Avaliação Pós - Ocupação e o Design de Inetriores

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO
E DESIGN DE INTERIORES:
UMA EXPERIÊNCIA DIDÁTICA

Carla da Silva Bastos

Natal
Março de 2015
CARLA DA SILVA BASTOS

Avaliação Pós-Ocupação e Design de


Interiores: uma experiência didática

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-


Graduação em Arquitetura e Urbanismo da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte,
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Arquitetura e Urbanismo.
Área de Concentração: Projeto, Morfologia e
Tecnologia do Ambiente Construído
Linha de Pesquisa: Projeto de Arquitetura
Orientadora: Prof.ª Drª. Gleice Azambuja Elali.

Natal
Março de 2015
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR
QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA,
DESDE QUE CITADA A FONTE.

E-MAIL para contato com a autora: [email protected]

Catalogação da Publicação na Fonte.

Bastos, Carla da Silva


Avaliação pós-ocupação e design de interiores: uma experiência
didática. / Carla da Silva Bastos. – Natal, RN. 2015.
143 p.

Orientador: Gleice Azambuja Elali

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Rio Grande do


Norte. Departamento de Arquitetura. Programa de Pós-
Graduação em Arquitetura e Urbanismo.

1. Avaliação pós-ocupação – Dissertação. 2. Design de interiores –


Dissertação. 3. Experiência didática – Dissertação. I. Elali, Gleice Azambuja.
II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

CDU 727.1.004.14
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

A dissertação “Avaliação Pós-Ocupação e Design de Interiores: uma experiência


didática”, elaborada por Carla da Silva Bastos, foi considerada aprovada por todos os
professores membros da Banca Examinadora, e aceita pelo Programa de Pós-Graduação em
Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (PPGAU/UFRN)
como requisito parcial à obtenção do título de MESTRE EM ARQUITETURA E URBANISMO.

Natal, RN, 16 de março de 2015.

BANCA EXAMINADORA

Dra. Gleice Azambuja Elali (presidente)

Dra Maísa Fernandes Dutra Veloso (membro interno, PPGAU/UFRN)

Dr. Glielson Nepomuceno Montenegro (membro externo, UFCG)

A versão oficial dessa ata, devidamente assinada pelos participantes, está


disponível para consulta pública na secretaria do PPGAU/UFRN.
Às mulheres da minha vida:
Berenice, Daniele, Daiana e a pequena Sophia
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos que fizeram parte dessa jornada acadêmica e de vida e
acreditaram que as dificuldades poderiam ser superadas e que meus planos e sonhos
estavam no porvir.
A Deus e seus caminhos imprevisíveis, minha gratidão.
À minha família que, quando distante, foi a maior inspiradora e incentivadora
desse trabalho e, quando ao meu lado, me manteve segura e confiante. Obrigada pelo
amor sem medidas e por serem incansáveis em cuidar de mim até hoje.
À professora e orientadora Gleice Azambuja Elali, pela atenção e dedicação
incansável a este trabalho e pelo carinho e preocupação fraternal.
Aos professores e colegas do PPGAU pelas valiosas contribuições e amizade.
Às instituições, pesquisadores/professores e alunos envolvidos pela presteza e
pela disponibilidade em contribuir com a realização deste trabalho.
Aos amigos conquistados em terras potiguares que em muitos momentos foram
minha família, vocês tornaram essa aventura muito mais prazerosa. Obrigada pelos
almoços de domingo, pelos fins de semana, pelas caronas e pelo cuidado.
Aos amigos cariocas pela motivação e pelas incontáveis ligações e mensagens de
incentivo e carinho.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelo
apoio financeiro.
RESUMO
Nas últimas décadas a área de Arquitetura e o Urbanismo (AU) têm demostrado um
interesse particular nas relações estabelecidas entre pessoas e ambientes. Uma das
iniciativas nesse sentido é a incorporação da Avaliação Pós-Ocupação (APO) ao processo
de projeto como estratégia investigativa dos aspectos físicos e funcionais do ambiente
construído, bem como para estudo da percepção e comportamento dos usuários. Embora
no âmbito da AU estas experiências apresentem resultados positivos, a formação
acadêmica em Design de Interiores ainda contempla tal temática de forma superficial.
Neste contexto, esta dissertação discute a utilização de métodos e técnicas de APO como
abordagem complementar ao exercício projetual no campo de design de interiores, e em
contexto acadêmico. A abordagem metodológica adotada dividiu-se em: 1) construção de
painel de experts sobre o ensino de APO nos cursos de graduação e pós-graduação em
AU; 2) realização de experiência didática (planejada com base nos resultados da etapa
anterior) em que a APO subsidiou a elaboração de um projeto de interiores para
intervenção em uma biblioteca, envolvendo Walkthrough, Avaliação Técnico-Funcional,
Mapa Comportamental, Poema dos Desejos, Questionários com usuários, Matriz de
Descobertas e Quadro de Recomendações. Os resultados da APO mostram que: (i) ela
despertou nos alunos um interesse diferenciado pela relação entre as necessidades dos
usuários e as soluções projetuais; (ii) a maioria dos métodos/técnicas teve boa aceitação,
embora houvesse dificuldade de apropriação de alguns. As propostas projetuais
desenvolvidas foram analisadas durante as sessões de assessoria ao projeto e com
participação do professor responsável, tendo como base a comparação das soluções
apresentadas com a Matriz de Descobertas e o Quadro de Recomendações. Verificou-se
que o conhecimento da APO influenciou diretamente os novos projetos no que se refere
à solução formal e funcional adotada, e enriqueceu o discurso oral do alunado.

Palavras-chave: Avaliação pós-ocupação (APO); Design de Interiores; Experiência didática;


Processo de Projeto.
ABSTRACT
In recent decades, the Architecture and Urbanism have demonstrated a particular
interest in the relations between person and environment. One of such initiatives is the
incorporation of Post Occupancy Evaluation (POE) to the design process as an evaluative
strategy of the physical and functional aspects of the built environment and the
perception and behavior of users. Although the AU's experiments show positive results to
their incorporation in the design process, the academic background in Interior Design also
includes such thematic superficially. In this context, this research discusses the use of
POE’s methods and techniques as a complementary approach to the project exercise in
interior design, in academic context. The methodological approach divided into two
stages: 1) construction of a experts panel about teaching POE in undergraduate and
postgraduate studies in AU; 2) teaching experience (based on the results of the previous
stage), in the POE supported the development of an interiors project of library, which
involving Walkthrough, Technical and Functional Assessment, Behavioral Map, Wish
Poem, Questionnaires with users, Findings Matrix and Recommendations Board. The POE
results show that: (i) the students had a differentiated interest in the relationship
between user needs and design solutions; (ii) most of the methods / techniques was well
received, while there was some difficulty in ownership. The projective proposals were
analyzed during advisory sessions to the project and with participation of the head
teacher, based on the comparison of the solutions presented with the findings of Mother
and Table recommended. It was found that the POE influenced the new projects in
relation to the formal solution and functional adopted, and enriched of the students in
oral speech.

Key-words: Post-Occupation Evaluation (POE); Interior Design; Teaching Experience;


Design Process.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Esquema da APO..............................................................................................15
Figura 2 – Distribuição dos cursos de graduação regular em Design de Interiores nas IPES
brasileiras ........................................................................................................................17
Figura 3 – Distribuição dos cursos de graduação tecnológica em Design de Interiores por
região e principais estados ...............................................................................................17
Figura 4 – Diagrama de atividades....................................................................................26
Figura 5 – Projetos de Design de Interiores (Planta-baixa, corte, elevação e perspectiva) 29
Figura 6 – Gráficos sobre a experiência dos professores/pesquisadores com APO. ..........61
Figura 7 – Gráficos sobre a experiência da Instituição com o ensino de APO na graduação.
........................................................................................................................................62
Figura 8 – Gráficos sobre a experiência da Instituição com o ensino de APO na graduação.
........................................................................................................................................66
Figura 9 – Planta Baixa da Biblioteca. ...............................................................................71
Figura 10 – Resultado do Walkthrough ............................................................................74
Figura 11 – Resultado do Walkthrough ............................................................................75
Figura 12 – Exemplo de gráfico gerado para a Avaliação Técnico-Funcional. ....................77
Figura 13 – Exemplo de gráficos gerados para o Mapeamento Comportamental. ............80
Figura 14 – Exemplo de gráficos gerados para os Poemas dos Desejos. ............................82
Figura 15 – Exemplo de gráficos gerados para os Poemas dos Desejos. ............................82
Figura 16 – Exemplo de gráficos gerados para os Questionários.......................................85
Figura 17 – Modelo de Matriz de Descobertas. ................................................................88
Figura 18 – Modelo de Quadro de Recomendações. ........................................................88
Figura 19 – Matriz de Descobertas ...................................................................................89
Figura 20 – Quadro de Recomendações ...........................................................................90
Figura 21 – Matriz de Descobertas ...................................................................................91
Figura 22 – Quadro de Recomendações ...........................................................................91
Figura 23 – Estudo para disposição geral dos ambientes ..................................................96
Figura 24 – Acessibilidade ................................................................................................97
Figura 25 – Ampliação da Sala de Internet .......................................................................97
Figura 26 – Planta falada de layout ..................................................................................98
Figura 27 – Elementos decorativos ...................................................................................99
Figura 28 – Elementos decorativos ................................................................................. 100
Figura 29 – Croqui de setorização da Biblioteca ............................................................. 105
Figura 30 – Cortes do Acervo ......................................................................................... 106

LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Princípios do Design de Interiores ..................................................................27
Quadro 2 – Principais grupos de pesquisa em APO em março/2012. ................................36
Quadro 3 – Principais métodos/técnicas de pesquisa em APO – em ordem alfabética .....52

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS


ABD – Associação Brasileira de Design
ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas
AU – Arquitetura e Urbanismo
APO – Avaliação Pós-Ocupação
CBO – Classificação Brasileira de Ocupações
FAU – Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
IES – Instituições de Ensino Superior
IFI – International Federation of Interior Architects/Designers
IFPB – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Paraíba
IPES – Instituições Públicas de Ensino Superior
MCCL – Mapa Comportamental centrado no lugar
MCCP – Mapa Comportamental centrado na pessoa
MEC – Ministério da Educação
MTE – Ministério do Trabalho e do Emprego
NBR – Norma Brasileira Regulamentadora
RPA – Relações pessoa-ambiente
TCLE – Termo de Compromisso Livre e Esclarecido
TFG – Trabalho Final de Graduação
UEMG – Universidade Estadual de Minas Gerais
UFBA – Universidade Federal da Bahia
UFG – Universidade Federal de Goiás
UFPE – Universidade Federal de Pernambuco
UFPEL – Universidade Federal de Pelotas
UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro
UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Unicamp – Universidade Estadual de Campinas
USP – Universidade de São Paulo
UFU – Universidade Federal de Uberlândia
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO _______________________________________________________ 13
2 PONTOS DE PARTIDA _________________________________________________ 23
2.1 O PROJETO DE DESIGN DE INTERIORES ____________________________________ 23
2.2 AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO ____________________________________________ 30
2.2.1 APO na Graduação e na Pós-Graduação ________________________________________ 35
2.2.2 APO e Projeto de AU _______________________________________________________ 38
2.2.3 Principais Métodos e Técnicas de APO _________________________________________ 44

3 PROPOSTA DE ESTUDO _______________________________________________ 53


3.1 PESQUISA PRELIMINAR _________________________________________________ 53
3.2 ESTUDO BIBLIOGRÁFICO ________________________________________________ 55
3.3 ESTUDOS EMPÍRICOS __________________________________________________ 55
3.3.1 Estudo 1 - Painel de Experts _________________________________________________ 55
3.3.2 Estudo 2 – A Experiência Didática _____________________________________________ 56

4 ESTUDO 1: PAINEL DE EXPERTS _________________________________________ 58


4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ______________________________________ 58
4.2 RESULTADOS _________________________________________________________ 59
4.3 INDICAÇÕES PARA CONTINUIDADE DO TRABALHO ___________________________ 68
5 ESTUDO 2: A EXPERIÊNCIA DIDÁTICA ____________________________________ 69
5.1 PLANEJAMENTO ______________________________________________________ 69
5.2 O DESENVOLVIMENTO DA APO __________________________________________ 72
5.2.1 Walkthrough _____________________________________________________________ 73
5.2.2 Avaliação Técnico-Funcional _________________________________________________ 76
5.2.3 Mapa Comportamental _____________________________________________________ 79
5.2.4 Poema dos Desejos ________________________________________________________ 81
5.2.5 Questionário _____________________________________________________________ 84
5.2.6 Síntese Final: Matriz de Descobertas e Quadro de Recomendações __________________ 87
5.3 AS PROPOSTAS PROJETUAIS _____________________________________________ 92
5.3.1 As soluções projetuais ______________________________________________________ 94
5.3.2 A APO e as propostas desenvolvidas __________________________________________ 101
5.3.3 Com a palavra o professor... ________________________________________________ 103

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS _____________________________________________ 108


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ____________________________________________ 113
APÊNDICES ____________________________________________________________ 119
1 INTRODUÇÃO
Os objetos arquitetônicos que nos cercam e compõem nosso cotidiano
representam muito mais do que apenas o ambiente físico no qual desempenhamos
nossas atividades diárias; neles estão representados as relações, os valores e os
interesses pessoais e de grupos ali abrigados.
A relação de interdependência entre o homem e o ambiente forma um sistema
complexo, autoregulável e com muitas variáveis; no qual se entende como ambiente o
conjunto que abrange o meio físico (natural ou construído), os indivíduos e todos os
condicionantes sociais, políticos, culturais, econômicos e psicológicos envolvidos. Nesse
conjunto, propriedades intrínsecas, como ajuste (a pessoa modifica o ambiente) e
adaptação (a pessoa se modifica), permitem que o ambiente se reformule e assuma
novas características e configurações diante de qualquer alteração nos elementos que o
compõem.
As relações pessoa-ambiente (RPA) são objeto de estudo de vários campos do
conhecimento, os quais compartilham interesses comuns e endossam a perspectiva
holística e interdisciplinar que um tema com tamanha complexidade exige. De acordo
com Campos-de-Carvalho, Cavalcante e Nóbrega (2011), o estudo das RPA está inserido
num amplo campo de conhecimento multidisciplinar que envolve a Geografia Social, a
Arquitetura, a Sociologia Ambiental, a Ecologia Humana, o Planejamento Urbano, a
Biologia, a Engenharia Ambiental, etc. Logo, o modo de investigar as RPA pode variar em
função das especificidades de cada campo, o que promove a valorização de determinados
objetivos e objetos de interesse.
Nos campos da Arquitetura e do Urbanismo e da Psicologia Ambiental, um dos
desdobramentos dos estudos de RPA é a Avaliação Pós-Ocupação (APO), uma abordagem
de avaliação de desempenho do ambiente construído que vêm se consolidando desde a
década de 60, quando, segundo Roméro e Ornstein (2003), se verificou a relevância de
sua aplicação como mecanismo realimentador de controle de qualidade ou de
desenvolvimento de projetos complexos (ex.: aeroportos, shopping centers, ginásios de

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13
esportes, hospitais, asilos, estabelecimentos penais, parques) e/ou implementados em
larga escala (ex.: conjuntos habitacionais, escolas, postos de saúde).
Atualmente, a APO é entendida como uma estratégia de pesquisa de caráter
interdisciplinar que identifica respostas das edificações diante de solicitações
construtivas, funcionais, econômicas, estéticas e comportamentais. De modo geral, ela
busca compreender aspectos relacionados à percepção ambiental e comportamentos dos
usuários, no sentido de levantar dados que promovam uma recuperação consciente dos
ambientes e permitam o aprimoramento de projetos futuros com temáticas e programas
semelhantes (ORNSTEIN, ROMÉRO, 1992).
A principal característica e o que distingue a APO de outras avaliações de
desempenho é que, sem minimizar a importância das avaliações técnicas, ela considera
fundamental aferir o atendimento das necessidades ou o nível de satisfação dos usuários
a partir do ponto de vista deles próprios, sejam técnicos ou leigos. Nesse sentido, a APO
tem grande validade “ecológica”, pois a avaliação, o diagnóstico e as recomendações são
desenvolvidos em/para um objeto arquitetônico em uso (ROMÉRO, ORNSTEIN, 2003),
incidindo diretamente sobre sua modificação.
Associada ao processo de projeto, a APO amplia o debate acerca da importância
do ambiente construído e suas interações no estudo de precedentes/referências e na
realimentação do ciclo projetual. Deste modo, segundo Elali e Veloso (2006), a avaliação
religa as sucessivas etapas que conduzem ao uso e apropriação do objeto arquitetônico –
fase mais longa no ciclo vital de uma edificação (Figura 1).
O processo projetual em si abrange desde o levantamento/análise de dados e materialização
das ideias em representações gráficas, aprimoramentos e redefinições até a obtenção da
solução projetual final, sendo caracterizado como um processo cíclico com muitas
variáveis e soluções ilimitadas. Ao considerar o período de uso e ocupação como fonte de
informação para a concepção projetual é possível repensar a intenção do projeto original e
se este ainda atende as demandas para a qual foi previsto (Kowaltovski, et al, 2006), para
tanto é preciso analisar os acertos e as deficiências do ponto de vista profissional/técnico e
do ponto de vista dos usuários, o que possibilita a manutenção do caráter cíclico da
atividade projetual e a ampliação da vida útil da edificação.

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14
Figura 1 – Esquema da APO

Fabricação de Construção Uso, operação


Planejamento Projeto materiais e Execução e manutenção
componentes

APO

Fonte: Roméro, Ornstein (2003) trabalhados pela autora.

Como o objeto arquitetônico é um produto continuamente em uso, ou seja, que


está sempre sendo experimentado e repensado pelos usuários (quer leigos, quer
profissionais do espaço), os quais procuram de alguma maneira ali satisfazer suas
necessidades socioespaciais, a APO se insere no processo de projeto com a intenção de
possibilitar uma melhor compreensão dessas necessidades aplicando suas descobertas
principalmente à programação arquitetônica.
Rheingantz et al (2009) afirmam que ao reconhecer o ambiente construído e os
comportamentos nele desenvolvidos, a APO contribui para a elaboração de projetos mais
assertivos e adequados às solicitações humano-ambientais e à qualidade do lugar,
entendido como o ambiente que adquire significado a partir da experiência, da memória,
da história, das inter-relações sociais e humanas, de modo que sua qualidade atrai ou
afasta as pessoas.
Neste contexto, observa-se que, nos cursos de graduação e pós-graduação em
Arquitetura e Urbanismo (AU) das Instituições de Ensino Superior (IES) brasileiras, o
ensino de APO vêm sendo gradualmente introduzido desde a década de 1980, tanto
como campo de pesquisa quanto na fundamentação de projetos.
Em razão do seu caráter interdisciplinar, um crescente número de publicações e
pesquisas indicam, também, a possibilidade de utilização da APO no processo projetual
de áreas correlatas à AU, de modo que também passem a considerar em seus projetos os
elementos presentes na dinâmica de uso/ocupação do ambiente construído pelos
_____________________________________________________________________________________________________________

15
usuários. Partindo desta argumentação, essa dissertação pretende explorar justamente
esta lacuna, propondo a incorporação da APO aos cursos de graduação em Design de
Interiores 1.
Diferentemente dos cursos de AU, o ensino e as pesquisas de RPA e APO nos
cursos de Design de Interiores ainda é pouco disseminado. Neste sentindo, discute-se a
aplicabilidade da APO no processo de projeto no campo de design de interiores, com o
objetivo de aperfeiçoar o entendimento do lugar, a identificação e caracterização dos
usuários e a identificação de problemas e soluções relevantes para projetos nessa área,
sobretudo no que se refere a ambientes comerciais e de serviços (corporativos,
institucionais, de saúde, etc.).
Embora sejam relativamente recentes enquanto formação de nível superior (a
mais antiga, na UFRJ, data de 1971), os cursos de Design de Interiores têm se consolidado
rapidamente, somando hoje 5 graduações regulares em Instituições Públicas de Ensino
Superior (IPES) (Figura 2), concentrados nos Estados da Bahia, Minas Gerais, Rio de
Janeiro e Goiás.
Outro modelo de formação na área de Design de Interiores são as graduações
tecnológicas, cursos superiores focados na educação profissional com duração média de 2
anos e meio. Essas graduações somam hoje 143 cursos em todo Brasil 2, concentrados,
principalmente, nas capitais da região Sudeste, Sul e Nordeste (Figura 3), com destaque
para São Paulo, com um número de graduações tecnológicas muito superior ao dos
outros estados, embora não sedie os cursos mais antigos (graduações regulares).

1
Embora nos últimos anos se verifique uma mudança de nomenclatura justificada pelo contexto de atuação de alguns
cursos, que a partir de reformas curriculares alteraram a titulação para Design de Ambientes ou apenas Design,
ampliando assim o campo de atuação profissional, nessa dissertação utilizaremos a nomenclatura Design de Interiores,
simplesmente por ser mais facilmente identificável no quadro nacional e por ser este o eixo principal de formação
desses cursos.
2
Levantamento realizado no sítio eletrônico de consulta as Instituições de Educação Superior e Cursos Cadastrados do
MEC, (http://emec.mec.gov.br/) em dezembro de 2014. Ver capítulo 3 Procedimentos Metodológicos.
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16
Figura 2 – Distribuição dos cursos de graduação regular em Design de Interiores nas IPES brasileiras

Fonte: E-mec, trabalhado pela autora.

Figura 3 – Distribuição dos cursos de graduação tecnológica em Design de Interiores por região e
principais estados

Região Cursos (%)


Sudeste 77 54
Sul 27 19
Nordeste 23 16
Centro-Oeste 13 9
Norte 3 2

Estados Cursos
SP 58
MG / PR 10
SC 9
RS 8
RJ / DF / PE 7

Fonte: E-mec, trabalhado pela autora.

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17
De acordo com o Ministério da Educação, os cursos de Design de Interiores fazem
parte do campo de conhecimento do Design, caracterizado pelo desenvolvimento de
projetos para ambientes, produtos, processos e ideias, e seguem parâmetros curriculares
próprios.
Para fins de conceituação, se faz necessário definir e delimitar o campo do design
de interiores neste trabalho, embora esta seja uma tarefa difícil, uma vez que, tanto a
formação acadêmica quanto o campo de atuação ainda encontram-se em consolidação e,
muitas vezes, concorrendo com outras atividades que também são responsáveis pela
produção e intervenção do espaço físico.
Teoricamente, diferencia-se o campo da Arquitetura do Design de interiores a
partir do objeto trabalhado, ou seja, da escala de intervenção e dos elementos
envolvidos, já que o designer de interiores não está habilitado para realizar intervenções
nos elementos estruturantes de uma edificação (CHING, BINGGELI, 2013), e geralmente
lida com a microescala, enquanto a arquitetura dedica-se mais fortemente à macro e à
mega-escala (respectivamente, edifícios e meio urbano). De fato, em muitas situações
práticas, as profissões se complementam.
No que se refere à atuação profissional dos designers de interiores, o exercício
projetual é a principal atividade, ponto de convergência e de síntese entre os diversos
aspectos e condicionantes do espaço físico, dos clientes e usuários 3. De acordo com Cirne
e Geoffroy (2013), o designer de interiores atua no projeto, execução, pesquisa,
consultoria e na área de serviços relacionados aos espaços interiores.
Assim como na AU, no projeto (processo e produto final) de design de interiores
devem ser considerados aspectos funcionais, culturais, estéticos, psicológicos,
tecnológicos e econômicos, embora muitas vezes aconteça a ascensão dos valores
estéticos em detrimento dos demais, promovendo intervenções pouco conscientes em
termos de suas implicações/consequências comportamentais, o que Elali (2002) denuncia

3
Frequentemente, cliente e usuário não são a mesma pessoa. O cliente muitas vezes está representado na figura de um
investidor e o usuário é o consumidor final do produto arquitetônico. Logo, nessas situações, o projetista, arquiteto ou
designer de interiores, torna-se um mediador e precisa atender as exigências do cliente e as necessidades do usuário
final em sua proposta projetual.
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18
ser um lugar comum também a arquitetos e outros profissionais que lidam com o projeto
do espaço.
Na prática, os limites entre Arquitetura e Design de Interiores são bastante
flexíveis, principalmente quando considerado o caso de trabalhos desenvolvidos por
equipes multidisciplinares. Embora este seja um assunto de grande importância para
reflexão e debate, notadamente na academia, esta dissertação fará apenas uma breve
discussão desses temas e sobre o projeto de design de interiores, atendo-se mais
fortemente às experiências de utilização da APO nos cursos de AU e as possibilidades e
limitações da aplicação dos seus métodos e técnicas no processo de projetos de
interiores.
De maneira geral, os cursos de graduação em Design de Interiores objetivam a
formação de profissionais que planejam ambientes interiores (residenciais, comerciais,
corporativos e institucionais) considerando aspectos técnicos, funcionais, culturais,
econômicos e psicológicos do ambiente construído para a qualidade de vida dos usuários
(ABD, 2014a; CHING, BINGGELI, 2013; GIBBS, 2009; GURGEL, 2007).
A Classificação Brasileira de Ocupações do Ministério do Trabalho e do Emprego
(CBO-MTE) descreve a atividade profissional dos Designers de Interiores de Nível Superior
da seguinte maneira:

Projetam e executam de forma criativa e científica soluções para espaços


interiores residenciais, comerciais e institucionais, visando a estética, a
eficiência, a segurança, a saúde e o conforto. Pesquisam produtos, materiais e
equipamentos para elaboração e execução de projetos de interiores. (CBO,
2002, p. 417)

Apesar dessa intenção geral, verifica-se nesses cursos poucas disciplinas que
abordam avaliações sistemáticas de edificações ou ambientes edificados e sua interface
com o projeto. Em função disso, os profissionais formados pouco conhecem (ou mesmo
desconhecem) métodos e técnicas de pesquisa no campo das RPA e da APO e seus
possíveis rebatimentos no projeto, limitando-se às atividades na área da ergonomia que,
embora fundamentais para o projeto, não investigam algumas variáveis necessárias ao
bom desempenho do ambiente (ELALI, 2011a).

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19
Entendendo-se as graduações regulares em Design de Interiores como os cursos
brasileiros mais completos nesse campo (dada a sua maior duração, 4 anos), analisamos
os Projetos Pedagógicos de Cursos (PPC) e os ementários das disciplinas 4 das instituições
anteriormente mencionadas (UFBA, UEMG, UFU, UFRJ e UFG). De acordo com esses
documentos, apenas os cursos da UFU e da UFG oferecem disciplinas que abordam de
forma indireta a APO e as RPA, contudo tratando o assunto apenas no campo teórico; a
interface entre APO e a prática projetual não é explorada ou não foi mencionada nesses
documentos.
Por sua vez, as graduações tecnológicas (com duração média de 2,5 anos), em sua
maioria estão ligadas às instituições privadas e informações relativas à PPC e ementários
não se encontram disponíveis nos sítios eletrônicos. Contudo, acredita-se que o contexto
de ensino de APO e RPA nestes cursos é equivalente ou menor do que o verificado nos
cursos regulares, pois, além da carga horária reduzida, essas graduações são direcionadas
para o mercado profissional e abordam de modo mais sucinto as disciplinas de
fundamentação.
Deste modo, como a formação na área precisa ser constantemente repensada e
aprimorada, entende-se que a inserção da APO como abordagem de análise de questões
ligadas ao uso do ambiente construído pode representar, a exemplo das experiências
realizadas nos cursos de AU (ELALI, 2011b; ELALI, VELOSO, 2006; ORNSTEIN, 2002), o
aprimoramento do processo de concepção projetual, conferindo a ele um caráter
interdisciplinar e participativo que possibilita o desenvolvimento de projetos e arranjos
espaciais menos padronizados e mais coerentes com a realidade e as necessidades dos
usuários.
É, portanto, ao valorizar as particularidades e as singularidades de ambientes e
usuários que a APO contribui para o projeto arquitetônico e pode contribuir também para
o projeto de interiores, permitindo ao profissional aprofundar o entendimento do
programa de necessidades, a compreensão do público alvo e suas expectativas, a

4
Apenas os cursos da UEMG, UFU e UFG disponibilizaram os PPC completos, seja através do sítio eletrônico ou através
de seus representantes. No curso da UFRJ as ementas estão disponíveis no sítio eletrônico, mas o PPC oficial está
desatualizado e o atual ainda não se encontra aprovado em todas as instâncias da Universidade, de acordo com a
coordenadora. O curso da UFBA não disponibilizou as informações solicitadas em tempo hábil. Ver Capítulo 3
Procedimentos Metodológicos.
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20
identificação de comportamentos padrões e a captação de valores e significados
socioculturais importantes para o projeto.
A experiência didática proposta por este trabalho pretende compreender essas
contribuições e refletir acerca da sistematização das visitas exploratórias e das
observações do ambiente construído no processo de projeto de interiores em âmbito
acadêmico, pois apesar da quantidade significativa de publicações sobre APO como
instrumento de pesquisa em arquitetura, pouco se discute sobre as experiências de APO
para o design de interiores.
A questão que se pretende investigar é, portanto, como inserir métodos e técnicas
de APO no desenvolvimento projetual de design de interiores em meio acadêmico.
Acredita-se que o entendimento e a utilização destes métodos e técnicas de APO será útil
para melhorar o desempenho dos estudantes nas disciplinas de projeto de interiores,
especialmente na elaboração do programa de necessidades e no desenvolvimento de
intervenções que priorizem a qualidade ambiental do projeto e a adequação das funções
às expectativas dos usuários.
Atuando de modo a responder tal indagação, o objetivo dessa dissertação é
discutir a utilização de métodos e técnicas de pesquisa da APO como abordagem
complementar ao exercício projetual de design de interiores, em contexto acadêmico de
graduação. Para auxiliar a discussão pretendida foram definidos 03 objetivos específicos:

 Investigar a experiência de professores/pesquisadores na área de AU na


aplicação de APO como parte do ateliê de projeto de arquitetura;
 Entender os principais métodos e técnicas de APO utilizados na área de AU,
a fim de propor modos para inseri-los no processo de projeto de interiores;
 Planejar e desenvolver uma experiência didática centrada no uso da APO
como base para o projeto de interiores.

A abordagem metodológica da pesquisa se desenvolveu em duas etapas. A


primeira correspondeu à construção de um painel de experts para traçar um panorama
do ensino de APO nos cursos de graduação e pós-graduação em AU de IES brasileiras, a
_____________________________________________________________________________________________________________

21
partir da aplicação de questionários online a professores de referência e líderes de grupos
de pesquisa no campo da APO, cujas informações e orientações subsidiaram a etapa
subsequente. A segunda etapa foi o planejamento de uma experiência didática de
inserção da APO em uma disciplina de projeto de interiores e seu pré-teste em um curso
de graduação tecnológica de Design de Interiores.
Ainda que o universo de estudo dessa pesquisa sejam os cursos de graduação em
Design de Interiores, quer regulares quer tecnológicos, para realização da experiência
didática optou-se por trabalhar na graduação tecnológica, por entender ser este o
contexto mais frágil da formação superior na área. Acredita-se que o desenvolvimento
desta experiência num curso com carga horária menor implica em sua mais fácil
reprodução nos cursos de graduação regulares com carga horária mais extensa, processo
que poderia tornar-se menos simples no caso inverso.
Embora eventualmente a experiência realizada também possa vir a ter
rebatimento em disciplinas de arquitetura de interiores ministradas na graduação em AU,
nessa dissertação optamos por não enveredar por este tema, já que em muitos destes
cursos a prática de APO está consolidada, em geral ligando-se a disciplinas de projeto de
arquitetura, de modo que o alunado já teve contato anterior com o campo.
Em acordo com os objetivos aqui estabelecidos, para apresentar o percurso
realizado e os produtos obtidos essa dissertação desenvolve-se em 5 capítulos. O
primeiro capítulo introduz e contextualiza o problema investigado. O segundo desenvolve
a abordagem teórico-conceitual da APO, com ênfase na utilização da APO no processo de
projeto e os seus principais métodos e técnicas, assim como trata das principais etapas e
conceitos do projeto de interiores. No terceiro estão descritos os procedimentos
metodológicos realizados. O quarto capítulo traça um panorama da APO segundo a
opinião dos experts. No quinto são apresentados os resultados obtidos na experiência
didática. E, por fim, seguem-se as considerações finais, além de elementos pós-textuais.

_____________________________________________________________________________________________________________

22
2 PONTOS DE PARTIDA
Considerando a problemática em discussão, nesse capítulo são esclarecidos os
dois pontos de partida da dissertação: o Projeto de Interiores e a Avaliação Pós-Ocupação
(APO).
Inicialmente é apresentado brevemente o conceito de projeto de interiores e as
particularidades que o diferem de outros projetos, assim como as principais etapas do
processo de projeto, os conceitos e os princípios do design, de modo a apontar a
importância de procurar abordagens que o subsidiem promovendo maior conhecimento
da realidade a intervir.
Segue-se uma explanação sobre o contexto de surgimento e expansão da APO a
partir dos estudos das relações pessoa-ambiente, e sua consolidação no campo da
Arquitetura e Urbanismo brasileiros, com identificação de suas principais características e
definições e sua contribuição para processo de projeto em AU, realimentando o ciclo
projetual e ampliando o repertório dos projetistas. São descritas, ainda, algumas
particularidades metodológicas da APO e os principais métodos/técnicas de pesquisa que
a alimentam enquanto estratégia de pesquisa.

2.1 O Projeto de Design de Interiores

Um projeto de interiores deve considerar a estrutura do edifício, a localização, o


respeito ao meio ambiente, o contexto social e legal do uso do espaço. A
concepção exige uma metodologia sistemática e coordenada que inclui
pesquisa e levantamento das necessidades do cliente e sua adequação às
soluções estruturais, de sistemas e produtos. (ABD, 2014b)

Os profissionais de Design de Interiores lidam constantemente com a relação


usuário-espaço quando se propõem a planejar ambientes funcionais e agradáveis
psicologicamente e esteticamente, que preconizem pela qualidade de vida dos usuários.
Os designers de interiores, de acordo com a sua formação acadêmica (Técnico, Tecnólogo

_____________________________________________________________________________________________________________

23
ou Bacharel), têm a responsabilidade de considerar no desenvolvimento do projeto para
ambientes interiores questões que extrapolam o invólucro físico, tais como os elementos
estruturantes do edifício, as condições bioclimáticas do local e ainda o contexto sócio
cultural.
A Federação Internacional de Arquitetos/Design de Interiores 5 (IFI) publicou em
2011 um documento intitulado “IFI Interiors Declaration”, na qual expressava de forma
sucinta os principais pontos para uma aliança internacional que apresente aos órgãos
públicos e para a sociedade em geral os benefícios do design de interiores e da
colaboração multidisciplinar entre as diversas áreas do design. Destaca-se, neste
documento, o designer de interiores como o profissional responsável por sintetizar
ambientes, personalidades e comportamentos humanos e os traduzir sistematicamente
em medidas mensuráveis para o projeto.
Ainda de acordo com IFI (2014), o designer de interiores habilitado é capaz de
identificar, pesquisar e resolver de forma criativa problemas relacionados à função e a
qualidade do ambiente interior. Os serviços relacionados a estas atividades envolvem o
desenvolvimento de esquemas, desenhos e documentos necessários para um projeto que
preserve a qualidade de vida, saúde, segurança, bem-estar do usuário e do meio-
ambiente.
Considerando a proximidade entre os campos da Arquitetura de Interiores e do
Design de Interiores, e ainda o campo da Decoração de Interiores, Brooker e Stone (2007)
apresentam a seguinte definição para as áreas:

Design de interiores é o termo tradicionalmente utilizado para descrever todo


tipo de projetista de interiores. Nele está incluído desde decoração aos projetos
de reformulação. Contudo, tendo em vista que as reformulações se tornaram
uma conceituada prática, se faz necessário dividir o campo principal e definir
mais claramente as especificidades de cada um: arquitetura de interiores e
design de interiores são processos que manipulam as 3 dimensões do ambiente
e não deve ser confundido com decoração de interiores, que se concentra
geralmente nos equipamentos e acabamentos.
(...) Arquitetura de Interiores se preocupa com a reformulação de edificações
existentes; com o desenvolvimento de novas ações através dos espaços e
estruturas existentes, com o reuso e princípios organizacionais. Ela abrange as
práticas de design de interiores e arquitetura, lidando frequentemente com
problemas estruturais complexos, ambientais e de manutenção. Esta prática

5
International Federation of Interior Architects/Designers
_____________________________________________________________________________________________________________

24
compreende uma grande variedade de projetos como museus, galerias e
prédios públicos.
(...) Design de Interiores é uma prática interdisciplinar preocupada com a
criação de ambientes interiores que articulam a identidade e a atmosfera
através da manipulação do volume espacial, da disposição de elementos
específicos como mobiliários, e do tratamento de superfícies. De maneira geral,
os projetos requerem poucas ou nenhuma mudança estrutural da edificação
existente, embora existam muitas exceções. Em alguns casos a estrutura
original é mantida e um novo interior é inserido dentro dela. Muitos desses tem
qualidade efêmera e, normalmente, compreende projetos comerciais, para
exposições, residenciais e escritórios.
(...) Decoração de interiores é a arte de decorar espaços internos ou salas para
conferir um caráter diferenciado à arquitetura existente. A decoração de
interiores está preocupada com questões como padrão de superfícies,
ornamentação, mobiliário, textura, iluminação e materiais. Em geral desenvolve
apenas pequenas modificações estruturais na edificação existente. Exemplos
típicos desta prática são os design para residências, hotéis e interiores de
restaurantes. (p. 12-18)

No Brasil, o termo Design de Interiores popularizou-se e vêm sendo utilizado de


forma indiscriminada por profissionais e leigos para se referir as intervenções nos
ambientes interiores, sejam elas reformulações arquitetônicas ou apenas decorativas.
De acordo com Gibbs (2013), a formação acadêmica e profissional propicia ao
designer de interiores o aprimoramento da função e da qualidade dos espaços interiores,
o que acontece por meio de atividades relacionadas à análise do cliente, à formulação de
conceitos e padrões de funcionalidade e estética, ao desenvolvimento de
recomendações, à elaboração de projeto executivo, organização e planejamento de
contratos e obra. Embora semelhante, o trabalho do decorador de interiores é mais
restrito, geralmente se voltando para questões relacionadas à disposição dos móveis,
definição de estilo e cores, e seleção de materiais e acabamentos.
Como comentado anteriormente, a diferenciação entre estes campos é sutil, de
modo que, em muitas situações da prática profissional Arquitetura, Arquitetura de
Interiores, Design e Decoração de Interiores confundem-se, o que provavelmente
acontece por terem origem em um campo comum, a Arquitetura e Urbanismo (Figura 4).
Em qualquer destas áreas, no entanto, aspectos como funcionalidade, sustentabilidade,
desenho universal e qualidade de vida são temas recorrentes e fundamentais para um
bom projeto.

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25
Figura 4 – Diagrama de atividades

Arquitetura e Urbanismo

Arquitetura de Interiores

Design de Interiores

Decoração

Fonte: Gubert (2011), trabalhado pela autora.

Contudo, apesar dessa evidente confluência de interesses, é necessário ressaltar


que embora reconhecidos pelo MEC e pelo CBO, os profissionais de Design de Interiores,
sejam eles técnicos, tecnólogos ou bacharéis, não são regulamentados por um conselho
regional ou federal. De acordo com a ABD, o projeto de lei que regulamenta o exercício
da profissão de designer de interiores (PL 4692/2012) ainda encontra-se em tramitação
na Câmara dos Deputados Federais.
No que se refere ao projeto de design de interiores, Gurgel (2013) define os
principais fundamentos, conceitos e etapas do processo. De acordo com a autora, a
primeira etapa se dedica a definição do perfil do cliente e identificação das principais
necessidades. A segunda etapa se destina ao estudo do local, neste momento são
desenvolvidos os levantamentos e registros fotográficos. A terceira etapa tem como
objetivo analisar as informações anteriores e organizá-las de modo a priorizar os
problemas mais urgentes. A partir desta etapa se inicia o processo criativo, nele
articulam-se uma variedade de subprojetos e pequenas soluções que compõem o projeto
em si. Por fim, as decisões projetuais são reavaliadas para que se certifique que o
resultado final atende plenamente as necessidades do cliente.

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26
Ching e Binggeli (2013) descrevem o processo de projeto em interiores de forma
similar com etapas sequenciais que, inicialmente, identificam necessidades e exigências
do cliente (definição do problema) para a construção do programa de necessidades e, em
seguida, formulação do conceito do projeto. O processo de criação inclui a avaliação,
comparação e teste das diversas alternativas propostas até se obter as decisões
projetuais definitivas.
No processo criativo descrito pelos autores de referências na área, o design de
interiores se utiliza de elementos como espaço, forma, linhas, texturas, padronagens, luz
e cor para solucionar problemas e alcançar soluções ideais para o projeto. Descrevem
ainda os princípios do design, os quais devem permear as relações entre os elementos
que compõem o ambiente como um todo (Quadro 1).

Quadro 1 – Princípios do Design de Interiores

Ching e Binggeli (2013) Gibbs (2013) Gurgel (2013)


Proporção Dimensionamento Humano Equilíbrio
Escala Escala e Proporção Harmonia
Equilíbrio Princípios de ordem: Unidade e Variedade
Harmonia Linha, plano e volume (Datum) Ritmo
Unidade e Variedade Simetria e Assimetria Escala e Proporção
Ritmo Equilíbrio e Contraste Contraste
Ênfase Ritmo e Repetição Ênfase e Centro de Interesse
Focos Visuais

Fonte: Gubert (2011), trabalhados pela autora.

Um projeto de excelência articula os princípios do design de modo a atender


equilibradamente questões funcionais, estéticas e simbólicas do ambiente (Gubert,
2011).
A representação do projeto de design de interiores, assim como do projeto
arquitetônico, é parte fundamental do processo criativo e comunica graficamente as
intenções do projetista nas diferentes fases de desenvolvimento do projeto, desde a
formulação do conceito até a proposta final (croqui, estudo preliminar, ante-projeto e
projeto executivo).

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27
No projeto, a função do desenho se expande para incluir o que já existe,
eliminar ideias e especular e planejar para o futuro. Ao longo do processo de
projeto, usamos desenhos para guiar o desenvolvimento de uma ideia, desde o
conceito até a proposta e a realidade construída.
(...) A tarefa central do desenho de arquitetura (de interiores) é representar
formas, construções e ambientes espaciais tridimensionais em uma superfície
bidimensional. (Ching e Binggeli, 2013, p. 70-71)

Gurgel (2010) afirma que para representar um projeto inúmeros recursos, técnicas
e processos são utilizados. Mas, de maneira geral, o processo criativo inicia-se com
plantas, elevações e perspectivas que permitem ao profissional pensar de forma
bidimensional e tridimensional o ambiente a ser projetado. As ferramentas
computacionais auxiliam este processo e constituem atualmente mais uma habilidade do
profissional da área de design de interiores.
As representações gráficas desenvolvidas para um projeto de interiores são,
geralmente, plantas (planos gerais, setorização, layout, piso, teto e localização de pontos
de elétrica, hidráulica, etc.), elevações, cortes, detalhes, perspectivas (Figura 5) e
documentos complementares (planilhas de especificações, memorial e outros).
Diferentemente do projeto arquitetônico e urbanístico que lidam com a macro
(edifícios) e a mega escala (urbano), o projeto de interiores dedica-se a micro escala, o
que reflete diretamente na escala gráfica das representações. As plantas, cortes e
elevações recorrem as escalas gráficas de 1:50, 1:33 1/3, 1:25 e 1:20 para representar
mais precisamente a concepção geral do desenho e os detalhes internos. Quando se faz
necessário detalhar elementos do desenho para execução (marcenaria, encaixes,
iluminação e etc.) as escalas utilizadas são 1:10, 1:5 e 1:1.
Convém destacar que, embora o processo varie entre instituições de ensino e
profissionais do mercado, as representações gráficas dos projetos de interiores seguem
os critérios definidos pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) para boa
compreensão e uniformização dos projetos, assim como para determinar padrões
mínimos de qualidade, processos e procedimentos.

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28
Figura 5 – Projetos de Design de Interiores (Planta-baixa, Corte, elevação e Perspectivas)

Fonte: Gibbs (2013)

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29
Diante do reconhecimento do perfil profissional, das atividades envolvidas no
projeto e, principalmente, da importância atual dos métodos e técnicas que investigam o
ambiente construído no campo maior da Arquitetura e do Urbanismo, considera-se
fundamental para o exercício projetual em design de interiores compreender
profundamente o objeto da intervenção e os seus usuários para propor soluções
adequadas para o espaço em estudo. E, embora os estudos de referência/precedentes e
as visitas exploratórias desenvolvidas durante o processo de projeto contribuam com esta
atividade, por ser um processo sistematizado e interdisciplinar de avaliação que considera
variáveis objetivas e subjetivas do ambiente construído, a APO mostra-se um caminho
promissor para atingir essa meta, conforme apresentado a seguir.

2.2 Avaliação Pós-Ocupação

Originados no campo das ciências sociais e humanas, os estudos das relações


pessoa-ambiente (RPA) buscam compreender comportamentos e experiências que
ocorrem no ambiente (quer natural ou construído), e representem ou caracterizem os
usuários ou grupos de usuários no que concerne às suas preferências e necessidades
socioespaciais.
Incorporados ao campo da Arquitetura e do Urbanismo, os estudos de RPA
possibilitaram aos profissionais de AU repensar o papel do usuário e do ambiente no
processo projetual, uma vez que as interações ocorridas entre pessoa e ambiente
(sempre variáveis e em constante processo de adaptação/ajustes mútuos) conferem
sentido e valor ao objeto arquitetônico. Esse tipo de constatação justifica a necessidade
de avaliações sistemáticas que priorizem a realimentação do ciclo de vida das edificações
e questões relativas à qualidade do espaço construído e satisfação dos usuários.

O crescimento desta área está vinculado à compreensão de que o ambiente


construído e seu processo de produção e uso, não são simples expressões
físicas ou artefatos, mas são resultados de uma análise, e por isto devem
expressar e interpretar a reação dos usuários, de diversas maneiras, de acordo
com as necessidades humanas, os modos de pensar, as atitudes, os valores, as
imagens, os domínios, impregnados na sua própria cultura. (ORNSTEIN, BRUNO,
ROMÉRO, 1995, p. 25)
_____________________________________________________________________________________________________________

30
Aliada as avaliações e simulações físicas e funcionais, os estudos de RPA ganharam
contornos próprios à Arquitetura e Urbanismo com a Avaliação Pós-Ocupação (APO). Elali
(2002) comenta que a aproximação dos estudos de RPA veio acrescentar a perspectiva da
práxis aos estudos realizados no campo da Arquitetura e do Urbanismo, o que aumentou
o interesse nas avaliações ambientais e de edificações, proporcionando maior
participação do usuário nos processos de design.
Neste contexto, as primeiras pesquisas de APO foram realizadas entre as décadas
de 1950 e 1960, e representavam a emergência desse novo campo de estudos que se
interessava inicialmente pelo estudo dos conjuntos habitacionais europeus construídos
no período pós 2ª Guerra Mundial e por edificações complexas como alojamentos para
estudantes, hospitais e prédios multifamiliares (PREISER, VISCHER, 2005; RABINOWITZ,
1989). Uma das primeiras publicações que abordou diretamente a APO, reunindo as
pesquisas realizadas entre 1970 e 1985, apresentou a seguinte definição:

Avaliação pós-ocupação é o processo de avaliação de edifícios de forma


sistemática e rigorosa depois de terem sido construídos e ocupados por algum
tempo. APO foca nos ocupantes do edifício e suas necessidades, assim eles
fornecem informações sobre as consequências das decisões de projeto e sobre
o desempenho do edifício. Este conhecimento constitui uma base sólida para a
criação de edifícios melhores no futuro. (PREISER, RABINOWITZ, WHITE, 1988,
p. 3) 6

As pesquisas acadêmicas e consultorias profissionais com APO se expandiram


rapidamente na Europa e nos EUA onde, tradicionalmente, os usuários avaliam a
qualidade de produtos e serviços no setor público e privado, inclusive do ambiente
construído (ROMÉRO, ORNSTEIN, 2003). No Brasil, a APO se expandiu no meio acadêmico
a partir da década de 90, notadamente nas Universidades de São Paulo (FAU-USP), nas
Universidades Federais do Rio de Janeiro (UFRJ), Rio Grande do Sul (UFRGS), Rio Grande
do Norte (UFRN), Pernambuco (UFPE) e na Universidade Estadual de Campinas

6
Tradução livre da autora, do original em idioma inglês: “Post-Occupancy Evaluation is the process of evaluating
buildings in a systematic and rigorous manner after they have been built and occupied for some time. POEs focus on
building occupants and their needs, and thus they provide insights into the consequences of past design decisions and
the resulting building performance. This knowledge forms a sound basis for creating better buildings in the future.”

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31
(Unicamp). Entre 1993 e 2011, 428 trabalhos brasileiros que incorporaram APO como
estratégia metodológica foram publicados nos encontros e seminários mais importantes
da área (GALVÃO, ONO, ORNSTEIN, 2012).
No Brasil as pesquisas realizadas pioneiramente por professores da FAU-USP,
empregavam a APO como uma metodologia que pretendia, a partir da avaliação de
fatores técnicos, funcionais, econômicos, estéticos e comportamentais do ambiente em
uso, e de acordo com a opinião de profissionais, clientes e usuários, diagnosticar aspectos
positivos e negativos de conjuntos edificados, definindo recomendações para o próprio
ambiente ou para projetos de ambientes semelhantes (estudos de caso), a fim de
aperfeiçoá-los (ORNSTEIN, ROMERO, 1992).
Posteriormente, em substituição a palavra metodologia a área passou a adotar os
termos abordagem, estratégia ou processo de avaliação do ambiente construído para
definir a APO, uma vez que os pesquisadores passaram a entender que, ao invés da
reprodução de procedimentos predeterminados, a APO corresponde a um conjunto de
métodos e técnicas de pesquisa a serem utilizados em função do problema de pesquisa e
dos objetivos pretendidos.
De acordo com Ornstein, Bruno, Roméro (1995), a APO é uma avaliação
retrospectiva, sistêmica e realimentadora, aplicada por meio de multimétodos e técnicas
que analisam o ponto de vista dos especialistas e dos usuários do ambiente, sejam eles
leigos ou não. E, considerando que pouco se conhece do comportamento das pessoas em
relação aos ambientes construídos, as APOs almejam apreender informações não
verbalizadas e compreender em que medida usuários e ambiente se relacionam e
modificam-se mutuamente.
A APO incorpora-se, portanto, aos processos participativos de projeto, buscando
dar voz aos usuários, geralmente excluídos da tomada de decisões. Ela cria, assim, uma
importante relação psicológica entre usuário e ambiente construído, considerando a
dimensão humana e as necessidades e expectativas reais com o ambiente (Adams, 2002).
Rheingantz et al (2009) destacam a interatividade do processo de APO que focaliza
os diferentes grupos de usuários e suas necessidades para avaliar a influência e as

_____________________________________________________________________________________________________________

32
consequências das decisões projetuais no desempenho do ambiente após um tempo de
sua construção e ocupação.
Historicamente, os estudos de APO avaliam mais frequentemente os aspectos
técnico-construtivos da edificação (estrutura, alvenaria, revestimentos e acabamentos,
esquadrias, instalações, cobertura, impermeabilização e patologias construtivas), os
aspectos funcionais (dimensionamento, circulações, área útil, layout, fluxos, densidade
ocupacional, acessibilidade, segurança e conforto ambiental), e os comportamentais
(adequação ao uso, satisfação/aspirações, privacidade, interação, identidade e
comunicação visual). Podendo ainda incluir avaliações dos elementos estéticos,
econômicos, socioambientais e da estrutura organizacional (PREISER, RABINOWITZ,
WHITE, 1988; ORNSTEIN, ROMERO, 1992; ELALI, VELOSO, 2004). Deste modo, a APO pode
propor maior ou menor ênfase em determinados aspectos e aproximar-se mais da área
tecnológica ou das ciências sociais e humanas, sempre considerando como elemento
central da avaliação o uso/ocupação do ambiente pelos usuários (ELALI, VELOSO, 2004).

A definição de APO apresentada exclui a avaliação puramente técnica, por


exemplo, sistemas de aquecimento ou novos materiais de construção. O
desempenho construtivo dos elementos técnicos é considerado somente no
que se refere a seus efeitos na saúde, proteção, segurança, desempenho
funcional e conforto psicológico/físico dos ocupantes. (PREISER, RABINOWITZ,
WHITE, 1988, p. xii)7

Neste trabalho a APO será empregada como uma abordagem sistematizada para
avaliação de ambientes construídos, cuja finalidade é auxiliar o desenvolvimento de
intervenções futuras no próprio ambiente ou alimentar as intenções projetuais de
edificações semelhantes, a partir da compreensão de aspectos objetivos do ambiente
construído e aspectos subjetivos relativos à percepção, satisfação e expectativas dos
usuários.

7
Tradução livre da autora, do original em idioma inglês: “The definition of POE herein excludes purely technical
evaluation, for example, of heating systems or new building materials. Technical elements of building performance are
considered only in terms of their effect on occupant health, safety, security, functional performance, and
psychological/physical comfort.”

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33
O diagnóstico da APO deve ainda descrever de modo preciso e abrangente,
independente do formato de apresentação, os critérios de desempenho adotados na
avaliação, assim como o contexto, valores e significados socioculturais do ambiente e dos
usuários (PREISER, NASAR, 2008).
Ornstein e Roméro (1992) reafirmam que ao término de qualquer avaliação que
envolve dezenas de aspectos técnicos, funcionais e comportamentais, a aplicabilidade dos
resultados extrapola o estudo de caso e gera insumo para projetos semelhantes; e esta é,
possivelmente, a maior contribuição do campo para a Arquitetura e Urbanismo.
No que se refere aos resultados das pesquisas, a literatura na área (ORNSTEIN,
ROMÉRO, 1992; THOMAZONI, 2009; GOMES, 2007; VALVERDE, 2014; SOUZA, et al, 2005)
indica que classicamente eles são apresentados no formato de relatórios, quadros de
recomendações (curto, médio e longo prazo) e/ou matrizes de descobertas, de acordo
com os objetivos estabelecidos previamente em seu planejamento. Por sua vez, Moreira
e Kowaltowski (2009) comentam que, entendendo-se que o ato de projetar está baseado
na comunicação visual, aparentemente a representação gráfica é o tipo de linguagem
mais apropriado para aplicação dos resultados da APO no processo projetual.
Embora, de maneira geral, se reconheça a importância da APO, as avaliações ainda
enfrentam problemas relacionados a aspectos como: tempo e custo envolvidos no
processo; resistência das instituições; clientes que temem ser avaliados negativamente;
desconfiança dos usuários que desconhecem o processo e se sentem pouco a vontade
para fazer julgamentos, principalmente no contexto profissional. Convém também
destacar, que os estudos de APO desenvolvidos no Brasil ainda carecem de consistência
metodológica, sistematização e clareza na definição dos indicadores de desempenho,
assim como de instrumentos de divulgação e implementação das recomendações e
diretrizes projetuais para auxiliar intervenções semelhantes (GOMES, 2007;
KOWALTOWSKI et al., 2006; SOUZA et al., 2005).
Contudo, essas deficiências justificam-se pela recente expansão, acadêmica e
profissional, da APO no contexto nacional e pela pouca tradição do nosso país nas
avaliações de produtos e serviços. Espera-se que, ao menos no contexto acadêmico, se
comece a discutir mais profundamente as possíveis interferências de avaliações
_____________________________________________________________________________________________________________

34
sistemáticas, como a APO, no desenvolvimento de novos projetos (ELALI E VELOSO,
2006). A expectativa de expansão do campo está diretamente ligada ao ensino de APO
nos cursos de graduação e pós-graduação em AU; deste modo está assegurada a
manutenção das pesquisas e formação de futuros profissionais.

2.2.1 APO na Graduação e na Pós-Graduação

As experiências didáticas em escolas de arquitetura brasileiras e estrangeiras,


ocorridas durante as décadas de 1980 e 1990, que buscam fundamentação das
decisões de projeto nos campos das APOs e dos estudos AC, ainda que
quantitativamente reduzidas, por um lado demostram alguns resultados
benéficos para os graduandos envolvidos e, por outro, enfatizam caminhos
possíveis a serem perseguidos para tornar o ensino de projeto mais eficaz
(ORNSTEIN, 2002, p. 119).

Com base nesta afirmação, descrevemos algumas experiências bem sucedidas e as


dificuldades encontradas nas IES brasileiras, especialmente em nível de graduação.
Destacam-se ainda os principais grupos de pesquisa e centros que trabalham diretamente
com a APO ou a utilizam como método para desenvolvimento de pesquisas.
De acordo com a literatura consultada, o ensino e pesquisa de APO nos cursos de
AU brasileiros teve início na FAU-USP, por meio de professores/pesquisadores que
tiveram contato e/ou desenvolveram atividades conjunta com colegas norte-americanos
e europeus, e a partir dos quais os conhecimentos foram disseminados para outros
grupos nacionais. Desde a primeira disciplina ministrada na USP em 1984 (APO em
Edificações), a notável expansão desse campo de estudos para outros grandes centros
universitários (como UFRJ, UFRGS, UFRN e Unicamp) é representativa do interesse
acadêmico da AU brasileira pelo usuário enquanto elemento fundamental no processo de
projeto.
De acordo com Galvão, Ornstein, Ono (2012), em março/2012 haviam 27 grupos
de pesquisa cadastrados no Diretório dos Grupos de Pesquisas do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (DGP-CNPQ) que citam e utilizam a APO em
seus estudos, dos quais 74% pertencem a instituições de ensino de AU, enquanto os
outros 26% estão ligados às Engenharias e às Ciências Sociais, dentre os quais os autores

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35
destacaram 06 grupos (indicados no Quadro 2) com trabalhos relevantes na área, sendo
interessante observar a diversidade de instituições (6) e de regiões (3) que representam.

Quadro 2 – Principais grupos de pesquisa em APO em março/2012.

Nome do Grupo Líder (es) Instituição Grande Área Área


Percepção, análise e Antônio Tarcísio da UFRGS Ciências Sociais AU
avaliação do espaço Luz Reis Aplicadas
construído
Qualidade do lugar e da Paulo Afonso UFRJ Ciências Sociais AU
paisagem Rheingantz Aplicadas
Vera Regina Tângari
Metodologia de Projeto Doris Catharine UNICAMP Ciências Sociais AU
em Arquitetura Cornelie Knatz Aplicadas
Kowaltowski
Grupo de Estudos Inter- Jose de Queiroz UFRN Ciências Humanas Psicologia
Ações Pessoa-Ambiente Pinheiro
Núcleo de pesquisas em Nirce Saffer UFPEL Ciências Sociais AU
arquitetura e urbanismo Medvedovski Aplicadas
Qualidade e Sheila Walbe USP Ciências Sociais AU
Desempenho no Ornstein Aplicadas
Ambiente Construído
Fonte: Galvão, Ornstein e Ono (2012), trabalhados pela autora.

Em novo levantamento realizado no DGP-CNPQ em maio/2014, verificou-se a


existência de 34 grupos de pesquisa que incluem o termo “Avaliação Pós Ocupação” nos
parâmetros “nome do grupo”, “linha de pesquisa” e/ou “palavra-chave da linha de
pesquisa”. Dentre esses, apenas 9 não pertencem à AU, o que preserva o índice anterior
(ou seja, cerca de dois terços dos grupos pertencem a esta área). De maneira geral, os
grupos vinculados aos cursos de AU que atuam nesse campo desenvolvem pesquisas nos
âmbitos da graduação e, mais fortemente, da pós-graduação, nas quais são abordados
temas como: equipamentos escolares, edifícios de saúde, escritórios, habitações, edifícios
institucionais e áreas urbanas.
Referindo-se aos cursos de graduação, Elali e Veloso (2006) descrevem a
experiência da UFRN, na qual os alunos desenvolveram APOs simplificadas em edificações
escolares, e apontam que a ampliação do repertório a respeito de características técnicas,
funcionais e comportamentais é uma das principais colaborações da APO aos estudantes

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36
deste nível. As autoras destacam, ainda, que em alguns casos é clara a influência da
avaliação do ambiente construído nos novos produtos projetados no ateliê.
Ainda sobre esse tema, Onstein (2002) pondera que um dos caminhos possíveis
para implementar o ensino de APO com maior eficácia nos cursos de graduação é
justamente reforçar a visão interdisciplinar e humanista da arquitetura como campo do
conhecimento que busca embasamento também em outras disciplinas, como a Psicologia
Ambiental, as Ciências Sociais e outras. A consolidação da APO em nível de graduação
também passa pela ampliação dos métodos e técnicas de pesquisa apresentados, uma
vez que quanto maior for a diversidade de abordagens utilizadas na avaliação, mais
variáveis do ambiente construído serão investigadas e maiores serão as possibilidades de
rebatimento dessas informações no desenvolvimento de novos objetos arquitetônicos.
Por outro lado, considerando a formação generalista proposta pelos cursos de
graduação em AU brasileiros, vários autores apontam que o ambiente da pós-graduação
talvez seja o lugar mais adequado para o desenvolvimento e aprofundamento de
abordagens específicas, como a APO. Neste sentido, é compreensível que grande parte
das pesquisas na área de APO seja fruto de trabalhos de mestrado e doutorado (ELALI,
VELOSO, 2004).
Nesse nível, de acordo com dados da Fundação CAPES do Ministério da Educação 8,
em setembro de 2014 havia 35 programas e cursos de pós-graduação brasileiros
cadastrados na Área “Arquitetura e Urbanismo” (inserida na Grande Área “Ciências
Sociais Aplicadas”), totalizando 51 cursos de pós-graduação reconhecidos e
recomendados (Mestrado Acadêmico, Mestrado Profissional e Doutorado). Em termos de
produção intelectual, entre artigos em periódicos, livros e trabalhos em anais de eventos,
ao longo do ano de 2013 foram produzidas 20 publicações vinculadas à APO
(considerando apenas as que continham a expressão “Avaliação Pós-Ocupação” no

8
Levantamento realizado na Plataforma Sucupira, na seção de Produção Intelectual dos programas de pós-graduação
(https://sucupira.capes.gov.br/sucupira/public/consultas/coleta/producaoIntelectual/listaProducaoIntelectual.jsf/) em
setembro de 2014.

_____________________________________________________________________________________________________________

37
título), o que indica a possiblidade de haver uma quantidade ainda maior de trabalhos
desenvolvidos nesse campo ou que utilizaram a APO como estratégia de pesquisa.

2.2.2 APO e Projeto de AU

Admitindo-se a falta de conhecimento total do problema a ser resolvido pelo


projetista, as metodologias de projeto com participação do cliente/usuário são
vistas como uma maneira de reduzir os erros de trajetória do processo. A
inclusão da diversidade de opiniões e percepções amplia a base de
conhecimento da natureza do objeto de projeto. (KOWALTOWSKI, et al., 2006,
p. 3)

De acordo com a literatura no campo de projeto (ARTIGAS, 1999; GRAEF, 1979;


HERTZBERGER, 1993; entre outros), a atividade projetual surgiu a partir do momento em
que as ações de planejar e executar a edificação se desvincularam, de modo que, para
alicerçar a atividade construtiva passaram a ser necessários detalhados esquemas
explicativos. Enquanto procedimento sistematizado para intervenção no ambiente físico,
o projeto tem como meta maior a produção de espaços adequados às atividades
humanas, possibilitando que se realizem plena e satisfatoriamente.
Segundo Mahfuz (1995), o projeto arquitetônico busca responder um problema
levantado, analisado e hierarquizado segundo aspectos locais, culturais e econômicos
frente às subjetividades e experiências do arquiteto. Em função do projetista e do objeto
a produzir, este processo pode ocorrer de várias maneiras, desde as mais simples e
pragmáticas até as muito complexas e particulares, sendo uma espécie de consenso entre
os autores nessa área que, independentemente do objeto arquitetônico pretendido, a
produção do objeto arquitetônico não é linear, como também não estão organizadas
linearmente as atividades desenvolvidas ao longo das etapas que caracterizam o processo
projetual em si (BROADBENT, 1973).
De modo geral, compreende-se o processo de projeto como uma sequência de
atividades e etapas organizadas que propõem inicialmente uma aproximação com o
objeto, análise dos problemas, desenvolvimento de soluções e finalização/comunicação,
num processo cíclico constante de análise, síntese e avaliação, que têm como finalidade a
obtenção de um produto arquitetônico pleno em suas funções e necessidades (LAWSON,
_____________________________________________________________________________________________________________

38
2011). Contudo, é importante destacar que cada processo de projeto tem suas
singularidades e varia de acordo com o projetista e sua formação acadêmica e
profissional.
De acordo com Voordt e Wegen (2013), elaborar o programa de necessidades,
projetar e construir são as três principais atividades envolvidas no processo construtivo e
devem ser verificadas sempre em relação às outras. Tal afirmação reforça a natureza
cíclica/espiralada9 do processo de projeto através das ações de análise, síntese e
avaliação defendida por Lawson (2011).
A atividade projetual ocupa, portanto, uma posição de centralidade nesse
processo e representa uma resposta técnica, funcional e plástica a uma série de aspectos
e condicionantes estabelecidos pelo ambiente e pelo cliente/usuário. No entanto, o
processo de projeto, seja em arquitetura, urbanismo ou design, compreende duas
dimensões humanas: a prática e a subjetiva (ELALI, 2011b). A primeira se refere aos dados
relacionados à identificação, caracterização e quantificação dos usuários. E a segunda,
mais complexa e imprecisa, abrange as questões imateriais como identidade,
apropriação, valores e significados socioculturais.
Enquanto estratégia avaliativa inserida no início do processo de projeto, a APO
busca reunir e analisar os dados objetivos do ambiente construído, como as questões
técnicas e funcionais próprias da área de projetos, e dados subjetivos dos usuários por
meio de métodos e técnicas próprios e/ou oriundos dos estudos das RPA que visam
apreender melhor as questões imateriais contidas na sua relação com o ambiente
construído.
De acordo com Souza et al (2005), se considerarmos as etapas sequenciais do
processo projetual – definição e limite do problema, e desenvolvimento do pensamento
arquitetônico – , as informações obtidas na APO poderão ser incluídas na segunda etapa,

9
O termo espiralado faz referência à evolução cíclica e dinâmica do processo de projeto pela dimensão temporal já que
a cada revisão de uma ação projetual o feedback desta recaí sobre um novo modelo que reúne neste momento novas
características e observações. De forma similar acontece com a produção do objeto arquitetônico, no qual o feedback
das avaliações desenvolvidas na fase de uso e operação da edificação nunca incidirá sobre a mesma edificação
considerada inicialmente (ELALI, PINHEIRO, 2003).

_____________________________________________________________________________________________________________

39
quando o projetista utiliza apenas as suas vivências e experiências anteriores para
analisar, julgar e propor alternativas para o projeto.
Nas diversas atividades que se desenvolvem ao longo do processo de projeto, o
projetista convive, ou deveria conviver, com essas relações entre pessoa e ambiente,
prático e subjetivo, material e imaterial. O arranjo espacial (layout) do projeto, por
exemplo, reflete uma intenção do projetista de resolução dos aspectos espaciais (físicos)
do ambiente e dos aspectos psicológicos dos usuários, na qual elementos como conforto,
identidade, privacidade, segurança, motivação e outros, são considerados e organizados
de acordo com as relações interpessoais desse contexto socio-físico; sem desconsiderar a
influência das experiências e pressupostos próprios de quem projeta.

A organização dos espaços, então, sempre está comunicando, aos usuários,


mensagens diretas (ao facilitar ou impedir determinadas atividades) e
simbólicas (sobre a intenção e valores das pessoas que gerenciam aquele
determinado contexto) e, na maioria das vezes, tais mensagens dizem respeito
às relações interpessoais. (CAMPOS-DE-CARVALHO, 2011, p. 71)

A utilização da APO no processo de projeto corrobora a importância dessas


relações para a produção de novos objetos arquitetônicos. Os estudos que vêm sendo
desenvolvidos na área destacam o enriquecimento do programa de necessidades, o
aumento de repertório, a identificação de usuários, seus comportamentos, nível de
satisfação e expectativas como os principais benefícios da APO para o projeto
arquitetônico (ELALI, 2008; ELALI, PINHEIRO, 2003; ELALI, VELOSO, 2006; KOWALTOVISKI,
MOREIRA, 2008). Há ainda uma grande expectativa de valorização da área, sobretudo
para beneficiação de projetos de cunho social e participativo.
No que se refere ao programa de necessidades, em sua elaboração, ainda na
primeira etapa do processo projetual, são consideradas as atividades e as condições
adequadas (área útil e dimensões mínimas, condições de conforto ambiental e condições
psicossociais) para que estas se realizem de forma satisfatória. Por esta razão sua
construção se dá geralmente em conjunto com o cliente/usuário, cabendo ao projetista
analisar criticamente todas as informações levantadas. Contudo, a contribuição do

_____________________________________________________________________________________________________________

40
cliente, caso o mesmo não seja o usuário, é limitada já que este não compreende todas as
dimensões do uso diário da edificação.

O usuário do edifício é o elemento ativo do contexto, e é nele que as atenções


devem estar focadas, para se estabelecer as necessidades que a forma
projetada deverá cumprir. Identificam-se as características físicas, psicológicas e
culturais do usuário, as atividades no espaço a ser projetado e seus valores. Por
isso, as técnicas de programação arquitetônica dão especial atenção ao
tratamento dos clientes e usuários do projeto e incluem levantamentos de
informações através de entrevistas, questionários, dinâmicas de grupo, etc.
(MOREIRA, KOWALTOWSKI, 2011, p. 102)

Corona e Lemos (1972) descrevem o programa como um conjunto de


necessidades funcionais e sociais que caracterizam um tema arquitetônico; rol de
dependências. É partindo do programa que o arquiteto inicia a criação artística.
O desenvolvimento do programa de necessidades é considerado complexo e
reúne, através de quadros, textos e diagramas, elementos de cunho social, cultural,
estético, comportamental, temporal e econômico. As estruturas conceituais predefinidas
e já reconhecidas como metodologias de projeto auxiliam na sua elaboração, mas o seu
preenchimento é secundário diante da análise na qual ele deve ser submetido. Deste
modo o programa não pode ser considerado um documento fechado que compreende
apenas uma lista de ambientes e funções; ele está sujeito a interferências e revisões à
medida que outras atividades são desenvolvidas ao longo do processo de projeto. Espera-
se, portanto, que ele incorpore de forma analítica tanto as necessidades espaciais, como
os desejos mais importantes em relação à qualidade esperada para o usuário final do
ambiente (VOORDT, WEGEN, 2013).
Moreira e Kowaltowiski (2011) afirmam ainda que faz parte do programa
determinar as principais questões do projeto, de acordo com os valores do cliente. No
entanto, caso o usuário não manifeste interesse sobre um determinado assunto cabe ao
projetista resolvê-lo durante o desenvolvimento do projeto, priorizando a qualidade
esperada pelo cliente e pelo usuário e a quantificação de metas e indicadores.

Se tudo correu bem, a qualidade de uso desejada terá sido meticulosamente


definida no programa de necessidades. (...) Em geral, há uma lacuna entre

_____________________________________________________________________________________________________________

41
programa e projeto. Frequentemente são possíveis todos os tipos de versões
diferentes de projetos, cada uma das quais satisfaz o programa de necessidades
mas leva a uma qualidade de uso radicalmente diferente. (VOORDT, WEGEN,
2013, p. 17)

Deste modo, nota-se que APO e programa de necessidades compartilham o


interesse comum pelos fatores objetivos e subjetivos de uma edificação; ambos
empregam técnicas para coleta de dados, análise sistemática das informações e buscam
definir de maneira mais precisa os problemas relacionados ao contexto e as necessidades
dos usuários. Ao avaliar projetos similares ou o próprio ambiente/edificação objeto de
interesse da intervenção, seja através de estudos de caso/referências ou através de APO,
uma fonte direta de informações é estabelecida para o projetista.
De acordo com Kowaltowski e Moreira (2008), as APOs enriquecem o programa
arquitetônico, pois lidam com fatores ligados às necessidades dos usuários e consideram
a sua opinião para compreender a complexidade do uso e a satisfação com o ambiente.
De modo que, ao analisar as subjetividades e peculiaridades dos diferentes grupos de
usuários no ambiente construído, o programa arquitetônico não se restringe a simples
discriminação de ambientes e funções e se aproxima de uma análise mais complexa do
comportamento humano nos ambientes.
As APOs permitem que se ampliem os conhecimentos e se ajustem os conceitos e
teorias do projeto arquitetônico aos resultados práticos obtidos no contexto de cada
ambiente construído. Desse modo é possível identificar comportamentos e tendências
relevantes à construção do programa de necessidades, conforme contexto
socioeconômico e cultural (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRIO, 1995).
Souza et al (2005) afirma que a APO contribui com o processo de projeto de duas
maneiras: mudando o perfil das visitas exploratórias incluindo a APO antes da prática
profissional nas faculdades para criar o hábito e treinar os estudantes em diferentes
métodos e técnicas de pesquisa, assim como ensinando-os a consultar esse banco de
dados durante o projeto; e na vida profissional como procedimento padrão na elaboração
do programa do projeto, suscitando em outros profissionais e estagiários interesse nessa
abordagem.

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42
Ademais, a incorporação da APO como abordagem complementar ao processo de
projeto, evidencia a perspectiva interdisciplinar e participativa do projeto. De acordo com
Adams (2002), a maioria das ideias do projeto virão dos arquitetos, mas muitas ideias
poderão surgir também dos usuários e o papel do arquiteto é analisá-las e representá-las
criticamente para defender os interesses daqueles que geralmente são deixados à
margem do processo.
Por outro lado, a definição do programa auxiliado pela APO representa ainda para
o projetista (estudantes ou profissionais) uma possibilidade de ampliação do seu
repertório formal individual, melhor compreensão dos genótipos, dos fenótipos
ambientais e do público alvo do projeto, seja ele arquitetônico ou de design de interiores.
O sucesso da abordagem, no entanto, não se encontra no levantamento perfeito
dos dados, nem no seu resultado plástico e estético, mas na tradução e aplicabilidade ao
projeto arquitetônico; bem como na divulgação dos resultados em meio acadêmico e
profissional de modo a contribuir com o crescimento da área e com a produção de novos
edifícios. A atividade do projetista deve ser orientada de modo a otimizar a utilização das
informações geradas pelos estudos das relações pessoa-ambiente como meio para
verificar/comprovar o funcionamento prático da sua atuação profissional (ELALI, 2003;
KOWALTOWSKI, MOREIRA, 2008).

Apesar da quantidade significativa de artigos sobre a aplicação da APO como


instrumento de pesquisa em nível de pós-graduação, muito pouco se tem
abordado sobre essas experiências didáticas no ensino de graduação e seus
reflexos nas atividades de projetos dos alunos envolvidos (ORNSTEIN, 2002, p.
116)

Por fim, Vischer (2009) afirma que ainda são poucos os profissionais que utilizam o
conhecimento da APO para formulação do programa de necessidades e desenvolvimento
de novos projetos; mais comumente os resultados da APO são apenas publicados em
revistas e congressos acadêmicos que são pouco consultados por profissionais do
mercado. Contudo, acredita-se que a APO ainda é pouco aplicada no contexto profissional
porque o seu ensino não se encontra consolidado nos cursos de graduação, já que os seus
benefícios para o processo de projeto são amplamente discutidos em livros, congressos e

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43
programas de pós-graduação. Há de se considerar ainda questões relativas a prazo, custo,
disponibilidade e outros problemas/limitações relacionados à atuação profissional de
arquitetos e designers.

2.2.3 Principais Métodos e Técnicas de APO

Métodos e técnicas via de regra são aplicados por pesquisadores com


diferentes níveis educacionais, contactando os usuários do ambiente
construído, basicamente pessoas de diferentes classes sociais e grupos de
idade. Assim, já na compreensão dos próprios objetivos da pesquisa poderão
existir distorções consideráveis, se o pesquisador for um profissional
especializado ou se for leigo no assunto. (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995, P.
60)

Os métodos e técnicas de pesquisas empregados na APO tem origem em


diferentes áreas de conhecimento, o que confere a avaliação um caráter interdisciplinar e
diversas possibilidades de aplicação. Devido à proximidade dos estudos de RPA, muitos
métodos e técnicas dessa área são frequentemente utilizados para analisar questões
relacionadas ao uso e a percepção ambiental, de forma associada aos métodos e técnicas
próprios da arquitetura que buscam analisar questões físicas e funcionais do ambiente
construído.
Os métodos de pesquisa são um conjunto de definições e processos organizados
de forma sistemática para estudar um determinado fenômeno; enquanto as técnicas são
os procedimentos realizados para execução do método. Gunther, Elali e Pinheiro (2008)
definiram método como o caminho para se aproximar do objeto de estudo e técnica
como o procedimento de realização em si, de modo que múltiplos métodos representam
caminhos variados para se alcançar o mesmo objetivo.
Nos estudos de APO, a grande variedade de métodos/técnicas de pesquisa
configura-se, simultaneamente, como um ponto positivo e negativo da abordagem; pois
possibilita uma avaliação com múltiplas formas de olhar o mesmo objeto, ao passo que
implica também em maior dificuldade de reprodução dos estudos e maior domínio
metodológico do pesquisador.

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44
Por exemplo, em estudos de avaliação pós-ocupação, adotando-se métodos de
observação (direta ou indireta, com ou sem obstruções), pode-se utilizar, para
tanto, técnicas de registro como os mapas comportamentais, o vídeo-teipe, a
fotografia, os croquis, os diários, entre outros, ou seja, método e técnicas são
conceitos distintos, embora muitas vezes sejam empregados como se fossem
sinônimos, sobretudo pelos pesquisadores em arquitetura e urbanismo.
(ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995, p. 13)

Dentre os métodos/técnicas utilizados para avaliação do ambiente construído,


alguns demandam maior atenção aos aspectos técnicos e funcionais da arquitetura, e
outros descrevem mais atentamente os aspectos comportamentais e de percepção
ambiental. A escolha dos métodos/técnicas mais adequados para um determinado
estudo varia de acordo com os objetivos e interesses da pesquisa e do pesquisador, e com
o potencial de aplicabilidade destes ao contexto da edificação e dos usuários.
Entretanto, apenas reproduzi-los não é suficiente. É necessário aprimorá-los para
uma aplicação mais precisa e adequado ao objeto avaliado, de modo que sejam
identificados com clareza os aspectos positivos do lugar, os negativos e se considere as
peculiaridades e relações existentes entre usuário e ambiente. Importante ainda ressaltar
a abordagem multimétodos ou triangulação metodológica defendida pelos autores como
medida de confiabilidade na pesquisa (PREISER, RABINOWITZ, WHITE, 1988; PREISER,
1989; BECHTEL, 1997).
De acordo com Sommer e Sommer (2002), cada técnica para coleta de dados tem
suas deficiências. Os experimentos, por exemplo, são limitados pela artificialidade; a
observação pela falta de confiabilidade; as entrevistas pelo direcionamento que pode ser
dado pelo entrevistador e assim por diante. Não há técnica ideal para investigação nas
ciências do comportamento e o pesquisador não deve se preocupar em encontrar o
melhor e único método.
Ainda segundo os mesmo autores, a meta do pesquisador é compreender que a
adoção de diversos métodos e técnicas de pesquisa possibilita uma verificação mais
complexa e variada do problema. O emprego de diferentes métodos minimiza as
limitações de cada um quando empregado individualmente.
Voordt e Wegen (2013) afirmam que todos os métodos têm vantagens e
desvantagens e que a escolha metodológica depende da extensão e da profundidade da

_____________________________________________________________________________________________________________

45
pesquisa e que fatores limitantes como tempo, dinheiro e especialização também devem
ser considerados.
A APO caracteriza-se, portanto, pela utilização de três ou mais métodos de
pesquisa que podem variar de acordo com o ambiente e com os objetivos estabelecidos
pelo pesquisador, estratégia que a literatura denomina perspectiva multimétodos ou
triangulação metodológica (GUNTHER, ELALI, PINHEIRO, 2011; SOMMER, SOMMER, 2002;
RHEINGANTZ et al, 2009; ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995, entre outros). Além disso,
diferentemente das avaliações de desempenho desenvolvidas em laboratórios, analisar o
atendimento das necessidades, o nível de satisfação dos usuários e as suas relações com
o ambiente construído são entendidos como fundamentais para a avaliação (ROMÉRO,
ORNSTEIN, 2003).
Portanto, entre os vários métodos/técnicas de APO disponíveis, é essencial
considerar os que discutem o ponto de vista dos técnicos e especialistas (vistorias,
medições, etc) e os que discutem ponto de vista dos usuários, seja através de usuários
chaves ou de grupos de usuários distintos. Trata-se da variável básica da APO presente
em todas as pesquisas da área (ORNSTEIN, ROMÉRO, 1992).
Diante dessa variedade, os resultados obtidos pelos diferentes métodos/ técnicas
disponíveis deve apresentar correspondência entre si, de modo que garanta a
confiabilidade e a validação dos dados recolhidos. Resultados muito diferentes podem
representar algum erro ou influência do pesquisador nos procedimentos de coleta.
Resultados semelhantes, na maioria das vezes, são desejáveis e refletem com mais
precisão a realidade do ambiente e dos usuários.
Gunther, Elali e Pinheiro (2011) ressaltam que, sempre que possível, o pesquisador
deve adotar uma estratégia de pesquisa que aborde os diferentes aspectos do problema
(pessoas, ambientes, tempo e fenômenos investigados) e permita a clara identificação de
pontos de convergência ou divergência nos resultados obtidos.

Cabe observar que, por mais bem elaborados e aplicados que sejam, os
instrumentos não garantem o sucesso de uma avaliação de desempenho, uma
vez que são incapazes de, por si só, apreender a experiência que é produzida
em um mundo que não é pré-definido e que não depende do observador.
Acreditamos que a realidade de uma experiência no mundo relevante ou
_____________________________________________________________________________________________________________

46
percebido é o produto inseparável do entrelaçamento do observador imerso na
situação ou experiência que ele se propõe a relatar ou traduzir. (RHEINGANTZ
[et al.], 2009, p. 14)

De acordo com Ornstein e Roméro (1992), antes e durante o processo de


avaliação, o avaliador deve tentar entender e fazer referências aos problemas a partir de
diversos pontos de vista. No entanto, os autores indicam também ser fundamental adotar
e discriminar um viés principal de análise, e que a definição da abordagem metodológica
da pesquisa deve favorecer o recolhimento dos dados e análise dos resultados que
venham a alimentar tal perspectiva.
Preiser, Rabinowitz e White (1988) destacam que o objetivo da análise de dados é
identificar respostas padrão ou diferenciá-las, e que esta fase busca justamente a
coerência dos dados descobertos em relação aos objetivos estabelecidos no início da
APO.
Ressalta-se que no processo de avaliação, exceto nos casos onde normas ou
resoluções definem os níveis ótimos, o julgamento é sempre uma análise subjetiva e
pessoal do pesquisador/avaliador que inevitavelmente recorre ao seu conhecimento
técnico, às experiências anteriores (pessoais e profissionais) e aos juízos de valor. O
mesmo se aplica as avaliações dos usuários, nelas o julgamento é sempre fruto de
experiências próprias, sejam elas individuais ou grupais.

Sob esse ponto de vista, averiguar a satisfação dos usuários com o ambiente
construído exige a análise de suas relações atuais com o local (quer seja na
escala do cômodo, edifício ou bairro) e das experiências vivenciadas em
momentos anteriores pelo indivíduo ou grupo (isto é, seu background social,
educacional e cultural). (ELALI, 2008, p.2)

Os métodos/técnicas de pesquisa usuais no campo da APO têm origem tanto nas


ciências sociais quanto nas humanas e tecnológicas, cuja combinação e utilização visa
atender aos preceitos metodológicos acima discriminados, buscando explorar suas
potencialidades na construção de uma avaliação mais complexa em termos de
informação e análise.

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47
De acordo com a literatura da área (ELALI, PINHEIRO, 2011; GUNTER, PINHEIRO,
2008; ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995; ORNSTEIN, ROMERO, 1992; PREISER,
RABINOWITZ, WHITE, 1988; RHEINGANTZ et al., 2009; SOMMER, SOMMER 2002), os
principais métodos/técnicas de pesquisa em APO se relacionam à aspectos físicos,
funcionais e comportamentais da situação em estudo, e podem ser divididos entre
aqueles que se relacionam à avaliação técnica (trabalho profissional, geralmente os
pesquisadores) e aqueles referentes à análise perceptiva (contato direto com os usuários
para coleta de sua opinião). No primeiro grupo estão: walkthrough, avaliação técnico-
funcional (ou vistoria técnica), mapeamento comportamental, mapeamento visual,
análise de vestígios comportamentais e análise de behavior settings. No segundo grupo
encontram-se: questionários, poema dos desejos, entrevistas, grupos focais, mapa
mental, seleção visual. Além disso, a apresentação conjunta dos resultados obtidos na
avaliação geralmente recorre à matriz de descobertas e ao quadro de recomendações.
Os métodos/técnicas supracitados encontram-se resumidos no Quadro 3. A seguir
são descritos brevemente os métodos/técnicas mais utilizados pelos professores
participantes do painel de experts (Ver capítulo 4), e que foram empregados na
experiência de ensino realizada nesta dissertação.

 WALKTHROUGH: Método de observação originário da Psicologia Ambiental, o


walkthrough é um procedimento exploratório inicial da APO, entendido como um
percurso dialogado complementado por fotografias, croquis gerais e gravação de áudio e
de vídeo, abrangendo todos os ambientes, no qual os aspectos físicos servem para
articular as reações dos participantes em relação ao ambiente (ORNSTEIN, BRUNA,
ROMÉRO, 1995; RHEINGANTZ et al., 2009; BECHTEL, 1997). Sua realização tem a
vantagem de ser feita com rapidez e facilidade, porém os resultados obtidos são
superficiais e necessitam de investigação mais profunda. A partir das características
positivas e negativas identificadas nesta etapa, o pesquisador pode redefinir os objetivos
da pesquisa e os métodos e técnicas a serem utilizados posteriormente. É desejável a
presença de pelo menos um usuário com grande conhecimento experencial do ambiente
(ex.: zeladores, supervisores de manutenção, chefes de departamentos) para
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48
complementar as observações e esclarecer possíveis dúvidas dos pesquisadores. O
registro dos resultados pode ser feito de diversas maneiras (mapas, plantas, check-lists,
gravações de aúdio e vídeio, fotografias, desenhos, diários, fichas, etc) (RHEINGANTZ et
al., 2009) e os instrumentos podem ser previamente estruturados.

 AVALIAÇÃO TÉCNICO-FUNCIONAL: Também conhecida como Vistoria Técnica,


trata-se da avaliação profissional de aspectos construtivos e funcionais (como
superestrutura, pisos, alvenarias, esquadrias, impermeabilizações, instalações,
coberturas, área construída e área útil, circulações, adensamento, layout, acessibilidade,
conforto ambiental e outros), que pode acontecer apenas em termos perceptivos ou ser
complementada pelo uso de instrumentos de medição (como luxímetros, decibelímetros,
termômetros, etc). No que se refere aos resultados, sempre que possível a avaliação
técnica deve compará-los com normas e diretrizes da literatura técnica nacional e
internacional, de forma a orientar a tomada de decisões (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO,
1995). Também é preciso ressaltar que a comparação entre a aferição do desempenho
físico do ambiente (níveis de iluminância, temperatura, pressão sonora, etc) e a avaliação
dos usuários exige cautela, pois é necessário que os dados sejam interpretados de forma
imparcial e precisa.

 MAPA COMPORTAMENTAL: Técnica de observação do comportamento, os mapas


comportamentais são registros gráficos das atividades dos usuários em um determinado
ambiente, que possibilitam verificar usos, arranjos espaciais, fluxos, interações,
movimentações e distribuição das pessoas no ambiente (RHEINGANTZ et al, 2009). De
acordo com a literatura (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995; SOMMER, SOMMER, 2002;
PINHEIRO, ELALI, FERNANDES, 2008), o mapa comportamental identifica atividades e
comportamentos padrão que se repetem no tempo e no espaço, e o formato gráfico dos
resultados facilita a utilização dos dados na formulação das diretrizes de projeto. De
modo geral o mapeamento pode ser centrado no ambiente lugar (MCCL) ou centrado na
pessoa (MCCP). O primeiro enfoca no ambiente construído e como os usuários se
distribuem e se comportam, sendo seu registro feito em instrumento específico e em
_____________________________________________________________________________________________________________

49
intervalos regulares de tempo (ex.: 15 em 15 minutos). O segundo enfoca os usuários e as
atividades desenvolvidas por eles enquanto permanecem no local, sendo o registro feito
em instrumento específico, e o número de participantes definido de acordo com o fluxo
geral de pessoas naquele lugar. O desenvolvimento dos mapas comportamentais
demanda grande disponibilidade de tempo para pesquisa, pois as observações
necessárias devem abranger uma variedade considerável de dias e horários, e o
pesquisador deve evitar interferências no ambiente durante o período de permanência
(ELALI, 2006).

 POEMA DOS DESEJOS: Trata-se de um conjunto de sentenças escritas ou


desenhos que exprimem as necessidades, sentimentos e desejos relativos ao edifício ou
ambiente. É um instrumento que busca a espontaneidade das respostas e geralmente,
produz resultados ricos e representativos das necessidades e expectativas dos usuários
(RHEINGANTZ et al., 2009). De acordo com Sanoff (2001), o Poema dos Desejos é uma
abordagem que sugere que os respondentes fantasiam sobre a possibilidade de ter o
ambiente dos sonhos, sempre a partir da frase “Eu gostaria que (ambiente) fosse...”.

 QUESTIONÁRIO: Método mais utilizado para obter informações sobre percepção


ambiental, comportamentos e atributos, os questionários buscam a obtenção de
respostas relativas a um conjunto de questões definidas pelo pesquisador em função do
tema investigado (ORNSTEIN, BRUNA, ROMÉRO, 1995; ROMÉRO, ORNSTEIN, 2003). Em
sua elaboração, o questionário deve refletir o objetivo da pesquisa, ser adequado ao
vocabulário do respondente (a fim de coletar sua opinião, independentemente de sua
habilidade ou treinamento anterior) e, se necessário, recolher informações sócio-
demográficas que permitam identificar o grupo a qual pertence. (GUNTHER, 2008). Sua
aplicação é simples, podendo ocorrer de modo presencial ou não presencial (telefone,
correio, internet), sendo fundamental que haja possibilidade para o esclarecimento de
dúvidas sem influenciar os respondentes. Em geral a tabulação das respostas gera
resultados quantitativos, de acordo com uma escala de valor. E, quando a amostra está

_____________________________________________________________________________________________________________

50
estatisticamente calculada e o número de respondentes é superior a 30, os questionários
são uma fonte de informações bastante confiável (ROMÉRO, ORNSTEIN, 2003).

 MATRIZ DE DESCOBERTAS: Definida por Rheingantz et al. (2009) como o


instrumento de análise que permite identificar e comunicar graficamente as descobertas
da APO, especialmente aquelas decorrentes de falhas de projeto ou de execução, bem
como à incompreensão e ao desconhecimento de tipos de usuários, a matriz de
descobertas é um instrumento de análise que permite identificar e comunicar
graficamente os achados da pesquisa, especialmente as relacionadas à funcionalidade do
dia-a-dia. A utilização da matriz de descobertas para apresentação dos resultados facilita
a leitura e o entendimento dos resultados por clientes e usuários leigos.

 QUADRO DE RECOMENDAÇÕES: Matriz que determina as intervenções


necessárias ao enfrentamento dos principais problemas detectados na APO, indicando
soluções (projetuais ou ligadas ao uso) a serem implementadas a curto, médio e longo
prazo. Ornstein e Roméro (1992) delimitaram tempos médios para essas ações, que
seriam: Curto Prazo, 6 a 12 meses; Médio Prazo, 13 a 24 meses; e Longo Prazo, 25 a 48
meses. Contudo, os próprios autores esclarecem que esses prazos não são absolutos e
podem variar de acordo com questões relacionadas ao investimento financeiro
necessário para realizar a intervenção e a disponibilidade institucional para fazê-lo, além
de deverem considerar situações que representem eventual risco de vida aos usuários ou
risco de degradação acelerada de elementos construtivos.

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Quadro 3 – Principais métodos/técnicas de pesquisa em APO – em ordem alfabética

Método/Técnica Descrição
Análise de Behavior A análise de uma situação comportamental como “um sistema limitado, auto-
setting regulado e ordenado, composto de integrantes humanos e não-humanos
substituíveis, que interagem de um modo sincronizado para realizar (...) o
programa do setting” (Wicker, 1979).
Análise de Vestígios Resíduos que a ocupação humana deixou no ambiente, verificados pelo
de comportamento pesquisador, pode entender o que ocorreu no local mesmo sem ter assistido à
ação ou visto os usuários. Podem acontecer por erosão (algo foi retirado do
local) ou por deposição (algo foi deixado no local).
Avaliação técnico- Investigação profissional sobre aspectos construtivos e funcionais da edificação
funcional (Exemplo: superestrutura, pisos, alvenarias, esquadrias, impermeabilizações,
instalações, coberturas, área construída e área útil, circulações, adensamento,
layout, acessibilidade, conforto ambiental e outros).
Entrevistas Conversação voltada para atender a um determinado objetivo, que resulta em
um conjunto de informações sobre sentimentos, crenças, pensamentos e
expectativas das pessoas.
Grupo Focal Entrevista em grupo que permite a discussão organizada de um tema, com a
presença de um moderador e assistentes. Os resultados são qualitativos e
complementam os dados quantitativos obtidos por meio de questionários.
Mapeamento Registros gráficos das observações relacionadas com as atividades dos usuários
comportamental em um determinado ambiente; o mapeamento pode ser centrado na pessoa
ou centrado no ambiente.
Mapa mental Elaboração de desenhos ou relatos de memória representativos das ideias ou
da imageabilidade que um usuário ou grupos de usuários tem do ambiente.
Mapeamento visual Identifica a percepção dos usuários em relação ao ambiente, com foco na
localização, na apropriação, na demarcação de territórios, nas inadequações a
situações existentes, no mobiliário excedente ou inadequado e nas barreiras.
Matriz de descobertas Principais achados da pesquisa (pontos positivos e negativos detectados)
apresentados de modo gráfico, associado a planta baixa e/ou corte.
Poema dos desejos Conjunto de sentenças escritas ou desenhos que exprimem as necessidades,
sentimentos e desejos dos usuários com relação ao edifício ou ambiente.
Quadro de Conjunto de recomendações para intervenção no local estudado, que podem
recomendações envolver ações a curto, médio e longo prazo.
Questionários Conjunto de questões relacionadas a um determinado assunto ou problema,
utilizado para obter informações sobre percepção ambiental, comportamentos
e atributos.
Seleção visual Identifica os valores e os significados agregados pelos usuários ao ambiente em
uso.
Walkthrough Percurso dialogado pelo local, complementado por fotografias, croquis gerais e
gravação de áudio e de vídeo, abrangendo todos os ambientes.
Fontes: Barker (1978); Elali, Pinheiro (2011); Gunter, Pinheiro (2008); Ornstein, Romero (1992); Ornstein,
Bruna, Roméro (1995); Preiser, Rabinowitz, White (1988); Rheingantz et al. (2009); Sommer, Sommer
(2002); Wicker (1979);trabalhados pela autora.

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3 PROPOSTA DE ESTUDO
Este capítulo trata das estratégias definidas para o desenvolvimento desta
pesquisa; considerando como o objetivo principal do trabalho discutir a utilização de
métodos e técnicas de pesquisa da APO como abordagem complementar ao exercício
projetual de design de interiores, em contexto acadêmico de graduação.
As etapas aqui descritas incluem os procedimentos e critérios necessários para a
realização da pesquisa preliminar (que consistiu no levantamento e análise dos cursos de
graduação em Design de Interiores, contextualização da questão de pesquisa), coleta de
dados referentes ao ensino de APO nos cursos de AU através da construção de Painel de
Experts (Estudo Empírico 1) e o planejamento da experiência didática proposta e seu pré-
teste (Estudo Empírico 2).
É importante ressaltar que, ao longo da pesquisa vários ajustes foram realizados
em razão das informações obtidas, das dificuldades encontradas e da emergência de
questões não previstas inicialmente.

3.1 Pesquisa Preliminar

O levantamento dos cursos de graduação em Design de Interiores foi realizado na


plataforma de consulta de cursos superior do Ministério da Educação e Cultura (MEC) no
período de setembro à outubro de 2013. A pesquisa limitou-se às IES públicas pela
disponibilidade de informações na internet e aos cursos de graduação regular, uma vez
que os cursos tecnólogos possuem um perfil diferenciado e grade curricular reduzida (2
anos à 2 anos e meio). Nesta busca foram utilizadas as seguintes expressões: “Design de
Interiores”, “Composição de Interior”, “Interior”, “Ambientes”, “Decoração” e “Design”.
De acordo com os critérios definidos, esta etapa resultou em um número de 5
cursos de graduação regular em Design de Interiores nas seguintes instituições públicas:
UFBA, UEMG, UFU, UFRJ e UFG.

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53
Posterior a este levantamento realizou-se uma pesquisa nos sítios eletrônicos das
instituições a fim de obter informações relativas aos cursos, como PPC, organograma e
ementário das disciplinas.
Dos 5 cursos considerados, apenas o curso de Design da UFU possui PPC
disponibilizado na internet, embora o mesmo seja de 2007 e esteja, aparentemente,
desatualizado (Curso e nomenclatura antiga: Design de Interiores). Os demais cursos
foram contatados via email e, prontamente, responderam a solicitação. Contudo, apenas
UEMG e UFU disponibilizaram os PPCs completos. O curso da UFRJ esclareceu, através de
sua coordenadora, que o PPC encontra-se desatualizado e em processo de aprovação na
Universidade. Enquanto os representantes do curso da UFBA responderam ao contato,
mas não enviaram o material em tempo hábil.
No que se refere a pesquisa do ementário das disciplinas, exceto o sítio eletrônico
do curso da UFBA, todos os sítios eletrônicos dos cursos possuem as ementas completas
disponíveis para consulta na internet. Em ambos os documentos (PPC e ementário das
disciplinas) a análise se deu através da busca das seguintes expressões: “Avaliação Pós-
Ocupação”, “Relação Pessoa-Ambiente”, “Avaliação de Desempenho” e “Psicologia
Ambiental”.
O levantamento do número de cursos de graduação tecnológica no Brasil se deu
através da mesma plataforma (E-mec) e a pesquisa foi direcionada por estado para
distribuir nacionalmente o ensino tecnológico na área. A expressão de consulta foi
“Design de Interiores” e como critérios de busca foi utilizado a modalidade presencial e o
grau tecnológico.
Esta etapa teve como objetivo conhecer os cursos de Design de Interiores no Brasil
e compreender se temas relacionados com APO e/ou avaliação de desempenho do
ambiente construído são apresentados nas disciplinas de projeto. Deste modo foi possível
traçar um panorama sobre o ensino de APO nesses cursos e perceber que os mesmos não
se encontram em consonância com os cursos de AU, que cada vez mais vêm discutindo o
uso das avaliações de desempenho no processo de projeto.
Contudo, é importante ressaltar que a ausência da APO como disciplina específica
ou como assunto abordado em outras disciplinas não significa necessariamente que este
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54
conteúdo não é ensinado ao longo do curso. Do mesmo modo que, a sua existência não
representa a necessária incorporação dos conceitos, métodos e técnicas nos processos de
projeto de design de interiores.

3.2 Estudo Bibliográfico

A abordagem teórico conceitual da APO, bem como sua interface com o processo
projetual de AU e os métodos e técnicas de pesquisa reconhecidos e amplamente
divulgados na área, desenvolveu-se através do levantamento de artigos, publicações,
livros, dissertações e teses que discorriam sobre a consolidação e uso da APO,
principalmente em âmbito nacional.
Esta etapa teve como objetivo compreender como o campo da APO expandiu-se
no Brasil e de que forma os pesquisadores da área argumentam sobre a beneficiação do
processo projetual pelos diagnósticos oriundos da avaliação e sobre as dificuldades
inerentes à ampliação do seu uso na formação projetual e na área profissional. Para
tanto, foram investigados como principais centros de atividade intelectual e de produção
de conhecimentos no assunto os grupos de pesquisa e professores/pesquisadores da
USP, UFRJ, Unicamp e UFRN. (GALVÃO, ORNSTEIN, ONO, 2012). Assim como se
considerou também a literatura internacional de referência no assunto.

3.3 Estudos Empíricos

A atividade empírica da dissertação envolveu duas etapas - o painel de experts e a


experiência acadêmica -, apresentadas a seguir.

3.3.1 Estudo 1 - Painel de Experts

Considerando a pesquisa preliminar desenvolvida, na qual foi possível identificar


os cursos de graduação regulares e tecnológicos em Design de Interiores no cenário
nacional e como estes lidam com a APO, se fez necessário compreender mais

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detalhadamente o contexto do ensino e prática da APO nos cursos AU, em especial a sua
utilização no processo de projeto. Diante disso, optou-se pela realização de um Painel de
Experts que permitisse compreender no cenário nacional o uso da APO nos cursos de AU,
a partir da identificação dos grupos de pesquisa e centros que desenvolvem trabalhos
nessa área e da aplicação de questionários para os respectivos líderes.
O painel de experts é uma técnica que possibilita o confronto de opiniões a
respeito de um tema em estudo, correspondendo ao levantamento da opinião de pessoas
consideradas capazes de contribuir para a elucidação das questões emergentes
(PINHEIRO; FARIAS; ABE-LIMA, 2013)
A quantidade de pessoas participantes não é definida previamente, podendo ser
delimitada a partir de uma rede de indicações entre eles, sendo sua “especialidade”
relacionada aos ambientes, situações ou fenômenos de interesse para a pesquisa (ELALI,
PINHEIRO, 2013).
Para fins de organização e melhor associação dos procedimentos metodológicos
realizados aos resultados obtidos, o desenvolvimento desse item encontra-se no Capítulo
4 “Estudo 1: Painel de Experts”.

3.3.2 Estudo 2 – A Experiência Didática

A experiência didática proposta nesse trabalho desenvolveu-se de modo a inserir a


APO como abordagem complementar no processo de projeto de design de interiores, à
exemplo das experiências realizadas nos cursos de graduação em AU da UFRN e da USP
(ELALI, VELOSO, 2006; ORNSTEIN, 2002).
O planejamento didático da disciplina realizou-se entre os meses de dezembro de
2012 à fevereiro de 2013, período no qual se iniciou o pré-teste. A experiência ocorreu
com alunos do Curso Superior de Tecnologia em Design de Interiores de uma instituição
privada durante o primeiro semestre de 2013 na disciplina de Projetos de Interiores
Institucionais, intermediada pelo docente responsável pela disciplina. A turma em
questão era composta por 44 alunos do 4º e último período acadêmico que já tinham

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56
cursado previamente a disciplina de Psicologia Ambiental e os exercícios propostos foram
realizados em grupo (10 grupos de aproximadamente 4 alunos).
As atividades realizadas durante o planejamento didático e ao longo da execução
da disciplina encontram-se detalhadas no Capítulo 5 “Estudo 2: A Experiência Didática”,
assim como a análise das potencialidades e limitações de cada método e técnica utilizado
(walkthrough, vistoria técnica, mapeamento comportamental, poema dos desejos,
questionários) , seu resultado final (mapa de descobertas e quadro de recomendações) e
a análise das propostas projetuais apresentadas pelo alunos.
Em termos analíticos, os resultados relacionados à aplicação de métodos/técnicas
de APO recorreu à indicação dos procedimentos para sua aplicação, principais resultados,
e as dificuldades e limitações encontradas.
Quanto à avaliação das propostas projetuais, a análise recorreu às indicações orais
e escritas da APO que foram coletadas nas assessorias, ou apresentadas na Matriz de
Descobertas e no Quadro de Recomendações. Essas informações permitiram a definição
de quatro eixos analíticos – (i) programação arquitetônica, (ii) questão funcional, (iii)
solução formal e (iv) argumentação/justificativa das soluções -, cujo entendimento é
esclarecido seguir.
Programação arquitetônica: atividade pré-projeto que mapeia as atividades/funções
previstas e as condições mínimas necessárias para sua realização (dimensionamento,
fluxos, equipamentos, etc.).
Questão funcional: disposição espacial dos ambientes e do layout interno, previsão
das condições de conforto ambiental, segurança, acessibilidade e etc.
Solução formal: linguagem adotada pelo projetista para resolução do programa no
que se refere à composição dos elementos do projeto, cores e partido;
Argumentação/justificativa das soluções (oral ou escrita): discurso oral de defesa
das propostas do projeto e detalhamento e fundamentação das soluções no
memorial descritivo.
Finalizando o estudo é apresentada a apreciação crítica do professor responsável,
que procurou estabelecer comparações com resultados obtidos em semestres anteriores,
para tanto também foi considerado os critérios supracitados.
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4 ESTUDO 1: PAINEL DE EXPERTS
Na apresentação desse Estudo 1 recorremos a três subitens: Procedimentos
metodológicos resultados e indicações para o novo estudo. O primeiro é dedicado à
explanação mais detalhada do método, o instrumento de pesquisa e os participantes. A
seguir são relatados os principais resultados obtidos. No último item são destacadas as
indicações do painel de experts que foram importantes para a continuidade do trabalho
(Estudo 2).

4.1 Procedimentos Metodológicos

O painel de experts desta dissertação foi formado por professores brasileiros com
atuação reconhecida no campo da APO. Os participantes foram contactados a partir das
informações obtidas em levantamento realizado no DGP-CNPQ, base que documenta a
existência de grupos de pesquisa em atividade, indicador considerado fundamental, pois
mostra a atividade intelectual e de produção de conhecimentos do grupo docente. A
busca resultou em um número de 34 grupos de pesquisa que utilizam a expressão
“Avaliação Pós Ocupação” no título, nas palavras chave e/ou para descrever suas
atividades.
Contudo, este número não refletiu com precisão os grupos de pesquisa que
trabalham com APO, pois algumas bases importantes como o Prolugar da UFRJ e o
NAURB da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL) não constam nos resultados da busca,
pois, embora seus membros publiquem trabalhos de APO regularmente (que localizamos
por meio de eventos na área e periódicos), a expressão “Avaliação Pós-Ocupação” não
fazer parte do nome do grupo ou dos seus objetivos. Com base nesse conhecimento
adicional, acrescentou-se ao levantamento anterior mais alguns
professores/pesquisadores.

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58
Localizados os possíveis participantes, um total de 31 professores/pesquisadores
receberam, via email, a solicitação de participação na pesquisa, que, além de uma
mensagem inicial, incluiu o link do questionário e o convite para preencher o TCLE a fim
de validar a sua participação e preservar o caráter ético deste trabalho. Dos 31
contatados, 16 responderam ao questionário e confirmaram a participação na pesquisa,
passando a compor o grupo de experts.
O instrumento de pesquisa nessa etapa foi um questionário em versão digital (Ver
apêndice A) subdividido em 3 partes, cujo objetivo foi identificar:

 a experiência do respondente com a APO;


 a experiência da Instituição com o ensino de APO na graduação;
 a experiência da Instituição com o ensino de APO na pós-graduação.

O questionário contava ainda com um espaço para indicações de outros grupos ou


professores/pesquisadores que trabalham com APO em cursos de graduação, e o seu
preenchimento era anônimo e via internet (Googledocs). No entanto, a solicitação de
participação na pesquisa era enviada ao pesquisador via email, junto com o Termo de
Compromisso Livre e Esclarecido (TCLE) (Ver apêndice B).

4.2 Resultados

O painel de experts representa a opinião dos professores universitários


participantes sobre o ensino de APO nos cursos de graduação e pós-graduação em AU das
IES brasileiras. Os resultados descritos a seguir apresentam a experiência individual do
professor com APO, a experiência da sua respectiva instituição com o ensino e a pesquisa
de APO, assim como as principais sugestões para aprimoramento da integração entre
APO e processo de projeto.
Participaram do painel de experts 16 professores. Dentre eles, 12 são do sexo
feminino e 4 do masculino. Dentre as universidades a que estão vinculados, 55% estão no
sudeste do país, 27% no nordeste e 9% no Sul e no Centro-Oeste do Brasil. Estes números

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reforçam a distribuição regional dos grupos de pesquisa (41% no Sudeste, 26% Nordeste,
22% Sul e 11% no Centro-Oeste) realizada por Galvão, Ornstein, Ono (2012).
Em consonância com o evidente crescimento da área nas últimas décadas,
observa-se que entre os professores participantes da pesquisa, 56% (9 respondentes)
lecionam disciplinas de APO entre 5 e 9 anos, enquanto 25% (4 respondentes) lecionam
há mais de 15 anos, 13% (2 respondentes) entre 10 e 14 anos, e 6% (1 respondentes) há
menos de 5 anos.
Os docentes entraram em contato com APO em seus estudos de pós-graduação,
por iniciativa própria, ou, ainda, através de pesquisas desenvolvidas em conjunto com
outro professor/pesquisador (31% ou 5 respondentes em cada item), havendo apenas 1
respondente que não se recorda. Note-se que nenhum deles teve contato com tal
conteúdo no curso de graduação ou de cursos isolados, situação que provavelmente está
em mudança, com a aproximação da APO da formação básica na área (Figura 6).

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Figura 6 – Gráficos sobre a experiência dos professores/pesquisadores com APO.

Fonte: a autora

Esses dados reafirmam o sentido de crescimento da área, pois a maioria dos


participantes da pesquisa tiveram o primeiro contato com a APO após concluir o curso de
graduação (geralmente na pós-graduação) e atualmente permanecem no meio
acadêmico, ensinando e desenvolvendo pesquisas em APO há um período compatível
com a expansão do campo a partir da FAU-USP, como fora explicitado anteriormente.
Embora este seja um processo recente, o Brasil segue uma tendência mundial ao discutir
os fundamentos sociais e comportamentais do ambiente construído, pois a maioria das
escolas de AU de elevado nível no exterior possuem disciplinas que propõem uma
aproximação do usuário e das Ciências Sociais com o processo de projeto (ORNSTEIN,
2005; BECHTEL, 1997).

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Nas experiências didáticas relatadas pelos experts nos cursos de graduação, o
ensino de APO está fortemente ligado a outras disciplinas (Figura 7), principalmente de
projeto arquitetônico, projeto urbanístico ou disciplinas do eixo tecnológico. Apenas um
curso aborda a APO através de uma disciplina específica obrigatória e outros 5 ofertam
uma disciplina específica optativa.

Figura 7 – Gráficos sobre a experiência da Instituição com o ensino de APO na graduação.

Fonte: a autora

Além de divulgar e ensinar APO como uma estratégia de pesquisa, a aplicação da


APO nessas disciplinas tem como principal objetivo ensinar aos alunos uma metodologia
de projeto que pressupõe um processo de observação crítica dos ambientes construídos
para alimentar o projeto em diferentes fases e com diferentes temáticas; assim como
busca também a melhoria contínua da qualidade ambiental e arquitetônica de projetos
de cunho social, histórico e urbano.

Aguçar o espírito crítico dos graduandos em relação aos seus próprios projetos
assim como desenvolver um olhar mais atento aos detalhes arquitetônicos e
construtivos de quaisquer edifícios com vistas ao incremento da qualidade no
processo de projeto. (P2)

Sim, de conscientizar os futuros arquitetos da necessidade da avaliação crítica


do espaço construído, visando a melhoria contínua da qualidade ambiental e
arquitetônica. (P10)

A existência dessas disciplinas específicas ou de disciplinas do eixo de projeto que


consideram a APO como abordagem complementar ao processo projetual, associada a

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uma proposta pedagógica integradora, proporcionam aos estudantes/projetistas maior
entendimento dos aspectos positivos e negativos do ambiente construído e,
consequentemente, soluções projetuais mais adequadas às necessidades e peculiaridades
dos diferentes grupos de usuários.
Complementado a pesquisa preliminar desenvolvida nesta dissertação (Ver
capítulo 3 – Procedimentos Metodológicos), 2 respondentes esclarecem que o ensino de
APO está inserido nas disciplinas de ateliê como metodologia de projeto dos cursos de
graduação tecnológica em Design de Interiores do IFPB (Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia da Paraíba) e de graduação tradicional em Design da UFU. Embora, o
PPC e as ementas das disciplinas deste último não façam referências a esta prática.

Inserimos na disciplina de Ateliê de Projeto Integrado 5 ( 5º período do Curso


de Arquitetura e Urbanismo), cujo tema trata da produção de projetos de HIS, a
APO como prática metodológica para planejamento da proposta projetual (na
etapa levantamento de dados e planejamento do projeto). Esta prática também
ocorre no curso de Design na disciplina Ateliê de 1ª Fase (alunos do 2º ao 5º
período do curso) com as temáticas Ambientes Comerciais e Mobiliários
Flexíveis. (P11)

Na realidade, não ministro as disciplinas que abordam APO, apenas oriento


TCCs (Graduação e Pós-graduação) e realizo pesquisas utilizando a APO.
Todavia, posso afirmar que não há uma disciplina específica de APO no nosso
curso de graduação (CST em Design de Interiores) e que a APO é abordada
dentro das disciplinas de Projeto. (P16)

Quanto aos métodos e técnicas empregados nas avaliações, os professores


afirmam que o ensino de APO nas suas respectivas instituições está apoiado na
abordagem multimétodos defendida pelos autores da área, e alterna métodos e técnicas
de naturezas quantitativa e qualitativa, de acordo com os objetivos e objetos de interesse
da avaliação. Os principais métodos e técnicas citados por eles foram o Walkthrough,
Questionários, Entrevistas, Grupos Focais, Mapa Comportamental, Avaliação técnico-
funcional, Mapas Mentais, Mapeamento Visual e Poema dos Desejos, por sinal, também
aqueles mais aplicados em pesquisas de APO internacionalmente e no Brasil, o que
provavelmente acontece por já terem resultados e procedimentos consolidados.

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Nos apoiamos em multi-métodos, sempre mesclando instrumentos de natureza
quali e quantitativa, principalmente com o uso de questionários,entrevistas,
grupos focais e observações. (P10)

Nos apoiamos em multi-métodos, sempre mesclando instrumentos de natureza


quali e quantitativa, principalmente com o uso de questionários,entrevistas,
grupos focais e observações. (P11)

Entrevistas, walkthrough, questionários, mapeamento visual, poema dos


desejos, mapa comportamental e seleção visual. Eles foram escolhidos para que
os discentes tivessem contato com o maior número possível de métodos e
técnicas. (P16)

No que se refere ao produto final desenvolvido nas disciplinas, grande parte dos
respondentes (6/16) apontam a proposta projetual como principal produto, seguido das
recomendações de curto, médio e longo prazo (5/16), relatório técnico (4/16), matriz de
descobertas (4/16), entre outras formatos (3/16). Eles esclarecem, ainda, que geralmente
o objetivo principal do trabalho realizado é o rebatimento dos resultados da APO no
projeto arquitetônico, para o que a matriz de descobertas mostra-se muito eficiente, por
se tratar de um resultado gráfico que contribui bastante com o processo projetual junto
com os diagnósticos e recomendações.

Procuramos mostrar claramente que a APO pode auxiliar por meio de


diagnósticos e insumos, as ações de projeto. A matriz de descoberta (aqui na
FAUUSP passamos a chamar de mapa de diagnósticos) é de grande utilidade
para os tomadores de decisão, pois resume diagnósticos (especialistas versus
usuários) e mostra balizadores como normas e benchmarks, além das
recomendações. Para se chegar a matriz de descobertas / mapa de
diagnósticos, é necessário elaborar o relatório técnico e as recomendações.
Assim, estes três aspectos caminham juntos. (P2)

Não existe um produto final modelo, conforme o interesse da turma e o rumo


que os trabalhos vão seguindo, defino-o. Mas na maioria são trabalhos técnicos
em formato de artigo. (P6)

Como a disciplina e voltada para projeto, se faz necessário uma analise técnico
do ambiente, juntamente com as necessidades dos usuários. Resultando em
uma proposta projetual. (P7)

Tais dados ratificam a argumentação de Kowaltowiski et al. (2006) ao descreverem


a importância de representações gráficas no processo projetual e afirmarem que os
formatos de apresentação dos resultados devem ser aprimorados para facilitar o

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encaminhamento dos resultados da APO para o projeto e, principalmente, para divulgar
as principais falhas e os maiores acertos projetuais.
Quanto à participação dos professores/pesquisadores nos ateliês que
desenvolveram projetos arquitetônicos utilizando a APO como metodologia projetual, a
grande maioria relata ter tido essa experiência nos cursos de graduação, e identifica a
influência dos resultados da APO principalmente na questão funcional, na programação
arquitetônica e, menos frequentemente, na argumentação oral ou escrita das soluções
adotadas (Figura 8).

Durante o processo de APO eles aprendem uma série de questões a serem


observadas na fase projetual, tornando a edificação por eles projetada mais
funcional também. (P5)

O conhecimento sobre as necessidades, expectativas dos usuários podem


subsidiar na definição do programa arquitetônico resolver a questão funcional,
formal, além da argumentação escrita das soluções. (P9)

Embora afirmem que, evidentemente, “cada aluno absorve essa experiência de


maneira distinta”, os respondentes ressaltam que a APO proporciona um maior
envolvimento dos alunos com o objeto arquitetônico e com os usuários, especialmente
no caso de projetos com temáticas complexas que demandam maior atenção no
detalhamento do programa e da questão funcional.

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Figura 8 – Gráficos sobre a experiência da Instituição com o ensino de APO na graduação.

Fonte: a autora

Corroborando a literatura, segundo os participantes o uso da APO como


embasamento teórico de TFGs ainda é pouco frequente e muito ligado aos orientadores
que já desenvolvem pesquisas nessa área. No entanto, a expectativa é de crescimento
desses trabalhos e aprimoramento da integração entre APO e processo de projeto,
considerando que um número crescente de instituições (tanto públicas quanto privadas)
vêm inserindo a APO como conteúdo programático nas disciplinas de projeto de AU.
Tendo em vista essa expectativa de crescimento da área nos cursos de graduação, os
respondentes sugeriram que a integração entre APO e processo de projeto fosse
aprimorada por meio de: (i) sua inserção nas ementas e programas das disciplinas para
torná-la conteúdo obrigatório nos cursos de AU; (ii) maior aproximação entre docentes
das duas áreas e integração dos conteúdos; (iii) sua incorporação como metodologia que
antecede a etapa propositiva, desde o processo de análise do problema; (iv)
desenvolvimento de pequenas atividades práticas que demostrem a utilização dos
resultados da pesquisa nas atividades de pré-projeto (programming).

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Vários experts consultados acrescentaram ser essencial para a qualidade do
processo de projeto conhecer e criticar edificações existentes para posteriormente
projetar, de modo que as análises de precedentes sejam enriquecidas com dados mais
objetivos oriundos da APO. Um segundo grupo ressaltou, ainda, que geralmente o tempo
para realização de uma APO nas disciplinas de projeto é muito restrito, de modo que seria
mais adequado empregar pesquisas já desenvolvidas, apenas utilizando seus resultados
como base para o desenvolvimento dos projetos. Uma terceira opinião indica a
importância de planejar a disciplina e orientar o desenvolvimento da APO para que a
mesma não seja somente uma ferramenta para levantamento de dados, e sim uma
abordagem de análise do ambiente construído que alimente várias etapas e decisões do
processo projetual.
No que diz respeito ao ensino e as pesquisas de APO na pós-graduação de suas
respectivas instituições, a maioria dos experts confirmam que nesse nível as pesquisas
encontram-se bem consolidadas, sendo sistematicamente desenvolvidas há anos. No
entanto, alguns respondentes evidenciam que as pesquisas em APO ainda são pouco
difundidas e desenvolvidas em número significativo em seus programas, porém
vislumbram um futuro promissor para a área. Outros, ainda, fizeram referência a
pesquisas desenvolvidas nos cursos de pós-graduação das Escolas de Engenharias,
especificamente nos cursos de Engenharia Civil e Gerenciamento de Projetos.

Entendo que há um grupo consolidado de pesquisadores, porém pequeno. (...)


Creio que há uma preocupação constante em inovar, seja discutindo-se novas
ferramentas de avaliação, seja variando-se o enfoque (tema) da APO. (P10)

Em relação à pós-graduação, as pesquisas que utilizam APO são desenvolvidas


sistematicamente na minha linha de pesquisa há 20 anos. (P14)

Incipientes, porém promissoras. (P15)

Dentre as tipologias arquitetônicas mais investigadas foram citados


empreendimentos residenciais (convencionais ou de interesse social), hospitais, estações
intermodais (rodoviárias, metroviárias, aeroportos), escolas e espaços urbanos.
O breve panorama apresentado pelos experts sobre o ensino e pesquisa de APO
na pós-graduação reflete a crescente aderência dos cursos de graduação em AU ao
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ensino de APO. Nesse sentido, os participantes enfatizaram ser fundamental discutir mais
profundamente a importância das RPA e de ciências afins para arquitetura e, em especial,
para o projeto arquitetônico, sendo interessante estimular o interesse pelas pesquisas
nesse campo durante a iniciação científica, uma vez que posteriormente elas poderão ser
retomadas na pós-graduação. Até mesmo a formação profissional será beneficiada com a
inserção desses conteúdos que favorecem a formação de arquitetos e urbanistas mais
atentos e cientes de suas responsabilidades no ambiente construído.

4.3 Indicações para continuidade do trabalho

Além de permitir maior conhecimento da área de APO no Brasil e do modo como


alguns dos docentes/pesquisadores pioneiros consultados a aplicam ao processo de
projeto, a principal contribuição do painel de experts relacionou-se à escolha dos
métodos e técnicas de pesquisa a utilizar na experiência didática.
A realização do walkthrough mostrou-se como imprescindível, sendo indicada por
todos os participantes, que justificaram tratar-se de uma atividade fácil de executar e de
bons resultados a curtíssimo prazo. Entre os demais métodos/técnicas, os mais
mencionados foram a avaliação técnico-funcional, o mapeamento comportamental, o
poema dos desejos e o questionário, os dois primeiros atividades centradas do
pesquisador, e os dois últimos exigindo participação direta dos usuários.
Também por sugestão dos experts, e reforçando a literatura, a apresentação dos
resultados recorreu a mapas de descobertas e quadros de recomendações, de modo a
facilitar o uso destas informações na argumentação oral ou escrita das soluções
projetuais.

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5 ESTUDO 2: A EXPERIÊNCIA DIDÁTICA
A experiência didática desenvolvida neste trabalho, devidamente autorizada pela
instituição receptora (Ver Apêndice C), considerou o contexto da disciplina ‘Projeto de
Interiores Institucionais’ na qual seria aplicada, bem como o conhecimento prévio
acumulado pelos alunos em outros componentes curriculares, notadamente na disciplina
de Psicologia Ambiental. Ressalta-se, ainda, a importância do Painel de Experts para o
planejamento e desenvolvimento desta experiência, principalmente no que se refere à
definição dos métodos e técnicas de pesquisa.
As atividades realizadas encontram-se descritas a seguir obedecendo o seguinte
roteiro: planejamento da experiência; métodos e técnicas de pesquisa utilizadas,
desenvolvimento da avaliação e avaliação dos projetos. A fim de facilitar a leitura cada
item será apresentado seguido pelos resultados obtidos.

5.1 Planejamento

A partir da análise da ementa original da disciplina e com auxílio do docente


responsável, formulou-se o novo plano de curso com objetivo, ementa, conteúdo e
cronograma a ser trabalhado ao longo do período (Ver apêndice D). É importante
ressaltar que no planejamento da experiência procurou-se adequar o ensino de APO ao
conteúdo original da disciplina, já que se tratava de um ateliê de projeto na qual o
objetivo principal é o exercício projetual. Portanto, o eixo fundamental da ementa foi
preservado e a nova proposta acrescentou os novos conhecimentos à formação dos
estudantes por meio de uma abordagem diferenciada do processo de projeto, focando,
sobretudo, no entendimento da situação a intervir. Além das indicações do painel de
experts, o plano de curso também baseou-se na fundamentação teórico-metodológica
utilizada no trabalho curricular “Proposta de Plano de Curso para Disciplina de Projeto”

_____________________________________________________________________________________________________________

69
desenvolvido na disciplina Ensino de Projeto de Arquitetura, ministrada no PPGAU–UFRN
pela Prof.ª Drª Maisa Veloso no segundo semestre de 2012.
O cronograma de atividades proposto considerou o calendário acadêmico da
Instituição receptora e foi desenvolvido em 2 unidades de avaliação pré-determinadas: a
primeira unidade, com duração de 10 semanas, foi dedicada à APO; a segunda unidade,
com 8 semanas, foi destinada ao desenvolvimento da proposta projetual. Foram
conteúdos trabalhados na primeira unidade: estudo de referência, avaliação técnica,
funcional e comportamental; principais métodos e técnicas de APO; atividade de campo
para coleta de dados; análise de dados; apresentação dos resultados por meio de matriz
de descobertas e diretrizes para intervenção. Os conteúdos da segunda unidade
incluíram: composição do ambiente destinado a comércio e serviços; materiais,
acabamentos e revestimentos; relação entre projeto de arquitetura de interiores e
projetos complementares; desenvolvimento da proposta projetual em nível de estudo
preliminar.
A fim de agilizar a participação dos estudantes e evitar grandes deslocamentos,
buscou-se dentro da própria Instituição de ensino um ambiente que atendesse aos pré-
requisitos da ementa original e que representasse para o docente responsável os desafios
e possibilidades de intervenção considerados fundamentais para o desenvolvimento de
um projeto de interiores de cunho institucional, além de possuir características que
favorecessem o desenvolvimento de uma APO, tais como tratar-se de: (i) um ambiente
real, (ii) de interesse para grande quantidade de pessoas, (iii) de fácil acesso e (iv) familiar
aos alunos. Neste sentido, a Biblioteca da instituição (Figura 9) foi considerada um
ambiente adequado à proposta, sendo definida como o objeto a ser trabalhado.
Esperava-se que, ao final do semestre, os alunos elaborassem propostas para
adequação do espaço às suas funções, desenvolvida em termos gráficos e textuais, no
primeiro caso usando a linguagem técnica adequada, e no segundo, justificando suas
decisões em função da APO.

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70
Figura 9 – Planta Baixa da Biblioteca.

Planta Baixa – sem escala


Fonte: Instituição de Ensino, trabalhado pela autora.

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71
5.2 O desenvolvimento da APO

Após discussão inicial sobre a APO, os métodos/técnicas a serem utilizados foram


definidos com base no princípio da triangulação metodológica (comentada no Capítulo 2),
de modo a investigar a Biblioteca (ambiente construído em questão) a partir de diversas
óticas. Os métodos e técnicas utilizados para coleta das informações foram: Walkthrough,
Avaliação técnico-funcional, Mapeamento Comportamental, Poema dos Desejos e
Questionário (Ver apêndice E, F, G, H e I). Na apresentação dos resultados foram usados:
Matriz de Descobertas e Quadro de Recomendações.
Devido ao tempo restrito para desenvolvimento da APO e à pouca familiaridade
dos alunos com alguns dos procedimentos, os instrumentos foram construídos pela
pesquisadora, assim como as ferramentas para tabulação dos mesmos e uma cartilha
com orientações para a correta aplicação dos instrumentos (Ver apêndice J).
Para definição da atividade a ser desenvolvida pelos grupos, os alunos
participantes da disciplina foram subdivididos em 10 grupos (aproximadamente 4 alunos
cada), de modo que cada método e técnica fosse realizado por pelo menos 2 grupos
diferentes, exceto o Walkthrough, realizado por todos. No término da avaliação os
resultados deveriam ser compartilhados entre os grupos para que as análises se
complementassem ampliando o entendimento do todo.
O sorteio para divisão dos métodos/técnicas a serem aplicados por cada grupo foi
realizado no dia 25/03/2014, de acordo com o cronograma; as orientações para aplicação
foram fornecidas neste dia e na semana seguinte, quando os grupos se dirigiram para a
biblioteca com os formulários de registro para coleta de dados.
É importante ressaltar que o cronograma de aulas previu que as atividades de
coleta de dados relativos à APO fossem realizadas sempre no período de aula, assim, em
caso de dúvidas no trabalho de campo os alunos poderiam contar com a orientação
(imediata e presencial) da pesquisadora e do docente.
Para facilitar a compreensão do processo, nos próximos itens os diversos
métodos/técnicas serão inicialmente descritos (procedimentos), seguidos pelos
resultados obtidos, e pelas dificuldades/limitações detectadas.
_____________________________________________________________________________________________________________

72
5.2.1 Walkthrough

 PROCEDIMENTOS:
Foi o primeiro método a ser aplicado e o primeiro contato dos alunos com o
objeto; todos os estudantes participaram. As orientações necessárias foram fornecidas
em sala de aula, juntamente com os formulários de registro. Em seguida os alunos se
dirigiram à biblioteca, sendo a visita acompanhada por um funcionário.
Esta atividade foi realizada no dia 04/03/2013, durou cerca de 2 horas e resultou
em um pequeno seminário apresentado no dia 11/03/2014, na qual todos os grupos
apresentavam suas primeiras impressões sobre o local em estudo.

 RESULTADOS:
O walkthrough foi o método com o qual se propôs que os alunos tivessem um
contato diferenciado com a Biblioteca, justamente por se configurar como um
procedimento exploratório inicial que pode ser realizado com facilidade e rapidez. Neste
caso, os alunos/avaliadores já tinham um conhecimento prévio (teórico e prático) do
ambiente e da temática tratada, e a visita conduzida pelo funcionário foi direcionada
principalmente para os ambientes que tinham acesso restrito e para a rotina de
funcionamento da Biblioteca.
O desenvolvimento do Walkthrough possibilitou aos alunos reconhecer as
necessidades funcionais de cada ambiente e atividade, principalmente as necessidades de
mobiliários específicos, equipamentos e áreas de guarda. Assim como foi possível
compreender também, mesmo que superficialmente, os usos e principais fluxos dos
usuários de acordo com a distribuição de atividades ao longo do período acadêmico
(início de período, semana de provas, trabalhos e outras atividades).
Questões relacionadas a conforto térmico, acústico, acessibilidade e atendimento
a NBR 9050 foram muito discutidas pelos alunos nas apresentações em razão deste
conteúdo estar presente no curso como disciplina específica ou como conteúdo das
disciplinas de projeto. A segurança contra furto, depredação de bens e incêndio foi

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73
amplamente apresentada pelo funcionário e ressaltada pelos alunos, assim como os
processos internos de cadastro, identificação e empréstimo de livros.
As análises dos aspectos relacionados à estética, identidade e comunicação visual,
embora pouco explorados durante a visita pelo funcionário e pelos alunos, foram
relacionados por quase todos os grupos que ressaltaram na apresentação dos resultados
a ausência de cores, texturas e acabamentos que favoreçam a criação de uma atmosfera
diferenciada para cada ambiente e atividade (Figuras 10).

Figura 10 – Resultado do Walkthrough

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:
O desenvolvimento do Walkthrough por um número relativamente grande de
alunos (aproximadamente 20 alunos divididos em 5 grupos) favoreceu a dispersão e o
desinteresse de alguns ao longo da visita e, em situações específicas, interferiu no
_____________________________________________________________________________________________________________

74
funcionamento do ambiente devido, por exemplo, ao ruído de conversas paralelas e à
permanência por tempo além do necessário.
Os alunos demonstraram pouco apego ao instrumento de registro, indicando que
seu preenchimento foi secundário; a maioria mostrou-se mais preocupada em fotografar
os ambientes. Atribuímos esse comportamento a duas questões: a primeira está
relacionada ao fato das fichas de registro terem sido previamente elaboradas pela
pesquisadora e por isso os alunos não se apropriaram do instrumento; a segunda está
relacionada a um comportamento padrão dos estudantes, que atualmente se relacionam
de forma muito próxima com os equipamentos tecnológicos, atribuindo menor
importância aos equipamentos convencionais (lápis e papel). Entendemos que em uma
nova experiência este aspecto precisa ser levado em consideração, sendo adequado
adaptar este procedimento aos interesses do alunado.
Nas análises geradas pelo Walkthrough os grupos priorizaram aspectos negativos
do ambiente e poucas observações foram realizadas sobre aspectos que tem um bom
funcionamento e deveriam ser preservados. O formato de apresentação também foi
pouco explorado, no que se refere à diagramação visual, volume de informações, apelo
estético e, contraditoriamente, referências fotográficas (Figura 11).

Figura 11 – Resultado do Walkthrough

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos


_____________________________________________________________________________________________________________

75
5.2.2 Avaliação Técnico-Funcional

 PROCEDIMENTOS:
Na experiência de ensino, o instrumento desenvolvido para esta avaliação técnico-
funcional compreendeu aspectos relacionados a 8 elementos do ambiente construído:
Programa Arquitetônico, Acessibilidade (NBR 9050), Mobiliários e Acessórios, Conforto
Ambiental, Infra-estrutura, Segurança, Características/Patologias Construtivas e Estética.
Na avaliação do desempenho de cada item foi utilizada uma escala que abrangeu 4
valores subjetivos, posteriormente transformados em numéricos (para facilitar a
tabulação dos dados e permitir o cálculo de médias): Ótimo (=4), Bom (=3), Regular (=2) e
Ruim (=1).
No caso específico desta APO, a avaliação técnica-funcional considerou apenas o
conhecimento técnico dos avaliadores (alunos) e não foram utilizados instrumentos ou
documentos para explicitar os critérios de julgamento.
A tabulação dos resultados se deu através de plataforma Excel, em planilha criada
pela pesquisadora, na qual os alunos fizeram apenas a transcrição dos resultados para
gráficos de barra pré-programados para cada elemento do ambiente construído descrito
acima (Figura 12). A Avaliação Técnico-Funcional ocorreu em 01/04 e durou cerca de 3
horas.

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76
Figura 12 – Exemplo de gráfico gerado para a Avaliação Técnico-Funcional.

Fonte: a autora.

 RESULTADOS:
A avaliação dos aspectos técnicos, funcionais e construtivos da Biblioteca não
exigiu dos alunos consulta em materiais normativos, resoluções ou bibliografia específica
sobre a temática. Contudo, sua própria experiência e conhecimento técnico da área
embasou a avaliação, já que sendo este o último período do curso os alunos tem a
capacidade de fazer julgamentos sobre assuntos relacionados à qualidade do ambiente
construído.
Os ambientes considerados fundamentais no Walkthrough foram avaliados
individualmente (Acesso e Consulta, Acervo, Sala de Estudos em Grupo, Sala de Estudos
Individuais, Cabine de Estudo em Grupo e Sala de internet) em função dos seguintes
aspectos: Programa Arquitetônico, Acessibilidade (NBR 9050), Mobiliários e Acessórios,
Conforto Ambiental, Infra-estrutura, Segurança, Características/Patologias Construtivas e
Estética.
Neste sentido, observa-se que os grupos que desenvolveram a Avaliação Técnico-
Funcional apresentaram na Matriz de Descobertas pontos que se relacionam diretamente

_____________________________________________________________________________________________________________

77
com os 8 aspectos considerados, como por exemplo: dimensionamento dos ambientes,
comunicação visual, acessibilidade, conforto acústico, instalações elétricas e internet,
segurança contra incêndio e uso de cores.
Os pontos ressaltados pelos alunos geram demandas que influenciam diretamente
a atividade de proposição projetual do espaço, objetivo fim da disciplina. Identificou-se
também no discurso dos alunos um vocabulário mais rico de termos técnicos e críticas
negativas.

 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:
A Avaliação Técnico-Funcional é um dos poucos métodos de APO que tem sua
origem no campo da AU, por essa razão espera-se dele análises mais sólidas e
fundamentadas.
No desenvolvimento da avaliação, embora os alunos recebam orientações do
professor, é necessário recorrer ao conteúdo de outras disciplinas do curso para
compreender corretamente a avaliação e os aspectos avaliados, assim como para a
definição dos critérios de julgamento que serão adotados. Caso os alunos tenham
deficiências anteriores, o entendimento e a avaliação de determinados aspectos ficará
comprometida e pouco confiável.
No que se refere ao próprio método e ao instrumento utilizado, observa-se que
devido a falta de compreensão e domínio de todos os aspectos, o preenchimento de
alguns itens foi automatizado e praticamente nenhuma observação foi feita para
complementar a avaliação.
Por fim, a análise dos resultados obtidos e a construção da Matriz de Descobertas
se restringiram aos aspectos negativos do ambiente construído e, embora a tabulação
dos resultados tenha gerado gráficos específicos para cada aspecto avaliado por
ambiente, essas informações não foram utilizadas na Matriz de Descobertas e geraram
poucas demandas no Quadro de Recomendações para o projeto.

_____________________________________________________________________________________________________________

78
5.2.3 Mapa Comportamental

 PROCEDIMENTOS:
O Mapeamento Comportamental Centrado no Lugar (MCCL) foi utilizado em razão
de ser mais facilmente aplicável e gerar resultados relacionados à distribuição espacial
dos usuários por setor e padrões de comportamento nas áreas de maior interesse para o
projeto de intervenção (Acesso, Consulta e Acervo).
A tabulação dos resultados também foi feita através de plataforma Excel, em
planilha criada pela pesquisadora, na qual os alunos fizeram a transcrição do somatório
geral das fichas de registro para gráficos de pizza pré-programados a fim de gerar
informações relativas aos comportamentos, setores e gênero (Figura 13).
Além dos gráficos, era esperado que os estudantes produzissem plantas baixas do
local (mapas) com manchas relativas aos locais mais ou menos ocupados, ou indicando os
comportamentos mais observados na relação dos usuários com o espaço.
O Mapeamento Comportamental foi realizado no dia 01/04 e durou cerca de
02h30min, considerando o intervalo de registro de 15 em 15 minutos.

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79
Figura 13 – Exemplo de gráficos gerados para o Mapeamento Comportamental.

Fonte: a autora.

 RESULTADOS:
O desenvolvimento do mapeamento comportamental identificou os
comportamentos predominantes na Biblioteca e os setores mais utilizados pelos usuários
através das observações e dos registros fotográficos. No entanto, os resultados foram
pouco considerados pelos grupos na construção da Matriz de Descobertas e no Quadro

_____________________________________________________________________________________________________________

80
de Recomendações (nestes constavam apenas as informações obtidas no Walkthrough) e
o discurso não fez nenhuma referência aos setores mapeados e aos comportamentos
identificados.

 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:
Corroborando as indicações da literatura, o MCCL foi certamente a técnica mais
difícil de ser aplicada. De maneira geral, nota-se que os alunos não compreenderam qual
era seu objetivo e como deveriam proceder na aplicação. Notou-se, inclusive, que os
grupos participaram ativamente do ambiente enquanto desenvolviam as observações, o
que alterou os resultados. O uso do MCCL em outras experiências precisa, portanto, ser
planejado mais detalhadamente, exigindo maior treinamento prévio do grupo.

5.2.4 Poema dos Desejos

• PROCEDIMENTOS:
A aplicação do Poema dos Desejos teve como objetivo identificar as principais
aspirações dos professores da Instituição e construir o “cenário” ideal através da
sentença “Eu gostaria que essa biblioteca fosse...”.
Embora aparentemente a técnica pudesse aparentar exigir uma resposta escrita,
os participantes foram orientados a completar a sentença-estímulo da maneira que
preferissem, inclusive com desenhos. Apesar dessa possibilidade, a maioria dos
participantes optou pela escrita de textos.
A tabulação dos resultados aconteceu em duas etapas. (i) Com relação aos dados
objetivos relativos ao perfil dos frequentadores foi feita uma tabulação dos resultados
por meio de plataforma Excel, em planilha criada pela pesquisadora, na qual os alunos
fizeram a transcrição dos dados objetivos para gráficos de pizza pré-programados para
gerar informações. (ii) Em relação aos poemas em si, inicialmente foi feita a leitura e
análise do material produzido e as respostas foram categorizadas de modo a sintetizar os
principais desejos mencionados nos textos dos participantes (Figuras 14 e 15).

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81
Figura 14 – Exemplo de gráficos gerados para os Poemas dos Desejos.

Fonte: a autora

Figura 15 – Exemplo de gráficos gerados para os Poemas dos Desejos.

Fonte: a autora

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82
A realização dos poemas envolveu 2 grupos, foi realizada no dia 01/04 e durou
cerca de 3 horas, tendo sido coletadas 40 respostas, analisadas quantitativamente e
utilizadas como citação nos relatos. Participaram como respondentes apenas professores
da Instituição.

 RESULTADOS:
A aplicação do Poema dos Desejos foi desenvolvida de maneira muito simples e
gerou resultados relevantes para o desenvolvimento da Matriz de Descobertas.
A partir da sentença “Eu gostaria que essa Biblioteca fosse...” os professores
ressaltaram questões relacionadas ao espaço físico, conforto ambiental, acessibilidade,
ampliação do acervo de livros, maior apelo estético dos ambientes, sinalização e
organização. A grande variedade de respostas obtidas foi categorizada pelos grupos que
através de gráficos identificaram o perfil dos professores respondentes (sexo, idade, há
quanto anos leciona na instituição, etc.) e os seus principais desejos e anseios para a
Biblioteca.
Em termos de análise e apresentação, esta foi a técnica que gerou os melhores
resultados. Nas Matrizes de Descobertas os grupos fizeram cruzamento dos dados e
consideraram de forma equilibrada as informações obtidas no Walkthrough e o resultado
do Poema dos Desejos, identificaram inclusive se a descoberta estava relacionada à
análise do avaliador ou à opinião do professor respondente. O Quadro de
Recomendações listou os principais problemas dos ambientes e as possíveis soluções
projetuais para resolvê-los.
Os resultados evidenciaram, portanto, a relevância desta técnica para
compreender o que um determinado grupo de usuários espera do ambiente avaliado,
principalmente quando esses usuários vivenciam frequentemente o objeto arquitetônico
e incluem questões de cunho mais objetivo nos seus desejos.

 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:
Devido ao Poema dos Desejos ter um caráter propositivo e estimular respostas
que reforçam as necessidades do ambiente, é importante realizar o cruzamento dos seus
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83
resultados com outros métodos e técnicas para que os mesmos fiquem mais realísticos e
confiáveis.
Apesar dessa aparente vantagem, em alguns casos o Poema dos Desejos pode
gerar respostas imprecisas e difíceis de serem categorizadas. No entanto, essa atividade
mostrou favorecer a apropriação das respostas pelos alunos, repercutindo na Matriz de
Descobertas e na proposta projetual.

5.2.5 Questionário

 PROCEDIMENTOS:
A aplicação de questionários foi presencial e direcionada aos alunos
frequentadores da Biblioteca (em geral vinculados à instituição). Diferentemente dos
outros métodos/técnicas, 4 grupos ficaram responsáveis pela sua aplicação, cada um dos
quais devendo aplicar 20 questionários, o que totalizou 80 respondentes 10. A aplicação
dos questionários aconteceu em 01/04 e durou cerca de 3 horas.
O questionário visou conhecer a opinião dos estudantes sobre aspectos da
Biblioteca comuns à Avaliação Técnico-Funcional e sua percepção sobre os diferentes
ambientes (Entrada e Consulta, Acervo, Sala de Estudos em Grupo, Sala de Estudos
Individuais, Sala de internet e Cabines de Estudo em Grupo). A escala de avaliação
utilizada abrangeu 4 valores: Ótimo (4), Bom (3), Regular (2) e Ruim (1).
A tabulação dos resultados recorreu a plataforma Excel, em planilha criada pela
pesquisadora, na qual os alunos transcreveram o resultado geral para gráficos de pizza
pré-programados para gerar informações relativas ao perfil dos frequentadores e sua
percepção de alguns aspectos e dos ambientes (Figura 16).

10
Quantidade definida a partir de cálculo de amostra casual simples, com nível de confiança de 92% e
margem de erro de 10%, considerando uma população total de aproximadamente 5000 pessoas, segundo
orientação da Consultoria de Estatística (CONSULEST) do Departamento de Estatística da UFRN.
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84
Figura 16 – Exemplo de gráficos gerados para os Questionários.

Fonte: a autora

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85
 RESULTADOS:
Os questionários aplicados aos alunos da Instituição avaliaram aspectos
relacionadas à Avaliação Técnico-Funcional, percepção ambiental e perfil dos
respondentes. Os resultados obtidos neste método tinham como objetivo compreender
como os alunos se sentem com relação a alguns ambientes da Biblioteca, como esta pode
ser melhorada e comparar com o ponto de vista dos outros participantes da pesquisa.
Os respondentes, em sua maioria, avaliaram os ambientes físicos (Acesso e
Consulta, Acervo, Sala de Estudos em Grupo, Sala de Estudos Individuais, Cabine de
Estudo em Grupo e Sala de internet) como bom e regular. No entanto, fizeram muitas
sugestões para melhoramentos nos aspectos relacionados à dimensão dos ambientes,
acessibilidade, conforto acústico, ampliação da área de acervo e uso de cores. Esses
resultados demostram conformidade com os desejos e anseios descritos pelos
professores no Poema dos Desejos.
Quanto a utilização dessas informações para a construção da Matriz de
Descobertas, dos 4 grupos que aplicaram o método, apenas 2 atingiram o objetivo e
desenvolveram correlações adequadas entre os resultados obtidos nos questionários e o
Walkthrough. Como foi feito, por exemplo, na análise da Sala de Estudo em Grupo, que
foi avaliada como insatisfatória pelos alunos, e os avaliadores complementaram esta
percepção com base em suas observações relacionadas ao dimensionamento, tratamento
acústico e ausência de tomadas no local.
Verifica-se, portanto, que quando utilizados da maneira correta os questionários
permitem conhecer a opinião de uma grande amostra de usuários e ainda compará-la e
complementá-la com outros métodos e técnicas; de modo que se faça uma leitura fiel do
ambiente construído e recomendações projetuais adequadas para cada problema
encontrado.

 DIFICULDADES E LIMITAÇÕES:
A aplicação dos questionários requer uma amostra contabilizada e disposta a
participar da pesquisa. Neste caso específico isso não se configurou como uma
_____________________________________________________________________________________________________________

86
dificuldade, pois se tratando de um ambiente universitário as pessoas estavam dispostas
a colaborar e dar a sua opinião na pesquisa.
Na análise dos resultados, embora os gráficos sejam bastante representativos e
expressem graficamente as perguntas e opiniões, é necessário extrapolar a mera
descrição dos resultados e desenvolver discussões mais profundas correlacionando os
outros métodos e técnicas. Apenas os gráficos gerados pelos questionários e um ponto de
vista exclusivo não gera insumos para o projeto.

5.2.6 Síntese Final: Matriz de Descobertas e Quadro de


Recomendações

 PROCEDIMENTOS:
Os resultados da APO foram sintetizados e apresentados graficamente e
oralmente por cada grupo nos dois formatos, Matriz de Descobertas e Quadro de
Recomendações. A construção de ambos, assim como a aplicação dos métodos/técnicas,
foi direcionada por uma cartilha de orientação desenvolvida pela pesquisadora (Ver
apêndice K) no dia 15/04/2013 durante 03h30min.
O seminário de apresentação dos resultados foi realizado no dia 22/04/2013
durante 2 horas, com formato de apresentação também desenvolvido pela pesquisadora
(Figuras 17 e 18). Por fim, todos os trabalhos foram disponibilizados para que todos os
grupos tivessem acesso às análises oriundas dos outros métodos/técnicas utilizados na
avaliação e desenvolvessem um breve exercício de concepção em classe. Na unidade
seguinte, essas informações foram retomadas para elaboração do projeto de intervenção
de interiores para a Biblioteca.

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87
Figura 17 – Modelo de Matriz de Descobertas.

Fonte: a autora

Figura 18 – Modelo de Quadro de Recomendações.

Fonte: a autora

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88
 RESULTADOS:
Ao resumir os achados da APO na Matriz de Descobertas e no Quadro de
Recomendações (Figuras 19 e 20), de maneira geral os alunos apresentaram um discurso
diferenciado sobre o ambiente analisado (sobretudo sobre os pontos críticos da
avaliação), bem como um vocabulário mais rico de termos técnicos. Demonstraram,
ainda, um grande interesse pelas expectativas/aspirações dos professores participantes
do Poema dos Desejos e nas respostas dos alunos aos Questionários
Contudo, houve dificuldade para compreender inteiramente o objetivo da APO e
alguns dos métodos e técnicas desenvolvidos, o que talvez exigisse uma etapa
preparatória maior. Em poucos casos houve cruzamento dos dados obtidos, de modo que
a maioria das matrizes apresentadas (grafica e oralmente) trabalharam apenas os
resultados de um método/técnica, quer Walkthrough, Avaliação Técnico-Funcional,
Poema dos Desejos ou Questionário.

Figura 19 – Matriz de Descobertas

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

_____________________________________________________________________________________________________________

89
Figura 20 – Quadro de Recomendações

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Conforme comentado, o Mapeamento foi o que menos ofereceu informações para


a essa etapa final.
As Matrizes de Descobertas evidenciaram quase que exclusivamente os pontos
negativos do ambiente (foram raríssimas as indicações de aspectos positivos) e nelas as
fotografias foram pouco utilizadas como referência. O formato de apresentação também
não foi significativamente explorado no que se refere à diagramação visual e ao volume
de informações; a maioria se restringiu e até simplificou o modelo fornecido pela
pesquisadora.
Em algumas equipes houve, ainda, uma distorção do que deveria ser apresentado
na Matriz de Descobertas e no Quadro de Recomendações, e alguns grupos relacionaram
os problemas e as soluções projetuais na própria Matriz (Figuras 21 e 22).

_____________________________________________________________________________________________________________

90
Figura 21 – Matriz de Descobertas

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Figura 22 – Quadro de Recomendações

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

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91
 DIFICULDADES, LIMITAÇÕES E CONTINUIDADES:
Acredita-se que a utilização de instrumentos desenvolvidos pela pesquisadora, a
partir das demandas do Walkthrough e de outras pesquisas de APO com o mesmo tema,
pode ter contribuído negativamente para a experiência com esse perfil de aluno, pois
muitos não se apropriaram completamente dos métodos e das técnicas. Entretanto, a
construção dos instrumentos de avaliação por eles seria inviável em razão do tempo
previsto para a realização da APO (Unidade 1) e para o desenvolvimento do projeto
(Unidade 2).
É importante ressaltar que o desenvolvimento desta avaliação considerou o
princípio da triangulação metodológica descrita por vários autores e que, além da
apresentação oral dos resultados, ao concluir esta unidade os grupos trocaram as
Matrizes e Recomendações para que todos os grupos tomassem ciências das análises
geradas pelos outros métodos e técnicas antes de começar a atividade projetual.
Realizou-se também um pequeno exercício de concepção projetual, inspirado na
disciplina Ensino de Projeto de Arquitetura (ministrada Prof.ª Drª Maisa Veloso no PPGAU
–UFRN), no qual os grupos propuseram em planta-baixa ou perspectiva pequenas
intervenções/resoluções para algum problema identificado por outro grupo, cujo objetivo
foi estimular os alunos a utilizar os resultados da APO nas etapas posteriores de projeto.

5.3 As propostas projetuais

As propostas projetuais desenvolvidas para planejamento e reformulação de


interiores da biblioteca da instituição foram apresentadas em nível de ante-projeto,
sendo exigidos, no mínimo, planta de layout, 4 vistas e 4 perspectivas, complementados
por uma parte escrita com painel conceito, painel amostra e memorial.
Embora desde as primeiras aulas o professor e a pesquisadora tenham comentado
a relação entre a APO e a proposta projetual, os alunos não foram expressamente
orientados a incluir na parte escrita os resultados da APO, a fim de que os próprios grupos
avaliassem a importância da APO em seu projeto e se as informações coletadas deveriam
compor a parte escrita.
_____________________________________________________________________________________________________________

92
No que se refere ao processo de criação, iniciado logo após a apresentação dos
resultados da APO, os alunos foram assessorados ao longo de 5 aulas, de acordo com o
ritmo e as necessidades específicas de cada grupo. As assessorias tinham como objetivo
fazê-los refletir sobre as soluções propostas e questionar possíveis problemas de ordem
técnica, funcional ou estética.
A primeira análise do rebatimento do conhecimento obtido na APO nas propostas
projetuais desenvolvidas pelos grupos se deu durante as assessorias, por meio de uma
Ficha de Acompanhamento (Apêndice L), na qual eram indicados: grupo, data da
assessoria, o material apresentado, um resumo das orientações do professor e as
principais referências verbais ou projetuais dos alunos aos resultados da APO. Tais
registros tiveram como finalidade auxiliar na avaliação da proposta final apresentada,
tanto no que se refere a sua evolução quanto em termos da consistência das descobertas
e recomendações da avaliação.
A segunda análise se deu através do projeto final, incluindo parte gráfica e
material escrito. Nesta etapa as análises se concentraram nas informações
disponibilizadas na Matriz de Descobertas e no Quadro de Recomendações enquanto
produto final da APO nessa experiência didática, por reunirem os dados (positivos e
negativos) considerados mais relevantes pelos estudantes, de maneira que o rebatimento
dessas informações no projeto representaria a influência da APO sobre os novos
produtos.
Por fim, a terceira e última análise foi desenvolvida pelo professor responsável,
em função da sua experiência no ensino da disciplina Projeto de Interiores. A opinião do
professor foi coletada por meio da entrevista semi-estruturada via telefone (Apêndice M)
e compreendeu os seguintes aspectos: (i) Experiência do docente no ensino de projeto;
(ii) Experiências anteriores na disciplina de Projetos Institucionais; (iii) Repercussões da
APO nas soluções de projetos. A apreciação dos projetos por parte do professor
considerou os mesmos critérios analíticos adotados para avaliação dos projetos (solução
formal, questão funcional, programação arquitetônica e argumentação oral ou escrita das
soluções), embora, por tratar-se de uma entrevista semiestruturada, houvesse liberdade

_____________________________________________________________________________________________________________

93
para que ele tratasse outros aspectos e fizesse as observações que considerasse
necessárias.

5.3.1 As soluções projetuais

Novamente divididos em grupos, que poderiam ser diferentes daqueles que


desenvolveram a APO (sendo fortemente incentivado que os grupos anteriores se
misturassem, a fim de que os estudos realizados fossem melhor discutidos e
confrontados), os estudantes desenvolveram 10 projetos para intervenção na biblioteca,
sendo 2 em grupos de 6 alunos, 1 em grupo de 5, 6 em grupos de 4 e 1 em trio. A
variedade observada deveu-se, sobretudo, a preferências/identificações individuais,
práticas anteriores de trabalho conjunto e impossibilidade de alguns participantes
atuarem em conjunto devido a exigências trabalhistas.
Embora tenham atendido às necessidades relacionadas à organização espacial,
funcional e qualidades estéticas, em geral as propostas projetuais desenvolvidas
interferiram de modo discreto na arquitetura existente e na disposição interna de móveis
e equipamentos (layout).
As principais ações empreendidas foram: explorar de forma mais efetiva o espaço
no que se refere à inserção de elementos estético-decorativos; incorporar princípios do
desenho universal, prevendo acessibilidade plena a todos os ambientes e equipamentos
da biblioteca; promover conforto luminoso; buscar segurança contra incêndio e contra
furto; reestruturar pontos elétricos. Guardando muita semelhança entre si, os textos que
justificam as propostas indicam:

Uma biblioteca mais atrativa, mais aconchegante, entrada modificada com


portas automáticas, uma recepção moderna, com sala de leitura com cores
alegres, poltronas e puffs aconchegantes, sala de internet moderna, acervo e
periódicos mais visíveis, sala de estudos individuais e em grupo mais atrativos
com mais pontos de tomadas (G10)

Um olhar para os eixos analíticos previamente definidos mostra que houve um


esforço dos grupos para desenvolver propostas coerentes com o objeto em estudo,
conforme indicamos a seguir.
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94
 PROGRAMAÇÃO ARQUITETÔNICA:
No que se refere ao programa desenvolvido nas propostas dos estudantes, não
foram verificadas ousadia ou contestação: todos os trabalhos mantiveram o programa
inicialmente existente, com reestruturação das áreas e incorporação de soluções que
proporcionassem maior conforto aos usuários.
Nesse aspecto as principais alterações se relacionaram à ampliação do acervo
(impresso, digital e periódicos), sala de estudo individual e cabines de estudos em grupo.
Dentre essas, a área destinada ao acervo da biblioteca foi o espaço que sofreu menos
modificações e, na maioria dos trabalhos, teve os limites físicos preservados quase que
completamente. Destaca-se neste ambiente a ampliação da área e a inclusão de espaços
adjacentes para leitura ou espera, conforme foi constatado no Quadro de
Recomendações (sobretudo pelos grupos que desenvolveram o Poema dos Desejos e os
Questionários).
Nesse sentido, 8 grupos incorporaram ao espaço investigado (pré-existente) uma
área lateral (salas adjacentes), acrescentando à biblioteca cerca de 50 m².
Note-se, ainda, que as áreas internas pouco foram modificadas, sendo as
principais intervenções relacionadas ao atendimento direto das necessidades expostas
pelos usuários como, por exemplo, a realocação espacial da Sala de Estudos Individuais
em virtude do estudo de fluxo de pessoas na Biblioteca.
É importante destacar que as reformulações propostas para o acervo interferiram
diretamente na disposição da entrada principal da biblioteca, do balcão de atendimento e
controle de entrada e saída, do terminal de consulta e empréstimo, da área do guarda
volumes e vice-versa. Poucas alterações foram feitas aos outros ambientes (Sala de
Estudo em Grupo, Sala Internet e outras mídias e áreas administrativas) e, na maioria dos
casos, estes permaneceram dispostos espacialmente próximos à planta original,
conforme ilustra a Figura 23.

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Figura 23 – Estudo para disposição geral dos ambientes

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Também é essencial ressaltar que, embora as questões funcionais tenham sido as


mais trabalhadas nos projetos (item a seguir), na maior parte dos projetos as
intervenções realizadas com este propósito se relacionaram diretamente à programação
arquitetônica (entendida no sentido amplo do programming).

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96
 QUESTÃO FUNCIONAL:
Em termos funcionais, as principais ações propostas relacionaram-se a: definição
de novo layout (alteração da distribuição dos espaços internos); reestruturação e
ampliação das estantes do acervo; relocação do balcão de atendimento e controle de
empréstimos; incorporação de elementos de acessibilidade (Figura 24), notadamente um
aspecto bastante discutido nas disciplinas de projeto.
Além disso, para melhorar as condições de privacidade dos usuários, foram
indicadas: a ampliação do número de cabines para estudo individual, a melhoria na
iluminação, inclusive com possibilidade de controle individual nas cabines; a ampliação da
sala de internet e reformulação do mobiliário (Figura 25), e o incremento das instalações
elétricas, pela incorporação de maior número de tomadas, permitindo o uso de laptops.

Figura 24 – Acessibilidade

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Figura 25 – Ampliação da Sala de Internet

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

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97
Em termos de detalhes, as principais preocupações se relacionaram à introdução
de portas automáticas, aumento da quantidade de pontos elétricos, segurança contra
incêndio e segurança contra furtos, os quais, no entanto, na grande maioria das
propostas se reduziram a indicações orais e textuais, sem indicação clara na proposta
gráfica, com exceção da localização de extintores de incêndio e do controle de entrada e
saída de usuários.
Além disso, a previsão de tratamento acústico foi recorrente na argumentação
oral dos grupos, principalmente daqueles que desenvolveram a Avaliação Técnico-
Funcional. No entanto, as plantas de layout com descrição sumária dos elementos
utilizados no projeto (planta falada) não faziam referência à utilização de materiais que
contribuíssem com a qualidade acústica do ambiente, bem como também não constava
no painel amostras ou no memorial descritivo (figura 26).

Figura 26 – Planta falada de layout

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

 SOLUÇÃO FORMAL:
Em geral, a maior parte das alterações propostas pelos estudantes se relacionou a
introdução de nova escala cromática, aplicação de materiais decorativos (adornos,
revestimentos e acabamentos), incorporação de mobiliário confortável em termos
ergonômicos e com apelo estético e visual (Figuras 27).
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98
Em termos de tendência formal, a grande maioria dos participantes optou pela
uniformização dos revestimentos com paredes e pisos claros em materiais de fácil
limpeza e manutenção, como pintura lavável, pisos cerâmicos e revestimentos
melamínicos.

Figura 27 – Elementos decorativos

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Quanto ao mobiliário, nas estantes, cabines, armários e prateleiras predominaram


linhas retas e revestimentos melamínicos com cor ou madeira clara aparente; com
exceção das cores empregadas, a linguagem formal mais simples e padronizada da
maioria das propostas se aproximou do projeto original e quase não foram previstas
peças personalizadas para os ambientes (Figura 28). Verifica-se também a manutenção
visual do ritmo e das proporções entre cheios e vazios do projeto original, principalmente
na área do acervo.

Em alguns casos, no entanto, os estudantes optaram por indicar mobiliário de


maior porte (como poltronas e estantes altas, por exemplo) que ocupariam muito espaço,
o que poderia representar a possibilidade de acomodar muito confortavelmente uma
pequena quantidade de usuários, porém, no dia a dia não atenderia satisfatoriamente a
necessidade da grande população alvo prevista. Contudo, uma análise mais profunda

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99
dessas proporções dimensionais entre usuários e mobiliário fica comprometida, pois não
há nas representações gráficas escala humana de comparação, assim como, na maioria
dos projetos, não são identificados outros elementos de humanização do espaço (como
adornos, vegetação, etc.).
Quanto à escala cromática do mobiliário, principalmente mesas e cadeiras, os
projetos exploraram tons pastéis e alguns contrastes. Note-se, ainda, a utilização das
cores da instituição nos painéis de fundo da entrada principal.

Figura 28 – Elementos decorativos

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

 ARGUMENTAÇÃO ORAL OU ESCRITA DAS SOLUÇÕES


A argumentação oral e escrita das soluções (ilustrada ao longo deste capítulo, nos
itens precedentes e na continuidade do texto) não trouxe grandes destaques, novamente
fazendo menção à introdução de elementos decorativos, ampliação do acervo, melhoria
da sala de internet e dos locais de estudos individuais e em grupo, reuso de determinados
ambientes inativos, acessibilidade, saída de emergência e implantação de instalações
sanitárias na biblioteca.

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100
É preciso ressaltar, no entanto, que nem todos os grupos conseguiram traduzir
efetivamente as intenções verbais em soluções (gráficas) de projeto, com exceção dos
itens relativos à acessibilidade e às indicações de mobiliário básico.

5.3.2 A APO e as propostas desenvolvidas

A influência da APO foi evidente nos discursos dos grupos, especialmente nas
primeiras assessorias após a conclusão da atividade, na qual foram discutidas questões
relacionadas ao programa de necessidades e distribuição geral dos ambientes,
corroborando com a afirmação de Ornstein (2002) sobre a notória influência das APOs na
fase de programação e pré-projeto (estudo preliminar).
As principais observações foram relativas aos dados obtidos através do
Walkthrough, da Avaliação Técnico-Funcional, do Poema dos Desejos e dos
Questionários. A técnica de Mapeamento Comportamental, devido as dificuldades já
mencionadas, não gerou análises que os grupos aproveitassem nas assessorias.
A transição entre as assessorias realizadas para desenvolvimento do estudo
preliminar e as realizadas para desenvolvimento do ante-projeto demonstrou uma
mudança no discurso dos alunos justificada por duas razões. A primeira delas refere-se ao
fato de algumas propostas já estarem consolidadas e requererem apenas
aprofundamento para a próxima etapa. A segunda razão está relacionada ao
distanciamento temporal da APO e do conhecimento procedente da avaliação.
Observa-se que os grupos que mantiveram maior coerência na argumentação oral
do projeto ao longo das assessorias foram os que tiveram maior domínio e entendimento
dos métodos e técnicas de APO utilizados e, consequentemente, atribuíram maior
importância aos resultados da APO incluindo-os na parte escrita do projeto (Matriz de
Descobertas e Quadro de Recomendações).

Mediante estudos levantados na biblioteca, segue algumas observações que


foram de suma importância para a realização deste projeto. (G4)

Pesquisa realizada com professores e funcionários da instituição, onde


colocamos as observações mais interessantes para a reforma da biblioteca a ser
realizada da forma mais favorável e atrativa para os usuários. (G10)
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101
No que se refere às consonâncias entre Matriz de Descobertas, Quadro de
Recomendações e propostas projetuais, observou-se que os resultados da APO foram
pouco profundos e refletiram de forma pragmática e sucinta os pontos negativos
encontrados na avaliação, como fora descrito anteriormente. Verificou-se também
similaridade entre os problemas e as soluções destacados pelos grupos, em virtude da
maioria ter trabalhado mais intensamente os resultados do Walkthrough.
As matrizes e quadros apresentados evidenciaram, principalmente, questões
relacionadas à introdução de elementos decorativos (10/10), tratamento acústico (8/10),
acessibilidade (8/10), insuficiência de pontos elétricos (7/10), iluminação geral e do
acervo (7/10), saída de emergência (7/10), ampliação do acervo da biblioteca (6/10),
ampliação do número de cabines individuais (5/10), comunicação visual (5/10), entre
outros pontos destacados isoladamente por alguns grupos.

Reestruturação do ambiente com decoração, implantação de cores e materiais


de decoração, mobiliário confortável e agradável visualmente. (G1)

Ampliação do acervo impresso, digital e periódicos. Melhoria, reestruturação e


ampliação das prateleiras. (G10)

Revisão da distribuição dos espaços internos, novo layout. 70% dos


entrevistados sugeriram a ampliação dos ambientes, principalmente, das salas
de estudo. (G3)

Reestruturação do mobiliário, oferecendo mais privacidade e conforto.


Melhoria na iluminação e instalações elétricas. (G6)

Aumentar a quantidade de pontos elétricos perto das cabines individuais e


colocar as cabines em outro lugar para que possam ser mais utilizadas. (G5)

Evidencia-se, no entanto, que poucos trabalhos fugiram da atual disposição básica


da biblioteca, como já fora destacado anteriormente. Elali e Veloso (2006) comentam
esse tipo de fenômeno ao detectarem que “há uma tendência do estudante de graduação
reproduzir a concepção básica do objeto avaliado, principalmente em relação à
organização espacial do partido adotado no plano bi-dimensional” (s/p), embora as
mesmas autoras também destaquem a possibilidade de alguns tentarem se distanciar

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102
daquela ideia inicial e, demonstrando independência, buscarem caminhos diversos desse
modelo inicial.
O rebatimento das recomendações da APO sobre os projetos desenvolvidos pelos
alunos demonstra que determinados aspectos do ambiente construído e dos usuários
foram apreendidos e que, ainda com as dificuldades relacionadas à compreensão da APO
e aplicação dos métodos e técnicas, a avaliação contribuiu para um maior
reconhecimento das necessidades funcionais das atividades ali realizadas, enriquecendo a
argumentação oral do projeto.
Contudo, ressalta-se que a resposta projetual às principais recomendações da
APO, em especial aquelas que se aproximam de questões já discutidas ao longo do
processo de projeto de interiores, pode não representar, necessariamente, uma
influência direta da APO nos projetos. Nota-se que as maiores contribuições da avaliação
foram, certamente, sobre os aspectos funcionais do projeto (programa, disposição
espacial, função x equipamentos x dimensionamento mínimo, etc.) e sobre os discursos
dos grupos.

5.3.3 Com a palavra o professor...

No que se refere à análise do professor responsável pela disciplina destaca-se,


inicialmente, a sua formação acadêmica como Arquiteto e Urbanista (2002), pós-
graduado em Arquitetura de Interiores e aluno regular do Mestrado Profissional em
Arquitetura. Possui experiência profissional no desenvolvimento de projetos
arquitetônicos de naturezas variadas, porém sempre com enfoque na arquitetura de
interiores.
A experiência docente iniciou-se há 4 anos nos cursos de Arquitetura e Urbanismo
e Design de Interiores de uma instituição de ensino privada, tendo lecionado também
como professor substituto na UFRN. Neste período orientou as disciplinas de Projetos de
Interiores Residenciais, Comerciais e, mais frequentemente, Institucionais.
Quanto ao formato da disciplina de Projeto de Interiores Institucionais, o
professor esclarece que a mesma divide-se em duas unidades, conforme orientação da
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103
instituição de ensino. A primeira concentra a parte teórica e metodológica explorando
aspectos históricos, funcionais e técnicos (conforto, segurança, normas vigentes),
complementados pela utilização do círculo cromático como instrumento de composição.
Na segunda unidade é apresentada a problemática de projeto, normalmente escolhida
pelo próprio professor, e o perfil do cliente e suas especificidades, construído em
conjunto com os alunos. Nessa unidade são realizadas também as assessorias de
orientação para desenvolvimento do projeto. O produto final é entregue em formato
impresso com material escrito e representações gráficas, e, geralmente, ocorrem também
apresentações digitais para a turma.
A temática mais recorrente da disciplina é espaços culturais, sendo esta a primeira
experiência com uma temática diferente (Biblioteca) e com um objeto existente.
Em relação à aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos pelos alunos em outras
disciplinas, em especial Psicologia Ambiental, ao projeto de interiores institucional, o
professor afirma que este conteúdo não é resgatado pelos professores de projeto,
inclusive por ele mesmo. Em razão disto, a maioria dos alunos apresenta grandes
deficiências nesta questão e normalmente não consideram a percepção do usuário na
elaboração do programa de necessidades, muitas vezes desconsiderando-o totalmente no
processo projetual.
No que diz respeito à inserção da APO na primeira unidade da disciplina, ressalta
que a mudança não comprometeu o conteúdo original e que foi extremamente benéfica
para os alunos compreenderem de forma mais ampla o espaço e seu usuário, podendo
ser facilmente inserida no início da unidade e retomada por professores e alunos nas
assessorias de projeto da unidade seguinte.
A apreciação crítica dos projetos realizada pelo professor identificou que as
propostas apresentadas estavam fortemente relacionadas aos problemas levantados e
diagnosticados pela APO. Destacou ainda que os alunos mostraram-se mais atentos às
questões ligadas ao uso do espaço pelos alunos e à dinâmica diária dos funcionários no
exercício das suas funções, aspectos diretamente ligados à distribuição dos ambientes em
planta baixa e funcionalidade adequada do layout interno dos ambientes.

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104
A solução formal do projeto ficou subjugada pela questão funcional que,
evidentemente, foi o aspecto mais influenciado pela APO. Alguns projetos buscaram
atender prioritariamente, e quase exclusivamente, as demandas colocadas pelos usuários
(Poema dos Desejos e Questionário), comprometendo assim a liberdade de criação e a
busca por soluções formais inovadoras que proporcionassem ao novo produto uma
organização espacial diferente e uma atmosfera mais ousada (Figura 29).

Figura 29 – Croqui de setorização da Biblioteca

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Eles (alunos) criaram amarras, uma obrigação em responder os usuários, e não


pensaram em lançar novas possibilidades. Algumas experiências ficaram
realmente tímidas. Se o usuário manifestou, hipoteticamente, que gosta de
azul, o projeto tem que ser azul.

A influência excessiva da APO na questão funcional e a maneira contida que os


grupos lidaram com as possibilidades formais do projeto refletem uma experiência
diferente da descrita por Elali e Veloso (2006), na qual a proposta final defendida pelos
alunos de Projeto de Arquitetura 3 da UFRN para edificação escolar apresentaram
soluções formais que distanciaram-se dos projetos avaliados na APO com ideias/partidos
totalmente inovadores.

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105
A programação arquitetônica mostrou-se muito rígida e dominada, novamente,
pela visão dos usuários, segundo a avaliação do professor. Alguns projetos apresentados
pelos grupos limitaram-se, inclusive, à estrutura organizacional, atividades e ambientes
existentes. Ressalta-se nesse ponto que a atividade de Estudos de
Precedentes/Referências realizado antes da APO tinha como objetivo conhecer projetos
de interiores bem sucedidos para diferentes bibliotecas e que este conhecimento poderia
contribuir também com a programação arquitetônica dos novos projetos. No entanto,
não foram verificadas influências deste tipo (Figura 30).

Figura 30 – Cortes do Acervo

Fonte: Trabalho desenvolvido pelos alunos

Os estudos de referência não foram recuperados em nenhum momento. Nem


para melhorar a programação arquitetônica, nem com coisas simples como as
estantes de acervo mais baixas vistas em todos os projetos.

Na argumentação oral das soluções, como fora dito anteriormente, as


experiências vivenciadas na APO foram constantemente salientadas como grande
norteador do conceito do projeto, desde as assessorias iniciais até a apresentação final.
Na avaliação do professor, os alunos participantes da experiência demonstraram maior
domínio de termos técnicos e trataram verbalmente de aspectos do ambiente construído
que, geralmente, não são abordados pelos alunos da disciplina.

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106
Em todos os momentos a experiência da APO vinha à tona. Não só no processo
durante as assessorias, mas na defesa final. E impressionante como a
experiência da APO ficou latente para esses alunos.

A argumentação escrita foi explorada de maneira muito superficial e por poucos


grupos. As menções à APO na parte escrita do projeto, em sua maioria, reproduziram
apenas a Matriz de Descobertas e o Quadro de Recomendações sem maiores reflexões a
respeito. Este dado reflete a pouca atenção demandada pelos alunos do curso ao material
escrito do projeto, tanto nessa quanto em outras disciplinas.
Em relação aos semestres anteriores, o professor afirma que é inquestionável que
a APO teve papel fundamental na compreensão das necessidades dos usuários (alunos e
funcionários) e de vários outros aspectos do ambiente construído, principalmente das
deficiências (subdimensionamento de espaços, layout ineficiente, conforto ambiental,
segurança, etc.).

Alguns projetos, de fato, foram um pouco tímidos, enquanto inovação. Mas


todos, certamente, vieram dotados de uma responsabilidade muito maior com
o usuário.

Por fim, o professor destaca que, embora alguns métodos e técnicas não tenham
sido plenamente compreendidos pelos alunos por razões variadas (deficiências
anteriores, tempo restrito do curso, perfil do aluno e outros) e este ponto mereça uma
reflexão diferenciada em experiências futuras, as propostas projetuais mostraram-se
muito atentas aos resultados da APO e a experiência trouxe grandes benefícios aos alunos
participantes. Evidentemente, considerando uma turma grande e heterogênea, alguns
grupos conseguiram conjugar melhor os resultados da APO com a questão formal e
estética do projeto, enquanto outros se limitaram a solucionar os problemas destacados
pelos usuários e ousaram muito pouco na criação.

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107
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A experiência didática proposta nesta dissertação tomou como referência o
conhecimento já produzido no campo da AU, na qual se discute a APO como uma das
possibilidades norteadoras do processo de projeto, principalmente em âmbito
acadêmico. A importância da APO neste contexto excede o próprio conceito da avaliação
enquanto um processo sistematizado de investigação e análise do ambiente construído,
nestes casos a avaliação representa a possibilidade de colaboração interdisciplinar
(Ciências Sociais, Humanas e Tecnologia) e discussão de aspectos relacionados às
subjetividades e expectativas dos usuários.
Nos cursos de graduação e pós-graduação em AU que vêm desenvolvendo
experiências com APO nos ateliês de projeto, ainda que de forma isolada sob liderança de
professores/pesquisadores referências no assunto, entende-se que este tipo de exercício
possibilita ao aluno refletir sobre as interações entre pessoa e ambiente. Mesmo as
avaliações que são desenvolvidas com um enfoque mais técnico e funcional, favorecem o
entendimento de aspectos relacionados aos usos, comportamentos e percepção do
ambiente pelos usuários, propiciando subsídios para intervenção naquele objeto
arquitetônico ou para elaboração de novas propostas.
Diante do reconhecimento da importância da APO para o projeto arquitetônico e
urbanístico, e da identificação da carência deste conteúdo nos cursos de graduação
(regular e tecnólogo) em Design de Interiores, área correlata à AU, verificou-se a
relevância de um estudo que considerasse a utilização dos métodos e técnicas de
pesquisa da APO como abordagem complementar ao exercício projetual de design de
interiores, contribuindo assim para uma análise mais profunda das particularidades do
ambiente construído.
Neste sentido, essa dissertação analisou primeiramente como os cursos de AU
desenvolviam pesquisas de APO nos ateliês de projeto através da opinião de
professores/pesquisadores considerados experts no assunto. As experiências descritas

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108
nesse estudo fortaleceram a premissa de que a APO gera insumos, diretos e indiretos,
para o projeto arquitetônico e estimula capacidades relacionadas à observação crítica e
criteriosa de edificações ou ambientes.
Verificou-se também conformidade entre os principais métodos e técnicas de APO
empregados nos ateliês de projeto e, ainda que, as instituições de ensino e os professores
respondentes tenham interesses e linhas de pesquisa diferentes, há um consenso entre
eles sobre os fundamentos gerais da APO, procedimentos de pesquisa e principais
contribuições.
O desenvolvimento da experiência didática focada no uso da APO no processo de
projeto em design de interiores, interesse central desse trabalho, compreendeu o
universo da graduação tecnológica na área e propôs uma reflexão acerca das
possibilidades de uso e expansão dos estudos de APO nesses cursos, replicáveis às
graduações regulares em Design de Interiores.
A aplicação da APO na disciplina Projeto de Interiores Institucionais foi direcionada
para a temática biblioteca e o planejamento pedagógico evitou que houvesse prejuízo no
conteúdo original. De modo que, ementa, conteúdo programático e exigências mínimas
fossem apenas complementados pela avaliação do objeto em questão. Contudo, ainda
foram considerados os Estudos de Precedentes/Referências para ampliar ao máximo o
repertório dos projetistas, em consonância com as informações fornecidas pelos
respondentes do Painel de Experts.
O desenvolvimento da APO compreendeu a aplicação dos principais métodos e
técnicas de pesquisa na área: Walkthrough, Avaliação Técnico-Funcional, Mapa
Comportamental, Poema dos Desejos, Questionários, Matriz de Descobertas e Quadro de
Recomendações. A coleta de dados, análise e apresentação dos resultados ocorreu ainda
na primeira unidade da disciplina e o exercício projetual ao longo na segunda.
Verificou-se na pesquisa que os métodos e técnicas aplicados têm potencialidades
e limitações específicas e que, de maneira geral, os dados obtidos em cada um deles
gerou informações aplicáveis ao projeto de design de interiores.
As principais dificuldades encontradas nesta etapa estiveram relacionadas à
compreensão dos objetivos dos métodos e técnicas, em especial do Mapeamento
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109
Comportamental, e refletiram, muitas vezes, dificuldades anteriores com termos técnicos,
conceitos básicos de Psicologia Ambiental e manipulação dos instrumentos. No entanto,
convém destacar novamente que os pontos de favorecimento e as limitações
identificadas nos métodos e técnicas utilizados nessa dissertação referem-se a um
determinado universo de pesquisa, e que a aplicação da APO nas disciplinas de projeto
das graduações regulares em Design de Interiores pode minimizar as dificuldades
encontradas e demonstrar outras potencialidades.
Outro aspecto a explorar é a própria característica dos instrumentos de pesquisa
que, embora tenham sido similares aos utilizados em outras investigações nesse campo,
talvez pudessem ser aperfeiçoados no sentido de incorporar mais tecnologia. Nesse
sentido, acredita-se que a substituição/complementação dos instrumentos convencionais
por equipamentos com os quais os estudantes tenham maior afinidade (como o
preenchimento de formulários por meio de smartphones, tablets e similares, ou o uso de
câmeras de celulares para acompanhamento fotográfico ou fazer vídeos) pode contribuir
com a coleta de dados e despertar maior interesse dos estudantes pela pesquisa.
Em relação aos projetos apresentadas ao término da disciplina, foi possível
verificar relação direta da proposta com a APO realizada na etapa anterior. As assessorias
para desenvolvimento do estudo preliminar e do anteprojeto evidenciaram a influência
da avaliação na argumentação oral dos alunos e, até mesmo os grupos que tiveram maior
dificuldade na aplicação dos métodos e técnicas, apresentaram um discurso diferenciado
e fundamentavam as decisões do projeto nos resultados da APO.
Entre as citações mais recorrentes nas assessorias, destacaram-se a ampliação do
acervo da biblioteca mencionada pelos professores respondentes do Poema dos Desejos
e a insuficiência das cabines de estudo em grupo, ineficiência da sala de internet e
subdimensionamento da sala de estudos em grupo mencionada pelos alunos
respondestes do Questionário.
De acordo com o professor responsável, e considerando suas experiências
anteriores com a disciplina de Projetos Institucionais, os alunos participantes da
experiência apresentaram um discurso diferenciado, uma visão mais complexa e
completa do ambiente construído e das necessidades funcionais dos usuários. Os
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110
projetos, de maneira geral, caracterizam-se por uma responsabilidade funcional
desconhecida até então.
A riqueza da argumentação oral, segundo o professor, ratifica a importância deste
tipo de avaliação para o projeto de interiores, pois comprova que a experiência da APO
introduziu os alunos na dinâmica diária da biblioteca e fez emergir problemas funcionais
muito específicos, ainda que nem todos esses pontos não tenham sido considerados e
solucionados no projeto por razões variadas.
O profundo apego da maioria dos projetos ao programa de necessidades original e
a disposição dos ambientes de forma muito similar ao existente levantou um questão que
merece reflexão futura, pois o objetivo da avaliação não é inibir o processo de criação
com referências atuais, mas sim ampliar a experiência do projetista no ambiente a fim de
que ele possa conhecê-lo profundamente e diagnosticar os pontos que devem ser
preservados e aqueles que necessitam de mudanças de ordem formal, funcional ou
técnica.
Por fim, os resultados obtidos nessa experiência didática, complementados pelos
resultados do Painel de Experts, contribuíram sobremaneira para a formulação de
diretrizes que orientem experiências similares que busquem complementar o processo de
projeto de design de interiores com a APO do ambiente construído. Nesse sentido,
recomendamos:

 Análise do contexto (graduação tecnológica ou regular) e perfil dos


estudantes;
 Revisão da ementa e do conteúdo programático das disciplinas de Projeto
de Interiores Comercial ou Institucional;
 Compatibilização entre conteúdo proposto, temática do projeto de
interiores e objetivos da APO;
 Nivelamento dos fundamentos de Psicologia Ambiental e conceitos gerais
da APO;
 Construção conjunta (professor/aluno) dos métodos e técnicas de
pesquisa, considerando o princípio da triangulação metodológica;
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111
 Desenvolvimento da APO em paralelo às aulas programadas (coleta de
dados como atividade extraclasse obrigatória);
 Maior ênfase na apresentação final dos resultados.

É importante destacar que no campo do Design de Interiores, assim como no


campo da Arquitetura, as decisões de projeto cabem, em geral, aos projetistas/alunos, e a
APO inseriu nessa experiência didática a variável do usuário antes subjugada e permitiu o
reconhecessem como sujeito ativo do ambiente construído. Neste sentido, a APO sugeriu
uma mudança de paradigma e uma abordagem mais participativa para os projetos de
interiores.
A partir das análises realizadas nessa dissertação, conclui-se que as instituições de
ensino formadoras dos futuros profissionais de design de interiores (tecnólogos ou
bacharéis), ao apropriarem-se da APO como abordagem de avaliação interdisciplinar e
sistematizada que auxilia o desenvolvimento de intervenções futuras, têm a possibilidade
de aplicar e aprimorar uma nova metodologia de projeto e ainda tornar mais complexo o
exercício projetual na direção da avaliação técnica e funcional e também da elucidação
social, cultural e psicológica dos usuários, sugerindo projetos mais coerentes e mais
responsáveis com o seu contexto.

_____________________________________________________________________________________________________________

112
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118
APÊNDICES

_____________________________________________________________________________________________________________

119
APÊNDICE A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO ACADÊMICO
Este questionário é parte da dissertação “O uso da Avaliação Pós-Ocupação no processo de projeto de
design de interiores: uma experiência didática” (título provisório), cujo objetivo é discutir a utilização
de métodos e técnicas de pesquisa da APO como abordagem complementar ao exercício projetual de
design de interiores, em contexto acadêmico de graduação. Gostaríamos da sua opinião para compor
um painel de experts a respeito do tema APO e projeto de AU. Você foi escolhido/a porque faz parte de
um grupo de pesquisa nessa área ou foi indicado por algum colega. Ao responder as questões
considere apenas a instituição e o curso a qual está vinculado/a. Agradecemos antecipadamente a sua
colaboração e solicitamos que, ao nos responder, envie também o TCLE anexo, preenchido e assinado,
e em formato pdf.
Pesquisadoras responsáveis: Carla Bastos (Mestranda, PPGAU/UFRN); Gleice A. Elali (Orientadora).

APO NOS CURSOS DE ARQUITETURA E URBANISMO

Com relação a você:

1. Como você entrou em contato com a APO?


( ) uma disciplina na minha graduação
( ) uma disciplina na minha pós-graduação
( ) curso isolado, extracurricular, de férias ou similar
( ) iniciativa própria (estudo individualizado)
( ) pesquisa conjunta com outro docente ou pesquisador
( ) outro, qual? __________________________________________

2. Sua experiência com ensino de APO é em nível de:


( ) graduação; ( ) pós-graduação; ( )ambos

3. Há quanto tempo você leciona disciplinas de APO?


( ) menos de 5 anos
( ) 5 a 9 anos
( ) 10 a 14 anos
( ) 15 anos ou mais

Com relação à graduação:

4. Na experiência da sua instituição, o ensino de APO acontece majoritariamente através de:


(Marque no máximo 2 opções)
( ) uma disciplina exclusiva regular/obrigatória
( ) uma disciplina exclusiva optativa
( ) como conteúdo programático inserido em outra disciplina,
( ) como conteúdo integrado ou transdisciplinar
( ) outro, qual? __________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

120
Caso tenha respondido as opções 3 ou 4 da questão anterior, explique em qual(ais) disciplina(as)
e de que forma acontece:
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________
_______________________________________________________________________

5. Além de divulgar e ensinar uma estratégia de pesquisa, a aplicação da APO nessas disciplinas
tem algum outro tipo de objetivo? Qual?

6. Quais são os principais métodos e técnicas de pesquisa de APO ensinados em suas disciplinas
e por que foram escolhidos?
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

7. Qual o produto final desenvolvido pelos alunos da disciplina? (Marque no máximo 2 opções)
( ) relatório técnico
( ) matriz de descobertas
( ) recomendações para curto, médio ou longo prazo
( ) proposta projetual
( ) outro, qual? __________________________________________

Por favor, explique sua resposta:

8. Você já teve algum tipo de participação em ateliers que desenvolveram projetos


arquitetônicos como produto final usando a APO como parte do processo projetual?
( ) sim
( ) não

9. Caso tenha respondido positivamente a questão anterior, na sua opinião, em quais


elementos das propostas projetuais dos alunos os resultados da pesquisa se tornaram mais
evidentes? (Marque no máximo 2 opções)
( ) na solução formal
( ) na questão funcional
( ) na programação arquitetônica
( ) na argumentação oral ou escrita das soluções
( ) outro, indique: __________________________________________

Por favor, explique sua resposta:

_____________________________________________________________________________________________________________

121
10. Com que frequência a APO tem sido utilizada como embasamento teórico nos TFGs da sua
instituição?

11. De que maneira a integração entre APO e processo projetual pode ser aprimorada nas
disciplinas de projeto?

Com relação à pós-graduação:

12. Como você avalia o ensino e as pesquisas de APO na sua instituição?

Queremos entrar em contato com grupos de pesquisa brasileiros ou professores (mesmo


isolados) que trabalhem com APO em cursos de graduação. Se for possível, nos indique até 4
outras pessoas que trabalhem com ensino de APO (nome e email).
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________

_____________________________________________________________________________________________________________

122
APÊNDICE B

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO ACADÊMICO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento, declaro que fui esclarecido(a) sobre os objetivos e métodos da
pesquisa “O uso da Avaliação Pós-Ocupação no processo de projeto de design de interiores:
uma experiência didática” (título provisório) realizada pela mestranda Carla da Silva Bastos,
vinculada ao Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal
do Rio Grande do Norte (PPGAU-UFRN) e orientada pela Profa., Dra. Gleice Azambuja Elali. Aceitei
participar livremente da pesquisa através do questionário "APO nos cursos de Arquitetura e
Urbanismo", estando ciente de que as informações fornecidas poderão ser utilizadas pela
pesquisadora em sua dissertação e em publicações futuras, mas que não serão vinculadas
diretamente ao meu nome e serão tratadas de modo impessoal.

Manifesto, portanto, minha concordância com a realização da referida pesquisa e meu


consentimento para posterior divulgação de seus resultados, desde que seja preservado o
conteúdo e o contexto original das respostas.

Nome: CPF:

Assinatura:

_____________________________________________________________________________________________________________

123
APÊNDICE C

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Pelo presente instrumento, declaramos que fomos esclarecidos(as) sobre os objetivos e métodos
da pesquisa “O uso da Avaliação Pós-Ocupação no processo de projeto de Design de Interiores:
uma experiência didática” realizada pela pesquisadora Carla da Silva Bastos, mestranda do
Programa de Pós-Graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, sob orientação da Profa. Dra. Gleice Azambuja Elali.
A pesquisa em desenvolvimento tem como meta discutir a aplicabilidade da Avaliação Pós-
Ocupação (APO) no processo de concepção projetual de arquitetura de interiores, analisando sua
colaboração para a elucidação das reais necessidades e expectativas dos usuários, elaboração do
programa de necessidades e, por conseguinte, para a tomada de decisões de projeto que
abarquem os aspectos ambientais, psicológicos e culturais dos usuários e do contexto na qual
estes se inserem.
Fomos convidados(as) a participar livremente, estando cientes que a pesquisadora utilizará
informações e registros das atividades desenvolvidas na disciplina Projeto de Interiores
Institucionais, ministrada pelo professor Thiago de Carvalho Brito, e que os mesmos serão
futuramente divulgados para fins acadêmicos, desde que mantidas a condição de anonimato
completo da instituição e dos participantes.
Pelo presente manifestamos nossa concordância e nosso consentimento para realização da
referida pesquisa. Assinam esse termo de consentimento livre e esclarecido:

___________________________________________________________
Coordenador(a) do curso de CST em Design de Interiores

___________________________________________________________
Professor Responsável

_____________________________________________________________________________________________________________

124
APÊNDICE D

PLANO DE CURSO – 2013.1

I. Identificação
Disciplina: Projeto de Interiores Institucionais
Docente: ------- Período: 4ª Série

II. Objetivo
Elaborar proposta projetual de arquitetura de interiores (nível de anteprojeto) para edificação
destinada a comércio e serviços a partir da Avaliação Pós-Ocupação (APO) do ambiente construído,
com especial ênfase para as necessidades e expectativas dos usuários, funcionalidade e estética.

III. Ementa da disciplina


Avaliação Pós-Ocupação (APO) como parte do processo projetual e subsídio para a proposta de
intervenção em ambientes construídos. A relação entre projeto de design de interiores, fluxo
funcional e programa de necessidades. Aspectos funcionais, culturais, estéticos, psicológicos,
tecnológicos e econômicos do design de interiores.

IV. Conteúdo
• Estudo de referência;
• Composição do ambiente destinado a comércio e serviços;
• Aspectos técnicos e funcionais;
• Materiais, acabamentos e revestimentos;
• A relação entre projeto de arquitetura de interiores e projetos complementares;
• Avaliação Pós-Ocupação;
• Avaliação técnica, funcional e comportamental;
• Métodos e técnicas em APO;
• APO do objeto arquitetônico: Coleta, análise de dados e elaboração da matriz de descobertas
e diretrizes para intervenção;
• Desenvolvimento da proposta projetual para arquitetura de interiores em nível de estudo
preliminar e anteprojeto;

V. METODOLOGIA
• Aulas expositivas dialogadas;
• Realização de trabalho de campo em grupo;
• Palestra de profissional da área;
• Exercícios individuais de atelier com assessoramento;
• Apresentação de trabalhos referentes a cada unidade.
• Recursos didático-pedagógicos: Datashow, quadro, computadores e pranchetas de desenho.

VI. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM


• 1ª UNIDADE
1ª Avaliação
Estudo de Referência - Data: 25/02/2013 (1,5 pontos)
Walkthrough – Data: 11/03/2013 (1,5 pontos)
Apresentação da APO (Matriz de Descobertas e Quadro de Recomendações) – Data: 22/04/2013
(5,0 pontos)
Exercício de Concepção Projetual – Data: 22/04/2013 (2,0 pontos)
2ª Avaliação
Prova Integrada - Data: 24/04/2013 (10,0 pontos)
_____________________________________________________________________________________________________________

125
• 2ª UNIDADE
1ª Avaliação
Estudo Preliminar (Planta baixa-Layout) - Data: 20/05/2013 (10,0 pontos)
2ª Avaliação
Ante-projeto (Planta baixa, 1 corte, 3 vistas, 4 perspectivas e painel amostra) – Data: 12/06/2013
(10,0 pontos)

Serão avaliados segundo os seguintes critérios:


• Evolução, assiduidade e participação no ateliê;
• Apreensão do conteúdo e rebatimento no processo de projeto;
• Desenvolvimento criativo;
• Qualidade da apresentação dos trabalhos.

VII. OBSERVAÇÕES
• Os exercícios, exceto o trabalho de campo, serão executados no ateliê e controlados através
de relatos de andamentos e evolução.
• A entrega dos trabalhos fora do prazo determinado implicará na redução da nota máxima.
• Tolerância de faltas: 25%.

VIII. CRONOGRAMA

DATA CONTEÚDO
SEGUNDA Apresentação da disciplina, conteúdo programático e tema - Biblioteca UNP.
18/02 Apresentação de projetos referências para bibliotecas.
SEGUNDA Composição do ambiente, aspectos funcionais, técnicos, materiais e revestimentos.
25/02 Estudo de referências: divisão dos grupos, pesquisa e apresentação.
SEGUNDA Avaliação Pós-Ocupação. Métodos e técnicas para avaliação.
04/03 Walkthrough: orientação para trabalho de campo.
SEGUNDA Apresentação dos resultados da Walkthrough.
11/03 Normas e Diretrizes para Bibliotecas.
SEGUNDA Palestra de profissionais da área (Bibliotecária da UNP e Arquiteta e Urbanista – 45
18/03 minutos para cada profissional).
SEGUNDA Avaliação técnica e funcional; Avaliação comportamental; Opinião dos usuários:
25/03 apresentação das ferramentas, discussão e orientação para trabalho de campo.
SEGUNDA Realização do trabalho de campo e dúvidas.
01/04
SEGUNDA Orientação para análise dos dados e construção da matriz de descobertas e das
08/04 recomendações de curto, médio e longo prazo.
SEGUNDA Construção da matriz de descobertas e recomendações de curto, médio e longo prazo.
15/04
SEGUNDA Apresentação da matriz de descobertas e recomendações projetuais.
22/04 Exercício de Concepção Projetual.
QUARTA Provão
24/04
SÁBADO TÉRMINO U1
27/04
SEGUNDA Assessoria para elaboração do estudo preliminar.
29/04 Orientações
SEGUNDA Assessoria para elaboração do estudo preliminar.
06/05
SEGUNDA Assessoria para elaboração do estudo preliminar.
13/05
SEGUNDA Entrega do Estudo Preliminar (Planta baixa-Layout)
20/05 Assessoria para elaboração do anteprojeto

_____________________________________________________________________________________________________________

126
SEGUNDA Assessoria para elaboração do anteprojeto.
27/05
SEGUNDA Assessoria para elaboração do anteprojeto.
03/06
SEGUNDA Assessoria para elaboração do anteprojeto.
10/06
QUARTA Entrega do Banner
12/06
SEGUNDA 2° chamada
17/06
SEGUNDA Recuperação
24/06
SABADO TÉRMINO U2/SEMESTRE LETIVO
29/06

_____________________________________________________________________________________________________________

127
APÊNDICE E

_____________________________________________________________________________________________________________

128
APÊNDICE F

_____________________________________________________________________________________________________________

129
_____________________________________________________________________________________________________________

130
APÊNDICE G

_____________________________________________________________________________________________________________

131
APÊNDICE H

_____________________________________________________________________________________________________________

132
APÊNDICE I
QUESTIONÁRIO

1. Com que frequência você vai à biblioteca?


( ) Sempre ( ) Frequentemente ( ) Às vezes ( ) Nunca

2. Qual é o espaço que você mais frequenta na biblioteca? Por quê?

3. Avalie os seguintes aspectos da biblioteca:


Ótimo Bom Regular Ruim Observações
Tamanho dos ambientes
Largura das circulações
Privacidade
Comunicação visual/Sinalização
Comunicação com o exterior
Condições de uso para deficientes
Quantidade de móveis
Estado de conservação
Presença de lixeiras
Presença de ruídos
Temperatura
Iluminação Natural
Iluminação Artificial
Presença de tomadas
Acesso à internet
Acesso ao acervo físico
Acesso ao acervo digital
Número de computadores
Suporte para multimídias
Segurança contra incêndio
Segurança contra furtos pessoais
Materiais construtivos

4. Como você avalia o ambiente de entrada da biblioteca e o de consulta:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

5. Como você avalia a sala do acervo:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

_____________________________________________________________________________________________________________

133
6. Como você avalia a sala de estudos em grupo:
( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

7. Como você avalia a sala de estudos individuais:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

8. Como você avalia a sala de internet:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

9. Como você avalia as cabines de estudo em grupo:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

10. Como você avalia esteticamente a biblioteca:


( ) Ótimo ( ) Bom ( ) Regular ( ) Ruim
Observações e críticas:

11. Em sua opinião, o que deveria ser modificado no espaço físico da biblioteca para torná-lo melhor?

_____________________________________________________________________________________________________________

134
APÊNDICE J

_____________________________________________________________________________________________________________

135
APÊNDICE K

_____________________________________________________________________________________________________________

136
APÊNDICE L

_____________________________________________________________________________________________________________

137
APÊNDICE M

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ARQUITETURA E URBANISMO
MESTRADO ACADÊMICO

Esta entrevista é parte da dissertação “Avaliação Pós-Ocupação e Design de Interiores: uma


experiência didática”, cujo objetivo é discutir a utilização de métodos e técnicas de pesquisa da APO
como abordagem complementar ao exercício projetual de design de interiores, em contexto acadêmico
de graduação. Ao responder as questões considere apenas a instituição e o curso a qual está
vinculado/a. Agradecemos antecipadamente a sua colaboração.
Pesquisadoras responsáveis: Carla Bastos (Mestranda, PPGAU/UFRN); Gleice A. Elali (Orientadora).

ANÁLISE DOS PROJETOS DE INTERIORES INSTITUCIONAIS

Com relação a sua experiência do docente no ensino de projeto:

1. Qual a sua formação acadêmica?

2. Fala um pouco sobre a sua atuação profissional?

3. Há quanto tempo leciona disciplinas de projeto de interiores?

Com relação às experiências anteriores na disciplina de Projetos Institucionais:

4. Há quanto tempo leciona a disciplina de Projetos Institucionais?

5. Quais são os temas de projetos mais recorrentes na disciplina?

6. Descreve a metodologia de projeto utilizada por você nesta disciplina?

7. Você considera que os alunos estão preparados para aplicar todos os conhecimentos
adquiridos em outras disciplinas do curso, em especial Psicologia Ambiental?

8. De que maneira, como você avalia as propostas projetuais apresentadas nos


semestres anteriores? Quais são as principais deficiências e qualidades?

Repercussões da APO nas soluções de projetos:

9. A inserção da APO na U1 comprometeu de algum modo o conteúdo que você


considera fundamental à disciplina?

_____________________________________________________________________________________________________________

138
10. Como você avalia as propostas projetuais apresentadas? Quais são as principais
deficiências e qualidades?

11. Foi possível verificar repercussões da APO nas propostas projetuais? De acordo com
os critérios abaixo, descreva-as:
Solução formal:
Questão funcional:
Programação arquitetônica:
Argumentação oral ou escrita das soluções:
Outras:

12. De que modo você avalia os projetos apresentados em relação aos semestres
anteriores?

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