E-Book Tecnologia BIM para Edifícios de Saúde
E-Book Tecnologia BIM para Edifícios de Saúde
E-Book Tecnologia BIM para Edifícios de Saúde
ISBN: 978-85-7267-127-9
Autor
Rita Siqueira Campos Lourenço
Coautor
Dra. Eliete de Pinho Araujo
1ª Edição
EQUIPE EDITORIAL
Reitor
Getúlio Américo Moreira Lopes
Normatização
Biblioteca Reitor João Herculino
Projeto gráfico
Rita Siqueira Campos Lourenço
Comissão técnico-científica
1. Dra. Eliete de Pinho Araujo, Centro Universitário de Brasília, Brasília/DF, Brasil
2. Dra. Neusa Maria Bezerra Mota, Brasília/DF, Brasil
3. Dr. Antônio Pedro Alves de Carvalho, Universidade Federal da Bahia, Salvador/BA, Brasil
Grupo de pesquisa
Cidade e habitação, novas perspectivas
Linha de pesquisa
Cidade, infraestrutura urbana, tecnologia e projeto
Tecnologia BIM para edifícios de Saúde / Rita Siqueira Campos Lourenço. – Brasília, 2021
ISBN: 978-85-7267-127-9
182 f.
Dissertação apresentada como requisito para conclusão do curso de Mestrado em Arquitetura e
Urbanismo do Centro Universitário de Brasília - UniCEUB.
Orientadora: Profa. Dra. Eliete de Pinho Araujo
E-mail: [email protected]
Link CNPQ: http://lattes.cnpq.br/7893095438400332
E-mail: [email protected]
Link CNPQ: http://lattes.cnpq.br/8958239079490571
Para Kyrie. Obrigada por tudo.
AGRADECIMENTOS
Presto a minha eterna gratidão àqueles que de alguma forma contribuíram para essa
jornada até aqui. Por serem de grande impacto na minha trajetória, eu agradeço:
À Deus, arquiteto do universo, por me mostrar todo dia que sou capaz de completar
desafios como este e ir atrás dos meus sonhos.
À minha mãe Thelma, que sempre me incentivou a ser cada dia melhor, mais capacitada e
independente, estando sempre pronta para me dar suporte, direcionamento e ser a minha voz da
experiência. Ao meu pai Jayme, por ser sempre compreensivo e bom ouvinte, que na minha vida
sempre corrida, me lembra de parar para respirar.
Aos meus irmãos e cunhados, que mais do que minha família, são meu ombro amigo.
Ao amado Bruno, que desde a faculdade me incentiva a buscar pelos meus sonhos, que
está ao meu lado junto às aflições e momentos felizes da vida, que está sempre pronto para tirar
“dúvidas médicas” para meu trabalho de arquiteta hospitalar, que escolheu dividir a vida comigo e ser
sempre meu melhor amigo.
Aos professores da graduação em Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do
Tocantins pelas oportunidades que deram início à minha trajetória na vida acadêmica.
Aos meus professores da Especialização em Arquitetura de Sistemas de Saúde da
Universidade Católica de Brasília pelos ensinamentos, em especial à Prof.ª Eliete de Pinho Araujo, por
ter me incentivado a entrar no Programa de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo do CEUB e ter me
abraçado como orientadora e tutora de estágio docente.
Aos meus amigos do ofício, tanto do Sabin Medicina Diagnóstica, quanto do Instituto de
Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal, pelo apoio, incentivo e suporte.
Ao meu querido Hospital de Base e sua equipe que tanto me ensinaram e ensinam sobre
a complexidade de se trabalhar em um organismo vivo, mutante e tão delicado que é um hospital da
rede pública de saúde.
Aos professores e colegas do mestrado do CEUB, bem como, às minhas colegas da
ABDEH-DF, em especial à Talissa Patelli dos Reis, que me concedeu a oportunidade de ser
Coordenadora Executiva durante a sua missão como Diretora da Regional do Distrito Federal.
Agradeço ao Centro Universitário de Brasília pela oportunidade do estágio docente
gratificado, e ao programa PROSUP da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de
Nível Superior) pela bolsa de estudos concedida que tornou possível a realização deste mestrado.
Muito obrigada!
RESUMO
Changing the method and work platform is natural to the evolution process for all market sectors.
Currently, the AEC (Architecture, Engineering and Construction) industry is in the process of
disseminating knowledge and transitioning from CAD (Computer Aided Design) to BIM (Building
Information Modeling) technology. Considering the complexity of the healthcare building, BIM has a lot
to contribute, not only in the construction planning phase, but also in the operation of these buildings.
Therefore, as a contribution to the initiative of the Brazilian government, as plain in federal decrees that
establish the National BIM Dissemination Strategy, this work aimed to unravel the advantages,
challenges and peculiarities of the use of such technology in the life cycle (project, work and
management) of healthcare establishments, through theoretical references, discussions and case
presentations. It`s expected that the product of the research presented here would be use as a support
material for the decision making of migrating the way of designing healthcare buildings to BIM, due the
hypothesis’s confirmation that states that the adoption of this technology is beneficial for its ability to
positively contribute to the health environments and may even change the reality of the
operationalization of these buildings.
El cambio en el método y la plataforma de trabajo es natural en el proceso de evolución para todos los
sectores del mercado. Actualmente, la industria AEC (Arquitectura, Ingeniería y Construcción) está en
proceso de diseminar conocimiento y pasar de la tecnología CAD (Diseño Asistido por Computador) a
BIM (Modelado de Información de Construcción). Considerando la complejidad de los edificios de
salud, el BIM tiene mucho que aportar, no solo en la fase de planificación de la construcción, sino
también en la operación de estos edificios. Por lo tanto, como contribución a la iniciativa del poder
público brasileño, explícita en los decretos federales que instituyen la Estrategia Nacional de Difusión
de BIM, este trabajo tiene como objetivo exponer las ventajas, los desafíos y las particularidades del
uso de la tecnología en las fases de la vida (proyecto, trabajo y gestión) de los establecimientos de
salud, por medio de compilados de referencias teóricas, debates y presentaciones de casos. Se espera
que el producto de la investigación presentada en este trabajo sea un material de apoyo para la tomada
de decisión de cambio de la forma de diseñar edificios de salud para el BIM, debido a la confirmación
de la hipótesis de que la adopción de la tecnología es beneficiosa por su capacidad de contribuir
positivamente a la calidad del ambiente de salud, e incluso puede cambiar la realidad de la operatividad
de estos edificios.
Quadro 1 - Investimento para implantação BIM estimado por profissional AEC. .................................. 43
Quadro 2 - Exemplos de atributos geométricos e não-geométricos dos elementos em BIM. ................ 50
Quadro 3 - Nível de Detalhamento (ND) equiparado às etapas comuns de projeto. ............................. 53
Quadro 4 - Softwares BIM para projetos. ............................................................................................ 57
Quadro 5 - Especialidades envolvidas em um projeto de edificação hospitalar. ................................... 64
Quadro 6 - Exemplos de técnicas e instrumentos de Coordenação de Projetos. ................................. 68
Quadro 7 - Processo de projeto segundo alguns pesquisadores/autores. ............................................ 71
Quadro 8 - Lista de disciplinas que podem ser objeto de contrato de gestão de instalações
(facility management) em um estabelecimento assistencial de saúde. .............................. 74
Quadro 9 - Requisitos, apontados por Karman (2011), para estruturação de um programa de
manutenção e segurança. ................................................................................................ 76
Quadro 10 - Vantagens e desvantagens da manutenção por pessoal próprio e por terceiros. ............. 77
Quadro 11 - Estudos de caso do uso do BIM em EAS apresentados nas edições norte-
americanas do livro The BIM Handbook (O Manual de BIM). ............................................ 79
Quadro 12 - Critérios (evidências/competências) que Phiri (2016) utiliza para estudos de casos
da utilização do BIM em EAS............................................................................................ 81
Quadro 13 - Entregas da plataforma ProCure22 para serem utilizadas como apoio a projetos e
construções de edifícios de saúde do sistema público de saúde do Reino Unido. ............. 85
Quadro 14 - Produção de teses e dissertações acerca de BIM nas 10 melhores universidades
do país segundo o RUF da Folha de São Paulo (2019).................................................... 89
Quadro 15 - Casos de referência do uso do BIM em EAS apresentados neste trabalho. ..................... 97
Quadro 16 - Quadro resumo do caso do novo Royal Adelaide Hospital em Adelaide na
Austrália. .......................................................................................................................... 98
Quadro 17 - Quadro resumo do caso de referência Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar na
República Dominicana .................................................................................................... 101
Quadro 18 - Quadro resumo do caso de referência do Jahra Medical City no Kuwait ........................ 104
Quadro 19 - Quadro resumo do caso de referência Hospital de Águas Claras em Brasília ................ 109
Quadro 20 - Quadro resumo do caso de referência Centro de Pesquisa Boldrini em Campinas ........ 113
Quadro 21 - Quadro resumo do caso de referência Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz
Minas) em Belo Horizonte............................................................................................... 118
Quadro 22 - Quadro resumo do caso de referência Hospital Leishenshan em Wuhan, China ............ 122
Quadro 23 - Quadro resumo do caso de referência Centro Hospitalar para a Pandemia de
Covid-19 no Rio de Janeiro............................................................................................. 126
Quadro 24 - Funcionalidades dos softwares de gestão de facilities IBM Tririga. ................................ 163
Quadro 25 - Quadro resumo dos desafios relatados pelo uso do BIM nos casos de referência
apresentados nesta pesquisa. ........................................................................................ 167
Quadro 26 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de projeto, como descrito
na “Parte B” da pesquisa. ............................................................................................... 168
Quadro 27 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de obra, conforme
descrito na “Parte B” desta pesquisa. ............................................................................. 169
Quadro 28 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de gestão de edifício de
saúde, conforme descrito na “Parte B” desta pesquisa. ................................................... 169
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................. 24
1 MOTIVAÇÃO ................................................................................................................................ 25
2 INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 26
2.1 OBJETIVOS........................................................................................................................... 26
2.2 PERGUNTA DE PESQUISA E HIPÓTESE............................................................................. 28
2.3 MATERIAIS, MÉTODOS E ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................... 28
PARTE A: CONCEITUAÇÃO E REFERENCIAL ................................................................................ 31
3 PREÂMBULO DA PARTE A ......................................................................................................... 32
4 TECNOLOGIA BIM (BUILDING INFORMATION MODELING) ...................................................... 32
4.1 SIGNIFICADO DE BIM........................................................................................................... 32
4.2 HISTÓRICO ........................................................................................................................... 33
4.3 O BIM NO MUNDO ................................................................................................................ 36
4.4 O BIM NO BRASIL (ESTRATÉGIA NACIONAL DE DISSEMINAÇÃO DO BIM) ...................... 41
4.5 CONCEITOS BIM .................................................................................................................. 48
4.6 SOFTWARES BIM ................................................................................................................. 57
5 ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EAS) ........................................................ 58
5.1 CONCEITO DE ESTABELECIMENTOS ASSISTENCIAIS DE SAÚDE (EASS) ...................... 58
5.2 A COMPLEXIDADE DO EDIFÍCIO DE SAÚDE E SEU PLANEJAMENTO .............................. 63
5.3 PROJETO E CONSTRUÇÃO DE EAS ................................................................................... 69
5.4 LEIS E NORMAS ................................................................................................................... 72
5.5 GESTÃO DE INSTALAÇÕES (FACILITY MANAGEMENT) DO EAS ...................................... 73
6 ESTADO DA ARTE E INTRODUÇÃO AO USO DO BIM EM EAS................................................. 79
7 CASOS DE REFERÊNCIA ............................................................................................................ 97
7.1 INTERNACIONAIS................................................................................................................. 98
7.1.1 O novo Royal Adelaide Hospital em Adelaide na Austrália............................................ 98
7.1.2 Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar em Santo Domingo, República Dominicana...... 101
7.1.3 Jahra Medical City em Al Jahra, Kuwait ...................................................................... 104
7.2 NACIONAIS ......................................................................................................................... 109
7.2.1 Hospital de Águas Claras em Brasília, Distrito Federal ............................................... 109
7.2.2 Centro de Pesquisa Boldrini em Campinas, São Paulo ............................................... 113
7.2.3 Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas) em Belo Horizonte, Minas Gerais . 118
7.3 HOSPITAIS DE COMBATE À PANDEMIA DE COVID-19..................................................... 122
7.3.1 Hospital Leishenshan em Wuhan, China .................................................................... 122
7.3.2 Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 no Rio de Janeiro, Brasil ................. 126
PARTE B: DESENVOLVIMENTO E DISCUSSÃO ........................................................................... 131
8 PREÂMBULO DA PARTE B ....................................................................................................... 132
9 BIM APLICADO AO EAS NA FASE DE PROJETO .................................................................... 133
9.1 LEVANTAMENTO DE INFORMAÇÕES E PROGRAMA DE NECESSIDADES ..................... 133
9.2 ESTUDO DE VIABILIDADE ................................................................................................. 138
9.3 ESTUDO PRELIMINAR ARQUITETÔNICO E ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO .............. 139
9.4 ESTUDO PRELIMINAR E ANTEPROJETOS COMPLEMENTARES .................................... 144
9.5 PROJETOS EXECUTIVOS ARQUITETÔNICOS E COMPLEMENTARES............................ 150
10 BIM APLICADO AO EAS NA FASE DE OBRA........................................................................... 153
10.1 ORÇAMENTO E CRONOGRAMA FÍSICO-FINANCEIRO..................................................... 153
10.2 DOCUMENTAÇÃO PARA CONSTRUÇÃO E ACOMPANHAMENTO DE OBRA .................. 155
10.3 DOCUMENTAÇÃO CONFORME CONSTRUÍDO (AS BUILT) .............................................. 158
11 BIM APLICADO À GESTÃO DO EDIFÍCIO DE SAÚDE .............................................................. 160
11.1 MANUTENÇÃO ................................................................................................................... 160
11.2 GESTÃO DE FACILITIES E DO PARQUE TECNOLÓGICO DO EAS................................... 161
RESULTADOS E CONCLUSÕES .................................................................................................... 166
12 ANÁLISES .................................................................................................................................. 167
13 SUGESTÃO PARA PESQUISAS FUTURAS............................................................................... 170
14 CONCLUSÕES ........................................................................................................................... 172
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS ........................................................................................................ 174
REFERÊNCIAS................................................................................................................................ 174
ANEXO I .......................................................................................................................................... 188
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
1 MOTIVAÇÃO
1 Retrofit é um termo utilizado para designar o processo de modernização de equipamentos e/ou construções já
considerados ultrapassados ou fora de norma.
2 Em português, DAC (Desenho Assistido por Computador), o CAD é um sistema computacional para elaboração de
projetos, como por exemplo, o mundialmente conhecido software Autodesk AutoCAD.
3 Em português, “como construído”, a expressão as built refere-se ao projeto fiel ao executado em obra.
25
2 INTRODUÇÃO
2.1 OBJETIVOS
Objetivo geral
O objetivo deste trabalho é elencar os benefícios, desafios e particularidades da utilização
da tecnologia BIM nas fases de vida (projeto, obra e gestão) das edificações dos estabelecimentos
assistenciais de saúde, por meio de apanhados de referenciais, apresentação de casos e discussões.
4 Gestão de facilities é a função administrativa e organizacional responsável por gerir as disciplinas necessárias à
funcionalidade de um dado estabelecimento, empresa ou edificação, tais como, manutenção, patrimônio, administração de
parque tecnológico, infraestrutura, entre demais elementos.
26
O produto da pesquisa aqui apresentada ambiciona ser um material de apoio à tomada de
decisão da migração do modo de projetar edifícios de saúde para o BIM (Building Information
Modeling).
Objetivos específicos
• Contribuir com a criação de um compilado de conceitos relacionados e embasados nos
principais referenciais teóricos de dois grandes temas da área da construção civil: BIM e
edifícios de saúde (hospitais, clínicas, laboratórios...);
• Apresentar as fases de vida (projeto, obra e gestão) das edificações dos estabelecimentos
assistenciais de saúde e as possibilidades da aplicação da tecnologia BIM em cada uma delas;
• Apresentar casos de referência da aplicação da metodologia BIM em edifícios de saúde,
discorrendo sobre os benefícios atingidos como alternativa aos processos tradicionais de
projeto, bem como, sobre os principais desafios vivenciados na sua implantação;
Limitações da pesquisa
É importante esclarecer que este trabalho não abordará sobre métodos de implantação do
BIM, bem como, não será um manual de uso da ferramenta. Tais temáticas já possuem larga e
consistente produção de conteúdo e ricos materiais publicados.
Desafios vivenciados
O ano de produção desta dissertação, 2020, foi atípico. O mundo inteiro sofreu com as
limitações impostas para o controle da pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), logo, não poderia
ser diferente na realidade da produção acadêmica e, mais especificamente, em trabalhos relacionados
à área de saúde.
Durante a elaboração dessa pesquisa, em virtude do isolamento social e risco sanitário de
contaminação em EASs, visitas agendadas em hospitais para investigação do uso da tecnologia BIM
nos mesmos foram canceladas, bem como, reuniões marcadas com equipes de manutenção e
infraestrutura e escritórios especializados.
No caso da autora, de maneira particular, o maior desafio enfrentado foi atuar, como
arquiteta especialista em saúde contratada pelo setor de infraestrutura do instituto responsável por 2
grandes hospitais e 6 UPAs, na assessoria de adaptação de leitos e remanejamentos durante os
esforços empreendidos para o enfrentamento à pandemia de Covid-19.
27
2.2 PERGUNTA DE PESQUISA E HIPÓTESE
Hipótese
A adoção da tecnologia BIM como plataforma de projeto é benéfica pela sua capacidade
de contribuir positivamente em todas as fases de vida (projeto, obra e gestão) das edificações dos
estabelecimentos assistenciais de saúde, trazendo maior qualidade aos ambientes de diagnóstico,
terapia e apoio.
29
Fonte: elaborado pela autora, baseado no diagrama contido em ABNT (2017)
Buscou-se, na Parte B, explorar vários aspectos possíveis dentro da possiblidade do uso
do BIM em EAS nas três fases do edifício (projeto, obra e gestão), demonstrando particularidades, tais
como: simulações computacionais, realidade virtual, verificação de dados automatizada, diferenciais de
obra (o tablet como ferramenta de trabalho, cronograma físico-financeiro em animação 3D, compliance5
de dados e gastos...) e contribuições para gestão de facilities (controle do parque tecnológico,
manutenção...).
5 Compliance é o tempo que que designa conformidade com as leis, padrões éticos, regulamentos internos e externos.
(BOBSIN, 2019)
30
PARTE A
CONCEITUAÇÃO E
REFERENCIAL
Com a tecnologia BIM, um modelo virtual preciso de uma edificação é construído de forma
digital. Quando completo, o modelo gerado computacionalmente contém a geometria exata e
os dados relevantes, necessários para dar suporte à construção, à fabricação e ao
fornecimento de insumos necessários para a realização da construção. O BIM também
incorpora muitas das funções necessárias para modelar o ciclo de vida de uma edificação,
proporcionando a base para novas capacidades da construção e modificações nos papéis e
relacionamentos da equipe envolvida no empreendimento. Quando implementado de
maneira apropriada, o BIM facilita um processo de projeto e construção mais integrados que
resulta em construções de melhor qualidade com custo e prazo de execução reduzidos.
(EASTMAN et al., 2014, p. 1).
32
A adoção da Modelagem da Informação da Construção pelo mercado AEC mundial ainda
não se encontra consolidada. Atualmente, o CAD (Computer Aided Design) permanece predominando
como plataforma de desenvolvimentos de projetos na maioria dos países.
Assim como, após a popularização do uso de computadores, grande parte dos
profissionais da área abandonaram as suas pranchetas, lápis e nanquim para utilizarem softwares CAD
para produção de projetos, a transição para o uso do BIM também traz consigo desafios, porém muitos
benefícios a serem tratados adiante.
4.2 HISTÓRICO
Considerando a linha do tempo criada por Bozdoc (2003), foi em 1957 que Dr. Patrick J.
Hanratty, conhecido como “o pai do CAD/CAM6”, criou o PRONTO, o primeiro sistema comercial de
programação numérica, porém, foi na década de 60 que Ivan Sutherland, usando um computador da
Universidade MIT (Massachusetts Institute of Technology's), deu o primeiro passo para a indústria de
softwares CAD, com o programa Sketchpad, o primeiro editor gráfico computacional.
Vários esforços foram empreendidos na implantação de melhorias dos softwares de
edição gráfica durante as décadas de 70 e 80, contando com investimento de grandes empresas como
Ford, General Motors, Chrysler, Lockheed, General Eletrics, Boing, além do apoio de renomadas
universidades, tais como, MIT, Cambridge, Carnegie-Mellon, Cornell University e Harvard. (BOZDOC,
2003)
Por meio do relato da trajetória profissional de Kolarevic (2009), autor protagonista na
inovação tecnológica aplicada à construção civil, é possível traçar uma linha do tempo da evolução do
uso do computador para produção de projetos em substituição aos feitos à mão na prancheta, que se
iniciou nos primórdios dos anos 80, com poucas empresas, tidas como avant-garde7, utilizando-se de
tais máquinas, em virtude da tecnologia existente possuir carácter experimental e alto custo – algo em
torno de $100.000 por estação de trabalho com computador – pouquíssimos podiam bancar.
Não muito tempo depois, no início dos 90, os computadores pessoais já estavam se
popularizando, com melhor custo-benefício e melhor desempenho, tornando possível a utilização de
softwares que prometiam a maximização da produção de desenhos técnicos por meio da tecnologia
6 CAD/CAM são siglas que designam Computer Aided Design e Computer Aided Manufacturing, em português,
respectivamente, Desenho Assistido por Computador e Fabricação Assistida por Computador.
7Avant-garde, em português, de vanguarda, aquele que tem ou procura ter um papel precursor, especialmente em ramos
artísticos e culturais. Expressão utilizada pelo autor referenciado no texto, com tradução livre pela autora (OXFORD
LANGUAGES, 2020).
33
CAD. Um dos softwares que se difundiu nesta época foi, o até hoje utilizado, AutoCAD, fabricado pela
empresa Autodesk (BELLUOMINI, 2017; BOZDOC, 2003).
A Autodesk foi fundada em 1982 por um grupo de 16 pessoas na Califórnia, por iniciativa
de John Walker, que pretendia vender softwares CAD a um custo acessível (BOZDOC, 2003).
A ideia de Walker foi bem-sucedida. Em 1990, a Autodesk bateu 500.000 cópias vendidas
do AutoCAD, o mais vendido programa CAD do momento, além de ter sido eleito o “O Melhor
Programa CAD” pela Byte Magazine durante 8 anos seguidos. Logo em 1995 as vendas dos softwares
ofertados pela Autodesk já batiam 3 milhões de cópias e a empresa se tornou a 5ª maior companhia do
mundo (BOZDOC, 2003).
Na primeira década dos anos 2000, o uso de Personal Computers (PCs) nos escritórios
de projeto já se tornou algo comum e, desde então, conforme citado por Kolarevic (2009), a realidade
tem sido outra: é mais barato adquirir e manter máquinas nas empresas do que recursos humanos.
Durante os anos que se seguiram, desde o surgimento do CAD, a tecnologia tem evoluído
cada vez mais em prol da implantação de recursos que facilitem e enriqueçam o processo projetual,
tais como: possiblidade de criação de geometrias tridimensionais, plataformas de colaboração,
usabilidade mobile8, renderização, realidade virtual e outras mais técnicas (KOLAREVIC, 2009).
Segundo Eastman et al. (2014), o exemplo mais antigo documentado da descrição
conceito do BIM foi em um protótipo de trabalho publicado pelo extinto Jornal AIA em 1975, onde
utilizou-se do termo “Building Description System” para descrever o que hoje é possível realizar através
do Building Information Modeling:
No texto citado estão descritos os benefícios mais conhecidos do uso do BIM entre os
profissionais da indústria AEC.
A possibilidade de autoajuste de todos os desenhos técnicos e especificações por meio de
uma única mudança de atributo em um item construtivo presente no modelo BIM é real, bem como, a
8 Mobile é um termo da língua inglesa que caracteriza tudo o que é móvel, transportável, que pode ser utilizado em qualquer
lugar, mas que, atualmente, foi apropriado pelo setor de tecnologia para designar serviços disponíveis em telefones
celulares smartphones, computadores portáteis e tablets.
34
emissão de relatórios quantitativos e análises de conformidade automatizados e compatibilizados é
factível.
Em outras palavras, exemplificando o parágrafo acima, é possível, dentro do software
BIM, alterar o modelo e posicionamento de itens construtivos na vista 3D e ter todos os outros
desenhos (cortes, fachadas, plantas...) e quadros de quantitativo e especificações atualizados
automaticamente.
Tal característica de deve a um dos conceitos atrelados a essa tecnologia: a
parametrização – atrativo, tratado mais adiante neste trabalho, com o qual mais facilmente o usuário de
plataformas CAD se convence a migrar para o Building Information Modeling.
Foi durante o final dos anos 80 que o primeiro uso do BIM para projeto foi documentado,
em um artigo redigido por Robert Aish (1986), onde o autor descreve o estudo do uso da ferramenta
para a construção da renovação gradual do Terminal 3 do Aeroporto de Heathrow em Londres (Figura
2), elaborado no software precursor RUCAPS, criado inicialmente por dois egressos da Universidade
de Liverpool e mais tarde fabricado e distribuído pela GMW Computers (EASTMAN et al., 2014).
Figura 2 - Desenhos gerados no software RUCAPS do modelo do projeto para o Aeroporto de Heathrow em Londres -
primeiro uso documentado do BIM. Autor do projeto: D.Y. Davies Associates.
Apesar do primeiro uso da tecnologia BIM documentado ter se dado na década de 80,
somente foi na transição dos anos 90 para 2000 que o conceito de Modelagem da Informação da
Construção foi difundido tal qual é hoje (EASTMAN et al., 2014).
Por meio da atuação das empresas fabricantes de software BIM, bem como, do empenho
de profissionais como Jerry Laiserin, atribuído como o responsável por difundir o termo e conceito atual
de Building Information Modeling e torná-lo consensual entre os fornecedores, hoje grande parte dos
35
profissionais do setor a AEC já entendem do que tal tecnologia se trata, o desafio, agora, é implantá-la
(EASTMAN et al., 2014; LAISERIN, 2002).
Conforme MCauley et al. (2016), em tradução livre pela autora, descrever o mundo BIM é
complexo e, associado à exigência de realizar uma revisão abrangente da literatura, é uma tarefa
desafiadora capturar com precisão o status do uso do BIM nas nações mundiais no atual momento.
Porém, com base na publicação de Kensek (2014), há quatro aspectos de análise que
orientam a busca pela resposta do quão avançada está a gestão do BIM no mundo: planejamento,
adoção, tecnologia e performance, descritos a seguir.
36
Figura 3 - Análise comparativa nos níveis de padrões de uso BIM entre Estados Unidos, Singapura e Noruega.
Fonte: SBI, 2014 apud KENSEK, 2014, p. 278, adaptado pela autora.
9 BCA- Building and Construction Authority, em português, Autoridade de Edificações e Construção, é a agência
regulamentadora que fiscaliza e regulamenta do setor da construção civil de Singapura.
37
ou região. Tais requisitos de informações incluem o uso obrigatório de ferramentas e fluxos de
trabalho de Modelagem de Informações da Construção em projetos de tamanho / valor
especificado ou a entrega de Ativos Digitais especificados em uma ou mais fases do Ciclo de Vida
dos Ativos. Um BIM Mandate geralmente é baseado em guias, protocolos BIM ou padrões locais e
internacionais publicados. A aplicação pode ser por meio de uma diretiva de compras, códigos
aplicáveis ou uma lei específica (BIME INITIATIVE, 2020);
BIM Programme: programação, BIM Roadmap10, roteiro, agenda de implantação BIM;
BIM Standards: caracteriza-se pela padronização do BIM, normas de produção e entrega
de um modelo BIM, de acordo com os níveis de desenvolvimento definidos, sistemas de
classificação, protocolos de nomeação ou similares;
Guidelines: manuais de uso, compilação de conteúdo e guias com o objetivo de orientar
indivíduos, equipes ou organizações. Os guias geralmente fornecem informações sobre um tópico
complexo (por exemplo, Guia de Implementação BIM ou Guia de Entrega de Instalações) (BIME
INITIATIVE, 2020);
OpenBIM: é um conceito trazido pela organização internacional BuildingSMART que
preconiza a acessibilidade, interoperabilidade e trabalho colaborativo entre todas os softwares que
manipulam a tecnologia BIM. Em outras palavras, conceitua o modelo livre para ser aberto e lido
corretamente por qualquer programa BIM, sem perda de dados, independente da extensão do
arquivo (BUILDINGSMART INTERNATIONAL, 2020);
10 BIM Roadmap é um termo de língua inglesa que caracteriza o plano de ação, o roteiro de disseminação do BIM.
38
Figura 4 - Panorama do BIM no mundo.
Fonte: MCAULEY et al. 2016, p.6, adaptado e traduzido livremente pela autora.
39
O relatório de MCauley et al. (2016), com base nos critérios demonstrados na Figura 5,
apontou, acerca dos 21 países analisados, os seguintes resultados:
• Nenhum país alcançou a classificação mais alta em todos os oito componentes;
• O Reino Unido alcançou o maior nível de maturidade no maior número de componentes
(quatro de oito): Estratégias, Objetivos e Estágios; Atores Líderes; Arcabouço Regulatório; e
Publicações Notáveis;
• Aprendizado e Educação na Irlanda foi classificado como superior a todos os outros países;
• A mais alta pontuação de Tecnologia e Infraestrutura foi para a Coréia do Sul e de Resultados
Padronizados para a China;
• O Reino Unido exibiu a maior maturidade acumulada (soma da pontuação de maturidade em
todos os oito componentes), seguido pela China, Coréia do Sul, Finlândia, Holanda, Espanha e
Estados Unidos, no entanto, a classificação cumulativa mais alta do Reino Unido, de 17,7
pontos, ainda é relativamente baixa quando comparada à maior pontuação possível de 32
pontos;
• Todos os países têm lacunas (pontuação nula) em sua maturidade macro BIM. Por exemplo, o
Canadá tem lacunas em quatro componentes de maturidade; A Suíça possui lacunas em cinco
componentes maturidade; A Rússia tem lacunas em três componentes maturidade;
• A maioria das classificações de componentes de maturidade nos 21 países pesquisados (156
classificações de 168 no total, sendo 8 por país) são iguais ou inferiores 50%. Isso indica uma
média-baixa generalizada maturidade em todo o mundo na maioria dos componentes.
Figura 5 - Critérios para avaliação do nível de maturidade BIM.
40
Fonte: BIME INICIATIVE, 2014 apud BRASIL, 2015, p.21.
Conclui-se então, pela pesquisa de Mcauley et al. (2016), que o uso do BIM ainda tem
muito o que evoluir no mundo. Mesmo nações precursoras e mais adiantadas na implantação da
plataforma ainda têm deficiências no nível de maturidade BIM, logo, é certo que ainda é uma tecnologia
em processo de consolidação e disseminação.
Foi a partir do início dos anos 2000 que o Brasil passou a, efetivamente, fazer parte do
grupo de países em fase de inicial de disseminação do conceito de Modelagem da Informação da
Construção (BIM).
Em 2011, duas das revistas de grande repercussão nacional – a AU (arquitetura e
urbanismo) e a Téchne (engenharia civil), pertencentes à Editora Pini – dedicaram edições para análise
desse novo paradigma (MENEZES, 2011). Neste mesmo ano, ocorreu a primeira edição do Seminário
Internacional sobre Arquitetura Digital, com o tema BIM, Sustentabilidade e Inovação, promovido pela
AsBEA (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura). No evento, Cristiano Ceccato, arquiteto
na empresa mundialmente famosa Zaha Hadid Architects, declarou que o BIM irá se tornar obrigatório
no mercado de arquitetura, assim como o CAD é hoje em dia, e tal transição CAD/ BIM, comparada
com prancheta/CAD, ocorrerá de maneira mais rápida, uma vez que, quando os escritórios iniciaram o
41
uso do CAD bidimensional, as pessoas mal sabiam usar o computador, com máquinas lentas e
interfaces ruins, ao contrário da realidade de hoje (FIGUEIROLA, 2011 apud MENEZES, 2011).
Ceccato também relatou que vê como fundamental, para a experiência brasileira, a
implantação de um sistema de classificação dos itens construtivos baseado nos produtos fabricados
pela indústria brasileira e na forma de organização dos projetos construtivos no Brasil, ou seja, reforçou
que a oferta de modelos BIM pelas empresas fornecedoras de itens para construção civil do país é
essencial para que a nova tecnologia se estabeleça (FIGUEIROLA, 2011 apud MENEZES, 2011).
Atualmente, em 2020, ainda é umas dificuldades encontradas para a consolidação do BIM
no Brasil a pouca quantidade de empresas que embarcaram na iniciativa e investiram fundos na
criação da biblioteca de seus produtos compatíveis com a plataforma.
Uma das fabricantes pioneiras na oferta deste serviço foi a Tigre, que desde 2011
disponibiliza para os usuários do software Revit o plugins11 e famílias12 para projetos de instalações
(MENEZES, 2011).
Hoje, das grandes fornecedoras que atuam no Brasil, também podemos contar com
bibliotecas BIM das empresas Deca, Celite, Docol, Duratex, Eliane, Brasilit, Armstrong, Gerdau, Hilti,
Incepa, Lorenzetti, Pauluzzi, Placo, Pormade, Portobello, Sasaki e Sika. (ESTUDE AE, 2019)
Tão importante é a oferta de bibliotecas para utilização do BIM que a promoção desta
iniciativa se tornou estratégia pública por meio da criação da Biblioteca Nacional BIM (BNBIM), lançada
em novembro de 2018, que, hoje, conta com mais de 1.600 itens disponibilizados. Tal ação pública foi
possibilitada pela estratégia BIMBR e seus principais atores, assunto abordado mais adiante neste
trabalho (MUNDOGEO, 2019).
Menezes (2011), afirma que, para os escritórios de projeto, um dos grandes desafios para
a transição CAD/BIM reside no alto custo dos programas, computadores (que precisam de hardware13
mais robusto), além do treinamento de pessoal (BRINGIT, 2019).
Em 2020, o preço praticado, segundo para o software BIM mais famoso é: Autodesk Revit
por R$10.515,00 por 12 meses assinatura renovável anualmente (AUTODESK, 2020a).
Para uma visão melhor e exemplificação de gastos envolvidos para implantação da
tecnologia em um escritório por profissional AEC, exceto custos com capacitação, seguindo a intenção
de escolha pelo software Revit14, segue o quadro abaixo:
11 Plugins são ferramentas ou extensões que se encaixam a outro programa principal para adicionar mais funções e
recursos a ele. (TECMUNDO, 2008)
12Família é o termo utilizado pelo software Autodesk Revit para classificar e agrupar objetos que possuem afinidades de
parâmetros, geometria ou utilização. Pode ser equiparado ao termo “bloco” utilizado pelo AutoCAD.
13Hardware é uma palavra de origem inglesa que designa a parte física do computador, ou seja, peças e equipamentos que
fazem a máquina funcionar.
42
Quadro 1 - Investimento para implantação BIM estimado por profissional AEC.
14Não foi possível elaborar a planilha com outros softwares BIM reconhecidos devido a não disponibilização de preços em
seus websites oficiais.
43
título de contribuição de informação em trabalho acadêmico.
Fonte: elaborado pela autora com base nas referências AUTODESK, 2020; MICROSOFT, 2020; PICHAU, 2020; ZOOM,
2020.
Conforme publicado por Menezes (2011), apesar do alto custo de implantação, a adoção
dessa plataforma prevê, em médio e longo prazo, o retorno do investimento. Acreditando nessa ideia, o
arquiteto Luiz Augusto Contier incorporou a tecnologia da Modelagem da Informação da Construção
em seu escritório em 2002, mesmo com todas as dificuldades de ser um dos precursores no país,
inclusive por não ter a quem recorrer para trocar experiências na época.
Do ano de 2006 até atualmente muito se evoluiu na disseminação da plataforma.
Instituições públicas nacionais de grande porte, tais como o Exército Brasileiro, Departamento Nacional
de Trânsito e Infraero, já implementaram com sucesso o BIM em seus setores de projetos, obras e
infraestrutura.
A seguir, na Figura 7, é possível visualizar a linha do tempo da evolução do BIM no
território nacional.
44
Figura 7 - Linha do tempo do BIM no Brasil destacando alguns eventos significativos.
Fonte: elaborado pela autora, com base nas referências ABDI, 2019; AEC WEB, 2018; BRASIL, 2015; JUSTI, 2019;
MOBILIO, 2018; PARANÁ, 2018
45
No 2018, por meio do Decreto Nº 9.377 (BRASIL, 2018), foi instituída a Estratégica
Nacional de Disseminação do Building Information Modeling, também conhecida como Estratégia BIM
BR, com os seguintes objetivos:
I - Difundir o BIM e os seus benefícios;
II - Coordenar a estruturação do setor público para a adoção do BIM;
III - Criar condições favoráveis para o investimento, público e privado, em BIM;
IV - Estimular a capacitação em BIM;
V - Propor atos normativos que estabeleçam parâmetros para as compras e as contratações
públicas com uso do BIM;
VI - Desenvolver normas técnicas, guias e protocolos específicos para adoção do BIM;
VII - Desenvolver a Plataforma e a Biblioteca Nacional BIM;
VIII - Estimular o desenvolvimento e a aplicação de novas tecnologias relacionadas ao BIM; e
IX - Incentivar a concorrência no mercado por meio de padrões neutros de interoperabilidade
BIM.
A partir da publicação desse decreto, a tecnologia BIM tem dado o que falar no país, com
ênfase nas datas determinadas pelo BIM BR Roadmap (Figura 8), que traça o ano de 2028 como
marco para atingimento das metas da Estratégia.
Conforme exposto no livreto de divulgação (BRASIL, 2018), o Governo Federal acredita
que a disseminação e implantação da tecnologia BIM trará benefícios capazes de transformar o setor
da construção civil. Ao efetivar essa mudança, o poder público espera os seguintes resultados:
Assegurar ganhos de produtividade ao setor de construção civil;
Proporcionar ganhos de qualidade nas obras públicas;
Aumentar a acurácia no planejamento de execução de obras proporcionando maior confiabilidade
de cronogramas e orçamentação;
Contribuir com ganhos em sustentabilidade por meio da redução de resíduos sólidos da construção
civil;
Reduzir prazos para conclusão de obras;
Contribuir com a melhoria da transparência nos processos licitatórios;
Reduzir necessidade de aditivos contratuais de alteração do projeto, de elevação de valor e de
prorrogação de prazo de conclusão e de entrega da obra;
Elevar o nível de qualificação profissional na atividade produtiva;
Estimular a redução de custos existentes no ciclo de vida dos empreendimentos.
46
Figura 8 - BIM BR Roadmap.
48
Figura 9 - Dimensões BIM.
Para utilizar-se das dimensões BIM é importante levar em conta que o resultado do uso
será mais acurado para níveis de desenvolvimento mais altos.
Os Níveis de Desenvolvimento (ND), ou em inglês, Level of Development (LOD), é um
sistema de medição BIM para identificar o nível de informações da construção incluídas em um modelo
durante o processo de elaboração.
Segundo o Caderno BIM do Governo Estadual do Paraná (2018), um aspecto essencial do
BIM é a sua capacidade/disponibilidade de conter informações, dados, atributos do edifício e seus
elementos construtivos. Essas informações são definidas em relação aos atributos geométricos e não-
geométricos dos elementos, conforme explícito no Quadro 2.
49
Quadro 2 - Exemplos de atributos geométricos e não-geométricos dos elementos em BIM.
ATRIBUTOS GEOMÉTRICOS
Tamanho
Volume
Forma
Densidade
Área
ATRIBUTOS NÃO-GEOMÉTRICOS
Dados de desempenho do produto
Especificações técnicas e de atendimento às normas
Custo
Cor, marca, detalhes técnicos
Sistema de classificação (Sinapi, Omniclass...)
Quanto mais informações sobre os atributos citados contidos no modelo BIM, maior será o
Nível de Desenvolvimento, conforme exemplifica a Figura 10.
Os NDs estabelecidos seguem uma escada de 0 a 500: ND 0, ND 100, ND 300, ND 350,
ND 400, ND 500.
Considera-se que o ND 0 equivale ao levantamento de dados para concepção do projeto.
Neste nível é estabelecido o programa de necessidades e ocorre a verificação da viabilidade do
produto proposto.
O ND 100 inclui elementos 3D suficientes para os estudos preliminares e conceituais, e
orientativos para o planejamento do projeto.
Já no para o ND 200, os itens construtivos já possuem definição de suas dimensões
básicas, permitindo a visualização do partido arquitetônico e verificar sua viabilidade legal, técnica e
econômica.
No ND 300 já é possível verificar a representação como um sistema específico, objeto ou
conjunto em termos de quantidade, tamanho, forma, localização e orientação.
Para o ND 350 os elementos construtivos ganham características finais, com visão da
construção virtual e o cruzamento das disciplinas de projeto, sendo possível entender claramente a
configuração e características do edifício, possibilitando a avaliação dos custos, métodos construtivos e
prazos de execução.
O projeto executivo, com precisão acurada e informações completas para a execução da
obra, contemplando o detalhamento de todos os itens construtivos, é elaborado por meio do ND 400.
Nesta fase também é possível montar relatório de custos, prazo de execução e planejamento de obra.
50
O ND 500 se caracteriza por ser o projeto “as built” da edificação já construída. Este tipo
de modelo BIM é utilizado para gestão do edifício (SANTA CATARINA, 2015).
Figura 10 - Exemplo dos Níveis de Desenvolvimento (ND) BIM, em inglês, Level of Development (LOD)
51
Fonte: elaborado pela autora, baseado em ADVENSER, 2020; CAD OUTSOURCING, 2014; FACHHOCHSCHULE
POTSDAM, 2014.
52
Transferindo o conceito de do Nível de Detalhamento para as etapas comumente
seguidas em um projeto, tem-se o seguinte quadro de equivalências.
NÍVEL DE
DESCRIÇÃO DO NÍVEL DE
DETALHAMENTO /
ETAPA DE PROJETO DETALHAMENTO POR ETAPA DE
LEVEL OF
PROJETO
DEVELOPMENT
LEVANTAMENTO DE DADOS
Levantamento de informações,
ND/LOD 0 PROGRAMA DE NECESSIDADES
ESTUDO DE VIABILIDADE necessidades e primeiro esboço.
Fonte: a autora.
53
O Modelo Federado representa a construção virtual multidisciplinar, o arquivo de união
das disciplinas construtivas.
É por meio deste modelo que é possível realizar a compatibilização da construção, por via
automatizada, em um processo chamado clash detection (detecção de conflitos).
Realizar compatibilização de projetos em BIM é um dos seus atributos mais comentados,
tendo em vista a existência de programas que processam tal ação rapidamente e ainda geram
relatórios de conflitos, bem como, mostram ao projetista, em vista 3D (Figura 12), o erro ocorrido,
facilitando a correção imediata do erro.
54
Figura 12 - Exemplo de incompatibilidades encontradas no Modelo Federado BIM por clash detection.
Outro conceito muito difundido acerca do uso do BIM é o Level/Nível de Maturidade que
pode ser dividido, segundo Trimble (2020) e ACCA Software (2019), nas quatro classificações que
seguem listadas e esquematizadas na Figura 13:
55
BIM Level 2 (nível de colaboração completa)
Representa-se pelo modelo 3D gerenciado com dados anexados, mas criado
em arquivos separados em disciplina. Esses modelos separados são unidos para formar
um modelo federado, mas não perdem sua identidade ou integridade. Os dados podem
incluir sequenciamento de construção (4D) e informações de custo (5D).
Figura 13 - Representação gráfica da definição de Level/Nível BIM, baseado no diagrama Bew-Richards BIM Maturity
Model.
Fonte: elaborado pela autora baseado no diagrama Bew-Richards BIM Maturity Model, disponível em PHIRI, 2016.
56
4.6 SOFTWARES BIM
Segundo Eastman et al (2014), é inegável que a software Revit, da Autodesk, seja o mais
conhecido e atual líder de mercado para o uso do BIM em projetos, entretanto, seu concorrente direto
Bentley Systems não deixa a desejar com a sua ampla gama de produtos relacionados para
arquitetura, engenharia e construção.
A seguir, no Quadro 4, é possível conferir alguns outros softwares para desenvolvimentos
de projetos em BIM, seus respectivos fabricantes e linhas de produção de projetos.
DISCIPLINA PRODUÇÃO DE
LOGO SOFTWARE FABRICANTE
PROJETOS
Arquitetura;
Estrutura;
Hidrossanitário;
Elétrico;
Revit Autodesk
Mecânica;
Tubulação e
encanamento;
E outros.
Arquitetura;
Topografia;
Estrutura;
Hidrossanitário;
Bentley Systems Bentley Systems Elétrico;
Mecânica;
Tubulação e
encanamento;
E outros.
Arquitetura;
ArchiCAD Graphisoft Estrutura;
Mecânica.
Arquitetura;
Digital Project Gehry Technologies Estrutura;
Mecânica.
Aço Estrutural;
Concreto Pré-
Fabricado;
Concreto Armado
Tekla Structures Tekla Corp.
Moldado in loco;
Mecânica;
Elétrica;
Tubulação.
Instalações;
Hidrossanitário;
Elétrico;
Preventivo de incêndio;
Qi Builder AltoQi SPDA;
Gás;
Cabeamento
estruturado;
Alvenaria estrutural.
Projetos estruturais
Eberick AltoQi Concreto Armado
Pré-moldado
57
Alvenaria estrutural
Estruturas mistas,
O primeiro passo para o planejamento do edifício de saúde é entender o seu cliente, ou seja,
conhecer as características socioeconômicas e epidemiológicas, o padrão local, o perfil
assistencial pretendido, o nível de complexidade, a previsão de tamanho e o papel do
estabelecimento na rede de serviços de saúde. Os edifícios de saúde estão passando por
muitas modificações para se manterem atualizados. A organização das tipologias deve se
basear na natureza da assistência e nos tipos de serviços a serem oferecidos, buscando a
qualificação e a otimização do uso do espaço e da estrutura. A organização espacial
baseada nas pessoas e nas patologias tem dado resultados satisfatórios. Por esse motivo
encontramos, por exemplo, centros cardiológicos, centros de tratamento da dor, centro de
saúde da mulher [...]. (ZIONI, 2018, p. 14).
15Palavra que designava uma instituição hospitalar na França medieval. Atualmente ainda é utilizada no país para se referir
ao hospital principal de uma cidade. Considera-se o Hôtel-Dieu de Paris como o mais antigo hospital da cidade que foi
fundado em 651 pelo bispo de Paris (FABIANI, 2020).
59
O pessoal que trabalhava no hospital não estava destinado a curar o enfermo, mas
desejava alcançar sua própria salvação – eram religiosos, que ofertavam cuidado com as feridas,
preparo de chás, alimentação e lavagem de roupas.
Os primeiros hospitais a se organizarem foram os militares, introduzindo mecanismos de
reordenamento do espaço até então caótico, degradante, assim como permitiu a disciplinarização do
pessoal hospitalar, representado na atuação das mulheres na efetivação dos primeiros procedimentos
técnicos de enfermagem (BACKES, 1999).
De forma geral, durante muito tempo, os ambientes de cura estavam associados aos
templos religiosos, contudo, no século XIX, o modo de implantação e planejamento dos
estabelecimentos de saúde sofreu uma revolução, com destaque para o impacto da atuação do médico
francês Jacques-René Tenon e da enfermeira Florence Nightingale, que pregavam que o ambiente
tinha uma participação decisiva na determinação da saúde humana, conforme famosa citação contida
no prefácio no livro de Nightingale: “[...] Pode parecer um princípio estranho declarar como primeiro
requisito num hospital que não deve fazer ao doente nenhum dano [...]” (NIGHTINGALE, 1863, p.III
apud CARVALHO, 2014a).
A Figura 14 apresenta um registro artístico de William Simpson de 1856 que demonstra
Florence Nightingale em atuação em uma enfermaria dotada de elementos importantes que compõe
sua teoria ambientalista de cuidados aos doentes: iluminação solar, limpeza e ventilação natural.
Figura 14 - Florence Nightingale no Hospital de Scutari (atual Istambul) durante a Guerra da Crimeia.
Litogravura feita por William Simpson em 1856 e colorida por Edmund Walker
Cada vez mais o hospital se revela um permanente canteiro de obras e instituição à espera
de conclusão — alterações, inovações, avanços tecnológicos, mudanças, reformas e obras
novas se sucedem; equipamentos e instalações são mais frequentemente substituídos; a
vida útil dos produtos e a luta contra a obsolescência física e funcional tornam-se mais
presentes —, gerando a necessidade de respostas, planejamento, ações e investimentos
sempre mais ágeis. (KARMAN, 2011, p. 44).
No Brasil não existem estatísticas confiáveis sobre idade média ou indicadores de níveis de
obsolescência do estoque de edifícios ligados à saúde. Entretanto, é possível afirmar que a
rede brasileira, salvo honrosas exceções, é heterogênea, mal distribuída e está em sua
grande parte sucateada. (MIQUELIN, 1992b, p.17).
62
atendimento, sem nenhum contato com o meio exterior, sem integração do ambiente de trabalho com a
cidade, chegando a causar sentimentos de claustrofobia e confinamento, pois são raros os espaços
integrados, abertos, providos de luz solar e ventilação natural.
A complexidade dos edifícios de saúde exige que o planejamento, infraestrutura e
manutenção da edificação envolva uma gama de profissionais de diversas especialidades capacitados
e especializados, além de uma gestão atenta, atuante e interessada na segurança e qualidade dos
seus serviços assistenciais.
Podem ser chamadas de edificações complexas aquelas que, pelo seu porte ou
quantidade de variáveis envolvidas em suas funções, exigem interface de diversas especialidades
(CARVALHO, 2014b).
Os edifícios de saúde compreendem uma gama de particularidades e variáveis
significativas envolvidas em sua infraestrutura, oriundas de um planejamento multidisciplinar – aí reside
a sua complexidade.
Na Quadro 5, apresentada por Carvalho (2014b), pode-se observar um exemplo da
quantidade de especialidades envolvidas em um projeto de edificação hospitalar.
63
Quadro 5 - Especialidades envolvidas em um projeto de edificação hospitalar.
ÁREAS ESPECIALIDADES
Programação Paisagismo
Arquitetônica Sistema Viário
Arquitetura Programação Visual
Arquitetura Urbanismo Conforto Ambiental
Decoração Acústica
Iluminação Cênica
Fundações Impermeabilização
Estrutura em Proteção contra Incêndio
Engenharia Civil Concreto e Segurança
Estrutura em Aço
Movimento de Terra
Água Fria Irrigação
Água Quente Tratamento de Água
Esgotamento Tratamento de Esgoto
Hidrossanitária
Sanitário
Drenagem
Equipamentos
diversos (tomógrafos,
ressonância, raio-X,
Engenharia Clínica
acelerador linear,
medicina nuclear, câmara
hiperbárica, litotripsia...)
Ar-condicionado
Exaustão
Climatização Ventilação
Piso
aquecido/resfriado
64
Cozinha Tratamento de Resíduos
Lavanderia Sólidos
Especiais Laboratórios Segurança
Material estéril Automação Predial
Heliponto
66
Fonte: MEP ARQUITETURA E PLANEJAMENTO, 2018, apud MENDES, 2018, p. 130-132, adaptado pela autora.
Além do plano diretor, conforme demonstrado na Figura 16, outra técnica decisiva para
planejamento de edifícios de saúde é a Coordenação de Projetos de EAS.
Carvalho (2014b) afirma que tal técnica, já bastante comum em iniciativas de grande porte
e indústrias, deve ser aplicada em aplicada a empreendimentos de saúde para garantir o perfeito ajuste
67
no ideal do projeto unificado, também conhecido como engenharia simultânea, bem como, pela sua
importância decisiva na qualidade final do produto e registro fiel de seus projetos atualizados e
compatibilizados, evitando assim, um dos maiores desafios das equipes de manutenção hospitalar:
efetuar intervenções sem o mapeamento preciso de suas instalações.
A quadro a seguir demonstra exemplos de técnicas e instrumentos da Coordenação de
Projetos, apontadas por Carvalho (2014b).
Reuniões
Cronogramas
Apresentação e treinamento
Página em internet
Planilhas diversas (custo, pagamentos,
Acompanhamento de Projetos recebimentos, etc.)
Software de gerenciamento
Software de representação gráfica e padrões
Arquivo unificado de representações
Gráfica
Detalhamentos interdisciplinares
68
caracterizando seu nível de complexidade, o sucesso da iniciativa estrará sempre ligado aos esforços e
dedicação envolvidos em seu planejamento, seja em unidades novas ou antigas. Logo, o projeto e a
correta construção dos edifícios de saúde são pontos essenciais para garantia de segurança,
qualidade, funcionalidade, operacionalidade, manutenção e excelência do empreendimento.
Como [...] projetar uma unidade de nutrição parenteral, cujo projetista não sabe o que vem a
ser isto ou que só tem uma vaga noção do que é isso, ou ainda, que confunde nutrição
parenteral com nutrição enteral? [...] certamente o projetar um hospital é complexo e
demorado. Nada comparado a de um edifício residencial ou comercial. É necessário que os
projetistas tenham uma exata noção das atividades ali exercidas, pois sem este
conhecimento o projeto terá falhas que podem induzir a erros médicos e a procedimentos de
risco ou errados. (BICALHO, 2010, p. 27).
69
Consistem em técnicas de programação arquitetônica as seguintes atividades listadas:
Pesquisas preliminares;
Estudo de normas;
Entrevistas, questionários e reuniões;
Visitas;
Pré-dimensionamentos;
Estabelecimento de relações funcionais;
Identificação de áreas equivalentes e zoneamento;
Coordenação modular,
Em consequência da programação arquitetônica, produz-se a proposição que possibilita a
avaliação da edificação proposta. Logo, temos como passos da produção projetual de um EAS, as
seguintes etapas, que não necessariamente seguem um fluxo linear:
Programação;
Proposição;
Avaliação.
Revelando todas as outras etapas envolvidas em uma elaboração de projeto, segue a
Quadro 7, apresentada por Mendes (2018), que sintetiza o modelo proposto para tal atividade segundo
alguns autores e pesquisadores citados no quadro.
70
Quadro 7 - Processo de projeto segundo alguns pesquisadores/autores.
Levantamento de dados;
Estudo preliminar;
Anteprojeto;
Projeto legal;
Projeto executivo (subdividido em pré-executivo, projeto
AsBEA (2000)
básico, projeto de execução, detalhes de execução);
caderno de especificações; compatibilização/coordenação/
gerenciamento dos projetos;
Assistência à execução da obra, serviços adicionais
(opcional).
71
Fonte: MENDES, 2018, p. 80.
Segundo Carvalho (2014b), para quaisquer dos projetos civis envolvidos em uma
instituição de saúde, existem alguns princípios básicos que devem nortear o ato de projetar, e que
participam da própria missão do cuidado com o ser humano.
Tais princípios, em sua maior parte, já constam em leis, guias, manuais e normas gerais
de projetos e específicas para EASs.
Uma importante questão a ser encarada ao projetar um ambiente de saúde é a grande
quantidade de instrumentos legais de consideração obrigatória, fornecido por instâncias fiscalizadoras
governamentais federais, estaduais e municipais. É por meio da conformidade com tais leis que se
pode conseguir, além das autorizações, registros e posturas inerentes às edificações em geral, a
concessão de alvará sanitário para o funcionamento estabelecimento de saúde de forma legal.
Quadro 8 - Lista de disciplinas que podem ser objeto de contrato de gestão de instalações (facility management) em um
estabelecimento assistencial de saúde.
Fonte: a autora.
74
É necessário subtrair informações do projeto para que seja possível quantificar o objeto do
contrato de gestão, considerando, a título de exemplo, que para um certame de disputa de preços entre
empresas prestadoras de manutenção em elevadores é necessário fornecer, aos concorrentes,
informações assertivas sobre a quantidade destes equipamentos presentes no edifício, bem como,
suas características principais: marca, tamanho, data de fabricação e dentre mais especificações.
E mesmo após a contratação efetivada, toda a equipe prestadora de serviço precisará
rotineiramente de informações contidas nos projetos do ambiente construído, pois para solucionar
qualquer possível defeito em uma das instalações e/ou equipamentos de um EAS é necessário, antes
de tudo, estudar a causa, por meio da análise das possibilidades, para saber onde intervir para resolver
o problema. Por exemplo: ao detectar um vazamento de água, aparentemente limpa, que molhou todo
o forro e inundou um consultório, primeiramente, há de se detectar de qual ramal localizado acima do
forro tal defeito é possivelmente proveniente, com o objetivo averiguar quais registros fechar para
cessar a inundação até que seja rapidamente reparado. Para saber exatamente quais tubulações de
água limpa passam acima do forro do ambiente é necessário analisar as plantas do sistema hidráulico
e de combate a incêndio por água, logo, ao verificar no projeto que, acima deste consultório, só há um
ramal de sprinkler, já se sabe, então, onde deverá ser reparado.
O sucesso das pequenas ações de reparos, conforme descrito acima, bem como das
ações de grande impacto na gestão e manutenção de um EAS dependem de um projeto bem pensado,
da atualização constante do mesmo e da disponibilização de seus registros, porém, adicionalmente,
requer um plano de manutenção e segurança efetivado, que garanta não só a possibilidade da tomada
de medidas corretivas, mas, também, preventivas para todos os sistemas do edifício de saúde.
Para a criação do plano de manutenção e segurança, Karman (2011) indica a obtenção de
informações e compilações acerca dos pontos organizados no quadro que segue:
75
Quadro 9 - Requisitos, apontados por Karman (2011), para estruturação de um programa de manutenção e segurança.
76
mp3, mp4, hardwares que permitam transmissão de dados estudo.
digitais, arquivos eletrônicos, videocassetes e outros
diapositivos, nacionais e importados;
• Cadastro de estoque de peças de reposição
(mantidas em almoxarifado organizado);
VANTAGENS DESVANTAGENS
Manutenção e segurança por pessoal próprio
Disponibilidade contínua de pessoal; Necessidade de equipes diversificadas;
Familiaridade do pessoal com as Possível falta ou ociosidade de
edificações, instalações e equipamentos, bem pessoal;
como a sua flexibilidade; Falta de especialização;
Constância no relacionamento, Eventual congestionamento de
facilitado quando se trata de pessoal com serviços;
personalidade conhecida. Possível desvirtuamento de objetivos e
verticalização (construção, fabricação e outros).
Manutenção e segurança por terceiros (terceirização)
Evitar formação de equipes próprias Presença de pessoal desconhecido e
grandes e diversificadas; estranho ao hospital;
Solução em casos de acúmulo de Carência de vínculos;
serviços de manutenção e segurança; Possibilidade de falta de
Possibilidade de contar com pessoal e disponibilidade imediata de pessoal;
equipamentos especializados; Rotatividade de pessoal;
Maior eficácia e flexibilidade; Dispêndio com treinamento e controle.
Transferência de responsabilidade.
77
Karman (2011), afirma que a equipe mista é preferível pelo princípio de que nenhum
empreendimento de saúde deveria investir ou pretender-se empresa construtora ou fabricante de
equipamentos, devendo, então, a equipe interna estabelecer os limites das atribuições da manutenção
e segurança operacionais a cargo de terceiros, com o objetivo de manter como ponto focal o interesse
na qualidade do desempenho da instituição em sua atividade fim.
O Relatório do Tribunal de Contas da União -Saúde, publicado em 2014, é o resultado da
análise de 116 hospitais federais, estaduais e municipais em todo o Brasil. Neste documento consta
que mais da metade dos gestores entrevistados (59%) destacaram que os problemas de manutenção
ou estrutura predial contribuem significativamente para a indisponibilidade dos leitos hospitalares,
perda da qualidade do atendimento prestado, desconforto para pacientes e acompanhantes, redução
da capacidade de atendimento hospitalar ou não prestação de atendimento, ambiente propício à
infecção hospitalar e aumento do tempo para atendimento da fila.
O Relatório aponta que uma das possíveis causas para os problemas detectados na
estrutura física é a inexistência de contratos de gestão de facilities vigentes, bem como, conforme
apontado pelos os gestores hospitalares, a não adequação da estrutura física, problemas nas licitações
e falta de recursos financeiros para realizar as reformas necessárias, dentre mais apontamentos que
seguem citados:
Gestores de 85 unidades hospitalares (73% do total) afirmaram que a estrutura física dessas
unidades não era adequada ao atendimento da respectiva demanda. Aduz-se que essa
inadequação foi apontada como um dos principais problemas pelos responsáveis por 50%
dos hospitais. No dizer dos administradores, os principais problemas eram os seguintes:
a) mau estado de conservação do imóvel ou estrutura antiga: prejudica a instalação de novos
equipamentos. Nesse sentido, 23% dos hospitais visitados relataram a existência de
equipamentos de alto custo não utilizados ou subutilizados por ausência de estrutura física
adequada;
b) projeto arquitetônico ruim ou defasado;
c) o hospital ocupava um imóvel que foi projetado com outros fins, tais como hotéis ou
unidades administrativas;
d) problemas [...] equipamentos velhos ou quebrados;
e) problemas nas instalações hidráulicas, elétricas ou de gás. (BRASIL,2014).
Ante tudo exposto, é possível notar que a gestão de instalações e manutenção é fator
crítico para a continuidade e funcionalidade do serviço de assistência à saúde. Sem o correto emprego
das estratégias de facility management, os EAS estão fadados ao fracasso dado pela obsolescência de
seus equipamentos e sistemas de diagnóstico, terapias e suporte à vida.
Tal é a importância do assunto abordado nesse tópico que muito se tem investido em
tecnologias para facilitação da gestão de estabelecimentos de saúde. Tem sido cada vez mais comum
78
encontrar sistemas informáticos de gestão em operação em hospitais, softwares capazes de armazenar
dados completos, gerar relatórios, monitorar desempenho, fazer simulações e guiar a atuação da
manutenção preditiva, incluindo equipamentos médicos e sistemas de instalações (WANG; BULBUL;
LUCAS, 2015).
Quadro 11 - Estudos de caso do uso do BIM em EAS apresentados nas edições norte-americanas do livro The BIM
Handbook (O Manual de BIM).
79
Hospital Nacional da Criança (National
Children’s Hospital) em Dublin, Irlanda;
Hospital Saint Joseph em Denver, Estados
Unidos;
EASTMAN, Chuck
3 Edição John Wiley TEICHOLZ, Paul Instituto Médico Howard Hughes (Howard
Não
2018 & Sons SACKS, Rafael Hughes Medical Institute) em Chevy Chase,
LEE, Ghang Maryland, Estados Unidos.
Centro de Saúde de Neurociência dae
Stanford (Stanford Neuroscience Health
Center) em Palo Alto, Califórnia, Estados
Unidos.
Fonte: elaborado pela autora com base nos livros EASTMAN et al., 2008, 2011, 2014; SACKS et al., 2018)
No ano de 2016 na Inglaterra, Michael Phiri publicou o primeiro livro inteiramente dedicado
ao tema BIM para edifícios de saúde, sob o título “BIM in Healthcare Infrastructure: Planning, Design
and Construction”, ainda sem tradução para a língua portuguesa.
Para Phiri (2016), o principal objetivo de usar BIM na área da saúde é desenvolver uma
base de dados que pode ser usada para subsidiar o design baseado em evidências16.
Um banco de dados de evidências, para o autor, essencialmente vincula informações de
infraestrutura e gestão com os resultados assistenciais, do paciente e da equipe, portanto, é uma
ferramenta essencial para medir a qualidade e segurança no edifício de saúde, uma infraestrutura
complexa que precisa de planejamento para entrega eficiente e eficaz de subsídio aos cuidados e
assistência social.
O livro, ricamente ilustrado, conforme nota da editora ICE (2021), aborda os principais
conceitos, benefícios e desafios para a implementação do BIM no setor da saúde, bem como:
elenca os benefícios financeiros da adoção dos princípios BIM, conforme visto pelos
participantes no processo de projeto, construção e reforma de edifícios;
inclui mais de 50 esquemas de estudos de casos internacionais da indústria da construção
civil em saúde do Reino Unido, Escandinávia, Holanda, Oriente Médio e Ásia;
oferece uma definição concisa para BIM e destaca conceitos-chave como Maturidade BIM
e o formato COBie17;
16Design Baseado em Evidências, ou em inglês Evidence-Based Design (EBD) é uma estratégia de projetos de saúde
embasada em aspectos ambientais que capazes de influenciar na melhoria da qualidade da atenção à saúde, na segurança
do paciente e no controle de infecção. (OLIVEIRA, 2010).
17 COBie, Construction Operations Building Information Exchange, em português, livre tradução pela autora, Exportação da
Informação da Operação da Construção do Edifício, é uma tabela em formato Excel com informações de todos os bens
mantidos e gerenciados em um edifício capaz de ser exportado de um modelo BIM. A planilha COBie pode ser utilizada
para levantamentos de facility management, inventários, orçamentos e outras possibilidades. (BIME INICIATIVE, 2020).
80
ilustra como o uso adequado do BIM em projetos de construção de infraestrutura de saúde
pode melhorar prazos e relações custo-benefício;
fornece uma referência para melhorar a qualidade do ambiente de saúde, levando a
instalações sustentáveis que têm um efeito positivo na saúde e no bem-estar do paciente e da
equipe de colaboradores.
Ao expor os estudos de caso em seu livro, Phiri (2016) apresenta uma forma de análise
em quadro onde se afere com “sim ou não” as evidências e competências atribuídas ao projeto de
saúde pelo uso do BIM. A seguir pode ser conferida o quadro com os 11 critérios que o autor aplica
para analisar os estudos de caso apresentados:
1 Implementação BIM exigida pelo proprietário/cliente formalmente (no contrato de construção) ou informalmente.
Maior velocidade de entrega e coordenação da documentação de construção, por exemplo, uma melhor e mais
2 rápida tomada de decisão nas fases do processo de construção e operação. Redução no tempo de construção
(cronograma), nas reclamações de seguros e na vulnerabilidade de infraestrutura.
Maior produtividade devido à acessibilidade aos dados, recuperação fácil e conveniente de informações, por
3 exemplo, impactos positivos na gestão e operação de negócios e desenvolvimento de distintas áreas de
atuação.
Aumento da lucratividade, redução de custos e garantia de retorno sobre o investimento, que inclui melhor
conformidade com as normativas de saúde e outras fontes de conhecimento. Conformidade de código
6
automatizada e verificação aprimorada de atendimento à diretrizes, códigos de boas prática e normas, levando a
melhoria na regularização, segurança no edifício e nos canteiros de obras.
Facilitou mudanças necessárias nas práticas e procedimentos do fluxo de trabalho. Por exemplo: houve a
7 adoção bem-sucedida de cronogramas automáticos, levantamento de quantitativos facilitados e especificações
tradicionais dentro da organização).
Integração de BIM com tecnologias de realidade virtual (por exemplo, uso de realidade aumentada, onde as
informações gráficas e contextuais são sobrepostas em sistemas de construção no mundo real para produzir o
8 efeito de "visão de raio-X", permitindo a visualização de instalações escondidas pelas paredes, teto ou mesmo
no subsolo). Substituiu as caras e estáticas e cara maquetes físicas por cerca de 10% do custo, com resultados
superiores. Os modelos BIM de construção mostram descrições de um projeto.
81
Configuração, coordenação e extração aprimorada de dados no COBie (Construction Operations Building
9 Information Exchange) permitindo que as informações sejam obtidas do modelo BIM para uso em software de
gerenciamento de instalações.
BIM facilitado em movimento (ou seja, equipes multidisciplinares em vários locais colaborando em um modelo e
se beneficiando de ferramentas móveis (tablets e smartphones), redes de dados mais rápidas e uso de
10 computação em nuvem). Melhorada capacidade de modificar, navegar e exibir o modelo e compartilhamento de
dados a pronta entrega com clientes. Comunicação instantânea entre as equipes de projeto, construção e
fabricação em campo por meio do modelo BIM na nuvem.
BIM como ferramenta de treinamento para segurança e operações, bem como, como ferramenta de vendas para
a prototipagem e implementação de produtos ou equipamentos médicos críticos. Ferramenta BIM que promove a
11
educação dos participantes sobre as melhores práticas clínicas atualizadas ou engajá-los em estratégias de
design baseado em evidências.
Figura 17 - Foto em perspectiva superior da nova construção do Alder Hey Children's Hospital, Liverpool, Inglaterra.
82
Fonte: BBC, 2016.
Tal qual como foi para o Hospital da Criança Alder Hey, o governo britânico objetiva
investir em BIM para melhorar a qualidade construtiva e processos de gestão dos hospitais da NHS
Foundation Trust18, o sistema de saúde pública do Reino Unido.
Tal objetivo incentivou e ainda incentiva muitas pesquisas e avanços acerca da utilização
do BIM na infraestrutura de saúde, a exemplo da notável produção de conteúdo apoiada pela iniciativa
HaCIRIC (Health and Care Infraestructure Research and Innovation Centre, em português, Centro de
Inovação e Pesquisa de Infraestrutura de Saúde e Cuidados), fundado pelo Conselho de Pesquisa de
Engenharia e Ciências Físicas Britânico (EPSRC - Engineering and Physical Sciences Research
Council), que, no período entre 2006 a 2014, deu suporte ao desenvolvimento de diversas pesquisas
acerca do BIM em infraestrutura de saúde, tendo entre seus principais projetos de investigação os
tópicos: Metodologia do design FPS - cenários futuros do design conceitual em saúde utilizando o BIM;
e MSV5 – A implementação e uso dos processos e ferramentas do BIM no design e construção de dois
grandes hospitais do Reino Unido (UK RESEARCH AND INOVATION, 2020).
Outra inovação efetivada, em consonância com a Government Construction Strategy
(Estratégia Governamental da Construção) do Reino Unido, foi a implementação da plataforma
ProCure22, lançada pelo Department of Health & Social Care19 do Parlamento Britânico.
18NHS (Nacional Health Service, em português, Serviço Nacional de Saúde) é o sistema de saúde pública do Reino Unido
presentes nos quatro países da união política: Inglaterra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.
83
Lançada de forma simplificada, em 2002, sob o nome ProCure21, a plataforma já teve
grandes avanços, principalmente após o ano 2016, onde foi reconfigurada e renomeada para
ProCure22. Continuamente o sistema vem sendo aprimorado e atualmente encontra-se bem
estabelecido no mercado da construção civil voltada ao NHS (National Health System) no Reino Unido
(REINO UNIDO,, 2020b).
O sistema pode ser usado por qualquer organização pública ou do terceiro setor atreladas
a projetos e construções de instalações de saúde e/ou assistência social após a solicitação e aceite de
registro.
Segundo o site oficial (REINO UNIDO, 2020a), a ProCure22 tem o escopo de entregar
esquemas de configuração e componentes construtivos para todas as etapas de projeto e construção
de um EAS, incluindo valores, especificações e complexidades relacionadas aos projetos,
contemplando a seguinte lista de entregas exposta no Quadro 13. A plataforma possui como principais
aspectos-chave a lista que segue:
Economia por eficiência de custos, por meio do melhor uso dos recursos financeiros
disponíveis para investimento de capital no sistema de saúde pública do Reino Unido (NHS –
National Health System);
Implementação de softwares de Building Information Modeling (BIM) em todos os
esquemas e salas repetíveis (o modelo virtual produzido em BIM pode ser observado na Figura
19);
Desenvolvimento de produtos padronizados, projetos e salas repetíveis (como se pode
observar na Figura 18 com soluções de aquisições em atacado. Compartilhamento de projetos
e outras informações de design por meio de um banco de dados gratuito centralizado sob a
licença NHS Royalty-Free (sem taxas);
Por meio da colaboração com o NHS, fornecedores e membros da cadeia de suprimentos,
desenvolver ainda mais esquemas de construção, salas repetíveis e componentes
padronizados;
Incluir o acesso de clientes de assistência social de acordo com a política do
Departamento de Saúde do Reino Unido.
Figura 18 - Opções repetíveis para enfermarias de 4 quartos em BIM, apresentadas pela ProCure22
19Department of Health & Social Care, em português Departamento de Saúde e Assistência Social (tradução livre da
autora) ou Serviço Nacional de Saúde é a agência governamental do Parlamento Britânico equivalente ao Ministério da
Saúde no Brasil.
84
Fonte: adaptado de REINO UNIDO, 2015.
Figura 19 - Tour virtual com imagem de 360 para as opções repetíveis de enfermarias de 4 quartos em BIM, apresentadas
no aplicativo Repeatable Rooms App da ProCure22.
Quadro 13 - Entregas da plataforma ProCure22 para serem utilizadas como apoio a projetos e construções de edifícios de
saúde do sistema público de saúde do Reino Unido.
85
O compartilhamento de projetos de salas repetíveis permite que os projetistas
utilizem layouts e configurações de salas já elaborados (como quartos,
banheiros, consultórios, enfermarias...), disponibilizados em arquivo CAD e
BIM (Revit) e acompanhados de tabelas de dados e especificações (Room
Repeatable Rooms Data Sheet e Activity Data Base) – economizando tempo e custo de projeto.
Salas Repetíveis Todos os layouts disponibilizados estão em conformidade com as orientações
contidas nas HBSs20 e HTMs21 e elaborados de acordo com as premissas
do design baseado em evidências, bem como, consultorias junto às equipes
de serviço, pacientes e usuários do sistema público de saúde do Reino Unido.
Compartilhamento de esquemas de configuração (layout e construção) de
projetos existentes fornecidos por parceiros da ProCure22 (escritórios,
Schemes projetistas, fornecedores...).
PROJECT Esquemas Atualmente há 113 esquemas de projetos na plataforma cedidos por
SHARE parceiros.
COMPARTILHAMENTO
A Room Data Sheet, em português, Folha de Dados do Ambiente, fornecem
DE PROJETO
Room Data Sheet uma descrição detalhada dos acabamentos, acessórios e mobiliários, bem
Folha de Dados do Ambiente como requisitos de instalações (mecânicas, elétricas, hidráulicas...) que serão
necessários para cada ambiente em um projeto.
Activity Data Base, em português, Base de Dados da Atividade, é um sistema
Activity Data Base britânico que foi desenvolvido para auxiliar na construção, briefing, design e
Base de Dados da Atividade alteração de ambientes e instalações de saúde. É baseado nas orientações
atuais de construção de saúde do Reino Unido.
Case Studies Estudos de casos de projetos completos publicados por parceiros na
Estudos de Caso plataforma ProCure22.
Mock-Up Rooms Montagens físicas de projetos e salas repetíveis disponíveis para visitação.
Maquetes de Salas
Virtual Reality Hospital Plataforma de visualização em realidade virtual de hospitais.
Hospital em Realidade Virtual
Biblioteca de componentes (famílias) e montagens padronizadas para uso em
softwares BIM.
Exemplos de componentes disponíveis no Standard Share da ProCure22:
Janelas Forros suspensos
Iluminação Guinchos de
Móveis movimentação de pacientes
Biombos Painéis irradiantes
Portas e ferragens de temperatura
Louças e metais Rodapés aquecidos
STANDARD Standard Components sanitários Régua de gases e
SHARE Componentes Padronizados
Chuveiros instalações
COMPARTILHAMENTO Abafadores de fogo
DE PADRONIZAÇÃO
Bacias sanitárias
Torneiras e fumaça para o sistema de ar
Banheiros Pintura
Pisos rígidos Painéis para shafts
(cerâmica, madeira, visitáveis
porcelanato...) Pias de escovação
Pisos flexíveis
(mantas, vinílicos, carpetes...)
Tubulações
Guidance Papers Chillers
Guias Unidade de tratamento de ar
Fonte: elaborado e livremente traduzido pela autora com base em REINO UNIDO, 2020a.
20 HBNs (Health Building Notes, em português, Notas para Edifícios de Saúde) são documentos do governo britânico que
apontam boas práticas e guias para projetos e planejamento de novos ambientes de saúde ou para ampliação e adaptação
deles. (REINO UNIDO, 2020).
21 HTMs (Health Technical Memoranda, em português, Memorandos Técnicos de Saúde) são documentos do governo
britânico caracterizados por serem guias para projeto, instalação e operação para edifícios de saúde especializados que
utilizam de engenharias complexas para suporte a assistência. (REINO UNIDO, 2020).
86
O acesso livre ao aplicativo (Figura 20), para consulta às salas repetíveis preconizadas
pelo ProCure22, bem como, a alguns estudos de caso, se dá por meio do link:
https://procure22.nhs.uk/repeatable_rooms_app/.
Figura 20 - Tela do aplicativo Repeatable Room App mostrando 3 opções para consultório de exames.
87
Figura 21 - Exemplo de arquivo disponibilizado pela BIM Health aberto no software Autodesk Revit.
Não só como no Reino Unido, como em diversos países, o tema da utilização do BIM em
edifícios de saúde está em plena ascensão. Nos dias 28 e 29 de outubro de 2020 ocorreu o primeiro
congresso virtual mundial com o título Hospital BIM Open organizado pela Associação Finlandesa de
Engenheiros Civis e pela representação da Finlândia da organização internacional BuildingSMART. O
congresso atraiu cerca de 200 participantes advindos de 18 países diferentes (FINNISH ASSOCIATION
OF CIVIL ENGINEERS, 2020).
No Brasil, o cenário anda a passos mais lentos, porém sem deixar de produzir avanços.
Pesquisas brasileiras acerca da utilização do BIM na construção civil de forma geral vêm
sendo publicadas de maneira contínua a partir da primeira década dos anos 2000.
O quadro a seguir apresenta quantitativo da produção de teses e dissertações contendo a
palavra BIM (Building Information Modelling) em seu título nas 10 melhores universidades do país
segundo o Ranking Universitário da Folha de São Paulo de 2019.
88
Quadro 14 - Produção de teses e dissertações acerca de BIM nas 10 melhores universidades do país segundo o RUF da
Folha de São Paulo (2019)
TESES E ANO DA
DISSERTAÇÕES PRIMEIRA TESE TESE OU
RUF
UNIVERSIDADE PERÍODO PUBLICADAS OU DISSERTAÇÃO DISSERTAÇÃO
2019
SOBRE “BIM” COM “BIM” NO SOBRE BIM EM EAS
NO TÍTULO TÍTULO
2010-2013 2
1 USP 2014-2017 9 2011 0
Universidade de São Paulo
2018-2020 13
2010-2013 0 0
Unicamp 2014-2017 5 (porém, conta com 1
2 Universidade Estadual de 2014 artigo publicado sobre o
Campinas 2018-2020 9 tema em revista de
produção interna)
UFRJ 2010-2013 0
3 Universidade Federal do Rio de 2014-2017 0 2019 0
Janeiro 2018-2020 1
UFMG 2010-2013 0
4 Universidade Federal de Minas 2014-2017 3 2015 0
Gerais 2018-2020 5
2010-2013 3 2 dissertações
2014-2017 3 produzidas em
UFRGS 2018 e 2019
5 Universidade Federal do Rio 2012 (também conta com 3
Grande do Sul 2018-2020 3 resumos publicados em
eventos de organização
própria sobre o tema)
Unesp 2010-2013 0
6 Universidade Estadual Paulista 2014-2017 0 - 0
Júlio de Mesquita Filho 2018-2020 0
UFSC 2010-2013 1
7 Universidade Federal de Santa 2014-2017 6 2011 0
Catarina 2018-2020 5
2009-2013 2
8 UFPR 2014-2017 5 2009 0
Universidade Federal do Paraná
2018-2020 7
2010-2013 4
UNB
9 2014-2017 5 2011 0
Universidade de Brasília
2018-2020 3
UFPE 2010-2013 0
10 Universidade Federal do 2014-2017 1 2017 0
Pernambuco 2018-2020 2
2010-2013 12
2014-2017 37
TODAS AS 10 UNIVERSIDADES 2009 2
2018-2020 47
TOTAL 96
Fonte: elaborado pela autora baseado no acervo das universidades citadas disponibilizados em UFMG, 2020; UFPE, 2020;
UFPR, 2020; UFRGS, 2020; UFRJ, 2020; UFSC, 2020; UNB, 2020; Unesp, 2020; Unicamp, 2020; USP, 2021 .
Destaca-se, para além das 2 produções de dissertação sobre BIM em EAS, a participação
da Universidade Federal do Rio Grande do Sul em projeto britânico de pesquisa acerca da checagem
automática de requisitos e atendimento às normas para projetos de estabelecimentos assistenciais de
saúde por meio do BIM. A investigação é financiada pelo Centre for Digital Built Britain (Centro para a
89
Construção Digital Britânica) desenvolvido pela parceria do Department for Business, Energy &
Industrial Strategy do Reino Unido com a Universidade de Cambridge (UNIVERSITY OF CAMBRIDGE,
2020; UNIVERSITY OF HUDDERSFIELD, 2020).
Importante comentar que também foi averiguada, durante a pesquisa, a existência de
produções científicas sobre o tema em questão originadas de mais duas universidades que não
entraram para o ranking da Folha de São Paulo – uma tese de 2014 sobre BIM no projeto de biotérios
originada na Universidade Federal Fluminense (UFF) e uma dissertação de 2019 sobre o BIM na
manutenção predial e reformas de edificações hospitalares existentes originada na Universidade
Federal de Ouro Preto (UFOP) (CARVALHO, 2019; PEREIRA, 2014).
Esta dissertação entrará para o rol das 5 primeiras pesquisas brasileiras na temática do
uso da tecnologia Building Information Modelling em edifícios de saúde.
Durante o VII Congresso Brasileiro para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar
(CBDEH), realizado em setembro de 2016, houve o curso pré-congresso intitulado “Adoção do BIM nos
projetos Hospitalares”, ministrado pelo arquiteto Marcos O. Costa, caracterizando um marco da
inserção do tema na área de projetos, pois o público-alvo do evento são interessados e/ou associados
à Associação Brasileira Para o Desenvolvimento do Edifício Hospitalar (ABDEH), fundada em 1994
com o objetivo de ser uma entidade independente, aberta e multidisciplinar, constituída por
profissionais e empresas do setor da saúde, que busca contribuir para a contínua evolução brasileira
no campo da Edificação Hospitalar, desde sua concepção até sua operacionalização e para a
valorização de sua importância para a qualidade de vida da sociedade (ABDEH, 2020).
Desde 2016 a ABDEH, por meio das suas regionais, têm promovido palestras abordando
o uso do BIM para edifícios de saúde. Já o VII CBDEH, realizado em 2018, contou com palestra e
inserção de artigo em anais com a temática “Avaliação pré-projeto por meio de modelos físicos e
digitais de EAS”, que discorre sobre o uso do BIM como modelo digital de estabelecimentos de saúde
(CAIXETA; CAMELO; FABRÍCIO, 2018).
Reconhecidas empresas brasileiras do ramo de projetos e construção civil que trabalham
para a área da saúde, como Fiorentini Arquitetura, Zanettini Arquitetura, RAC Engenharia e MEP
Arquitetura e Planejamento, afirmaram fazer uso da tecnologia BIM. Porém, ainda pouco se tem
informações acerca das características e ferramentas da tecnologia que fazem uso, uma vez que, há a
possibilidade de se aprovar o BIM em diversos níveis: é possível gerar projetos em apenas algumas
disciplinas e manter o restante em plataformas CAD, bem como, pode-se criar modelos de qualquer
nível de desenvolvimento (ND) que podem somente abranger somente os benefícios iniciais da
utilização de softwares BIM (maquetes eletrônicas, modelagem paramétrica, geração de desenhos
90
técnicos facilitada), dentre mais aspectos que não contemplam muitas funcionalidades ao modelo
digital. (FIORENTINI ARQUITETURA, 2020; MEP ARQUITETURA E PLANEJAMENTO, 2020; RAC
ENGENHARIA, 2019; ZANETTINI, 2017).
Pode ser adicionado ao estado da arte do uso do BIM em EAS no Brasil a implantação em
organizações do país, advindas de processos licitatórios de projeto e, também, de elaboração interna
ao órgão.
A Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), uma instituição de ciência e tecnologia em saúde
vinculada ao Ministério da Saúde, tem por objetivo a produção, a disseminação e o compartilhamento
de conhecimentos e tecnologias voltados para o fortalecimento e consolidação do Sistema Único de
Saúde (SUS), por meio da sua Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic), que é
responsável pelo gerenciamento do espaço físico da instituição, atuando em todo o ciclo de vida das
edificações, iniciou em 2010 o processo de capacitação de dois profissionais acerca da abordagem
BIM, logo após foi executado, somente na disciplina de arquitetura, o primeiro projeto utilizando a
tecnologia.
Em 2012 a instituição já possuía 4 projetos elaborados, logo, em 2014, após a
capacitação de mais profissionais, ocorreu a elaboração de editais de contratação de projetos em BIM
para grandes empreendimentos, a pedido da alta gestão.
Visto que dentre as atividades do Departamento de Arquitetura e Engenharia da Cogic
constam tratativas de processos e procedimentos de planejamento, desenvolvimento, coordenação e
controle de ações relacionadas aos projetos contratados em BIM, aferiu-se a necessidade de promover
a organização e a disseminação das informações, bem como possibilitar o desenvolvimento de ações
que facilitassem a gestão nos processos de trabalho. Em atendimento a esta necessidade, em 2015 foi
criado o Laboratório BIM da Fiocruz – o Lab-BIM, conforme dizeres de Pereira e Correia (2019):
[..] o Lab-BIM exerce um relevante papel na organização de informações para avaliação dos
modelos BIM contratados, na proposição dos templates, das diretrizes de modelagem
(Caderno BIM) e dos planos de execução BIM para os projetos a serem desenvolvidos
internamente, bem como na organização de oficinas para disseminação da tecnologia BIM.
[...] ao estudar o potencial e as vantagens do BIM, os profissionais tendem a aderir melhor às
mudanças propostas nos processos de trabalho, o que contribui fortemente para qualquer
aprendizado. Buscou-se demonstrar que vale a pena o esforço de deixar a zona de conforto
e de abandonar ferramentas ultrapassadas, que, aparentemente, promovem resultados mais
rápidos. Visou-se esclarecer que a nova tecnologia traria benefícios e eficácia para todos os
processos em todo o ciclo de vida da edificação, e que promoveria, assim, economia e
transparência para as ações da Administração Pública. (PEREIRA; CORREIA, 2019, p. 5).
91
Figura 22 - Modelo BIM do Centro de Pesquisa René Rachou – Fiocruz Minas Gerais.
92
Fonte: WILSON, 2020.
Figura 24 - Croqui ilustrativo do Plano Diretor de Infraestrutura Hospitalar desenvolvido para o HGeS.
93
Fonte: BRASIL, 2019.
94
Fonte: BRASIL, 2019.
95
No escopo do edital de projeto são contempladas etapas que abrangem desde o
levantamento de dados, arquitetura, topografia, instalações e sondagens, elaboração de projetos
executivos de diversas disciplinas, até orçamento descritivo detalhado da obra, incluindo o
planejamento e faseamento da intervenção, totalizando um montante de R$ 2.461.419,12 de custo
para elaboração dos serviços de estudos e projetos em BIM, conforme Edital 20/2019 (BRASIL, 2019).
Ante tudo exposto, vê-se que a área da construção civil brasileira está dando seus
primeiros passos rumo à disseminação do uso do BIM em Estabelecimentos Assistenciais de Saúde.
Ainda há muito caminho a percorrer para chegar ao nível de evolução de países como
Estados Unidos e Inglaterra, porém, considerando o aumento a produção acadêmica, a utilização da
plataforma BIM por empresas estabelecidas no mercado e os lançamentos de editais de ampla
concorrência para contratação de projetos com uso da tecnologia, é possível afirmar que o Brasil está
tomando medidas para não ficar para trás nessa inovação, agindo em consonância com a Estratégia
BIM BR.
Em tempo, antes de finalizar este capítulo, frente aos desafios trazidos pela pandemia de
Covid-19 que assolou todo o mundo, é preciso destacar a importância da utilização do BIM para o
desenvolvimento de projetos de unidades de contingência desenvolvidos em caráter emergencial para
auxiliar na sobrecarga dos sistemas de saúde de diversos países.
Diante disso, destaca-se do cenário internacional o projeto do Hospital Leishenshan,
construído em Wuhan, epicentro da pandemia, em inacreditáveis 12 dias graças ao uso da plataforma
BIM que possibilitou, segundo Luo et al. (2020), a melhoria da assertividade das informações, o feitio
de análises e simulações para subsidiar decisões de projetos, a disponibilização de informações m em
tempo real, bem como, permitiu a pré-fabricação de muitos elementos utilizados na obra e configuração
dos ambientes.
No cenário nacional, destacam-se o projeto em BIM hospital de campanha encomendado
pela Fiocruz para implantação em estádios de futebol, conforme descrito por Fugazza e Oliveira (2020),
e a construção do Centro Hospitalar de Combate à Pandemia de Covid-19, cujo projeto também faz
uso da tecnologia, executada no Campus Manguinhos do Rio de Janeiro, pela empresa RAC
Engenharia, sob o acompanhamento e gestão da Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi da
Fiocruz. A estrutura de Manguinhos, segundo Fiorin (2020) para o blog oficial da Autodesk, foi
projetada e construída em 50 dias, contando com 200 leitos de tratamento intensivo.
96
7 CASOS DE REFERÊNCIA
97
Fonte: a autora.
7.1 INTERNACIONAIS
Quadro 16 - Quadro resumo do caso do novo Royal Adelaide Hospital em Adelaide na Austrália.
99
Figura 27 - Modelo BIM renderizado à esquerda e foto da construção à direita do novo Royal Adelaide Hospital.
Figura 28 - Modelo BIM em perspectiva à esquerda e foto real em perspectiva à direita do novo Royal Adelaide Hospital.
Figura 29 - Modelo BIM da programação de obra à esquerda e foto real da obra à direita do novo Royal Adelaide Hospital.
Figura 30 - Pessoal de obra utilizando o tablet no canteiro para conferências no modelo BIM e lançamento no SPOTNIC.
100
Fonte: PENN, 2016.
7.1.2 Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar em Santo Domingo, República Dominicana
Quadro 17 - Quadro resumo do caso de referência Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar na República Dominicana
A Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar, um hospital público, é o maior e mais moderno
centro hospitalar do Caribe, também é o segundo maior hospital da América Latina e Central, contando
101
com 12 edifícios, um hospital materno-infantil, um centro clínico cirúrgico, um centro gastroenterológico,
quatro laboratórios clínicos, três hemocentros, unidade de queimados e uma central de segurança e
monitoramento. A nova estrutura comporta 800 leitos hospitalares e abriga a maior farmácia popular do
país (AUTODESK, 2020b; REPÚBLICA DOMINICANA, 2020).
Além de se configurar como um dos primeiros hospitais da República Dominica a estar em
conformidade com as mais rigorosas e completas normas de acessibilidade como a Americans with
Disabilities Act, outro objetivo do projeto foi alcançar os requisitos de nível LEED de sustentabilidade e
eficiência de energia por meio de elementos como painéis de paredes externas que ajudam a melhorar
a qualidade do ar interno em 25% e reduzir em 22% a energia mecânica, bem como janelas de vidro e
partições que filtram raios X e raios UV (AUTODESK, 2020b).
Um dos maiores desafios enfrentados a falta de familiaridade e capacitação dos
profissionais AEC (Arquitetura, Engenharia e Construção) com o uso do BIM na região. Para que fosse
possível utilizar a tecnologia, as empresas executoras – Lexco e Constructora Marial – ofertaram
treinamentos para todas as 32 empresas subcontratadas de projeto e construção.
Segundo o matéria da Autodesk (2020a), o esforço para a utilização do BIM foi apoiado
por diversos participantes do projeto, incluindo a comunidade médica, ministros do governo e até
mesmo o presidente da República Dominicana, que puderam ver, após apresentação de estudo de
caso de sucesso da companhia Lexco na construção de outro hospital BIM da República Dominicana,
como a tecnologia poderia auxiliar na rapidez do processo de projeto em comparação com a
modelagem em 2D, o quanto poderia ser reduzido dos resíduos de construção, quanta economia
poderia haver pela detecção antecipara de erros oneroso de compatibilização, bem como, a forma
como a representação 3D facilitaria o processo de avaliação do projeto para adequação das
necessidades normativas e requisitos dos usuários finais.
Jorge López, presidente da Lexco, afirmou para Autodesk Latam (2018) que, na sua
experiência com a implementação do BIM em projetos de construção, os dois parâmetros refletidos que
mais se destacam no momento do convencimento pelo uso da tecnologia são: tempo e dinheiro.
Adicionou também que “na fase de pré-construção do Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar a economia
de tempo e dinheiro é superior a 30% e na fase de construção superior a 15%”.
Figura 31 - Colaboradores trabalhando no modelo BIM para visualização 3D de instalações e renderização de acabamentos
do projeto da Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar.
102
Fonte: AUTODESK, 2020a
Figura 32 - Modelo BIM à esquerda e vista externa da construção real à direita (Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar).
103
Fonte: AUTODESK, 2020a
Figura 35 - Foto real da construção da Ciudad Sanitaria Luis Eduardo Aybar à esquerda e foto do pessoal de obra
consultando o modelo BIM no canteiro pelos seus smartphones à direita.
104
• A coordenação de projetos por meio do
BIM possibilitou a atuação de times de projetistas
multidisciplinares em diferentes lugares do mundo (EUA,
Kuwait e Espanha) atuando concomitantemente no
mesmo projeto;
• Modelo BIM completo e atualizado
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS ATINGIDOS PELO USO DO BIM:
constantemente em obra, possibilitando análises
regulares de detecção e resolução de conflitos entre
elementos estruturais, arquitetônicos e MEP.
• Coleta, análise e processamento de dados
de andamento da construção - gerando auditorias,
relatórios de execução e ajustes de cronograma diários.
• Coordenar modelos BIM e documentos
PRINCIPAIS DESAFIOS VIVENCIADOS PELO USO BIM:
com times produzindo em diferentes idiomas.
O novo Jahra Medical City (Cidade Médica de Jahra) é um dos maiores complexos de
saúde do Oriente Médio. O objetivo da sua construção foi ampliar o sistema de saúde do Kuwait por
meio do aumento em 60% da capacidade dos hospitais do país (PACE, 2018).
Após anuência do Rei Sheikh Sabah Al-Ahmad Al-Jaber Al-Sabah, a DNA Barcelona
Architects, escritório de arquitetura espanhol iniciou eo projeto para construção do complexo de 8
edifícios que abriga 1.171 leitos, pronto-socorro adulto separado do infantil com chegada por heliporto,
hospital-dia, 20 salas cirúrgicas com 2 salas híbridas, centro de terapia intensiva (CTI), medicina
nuclear, terapia hiperbárica, centro de endoscopia, centro ambulatorial com mais 20 departamentos,
centro odontológico, centro de diagnóstico e demais setores necessários, incluindo a disponibilização
de 4.560 vagas de estacionamento (AL DIWAN AL AMIRI, 2020; DNA BARCELONA ARCHITECTS,
2018; PACE, 2018).
A transparência para inserção de luz nos ambientes, bem como, a presença de 5 grandes
átrios que garantem ventilação, foram elementos de destaque no partido arquitetônico do projeto
garantindo uma visão ampla e clara nas circulações do complexo, o que garantiu um aspecto saudável
e limpo para o hospital. Tudo foi aprovado pelos clientes principais e equipe multidisciplinar de usuários
por meio da representação realística de renderização do modelo 3D (AL DIWAN AL AMIRI, 2020; DNA
BARCELONA ARCHITECTS, 2018).
Para coordenar a implantação do BIM para execução do hospital, o governo do Kuwait
trabalhou com 2 empresas especialistas: Bexel Consulting e Pace contratados para prestação de
serviços diretos.
105
Segundo a Bexel Consulting (2019b), foi desenvolvido um modelo BIM integrado para
todas as disciplinas que possibilitou coordenação de projetos produzidos por times de projetistas
multidisciplinares de diferentes lugares do mundo (EUA, Kuwait e Espanha) atuando
concomitantemente no mesmo projeto, bem como, a obtenção de projetos completos atualizados
constantemente em obra, possibilitando análises regulares de detecção e resolução de conflitos entre
elementos estruturais, arquitetônicos e de instalações. Também foi possível coletar e processar, em
tempo real, dados de andamento da construção - gerando auditorias, relatórios de execução e ajustes
de cronograma diários.
Figura 36 - Esquema construtivo de estrutura do Jahra Medical City 3D gerado no modelo BIM à direita, detalhamento 2D
gerado por vista do modelo ao centro e à esquerda a construção real do detalhe especificado no 3D e 2D.
Figura 37 - Modelo BIM do Jahra Medical City à esquerda e foto real do edifício construído à direita.
106
Fonte: ALYASHI GROUP, 2019; DNA BARCELONA ARCHITECTS, 2018
Figura 39 - À esquerda imagem renderizada de um dos átrios do Jahra Medical City e, à direita, foto do ambiente real.
Figura 41 - Esquema de trabalho utilizado pelo escritório DNA Barcelona Architects para modelagem BIM.
107
Fonte: adaptado e traduzido pela autora, com ilustrações disponíveis em DNA BARCELONA ARCHITECTS, 2018.
Figura 42 - Diagrama de detalhamento de projeto utilizando recursos do BIM para o Jahra Medical City.
108
7.2 NACIONAIS
Fonte: elaborado pela autora, baseado em informações contidas em CAVANI ARQUITETOS, 2017, 2020; CORREIO
BRAZILIENSE, 2019; FOLHA DE ÁGUAS CLARAS, 2019; HOSPITAL ÁGUAS CLARAS, 2020; MAIS ÁGUAS CLARAS,
2019; MHA ENGENHARIA, 2019, 2020; PLAN SERVICE, 2018a, 2018b; REVISTA OE, 2020.
109
A edificação, localizada da Rua Araribá, na Região Administrativa de Águas Claras no
Distrito Federal, possui cerca de 38.000m² de área construída e abriga uma estrutura de hospital geral
particular com 265 leitos, sendo 69 de UTI e pronto-socorro, centro cirúrgico com 12 salas, sendo 1
para cirurgia robótica, centro de diagnósticos com ressonância magnética, laboratório de análises
clínicas e emergência adulto e pediátrica, com a possibilidade de atender 20 mil pacientes de urgência
e emergência por mês (HOSPITAL ÁGUAS CLARAS, 2019, 2020).
Segundo o escritório Cavani Arquitetos (2020), o projeto executivo arquitetônico do
complexo foi desenvolvido em tecnologia BIM, gerando um modelo de Nível de Detalhe (ND/LOD) 300
(CAVANI ARQUITETOS, 2020).
Em entrevista para o blog de notícias da Plan Service (2018a), empresa contratada para o
gerenciamento de obra do hospital, a arquiteta autora do projeto Cássia Cavani afirmou que deste 2014
seu escritório atua com o Building Information Modelling: “neste período já desenvolvemos projetos
completos, de grande complexidade como o Hospital Águas Claras de Brasília. Temos conhecimento
bastante aprofundado do sistema BIM e de suas possibilidades, que vão muito além do projeto e obra”.
Para a arquiteta a principal dificuldade do projeto foi o fato de a estrutura já estar
construída, sendo assim, houve necessidade de adaptar as particularidades de um hospital a uma
edificação existente, pensada para outro uso, ainda mais levando em conta o desafio que é projetar
uma construção tão complexa, dotada de uma enorme quantidade de instalações, porém, ela comenta
que por meio do BIM é garantida uma maneira mais célere e efetiva para o sucesso do processo de
compatibilização, e ainda acrescenta que “no processo do Hospital Águas Claras, agilizou muito o
processo de contratação da Construtora, possibilitando uma quantificação rápida e precisa” (PLAN
SERVICE, 2018a).
Marcio Grossman, diretor de Obras e Infraestrutura da Rede Ímpar, que vivenciou no
Hospital de Águas Claras a primeira experiência de uso do BIM nas obras da rede, em consonância
com os dizeres da arquiteta, afirmou que a tecnologia reduz significativamente os prazos de execução
de obras, o que foi fundamental para a corporação. Para ele, “a precisão do quantitativo de materiais e
serviços envolvidos facilita a equalização das propostas no caso de licitações, além de prevenir
cobranças futuras de aditivos por divergência de quantitativos”, sendo assim, declarou que a adoração
do BIM é algo irreversível, pois, com o tempo, os “profissionais que não estiverem aptos a utilizar essa
ferramenta ficarão fora do mercado nos próximos anos” (PLAN SERVICE, 2018b).
110
Figura 43 - Vista do quarto individual de internação no modelo BIM à esquerda e vista do quarto real à direita.
Figura 44 - Modelo BIM do Hospital de Águas Claras à esquerda e construção real à direita.
Figura 45 - Modelo BIM da fachada principal do Hospital de Águas Claras à esquerda e construção real à direita.
111
Figura 46 - Modelo BIM demonstrando instalações do Hospital de Águas Claras.
112
Figura 48 – Corte em perspectiva do modelo BIM do Hospital de Águas Claras.
LABORATÓRIOS E
TIPO DO EAS
CENTRO DE PESQUISA
CPROJ (COORDENADORIA
AUTORIA DO PROJETO DE PROJETOS DA
Unicamp)
PAÍS BRASIL
CIDADE CAMPINAS
ANO DO PROJETO 2014
ANO DA CONSTRUÇÃO 2018
ÁREA ≈ 4.000 m²
CUSTO DA OBRA ≈ R$ 22 MILHÕES
LEVEL BIM LEVEL 2
Fonte: BOLDRINI, 2020.
113
• Incorporar ao órgão público a
compatibilização dos projetos, precisão da
documentação, especificações e quantitativos mais
eficientes de forma a contribuir para com os processos
licitatórios;
• Incorporar detalhes de mobiliários
diretamente ao modelo BIM para gerar dimensões,
especificações e quantitativos assertivos para
encaminhamento à execução;
• Geração de planilhas de especificação
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS ATINGIDOS PELO USO DO BIM:
automatizadas para aquisição e execução
• Interoperabilidade para elaboração de
projetos complementares (fundações, estruturais,
hidráulicas, elétricas, combate a incêndio, climatização e
gases) junto à escritórios contratados de locais diversos,
inclusive de outras cidades;
• Facilidade na extração de informações
importantes como dimensões, áreas, volumes, tanto
para as etapas de projeto quanto será importante para a
elaboração das planilhas para licitações
• Para substituir o uso do CAD pelo BIM no
escritório de projeto foi necessário investimento de
tempo, esforço e recurso para realização de estudos em
PRINCIPAIS DESAFIOS VIVENCIADOS PELO USO BIM: tutoriais online, treinamentos, participação em
disciplinas de graduação e pós-graduação, participação
em eventos e desenvolvimentos, dentre mais meios de
capacitação.
114
Segundo Dezan (2014), arquiteto pertencente à equipe da Cproj, ao utilizar o BIM como
plataforma de projetos a imagem 3D não somente é uma ferramenta de apresentação, mas sim um
elemento útil para verificação das espacialidades e combinações no edifício, bem como, na elaboração
de quantitativos, especificações e planilhas atualizadas, mas para que fosse possível utilizar tal método
de projetação, foi necessário investir tempo, esforço e recurso para realização de estudos em tutoriais
online, treinamentos, participação em disciplinas de graduação e pós-graduação, participação em
eventos e desenvolvimentos, dentre mais meios de capacitação existentes.
Para o autor tais investimentos, que possibilitaram a execução do projeto piloto, trouxeram
muitos ganhos ao escritório com a aprendizagem de um novo processo de trabalho, acrescentando
ganhos nas diversas fases do planejamento do ambiente construído, na clareza do objeto projetado, na
troca de informações com as diversas disciplinas, na elaboração das planilhas e documentos para
licitações, bem como, contribuindo para a facilitação e aumento do nível de detalhamento dos espaços
e componentes.
Atualmente o Centro de Pesquisa Boldrini se configura como o maior dento de pesquisa
em oncologia pediátrica da América Latina, abrigando nove grupos de estudos atuantes nas áreas-
chave mais avançadas da pesquisa científica para combate ao câncer: imunoterapia; anticorpos
monoclonais terapêuticos; DNA circulante tumoral; tumores do sistema nervoso central; doença
residual mínima, novas drogas; fatores ambientais e câncer pediátrico, informática e espectrometria de
massa (BOLDRINI, 2020b).
Figura 49 - Modelo BIM do Centro de Pesquisa Boldrini à esquerda e foto da construção real à direita.
Figura 50 - Estudo de incidência solar viabilizado pelo modelo BIM elaborado no software Revit.
115
Fonte: DEZAN, 2014.
Figura 51 – Mobiliário do Centro de Pesquisa Boldrini projetado em BIM (componente/família) à esquerda e foto da
execução real à direita.
Figura 52 - Representação 3D do modelo BIM do Centro de Pesquisa Boldrini com inserção de mobiliário e equipamentos.
116
Fonte: DEZAN, 2014
Figura 53 - Planta térrea do modelo BIM do Centro de Pesquisa Boldrini à esquerda e do pavimento superior à direita.
117
7.2.3 Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas) em Belo Horizonte, Minas Gerais
Quadro 21 - Quadro resumo do caso de referência Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas) em Belo Horizonte
LABORATÓRIOS E
TIPO DO EAS
CENTRO DE PESQUISA
CONSÓRCIO
AUTORIA DO PROJETO ARCHITECTUS + MHA
ENGENHARIA LTDA
PAÍS BRASIL
CIDADE BELO HORIZONTE
ANO DO PROJETO ≈ PREVISTO PARA 2021
ANO DA CONSTRUÇÃO AINDA NÃO CONSTRUÍDO
ÁREA ≈ 52.000 m²
CUSTO DO PROJETO* R$ 8.998.189,84
LEVEL BIM LEVEL 2
Fonte: ARCHITECTUS, 2020
Projetado para ser a nova sede da Fiocruz em Minas Gerais, o Centro de Pesquisa René
Rachou, mais conhecido como Fiocruz Minas, fará parte do complexo do Parque Tecnológico de Belo
Horizonte (BH-TEC) um parque com mais de 550 mil m² que abrigará diferentes instituições de
pesquisa e desenvolvimento (FIOCRUZ, 2010).
Os projetos são frutos de licitação de contratação de prestação de serviços de engenharia
para elaboração de estudo preliminar, anteprojeto e projeto executivo de arquitetura e engenharia
118
acordada em R$ 8.998.189,84 com o consórcio formado pelos escritórios Architectus e MHA
Engenharia (FIOCRUZ, 2014).
O edifício do Centro de Pesquisa René Rachou, segundo Architectus (2020a), terá uma
área total aproximada de 52.000m², contemplando 12.000m² de laboratórios, um auditório para 330
lugares, restaurante aberto ao público, almoxarifado com cerca de 2.000m², áreas administrativas,
estacionamentos e elementos de paisagismo e urbanização, bem como, atenderá aos critérios da
Certificação Ambiental AQUA-HQE, e ainda foi desenvolvido para atingir a premissa da adaptabilidade,
uma vez que um edifício federal desta magnitude precisa perdurar e ao longo dos anos serão
necessárias adaptações e remodelações em todas as áreas, para tanto, foram criados pavimentos
técnicos intercalados entre os pavimentos de áreas laboratoriais, com o objetivo de viabilizar ajustes
sem interrupção das atividades.
O início da consolidação da implantação BIM na Fiocruz deu-se por meio da atuação do
Departamento de Arquitetura e Engenharia (DAE) e Coordenação-Geral de Infraestrutura dos Campi
(Cogic) da fundação, objetivando melhoria dos seus processos de desenvolvimento de projetos,
planejamento e execução de obras, fiscalização de seus contratos, manutenção, estudo de
viabilidade, estudos para retrofits e atualização cadastral de suas edificações, concretizando o
benefício de domínio real e qualificado de todo o ciclo de vida de seus empreendimentos (PEREIRA;
CORREIA, 2019).
Apesar do projeto da Fiocruz Minas ter sido produto de um contrato de prestação de
serviços internos, para atingir os objetivos da implementação do BIM no órgão muitos foram os
desafios vivenciados, tais como: alto investimento calculado para capacitação e aquisição de hardware
e software (R$ 2.380.000,00), retorno do investimento estimado para somente ao final de três anos de
implementação da tecnologia e retorno não esperado quando aos prazos de produção de projeto em
comparação com a tecnologia CAD, no entanto, que haja menos falhas, principalmente em função da
geração automática de desenhos, estudos e planilhas (cotas, cortes, fachadas, planta de cobertura,
quantitativos de materiais e a aplicação de ferramentas de detecção de conflitos...) (PEREIRA;
CORREIA, 2019).
Mesmo ao vivenciar tais desafios citados, Pereira e Correia (2019) afirmam que foi
possível a verificação prática de algumas vantagens como a redução do retrabalho e acreditam que
pela efetiva compatibilização de todas as disciplinas no projeto, o tempo de execução da obra
será menor, com maior previsibilidade das ações e aprimoramento de documentação com o uso das
dimensões 4D e 5D da tecnologia BIM. Também será de interesse do DEA a utilização do modelo para
posterior gestão dos facilities da Fundação Oswaldo Cruz.
119
Figura 55 - Modelo BIM do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas)
Figura 56 - Corte em perspectiva do modelo BIM com instalações do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas).
Figura 57 - Modelo BIM com instalações do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas).
120
Figura 58 - Modelo BIM do Centro de Pesquisa René Rachou (Fiocruz Minas) com todas as instalações com visualização
ativa permitindo detecção de interferências.
Figura 59 - Interferência encontrada entre duas disciplinas de instalação no modelo BIM do Centro de Pesquisa René
Rachou (Fiocruz Minas).
121
7.3 HOSPITAIS DE COMBATE À PANDEMIA DE COVID-19
• Devido às características
multidisciplinares do Hospital Leishenshan e o pouco
tempo para projeto, nem todas as informações foram
PRINCIPAIS DESAFIOS VIVENCIADOS PELO USO BIM: armazenadas em um único modelo BIM; modelos
separados foram desenvolvidos e algumas outras
documentações da construção não foram elaboradas
na plataforma.
122
Construído em apenas 12 dias, com o objetivo de promover atendimento emergencial e
contingenciado para a crescente demanda de pacientes infectados pelo novo coronavírus Sars-CoV-2
em Wuhan, cidade marco zero da pandemia, o Hospital Leishenshan (Montanha do Deus do Trovão)
foi concebido para abrigar até 1.600 leitos, contando também com área de apoio da equipe
assistencial, área de logística (armazém de abastecimento, estação de tratamento de águas residuais,
estação de incineração de lixo, local de descontaminação de ambulância e demais ambientes de apoio)
e a área de tratamento médico de diagnóstico e terapia (LI; ZHANG, 2020; LUO et al., 2020; SKY UK,
2020).
A rápida construção foi viabilizada pela tecnologia da pré-fabricação, evitando trabalhos in
loco mais demorado. Para possibilitar a pré-fabricação, foi utilizada como plataforma de projeto o BIM,
que permitiu toda a construção virtual prévia da edificação, de forma compartilhada (interoperáveis em
tempo real) entre todas as disciplinas de projetos para envio prévio de todos os módulos, peças e
elementos construtivos à manufatura com especificações e quantitativos exatos, bem como, subsidiar
guias de montagem para utilização na obra (LI; ZHANG, 2020; LUO et al., 2020).
A implantação do método POP (produto, organização e processo) ao modelo BIM do
Hospital Leishenshan garantiu o sucesso da empreitada que tinha por maior objetivo a rápida
construção para ação de combate à pandemia (LUO et al., 2020).
Segundo Luo et al. (2020), autores chineses que desenvolveram estudo acerca da entrega
ultrarrápida de hospitais de campanha de Wuhan, especializados para combater a Covid-19, o método
POP consiste na produção e entrega de 3 submodelos por meio do BIM, que objetivam estabelecer
documentação de construção mais interativas e compreensivas, facilitando o planejamento,
coordenação e visualização do processo construtivo quais sejam:
1. um modelo do edifício, contendo atributos geométricos e não-geométricos que permite o
levantamento de quantitativos, simulações e outras análises necessárias;
2. um modelo de organização que integra o modelo de produto com o andamento da
construção para coordenação perfeita da obra e gerenciamento de cronograma; e
3. um modelo de processo que associa tarefas específicas às organizações responsáveis em
diferentes estágios do planejamento da construção.
Songmin Zhan, arquiteto chefe adjunto do escritório responsável pelo projeto do hospital,
afirmou à Alderton (2020) que os mais de 80 projetistas, comprometidos a correr contra o tempo, pois
a vida de muitos estava em jogo, conseguiram entregar por meio do uso da tecnologia BIM, os
desenhos de construção em apenas 3 dias. O projeto consiste em um edifício pensado para ser
construído rapidamente utilizando contêineres e estrutura de montagem em aço, sob o desafio de
123
terem que passar por ajustes em tempo real junto à implementação do pessoal de construção, dos
materiais e das máquinas, contando com o monitoramento do progresso da construção e revisão dos
desenhos no canteiro de obras.
Figura 61 - Vista aérea do Hospital de Leishenshan, construído para atender a demanda da pandemia de Covid-19 em
Wuhan.
124
Fonte: MO, 2020
Figura 63 - Módulo de internação do hospital de Leishenshan à esquerda e estudo de simulação do sistema de tratamento
de ar possibilitado pelo modelo BIM à direita.
125
Fonte: LUO et al., 2020, p. 4.
Figura 64 - Fotos internas da organização dos módulos de internação do Hospital Leishenshan.
Quadro 23 - Quadro resumo do caso de referência Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 no Rio de Janeiro.
126
• Elaboração de projetos em um sistema
colaborativo, onde especialistas de diferentes
disciplinas de projetos tiveram acesso ao mesmo tempo
ao modelo para desenvolvimento de especificações,
PRINCIPAIS BENEFÍCIOS ATINGIDOS PELO USO DO BIM: inserção de informações e alterações de
compatibilização de conflitos estruturais, garantindo
rapidez ao processo de projeto;
• Possibilidade de adequação
paralelamente a execução da obra.
Figura 65 - Modelo BIM do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 à esquerda e foto da construção real à direita.
Figura 66 -Vista interna do modelo BIM do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 à esquerda e foto da construção
real à direita.
22O time-lapse é uma técnica cinematográfica que transforma fotos (ou trechos de vídeo) sequenciais em um só vídeo de
curta duração, que apresenta uma sequência de andamento, evolução, progressão de tempo muito maior do que a
durabilidade do vídeo em si.
128
Fonte: OLIVEIRA, 2020; RAC ENGENHARIA, 2020b
Figura 67 - Imagens demonstrando a evolução da construção do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19.
129
Fonte: RAC ENGENHARIA, 2020a, 2020b, adaptado pela autora.
Figura 69 - Esquema de setorização do Centro Hospitalar para a Pandemia de Covid-19 da Fiocruz no Rio de Janeiro.
130
PARTE B
DESENVOLVIMENTO
E DISCUSSÃO
Todo projeto de obra, seja para construção, ampliação e/ou reforma, possui etapas a
serem seguidas, normalmente aprendidas nos cursos técnicos e de graduação da indústria AEC, sendo
elas: estudo preliminar – que contempla as atividades de levantamento de informações gerais, técnicas
e específicas, programa de necessidades e estudo de viabilidade – anteprojeto (também chamado de
projeto básico) e projeto executivo.
É recomendado que o projeto, anteriormente ao início da obra, passe por validações da
assertividade do planejado, sendo as mais comuns as que seguem: aprovação da viabilidade da
proposta pelos clientes e interessados (setorização, espacialização, volumetria, layout...),
compatibilização de projetos (resolução de conflitos de instalações) e aprovação junto aos órgãos
fiscalizados (prefeituras, corpo de bombeiros e, para os EASs, vigilância sanitária).
As plataformas mais comuns de elaboração de tais projetos são: à mão (com utilização de
réguas, esquadros, compassos, papel manteiga, prancheta) ou via computador – com a utilização da
tecnologia CAD, que atua de forma similar à uma prancheta virtual dinâmica e facilitada para produção
de desenhos técnicos, ou tecnologia BIM, que proporciona a criação de um modelo virtual da
construção completa de forma interativa, multidisciplinar de alimentação simultânea, parametrizada,
tridimensional e abastecida de informações linkadas que permite rodagem de simulações e análises,
bem como, a criação de passeios virtuais, uso da realidade aumentada e processos automatizados de
levantamento de quantitativos, orçamentos, dados, dentre mais possibilidades.
A complexidade do edifício de saúde é justificada pelos requisitos necessários que podem
estar envolvidos em seu planejamento, por exemplo: atendimento às normativas sanitárias e de
biossegurança, aprovação do projeto pelos vários stakeholders23 (médicos, enfermeiros, pacientes,
proprietários do empreendimento, pacientes, acompanhantes...), atendimento às demandas ambientais
assistenciais para garantia da rápida resolutividade na prestação de assistência à saúde,
compatibilização de uma gama grande de disciplinas conjuntas de instalações (arquitetura, estrutura,
instalações mecânicas, elétricas, hidrossanitárias, de rede, de gases medicinais, blindagens...),
constantes renovações estruturais em virtude da inovação tecnológica da medicina e alteração da
demanda de atendimento, aprovação em vários órgãos fiscalizadores que requerem segurança ao
edifício e seu entorno (corpo de bombeiros, vigilância sanitária, Comissão Nacional de Energia Nuclear
– CNEN, departamentos de trânsito para rota de ambulâncias e atendimentos de emergência,
prefeituras, órgão fiscalizadores de tráfego aéreo para regularização de helicópteros de socorro e
23 Stakeholders, significa, em uma tradução livre para o português, a parte interessada. Podem ser consideradas como
stakeholders as pessoas e organizações afetadas por um projeto, de forma direta ou indireta, positiva ou negativamente.
132
demais órgãos), necessidade de registro de sua infraestrutura para subsidiar manutenções corretivas e
planos preventivos, gerenciamento de seus facilities, dentre outras características complexas.
Tendo em vista tais requisitos que podem estar atrelados ao projeto de um EAS e as
características de um projeto elaborado em plataforma BIM apresentados acima, este trabalho aponta a
hipótese de que a total migração do modo de se projetar edifícios de saúde para esta tecnologia tem
muito a acrescentar ao desenvolvimento dos ambientes salutares, não só na fase projeto, mas também
nas fases de obra e gestão, logo, adiante nesta “Parte B”, serão elencadas especificidades do uso do
Building Information Modelling nestas 3 fases citadas, subdividindo por atividades intrínsecas ao
andamento de cada fase, conforme anteriormente já demonstrado pela Figura 1.
Importante salientar que não se buscou esgotar todas as possibilidades de utilização do
BIM nas fases do EAS, pois disto resultaria um livro de muitas páginas, que até pode ser fruto de
pesquisas futuras, mas, sim, objetivou-se apresentar as características de destaque da contribuição do
uso desta tecnologia para edifícios de saúde, que podem, inclusive, influenciar a tomada de decisão da
migração da plataforma de projeto conforme já comentado.
133
Informação sobre a localização, vizinhança, vias públicas e acessos;
Levantamento de licenças, aprovações e trâmites legais necessários.
Após a conferência de tais dados poderá ser desenvolvido o programa de necessidades
que representa, segundo a ABNT (2017), o conjunto sistematizado de necessidades humanas,
socioambientais e funcionais para materialização do projeto, entendido também por Neves (2012) como
a relação setorizada de todos os ambientes e elementos arquitetônicos previstos para o edifício.
No levantamento para início do projeto do edifício de saúde, o modelo BIM pode receber a
inserção de dados e documentos relativos à edificação a ser projetada, carregando consigo
informações sempre à pronta entrega para consultas tais como: endereço, matrícula do imóvel
registrada, número de protocolo de licenças anteriores e atuais como alvarás e habite-se, entre demais
possibilidades.
Também poderá ser efetivado o lançamento, no próprio modelo tridimensional, do estudo
topográfico, geológico e planialtimétrico do terreno de implantação por meio de nuvens de pontos.
Nuvem de pontos é um sistema de coordenadas utilizado para medição tridimensional
feito por meio de escaneamento a laser, muito utilizado na área da topografia e georreferenciamento.
Ao lançar este sistema em um software BIM é possível gerar a superfície topográfica de forma virtual
tal qual levantado in loco.
Ao georreferenciar o modelo no software BIM por meio das coordenadas geográficas do
posicionamento do terreno e inserir informações bioclimáticas da região local é possível analisar dados
climáticos tais como: incidência solar e direção dos ventos, permitindo rodar análises de estudo de
sombreamento, temperaturas operativas estimadas e fluxo de ventos para subsidiar decisões
projetuais.
Assim como pode ser utilizado o sistema de levantamento por escaneamento para
incorporar estudos topográficos e planialtimétricos ao modelo BIM, também é possível fazer o uso da
nuvem de pontos para mapeamento de estruturas existentes no local de intervenção projetual para
levantamento cadastral, conforme demonstram as Figura 70 e Figura 71.
134
Figura 70 - Levantamento cadastral por nuvem de pontos da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca da Fiocruz.
Figura 71 - Escaneamento do Hospital Erasto Gaertner de Curitiba procedido pela empresa Smart Sky Tech Hub em
parceria com a RAC Engenharia.
135
Fonte: RAC ENGENHARIA, 2020d
O método de medição por scanner a laser permite que todo o ambiente construído seja
transferido ao software BIM de forma tridimensional.
Uma sistemática que pode ser aplicada à elaboração do programa de necessidades e
espacialização inicial de uma unidade de saúde planejada em BIM é a incorporação de algoritmo
generativo de desenho, que representa um mecanismo de automação de criação de projetos baseado
em pré-requisitos selecionados, tal qual as dimensões mínimas recomendadas pela RDC 50/2002.
Geralmente tal algoritmo é utilizado para programações arquitetônicas que necessitam
atender a exigências pré-estabelecidas e que tenham a possibilidade de utilização de ambientes
padronizados repetíveis (comumente ocorre tal padronização repetível na projetação de unidades de
internação, conjunto de salas cirúrgicas e setor de consultórios ambulatoriais).
O uso do desenho generativo pode ser o ponto de partida para o projeto de um EAS
quando alimentado pelos pré-requisitos estabelecidos pelas normativas e legislações vigentes, dando
maior segurança ao atendimento às normas já no início do projeto para, então, proceder a posterior
organização espacial e volumétrica do edifício, bem como, refinamento projetual sob a visão holística
do projetista capacitado.
Caetano, Leitão e Teixeira (2016) afirmam que com o uso dessa sistemática é possível,
em um curto espaço de tempo, gerar uma gama variada de soluções projetuais baseadas em
parâmetros, interdependências e relações funcionais, evitando as tarefas repetitivas e morosas
136
necessárias à projetação. O Dynamo, o GenerativeComponents, o Lyrebird, e o RosettaBIM são alguns
exemplos de extensões que permitem aos seus utilizadores explorarem abordagens generativas
algorítmicas em softwares BIM.
Por meio do BIM, no feitio do programa de necessidades do projeto, também é possível
utilizar-se da elaboração automática da tabela de ambientes inseridos no modelo, possibilitando o pré-
dimensionamento e a setorização inicial das salas necessárias ao perfil de atendimento de saúde a ser
incorporado à edificação (nova, reformada ou ampliada), de forma a viabilizar os cálculos das
metragens dos ambientes conforme zoneamento organizado no modelo BIM prévio, caracterizando o
início do estudo de viabilidade do empreendimento de saúde por meio da espacialização e somatório
de áreas, conforme demonstra a Figura 72.
Figura 72 - Ambientes setorizados e tabela de áreas gerada do projeto BIM de proposta para hemocentro de Palmas objeto
da monografia de graduação da autora.
137
9.2 ESTUDO DE VIABILIDADE
Sendo o BIM uma tecnologia que ajuda a gerenciar a colaboração multidisciplinar de forma
mais eficaz na modelagem e análise de problemas espaciais e estruturais complexos, deverá
tornar-se uma importante ferramenta para o planejamento físico hospitalar frente às
demandas e tendências do mundo digital. Ao se modelar o edifício virtual no plano diretor, a
visualização e o entendimento por parte dos gestores e demais profissionais envolvidos será
facilitada, gerando-se mais informações para tornar-se mais ágil e precisa a tomada de
decisões. (MENDES, 2018, p. 136).
Ao elaborar o plano diretor físico, por meio da tecnologia BIM, para o estudo de viabilidade
da edificação de saúde é possível extrair do modelo informações assertivas para estimativas de custos,
estudo de implantação no terreno e volumetria, viabilidade de implantação de unidades funcionais de
acordo com a capacidade do local, análise de vias de acesso e quantitativo de vagas possíveis,
estudos de capacidade operacional, programação e viabilidade das fases de construção, reformas e
expansões atuais e futuras, entre demais dados que, por meio do modelo BIM, podem ser extraídos de
forma quantificável, passível de simulações e análises automatizadas.
138
9.3 ESTUDO PRELIMINAR ARQUITETÔNICO E ANTEPROJETO ARQUITETÔNICO
Figura 73 – Renders do modelo tridimensional do Hospital Alder Hey in the Park, em Liverpool, Inglaterra.
139
Fonte: PHIRI, 2016, p. 118 a 121
LIN et al. (2018) afirmam que o uso de tecnologias de realidade virtual em projetos de
saúde podem aumentar a compreensão da proposta arquitetônica para as partes interessadas no
processo (equipe médica, técnica, gestores...) e, por meio disso, reduzir a lacuna de comunicação
entre a linguagem dos projetistas para a linguagem médica e operacional, melhorando o resultado final
do projeto para ambas as partes.
Os autores comentam ainda que o projeto baseado em BIM pode ser programado de
forma eficaz para simulação virtual integrada à motores de jogos interativos, o que hoje é conhecido
como processo de gamificação24, trazendo a possibilidade do desenvolvimento de ambiente de
realidade virtual semi-imersivo, conforme demonstra a Figura 75.
Tal estratégia foi utilizada por LIN et al. (2018) no projeto de um centro de tratamento de
câncer em Taiwan, seguindo o sistema do diagrama apresentado na Figura 74.
Figura 74 - Sistema do funcionamento da proposta de integração de simulação em realidade virtual por meio do BIM no
processo de elaboração de projetos de EAS.
24Gamificação é um termo que consiste em utilizar recursos de jogos em outros contextos não relacionados. Conceito esse
muito presente em estudos da indústria 4.0 (também chamada de Quarta Revolução Industrial) que representa a evolução
por meio do advento um amplo sistema de tecnologias avançadas que estão mudando as formas de produção, modelo de
negócios e demandas do mercado, tais como: inteligência artificial, robótica, internet das coisas e computação em nuvem,
entre demais tecnologias.
140
Fonte: adaptação e tradução da autora do diagrama disponível em LIN et al. 2018, p.132.
Figura 75 - Apresentação do projeto de um centro de tratamento de câncer utilizando realidade virtual semi-imersiva
interativa por meio da gamificação.
141
Outra sistemática possível por meio do modelo BIM, utilizando a mesma premissa da
construção virtual abastecida de dados, é a rodagem de análises e simulações de diversos tipos com
foco na proposta arquitetônica, tais como: análise de incidência solar, sombreamento e iluminação,
análise de ventos, dentre várias outras simulações possíveis.
Análises como a apresentada na Figura 76 subsidiam a tomada de decisões no partido
arquitetônico, posicionamento e elementos agregados ao edifício para garantia de conforto ambiental.
Figura 76 - Estudo de incidência solar e sombreamento no modelo BIM realizado por meio do software Revit.
142
Figura 77 - Estudo de incidência solar do edifício interagindo com seu arredor construído, elaborado por HLM Architects.
Uma das mais preciosas análises automatizadas para edifícios de saúde, objeto de
exigências de conformidade em diversos órgãos fiscalizadores, é a checagem de requisitos automática,
que se entende por ser uma forma automatizada de checar se o projeto da edificação está atendendo
aos parâmetros estabelecidos por normativas e legislações vigentes.
A verificação automática de regras é factível através de softwares que não modificam o
modelo do projeto, mas o avalia com base na configuração de objetos, suas relações e atributos
especificados, gerando resultados como "validar", "falhar", "avisar" ou "desconhecido" para casos em
que o os dados necessários estão incompletos ou ausentes (EASTMAN et al., 2009).
O primeiro país a considerar a utilização da análise de projetos digitalmente foi Singapura,
que, em 1995, tomou iniciativa para implantação deste tipo de automação, passando a verificar
143
modelos BIM em um sistema chamado Corenet, que se tornou um notável exemplo da fiscalização
digital de normas construtivas em projetos de edifícios (EASTMAN et al., 2009; MARTINS et al., 2016).
Esforços mais recentes para implantação de um sistema similar ao de Singapura já estão
sendo aplicados na Noruega, Austrália, Reino Unido e Estados Unidos (EASTMAN et al., 2009; REINO
UNIDO, 2020a).
No caso de projetos para estabelecimentos assistências de saúde, tais regras poderiam
ser validadas de acordo com o descrito pelas normas de acessibilidade, de salubridade e outras
aplicáveis, a exemplo da ABNT NBR 9050 (2020), que versa sobre o desenho universal, das
normativas de combate a incêndio e pânico do Corpo de Bombeiros e a RDC 50 (2002), dispõe sobre o
regulamento técnico para planejamento, programação, elaboração e avaliação de projetos físicos de
estabelecimentos assistenciais de saúde.
Tendo em vista que, atualmente, as pranchas de projeto são vistoriadas uma-a-uma pelos
analistas dos órgãos fiscalizadores, que têm por objetivo confrontar o desenho, medidas e disposição
de cada ambiente, setores, acessos e circulações com o indicado pelas normas regulamentadoras de
EASs, tal estratégia de checagem automática de atendimento à requisitos pode atuar diretamente na
melhoria dos prazos longos e nas filas de protocolos pendentes de análises nestes órgãos.
144
Figura 78 - Análise de consumo energético do sistema de iluminação de um EAS americano.
145
Fonte: LUO et al., 2020, p. 7.
Além de possibilitar tais análises, quando os projetos complementares são elaborados
com um alto nível de detalhamento (ND), podem colaborar para a perfeita execução do projeto, uma
vez que, é possível utilizar da representação gráfica tridimensional das instalações para gerar
visualização que atuará como guia para replicar exatamente o projetado na construção real, tal como
ilustra a figura a seguir.
Figura 80 - Calha de instalações projetada em BIM à esquerda e foto real da construção da mesma à direita.
Figura 81 - Modelo federado BIM do Hospital Saint Joseph de Denver à direita e o mesmo modelo demonstrando as
instalações por meio da alvenaria oculta.
Tal característica de representação com exatidão viabilizada pelo modelo BIM também
corrobora com as especificações e projetos para engenharia clínica. Por meio da construção virtual é
possível inserir componentes de equipamentos médicos e com todos os dados necessários à sua
perfeita instalação, possibilitando inclusive a facilidade de acesso à informação e geração de tabelas
automáticas de especificações técnicas a respeito do parque tecnológico do empreendimento,
conforme demonstra a imagem a seguir retirada de estudo de caso apresentado em bibliografia
estrangeira (PHIRI, 2016).
147
Figura 83 - Modelo da sala cirúrgica do Alder Hey in the Park, projetado por BDP Architects, abastecido de dados que
permite a criação de planilha de dados de especificações.
A empresa fabricante de equipamentos médicos General Eletrics (GE HEALTHCARE, 2020) já fornece
componentes (famílias) em BIM para download em seu site oficial (Figura 84). A tendência é que cada vez mais
fornecedores disponibilizem tais arquivos para contribuir no processo de projeto, uma vez que, ao projetar com o bloco
tridimensional fornecido pelo próprio produtor, as medidas, parâmetros e dados abastecidos no componente serão mais
fidedignas e resultarão em uma projetação mais rápida, assertiva e realista conforme demonstrado na
Figura 85.
Figura 84 - Site oficial da fabricante de equipamentos médicos GE Healthcare onde são disponibilizados componentes BIM
para download, apresentando na imagem a aba para escolha de modelos de equipamentos para Medicina Nuclear.
148
Fonte: GE HEALTHCARE, 2020.
Figura 85 - Modelo com componente BIM disponibilizado pelo próprio fabricante, GE Healthcare, aberto no software Revit.
149
Fonte: elaborado pela autora utilizando arquivo disponibilizado por GE HEALTHCARE, 2020.
150
Figura 87 - Detalhamento da execução de trechos da fachada do Instituto de Pesquisa do Hospital Metodista de Houston.
151
Figura 88 - Exemplo de conflito detectado no modelo BIM.
Fonte: SACKS et al., 2018, p. 519, com tradução livre pela autora.
Importante salientar que, desde a etapa de anteprojeto até a liberação do as built, sendo
ainda mais necessário na elaboração dos executivos, o feitio dos projetos em BIM pode ser realizado
de forma simultânea para todas as disciplinas, inclusive com projetistas trabalhando em diferentes
partes do mundo ao mesmo tempo e, ainda, com frentes de trabalho de obra sendo executadas
enquanto outras disciplinas ainda trabalham no desenvolvimento de seu escopo de projeto.
Esta forma de trabalho recebe o nome engenharia simultânea, que possui como cerne os
seguintes conceitos atrelados: produção integrada ao processo de desenvolvimento, uso de sistemas
de tecnologia da informação, gestão e coordenação de projetos, utilização de banco de dados,
tecnologia non-stop25 de comunicação entre todos os interessados, técnicas de padronização e
racionalização de produtos, produção de produtos pré-fabricados e guias de montagens in loco e
equipe multidisciplinar integrada. O objetivo desta técnica na indústria AEC é encurtar e tornar mais
eficiente o ciclo de desenvolvimento do produto de projeto e construção (CURSOS MÓDULOS, 2020).
Os casos de hospitais de campanha para combate à pandemia de Covid-19 aqui
referenciados são exemplos de construções realizadas pela técnica da engenharia simultânea. De
forma prática, para reduzir o tempo de construção para atender a urgência da demanda, pode-se dizer,
a título de exemplo, que enquanto o terreno já estava sendo preparado para receber a fundação
previamente projetada, as fábricas de pré-moldados atuavam na execução dos elementos de estrutura
e vedação, bem como, no mesmo meio tempo, estavam sendo elaborados os detalhamentos dos
projetos de mobiliários.
25Non-stop é um termo de origem da língua inglesa que significa algo sem pausas, sem interrupções, atuante de forma
contínua e duradoura.
152
10 BIM APLICADO AO EAS NA FASE DE OBRA
A sistemática da realidade aumentada (RA) também pode ser utilizada como estratégia
para apresentação da estrutura a ser construída para os colaboradores responsáveis em obra.
Por meio da RA é possível visualizar o modelo do elemento em diversas escalas, inclusive
a escala real no rescindo onde encontra-se o operador e o visualizador. A plataforma de utilização da
tecnologia pode ser um dispositivo móvel (smartphone ou tablet), bem como, óculos de realidade virtual
(RV) conforme a montagem demonstrativa que segue:
Figura 92 – Montagem de demonstração da visualização de elemento estrutural tridimensional pela realidade aumentada.
156
Fonte: (LEITE, 2019, p. 119)
Figura 93 - Telas do sistema SIGPRO da evidenciando o modelo BIM 3D e o compartilhamento de informações de obras
157
Fonte: CBIC, 2016, p. 67–69.
Sabe-se que o registro da construção conforme construído (as built) é importante para
todo o tipo de edificação, independentemente da forma como ela foi projetada, pois com tal
documentação é possível reduzir erros críticos ao intervir em qualquer parte da infraestrutura
construída.
Sendo todo EAS, principalmente unidades hospitalares que, segundo Brasil (1995), se
configuram como um organismo dinâmico sempre em mutação – paredes e divisórias são
seguidamente removidas, deslocadas e acrescidas; novos equipamentos demandam novos suportes,
158
ambientes e instalações – é de suma importância que seus registros de projeto estejam sempre sendo
atualizados para subsidiar tais intervenções, sob pena de acidentes onerosos e difíceis de se remediar
e, até mesmo, pôr vidas em risco.
O as built por meio do BIM se caracteriza, então, como registro tridimensional da
construção tal qual construída que, além de servir de registro, atua como sistema facilitador do
levantamento de informações sobre a edificação, colaborando com processos de manutenção e gestão
do edifício.
Os benefícios de se ter um modelo as built continuamente atualizado da estrutura física
vai além da garantia de segurança e facilidade para proceder intervenções da infraestrutura, pode
chegar a níveis de inserção de técnicas responsivas de IoT26 (Internet of Things, em português Internet
das Coisas).
Na linguagem do Building Information Modelling, o as built responsivo do projeto pode ser
chamado de Gêmeo Digital – termo traduzido advindo do conceito de Digital Twin.
De forma prática, o Gêmeo Digital de uma edificação consiste em um modelo
tridimensional virtual contendo todos os elementos constituintes do edifício real construído – fundações,
estrutura, vedações, instalações, acabamentos, mobiliários e equipamentos e outros sistemas
integrantes da edificação – conectados de forma interativa com sua réplica física original, podendo
receber entrada de dados em tempo real e produzir predições ou simulações de como a o ativo original
será afetado por essas informações inseridas.
Destaca-se, ainda, a possibilidade, que se abre junto à utilização de tal estratégia, de se
ter real controle do construído por meio do modelo digital, incorporando a IoT para manipulação de
sistemas de infraestrutura, tais como: ações de ligar e desligar luzes e equipamentos, redirecionamento
de brises, abrir e fechar de cortinas automatizadas, dentre várias possibilidades de controle e
automação (MACEDO, 2019).
Figura 94 - Diagrama do funcionamento da Internet das Coisas aplicada ao modelo BIM para responsividade no edifício.
26 A sigla IoT, utilizada para redução do termo Internet of Things (Internet das Coisas), se refere a uma revolução
tecnológica que tem como objetivo conectar os itens usados do dia a dia à rede mundial de computadores, com a premissa
de que, cada vez mais, o mundo físico e o digital se tornem um só, por meio de dispositivos que se comunicam com os
outros, os data centers e nuvens (ZAMBARDA, 2014).
159
Fonte: adaptação e tradução da autora do diagrama de autoria de Nando Mongollon, disponibilizado por MACEDO, 2019.
11.1 MANUTENÇÃO
160
A figura que segue demonstra o uso do modelo BIM para localização de estrutura de
instalação em um edifício por meio de tela visualizada pela equipe e, também, o uso de tablet para
consulta ao projeto in loco.
Figura 95 - Foto da equipe identificando elemento construtivo no modelo BIM à direita e, à esquerda, agente de obra
utilizando o tablet in loco.
Datasheet é um documento que resume características técnicas de um produto, equipamento, máquina, componente,
27
163
Figura 96 - Modelo BIM incorporado ao IBM Tririga para gestão de facilities.
164
Figura 97 - Sistema proposto por Jaffary (2016) para gestão do edifício demonstrando análises para o edifício completo (a)
e para pavimentos selecionados (b).
RESULTADOS E CONCLUSÕES
12 ANÁLISES
Ao analisar todo o conjunto de informações do uso do BIM para edifícios de saúde dados
nesta pesquisa por meio do estudo de casos de referência e exposição acerca da aplicação da
tecnologia dentre as fases do ciclo de vida de tais edificações, foi possível entender que boa parte dos
benefícios trazidos são incorporados à fase de planejamento e projeto, conforme elencado no Quadro
26 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de projeto, como descrito na “Parte B” da
pesquisa.Quadro 26, mas, ainda assim, não deixam de ser relevantes as contribuições dadas nas
etapas de obra e gestão conforme listado nos Quadro 27Quadro 28, respectivamente.
Já os desafios do uso do BIM se dão principalmente na fase prévia à sua implementação,
conforme é possível perceber a partir do Quadro 25 que traz listados os impasses vivenciados e
relatados nos estudos de casos de referências apresentados na “Parte A” desta pesquisa.
Quadro 25 - Quadro resumo dos desafios relatados pelo uso do BIM nos casos de referência apresentados nesta pesquisa.
Investimento de tempo, esforço e recurso para capacitação da equipe do escritório e novos membros para
implantação em escritórios de projeto;
Retorno do valor investido para implementação da tecnologia BIM somente a longo prazo;
Fonte: a autora.
167
Quadro 26 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de projeto, como descrito na “Parte B” da pesquisa.
168
Feitio dos projetos em BIM de forma simultânea para todas as disciplinas, inclusive com projetistas trabalhando em
diferentes partes do mundo ao mesmo tempo, possibilitando também frentes de trabalho de execução se ndo concluídas
enquanto outras disciplinas ainda trabalham no desenvolvimento de seu escopo de projeto.
Fonte: a autora.
Quadro 27 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de obra, conforme descrito na “Parte B” desta
pesquisa.
Entrar com valores de custos unitários respectivos, o que possibilita a geração de tabela automática de levantamento de
quantitativos com a inserção de uma coluna para o atributo “preço”, logo, torna-se viável, dentro do próprio software,
adicionar cálculo de quantidade multiplicado pelo custo, possibilitando a exportação de tais dados, ou até mesmo
proceder a linkagem auto atualizável do modelo, para programas específicos de orçamentação e elaboração de
cronogramas físico-financeiros de obra
Opção da linkagem da coleta de informações de preços à consagrados compêndios de custos da construção civil tais
como: Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil) e TCPO (Tabela de Composições
de Preços para Orçamentos da Editora Pini).
Montagem de cronogramas interativos e ilustrativos do faseamento construtivo por meio do modelo BIM, incluindo a
integração total ao modelo central de forma que as atualizações de projeto, especificação e programação atualizem de
forma automática e simultânea entre tais produtos de documentação da construção
Utilização de suportes tecnológicos, tais como smartphones e tablets para auxiliar no processo da compreensão do
projeto para a perfeita execução
Obtenção de registro elementos construídos e adaptações construtivas para envio em tempo real, por meio de plataforma
colaborativa, à equipe de projetistas para atualização do modelo objetivando a produção de documentação e projetos
conforme construídos (as built).
Modelo as built continuamente atualizado da estrutura física vai além da garantia de segurança e facilidade para proceder
intervenções da infraestrutura, pode chegar a níveis de inserção de técnicas responsivas de IoT (Internet of Things, em
português Internet das Coisas).
Fonte: a autora.
Quadro 28 - Resumo dos benefícios trazidos pelo uso do BIM na fase de gestão de edifício de saúde, conforme descrito na
“Parte B” desta pesquisa.
A gestão de facilities pode utilizar da extração de aprimorada de dados, utilizando tabelas COBie, para uso em software
de gerenciamento de instalações e controle, obtendo sempre à mão as informações necessárias para subsidiar
processos de compras, contratos e gerenciamento do parque tecnológico
Gestão de facilities por meio da visualização integrada do modelo BIM do edifício, baseado no fornecimento de
informações contextualizadas de maneira espacial (tridimensional) em resposta às ações interativas feitas pelo pessoal
de gestão
169
Fornecer dados responsivos de eficiência do funcionamento e operação do edifício como, tais como: análise do consumo
energético, análise da eficiência do sistema de ar e outros relatórios que, por meio de estratégias de sustentabilidade
aplicadas aos pontos críticos, podem reduzir o custo operacional do edifício
Fonte: a autora.
170
Figura 99 – Interface do ProCure22 à esquerda e do sistema do SomaSUS à direita.
Figura 100 - Forma de apresentação das informações de apoio à projetos de EAS do ProCure22 à esquerda e, à direita, do
sistema SomaSUS.
Ante exposto, fica a sugestão para trabalhos futuros que se proponham a estudar a
possibilidade de agregar, ao sistema brasileiro SomaSUS, uma iniciativa tecnológica e participativa tal
qual o ProCure22 do Reino Unido.
171
14 CONCLUSÕES
172
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
ELEMENTOS PÓS-TEXTUAIS
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187
ANEXO I
Medicamentos e Correlatos
RDC nº 17/2010 e RDC nº 11/2014 – Indústria de Medicamentos e Correlatos
RDC nº 67/2007 – Farmácia de Manipulação
Portaria Federal nº 272/1998 – Nutrição Parenteral
RDC nº 44/2009 – Boas Práticas Farmacêuticas para o controle sanitário do funcionamento, da
dispensação e da comercialização de produtos e da prestação de serviços farmacêuticos em farmácias
e drogarias e dá outras providências.
Cozinha hospitalar, cozinha institucional, nutrição enteral, lactário, banco de leite humano,
indústria de alimentos e água mineral.
RDC nº 216/2004 – Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação.
RDC nº 52/2014 – Boas Práticas para os Serviços de Alimentação
RDC nº 275/2002 – Procedimentos Operacionais aplicados aos estabelecimentos
produtores/industrializadores de alimentos
RDC nº 171/2006 – Banco de Leite Humano
RDC nº 216/2004 – Lactário e Nutrição Enteral
188
Oncologia e radioterapia
RDC nº 220/2004 – Oncologia
RDC nº 20/2006 – Regulamento Técnico para o funcionamento de serviços de radioterapia, visando a
defesa da saúde dos pacientes, dos profissionais envolvidos e do público em geral
Resolução CNEN nº 130/2012 – Requisitos necessários para a segurança e a proteção radiológica em
Serviços de Radioterapia
Medicina Nuclear
RDC nº 159//2013 - Requisitos de Segurança e Proteção Radiológica para Serviços de Medicina
Nuclear
RDC nº 38/2008 – Dispõe sobre a instalação e o funcionamento de Serviços de Medicina Nuclear “in
vivo”
Urgência/ Emergência
PORTARIA GM/MS nº 2.048, de 05/11/2002 – Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de
Urgência e Emergência.
UTI
PORTARIA 551/MS/GM, de 13/04/2005 – Requisitos Comuns para Unidades de Terapia Intensiva de
Adultos do MERCOSUL.
RDC nº 07/2010 – Estabelece padrões mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia
Intensiva, visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente.
PORTARIA GM/MS nº 930, de 10/05/2012 – Define as diretrizes e objetivos para a organização da
atenção integral e humanizada ao recém-nascido grave ou potencialmente grave e os critérios de
classificação e habilitação de leitos de Unidade Neonatal no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
PORTARIA GM/MS nº 3.432, 12/08/1998 – Estabelece critérios de classificação para as Unidades de
Tratamento Intensivo – UTI.
CME
RDC nº 15 /2012 – requisitos de boas práticas para o processamento de produtos para saúde e dá
outras providências.
Hemodiálise
RDC nº 33/2008 – Regulamento Técnico para planejamento, programação, elaboração, avaliação e
aprovação dos Sistemas de Tratamento e Distribuição de Água para Hemodiálise no Sistema Nacional
de Vigilância Sanitária.
RDC nº 11/2014 – Requisitos de Boas Práticas de Funcionamento para os Serviços de Diálise e dá
outras providências.
Endoscopia
189
RDC nº 06/2013 – Dispõe sobre os requisitos de boas práticas de funcionamento para os serviços de
endoscopia com via de acesso ao organismo por orifícios exclusivamente naturais.
Laboratório Analítico
RDC nº 11/2012 – Dispõe sobre o funcionamento de laboratórios analíticos que realizam análises em
produtos sujeitos à Vigilância Sanitária e dá outras providências.
RDC nº 302 /2005 – Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos.
RDC nº 61/2009 – Dispõe sobre o funcionamento dos Laboratórios de Histocompatibilidade e
Imunogenética que realizam atividades para fins de transplante e dá outras providências.
Atenção Obstétrica
RDC nº 36/2008 – Regulamento Técnico para Funcionamento dos Serviços de Atenção Obstétrica e
Neonatal.
Hemoterapia/ Hematologia
PORTARIA GM/MS nº 158, de 04/02/2016 – Redefine o regulamento técnico de procedimentos
hemoterápicos.
RDC nº 34/2014 – Dispõe sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue.
Lavanderia Hospitalar
RDC nº 06/2012 – Dispõe sobre as Boas Práticas de Funcionamento para as Unidades de
Processamento de Roupas de Serviços de Saúde e dá outras providências.
190
RDC nº 29/2011 – requisitos de segurança sanitária para o funcionamento de instituições que prestem
serviços de atenção a pessoas com transtornos decorrentes do uso, abuso ou dependência de
substâncias psicoativas.
191