, po-
apoio de novas técnicas pedagógicas, adquirir os dendo avançar para o ciclo seguinte em qualquer
conhecimentos definidos para aquele Ciclo. época do ano, assim que tiver superado as dificul-
Defendemos que, se nesse período, após a es- dades. (MATO GROSSO, 2001).
cola e o professor utilizarem todas as ferramentas
de apoio e recursos para que o estudante se apro- E acrescenta:
prie dos conhecimentos propostos, naquele Ciclo,
o estudante não produzir os saberes necessários, Essa retenção só poderá ocorrer após analisado
que haja a retenção ao final de cada Ciclo, confor- todo o processo de desenvolvimento do aluno no
me as diretrizes legais da Educação Básica. início da 1ª fase, da 2ª fase até o final do Ciclo pelo
coletivo dos professores e os mesmos concluírem

15
que existem dificuldades na maioria dos componen- A progressão continuada precisa acontecer,
tes curriculares que dificultarão seu ritmo de apren- mas com a devida responsabilidade, sendo acom-
dizagem no Ciclo seguinte. (MATO GROSSO, 2001). panhada por todos da comunidade escolar. Após
esse período de adequação e preparação de todo
A retenção ao final de cada Ciclo por um pe- ambiente escolar, implantaremos em definitivo
ríodo de até um ano não deverá ser punitiva, mas o Ciclo de Formação Humana que, sem dúvida, é
um apoio à superação das fragilidades do aluno, uma evolução no regime organizacional de ensino.
para que o mesmo possa adquirir os conhecimen- Entendemos que tão importante quanto pros-
tos necessários para avançar ao Ciclo seguinte. seguir à fase seguinte é aprender. Avançar o aluno
A retenção aqui possui o mais saudável entendi- para o ciclo seguinte sem os devidos conhecimentos
mento, uma nova oportunidade, para que o alu- estabelecidos para aquele período não é respeitar o
no experimente outra vez aquilo que, na primeira tempo dele, mas sim forçá-lo a “queimar” etapas,
vez, não foi bem assimilado. Acumulando também puni-lo pela ineficiência de um sistema organizacio-
conhecimentos, e não apenas capacidades e habi- nal de ensino que, na prática, não funciona. O que
lidades básicas para prosseguir. ele não aprendeu no Ciclo atual, não irá rever no
De acordo com a Lei 9.394/96, no seu artigo Ciclo seguinte, pois a cada fase ou Ciclo existe uma
32, ao final do ensino fundamental a escola de- proposta de conhecimentos a ser construída.
verá garantir ao aluno pleno domínio da leitura, De acordo com os resultados das Audiências
da escrita e do cálculo. No nosso entendimento, Públicas, é nítido o desejo de mudanças no regi-
a partir dessa perspectiva o aluno que não conse- me por parte dos professores, alunos e sociedade
guiu adquirir tais conhecimentos, tendo a escola em geral. É preciso dar uma resposta à sociedade,
todos os recursos esgotados para ajudá-lo a supe- apontando caminhos e possíveis soluções para as
rar essa fragilidade e não obtendo êxito, o aluno dificuldades elencadas.
não poderá prosseguir ao Ciclo seguinte, sob pena Diante dos fatos, proponho a implementação
de não cumprir o que determina a LDB. nas escolas da rede pública estadual de uma fase
Quanto antes forem detectadas as fragili- transitória de até 9 anos, denominada de Ciclo de
dades dos alunos, maior será a possibilidade de Formação com Aprendizagem, onde o estudante
superá-las. Esperar o final do 3º Ciclo ou o Ensi- que não conseguir produzir os conhecimentos
no Médio para fazer as correções, os problemas propostos em cada ciclo deverá ficar retido, por
tendem a aumentar e dificultar a superação dos no máximo 1 ano, tendo uma nova oportunida-
défices de aprendizagem. Por isso, a proposta da de para se apropriar e produzir os conhecimentos
retenção ao final de cada ciclo. que lhe garantirão prosseguir ao ciclo seguinte.

Proficiência de Língua Portuguesa nos Anos Finais do Ensino Fundamental nas escolas estaduais
Brasil, Região Centro-Oeste e Mato Grosso – 1995 a 2013
325 325
Proficiência Língua Portuguesa – Anos finais

Nível adequado: 275


300 (Meta para 2021) 300

275 275
252,4

250,8

250,4
249,0

243,9

242,4

250
240,2

250
239,7

239,4

239,5

239,6
239,2
235,7

233,6
231,6

231,2

230,0

229,1
229,1

229,7
229,3
229,2

228,6

227,9
226,7
226,5

226,6

224,8
221,2
220,2

225 225

200 200
1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013

Fonte: Inep, 2015. Brasil Região Centro-Oeste Mato Grosso

16
3 Ciclo de Formação
com Aprendizagem

O sistema de ensino ciclado vem sendo desenvolvido em vários municípios de Mato Grosso desde
1989, mas só assumiu uma definição e passou a ser efetivado na rede estadual a partir de 2000,
com a opção pelo Ciclo de Formação Humana . Desde então, estamos enfrentando inúmeras dificul-
dades na sua implantação, como a resistência e a aceitação dos docentes e das famílias em relação
às metodologias e estruturas organizacionais desse novo sistema de ensino, a exemplo do descom-
promisso do governo e de gestores na implantação completa desse novo regime educacional .

As dificuldades mais citadas em todas as au- Entende-se que a aprendizagem garante o de-
diências e reuniões é o fato de o aluno passar senvolvimento do sujeito, o que não é garantido
para a fase seguinte do Ciclo mesmo sem alcan- na progressão automática sem a construção do
çar a aprendizagem esperada, chegando ao final devido conhecimento .
do Ensino Fundamental com uma grande defasa- Nesse sentido, entendemos que, além de con-
gem de conhecimento, o que coloca em dúvida a siderar as etapas da vida nas quais se encontram
eficácia do Ciclo de Formação Humana, sem falar os estudantes, é preciso considerar a realidade so-
na enorme evasão e reprovação no 1º ano do En- cial, as políticas públicas no Brasil, a história da
sino Médio . Educação, a complexidade do contexto educacio-
O Ciclo de Formação com Aprendizagem é um nal brasileiro, que nos mostra, claramente, que
sistema de ensino que valoriza o ser humano, pro- não se deve separar o processo de aprendizagem
movendo a aquisição de competências e habilida- do processo de desenvolvimento e formação hu-
des básicas indispensáveis à mudança na história mana, quando estivermos propondo um trabalho
desse estudante . Ele contribui para o fortaleci- pedagógico . Sabe-se que ambos não podem ser
mento da autoestima e a construção da cidadania, vistos e entendidos separadamente .
possibilitando a sua inclusão social . As duas propostas se completam a tal ponto,
que estamos propondo a garantia da efetiva For-
mação Humana do sujeito com Aprendizagem .

Audiência Pública em Tangará da Serra


Karen Malagoli | Secom/ALMT

17
Proposta do Ciclo de Formação com
Aprendizagem por até 9 anos

1 Na passagem de um Ciclo para o outro, o aluno com rendimento

José Medeiros | Gcom-MT


de 50% mais 1% do total de conceitos, abaixo do esperado, ficará
retido ao final do ciclo, por um ano, a fim de que supere seus
desafios de aprendizagem;

2 Os alunos retidos deverão ser encaminhados para os laboratórios


de aprendizagem no contraturno;

3 Para esses alunos, deverá ser elaborado um plano de apoio peda-


gógico pelo coletivo de professores do respectivo Ciclo;

4 Essa retenção deverá acontecer após o conselho de professores


verificar a necessidade da retenção e concluir que existem dificul-
dades na maioria dos componentes curriculares que dificultarão
seu ritmo de aprendizagem no Ciclo seguinte;
Dep . Wilson Santos entrega ao
governador Pedro Taques o relatório
final sobre a implantação do Ciclo 5 A escola deverá envolver os pais dos alunos que apresentarem di-
de Formação Humana nas escolas ficuldades desde a 1ª fase do Ciclo, para que acompanhem a vida
públicas de Mato Grosso
escolar e o desenvolvimento dos seus filhos, durante os 3 anos, e
saibam como a escola está trabalhando para o desenvolvimento
da aprendizagem desses alunos e de que forma será o apoio pe-
dagógico, durante o ano de retenção .

6 A escola precisa construir um cadastro específico dos alunos que


apresentarem desafios de aprendizagem desde o início do Ciclo,
para o acompanhamento e elaboração de estratégias de inter-
venção, possibilitando a recuperação desses alunos, garantindo-
-lhe a aprendizagem e evitando sua retenção no último Ciclo .
Escola Estadual Heliodoro Capistrano,
em Cuiabá

Tiago Machado | Assessoria Seduc-MT

18
4 Função da escola, segundo
a legislação brasileira

Segundo a Carta Magna brasileira de 1988, no ção, fica claro que as ações educativas propostas
seu artigo art . 205, a Educação é definida como devem conduzir a:
um III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
[ . . .] direito de todos e dever do Estado e da família, V - promoção humanística, científica e tecnoló-
será promovida e incentivada com a colaboração gica do País .
da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento
da pessoa, seu preparo para o exercício da cida- Recorrendo à Lei Federal nº 9 .394/96 (LDB),
dania e sua qualificação para o trabalho . (BRASIL, ainda sobre os princípios e fins da Educação Na-
1988, grifo nosso) . cional, encontramos no seu artigo 2º que,

Quanto aos seus objetivos e os resultados es- [ . . .] a educação, dever da família e do Estado, ins-
perados, segundo a Constituição Federal, art . 206, pirada nos princípios de liberdade e nos ideais de
inciso VII, terá como princípio “a garantia de pa- solidariedade humana, tem por finalidade o pleno
drão de qualidade” . desenvolvimento do educando, seu preparo para
No artigo 214 da CF, na elaboração de metas o exercício da cidadania e sua qualificação para o
e estratégias para alcançar os objetivos da educa- trabalho . (BRASIL, 1996, grifo nosso) .

Proficiência na Rede Estadual de Mato Grosso – Ensino Fundamental – Resultado/2013


120% 120%
99,1% 100,0%
100% 92,0% 100%
83,0%
80% 80%
Escolas que não atingiram
o nível adequado (%)
60% 60%
Escolas que atingiram
40% 40%
o nível adequado (%)

20% 17,0% 20%


8,0%
0,9% 0,0%
0% 0% Fonte: Inep / Seduc.
Língua Portuguesa Língua Portuguesa Matemática Matemática
Anos Iniciais Anos Finais Anos Iniciais Anos Finais

Escolas que não Escolas que Escolas que não Escolas que
Disciplina atingiram o nível atingiram o nível atingiram o nível atingiram o nível Total (un .)
adequado (%) adequado (%) adequado (un .) adequado (un .)
Língua Portuguesa – Anos Iniciais 83,0 17,0 279 57 336
Língua Portuguesa – Anos Finais 99,1 0,9 439 4 443
Matemática – Anos Iniciais 92,0 8,0 309 27 336
Matemática – Anos Finais 100,0 0,0 443 0 443
Fonte: Inep / Seduc .

19
Sistemas Educacionais, segundo a Legislação Brasileira

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional


(LDB/96), o estado de Mato Grosso, ao optar pela mudança no sis-
tema educacional vigente no ensino fundamental, não estará fe-
rindo uma lei maior, pois essa atribuição é do ente federado e que
deverá ser realizado sempre que a qualidade da aprendizagem não
cumprir com a sua função, conforme consta no artigo 23 da men-
cionada Lei:

A educação básica poderá organizar-se em séries anuais, períodos se-


mestrais, ciclos, alternância regular de períodos de estudos, grupos não
seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou
por forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo
de aprendizagem assim o recomendar. (BRASIL, 1996, grifo nosso).

Ainda segundo a LDB, o ensino fundamental tem o dever de, ao


final desse período, garantir aos alunos o pleno domínio da leitura,
da escrita e do cálculo. Conforme está assegurado no seu artigo 32,
o ensino fundamental [...] terá por objetivo a formação básica do
cidadão mediante:

I - o desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios


básicos o pleno domínio da leitura, da escrita e do cálculo (grifo nosso).

Mas, segundo as avaliações externas, precisamos avançar, e mui-


to, para alcançarmos os objetivos do artigo 32, conforme o gráfico:

Distribuição dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental Distribuição dos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
por nível de proficiência – Português – Rede Estadual por nível de proficiência – Matemática – Rede Estadual
100% 100%
99,39% 99,63% Proficiência adequada 99,71% 99,92% Proficiência adequada
a partir de 200 – nível 7 a partir de 225 – nível 8

75% 75%

50% 50%

25% 25%

0,61% 0,37% 0,29% 0,08%


0% 0%
Abaixo do nível 7 Nível 7 e acima Abaixo do nível 8 Nível 8 e acima

Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso

20
5 A opção pelo Ciclo de Formação
com Aprendizagem

D iante dos dados apresentados, o Estado não pode se eximir de realizar algumas transformações
que a Educação requer, conforme a própria legislação federal determina . Sempre que o pro-
cesso de aprendizagem não conseguir resultados satisfatórios, o ente federado deverá buscar uma
organização que atenda aos objetivos e interesses da Educação .

Os princípios que abrangem o Ciclo de For- nos, atualmente, segundo avaliações e pesquisas
mação Humana vão além do ambiente escolar . Da do Ministério da Educação .
mesma forma, a escola não pode se limitar ao de- Segundo os dados das avaliações externas,
senvolvimento humano sem preocupar-se com a estamos bem longe de alcançarmos os 60%, infe-
formação científica, o preparo para a cidadania e lizmente .
o mercado de trabalho . Persistir na execução de um sistema em que os
Nossas escolas não estão preparadas para o professores não têm domínio sobre suas metodolo-
exercício da cidadania, nem para o mundo do tra- gias, onde a escola enfrenta dificuldades desde sua
balho, pois, segundo a LDB, ao término do ensino implantação, as famílias cada vez mais distantes da
fundamental o aluno deverá ter construído pleno escola, e os alunos não se sentindo motivados para
domínio da leitura, da escrita e do cálculo . O que a produção do conhecimento, é colocar em risco o
não ocorre com aproximadamente 60% dos alu- futuro de toda uma geração de crianças e jovens .

Distribuição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental Distribuição dos alunos do 5º ano do Ensino Fundamental
por nível de proficiência – Português – Rede Estadual por nível de proficiência – Matemática – Rede Estadual
100% 100%
Proficiência adequada Proficiência adequada
a partir de 200 – nível 4 a partir de 225 – nível 5

75% 75%
68,38%
65,31%
62,4%
60,1%
50% 50%

39,9% 37,6% 34,69% 31,62%


25% 25%

0% 0%
Abaixo do nível 4 Nível 4 e acima Abaixo do nível 5 Nível 5 e acima

Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso Fonte: Inep / Seduc. Brasil Mato Grosso

21
No Ciclo de Formação com Aprendizagem há

Angelo Varela | Secom/ALMT


uma preocupação clara com o ser humano, em es-
timular suas potencialidades e valorizar cada um
como sujeito histórico . Porém, a aprendizagem
não se dá a todos no mesmo tempo e ritmo . Dessa
forma, a escola deverá propor ações para superar
as fragilidades dos alunos durante a fase em curso .
Esgotando-se todas as possibilidades para que o
aluno aprenda, caso não obtenha sucesso, o mes-
mo será retido para que possa avançar nos seus
conhecimentos e passar à fase ou ciclo seguinte,
conforme estabelece a LDB/96, em seu artigo 23:

A educação básica poderá organizar-se em séries


anuais, períodos semestrais, ciclos, [ . . .] ou por for-
ma diversa de organização, sempre que o interesse
do processo de aprendizagem assim o recomen-
Audiência Pública em Barra do Garças
dar . (BRASIL, 1996, grifo nosso) .

Fablício Rodrigues | Secom/ALMT

Audiência Pública em Sinop

22
Propostas de melhorias
6 para as escolas públicas
de Mato Grosso

Ciclo como política de Estado Projeto Político-Pedagógico (PPP)

Após 15 anos do Ciclo de Formação Humana É a ferramenta de planejamento mais impor-


na rede pública de ensino em Mato Grosso, cons- tante para o desenvolvimento do processo ensino-
tata-se que o novo regime educacional não foi im- -aprendizagem que a LDB/96 propõe às unidades
plantado em sua totalidade e ainda enfrenta resis- escolares .
tência dentro e fora da escola . Infelizmente, na grande maioria das nossas
Nota-se um descompromisso com o Ciclo de escolas, esse documento é fantasioso . Desde a sua
Formação Humana, pois gestores governamentais elaboração, com a participação mínima da comu-
não realizaram ações concretas e determinantes nidade escolar, até o respeito ao seu cumprimen-
para o sucesso do novo regime escolar . to, tudo é ficção!
O Ciclo não pode continuar sendo, em Mato A verdade é que não há uma consciência da
Grosso, uma política diferente em cada governo, necessidade e nem da importância desse instru-
ao “bel prazer” de cada governante e sua equipe . mento de planejamento . Aliás, planejamento é
Mas sim, precisa estar distante e protegido dos ar- algo muito distante e pouco valorizado no uni-
ranjos políticos . verso escolar da rede pública de ensino em nosso
O Ciclo de Formação Humana terá que estar Estado .
distante e protegido dos arranjos políticos, das Outro problema é que, após a elaboração do
alianças para disputa eleitoral, dos acordos parti- Projeto Político-Pedagógico (PPP), este vai direta-
dários e de outros aspectos interventores nessas mente para a gaveta, onde permanecerá por um
relações . O Ciclo de Formação Humana precisa se longo tempo, geralmente inacabado e desatuali-
efetivar como uma política de Estado! zado .

PROPOSTAS PROPOSTAS

1 Estabelecer a implantação completa do Ciclo 1 Que a Secretaria Estadual de Educação promo-


de Formação Humana na agenda das priorida- va formação específica, para que as comunida-
des do governo; des escolares se conscientizem da importância
do Projeto Político-Pedagógico (PPP), priori-
2 Programa de conquista e envolvimento com- zando-o como uma ferramenta necessária à
pleto dos professores para o Ciclo de Formação otimização das ações pedagógicas;
Humana;
2 Que estejam contidas no Projeto Político-Peda-
3 Implantação dos itens ausentes ou incomple- gógico todas as ações pedagógicas da escola,
tos do Ciclo de Formação Humana, num perío- bem como, o perfil de entrada e saída do aluno
do máximo de 9 anos . de cada fase e Ciclo;

23
3 Que no Projeto Político-Pedagógico estejam quando houve a implantação desse novo regime
claras a missão e a caracterização da escola, na Educação mato-grossense, também não houve
destacando as ações, diagnósticos, cursos e a preparação adequada e suficiente.
outras ferramentas estratégicas para superar É preciso diagnosticar com precisão as falhas
as fragilidades. e deficiências do professorado e investir em qua-
lificação consistente para o aperfeiçoamento dos
nossos profissionais, contribuindo para um me-
Ampliação de políticas de lhor desempenho em sala de aula.
formação continuada
PROPOSTAS
São grandes os desafios enfrentados pelo pro-
fissional docente, mas manter-se atualizado e de- 1 Priorização da didática na nova concepção de
senvolver práticas pedagógicas eficientes faz des- Formação Continuada;
te profissional o diferencial necessário à profissão.
De acordo com Nóvoa (2000), “o aprender contí- 2 Efetivo monitoramento e acompanhamento
nuo é essencial e se concentra em dois pilares: a das atividades desenvolvidas dentro do am-
própria pessoa, como agente, e a escola, como o biente escolar, para a construção de um diag-
lugar de crescimento profissional permanente”. nóstico das dificuldades e fragilidades, direcio-
A Formação Continuada dos nossos profes- nando a formação e capacitação necessárias
sores tem de merecer um destaque e ser tratada para saná-las;
com a devida responsabilidade pela Seduc. É pre-
ciso o entendimento de que os profissionais não 3 Dedicação exclusiva para que os docentes aten-
receberam a formação acadêmica necessária para dam de forma efetiva às demandas do Ciclo de
trabalharem com o Ciclo de Formação Humana e, Formação Humana.

Ronaldo Mazza | Secom/ALMT

Audiência Pública em São Félix do Araguaia

24
Centro de Formação e Atualização dos 7 Garantia dos direitos trabalhistas dos professo-
Profissionais da Educação – Cefapro res/formadores equiparados aos que estão em
sala de aula do ensino básico;
Os Cefapros foram idealizados e implantados
em Mato Grosso com o objetivo claro de cuidar 8 Reestruturação física .
da preparação integral dos professores através da
Formação Continuada . Quinze cidades-polos pos-
suem Cefapros, contando com uma razoável estru- Material de apoio aos alunos e professores
tura física e equipe técnica definida .
Sabemos dos desafios e das dificuldades en-

Antônio Carlos Banavita


frentadas pelos nossos docentes para atualizarem-
-se, diariamente, e o Estado tem o dever de pro-
porcionar a melhor formação continuada possível .
Os professores da rede pública de ensino de
Mato Grosso não receberam em sua formação aca-
dêmica preparo para atuarem no Ciclo de Forma-
ção Humana, pelo contrário, foram instruídos para
a escola seriada . Diante dessa grave deficiência e
da necessidade dos professores de se manterem
atualizados acerca do Ciclo de Formação Humana
é necessário o fortalecimento dos Cefapros e to-
das as demais ferramentas de capacitação .
Os Cefapros implantados, há mais de uma dé-
cada, são os instrumentos legais destinados à For-
mação Continuada dos nossos docentes, porém
Índio Paresi
os Centros encontram-se em situação deficitária,
merecem uma atenção muito especial .

PROPOSTAS A leitura precisa estar presente dentro e fora


das escolas de forma efetiva . Precisamos trocar o
1 Diagnóstico rigoroso sobre o saber do círculo vicioso, em que o despreparo na leitura e
professor; escrita dificultam a aprendizagem de outras maté-
rias, por um círculo virtuoso, em que a leitura e a
2 Priorização da didática nos cursos de escrita contribuam para a apropriação do conhe-
Formação; cimento . Segundo Freire (2000), “a leitura é um
direito e uma forma de inclusão social, pois forma
3 Plano de trabalho que atenda efetivamente um sujeito crítico capaz de ver e ler a realidade do
às necessidades dos professores formadores; mundo de múltiplas formas” .
Cabe, aqui, um desafio aos gestores e go-
4 Cursos consistentes e de duração necessária vernantes: precisa-se investir e trabalhar a leitura
à formação adequada; como uma possibilidade de mudança na formação
de cidadãos críticos e atuantes, contribuindo para
5 Número suficiente de professores formadores; a qualidade da aprendizagem . Na formação do pro-
fessor, a leitura amplia o acesso ao conhecimento
6 Avaliação periódica do corpo docente; e à formação profissional, enriquecendo sua práti-
ca, multiplicando em casa e na sala de aula os pra-
zeres e as possibilidades que traz a leitura .

25
PROPOSTAS Avaliação institucional de
todo Sistema Educacional
1 Garantir aos alunos e aos professores, dentro
das escolas, um espaço agradável, climatizado, A avaliação institucional no contexto demo-
reservado à prática da leitura e pesquisa (Bi- crático visa ao fortalecimento da autonomia e das
blioteca); ações institucionais a serviço da melhoria e qua-
lidade da Educação . Tem caráter qualitativo e for-
2 Incluir, na Plataforma Virtual da Secretaria Es- mativo, compreendendo o sistema educacional e
tadual de Educação, a Biblioteca Virtual, onde escolar como espaço constituído por sujeitos par-
o professor poderá ter acesso ao maior e me- ticipativos em constante busca de transformação
lhor acervo de livros e materiais de apoio pos- de si e do contexto em que se inserem, sinalizando
sível, para o aperfeiçoamento e enriquecimen- caminhos para que os gestores, professores, estu-
to da sua prática pedagógica, uma espécie de dantes e familiares possam promover a melhoria
“Enciclopédia virtual”; contínua do ensino-aprendizagem .
No processo de avaliação institucional é im-
3 Ampliar o projeto da Plataforma de estudos portante considerar os indicadores de qualidade
para o Enem, que já existe no site da Secretaria do ensino e aprendizagem, o financiamento e in-
Estadual de Educação – Seduc/MT, em que o vestimento educacional, a infraestrutura física es-
aluno, através do portal, poderá ter acesso gra- colar, formas de utilização e aproveitamento dos
tuitamente aos conteúdos, exercícios e livros, ambientes, política de gestão, identidade institu-
dentro e fora da escola, ampliando as possibili- cional (perfil, missão, valores, objetivos), Projeto
dades de acesso; Político-Pedagógico (proposta de organização
curricular e prática pedagógica: potencialidades e
4 Buscar apoio de parceiros, através da Secreta- desafios), avaliação do desempenho, formação e
ria Estadual de Educação, para a implantação e profissional, etc .
o desenvolvimento de projetos literários den-
tro das escolas; PROPOSTAS

5 Produzir material didático específico para o 1 Avaliação externa, de âmbito estadual, apli-
Ciclo de Formação Humana, com uma atenção cada aos alunos das escolas públicas da rede
especial a conteúdos como redação, leitura, es- estadual de Ensino, que servirá como fonte de
crita, cálculo e outros que contribuam para a dados para a reformulação da política educa-
melhora da aprendizagem . cional, para estabelecer metas de melhoria da

Karen Malagoli | Secom/ALMT

Audiência Pública em Tangará da Serra

26
Karen Malagoli | Secom/ALMT
qualidade de aprendizagem e da gestão pelas
escolas, e, também, para o fortalecimento da
formação continuada dos professores;

2 Avaliação de desempenho profissional dos do-


centes, aplicada para todos os profissionais da
rede estadual de ensino, a cada 2 anos, confor-
me regulamenta o Art . 21 da LC 50/98: “O pro-
fissional da Educação Básica estável só perderá
o cargo em virtude de sentença judicial tran-
sitada em julgado, de processo administrativo
disciplinar ou mediante processo de avaliação
periódica de desempenho, assegurados em to-
dos os casos o contraditório e a ampla defesa” .
Audiência Pública em Tangará da Serra
(MATO GROSSO, 1998) .

3 Avaliação de todo sistema educacional, estru- articulando conhecimento-trabalho-cultura para


tura física ofertada, formação continuada, ges- o desenvolvimento do saber, do posicionamento
tores, material didático disponível, docentes e crítico, formação para o trabalho e das vivências
outros elementos dentro do sistema, através democráticas . As atividades ou projetos, os quais
de diferentes instrumentos avaliativos, para contemplem esporte, arte, musicalidade, lazer e
a elaboração de ações estratégicas e políticas organizações coletivas, devem ser planejados e
no âmbito estadual e municipal, articuladas articulados ao currículo escolar, visando qualida-
ao Plano Estadual de Educação, visando acom- de no trabalho educativo . Isso requer inovação
panhar a implantação, implementação, desen- das práticas pedagógicas de modo que não haja
volvimento e os resultados obtidos no cumpri- reprodução da escola convencional, mas que pro-
mento das metas estabelecidas . movam mudanças nas experiências educativas .

PROPOSTAS
Escola Integrada
1 Iniciar a implantação gradualmente;
A implantação do tempo integral é uma ne-
cessidade primordial e, de forma gradual, precisa 2 Adaptar a escola em sua estrutura física;
acontecer! Consiste na ampliação do tempo-es-
paço para no mínimo 7 horas diárias, definição 3 Que o contraturno ofereça, além de Esporte,
da proposta a ser efetivada, centrando a ação no Lazer e Cultura, atividades nas áreas da Lingua-
próprio espaço escolar ou em outros espaços so- gem e das Ciências Naturais, que melhorem
cioculturais, esportivos, parceria com instituições nossa proficiência .
públicas ou privadas, articulação com políticas pú-
blicas de assistência social e de preparação para
o trabalho, investimentos financeiros na prepara- Família e escola
ção dos espaços e dos ambientes, considerando a
infraestrutura existente, e no atendimento às ne- Um dos grandes desafios da nova escola é
cessidades de alimentação, saúde, higiene, trans- identificar meios para atrair e estimular a partici-
porte e outras, considerando o aluno em tempo pação da família, para que ela se envolva e se con-
integral na escola . sidere corresponsável, membro ativo nas decisões
Em uma concepção democrática de Educa- do complexo papel da escola .
ção em tempo integral, a ação é emancipatória, Segundo Paro,

27
[ . . .] a escola deve utilizar todas as oportunidades de É preciso criar a cultura de presença permanente
contato com os pais, para passar informações rele- da família na escola, socializar propostas, dividir
vantes sobre seus objetivos, recursos, problemas e, responsabilidades e socializar as decisões . A fa-
também, sobre as questões pedagógicas . Só assim mília tem de sair do nível da informação das deci-
a família irá se sentir comprometida com a melho- sões tomadas pela escola e passar para o nível de
ria da qualidade escolar e com o desenvolvimento coparticipação .
de seu filho como ser humano . (PARO, 1997, p . 30) .
PROPOSTAS
O professor tem nomeado a indisciplina como
o principal problema na escola . Há vários casos de 1 Abrir o espaço físico escolar para programas
agressões físicas e morais, tentativas de homicí- que incentivem a participação das famílias;
dios e até assassinatos, ameaças de toda natureza
dentro e no entorno da escola . Não dá mais para 2 Assegurar que o Poder Legislativo aprove pro-
continuarmos a assistir à degradação diária do jetos que estimulem e garantam seguridade
ambiente escolar . A família, sozinha, não resolve, jurídica para os pais participarem ativamente
mas ela precisa se integrar à escola, ser um elo im- dos principais momentos da escola;
portante na construção de um ambiente saudável
e harmônico, para que o processo ensino-aprendi- 3 Criação em todas as escolas do Conselho de
zagem transcorra com êxito . Família, coordenado por um pai, mãe ou res-
Trazer as famílias para o convívio escolar está ponsável pelo aluno, e que o coordenador seja
prescrito no Estatuto da Criança e do Adolescen- remunerado mensalmente;
te – ECA: “É direito dos pais ou responsáveis ter
ciência do processo pedagógico, bem como par- 4 Criação de canais de comunicação direta com a
ticipar da definição das propostas educacionais” . família .
Precisamos, então, criar meios para que isso ocor-
ra de forma efetiva e constante . A escola não deve 5 Realizar pesquisas para diagnosticar o perfil
chamar os pais somente para a entrega de rela- das famílias da comunidade escolar;
tórios, ou quando houver reclamação dos filhos .
6 Garantir a participação dos pais e/ou responsá-
veis no planejamento das atividades escolares,
Ronaldo Mazza | Secom/ALMT

iniciando pela elaboração do Projeto Político-


-Pedagógico (PPP);

7 Ampliação das oportunidades educativas atra-


vés da criação da Escola Aberta, que atenderá
a comunidade escolar aos finais de semana;

8 Reunir profissionais da educação, famílias e di-


ferentes “atores” sociais como voluntários no
projeto da Escola Aberta;

9 Trabalhar, via palestras, workshops, temas


como:
– Planejamento familiar;
– Educação para os filhos;
Audiência Pública em Rondonópolis
– E outros .

28
Concursos públicos 2 Realização de Concursos Públicos periódicos,
sempre que houver a necessidade da contrata-
O concurso público para ingresso na carreira ção de profissionais para a Educação.
de profissionais da Educação é constitucionalmen-
te estabelecido a cada dois anos em Mato Grosso,
e tem seus fundamentos legais regulamentados Enturmação
na Lei Complementar nº 50/98.
Anualmente, o Estado concentra uma deman- A Enturmação é uma das características do
da exagerada de contratos temporários, compa- Ciclo de Formação Humana que causou muita po-
rando-se com o quantitativo de profissionais efe- lêmica, durante as audiências, tendo em vista que
tivos. Os professores com contratos temporários na prática, para esse sistema, o único critério esco-
não têm estabilidade, e possuem menos direitos lhido para a classificação do aluno é a faixa etária,
que os efetivos concursados. De modo geral, esse e não o conhecimento adquirido. De acordo com
fator interfere no processo pedagógico e desem- a Resolução nº 262/2002 - CEE/MT, art. 7º, “para
penho dos estudantes, pois todos os anos, nas efeito de composição das turmas de cada ciclo, to-
unidades escolares, ocorrem rotatividades de mar-se-á por referência, de maneira articulada e
professores, sem possibilidade de permanecer no cumulativamente, os seguintes fatores”:
quadro de profissionais e dar continuidade às prá-
ticas docentes iniciadas. I - A faixa etária;
II - A pluralidade de saberes e a diversidade
cultural, a maturidade intelectual e afe-
Porcentagem de Carga Horária atribuídas aos professores tiva e a multiplicidade de experiências
da Rede Estadual de Mato Grosso no ano de 2015
cognitivas dos grupos de alunos(as);
III - Consideração da vivência e do aproveita-
mento escolar anterior.
57%

Contratado No Ciclo de Formação com Aprendizagem,


43% Efetivo ao organizar a Enturmação, as equipes escolares
precisam aplicar os critérios, já definidos na Re-
solução nº 262/2002, de modo equilibrado, tanto
Carga horária atribuída aos professores Contratados (un.) 192.040 as características etárias dos estudantes quanto as
Carga horária atribuída aos professores Efetivos (un.) 144.337
diversas necessidades e possibilidades de aprendi-
Fonte: BiSeduc, 2015. zagem, idade para o maior proveito das diversas
formas de agrupamentos e intervenções pedagó-
gicas, que podem ser promovidas cotidianamente.
Assegurar a efetivação de profissionais atra-
vés de concurso público, periódico, conforme a PROPOSTAS
necessidade real na Educação, por um lado bene-
ficia a profissionalização e a valorização profissio- 1 Descrever as estratégias de intervenção peda-
nal, com o ingresso na carreira, e, por outro lado, gógica a serem desenvolvidas;
é investimento para a melhoria da qualidade na
educação. 2 Identificar coletivamente quais as capacidades
e habilidades os estudantes já consolidaram e
PROPOSTAS em quais apresentam maior defasagem;

1 Que haja critérios justos e legais para a seleção 3 Estabelecer um cronograma para a execução
dos professores temporários; do Plano de Melhoria da Aprendizagem.

29
Avaliação no Ensino Fundamental docentes, avaliar é meramente um ato burocráti-
co de atribuir uma nota ou construir um relatório
Avaliar possui um significado amplo, que ao final de um bimestre, semestre, ano, ciclo ou,
abrange múltiplas dimensões, podendo envolver mesmo, no realizar de uma prova e ponto final .
a análise da aprendizagem dos estudantes, do tra- Quando, na verdade, avaliando somos capazes de
balho docente, das escolas ou, ainda, do sistema trabalhar, retomar, consolidar e introduzir conteú-
de ensino . O ato de avaliar é inerente à atividade dos e práticas necessárias para a aprendizagem do
docente que visa acompanhar sistematicamente aluno, evitando, assim, que o aluno fique retido
o processo de ensino-aprendizagem, monitorar e ou que não aprenda e passe para a fase ou Ciclo
fornecer subsídios para o planejamento . seguinte .
Através da avaliação é possível organizar e
reorganizar a metodologia de ensino, com as múl- PROPOSTAS
tiplas formas de aprender, capaz de atender às
especificidades, realidades e dificuldades de cada 1 Garantir, por meio de acompanhamento e mo-
aluno . nitoramento dos coordenadores pedagógicos,
Assim, o aprendiz consegue desenvolver suas a diversificação dos instrumentos avaliativos e
capacidades e habilidades necessárias gradativa- o início da avaliação diagnóstica, processual e
mente, a partir da utilização fundamental desta gradativa desde o primeiro dia de aula, possi-
ferramenta que é a AVALIAÇÃO . bilitando, assim, a elaboração do plano de me-
No processo avaliativo, o professor pode e lhoria da aprendizagem e encaminhamento,
deve utilizar vários instrumentos, como: provas, no decorrer do ano letivo, dos alunos com difi-
trabalhos, pesquisas, autoavaliação, observação, culdades e fragilidades às salas de articulação
seminários, rodas de conversas, Conselhos por e superação;
Ciclo, Conselhos de Classe, reuniões com pais ou
responsáveis, e outros . 2 Auxílio ao professor na compreensão do pro-
Muitos professores possuem dificuldades cesso de ensino-aprendizagem das capacida-
para avaliar e diferenciar os objetivos da avaliação des e habilidades a serem desenvolvidas pelos
dentro do Ciclo de Formação Humana . Para muitos alunos em cada Ciclo;

Tiego Poli

Reunião com a equipe multidisciplinar de avaliação do Ciclo de Formação Humana

30
3 Incentivos aos alunos para a melhoria do de- Seduc/MT, 2015), prejudicando, intensamente, o
sempenho e a aquisição de novas aprendiza- aluno no seu processo de ensino-aprendizagem .
gens, por meio de práticas de lazer, intercâm-
bio sociocultural e envolvimento dos estudan- PROPOSTAS
tes com as unidades escolares de ensino, para
o fortalecimento das relações estabelecidas en- 1 Funcionar efetivamente a partir do início do
tre todos os membros da comunidade escolar; ano letivo;

4 Recuperação intensiva com medidas de inter- 2 Garantir, no Projeto Político-Pedagógico (PPP)


venções objetivas e contínuas, por meio de da escola, o perfil de entrada e saída do aluno
ações dirigidas às dificuldades específicas, as- em cada etapa do ensino;
sim que estas forem constatadas, visando à su-
peração dos desafios de aprendizagem . 3 Implantar, nas escolas, uma sala de articulação
por Ciclo;

Plano de melhoria da aprendizagem 4 Proporcionar meios para que o professor-ar-


ticulador e o professor-regente tenham um
O compromisso de garantir a aprendizagem diálogo constante com a família, visando em
é um objetivo a ser discutido permanentemente conjunto à melhoria do aprendizado do aluno .
pela Secretaria Estadual de Educação, Conselhos,
por todas as escolas e demais envolvidos no pro-
cesso ensino-aprendizagem . Devemos dedicar Sala de Superação
maior atenção ao processo de aprendizagem, com
o objetivo de elevar os níveis de conhecimento Criada como estratégia de intervenção pe-
dos alunos, sobretudo daqueles que apresentam dagógica em favor do educando que se encontra
maiores dificuldades . defasado na Idade/Ciclo, desenvolvendo um tra-
Para elaborar os planos de melhoria da apren- balho complementar, para que o aluno consiga
dizagem, as escolas deverão mobilizar e envolver acompanhar sua turma .
seus profissionais num processo de reflexão sobre
a realidade escolar, diagnosticando, com base nos
Tiego Poli

resultados de avaliações internas e externas, fra-


gilidades e potencialidades que interfiram no de-
sempenho dos estudantes e, assim, propor ações
que permitam readequar os planejamentos de en-
sino dos professores e reestruturar a organização
do trabalho escolar .

Sala de Articulação

É destinada aos alunos com dificuldades de


aprendizagem e que necessitam de apoio pedagó-
gico . Tem um caráter interventivo e também visa
promover condições de acesso e de permanência
das crianças na escola . Em 2015, 301 escolas em
Mato Grosso (43%), não possuíam o professor ar-
Escola Estadual Fenelon Müller, em Cuiabá
ticulador e nem a sala de articulação (dados da

31
PROPOSTAS Atribuição de aulas priorizando
a organização por Ciclos
1 Que o projeto de superação seja um item do
Projeto Político-Pedagógico (PPP), que desta- Nos Ciclos de Formação existe uma lógica de
que os objetivos e metodologias da proposta; organização do tempo e espaço, considerando
três etapas, com duração de 3 anos contínuos, ar-
2 Prioridades claramente definidas, partilhadas, ticulados ao tempo de vida dos alunos. Neste pa-
abertamente formuladas, anunciadas, identi- râmetro, a atribuição ideal da jornada de trabalho
ficáveis na organização dos espaços e classes docente de 40 horas por semana deve considerar
que garantam a promoção da aprendizagem; a permanência do professor no Ciclo, superando a
atribuição anual que remete à descontinuidade do
3 Disponibilização de recursos materiais e hu- trabalho docente. Nessa perspectiva, o professor
manos que permitam aos professores a prática poderá acompanhar o processo de aprendizagem
das atividades necessárias; de seus alunos, conhecer suas potencialidades e
dificuldades, e realizar as intervenções necessárias
4 Que funcione desde o início do ano letivo; que o processo pedagógico requer.
Nesse sentido, devem ocorrer mudanças nos
5 Professores com formação qualificada na área critérios de atribuição, atualmente centrado na
de Pedagogia – alfabetização e do letramento; contagem de pontos, impedindo que o profes-
sor permaneça acompanhando as turmas com as
6 Implantação de uma sala por ciclo, com funcio- quais tenha trabalhado no período letivo anual
namento garantido desde o início do ano leti- anterior. Novos critérios precisam ser estabeleci-
vo, para que o professor-articulador participe dos considerando a identidade e perfil do profes-
da construção da avaliação diagnóstica, junta- sor para cada Ciclo, o desempenho profissional
mente com os professores-regentes. para as atividades inovadoras e interventivas, com
foco na superação dos desafios de aprendizagem
e desenvolvimento global do aluno.

Escola Estadual Prof. João Crisóstomo, em Cuiabá

Tiego Poli

32
Antônio Carlos Banavita
PROPOSTAS

1 Priorizar a formação, identidade e o perfil do


professor para cada Ciclo;

2 Lotação de professores com melhor qualifica-


ção nas escolas com menor desempenho;

3 Garantir a unidocência até o 5º ano .

Inovações tecnológicas

As tecnologias da informação estão presentes


em todos os espaços da sociedade contemporânea,
Índios Paresi
inclusive em muitas escolas da rede pública esta-
dual . O uso dessas ferramentas pode e deve tornar
a escola mais atrativa e inclusiva, levando os alu-
nos à era digital, facilitando o desenvolvimento de distinta, constituindo-se um mundo único, rico, di-
competências e habilidades exigidas na atualidade . verso culturalmente .
É preciso valorizar e cultivar as culturas indí-
PROPOSTAS genas, proporcionando um ensino que atenda e
preserve os traços naturais dessa cultura tão rica
1 Garantir às escolas equipamentos modernos e em saberes . Ao longo dos anos, a escola vem se
internet de alta velocidade; transformando, e, para isso, inúmeras mudanças
ocorreram desde a década de 1980, quando os
2 Formação competente aos professores em povos indígenas passaram a ocupar espaços des-
tecnologias educacionais; tinados aos não índios, a reivindicarem direitos e
fortalecerem a representatividade jurídica e políti-
3 Exigir das escolas o Plano de Trabalho anual, ca na organização das comunidades .
com metas e diretrizes para a formação
em tecnologias, articulada com áreas do PROPOSTAS
conhecimento;
1 Respeitar e valorizar as características étnicas e
4 Realização de feiras, concursos e competições culturais dessas populações, trabalhando com
sobre tecnologias inovadoras . um currículo que contemple conteúdos como
conhecimentos de história, língua, direitos e
expectativa de cada povo;
Respeito e adequação do Ciclo
às Culturas Indígenas 2 Aumentar a oferta de formação superior em
licenciaturas, nas universidades públicas e par-
A adequação do Ciclo às Culturas Indígenas ticulares, para os docentes das populações in-
vem garantir melhorias na Educação Básica, para dígenas;
todos, incluindo as especificidades dos povos in-
dígenas, garantindo atendimento específico, res- 3 Garantir às comunidades indígenas mecanis-
peitando suas culturas, crenças, costumes e lín- mos de interação com o mundo dos não ín-
guas . Cada povo tem sua própria cultura, veem e dios, como computadores, internet, encontros
compreendem o mundo e a humanidade de forma culturais, entre outros;

33
4 Garantir, através do ensino, alternativas de tra- de qualificação dos gestores e a realização de par-
balho, emprego e renda, contribuindo assim cerias com instituições, órgãos e entidades, para a
com autossustentação  digna, com evolução e qualificação nas áreas de:
permanência dos povos indígenas na comuni-
dade de origem; ▶ Prestação de contas;
▶ Gastos públicos;
5 Melhorar significativamente a regularização e ▶ Orçamento participativo escolar;
estruturas físicas de escolas inseridas nas co- ▶ Formação Continuada Pedagógica .
munidades indígenas;

6 Elaborar, juntamente com a comunidade in- Reestruturação e manutenção


dígena, calendários, regimentos, conteúdos física das escolas
programáticos adaptados às particularidades
étnico-culturais e linguísticas próprias de cada A estrutura física da escola é uma ferramen-
povo . ta de suma importância no processo de ensino-
-aprendizagem . A ausência de infraestrutura, a
inexistência de projetos arquitetônicos adequados
Qualificação dos gestores escolares e viáveis, a falta de recursos públicos e, até mes-
mo, a utilização de instalações inadequadas dos
Com a busca cada vez mais intensa pela au- prédios escolares são problemas reais enfrentados
tonomia administrativa e financeira das unidades por grande parte das escolas do nosso Estado .
escolares, e, ao mesmo tempo, os órgãos de con- Segundo Lima (1995):
trole exigindo maior transparência e eficiência
na gestão dos recursos públicos, como também Para qualquer ser vivo, o espaço é vital, não ape-
maior eficiência no processo ensino-aprendiza- nas para a sobrevivência, mas, sobretudo para o
gem, faz-se necessário programas permanentes seu desenvolvimento . Para o ser humano, o es-

Rafaella Zanol | Gcom/MT

Escola Estadual Presidente Médici, em Cuiabá

34
paço, além de ser um elemento potencialmente

Tiego Poli
mensurável, é o lugar de reconhecimento de si e
dos outros, porque é no espaço que ele se movi-
menta, realiza atividades, estabelece relações so-
ciais . (LIMA, 1995, p . 187) .

Precisamos compreender as contribuições do


ambiente físico ao desenvolvimento e à aprendi-
zagem . Quando conversamos com pais e alunos e
perguntamos qual é a maior diferença entre a esco-
la pública e a particular, recebemos como resposta:
o ensino e a estrutura física. Esta, por sua vez, como
facilitadora do desenvolvimento e aprendizagem.
Nesse sentido, precisamos garantir à escola
um padrão mínimo de qualidade, como bibliote-
cas, computadores, laboratórios de ciências, au-
ditórios, quadras de esportes, refeitórios, sanea-
mento básico, climatização adequada, materiais
didáticos, recursos visuais, audiovisuais, e muitos
outros que possibilitem a aprendizagem dos estu-
Escola Estadual Fenelon Müller, em Cuiabá
dantes na rede pública .

PROPOSTAS Metas de desempenho por escola

1 Constituir um ambiente propício ao desenvol- As metas a serem propostas devem traduzir,


vimento pleno da alfabetização, com recursos em termos de resultados finais, os objetivos que
didático-pedagógicos, tais como: cantinho da a escola espera atingir, por meio de ações plane-
leitura, jogos, objetos manipulativos, e outros; jadas ao longo do período de 9 anos, entre 2017
e 2025 . Elas devem permitir avaliações precisas so-
2 Disponibilização de multimeios didáticos bre o processo de implementação das ações, no fi-
(DVD, computador, calculadora, retroprojetor, nal do prazo estabelecido para a execução de cada
fotocopiadora, projetor de slides, televisor, mi- uma das propostas . Assim, ao elaborar os planos
meógrafo, etc .) por escola, garantindo assim o de intervenção pedagógica, as escolas deverão
acesso às tecnologias de informação e recursos propor metas em relação a vários critérios, como
didáticos de uso especial; fluxo escolar e aprendizagem .
Para cada ação prevista nos planos e projetos,
3 Manutenção física da infraestrutura das es- será necessário estabelecer um prazo e quem são
colas para limpeza externa e interna, contro- os responsáveis pela execução, considerando a am-
le dos materiais e equipamentos necessários plitude e a exequibilidade, assim como a disponibi-
para a organização do ambiente escolar; lidade de recursos humanos e materiais por escola .

4 Execução periódica de reparos elétricos e hi-


dráulicos, pinturas, sanitários e de alvenaria; Definir com clareza quais são as
competências do professor em cada Ciclo
5 Acompanhamento constante dos equipamen-
tos necessários ao refeitório e à cozinha, fisca- Na organização por Ciclos, a ação profissional
lização da limpeza e organização do local, para compreende ensinar com competência teórica e
a garantia de qualidade das refeições . operativa, senso de responsabilidade com sua fun-

35
ção e com a qualidade social da Educação. Dessa ▶▶ Quais saberes são necessários para ensinar?
forma, faz-se necessária a definição das compe- ▶▶ O que sabem os professores?
tências docentes em cada Ciclo, objetivando auxi- ▶▶ O que não sabem?
liar ou qualificar a sua prática pedagógica, consi- ▶▶ Os professores temporários recebem uma
derando-se que cabe ao professor: Formação voltada para a escola ciclada ao
desempenharem suas funções?
1 Alfabetizar e letrar crianças do 1º Ciclo, de ▶▶ Quais saberes são discutidos na formação pro-
modo que possam dominar a leitura, escrita, fissional continuada?
cálculo e medidas; construir noções científicas; ▶▶ Que relação há entre os saberes teóricos e a
compreender a relação tempo-espaço; e de- prática profissional?
senvolver a própria identidade e o sentimento
de pertencimento sociocultural; Essas e outras dúvidas serão respondidas pe-
los diagnósticos.
2 Promover, aos alunos do 2º Ciclo, o desenvol- Segundo Gardner (2002), referindo-se ao sa-
vimento da capacidade interativa, discursiva e ber docente, “é na prática refletida, na (ação-refle-
de sistematização mais elaborada do conhe- xão) que este conhecimento se produz, na insepa-
cimento, o domínio das regras da linguagem rabilidade entre teoria e prática”.
escrita, da leitura e do cálculo; organização do Para esse autor, a experiência docente é um
pensamento lógico-matemático e elaboração espaço de produção de conhecimento, decorren-
de conceitos científicos; análise crítica de fatos do da postura crítica do professor sobre sua práti-
da natureza e da sociedade; construir relações ca profissional, permitindo-nos refletir criticamen-
históricas e econômicas, políticas, culturais e te sobre o que ensinar, como ensinar e para que
noções tecnológicas; ensinar.
A partir do conhecimento preciso das carên-
3 Estimular, no 3º Ciclo, situações desafiadoras cias do nosso corpo docente, será possível, de ma-
para que os adolescentes aprimorem as capa- neira equilibrada e eficiente, definir a formação
cidades de pensar, organizar informações, atri- continuada com carga horária suficiente para a de-
buir significados e ampliar os conhecimentos; vida qualificação, sempre priorizando a didática.
problematizar a realidade observada e vivida;
compreender os fenômenos naturais e sociais, PROPOSTAS
contextualizando a realidade histórica, econô-
mica e cultural; utilizar o conhecimento apren- 1 Que esses diagnósticos sejam realizados pela
dido para pensar e transformar a si próprio e a Fapemat (Fundação de Amparo e Pesquisa);
realidade em seu contexto.
2 Participação de representantes do corpo do-
cente da Rede Pública de Ensino na elaboração
Diagnósticos sobre o saber do professor desses diagnósticos;

Sabemos que os professores não recebem, 3 Realização desses diagnósticos por meio das
nas Universidades, uma formação acadêmica para avaliações de desempenho, questionários, re-
trabalharem com o Ciclo de Formação Humana e, sultados das avaliações externas, e outros, a
também, não receberam o preparo suficiente na critério da Instituição, periodicamente de 3 em
formação continuada ofertada pela Seduc. Tornan- 3 anos, iniciando em 2016;
do-se necessário reforçar seus conhecimentos so-
bre diversos conteúdos programáticos, sugerimos 4 Que os resultados sejam tratados com respon-
a realização periódica de diagnósticos a respeito sabilidade e não exponham individualmente
do saber do professor. os professores.

36
Implantação da Ficha de
7 Comunicação do Aluno
Infrequente e Indisciplinado

A FICAI – Ficha de Comunicação do Aluno Infrequente e Indisciplinado – é exigência legal da


LDB/1996 (Art . 5º, 12º e 13º), no sentido de que a escola, a família e a comunidade encontrem
mecanismos de controle da frequência, do rendimento dos alunos e, consequentemente, evitando
possíveis evasões .

Art . 5º - O acesso ao ensino fundamental é direi- PROPOSTAS


to público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, orga- 1 Iniciar a implantação da FICAI no ano letivo de
nização sindical, entidade de classe ou outra legal- 2016;
mente constituída, e, ainda, o Ministério Público,
acionar o Poder Público para exigi-lo . 2 Garantir a coordenação deste processo ao Mi-
§1º Compete aos Estados e aos Municípios, em re- nistério Público Estadual, que atuará em con-
gime de colaboração, e com a assistência da União: junto com as escolas, Conselhos Tutelares e
III - zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela fre- outros parceiros pertinentes, atuando sempre
quência à escola . (BRASIL, 1996) . em rede;

A FICAI é um instrumento capaz de verificar, 3 Proporcionar formação aos professores sobre


além da infrequência escolar, eventuais abusos como e quando utilizar a FICAI e sua importân-
praticados contra crianças e adolescentes, haja cia para a escola;
vista a consequente aproximação criada pela FI-
CAI entre a família, a escola, o Conselho Tutelar e 4 Monitoramento das etapas executadas da
o Ministério Público . A Ficha reveste-se como um FICAI, através dos centros de apoio pedagógi-
importante instrumento de inclusão escolar, pois co, combatendo com rigor a evasão;
é dever de toda a sociedade a defesa e proteção
das crianças e dos adolescentes, protegendo-os 5 Identificar as causas da infrequência, procuran-
de todas as violações às quais estão submetidos, do a melhor alternativa do resgate do aluno à
inclusive as que lhes negam o direito à Educação . escola;

6 Que a FICAI seja um dos instrumentos utiliza-


dos em todas as oportunidades onde forem
discutidas a infrequência e indisciplina do
aluno, como nas reuniões dos Conselhos Tute-
lares, Escolares e de Pais, reuniões realizadas
pela Secretaria de Educação, reuniões das re-
des integradas e pelo Ministério Público .

37
8 Termo de Ajustamento
de Conduta – TAC

É nítido que há um esgotamento e ceticismo em relação às propostas “mirabolantes” que possam


do dia para a noite “salvar” a Educação brasileira . O que pretendemos, ao dar nossa modesta
contribuição, é amarrar e garantir que o conjunto de ideias seja aprovado e tenhamos a garantia da
sua execução . Que saia do papel para as salas de aulas, podendo ser discutido e aperfeiçoado . E que
fique muito claro o envolvimento de todos os atores do processo ensino-aprendizagem, com suas
respectivas responsabilidades, prazos, valores financeiros, etc .

Após importantes discussões com institui- Secretaria de Estado de Ciência,


ções, entidades, órgãos públicos e privados, fa- Inovação e Tecnologia
mílias, alunos, professores, gestores escolares,
especialistas, parlamentares e outros, tomamos a ▶ Será a responsável pela política de inovação,
liberdade de sugerir a convalidação de um Termo inovações tecnológicas;
de Ajustamento de Conduta (TAC), com as seguin- ▶ Realizará, a cada 3 anos, avaliação institucio-
tes distribuições de tarefas: nal de todo o sistema, custeando os gastos via
Fapemat;
Ministério Público Estadual ▶ Executará ampla pesquisa com o objetivo de
diagnosticar o Saber do Professor;
▶ Responsável pela elaboração e acompanha- ▶ Será a responsável, via Unemat, pelos Concur-
mento do fiel cumprimento das missões esta- sos Públicos, em todas as suas etapas;
belecidas para os atores envolvidos; ▶ Responsável pela reestruturação dos Cefapros .
▶ FICAI – Implantação e coordenação da rede .
Secretaria de Estado de Cultura
Secretaria de Estado de Educação
▶ Adequação do Ciclo às Culturas Indígenas .
▶ Relançamento dos Projetos Políticos-Pedagó-
gicos (PPP) de forma entusiasta e motivadora; Universidades e Faculdades de
▶ Garantir, até o final de 2016, uma Sala de Supe- Licenciaturas – Pedagogia
ração por Ciclo em cada escola da rede pública
estadual; ▶ Reforma do Currículo, direcionando o ensino
▶ Garantir, desde o início de 2016, a presença do para o Ciclo de Formação Humana e priorizan-
Professor-Articulador nas escolas; do a Didática;
▶ Atribuição de aula e de sala que priorize o sis- ▶ Garantir um mínimo de 30% de aulas práticas
tema de ensino organizado por Ciclos; aos graduandos;
▶ Oferta permanente de formação consistente e ▶ Implantação de cursos para graduação de pro-
que priorize a didática . fessores, com o currículo voltado para o Ciclo
de Formação Humana .

39
Assembleia Legislativa

▶ Debater e aprovar mensagens do Executivo, Projetos de Lei e ou-


tros, que garantam o aperfeiçoamento do Ciclo de Formação Hu-
mana na Rede Pública de Ensino de Mato Grosso .

Conselho Estadual de Educação – CEE

▶ Garantir e auxiliar, através de normas, a autonomia, o espaço de-


mocrático e a sistematização do processo de ensino .

União dos Dirigentes Municipais de Educação – UNDIME

▶ Fortalecer e construir políticas educacionais municipais em con-


junto com a rede estadual de ensino, propondo melhorias na
qualidade dos recursos pedagógicos, físicos e humanos .

Associação Mato-grossense dos Municípios – AMM

▶ Convênio com o Estado para obtenção de apoio financeiro e for-


talecimento do sistema educacional dos municípios, tendo em
vista que esses alunos chegarão ao Ensino Médio ofertado pelo
Estado .

Pedrilan Reinaldo | Secom/ALMT

Audiência Pública “Ciclo de Formação Humana” em Alta Floresta

40
9 Crescimento gradual do
duodécimo para Educação

A Constituição Estadual de 1989 (Art . 245) garantiu 35% das re-


ceitas de impostos e transferências para a Educação Pública de Mato
Grosso . Decorridos 26 anos, esse percentual nunca atingiu o patamar
constitucional, pelo contrário, raros foram os anos que ultrapassa-
ram os 25% .

Ronaldo Mazza | Secom/ALMT

Audiência Pública em Rondonópolis

Somos cientes de que é quase impossível dar esse salto de um


ano para o outro, mas é preciso avançar rumo a essa meta constitu-
cional . Apresentamos esse projeto de emenda à Constituição Esta-
dual, propondo um crescimento gradativo, de forma que até 2035 o
percentual de 35% seja atingido . Esse projeto foi aprovado em 2015,
e, já em 2016, a Secretaria de Educação receberá um aumento de
R$ 48,5 milhões para o custeio de programas, projetos, investimen-
tos, formação continuada, combate ao analfabetismo, diversidades,
e outras ações de melhorias para a Educação pública estadual .

PROPOSTA

1 Acompanhar a aplicação da Emenda Constitucional nº 13/2015,


a partir de 2016 .

41
42
Considerações finais

N ão se transforma a Educação com um simples relatório ou com uma verve panfletária e disso-
ciada da prática educacional . É absolutamente necessário ter vivido e sentido na pele o ensino .
Esta foi a principal motivação que nos levou a ousar e buscar, intensamente, a direção para os rumos
da Educação mato-grossense . Estou deputado estadual, há 25 anos ocupei esta cadeira por dois
mandatos consecutivos; anteriormente, estive vereador de Cuiabá; posteriormente estive, por seis
anos, deputado federal e, também, com muita honra, estive prefeito da nossa querida Cidade Verde
por quase seis anos . . . Sim, estive vereador, estive e estou deputado estadual, estive deputado fede-
ral e estive prefeito, mas SOU PROFESSOR! Sou professor há 34 anos! Professor interino na rede pú-
blica, professor de cursinho em diversas escolas de Cuiabá, professor concursado do nosso Estado,
e, nesses 34 anos passaram por mim mais de 40 .000 alunos e alunas, que foram e são fundamentais
na construção de Mato Grosso .

Mesmo das tribunas que ocupei ao longo de revolucionar o ensino mato-grossense . Assim,
minha vida pública, não deixei de, com humilda- o ponto de partida foi a consulta, o debate e o
de, ensinar e aprender com meus pares e aqueles diagnóstico da nossa realidade, e fizemos isso de
que se dispuseram a ouvir-me . Estivesse onde es- maneira democrática, indo a todas as regiões de
tivesse, estava em uma sala de aula . Porém, um Mato Grosso, levando, em Audiências Públicas, os
dos privilégios que a vida me reservou foi, estan- nossos anseios, os nossos questionamentos e, aci-
do prefeito, mudar o ensino das nossas crianças ma de tudo, ouvindo os profissionais que estão no
e adolescentes . Na capital, mudanças que podem “chão da escola”, os nossos sonhos de fazermos
ser comprovadas pelos índices do IDHM aferido uma Educação transformadora e cidadã .
pela ONU através do PNUD (Programa das Nações
Marcos Lopes | Secom/ALMT

Unidas para o Desenvolvimento) . É incontestável


o salto na qualidade da nossa Educação em Cuia-
bá . Todavia, não me prendo à frieza dos números,
ainda que tenha, com os valorosos companheiros
educadores, deixado a capital de todos os mato-
-grossenses em primeiro lugar no quesito Ensino
Fundamental entre os 141 municípios do Estado e
entre as melhores capitais do país . Antes, prefiro
ver a alegria no olhar de nossos alunos, a satisfa-
ção dos pais com o ensino dado a seus filhos e o
reconhecimento da sociedade a todos os trabalha-
dores que foram os protagonistas nessa transfor-
mação . E foi, a partir dessa experiência vitoriosa,
que ousei, ao lado de inúmeros colaboradores
Audiência Pública em Barra do Garças
diretos e indiretos, pensar que, juntos, podemos

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Obviamente, este relatório não se propõe ser do, as suas viabilidades implicam tempo, recursos
a panaceia para a Educação mato-grossense, an- humanos e financeiros. O nosso tempo é ontem,
tes é um diagnóstico da difícil realidade, na qual já que a defasagem do ensino mato-grossense é
convivem duas maneiras distintas e conflitantes notória, portanto é mister uma “Cruzada Educa-
de transmissão do conhecimento, além de propor cional” para criarmos as condições necessárias
possíveis soluções para a grave crise pela qual pas- a uma retomada eficaz do ensino-aprendizagem
sa o nosso ensino. de nossas crianças e de nossa juventude. Quanto
Não partimos apenas dos dados estatísticos, aos recursos financeiros, procuramos garanti-los
nada animadores sobre a nossa Educação; fomos ao aprovarmos uma Emenda Constitucional que
“in loco”. Fizemos um amplo debate com docen- eleva, de 25% para 35% da receita dos impostos e
tes, discentes, pais, gestores, entidades de classe, transferências, a verba destinada à Educação. Essa
enfim, todos os entes envolvidos no processo de elevação será gradativa, aumentando no mínimo
formação de nossas crianças e jovens. Foram oito 0,5% a cada ano. Ao contrário da aparência tími-
Audiências Públicas que debateram o Ciclo de For- da, a proposta tem intrínseco o caráter exequível,
mação Humana, onde a práxis educacional foi in- tão necessário à sua materialização por parte do
tensamente discutida para que pudéssemos, final- poder executivo.
mente, apresentar este relatório que, esperamos, Não podemos pensar em um Mato Grosso
sirva, de algum modo, para melhorar a qualidade grande enquanto ele for permeado por desigual-
do ensino nas unidades escolares de Mato Grosso. dades e por ilhas de prosperidade e desenvolvi-
O sistema ciclado ou o sistema seriado? Eis a mento. E a solução para essas discrepâncias não
questão! É inquestionável, do ponto de vista peda- está na revolução de cunho político, mas na revo-
gógico, a superioridade do sistema ciclado sobre lução educacional, e essa, nós, querendo, pode-
o seriado, desde que observadas algumas condi- mos fazê-la!
ções inerentes ao Ciclo e à realidade socioeconô- Temos profissionais comprometidos com o
mica do nosso Estado. Primeiro, a importância e ensino em todos os rincões do Estado; temos a
o comprometimento dos professores; segundo, a determinação do governo estadual para mudar-
formação continuada; terceiro, o envolvimento da mos essa realidade adversa; temos o domínio de
gestão escolar com o Ciclo; quarto, o planejamen- novas tecnologias que podem facilitar essa impor-
to educacional coletivo; quinto, a construção do tante missão; temos a simpatia dos pais nessa ta-
perfil das turmas; sexto, tempo de permanência refa e, além de tudo, temos crianças e jovens ávi-
do aluno na escola (tempo integral); e, sétimo, de dos para vislumbrarem horizontes mais amplos.
suma importância, a capacidade de investimento A verdadeira transformação começa com o Ciclo
estatal, dentre tantos outros condicionantes para o de Formação com Aprendizagem, uma transição
sucesso do sistema ciclado. Estas e outras propos- para a efetiva implantação do Ciclo de Formação
tas estão contempladas em nosso relatório. Contu- Humana.

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Referências

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Seduc, 2001 . José Olympio, 1936 .

45
“Só existirá uma
democracia no Brasil
no dia em que se
montar a máquina que
prepara as democracias .
Essa máquina é
a escola pública .
Não a escola sem
prédios, sem asseio,
sem higiene e sem
mestres devidamente
preparados, e, por
conseguinte, sem
eficiência e sem
resultados . E sim a
escola pública rica e
eficiente, destinada a
preparar o brasileiro
para vencer e servir
com eficiência dentro
do país” .
Teixeira (1936)
Fotos de design

[ capa ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT

[ 4ª capa ] Índios Paresi / Foto: Antônio Carlos Banavita

[ p. 2 ] Escola Estadual Profª Diva Hugueney de Siqueira Bastos, em Cuiabá / Foto: Mayke Toscano | GCom-MT

[ p. 6 ] Escola Estadual Fenelon Müller, em Cuiabá / Foto: Tiego Poli

[ p. 7 ] Escola Estadual Profª Diva Hugueney de Siqueira Bastos, em Cuiabá / Foto: Mayke Toscano | GCom-MT

[ p. 9 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT

[ p. 17 ] Audiência Pública em Rondonópolis / Foto: Ronaldo Mazza | Secom/ALMT

[ p. 19 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT

[ p. 21 ] Audiência Pública em Sinop / Foto: Fablício Rodrigues | Secom/ALMT

[ p. 23 ] Audiência Pública em Rondonópolis / Foto: Marcos Lopes | Secom/ALMT

[ p. 37 ] Audiência Pública em Tangará da Serra / Foto: Karen Malagoli | Secom/ALMT

[ p. 38 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT

[ p. 39 ] Reunião com a equipe multidisciplinar de avaliação do Ciclo de Formação Humana / Foto: Tiego Poli

[ p. 41 ] Escola Estadual Odorico Leocádio da Rosa, em Rondonópolis / Foto: Rafaella Zanol | Gcom/MT

[ p. 42 ] Índio Kamayura / Foto: Antônio Carlos Banavita

[ p. 43 ] Índio Paresi confeccionando sua flecha / Foto: Antônio Carlos Banavita

[ p. 45 ] Escola Estadual Fenelon Müller, em Cuiabá / Foto: Tiego Poli

[ p. 46/47 ] Índio Paresi / Foto: Antônio Carlos Banavita

Apoio técnico

Prof. Rinaldo Ribeiro de Almeida


Conselheiro Estadual de Educação
Licenciatura em Ciências – UnB
Engenharia Civil – UFMT
Especialização em Gerência de Cidades – FAAP
Professor Aposentado do IFMT

Profª Kelli Lopes Felix


Assessora Parlamentar do Gabinete do Dep. Estadual Wilson Santos
Licenciatura Plena em Pedagogia – ICE
Especialização em Psicopedagogia – IMP
Especialização em Educação de Jovens e Adultos – IMP

Profª Alvarina de Fátima dos Santos


Licenciatura Plena em Pedagogia
Especialização em Metodologia e Conteúdo das
Ciências nos Anos Iniciais – Unemat
Técnico em Magistério – E.E. Dom Pedro I

Produção Editorial
Carrión & Carracedo Ltda.

Designer gráfico
Maike Vanni

Revisão
Henriette Marcey Zanini

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